1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 11 de Junho de 2011:
Amigo Carlos Vinhal
Nos próximos dias 14 e 15 vai realizar-se no Fórum Picoas um Colóquio /Debate Sobre:
Os filhos da Guerra Colonial:
Pós-memórias e representações
Este trabalho de pesquisa foi realizado pela UC sobre a orientação da investigadora Professora Doutora Margarida Calafate Ribeiro.
Eu, e as minhas filhas também demos algum contributo para este trabalho.
Envio o programa do Colóquio.
Será que isto tem algum interesse de publicação? Tu melhor do que ninguém saberás o que fazer.
Um grande abraço
José Barros
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sábado, 11 de junho de 2011
Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)
1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 9 de Junho de 2011:
Caro amigo e companheiro
Junto aqui material que poderá ser usado como informação se achares que vale a pena.
Na Antologia está um poema meu, o que me agradando pessoalmente, direi que a sua inclusão se deve também ao prestigio do blogue, da Tabanca Grande e dos seus editores.
Abraço fortíssimo
José Brás
É com muita alegria que as Edições Afrontamento e os investigadores Margarida Calafate Ribeiro (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha) o vêm convidar para participar na sessão de lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, com participação de Joaquim Furtado.
O lançamento realizar-se-á nas instalações do CES - Lisboa, Auditório do CIUL, no próximo dia 15 de Junho, pelas 19 horas e está integrado no Colóquio/Debate "Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações" (14 e 15 de Junho).
Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza
Rua Viriato, 13
1050-227 Lisboa
Telef. 216012848
E-mail: ceslx@ces.uc.pt
Apresento os meus melhores cumprimentos,
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8390: Agenda Cultural (130): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (3) (Carlos Cordeiro)
Caro amigo e companheiro
Junto aqui material que poderá ser usado como informação se achares que vale a pena.
Na Antologia está um poema meu, o que me agradando pessoalmente, direi que a sua inclusão se deve também ao prestigio do blogue, da Tabanca Grande e dos seus editores.
Abraço fortíssimo
José Brás
É com muita alegria que as Edições Afrontamento e os investigadores Margarida Calafate Ribeiro (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha) o vêm convidar para participar na sessão de lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, com participação de Joaquim Furtado.
O lançamento realizar-se-á nas instalações do CES - Lisboa, Auditório do CIUL, no próximo dia 15 de Junho, pelas 19 horas e está integrado no Colóquio/Debate "Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações" (14 e 15 de Junho).
Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza
Rua Viriato, 13
1050-227 Lisboa
Telef. 216012848
E-mail: ceslx@ces.uc.pt
Apresento os meus melhores cumprimentos,
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8390: Agenda Cultural (130): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (3) (Carlos Cordeiro)
Guiné 63/74 - P8405: Memórias de Mansabá (25): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - Operação Nestor
1. Mensagem de António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 9 de Junho de 2011:
Ao Editor e Co-editores os meus cumprimentos.
Mando à atenção de Carlos Vinhal mais uma recordação de Mansabá.
Um Ab
Dâmaso
RECORDAÇÕES DE MANSABÁ (3)
OPERAÇÃO “NESTOR”
Com base nas informações obtidas a um dos prisioneiros capturados uma semana antes na Operação ”Orfeu”, foi planeada a operação “Nestor”. O prisioneiro dizia existir um acampamento na mata entre Insumeté e Infaíde, mais uma vez a CCP 122 a 3 GComb foi helicolocada em 20 de Junho de 1969, cerca das 08,40. A primeira vaga de 40 homens, sendo a segunda vaga de mais 40 colocada cerca de 25 minutos mais tarde, um pouco mais a sul da mesma bolanha.
Mais uma vez fui na segunda vaga. Quando se deu a reunião da Companhia estava o prisioneiro a levar um “tratamento”, para ver se espevitava uma vez que se mostrava desorientado, a meu ver não era caso para menos porque que tinha sido levado e trazido de helicóptero, fartamo-nos de andar às voltas com os “turras” sempre a chatear-nos, lá andava o Heli-canhão a tentar mantê-los à distância, atravessámos a mata entre as duas bolanhas, encontrámos um acampamento abandonado, onde foram encontradas munições, granadas, medicamentos e grande quantidade de artigos diversos.
Por volta das 16 horas a sul da bolanha de Infaíde foram encontradas pequenas barracas individuais no tarrafo numa pequena ilhota, estas continham grandes quantidades de armamento e equipamento.
Para alcançar a citada ilhota tivemos de atravessar braços do rio Bipo, com água pelo peito, aquilo era uma zona de muita água, à parte a água havia ainda umas espinheiras muito afiadas que nos rasgavam tudo que lá tocava.
Foi aqui que apanhei os meus primeiros “despojos de guerra” que foram: 1 cantil, um cinturão com fivela de chapa com a foice e martelo em relevo, um boné de pala do tipo chinês, e um estojo de faca garfo e colher, a faca perdi-a em Nampula, restam a colher e garfo com abre-latas e saca-rolhas porque nunca lhes dei uso, os restantes objectos já não existem desgastaram-se pelo uso, era um estojo bastante adiantado para a época, devia pertencer a algum comandante.
Os guerrilheiros continuaram a flagelar-nos, era sol-posto quando a Operação foi dada por concluída, regressamos a Bissalanca com o material capturado.
Durante a operação foram abatidos dois guerrilheiros e capturados outros dois sendo um o chefe do grupo de Iracunda. Em vez de mencionar aqui todo o material capturado, resolvi expor a foto do mesmo.
E foi mais uma operação em que participei sem dar um tiro.
No mesmo dia o Alf. Pára-quedista Armindo Calado, pertencente à CCP 121 que estava em Teixeira Pinto, foi morto em combate na região do Bachile.
