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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23800: Memória dos lugares (445): O Xitole que eu conheci em 1971/72, no tempo da CART 3492 / BART 3873 e do "tio" Jamil Nasser (Joaquim Mexia Alves)


Foto nº 1



Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 6 de abril de 1972  > Um almoço de chabéu que o Jamil (fotos nºs 1 e 4)  me ofereceu no dia dos meus anos,  precisamente no alpendre da frente da sua casa (Fotos nºs 2 e 3). .Foram convidados o Capitão Godinho e a sua mulher, bem como os alferes da companhia a que se juntou , por ter vindo em coluna do Saltinho,  o alf Armandino (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo  [em 17 de abril de 1972]. Está sentado na ponta da mesa, juntamemte  com  o Chefe de Posto (Foto nº  2 e 4, aqui junto ao cap Godinho)..

Fotos (e legendas):  © Joaquim Mexia Alves  (2022). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves.  Nessas colunas logísticas integravam-se viaturas civis de diversos comerciantes da zona leste. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).


Foto (e legenda):  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp / ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real):

Data - 21 nov 2022 10:09

Assunto . - Xitole: Serração do sr. Henrique Martinho, amigo do Jamil, que deixou a Guiné em 1962 (*)

Caro Luís

Como sabes o Jamil e eu tínhamos uma forte relação de amizade. Tratava-o muitas vezes por Tio Jamil! (**)

Enquanto estive no Xitole, praticamente todos os dias ia a casa do Jamil ao fim da tarde e, sentados no seu alpendre, bebíamos whisky com água Perrier acompanhado de bocados de tomate só com sal.

Ele ouvia as notícias em árabe e comentava comigo o que se ia passando no seu Libano.

Tenho para mim que a casa que na foto tem o alpendre em ruínas, era a casa do Jamil, só que essa vista é de lado ou seja é do lado que dava para o quartel e assim o David Guimarães terá razão.

A frente da casa tinha a continuação desse alpendre e dava para a estrada que vinha de Bambadinca.

Do outro lado da estrada, mais ou menos em frente da casa, e um pouco afastado da estrada, ficava o armazém de venda do Jamil, que poderia muito bem ter sido a tal serração de que fala Maria Augusta Martinho Antunes.

Anexo fotos de um almoço de chabéu que o Jamil me ofereceu no dia dos meus anos em 6 de abril de 1972, precisamente no alpendre da frente da sua casa. Foram convidados o Capitão e a sua mulher, bem como os Alferes da Companhia a que se juntou por ter vindo em coluna do Saltinho o Alf Armandino, (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo, sentado na ponta da mesa, e também o Chefe de Posto.

A minha amizade com o Jamil era tal que numas férias da Guiné em Lisboa, por coincidência ele estava também em Lisboa, (ficava num hotel encostado ao então cinema Tivoli, Hotel Condestável?), e então fomos almoçar juntos, se bem me lembro.

Depois perdi completamente o rasto ao Jamil Nasser, mas a sua amizade e a sua companhia foram um bálsamo naqueles primeiros meses de Guiné.

Podes, obviamente, servir-te deste email para o que quiseres.

A foto nº 4 somos o Jamil e eu no dia do almoço.

Um abraço para ti e para todos do
Joaquim Mexia Alves

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23799: Memória dos lugares (444): Xitole, onde cresci desde bebé até 1957, quando vim para a metrópole estuda... O meu pai, Henrique Martinho, tinha lá uma serração, e era amigo do comerciante libanês Nasser Jamil... (Maria Augusta Martinho Antunes)

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21646: Casos: a verdade sobre... (19): A recusa dos militares guineenses da CCAÇ 12 em irem render a CART 3494 no Xime, em março de 1973, obrigando a uma intervenção do gen Spínola (António Duarte / Valdemar Queiroz / Luís Graça / Jorge Araújo)


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na famosa  Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.

A Ponte dos Fulas (sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal) era uma espécie de guarda avançada do Xitole (na altura, a unidade de quadrícula, do Setor L1, mais a sul, era a sede da CART 2716, em 1970/72).

Perspetiva: norte-sul, quando se vem de Bambadinca e Mansambo para Xitole e Saltinho. A ponte, em madeira, de construção ainda relativamente recente e em bom estado, era vital para as ligações de Bambadinca e Mansambo com o Xitole, o Saltinho e Galomaro... A ponte era defendida por um 1 Gr Comb do Xitole, em permanência, dia e noite... Na foto sãos visíveis, em segundo plano à esquerda, o fortim; em terceiro plano, ao fundo, à direita, as demais instalações do destacamento.

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > > O Valdemar Queiroz, com os recrutas Cherno, Sori e Umarau (que irão depois para a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local.

Foto: © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários sobre a alegada insubordinação da CCAÇ 12, em março de 1973 (*):

(i) António Duarte [ex-fur mil da CART 3493, a companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974; tem 52 referências no nosso blogue]: 

Boa tarde Camaradas

Sou o António Duarte, que foi furriel atirador na Ccaç12 ente janeiro e dezembro de 1973.

Sei da recusa da companhia em seguir para o Xime, para substituir a CART 3494. Por azar em março de 73, estava eu em Portugal a gozar as minhas segundas férias e, como tal, deixei a CCAÇ 12 em Bambadinca e encontrei-a já instalada no Xime. 

Daquilo que me contaram, nomeadamente o Jioão Candeias da Silva e o António Manuel Sucena Rodrigues, a companhia recusou em seguir para o Xime, alegando transtornos na vida familiar. Não nos podemos esquecer que as praças eram, na esmagadora maioria, muçulmanos, com filhos e alguns com mais de uma mulher.

Por outro lado,  a segurança de Bambadinca nada tinha de semelhante com a do Xime.

Segundo parece a companhia formou e o comandante do batalhão [, BART 3893,]explicou o que se pretendia e levou com uma recusa. Parece que os graduados se demarcaram da situação.

Entretanto acabou por chegar o General Spínola que lhes deu a "volta", ameaçando que o chão fula, nestas circunstâncias de recusa, iria ser defendido por uma unidade de outra etnia, suponho balanta. Este facto seria uma vergonha para toda a comunidade fula da CCAÇ 12.

De qualquer forma o Candeias da Silva poderá dar mais detalhes. Infelizmente,  e por já nos ter deixado, o Sucena Rodrigues não pode ajudar.

Um abraço para todos e, se me permitem um mais apertado, para o Luís Graça
António Duarte.

