Amigos
Paz e Bem com votos de uma boa semana também.
Na semana finda caiu mais uma vez o luto sobre Ribamar, esta nossa querida terra de pescadores. Mais um barco naufragou e tirou a vida a uma companha de quatro marinheiros [, três deles de Ribamar, Lourinhã, e um outro da vizinha Maceira, Torres Vedras].
Com este já são 13 barcos, nos últimos 50 anos. Neles morreram mais de 40 homens.
Já fizemos o funeral de três destes quatro pescadores, mas ainda falta o corpo do mestre do barco “Veneza”. Hoje as notícias vinham a dizer que o navio hidrográfico já encontrou o “Veneza” a 80 metros de profundidade. Será que irão encontrar o Orlando, preso na casa do leme?
Andamos todos ansiosos, sentidos e tristes com mais esta tragédia. Por isso na próxima 5ª feira vamos celebrar Missa de 7º dia por estes nossos irmãos: Orlando Fonseca, Leonel Candeias, José F. Henriques e o Paulo Jorge. Deus se compadeça deles e os acolham na Sua Misericórdia e às suas famílias tão doridas as conforte, confirme na Fé e na Esperança da Vida eterna.
(...) Solidários em poupar água…
Abraço-vos com amizade e gratidão. Paz e Bem e Feliz Advento também! Pe.Batalha
Joaquim Batalha
padrebatalha@gmail.com
2. Nota de Luís Graça, cuja bisavó materna era de Ribamar, Lourinhã, do "clã" Maçarico, Maria Augusta Maçarico (1864-1932):
Não resisto a comentar esta notícia, mesmo podendo ser acusado de infringir uma das regras básicas do nosso blogue que nos "proibe" de falar da "atualidade"... Mas onde, camaradas e amigos, é que começa e acaba a guerra da Guiné que é o nosso "objeto de estudo e de escrita" ?
Já aqui em tempos escrevi que o concelho da Lourinhã, donde sou natural, também tem a sua elevada quota-parte na história trágico-marítima deste país. Entre 1968 a 2000, por exemplo, estavam contabilizados seis naufrágios de barcos de pesca onde tinham morrido três dezenas de filhos da terra, com especial destaque para as gentes de Ribamar (fora outros acidentes de trabalho mortais, cujo número se desconhece).
Um desses naufrágios, ao largo do Cabo Carvoeiro, Peniche, foi o do barco Deus é Pai, em 26 de março de 1971, tinha eu acabado de regressar da Guiné, Os restantes foram os do Certa (15 de maio de 1968), Altar de Deus (6 de novembro de 1982), Arca de Deus (17 de fevereiro de 1993), Amor de Filhos (25 de julho de 1994) e Orca II (antigo Porto Dinheiro) (19 de julho de 2000). [Fonte: Cipriano, Rui Marques (2001) – Vamos falar da Lourinhã. Lourinhã: Câmara Municipal da Lourinhã].
Entre estes homens há parentes meus, da grande família Maçarico, de Ribamar, Lourinhã.
Sobre o barco Deus é Pai, lembro-me de se dizer, na época, que fora cortado ao meio, à noite, por um cargueiro russo, e que os náufragos teriam sido levados, vivos, para aquele país da "cortina de ferro", na altura a URSS... Estávamos em plena guerra fria e em África (Guiné, Angola, Moçambique) eram armas russas e chineses que nos matavam e estropiavam... (Também nunca esqueço isso!).
Em vão esperaram por notícas deles, as "viúvas dos vivos", vestidas de preto... Os únicos destroços que deram à praia terão ao sido restos de redes e a tabuleta com os dizeres "Deus é Pai".
Depois de 2000, houve outros tantos naufrágios, a fazer fé na contabilidade do pastor das almas daquela terra que me diz muito, o padre Batalha. Ele fala em 13 naufrágios e mais de 4 dezenas de mortos... É um balanço trágico!