Sentimos sempre a morte dos camaradas de armas, mas uns mais que outros conforme seja a nossa proximidade. Com o Alf. Calado tinha criado laços de amizade por ter convivido de perto com ele durante os dias e algumas noites, que durou Instrução de Combate 2/68, com início em 17JUN68 até 07SET68, pois tinha sido monitor no pelotão dele. Depois eles foram mobilizados e eu ainda fiquei a dar a Escola de Recrutas 3/68 que teve inicio em 16SET68.
A 28JUN69 fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto via auto e no dia 08JUl69, fui de Teixeira Pinto para Bafatá integrando a CCP 123 (1), tendo passado por Bafatá, Galomaro e Dulombi.
(1) Tratou-se de uma Companhia a 3 GCOMB que estava mobilizada para Angola, mas foi enviada para a Guiné em reforço durante 3 meses passando a denominar-se CCP 123, no final as praças foram integradas nas CCP 121 e CCP 122 e os graduados seguiram o seu destino para Angola.
Saudações Aeronáuticas
Dâmaso
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8171: Memórias de Mansabá (13): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - O baptismo de fogo na Guiné
Ao Editor e Co-editores os meus cumprimentos.
Mando à atenção de Carlos Vinhal mais uma recordação de Mansabá.
Um Ab
Dâmaso
RECORDAÇÕES DE MANSABÁ (3)
OPERAÇÃO “NESTOR”
Zona de, Choquemone, onde desenrolou a Operação “Nestor”em 20JUH69
Com base nas informações obtidas a um dos prisioneiros capturados uma semana antes na Operação ”Orfeu”, foi planeada a operação “Nestor”. O prisioneiro dizia existir um acampamento na mata entre Insumeté e Infaíde, mais uma vez a CCP 122 a 3 GComb foi helicolocada em 20 de Junho de 1969, cerca das 08,40. A primeira vaga de 40 homens, sendo a segunda vaga de mais 40 colocada cerca de 25 minutos mais tarde, um pouco mais a sul da mesma bolanha.
Formação de Hélis partindo para uma operação (Foto de A Martins álbum de memórias do BCP 12)
Mais uma vez fui na segunda vaga. Quando se deu a reunião da Companhia estava o prisioneiro a levar um “tratamento”, para ver se espevitava uma vez que se mostrava desorientado, a meu ver não era caso para menos porque que tinha sido levado e trazido de helicóptero, fartamo-nos de andar às voltas com os “turras” sempre a chatear-nos, lá andava o Heli-canhão a tentar mantê-los à distância, atravessámos a mata entre as duas bolanhas, encontrámos um acampamento abandonado, onde foram encontradas munições, granadas, medicamentos e grande quantidade de artigos diversos.
Travessia de uma bolanha (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)
Por volta das 16 horas a sul da bolanha de Infaíde foram encontradas pequenas barracas individuais no tarrafo numa pequena ilhota, estas continham grandes quantidades de armamento e equipamento.
Para alcançar a citada ilhota tivemos de atravessar braços do rio Bipo, com água pelo peito, aquilo era uma zona de muita água, à parte a água havia ainda umas espinheiras muito afiadas que nos rasgavam tudo que lá tocava.
Páras em terreno difícil (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)
Foi aqui que apanhei os meus primeiros “despojos de guerra” que foram: 1 cantil, um cinturão com fivela de chapa com a foice e martelo em relevo, um boné de pala do tipo chinês, e um estojo de faca garfo e colher, a faca perdi-a em Nampula, restam a colher e garfo com abre-latas e saca-rolhas porque nunca lhes dei uso, os restantes objectos já não existem desgastaram-se pelo uso, era um estojo bastante adiantado para a época, devia pertencer a algum comandante.
Foto do Estojo com colher e gafo
Foto do pormenor da marca, País do Leste?
Os guerrilheiros continuaram a flagelar-nos, era sol-posto quando a Operação foi dada por concluída, regressamos a Bissalanca com o material capturado.
Uma recuperação Héli (Foto Álbum de memórias do BCP 12)
Durante a operação foram abatidos dois guerrilheiros e capturados outros dois sendo um o chefe do grupo de Iracunda. Em vez de mencionar aqui todo o material capturado, resolvi expor a foto do mesmo.
Material capturado pela CCP 122 na Operação “Nestor” em 20/JUN/69 (Foto H BCP 12)
E foi mais uma operação em que participei sem dar um tiro.
No mesmo dia o Alf. Pára-quedista Armindo Calado, pertencente à CCP 121 que estava em Teixeira Pinto, foi morto em combate na região do Bachile.
Sentimos sempre a morte dos camaradas de armas, mas uns mais que outros conforme seja a nossa proximidade. Com o Alf. Calado tinha criado laços de amizade por ter convivido de perto com ele durante os dias e algumas noites, que durou Instrução de Combate 2/68, com início em 17JUN68 até 07SET68, pois tinha sido monitor no pelotão dele. Depois eles foram mobilizados e eu ainda fiquei a dar a Escola de Recrutas 3/68 que teve inicio em 16SET68.
A 28JUN69 fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto via auto e no dia 08JUl69, fui de Teixeira Pinto para Bafatá integrando a CCP 123 (1), tendo passado por Bafatá, Galomaro e Dulombi.
(1) Tratou-se de uma Companhia a 3 GCOMB que estava mobilizada para Angola, mas foi enviada para a Guiné em reforço durante 3 meses passando a denominar-se CCP 123, no final as praças foram integradas nas CCP 121 e CCP 122 e os graduados seguiram o seu destino para Angola.