13 de dezembro de 2020 às 13:53 (**)
 
(ii) Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem cerca de 120 referências no nosso blogue, e é um activo e incansável comentador]:

E interessante a recusa da CCAL 12 mudar de Bambadinca para Xime, alegando transtornos na vida familiar.

No caso da minha CART 11, também de soldados fulas, muçulmanos, com mulheres e filhos, como Companhia de Intervenção com o Comando em Nova Lamego, os quatro Pelotões estavam constantemente a mudar de local de permanência,  fazendo reforço a outras Companhia,  por exemplo,  em Canquelifá, Piche, Pirada, Paunca... E  quando se previa maior tempo de permanência fora da base lá seguiam com os soldados as mulheres, filhos e bagagens, para depois regressarem novamente a Nova Lamego.

Inclusive, depois de mais de um ano em Nova Lamego, toda a CART 11 mudou em definitivo para Paunca e não houve nenhum problema quanto a transtornos na vida familiar.

A vida no Xime era diferente de Bambadinca, mas em Piche, Canquelifá, Pirada ou Paunca também o era, e de que maneira, em relação a Nova Lamego.

Coisas da puta da guerra.

Abracelos
Valdemar Queiroz

13 de dezembro de 2020 às 14:59

(iii) Tabanca Grande Luís Graça:

Obrigado, António, pelo tua pronta e esclarecedora resposta. É certo que não estavas lá, em Bambadinca, em março de 1973, mas ouviste o testemunho dos teus camaradas. 

Só podia ser essa a razão da recusa: as praças guineenses da CCAÇ 12 tinham as suas razões pessoais, familiares e étnicas para não irem, de bom grado, para o Xime…

Não podia ser por medo: em quatro anos de guerra (duas comissões para a malta metropolitana…) eles já tinham dado sobejas provas de coragem, dedicação, lealdade, apego ao seu chão, e até de portuguesismo… 

Quem andou, como eu, com eles no mato, durante ano e meio, no tempo das chuvas e no tempo seco, no mato, em tabancas, em colunas, em destacamentos, etc., do princípio ao fim, sem o mais pequeno problema disciplinar ou humano, sabe do que fala…

E estou a falar da primeira geração, a da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, ou seja, do período que vai de junho de 1969 a março de 1971. Éramos, como sabes, 6 dezenas de graduados e especialistas, oriundos da então “Metrópole”, a que se juntaram, em Contuboel, no CIM, mais 100 recrutas do recrutamento local, fulas e futa-fulas (sem esquecer 2 mandingas; depois começpu a vir, em rendição individual, um ou outro de fora do chão fula, como o Vitor Sampaio, que era mancanha, de Bissau, e um grande “reguila”). 

Sim, porque o sangue, começou a correr cedo, e para alguns a guerra depressa acabou… Lembro-me do batismo de fogo, em finais de julho de 1969, em Madina Xaquili, ainda em farda nº 3…

O Valdemar Queiroz, um dos instrutores mais queridos das nossas praças, sabe do que eu falo: deu-lhes a recruta e foi com eles ao juramento de bandeira, em Bissau, na presença de Spínola… E ele sabe bem como a parte deles eram crianças, com 16 anos ou menos...

Claro que o exército não era (nem é)  uma democracia… E não havia o hábito de perguntar à malta o que é que queriam para o jantar e muito menos que “resort” turístico preferia… 

Os batalhões de Bambadinca (BCAÇ 2852, BART 2917, BART 3873 e, no fim, BCAÇ 4616/73) usavam e usavam das unidades africanas (,milícias, Pel Caç Nat, companhias de caçadores, etc.). Estavam alia à mão, “eram da terra”, eram "pau para a toda a obra"…Até para "abrir valas" !... Resquícios do tempo do "trabalho forçado" ?!

Será que o comando do BART 3873 não olhou para aqueles homens, com quatro anos de guerra (!), e lhes perguntou a opinião ?

Percebo por que é que ninguém queria ir para o Xime (a começar pelos graduados e especialistas “metropolitanos” que, em Bambadinca, estavam no bem-bom, pelo menos em termos hoteleiros…). 

Os guineenses estavam, desde meados de 1969, a viver, com as suas famílias, na tabanca de Bambadinca (e, se calhar alguns, em Bambadincazinho, não posso jurar)… O Xime era o desterro, para mais a tabanca era exígua, as instalações militares ainda piores, e a população local era mandinga, com parentes no mato…. 

E, a propósito, gostava de saber como é que as duas comunidades passaram a coexistir… Talvez o nosso amigo José Carlos Mussá Biai, o "meino do Xime", hoje o senhor engemheiro, ainda tenha  recordações dos vizinhos fulas da CCAÇ 12... 

 Como se sabe, o Xime era o pior aquartelamento do Sector L1 e "embrulhava" com frequência no meu tempo… E, depois, do Xime até ao Corubal era a “terra de ninguém”, palco de frequentes e sangrentos episódios de guerra: bombardeamentos aéreos, barragens de artilharia, e da Marinha, emboscadas, golpes de mão, minas e armadilhas, operações de maior ou menor duração, muitas vezes tendo por guias prisioneiros do PAIGC…Não é por acaso que o Xime tem mais de 400 referências no nosso blogue, contra 200 do Xitole, 340 de Mansambo, 630 de Bambadinca…

Fico-me por aqui. Mas gostaria também de saber a “versão” dos nossos camaradas da CART 3494, como o Jorge Araújo, que muito provavelmente nem se deram conta do “drama” da malta da CCAÇ 12… 

De qualquer modo, “tudo está bem quando acaba em bem”… O Caco Baldé (, alcunha do gen Spínola, entre carimhosa e sarcástica),  geriu o conflito, utilizando a velha técnica dos cabos de guerra coloniais, ou seja, dividir para reinar… Claro que a caixinha de Pandora dos ódios étnicos teria que vir ao de cima, depois da independência… 

O que vai ficar para história é que Spínola criou expetativas demasiados altas para os fulas e outras etnias como os manjacos... O caso dos fulas foi paradigmático: morreram pelo seu "chão" e pela "pátria portuguesa", e  quando os portugueses se foram embora, a única coisa que tinham nos bolsos era o patacão pago até ao fim do ano de 1974... Foram miseravelmente tratados como simples mercenários.. Foarm sempre soldados de 2ª classe, que aprenderam a falar português durante a tropa e a guerra, e que nunca tiveram tempo de frequentar,  entre 1969 e 1974, os Postes Escolares Militares e tirar o exame da 4ª classe...Nunca ninguém se preocupou com a promoção escolar, profssional, social e cívica destes valorosos combatantes fulas a quem alguns de nós deve a vida. 