E vem a propósito evocar aqui o filme do João Botelho, "Peregrinação", que se estreou recentemente, em 1 de novembro p.p., e que eu fui ver no cinema "Ideal", no Chiado... O filme inspira-se na obra do Fernão Mendes Pinto, "Peregrinação", o nosso primeiro "best-seller" de viagens... A música é do Fausto, ou grande parte dela, reconheci músicas e letras que tinha no ouvido... Ou melhor: a música de Luís Bragança Gil e Daniel Bernardes, a partir do álbum “Por este rio acima”, de Fausto Bordalo Dias .
Os portugueses nunca leram a "Peregrinação"!... e alguns de nós, mais mesquinhos, foram perpetuando o mito de que o Fernão Mendes Pinto era um desprezível impostor, denegrindo a "grandeza" da nossa "epopeia dos Descoberimentos... Brincávamos com o sue nome:
- Fernão, mentes »
- Minto!
Ora a "Peregrinação é um livro maior da literatura portuguesa!... É produto nacional, muito mais do que o CR7 ou que a pera rocha do Oeste...
O filme, claro, é uma (impossível) adaptação das aventuras e desventuras do "tuga" quinhentista!... Foi filmado na China, Japão, Índia, Malásia, Vietname e Portugal...
È um filme português que merece ser visto, . ... Som e imagem e direção de atores impecáveis... Quatro estrelas em cinco!...
O "trailer" pode ser visto aqui. E a sinopse diz o seguinte:
Depois de 2000, houve outros tantos naufrágios, a fazer fé na contabilidade do pastor das almas daquela terra que me diz muito, o padre Batalha. Ele fala em 13 naufrágios e mais de 4 dezenas de mortos... É um balanço trágico!
E vem a propósito evocar aqui o filme do João Botelho, "Peregrinação", que se estreou recentemente, em 1 de novembro p.p., e que eu fui ver no cinema "Ideal", no Chiado... O filme inspira-se na obra do Fernão Mendes Pinto, "Peregrinação", o nosso primeiro "best-seller" de viagens... A música é do Fausto, ou grande parte dela, reconheci músicas e letras que tinha no ouvido... Ou melhor: a música de Luís Bragança Gil e Daniel Bernardes, a partir do álbum “Por este rio acima”, de Fausto Bordalo Dias .
Os portugueses nunca leram a "Peregrinação"!... e alguns de nós, mais mesquinhos, foram perpetuando o mito de que o Fernão Mendes Pinto era um desprezível impostor, denegrindo a "grandeza" da nossa "epopeia dos Descoberimentos... Brincávamos com o sue nome:
- Fernão, mentes »
- Minto!
Ora a "Peregrinação é um livro maior da literatura portuguesa!... É produto nacional, muito mais do que o CR7 ou que a pera rocha do Oeste...
O filme, claro, é uma (impossível) adaptação das aventuras e desventuras do "tuga" quinhentista!... Foi filmado na China, Japão, Índia, Malásia, Vietname e Portugal...
È um filme português que merece ser visto, . ... Som e imagem e direção de atores impecáveis... Quatro estrelas em cinco!...
O "trailer" pode ser visto aqui. E a sinopse diz o seguinte:
"...e assim partimos contra a razão,
sem nenhuma lembrança dos perigos do mar!"
“Em março de 1537, aos 26 ou 28 anos, Fernão Mendes Pinto, fugindo à miséria e estreiteza da sua vida, partiu para a Índia em busca de fama e fortuna”. Assim, no meio de uma terrível tempestade, começa este filme que relata os sucessos e as desventuras deste escritor aventureiro que, no decurso de 21 anos em que esteve no Oriente, foi “13 vezes cativo e 16 ou 17 vendido”.
sem nenhuma lembrança dos perigos do mar!"
“Em março de 1537, aos 26 ou 28 anos, Fernão Mendes Pinto, fugindo à miséria e estreiteza da sua vida, partiu para a Índia em busca de fama e fortuna”. Assim, no meio de uma terrível tempestade, começa este filme que relata os sucessos e as desventuras deste escritor aventureiro que, no decurso de 21 anos em que esteve no Oriente, foi “13 vezes cativo e 16 ou 17 vendido”.