Saudações Aeronáuticas
Dâmaso
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8171: Memórias de Mansabá (13): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - O baptismo de fogo na Guiné
Guiné 63/74 - P8404: Efemérides (51): No dia 10 de Abril de 2011, Loures homenageou os seus combatentes (José Martins)
Recebemos do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) esta reportagem referente à Homenagem que Loures prestou aos seus Combatentes no dia 10 de Abril de 2011.
Com a chegada da manhã, do dia 10 de Abril de 2011, chegava o dia “D”, ou melhor, dia “H”, de homenagem.
Tudo começara com o envio em 1 de Março, de um texto, datado de 23 de Fevereiro anterior, sobre o Monumento aos Mortos da Grande Guerra, do Concelho de Loures, para as páginas de Luís Graça e Camaradas da Guiné (publicado em 4 de Março (Post 7897) e Ultramar Terra Web (publicado em 2 de Março), cujo texto também foi enviado aos Presidentes das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e Presidente da Liga dos Combatentes (anteriormente, Liga dos Combatentes da Grande Guerra).
Foi o Presidente da Câmara Municipal de Loures que, delegando no seu Chefe de Gabinete, Senhor António Baldo, e no seu Assessor, Senhor António Maurício, deu início à organização dessa homenagem.
Quando nos encontramos, por convite telefónico dos mesmos no dia 1 de Abril, já tinham esquematizado a cerimónia, que, por deferência, não queriam dar como concluída sem trocar impressões connosco.
A partir desse momento, como havíamos escrito no final do texto já referido, tínhamos a certeza de que não estaríamos sós.
À chegada, fui informado pelo Assessor Sr. António Maurício que, por sugestão sua e prontamente aceite pelo Presidente da Câmara, competiria ao proponente da homenagem, proceder ao hastear da Bandeira Nacional, bandeira essa pela qual, quarenta anos antes, tinha combatido nas matas da Guiné.
A Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Loures, sob a direcção do Maestro Hélio Salsinha Murcho, executou o Hino Nacional, ao som do qual a Bandeira das Quinas subiu no mastro principal dos Paços do Concelho.
Depois deste acto solene e, já junto ao monumento, tomaram lugar os senhores António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência e em representação do Presidente da Câmara, o vereador Paulo Piteira, o presidente da Junta de Freguesia de Camarate, Arlindo Cardoso, a representação da Liga dos Combatentes composta pelo seu presidente, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues e o Secretário-Geral, Coronel Adalberto Travassos Fernandes, José Marcelino Martins, sócio da Liga dos Combatentes e antigo Combatente na Guiné, representantes da Policia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana. As Corporações de Bombeiros fizeram-se representar com os seus Estandartes e Guiões, estando presentes, alem da Corporação de Loures, as Corporações de Fanhões. Moscavide-Portela, Sacavém e Camarate, demais convidados, representando as forças vivas do Município, assim como muito público.
O Reverendo Padre João Fernando Bento Inácio, que representava a Igreja Católica e a Paroquia de Santa Maria de Loures, proferiu uma oração pelos Soldados de Portugal caídos em defesa da Pátria, lembrando que o seu esforço e sacrifício seriam lembrados pelas gerações vindouras, como acontecia naquele momento.
Aqui também é de referir que, muitos sacerdotes foram incorporados nas nossas forças armadas, fazendo parte de diversas unidades, tendo como missão não só manter uma presença espiritual junto das tropas, mas também, com a sua palavra e sua amizade, ajudá-los a cumprir a sua missão de combatentes. Eles também corriam risco como os restantes militares, dado que percorriam os diversos destacamentos, ficando sujeitos à perigosidade do momento, e, muitos deles, recusavam, pura e simplesmente, serem portadores de arma, mesmo de defesa pessoal.
Seguiu-a uma homenagem à Mulher Portuguesa que, ao longo da nossa história, sempre esteve ao lado dos militares. Não posso esquecer, sobretudo nesta altura, o caso de minha Mãe que, com seis anos de idade se despediu do pai, quando este embarcou para França, integrado Batalhão do Regimento de Infantaria nº 7 de Leiria, do Corpo Expedicionário Português, e que, aos sessenta anos vê partir um dos seus filhos para a Guiné, para integrar a Companhia de Caçadores nº 5, da guarnição provincial.
“ Exmªs. Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Caros Combatentes
Antes de prestarmos a nossa homenagem aos camaradas que, ao longo da nossa história tombaram em defesa da Pátria Portuguesa, não queremos deixar de homenagear, aqui e agora, a mulher portuguesa, na figura da Mãe, da Esposa, da Noiva, da Irmã, da Madrinha de Guerra, que sempre foram o apoio incondicional do combatente.
• Foram Elas que, no cais de embarque acenaram o lenço de despedida;
• Foram Elas que, no silêncio da noite, chorando, rezaram por todos e cada um de nós;
• Foram elas, muitas delas, que, com o coração desfeito, receberam a fatídica notícia;
• Foram elas que, com as suas cartas e aerogramas, alimentaram a nossa esperança no regresso;
• Foram elas que, quando regressamos nos ajudaram a encontra o caminho, pois tínhamos perdido o rumo da vida.
Prestemos também homenagem à mulher enfermeira, às Damas Enfermeiras que, durante a Grande Guerra permaneceram à cabeceira dos feridos e doentes, e às Enfermeiras Pára-quedistas, que na Guerra de África, sempre que solicitadas, desceram do céu ao campo de batalha, qual Anjo da Guarda, trazendo a esperança de vida, quando a morte tentava levar mais um camarada.
A Elas, às Mulheres que nos acompanharam em campanha e às Mulheres que nos acompanharam ao longo da vida, enfim, às nossas queridas Mulheres, o nosso terno e eterno reconhecimento.
Bem hajam!”