E a gente sabe, por fontes cruzadas, como Bambadinca (, em mandinga, “a cova do lagarto”) foi um altar de martírio para os nossos camaradas guineenses, fulas, que, infelizmente para eles,  acreditaram na nossa palavra e na "palavra de honra" dos novos senhores da guerra, o PAIGC...

José Carlos Suleimane Baldé (, meu camarada da CCAÇ 12 que seria capaz de dar a vida por mim ou pelo António Fernando Marques) e o António Baldé (da CCAÇ 11, pai da infeliz Alicinha, que eu e a Alice quisemos trazer para Portugal, e meu vizinho de Alfragide, hoje apicultor na sua terra) contaram-me coisas, atrozes, que se fizeram em Bambadinca, depois da independência, contra os "colaboracionistas", os "cães do colonialismo", que nos envergonham a todos e não honram a memória de Amílcar Cabral nem dos demais "mártires da liberdade da Pátria"... 

PS1 - O António Baldé, 1º cabo, natural de Contuboel,  esteve no CIM de Bolama (1966/69), np Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e na CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71): é membro da Tabanca Grande, nº 610].

O ex-1º cabo José Carlos Suleimane Baldé, felizmente ainda vivo, espero, a morar em Amedalai, Xime, é  o único camarada guineense da CCAÇ 12, a integrar a Tabanca Grande, além do Umaru Baldé, este a título póstumo.

 PS2 - António e Valdemar, convenhamos que o tema é pouco natalício... Mas, infelizmente, o nosso blogue não é compaginável com as conveniências do calendário litúrgico... E as nossas conversas são como as cerejas...

Mas já agora: o João Candeias, que estava lá (, enquanto tu, António,  estavas no gozo da tua merecida licença de férias), diz que o Spínola apareceu acompanhado de "quadros africanos"... Seria o régulo de Badora, tenente de 2ª linha ? Ou figuras prestigiadas militares como o ten graduado 'comando' Jamanca que já estava a comandar a CCAÇ 21, se não erro ? O que é que tu sabes sobre isso ?

13 de dezembro de 2020 às 18:07 

(iv) Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp/ranger, CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), nosso coeditor; tem 275 referências no nosso blogue]:

Camaradas,

Ao ler a presente narrativa notei que o camarada Luís Graça refere o meu nome,  pedindo-me que acrescente algo mais relacionado com a "recusa da CCAÇ 12 em render no Xime a minha CART 3494", no longínquo mês de Março de 1973.

Com efeito, não tenho memória de ter tido conhecimento de qualquer situação anormal relacionada com o tema em análise. E a justificação é a seguinte:

- A exemplo do ocorrido com o camarada António Duarte, eu também não participei na sobreposição entre as duas Unidades, uma vez que, como veio a ficar gravado na cronologia da H.U., a minha última missão no Xime acabou por ser a «Operação Guarida 18», realizada em 3 de Fevereiro de 1973, na região de Ponta Varela.

Nesta Operação conjunta, onde estiveram envolvidos seis Gr Comb (três da CART 3494 e três da CCAÇ 12), acabei por ter um "encontro imediato" com o IN (ver P13839). Concluída a missão, e após o regresso ao Aquartelamento do Xime, preparei-me para seguir para Bissau a fim de voar para Lisboa, de férias, onde cheguei dois dias depois.

Ao regressar ao Xime, em meados de Março de 73, para cumprir o restante tempo da comissão, foi com espanto que constatei que a minha CART 3494 tinha sido transferida para Mansambo, substituindo a (irmã) CART 3493, ocorrência que, segundo julgo saber, teve lugar na primeira quinzena desse mês.

Sobre este assunto, é o que posso afirmar.

Saúde para todo o auditório e um forte abraço... com distanciamento.

13 de dezembro de 2020 às 23:49
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(**) Último poste da série > 13 de dezembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21641: Casos: a verdade sobre... (18): Os "momentos dramáticos" vividos pela CCAÇ 12, em março de 1973, obrigada a render no Xime a CART 3494 [António Lalande Jorge, ex-fur mil mecânico auto, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, março de 1972 / abril de 1974)]

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13732: Os nossos médicos (78): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (10): As recordações surgem e as saudades de todos os lugares e gentes também

1. Mensagem do nosso camarada Mário Vasconcelos (ex-Alf Mil TRMS da CCS/BCAÇ 3872 - Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72 - Mansoa, e Cumeré, 1973/74), com data de 9 de Outubro de 2014:

Do meu posto retransmissor, e por solicitação do camarada Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico, reencaminho a sua descrição sobre as colunas Galomaro-Saltinho, agora, isentas do pó e da ansiedade que sempre as acompanhavam.

Um abraço colectivo e as nossas saudações a todos.
Mário Vasconcelos



MEMÓRIAS DO DR. RUI VIEIRA COELHO*

10 - As recordações surgem e as saudades de todos os lugares e gentes também

Rui Vieira Coelho

Por várias vezes integrei a coluna de abastecimento à nossa Companhia do Saltinho. Era a mais longínqua da sede do Batalhão, a mais complexa sob o ponto de vista logístico e a mais difícil sob o ponto de vista operacional, pela quilometragem a percorrer, pela segurança às picadas por onde passávamos e pelo apoio até da Cavalaria com dois esquadrões, um das velhas Panhards e outro de Chaimites a escoltar a alternância de camiões Civis e Militares.

De Galomaro para Bafatá, lá seguia a nossa coluna por uma picada sobejamente conhecida por todos nós os da CCS onde transitavam diariamente colunas a nível de Grupo de Combate que faziam a ligação da sede com a localidade "Princesa do Geba", para trazer e levar Correio, peças e acessórios para a Ferrugem desempanar os Unimogs ou as Berliets avariadas, e para saborear um bom bife com batatas fritas no Restaurante das Libanesas regados com umas cervejolas bem geladinhas.

De Bafatá para Bambadinca e para o Xime já seguíamos enquadrados pelos Homens da Cavalaria, por uma estrada já asfaltada e o andamento era veloz e sem sobressaltos.



Um Grupo de Combate seguiu para o Xime a proteger dois camiões militares que foram carregar cunhetes de Munições e outro material militar como rações de combate, fardamento, armas, pneumáticos e material Rádio para comunicações.

