Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Iemberém > 2 de março de 2008 > A "onça" [, leopardo-africano],
um animais desenhados nas paredes exteriores das instalações da AD -Acção para o Desenvolvimento. Era abundante em tempos, foi sobrecaçada, por causa da beleza da sua pele... E hoje o seu habitat vai-se degradando... Fotografia de Luís Graça, por ocasião de visita ao sul, no ãmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > s/l> s/d> c. 1943/73> O caçador de "onças" e empresário de cinema ambulante Manuel Joaquim dos Prazeres, ou "Manel Djoquim" (como era popularmente conhecido das gentes guineenses)
Foto (e legenda): © Lucinda Aranha (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região do Oio > CCAÇ 2753 (
Brá,
Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72) > "Um felídeo, que tropeçou numa das armadilhas das NT, nas imediações do destacamento" [de Bironque ou Madina Fula]. Foto do álbum do alf mil José Carvalho.
Foto (e legenda): © José Carvalho (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do José Carvalho, ao poste P21068 (*);
Caro Luis,
Na altura e durante algum tempo, influenciado talvez pela informação dos locais, julgava que se trataria de um onça.
Na realidade estou também convicto que se trata de um leopardo-africano (
panthera pardus pardus).
Abraço, do José Carvalho
[ex-alf mil inf, CCAÇ 2753 (Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72), e hoje médico veterinário, a viver no Bombarral]
2. Comentário do Cherno Baldé, nosso colaborador permanente (Bissau) (*):
Caro Luis,
De facto, pela imagem da foto, vê-se que não é uma onça, normalmente de menor porte físico e com manchas mais grossas e carregadas. Isto quererá dizer que estas duas espécies de felinos coexistiam nas matas da Guiné em meados dos anos 60/70.
Lembro-me que, ainda criança, tínhamos a incumbência de pastorear o gado da familia, sempre em grupos de 3 u 4 crianças e, às vezes, os animais nos enganavam e nos levavam para zonas pouco frequentadas, ricas em pasto, mas também perigosas em outros sentidos.
As instruções prévias sobre riscos de ataques de felinos ou dos guerrilheiros [do PAIGC], nesses casos, era fugir ao primeiro sinal de alerta vindo dos animais que nos acompanhavam. Digo acompanhavam, porque, em muitas ocasiões e completamente desorientados, confiavamos na capacidade de oruentação dos mesmos e seguiamos atrás até à hora do regresso que nunca falhava.
Durante esse tempo, nunca vi nenhum felino de perto, mas fugimos várias vezes sem saber qual era a real ameaça. Os mais velhos diziam-nos assim: Se os animais fogem em grupos organizados e param depois de 1/2 km, quer dizer que é uma Onça (de notar que poucas pessoas podiam diferenciar uma Onça de um Leopardo), mas se fogem dispersos, em grande velocidade e não param antes dos 7/10 km, então saibam que é o "Ngari Djinné", um Leão.
Uma vez, aconteceu que, durante a noite, a maior parte das vacas arrancaram os postes com as amarras que as mantinham presas e vieram refugiar-se junto à aldeia. Depois soubemos que um felino, provávelmente um Leão ou seu grupo, teria passado por perto, a caminho das matas do Oio ou vice-versa.
Com um abraço amigo, Cherno
3. Comentário do Carlos Vinhal:
Acho que me lembro deste episódio porque me ficou na memória um destes animais ter caído numa das nossas armadilhas e o pessoal civil ter esquartejado e dividido os pedaços entre si. Aconteceu que ao fim do dia, quando retirámos, era vê-los, todos contentes, carregando aqueles nacos de carne (e osso) envolvidos por folhas de palmeiras, e a serem perseguidos por enormes quantidades de moscas atraídas pelo já menos bom estado de conservação da carne.
4. Comentário de César Dias:
Carlos, foi este episódio, quando andávamos a verificar as armadilhas, encontrámos uma enorme onça junto a uma delas, cheirava muito mal, mas mesmo assim os africanos que nos acompanhavam tiraram-lhe a pele, a pedido, e dividiram-na entre eles, eu levei a pele para Mansabá, ainda lá esteve em tentativa de secagem, mas eram tantas as moscas que desisti daquilo, não tinha muitos furos de estilhaços, mas algum lhe deve ter tocado em orgão vital.
Só passaram 50 anos, são coisas que não esquecem. Um abraço.
5. Nota do editor LG:
Na Guiné-Bissau, a subespécie leopardo -africano (
panthera pardus pardus) é conhecida por "onça"... Tal como a hiena é conhecido por "lubu" (em crioulo)...
Não confundir com a "onça-pintada" ou "jaguar" da Amazónia ou do Pantanal, no Brasil (
panthera onca) que, de facto, só existe ns Américas, no Novo Mundo... O jaguar distingue-se do leopardo: fisicamente são semelhantes, mas o jaguar exibeum outro padrão de manchas na pele e é de maior tamanho do que a "onça" da Guiné...
Nem o leopardo africano nem o jaguar podem ser confundidos com a onça-parda (ou puma, em português europeu)
(Puma concolor): são os três da família
Felidae, mas o género é diferente:
Puma, nativo das Américas. (Portanto, também não existe em África.)
No portal
Triplov > Guiné-Bissau > Mammalia, há uma referência (e foto) deste animal (
Panthera pardus pardus ou
Panthera pardus leopardus)... Referência, Monard, 1940. Local: Bissau; Bafatá; Cacheu; estrada de Barro para S. Domingos. Já o leão (
Panthera leo senegalensis) também foi visto (, na zona do Corubal e em Buba, ) mas já era mais raro nessa época.
Albert Monard (1882-1956) foi um naturalista suiço, que fez várias expedições científicas em África, incluindo Angola (1928, 1932) e a Guiné-Bissau (1937).
MONARD, Albert
Résultats de la mission scientifique du Dr. Monard en Guinée Portugaise : 1937-1938 / Albert Monard. - [S.l. : s.n., 193-]. - 11 v.. - Separata dos Arquivos do Museu Bocage. - 1º v.: Primates. - 2º v.: Ongulés. - 3º v.: Chiroptères. - 4º v.: Scorpions. - 6º v.: Batraciens. - 7º v.: Poissons. - 8º v.: Reptiles. - 9º v.: Carnivores. - 10º v.: Rongeurs. - 11º v.: Dytiscidae et gyrinidae.
(...) De acordo com a especialista, os "grandes mamíferos" como o leão, a onça e o elefante, são hoje espécies "extremamente ameaçadas" de extinção devido à acção dos seres humanos.
Por exemplo, os poucos elefantes que restaram são vistos esporadicamente nas florestas de Boé, no leste e em Cantanhez, no sul, explicou Cristina Silva, sublinhando que estes apenas aparecem nas épocas chuvosas.
"O último recenseamento apontava para a existência de apenas três casais de onças na zona do Boé", declarou Cristina Silva, um registo que contraria os dados de há dez anos, indicando que havia entre 50 a 100 seres dessa espécie. (...)
A Cristina Silva aqui citada é a "Cristina Ribeiro Schwarz da Silva (
Pepas, para os amigos e familiares), filha mais mais velha de Carlos Schwarz da Silva [, o nosso saudoso amigo Pepito, 1949-2014], guineense, e Isabel Levy Ribeiro, portuguesa.Tem [, tinha, em 2009,] 35 anos, é licenciada em biologia marinha. Trabalha no IBAP- Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau. É Coordenadora para o Seguimento das Espécies." (**)
________________