Cabe aqui, invocar numa breve resenha histórica a constituição da Liga dos Combatentes, anteriormente designada por Liga dos Combatentes da Grande Guerra. A ideia surge logo após o Armistício e o regresso dos combatentes à Pátria que, animados um forte espírito de fraternidade, sentem a necessidade de se associarem, não só para uma melhor defesa dos seus interesses, mas também para ajudarem os camaradas mais necessitados, assim como as viúvas e órgãos de guerra.
A tentativa feita por João Jayme de Faria Affonso, em 1919, sai gorada, mas não desiste. Em 1921, em conjunto com o 1º Tenente Horácio Faria Pereira e o Tenente Joaquim de Figueiredo Ministro, unem esforço para dar forma e constituir a Liga que, com o apoio dos Tenentes-Coroneis Ferreira do Amaral e Francisco Aragão conseguem, no ano de 1923, realizar uma reunião com diversos combatentes, de onde saem os primeiros corpos directivo.
A Liga dos Combatentes da Grande Guerra é oficializada em 29 de Janeiro de 1924 (Portaria nº 3888) e o seu estandarte aprovado e autorizado o seu uso em cerimónias oficiais em 16 de Março de 1929.
Depois desta breve memória, retomemos a cerimónia que teve a intervenção do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues que, falando de improviso, realçou a “instituição que se bate pelos valores históricos e pelo apoio e garantia dos direitos aos mais necessitados, destacando que a associação conta com 93 núcleos”, distribuídos pelo país e estrangeiro tendo, também, “realçado a acção do Combatente Português ao longo do século XX, na Grande Guerra, na Guerra do Ultramar e nas Missões de Paz, lançando um apelo para a criação de mais um Núcleo da Liga e o levantamento de um Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, na cidade ou na região”.
Recuperou o último capítulo do texto acima referido “Se mais ninguém estiver presente, eu, pelas 11 horas da manhã do dia 10 de Abril deste ano, no dia seguinte ao Dia do Combatente, deixarei junto ao monumento que perpetua a presença dos Portugueses na Grande Guerra na Europa e em África, uma flor e a minha oração em memória dos que tombaram pela Pátria desde 1139, desde a vitória de D. Afonso Henriques na batalha de Ourique”, terminando a sua intervenção com um poema de Sofia de Mello Breyner:
“Nem terror
Nem lágrimas
Nem tempo
Me separarão de ti
Que moras para além do vento”.
Vivam os Combatentes por Portugal, Viva Portugal!
O orador seguinte foi António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência da Edilidade que, dirigindo-se às entidades convidadas e demais pessoas presentes, disse:
“Em primeiro lugar quero que saibam que é uma honra estar aqui, hoje e agora, nesta simples mas significativa cerimónia, a representar o Senhor Presidente da Câmara, o Engenheiro Carlos Teixeira.
“…AQUELES QUE POR OBRAS VALOROSAS, SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO…”, escreveu Camões na intemporal obra “Os Lusíadas”, traduzindo o Valor e o Heroísmo dos homens que se imortalizaram na construção e na conquista de novos mundos e na defesa da Pátria.
Recordamos, hoje, a memória daqueles que enfrentando as dificuldades e privações, culminaram a sua dádiva com a maior entrega que um homem pode fazer: O SACRIFICIO DA PRÓPRIA VIDA!
Exalto, também, a solidariedade entre irmãos de armas, e convido-vos a elevar o pensamento para todos os militares que representaram e defenderam Portugal e a sua independência naquela que então foi chamada como a Grande Guerra.
Saudemos o extraordinário sentido de Missão, e de cumprimento do Dever, dos Militares Portugueses que, agora como nesse tempo, cumprem as obrigações decorrentes das determinações do poder político.
Os Militares Portugueses são reconhecidos internacionalmente, alvo dos mais rasgados elogios dos nossos aliados e, sobretudo, credores do integral respeito de toda a comunidade nacional.
Foram treze anos, em África, em que as Forças Armadas Portuguesas estiveram envolvidas numa guerra que terminou. A liberdade que então chegou pôs fim a uma terrível época, mas que deixou, em terras de África, honra e brilhantismo fundamentais para o reconhecimento e abertura a uma cooperação fraterna, com os países irmãos que falam a mesma língua, e cujos soldados verteram, também eles, o seu sangue no campo de batalha, sofrendo, como os nossos, a dor da perda.
Hoje é dia de homenagear os Combatentes.
Cooperaremos com aqueles que, um dia, estiveram do outro lado, mas que hoje dão as mãos num espaço de partilha de valores, cultura, língua, laços familiares e de interesses comuns, na batalha por um futuro melhor, assente na democracia, no desenvolvimento e na construção da paz.
Aproveito esta circunstância para referir, também, todos os militares que cumpriram e cumprem missões no além fronteiras, no âmbito dos compromissos internacionais do Estado Português, como o processo de Cooperação Técnico-Militar com países africanos lusófonos ou, a presença, mo Iraque, no Afeganistão, no Kosovo, na Bósnia, no Saara Ocidental ou Líbano, fora de Portugal em cumprimento de Portugal.
A Nação está sempre em primeiro lugar para o Soldado, e é em nome dessa Nação que combate.
É assim no Afeganistão, no Iraque ou na Líbia. Foi assim em África, como também em São Mamede, Em Badajoz, na Flandres, nas Linhas de Torres e também, com certeza, em Aljubarrota.
Mas nenhum argumento justifica qualquer falta de respeito por aqueles que combateram, e que correram riscos em nome do Estado que honradamente representam. Merecem, e sempre merecerão, o nosso respeito e a perpetuação da sua memória.
Temos uma divisa para com estes homens e mulheres. O Estado e a Sociedade estão em dívida para com estes soldados, e nunca será suficiente a homenagem que possamos prestar-lhes.