O trabalho de descarga das barcaças vindas de Bissau processava-se com rapidez com as gruas do Pelotão de Intendência a transferir todo o material para os camiões, enquanto eu aguardava meditando por que razão estava naquele lugar, neste teatro de Guerra inimaginável a não ser por todos aqueles que como eu cumpriam o Serviço Militar Obrigatório.

O pior era depois de Bambadinca na picada para Mansambo, Ponte dos Fulas, Xitole, até ao Saltinho. A coluna ficava então medonhamente grande com mais camiões civis e militares carregados com mantimentos e elementos da população civil, aproveitando para se deslocar, para as diferentes Tabancas perto de Companhias e Destacamentos, dando até certo ponto um sentido de protecção e segurança de possíveis emboscadas, minas quer pessoais quer anti-carro.

A tensão visível nos rostos dos nossos camaradas e a apreensão com o imprevisto e o oculto, o inimaginável vindo de qualquer lado, com o empoeiramento vermelho do pó da picada que se entranhava por cima do fardamento, rostos e tudo o que se mexia, envolvidos por uma floresta de capim que não deixava ver um palmo à frente do nariz, o que aumentava a insegurança que todos vivíamos, uns mais que os outros. E assim fomos até Mansambo, onde alguns carros civis e militares e o Esquadrão de Panhards da Cavalaria, nos abandonaram a caminho desta Companhia do Batalhão de Bambadinca.

A coluna ficava ligeiramente mais pequena, mas todos nós sentíamos-nos mais pequenos, mais sós, mais impotentes, sem nada dizer a nossa expressão tudo dizia.
Mesmo assim a coluna continuava grande e lá íamos com redobrada cautela, bem escoltados mas com "cagaço" (pelo menos eu) do que pudesse acontecer.
E por fim chegamos à Ponte dos Fulas, sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal, de vital importância para as colunas de abastecimento para o Xitole e Saltinho.

O destacamento da Ponte dos Fulas era qualquer coisa do outro mundo, um amontoado de adobes e tijolos, bidões, abrigos cavados na terra, valas, chapas de zinco, um forno de barro feito, chuveiros com bidões como depósito, um alpendre tosco que servia de refeitório, sala de convívio, mais ao lado um atrelado com depósito de água e um Grupo de Combate que o habitava, isolados, uns barbudos, outros carecas rapadas, de camisas abertas, calções esfiapados, uns com quicos, outros sem eles, calçavam uns botas outros xanatas.

Deste grupo uma secção permanecia no Torreão de vigia à Ponte, cerca de turnos de 24 horas que iam alternando com as outras secções. Milhares de garrafas vazias de cervejas encontravam-se a circundar a ponte e as margens do rio encostadas umas às outras em continuidade com um fio condutor que as segurava. Se algo, alguém ou um animal tocasse no fio ou nas garrafas, estas batiam umas nas outras e facilmente poderiam localizar o intruso pelo tilintar, tornando vulneráveis aos focos de luz direccionada para o local e às rajadas que se lhe seguem.

Este destacamento distante 3 quilómetros do Xitole, era abastecido diariamente pela Companhia mas mesmo assim era um verdadeiro inferno permanecer dois meses naquele lugar até serem substituídos por outro Grupo de Combate. Os seus sorrisos e a amabilidade demonstrada era compensada pela generosidade dos passantes que compreendiam o isolamento daqueles camaradas, e os mimavam com algumas grades de cervejas e outras necessidades evocadas em passagens anteriores.

A ponte era uma passagem estratégica no xadrez político, militar e logístico e muito se deve a todos os que permaneceram naquele lugar, contribuindo para o bem estar de todos os outros camaradas que permaneciam neste Teatro de Operações. Bem hajam pelo vosso sacrifício em prole de todos nós.

Lá seguimos mais 3 quilómetros até chegarmos ao Xitole onde fomos recebidos pelo Comandante da Companhia, um Capitão Miliciano e pela sua esposa que o acompanhou durante toda a comissão. Uma verdadeira Mulher de Armas que pelo seu exemplo arrastou para o Xitole várias outras mulheres, esposas de outros militares em comissão no local, e que deram um toque feminino aos refeitórios, messes de graduados e sala dos soldados com melhorias substanciais no rancho e outros paparicos para que todas contribuíram .

Fomos obsequiados com bebidas bem frescas, uns salgadinhos, boas palavras e boas maneiras para sedentar o corpo e a alma de todos nós.

Mais pequena ficou a coluna, mas o objectivo já estava bem perto, o Saltinho. Enquadrados pelas Chaimites e com segurança montada ao longo da picada lá chegamos ao Aquartelamento, comandado pelo Capitão miliciano de seu nome Lourenço.

O local era paradisíaco para fim de percurso e deleitei-me olhando a água revolta nos rápidos entre os rochedos, a ponte com seus arcos em betão, as piscinas naturais, a vegetação envolvente o marulhar das águas e o seu espelhado reflectindo o Sol que nos cobria de paz e sensação de bem estar e de repouso de guerreiro bem merecido.










Fotos - Saltinho: © Rui Vieira Coelho

Após uma boa refeição e alguns momentos de lazer lá tivemos o regresso, um verdadeiro filme ao contrário, todas as mesmas caras e sensações de pernas para o ar, a juntar ao medo de voltar à rotina dos dias agridoces porque todos nós passámos na Guiné.

As recordações surgem e as saudades de todos estes lugares e gentes também.

Rui Vieira Coelho
ex- Alf Mil Médico 025622/67
Guiné 1973
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Nota do editor

(*) Vd. poste anterior de 13 de Abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12977: Os nossos médicos (76): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (9): O PAIGC no tempo do presidente Luís Cabral, perpetrou fuzilamentos sucessivos nos "Comandos Africanos"

Último poste da série de 22 de Abril de 2014 > Guiné 63/745 - P13019: Os nossos médicos (77): Capitão médico QP António Vieira Alves, estomatologista e subdiretor do HM 241, Bissau, 1967/69 (Paulo Alves / J. Pardete Ferreira)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12106: Estórias avulsas (69): Em memória do meu amigo Mamadú, pescador do Xitole, que pescava no Rio Pulom (Jorge Silva, ex-fur mil, CART 2716, Xitole, 1971/72)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > BART 2917 (1970/72) > Forças da CCAÇ 12, a descansar na Ponte dos Fulas (sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal), por ocasião de uma coluna logística Bambadinca - Xitole (Xitole era a unidade de quadrícula, do Setor L1, mais a sul; era a sede da CART 2716, em 1970/72).