Mas, em vez da fortuna que pretendia, foram-lhe crescendo os trabalhos e os perigos. Aventureiro sim, mas também peregrino, penitente, embaixador, soldado, traficante e escravo, Fernão Mendes Pinto foi tudo e em toda a parte esteve.
“Por extraordinária graça de Deus” regressou salvo para nos deixar um extraordinário livro de viagens, numa escrita hábil e fulgurante, carnal e violenta, terra-celeste. Esse livro de viagens editado três dezenas de anos após a sua morte transformou-se no primeiro best-seller da língua portuguesa, sendo traduzido e publicado em todos os reinos da Europa.
A PEREGRINAÇÃO que agora vos apresentamos narra pedaços dessa observação aguda, exacerbada, exagerada que, na sua fascinante pressa de contar, aquele aventureiro dos sete mares nos deixou. Desventuras sim (“cada acção tem uma paga, cada pecado um castigo”) mas também sucessos: o cometimento e a grandeza das descobertas ou “achamentos” de outras terras e de outras gentes,no século de oiro da História de Portugal.
Um filme de aventuras!"...
este rio acima"...Recordo-me de o ter oferecido, mais tarde, ao meu filho, que nasceu justamente nesse ano).
(...) Vou no espantoso trono das águas,
vou no tremendo assopro dos ventos,
vou por cima dos meus pensamentos,
arrepia,
arrepia,
e arrepia ,sim senhor,
que vida boa era a de Lisboa (...)
Naufrágio do "Galeão Grande S. João", uma ilustração da Historia Trágico-Marítima de 1735. Cortesia de Wikipédia.
Por Este Rio Acima baseou-se justamente-se nas aventuras de Fernão Mendes Pinto, relatadas na livro Peregrinação (1614). O álbum seguinte, o sétimo do Fausto, Crónicas da Terra Ardente (1994), seria por sua vez inspirado pela História Trágico-Marítima, de Bernardo Gomes de Brito, "colecção de relações e notícias de naufrágios, e sucessos infelizes, acontecidos aos navegadores portugueses", publicada em dois tomos no tempo de D. João XV (1735 e 1736). (Os especialistas estimam que, nos séculos XVI e XVII, terá naufragado um navio em cada cinco dos que partiram de Lisboa com destino à Índia.)
Por Este Rio Acima é considerado, pela crítica especializada, como um dos grandes álbuns da música popular portuguesa do pós-25 de Abril. Eu não tenho dúvida. Mas quando é que nós, portugueses, aprendemos a dar valor ao que é nosso e aos nós próprios ?
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vou no tremendo assopro dos ventos,
vou por cima dos meus pensamentos,
arrepia,
arrepia,
e arrepia ,sim senhor,
que vida boa era a de Lisboa (...)
Naufrágio do "Galeão Grande S. João", uma ilustração da Historia Trágico-Marítima de 1735. Cortesia de Wikipédia.
Por Este Rio Acima baseou-se justamente-se nas aventuras de Fernão Mendes Pinto, relatadas na livro Peregrinação (1614). O álbum seguinte, o sétimo do Fausto, Crónicas da Terra Ardente (1994), seria por sua vez inspirado pela História Trágico-Marítima, de Bernardo Gomes de Brito, "colecção de relações e notícias de naufrágios, e sucessos infelizes, acontecidos aos navegadores portugueses", publicada em dois tomos no tempo de D. João XV (1735 e 1736). (Os especialistas estimam que, nos séculos XVI e XVII, terá naufragado um navio em cada cinco dos que partiram de Lisboa com destino à Índia.)
Por Este Rio Acima é considerado, pela crítica especializada, como um dos grandes álbuns da música popular portuguesa do pós-25 de Abril. Eu não tenho dúvida. Mas quando é que nós, portugueses, aprendemos a dar valor ao que é nosso e aos nós próprios ?
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