É portanto com humildade e gratidão que hoje, eu, em nome do Senhor Presidente da Câmara de Loures, do Município e em nome de todos os Munícipes, deposito estas flores aqui, no Monumento aos Mortos da Grande Guerra, numa homenagem sentida a todos os Combatentes que deram a vida pela Pátria, e, em especial, aqueles cujo nome está inscrito neste monumento e a todos os Munícipes de Loures que combateram em nome de Portugal.
Perdoem-me a ousadia, mas neste momento sentido, para mim que sou militar, permito-me evocar dois combatentes e militares, ainda vivos, que admiro e respeito como exemplo constante e sempre presente: o meu pai ANTÓNIO MARTINS BALDO e o meu sogro CONSTANTINO TEIXEIRA.
Para todos os que partiram na defesa de um ideal maior, cujo nome é Portugal, o meu respeito, admiração e a certeza de que partiram com as palavras de Camões no pensamento:
“ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA”.
Viva Portugal!
Terminada a intervenção das entidades promotoras da Homenagem, foi efectuada a deposição de flores pelas mesmas entidades presentes e pelo público em geral, junto do Monumento.
Foram colocadas duas coroas de flores:
* Uma da Câmara Municipal, como tributo e homenagem do Povo de Loures, aos seus militares caídos durante os conflitos e aos que, tendo regressado, deixaram o nosso convívio;
* A outra, da Liga dos Combatentes, como preito de homenagem aos camaradas de armas caídos nos conflitos que Portugal teve que enfrentar, desde a sua nacionalidade até aos nossos dias. Teremos que referir que muitos dos que regressaram, ou já nos deixaram ou ainda estão entre nós, mas alguns, muitos, feridos na alma e no corpo.
Após a colocação das flores junto do Monumento, deu-se início aos “toques de Ordenança” previstos para estas ocasiões:
Foi executado o “Toque de Silêncio”. É o último toque que se ouve em cada dia nas unidades militares. Convida-nos ao silêncio e ao descanso. Alerta ficam as sentinelas, que velam pelo sono dos camaradas que dormem, sendo ouvido apenas, espaçados, o grito de “sentinela alerta” e a respectiva resposta. Com este toque é como se os que ficaram velassem pelo sono dos camaradas, que “adormeceram pela Pátria”. Os vivos velam pelo descanso dos que partiram.
De seguida foi executado o toque de “Mortos em Combate”. Homenagem, sentida, àqueles que entregaram á Pátria o seu bem mais precioso: a própria vida. É altura de louvar aqueles que, jurando defender a Bandeira da Pátria, levaram ao extremo o seu sacrifício. Neste momento, as forças presentes, encontram-se em continência.
Mas, quando a noite termina, vem um novo dia e uma nova esperança. É com esta forte convicção que a evocação dos “nossos mortos” termina com o “Toque de Alvorada” que mais não é que o acordar para um novo dia e o renascer de uma nova esperança. Ouviram-se, de seguida, os acordes de “A Portuguesa”, executada pela Banda dos Bombeiros e o Nosso Hino foi entoado pelos presentes.
Num ambiente mais informal, foram trocadas medalhas comemorativas, entre a Liga e a Edilidade, sendo que a Câmara ofereceu à Liga dos Combatentes a medalha comemorativa dos 100 anos da Republica, que foi proclamada, em Loures, no dia 4 de Outubro de 1910, um dia antes da proclamação em Lisboa e no país.
Estava terminada a cerimónia, com a convicção de que o momento que se vivia ainda, fosse o reavivar de uma gratidão e lembrança aos que, desde 1139, tombaram pela Pátria, sempre que esta nos chamou.
José Marcelino Martins
Loures, 7 de Junho de 2011
josesmmartins@sapo.pt
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8400: Efemérides (50): Penamacor inaugura Memorial evocativo dos antigos Combatentes da Guerra do Ultramar (Carlos Pinheiro)
Com a chegada da manhã, do dia 10 de Abril de 2011, chegava o dia “D”, ou melhor, dia “H”, de homenagem.
Tudo começara com o envio em 1 de Março, de um texto, datado de 23 de Fevereiro anterior, sobre o Monumento aos Mortos da Grande Guerra, do Concelho de Loures, para as páginas de Luís Graça e Camaradas da Guiné (publicado em 4 de Março (Post 7897) e Ultramar Terra Web (publicado em 2 de Março), cujo texto também foi enviado aos Presidentes das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e Presidente da Liga dos Combatentes (anteriormente, Liga dos Combatentes da Grande Guerra).
Foi o Presidente da Câmara Municipal de Loures que, delegando no seu Chefe de Gabinete, Senhor António Baldo, e no seu Assessor, Senhor António Maurício, deu início à organização dessa homenagem.
Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures.
Inaugurado em 8 de Dezembro de 1929
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Quando nos encontramos, por convite telefónico dos mesmos no dia 1 de Abril, já tinham esquematizado a cerimónia, que, por deferência, não queriam dar como concluída sem trocar impressões connosco.
A partir desse momento, como havíamos escrito no final do texto já referido, tínhamos a certeza de que não estaríamos sós.
À chegada, fui informado pelo Assessor Sr. António Maurício que, por sugestão sua e prontamente aceite pelo Presidente da Câmara, competiria ao proponente da homenagem, proceder ao hastear da Bandeira Nacional, bandeira essa pela qual, quarenta anos antes, tinha combatido nas matas da Guiné.
A Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Loures, sob a direcção do Maestro Hélio Salsinha Murcho, executou o Hino Nacional, ao som do qual a Bandeira das Quinas subiu no mastro principal dos Paços do Concelho.