Perspetiva: norte-sul, quando se vem de Bambadinca e Mansambo para Xitole e Saltinho.  A ponte, em madeira, de construção ainda relativamente recente e em bom estado, era vital para as ligações de Bambadinca e Mansambo  com o Xitole, o Saltinho e Galomaro... A ponte era defendida por um 1 Gr Comb do Xitole, em permanência, dia e noite... Na foto sãos visíveis, em segundo plano à esquerda, o fortim; em terceiro plano, ao fundo, à direita, as demais instalações do destacamento.

Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > Ponte dos Fulas, sobre o Rio Pulom. Perspetiva: sul-norte. A coluna logística, vinda do Xitole, regressa a Bambadinca, deixando atrás o destacamento da Ponte dos Fulas. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Humbero Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]

1. Mensagem do Jorge Silva  (que entrou para a Tabanca Grande em 23/8/2010; de rendição individual, esteve na Guiné entre 1/5/71 e 24/04/73, tendo passado pela CART 2716 e pelo BENG 447)


Luís Graça,

Um abraço e parabéns pelo óptimo trabalho que tens produzido no blogue que, cada vez mais, agrega ex-combatentes.

Baseado na realidade que vivi no Xitole, produzi um texto cujo tema reputo de interesse e que publiquei, em 28 de setembro último, no blogue da CART 2616.

Se o pretenderes divulgar e te der mais jeito em pdf, anexo-o neste formato.

Jorge Silva
ex-Fur Mil,
CART 2716 (Xitole,1971-72)
e BENG 447 (Bissau 1972/73)





Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Carta do Xime (1955) / Escala 1/50 mil > Subsetor do Xitolke > Posição relativa da Ponte dos Fulas sobre o Rio Pulom, afluente do Rio Corubal... Ficava na estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho... A oeste, o triângulo Galo Corubal / Satecuta / Seco Braima, controlado pelo PAIGC.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).


2. Em memória do meu amigo Mamadú, pescador do Xitole

por Jorge Silva

A expressão raças humanas (branca, negra, etc.) resulta de um conceito antropológico antigo e ultrapassado, cada vez mais em desuso, embora o racismo continue a ser uma infeliz e nociva realidade.

Creio que em vez dessa divisão por raças em função da cor da pele devemos considerar, tão só, uma única raça: a raça humana.

Claro que há pessoas com cores de pele branca, negra, amarela e, até, vermelha. Tal como há pessoas que, apesar da cor da pele ser branca, têm olhos azuis, enquanto outros os têm verdes, ou castanhos, ou cinzentos, ou pretos... E há outras que sendo designadas por terem pele branca afinal têm-na muita morena (escura mesmo) e, a par disso, cabelos muito escuros (mesmo pretos), enquanto também as há de pele nitidamente branca e com cabelos loiros.

Hitler foi um verdadeiro e demoníaco “mestre” nestas distinções. E por isso tornou-se o primeiro responsável pelo genocídio de milhares e milhares de seres humanos, para além das nefastas consequências de uma guerra mundial que prejudicou de forma irreparável a humanidade. Hitler não quis ou não foi capaz de perceber que tal diversidade humana é um dom da natureza e uma mais valia da humanidade. E por isso procurou destruir a obra humana, criada pela própria natureza, cuja diversidade os homens se encarregaram de ir enriquecendo ao longo de milhares e milhares de anos.

Ao contrário de Hitler saibamos, pois, aproveitar a riqueza dessa diversidade. E para tal ultrapassemos preconceitos com mais informação válida e mais conhecimento, pois enquanto eles persistirem não seremos capazes de compreender as diversas realidades, costumes e culturas.

Eu tive a sorte de ter a oportunidade de poder começar a compreender as referidas diferenças a partir de 1971.

Com 22 anos fui para a Guiné (Xitole). Branco, e crescido no meio de brancos, fui conviver com negros. Católico,  fui para o meio de muçulmanos, de etnia Fula.

Tive lá um amigo especial, o pescador do Xitole que, na altura,  teria 40 e tal anos, mas que quando tinha apenas 15 anos foi levado de Dakar pelos franceses até Paris para, mesmo sendo menino, ser incorporado no exército francês e ser forçado a participar na última guerra mundial.

O pescador (que,  se a memória não me falha,  se chamava Mamadú), era um homem maduro, vivido e culto. Quando estive destacado na Ponte dos Fulas, juntamente com o David Guimarães, o pescador acompanhou-nos e, com excepção dos fins de semana, em que ia para junto da família, permaneceu connosco cerca de um mês, para lançar as redes no Rio Pulom e capturar o peixe que nos saciou a fome.

Nas muitas conversas que tive com o Mamadú, um dia perguntei-lhe porque é que os homens do Xitole passavam os dias sentados na aldeia enquanto as mulheres se entregavam à vida dura da agricultura, inclusive com filhos às costas e outros a seu lado. E, soltando o que me ia na mente, perguntei-lhe porque é que tais homens não ajudavam as mulheres nos trabalhos agrícolas e, ainda de forma mais directa, se tal se deveria ao facto de esses homens não gostarem de trabalhar...

O meu amigo pescador captou-me o preconceito e,  com imensa calma, feita de muita sabedoria, o Mamadú perguntou-me se na minha terra (Porto) eu encerava o chão, lavava a louça, lavava a roupa à mão, estendia a roupa para secar, passava a roupa a ferro, etc., etc.

Estávamos em 1972 e, também por preconceitos, tudo isso era, inquestionavelmente, trabalho de mulher. De tal modo que qualquer homem que assumisse a realização dessas tarefas seria alvo de epítetos nada abonatórios nem desejáveis.

Naturalmente respondi-lhe que não, o que correspondia à verdade. Mas mesmo que assim não fosse ter-lhe-ia dito na mesma que não. Com um sorriso amigo e de compreensão ele explicou-me que lá no Xitole as coisas também funcionavam de idêntico modo, pois trabalhar a terra era serviço exclusivo de mulher, pelo que se algum homem fosse ajudar a mulher a trabalhar a terra perderia a consideração e o respeito da aldeia.

E, completando a lição, o Mamadú explicou-me que os Fulas eram comerciantes por natureza, pelo que estavam sentados à espera que a guerra acabasse para, sem correrem perigos, poderem trilhar as matas, de aldeia em aldeia,  com a mercadoria às costas, para comercializarem os seus produtos e sustentarem a família.

Percebi, então, que esses amigos Fulas do Xitole não eram malandros. A guerra é que o era. De tal forma que nem sequer os deixava trabalhar.

Aprendi, então, que não devia avaliar os outros à luz da minha cultura e dos meus valores e muito menos com a mente envenenada por preconceitos. O meu amigo Mamadú, pescador do Xitole, ensinou-me isso e muitas coisas mais. E com isso ajudou-me a crescer e a ser homem.


Há pouco tempo informaram-me que ele já teria falecido, o que muito lamento. Evoco-o deste modo, cumprindo uma obrigação que tinha para com esse amigo, já que deixei passar a oportunidade de, olhos nos olhos, lhe agradecer o quanto me ensinou, com uma paciência, uma maturidade e uma humildade difíceis de igualar, a atestar que tive o ensejo de ter estado diante de um homem culto e bom de pele negra.Obrigado, Mamadú, velho pescador do Xitole. E, apesar de ser católico,  desejo que Alá te guarde.

Jorge Silva [, foto à esquerda, do tempo da CART 2716, Xitole, 1971/72]




Página do blogue da CART 2716 (Xitole, 1970/72), Amigos do Xitole,  criada e administrada pelo Jorge Silva
________________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12105: Estórias avulsas (68): Do meu Álbum de Fotos sobre Galomaro 2 (José Ribeiro)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9021: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (1): Resumo dos factos e feitos mais importantes, por João Polidoro Monteiro, Ten Cor Inf (Benjamim Durães)


In: História do Batallhão  de Artilharia nº 2917, de 15 de Novembro de 1969 a 27 de Março de 1972.


Referência à História do BART 2917, Bambadinca, 1970/72 - documento classificado como "reservado" - , segundo versão policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande; o excerto que hoje se publica consta de outra versão, em suporte digital, corrigida, aumentada e melhorada pelo Benjamim Durães.  Com a devida vénia e com o nosso apreço por todos os camradas do BART 2917. L.G. (*)






Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) >  Aspeto exterior do aquartelamento, frente ao complexo das instalações do comando, da messe e quartos dos oficiais bem como da messe e quartos dos sargentos.




Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > População fula em traje festivo






Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) >  Transporte de obuses 10,5 




Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) >  Ponte dos fulas, ou ponte sobre o Rio Pulon, destacamento do aquartelamento do Xitole (CART 2716)

Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Legendas: L.G. Todos os direitos reservados



CAPÍTULO IV > APRECIAÇÃO DO COMPORTAMENTO GERAL DAS COMPANHIAS > DOCUMENTOS DIVERSOS
(...)

20DEZ71
BART 2917
BAMBADINCA
281800DEC71
                                                                                                                        3332/302.0



RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES DO BART 2917 [Bambadinca, 1970/72]

REFª: NEP OP do QG/COMCHEFE - PRO 32 ACOPU
Circular nº 5024/C, Procº 39.80, 35.31.00, 31.31.1, de 24NOV71 do QG/COMCHEFE (REP OPER).



1 – GENERALIDADES

a) – Tendo por divisa P’LA GUINÉ E SUAS GENTES, o BART 2917 saído de LISBOA em 17MAI70, a bordo do N/M CARVALHO ARAÚJO, desembarcou em BISSAU em 25MAI70 e assumiu a responsabilidade do SECTOR L-1 em 08JUN70.

b) – Tendo como Unidades orgânicas além da CCS – sediada em BAMBADINCA, a CART 2714 – sediada em MANSAMBO, a CART 2715 – sediada no XIME e a CART 2716 – sediada no XITOLE.

O BATALHÃO recebeu em reforço a CCAÇ 12, o PEL MORT 2106, o PEL DAIMLER 2206, o PEL CAÇ NAT 52, o PEL CAÇ NAT 54, o PEL CAÇ NAT 63, o 20º PEL ART, a COMPANHIA DE MILÍCIAS nº 1, com os seus PELOTÕES nºs 241, 242 e 243.


Trabalhando em proveito de todo o Sector Leste mas apoiados disciplinar, administrativa e em viaturas pelo Batalhão encontram-se sediados em BAMBADINCA o DEPAE 1 e um destacamento de Intendência [PIAD 2189].

c) – Em 18DEC70 entra em Sector o PEL MORT 2268 indo sediar em BAMBADINCA, em substituição do PEL MORT 2106 que, por ter terminado o seu tempo de comissão na Província da Guiné, regressou à Metrópole.

Este Pelotão mantém destacadas 09 ESQ (-) colaborando na defesa dos aquartelamentos e destacamentos a seguir indicados.

- MANSAMBO
- XIME
- XITOLE
- ENXALÉ
- MATO DE CÃO
- PONTE DO RIO PULON
- TAIBATÁ
- CAMBESSÉ
- MISSIRÁ

d) – Em 05AGO71 é criado o CIMIL (Centro de Instrução de Milícias) de BAMBADINCA que fica à responsabilidade do Batalhão.

e) – Em DEC71 entrou em Sector o PEL DAIMLER 3085, em substituição do PEL DAIMLER 2206 que havia terminado a sua comissão de serviço no Província da Guiné regressando à Metrópole.

f) – Em 25OUT71, foram sediar em CANDAMÃ e ENXALÉ, os PMIL (Pelotões de Milícias) 308 e 309, respectivamente formados no Centro de Instrução de Milícias de BAMBADIINCA.

g) – Em 25DEC71 após o término do 3º Turno/71 da instrução de Milícias em BAMBADINCA foi sediar no ENXALÉ o GEMIL 310 (Grupo Especial de Milícias) formado no Centro de Instrução de Milícias de BAMBADINCA.


h) – O Centro de Instrução de Milícias de BAMBADINCA já formou, além dos GEMIL 309, 310 e PMIL 308 atribuídos, ao seu Sector, os seguintes para outros sectores:

                   os PMIL  315 e 316 para o SECTOR L-5;
                   GEMIL 323 para o SECTOR L-4.