Chegada da Banda dos Bombeiros Voluntários de Loures, frente aos Paços do Concelho.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Depois deste acto solene e, já junto ao monumento, tomaram lugar os senhores António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência e em representação do Presidente da Câmara, o vereador Paulo Piteira, o presidente da Junta de Freguesia de Camarate, Arlindo Cardoso, a representação da Liga dos Combatentes composta pelo seu presidente, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues e o Secretário-Geral, Coronel Adalberto Travassos Fernandes, José Marcelino Martins, sócio da Liga dos Combatentes e antigo Combatente na Guiné, representantes da Policia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana. As Corporações de Bombeiros fizeram-se representar com os seus Estandartes e Guiões, estando presentes, alem da Corporação de Loures, as Corporações de Fanhões. Moscavide-Portela, Sacavém e Camarate, demais convidados, representando as forças vivas do Município, assim como muito público.
O Reverendo Padre João Fernando Bento Inácio, que representava a Igreja Católica e a Paroquia de Santa Maria de Loures, proferiu uma oração pelos Soldados de Portugal caídos em defesa da Pátria, lembrando que o seu esforço e sacrifício seriam lembrados pelas gerações vindouras, como acontecia naquele momento.
Aqui também é de referir que, muitos sacerdotes foram incorporados nas nossas forças armadas, fazendo parte de diversas unidades, tendo como missão não só manter uma presença espiritual junto das tropas, mas também, com a sua palavra e sua amizade, ajudá-los a cumprir a sua missão de combatentes. Eles também corriam risco como os restantes militares, dado que percorriam os diversos destacamentos, ficando sujeitos à perigosidade do momento, e, muitos deles, recusavam, pura e simplesmente, serem portadores de arma, mesmo de defesa pessoal.
O Reverendo Padre João Fernando Bento Inácio a proferir a sua Oração.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Seguiu-a uma homenagem à Mulher Portuguesa que, ao longo da nossa história, sempre esteve ao lado dos militares. Não posso esquecer, sobretudo nesta altura, o caso de minha Mãe que, com seis anos de idade se despediu do pai, quando este embarcou para França, integrado Batalhão do Regimento de Infantaria nº 7 de Leiria, do Corpo Expedicionário Português, e que, aos sessenta anos vê partir um dos seus filhos para a Guiné, para integrar a Companhia de Caçadores nº 5, da guarnição provincial.
“ Exmªs. Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Caros Combatentes
Antes de prestarmos a nossa homenagem aos camaradas que, ao longo da nossa história tombaram em defesa da Pátria Portuguesa, não queremos deixar de homenagear, aqui e agora, a mulher portuguesa, na figura da Mãe, da Esposa, da Noiva, da Irmã, da Madrinha de Guerra, que sempre foram o apoio incondicional do combatente.
• Foram Elas que, no cais de embarque acenaram o lenço de despedida;
• Foram Elas que, no silêncio da noite, chorando, rezaram por todos e cada um de nós;
• Foram elas, muitas delas, que, com o coração desfeito, receberam a fatídica notícia;
• Foram elas que, com as suas cartas e aerogramas, alimentaram a nossa esperança no regresso;
• Foram elas que, quando regressamos nos ajudaram a encontra o caminho, pois tínhamos perdido o rumo da vida.
José Marcelino Martins, antigo combatente, lendo o seu texto de homenagem à Mulher Portuguesa.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Prestemos também homenagem à mulher enfermeira, às Damas Enfermeiras que, durante a Grande Guerra permaneceram à cabeceira dos feridos e doentes, e às Enfermeiras Pára-quedistas, que na Guerra de África, sempre que solicitadas, desceram do céu ao campo de batalha, qual Anjo da Guarda, trazendo a esperança de vida, quando a morte tentava levar mais um camarada.
A Elas, às Mulheres que nos acompanharam em campanha e às Mulheres que nos acompanharam ao longo da vida, enfim, às nossas queridas Mulheres, o nosso terno e eterno reconhecimento.
Bem hajam!”
Cabe aqui, invocar numa breve resenha histórica a constituição da Liga dos Combatentes, anteriormente designada por Liga dos Combatentes da Grande Guerra. A ideia surge logo após o Armistício e o regresso dos combatentes à Pátria que, animados um forte espírito de fraternidade, sentem a necessidade de se associarem, não só para uma melhor defesa dos seus interesses, mas também para ajudarem os camaradas mais necessitados, assim como as viúvas e órgãos de guerra.
A tentativa feita por João Jayme de Faria Affonso, em 1919, sai gorada, mas não desiste. Em 1921, em conjunto com o 1º Tenente Horácio Faria Pereira e o Tenente Joaquim de Figueiredo Ministro, unem esforço para dar forma e constituir a Liga que, com o apoio dos Tenentes-Coroneis Ferreira do Amaral e Francisco Aragão conseguem, no ano de 1923, realizar uma reunião com diversos combatentes, de onde saem os primeiros corpos directivo.
A Liga dos Combatentes da Grande Guerra é oficializada em 29 de Janeiro de 1924 (Portaria nº 3888) e o seu estandarte aprovado e autorizado o seu uso em cerimónias oficiais em 16 de Março de 1929.
O representante da Direcção Central de Liga dos Combatentes, usando da palavra.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Depois desta breve memória, retomemos a cerimónia que teve a intervenção do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues que, falando de improviso, realçou a “instituição que se bate pelos valores históricos e pelo apoio e garantia dos direitos aos mais necessitados, destacando que a associação conta com 93 núcleos”, distribuídos pelo país e estrangeiro tendo, também, “realçado a acção do Combatente Português ao longo do século XX, na Grande Guerra, na Guerra do Ultramar e nas Missões de Paz, lançando um apelo para a criação de mais um Núcleo da Liga e o levantamento de um Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, na cidade ou na região”.
Recuperou o último capítulo do texto acima referido “Se mais ninguém estiver presente, eu, pelas 11 horas da manhã do dia 10 de Abril deste ano, no dia seguinte ao Dia do Combatente, deixarei junto ao monumento que perpetua a presença dos Portugueses na Grande Guerra na Europa e em África, uma flor e a minha oração em memória dos que tombaram pela Pátria desde 1139, desde a vitória de D. Afonso Henriques na batalha de Ourique”, terminando a sua intervenção com um poema de Sofia de Mello Breyner:
“Nem terror
Nem lágrimas
Nem tempo
Me separarão de ti
Que moras para além do vento”.
Vivam os Combatentes por Portugal, Viva Portugal!
O orador seguinte foi António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência da Edilidade que, dirigindo-se às entidades convidadas e demais pessoas presentes, disse:
“Em primeiro lugar quero que saibam que é uma honra estar aqui, hoje e agora, nesta simples mas significativa cerimónia, a representar o Senhor Presidente da Câmara, o Engenheiro Carlos Teixeira.
“…AQUELES QUE POR OBRAS VALOROSAS, SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO…”, escreveu Camões na intemporal obra “Os Lusíadas”, traduzindo o Valor e o Heroísmo dos homens que se imortalizaram na construção e na conquista de novos mundos e na defesa da Pátria.
Recordamos, hoje, a memória daqueles que enfrentando as dificuldades e privações, culminaram a sua dádiva com a maior entrega que um homem pode fazer: O SACRIFICIO DA PRÓPRIA VIDA!
Exalto, também, a solidariedade entre irmãos de armas, e convido-vos a elevar o pensamento para todos os militares que representaram e defenderam Portugal e a sua independência naquela que então foi chamada como a Grande Guerra.
Saudemos o extraordinário sentido de Missão, e de cumprimento do Dever, dos Militares Portugueses que, agora como nesse tempo, cumprem as obrigações decorrentes das determinações do poder político.
O Chefe de Gabinete, em representação do Presidente da Câmara de Loures, proferindo a sua alocução.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Os Militares Portugueses são reconhecidos internacionalmente, alvo dos mais rasgados elogios dos nossos aliados e, sobretudo, credores do integral respeito de toda a comunidade nacional.
Foram treze anos, em África, em que as Forças Armadas Portuguesas estiveram envolvidas numa guerra que terminou. A liberdade que então chegou pôs fim a uma terrível época, mas que deixou, em terras de África, honra e brilhantismo fundamentais para o reconhecimento e abertura a uma cooperação fraterna, com os países irmãos que falam a mesma língua, e cujos soldados verteram, também eles, o seu sangue no campo de batalha, sofrendo, como os nossos, a dor da perda.
Hoje é dia de homenagear os Combatentes.
Cooperaremos com aqueles que, um dia, estiveram do outro lado, mas que hoje dão as mãos num espaço de partilha de valores, cultura, língua, laços familiares e de interesses comuns, na batalha por um futuro melhor, assente na democracia, no desenvolvimento e na construção da paz.
Aproveito esta circunstância para referir, também, todos os militares que cumpriram e cumprem missões no além fronteiras, no âmbito dos compromissos internacionais do Estado Português, como o processo de Cooperação Técnico-Militar com países africanos lusófonos ou, a presença, mo Iraque, no Afeganistão, no Kosovo, na Bósnia, no Saara Ocidental ou Líbano, fora de Portugal em cumprimento de Portugal.
A Nação está sempre em primeiro lugar para o Soldado, e é em nome dessa Nação que combate.
É assim no Afeganistão, no Iraque ou na Líbia. Foi assim em África, como também em São Mamede, Em Badajoz, na Flandres, nas Linhas de Torres e também, com certeza, em Aljubarrota.
Mas nenhum argumento justifica qualquer falta de respeito por aqueles que combateram, e que correram riscos em nome do Estado que honradamente representam. Merecem, e sempre merecerão, o nosso respeito e a perpetuação da sua memória.
Temos uma divisa para com estes homens e mulheres. O Estado e a Sociedade estão em dívida para com estes soldados, e nunca será suficiente a homenagem que possamos prestar-lhes.
É portanto com humildade e gratidão que hoje, eu, em nome do Senhor Presidente da Câmara de Loures, do Município e em nome de todos os Munícipes, deposito estas flores aqui, no Monumento aos Mortos da Grande Guerra, numa homenagem sentida a todos os Combatentes que deram a vida pela Pátria, e, em especial, aqueles cujo nome está inscrito neste monumento e a todos os Munícipes de Loures que combateram em nome de Portugal.
Perdoem-me a ousadia, mas neste momento sentido, para mim que sou militar, permito-me evocar dois combatentes e militares, ainda vivos, que admiro e respeito como exemplo constante e sempre presente: o meu pai ANTÓNIO MARTINS BALDO e o meu sogro CONSTANTINO TEIXEIRA.
Para todos os que partiram na defesa de um ideal maior, cujo nome é Portugal, o meu respeito, admiração e a certeza de que partiram com as palavras de Camões no pensamento:
“ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA”.
Viva Portugal!
Terminada a intervenção das entidades promotoras da Homenagem, foi efectuada a deposição de flores pelas mesmas entidades presentes e pelo público em geral, junto do Monumento.
Colocação de flores na base do Monumento pelos representantes da Edilidade e Liga dos Combatentes.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Foram colocadas duas coroas de flores:
* Uma da Câmara Municipal, como tributo e homenagem do Povo de Loures, aos seus militares caídos durante os conflitos e aos que, tendo regressado, deixaram o nosso convívio;
* A outra, da Liga dos Combatentes, como preito de homenagem aos camaradas de armas caídos nos conflitos que Portugal teve que enfrentar, desde a sua nacionalidade até aos nossos dias. Teremos que referir que muitos dos que regressaram, ou já nos deixaram ou ainda estão entre nós, mas alguns, muitos, feridos na alma e no corpo.