- Em 17JAN72 iniciará a instrução de PELOTÕES DE MILÍCIAS para DEBA, CAMPADA e PONTA AUGUSTO DE BARROS.

i) – O BATALHÃO prestou o seu apoio ao Centro de Instrução de “COMANDOS AFRICANOS” quando em funcionamento em FÁ MANDINGA.

j) – É o seguinte o dispositivo actual do BART 2917:

- BART 2917                                                                                                 BAMBADINCA
– CCS (-)                                                                                                     BAMBADINCA
- 1 PELOTÃO                                                                                       NHABIJÕES 
– CCAÇ 12                                                                                                 BAMBADINCA
–CART 2714 (-)                                                                                         MANSAMBO
- 1 PELOTÃO                                                                                    XIME
– CART 2715 (-) REF C/ 1 PEL CART 2714                                          XIME
- 1 PELOTÃO                                                                                       ENXALÉ
- 1 PELOTÃO                                                                                       PONTE RIO UDUNDUMA 
– CART 2716 (-)                                                                                        XITOLE
- 1 PELOTÃO                                                                                       PONTE DO RIO PULON
- 1 SECÇÃO                                                                                         CAMBESSÉ
– PEL CAÇ NAT 52                                                                                   MISSIRÁ
– PEL CAÇ NAT 54                                                                                   FÁ MANDINGA
– PEL CAÇ NAT 63                                                                                   MATO DE CÃO
– PEL REC DAIMLER 3085                                                                     BAMBADINCA
– 20º PEL ART / GAC 7 (10,5 cm)                                                         XIME
– PEL MORT 2268 (-)                                                                               BAMBADINCA
- 1 ESQ (-)                                                                                          MISSIRÁ
- 1 ESQ (-)                                                                                           MANSAMBO
- 1 ESQ (-)                                                                                           XIME
- 1 ESQ (-)                                                                                           ENXALÉ
- 1 ESQ (-)                                                                                           TAIBATÁ
- 1 ESQ (-)                                                                                           XITOLE
- 1 ESQ (-)                                                                                           PONTE DO RIO PULON
- 1 ESQ (-)                                                                                           CAMBESSÉ
- 1 ESQ (-)                                                                                           MATO DE CÃO
– COMPANHIA DE MILÍCIAS DO CUOR (-)                                            MADINA BONCO
- PEL MILÍCIAS 201                                                                                FINETE
- PEL MILÍCIAS 202 (-)                                                                           MISSIRÁ
           - 01 SECÇÃO                                                                                    MATO DE CÃO 
- PEL MILÍCIAS 203 (-)                                                                           MADINA BONCO
- 1 SECÇÃO                                                                                        BISSAQUE
- 1 SECÇÃO                                                                                        SANSANCUTA 
– COMPANHIA DE MILÍCIAS DO XIME (-)                                            TAIBATÁ
- PEL MILÍCIAS 241                                                                               AMEDALAI
- PEL MILÍCIAS 242                                                                               TAIBATÁ
- PEL MILÍCIAS 243                                                                               DEMBA TACÓ
- PEL MILÍCIAS 308 (-) / COMP MIL DO CORUBAL                            CANDAMÃ
- 2 SECÇÕES                                                                                     AFIÁ
– GEMIL 309 (COMP MIL DE PORTO GOLE)                                       ENXALÉ
– GEMIL 310 (COMP MIL DE PORTO GOLE)                                       ENXALÉ

k) – O BART 2917 será rendido na Província pelo BART 3973 cujo desembarque está previsto para 28DEC71.

A CCS / BART 2917 será substituída em Bambadinca pela CCS / BART 3873
A CART 2714 será substituída em Mansambo pela CART 3493
A CART 2715 será substituída no Xime pela CART 3494
A CART 2716 será substituída no Xitole pela CART 3492


2 – DOS FACTOS E DOS FEITOS

a) – Com o IN armado:

1 – O BART 2917 realizou inúmeras acções e operações procurando o IN armado afim de capturar ou destruir os seus elementos ou, ao menos criar-lhe insegurança nos seus redutos;

Dessa actividade ofensiva são de salientar as Operações:

“BACIA DESERTA”                                 [16 AGO 70]
“BOINAS DESTEMIDAS”                       [01 OUT 70]
“ABENCERRAGEM CANDENTE”         [25 e 26 NOV.70]
“TURRA”                                                 [ ?]
“ARRUAÇA DOURADA I”                     [18 e 19 FEV 71]
“ARRUAÇA DOURADA II”                    [21 e 22 FEV 71]
“RATO TRAQUINAS”                            [28 FEV 71]
“ESTRELA GALANTE”                         [14 MAR 71]
“CAÇADA EFICAZ”                              [19 e 20 MAR 71]
“CORRIDA ENTUSIÁSTICA”               [27 e 28 MAR 71 e 03 e 04 ABR 71]
“ESCALADA GIGANTE”                      [ 03 e 04 ABR 71 ]
“TRIÂNGULO VERMELHO                  [04 e 05 MAI 71]
“GATO IRREQUIETO”                          [18 MAI 71]
“TANTA VESPA”                                  [07 JUL 71]
“QUADRILHA SAGAZ”                        [11 e 12 JUL 71]
“AVANTE CAMARADAS”                    [ ?  ]
“BALADA DIURNA”                             [  ? ]
“DRAGÃO FEROZ”                               [02, 03 e 04 OUT 71]
“APANHA CHUVA”                              [23 e 24.OUT 71]
“TARECO VILÃO”                                [02, 03, 04, 05, 06 e 07 NOV 71]

2 – O INIMIGO

- Flagelou por 39 vezes os aquartelamentos e destacamentos das NT:

XIME                                                            11
MANSAMBO                                                06
XITOLE                                                        05
MATO DE CÃO                                            04
PONTE DO RIO PULON                              04
ENXALÉ                                                       04
NHABIJÕES                                                02
AMEDALAI                                                  01
DEMBA TACÓ                                             01
CAMBESSÉ / SINCHÃ MADIU                   01

- Reagiu à actividade de penetração das NT em operações ou acções 22 vezes.

- Colocou 22 engenhos explosivos, dos quais 13 foram detectados e levantados e 09 foram accionados pelas NT.

- Flagelou uma vez os trabalhos de construção da estrada BAMBADINCA – XIME em PONTA COLI.

- Flagelou por cinco vezes embarcações navegando no Rio GEBA “Estreito”.

- As suas acções causaram:

- 16 mortos e 89 feridos às NT.
- 03 mortos, 31 feridos e 01 desaparecido à população controlada pelas NT.
- estragos importantes num barco e ligeiros em dois outros.

3 – O BATALHÃO aos grupos armados IN:

- Causou 13 mortos confirmados, além de mais de 50 prováveis, e de inúmeros feridos confirmados.
- Apreendeu o seguinte material:

- 01 MET LIG DEGTYAREV
- 01 PM M-25
- 1 PM PPSH
- 02 ESP MOSIN NAGANT
- 11 MINAS A/P PMD-6
- 02 MINAS A/C
- 09 GR RPG-2
- 02 GR RPG-7
- 04 GR CAN S/R
- 01 GR MORT 61

- Retirou violentamente ao seu controlo 45 elementos da população.

- Obteve a apresentação voluntária nos seus quartéis e destacamentos de 87 elementos da população controlada pelo IN: [38 homens, 30 mulheres e 19 crianças].

- Emboscou-o repetidamente evitando, ou ao menos dificultando os seus movimentos.

b) – Com a população:

- Certo de que o progresso sócio-económico das nossas populações é a única arma capaz de conseguir a repressão da subversão o BART:

1 – Garantiu a segurança dos trabalhos da construção da estrada BAMBADINCA – XIME, apenas permitindo que o IN fizesse uma (01) única flagelação ao  pessoal e meios técnicos empenhados nas terraplanagens causando uma interrupção de uma (1) hora em cerca de um ano de trabalhos.

- Do tráfego da estrada XIMA – BAFATÁ dentro do seu Sector apenas permitindo em PONTA COLI a flagelação a uma (01) viatura civil sem consequências, e a flagelação a uma (01) manada de vacas, também sem consequências, movimentos estes que eram desconhecidos do BART.

- Da navegação no RIO GEBA “Estreito”, apesar de quase diariamente ali navegarem diversas embarcações, numa média diária que ultrapassa as três (03) unidades, o IN apenas conseguiu flagelar cinco (05) embarcações das quais apenas de uma (01) se conhecia a passagem.

- Das populações reordenadas apenas consentindo 02 flagelações ao Reordenamento dos NHABIJÕES, e uma (01) a cada uma das A/D seguintes: AMEDALAI, DAMBA TACÓ e CAMBASSÉ.

2 – Promoveu por sua iniciativa a ocupação de MATO DE CÃO a fim de aumentar a segurança da navegação no RIO GEBA, evitar as flagelações ao Reordenamento dos NHABIJÕES, e criar condições de segurança para os trabalhos agrícolas nas ricas bolanhas anexas, provocando a apresentação dos seus antigos habitantes quase todos ainda sob controlo IN.

3 – Manteve em funcionamento os P.E.M. (**) existentes quando da sua entrada em Sector (NHABIJÕES, FÁ MANDINGA, XIME, ENXALÉ, XITOLE e MANSAMBO) e impulsionou a criação e mantém em funcionamento mais dez (10) P.E.M.  (CANDAMÃ, MISSIRÁ, SINCHÃ MADIU, DEMBA TACÓ, MERO, GANHOMA, AFIÁ, SINCHÃ MAMAJÃ, DEMBATACOBÁ e SAMBA JULI).

No total de 16 P.E.M.  estão matriculados e frequentam as aulas

- 496 crianças na classe pré-primária;
- 249 crianças na 1ª classe;
- 050 crianças na 2ª classe, e;
- 027 crianças na 3ª classe.

4 – Reparou ou reconstruiu abrigos e redes de arame farpado nas tabancas em A/D.

5 – Construiu grande parte do Reordenamento dos NHABIJÕES (elevou as paredes de 287 casas a abertura de 106 abrigos para a população e sua ulterior cobertura encontra-se praticamente concluída;) levantou as paredes da Escola da Administração, etc. etc. etc.).

6 – Edificou 4 escolas definitivas para P.E.M. e construiu 08 provisoriamente.

c) – Como Órgão Logístico:

- O BATALHÃO garantiu:

1 – Descarregar e transportar para os locais de armazenagem em BAMBADINCA de todos os reabastecimentos e materiais destinados às Unidades do Leste e manuseados os Portos do XIME e BAMBADINCA.

2 – Armazenar e garantir o correcto encaminhamento de todos os materiais e a reabastecimentos referidos em 1) – com excepção de alguns materiais de engenharia (a cargo do DEPAE1) e de todos os géneros e artigos de cantina (a cargo do Destacamento de Intendência local – PIAD 2189).

3 – Carregar nos portos do XIME e BAMBADINCA todo o material evacuado do SECTOR LESTE.

4 – O pronto embarque e desembarque de todas as Unidades que desde 08.JUN.70 entraram ou saíram do SECTOR LESTE por via fluvial.

5 – Encaminhar para os seus destinos todo o pessoal militar não enquadrado que embarque ou desembarque no XIME e em BAMBADINCA.

6 – Adquirir, retirar da mata e embarcar no XIME rachas de cibo destinadas em BENG 447.

7 – Reabastecer não só as suas Companhias mas também, com excepção de um curto período, a CCAÇ 2701, (no SALTINHO, do BCAÇ 2912) do vizinho Sector L-5.


    O COMANDANTE
JOÃO POLIDORO MONTEIRO (***)
         TEN COR INF
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Notas do editor:


(*) Vd. poste anterior, com excertos deste documento > 16 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6601: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (6): Povoações sob controlo IN; Recursos; Clima e meteorologia; Dispositivo e actuação da guerrilha (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luís Graça)


(**) P.E.M. = Postes Escolares Militares, segundo creio...  Os PEM fazem referência a tabancas em autodefesa, com programas de desenvolvimeno socioeconómico, e onde há crianças que frequentam o ensino primário (ministrado por militares).  


(***) Último comandante do BART 2917. Oficial superior da confiança do Gen Spínola, corajoso, competente, desassombrado, truculento, usando e abusando da linguagem de caserna. O único, de resto, que vi, de arma na mão, a meu lado, no Sector L1, no tempo em que lá estive (Julho de 1969 / Março de 1971)... Já morreu. O  Jorge Cabral e o Paulo Santiago privaram com ele… Há vários postes publicados, fazendo referência ao Ten Cor de Infantaria João Polidoro Monteiro.


O BART 2917 foi mobilizado pelo RAP 2. Embarciou para a Guiné em 17/5/1970 e regressou à Metrópole em 24/3/1972. Foi colocado no Sector L1, em Bambadinca, substituindo o BCAÇ 2852 (1968/70). O seu primeiro comandante foi o Ten Cor Art Domingos Magalhães Filipe. Unidades de quadrícula:  CART 2714 (Mansambo);  CART 2715 (Xime; teve 5 comandantes); e CART 2716 (Xitole).