Após a colocação das flores junto do Monumento, deu-se início aos “toques de Ordenança” previstos para estas ocasiões:
Foi executado o “Toque de Silêncio”. É o último toque que se ouve em cada dia nas unidades militares. Convida-nos ao silêncio e ao descanso. Alerta ficam as sentinelas, que velam pelo sono dos camaradas que dormem, sendo ouvido apenas, espaçados, o grito de “sentinela alerta” e a respectiva resposta. Com este toque é como se os que ficaram velassem pelo sono dos camaradas, que “adormeceram pela Pátria”. Os vivos velam pelo descanso dos que partiram.
De seguida foi executado o toque de “Mortos em Combate”. Homenagem, sentida, àqueles que entregaram á Pátria o seu bem mais precioso: a própria vida. É altura de louvar aqueles que, jurando defender a Bandeira da Pátria, levaram ao extremo o seu sacrifício. Neste momento, as forças presentes, encontram-se em continência.
Mas, quando a noite termina, vem um novo dia e uma nova esperança. É com esta forte convicção que a evocação dos “nossos mortos” termina com o “Toque de Alvorada” que mais não é que o acordar para um novo dia e o renascer de uma nova esperança. Ouviram-se, de seguida, os acordes de “A Portuguesa”, executada pela Banda dos Bombeiros e o Nosso Hino foi entoado pelos presentes.
Toque de “Mortos em Combate”.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Num ambiente mais informal, foram trocadas medalhas comemorativas, entre a Liga e a Edilidade, sendo que a Câmara ofereceu à Liga dos Combatentes a medalha comemorativa dos 100 anos da Republica, que foi proclamada, em Loures, no dia 4 de Outubro de 1910, um dia antes da proclamação em Lisboa e no país.
Estava terminada a cerimónia, com a convicção de que o momento que se vivia ainda, fosse o reavivar de uma gratidão e lembrança aos que, desde 1139, tombaram pela Pátria, sempre que esta nos chamou.
Troca de Medalhas Comemorativas
© Foto Hugo Gonçalves (LC)
Pormenor do Monumento aos Mortos da Grande Guerra - Loures
© Foto José Marcelino Martins
José Marcelino Martins
Loures, 7 de Junho de 2011
josesmmartins@sapo.pt
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8400: Efemérides (50): Penamacor inaugura Memorial evocativo dos antigos Combatentes da Guerra do Ultramar (Carlos Pinheiro)
Guiné 63/74 - P8403: Convívios (350): VI Encontro dos Ex-Combatentes da Companhia de Caçadores 1426, 9 de Julho, em Cuba (Fernando Chapouto)
1. O nosso Camarada Fernando Chapouto, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1426, que entre 1965 e 1967, esteve em Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, enviou-nos, com pedido de divulgação, o seguinte programa da festa da sua Companhia.
VI ENCONTRO DOS EX-COMBATENTES DA
COMPANHIA DE CAÇADORES
9 de Julho de 2011
CUBA
Venho informar que o nosso encontro se realiza em CUBA no RESTAURANTE CASA MONTE PEDRAL Contamos com a vossa presença.
PROGRAMA
10H00 - Concentração junto à sede da Assoc. Antigos Combatentes
13H00 - Almoço convívio
EMENTA
Pão e azeitonas, queijo de cabra e ovelha, presunto, mini rissóis
Sopa
Bacalhau com espinafres e gambas de camarão, pastéis de bacalhau
Grelhada de porco preto do montado
Salada de frutas, mousse de chocolate, pudim de ovos e bolo de bolacha
Vinho branco/tinto da região
Água, refrigerantes e café
Aguardente caseira
Bolo comemorativo do 44º Aniversário do nosso regresso
Contactos
Joaquim Bicho : Telef: 284412732 ou TMN: 961412814
Joaquim Recto Delgado: Telef: 219556626 ou TMN: 917128308
Fernando Chapouto: Telef: 210838708 ou TMN: 965114882
Por correspondência ao remetente
Inscreve-te até 25JUN11, vem participar no nosso, vosso convívio, haverá surpresas! Não faltes, esperamos por ti, nós estamos lá.
PREÇO
Crianças até 10 Anos ……………..13,00 €
Adultos …………………………………. 26,00 €
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Vd. último poste desta série:
9 de Junho de 2011 >
Guiné 63/74 - P8393: Convívios (343): A CART 1689 comemorou os 44 anos da chegada à Guiné no dia 30 de Abril de 2011 na Póvoa de Varzim (José Ferreira da Silva)
Crianças até 10 Anos ……………..13,00 €
Adultos …………………………………. 26,00 €
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série:
9 de Junho de 2011 >
Guiné 63/74 - P8393: Convívios (343): A CART 1689 comemorou os 44 anos da chegada à Guiné no dia 30 de Abril de 2011 na Póvoa de Varzim (José Ferreira da Silva)
Guiné 63/74 - P8402: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (24): Perdendo a plumagem
1. Mensagem de José da Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 1 de Maio de 2011:
Meu caro amigo Carlos Vinhal,
Quarenta anos depois volto à Mata dos Madeiros. É uma história simples, igual a muitas outras passadas por muitos de nós, mas que a esta distância nos trazem um pequeno sorriso aos lábios. Bem precisamos disso nos dias que correm.
Para ti e para os nossos camaradas os meus votos de muita saúde.
Um abraço amigo,
José Câmara
Memórias e histórias minhas (24)
Perdendo a plumagem
As sentinelas perscrutavam o silêncio e o breu daquela noite cálida, serena, estrelada. Eles eram a garantia possível da segurança aos nossos extenuados corpos entregues ao macio barro vermelho da Mata dos Madeiros. Estoicamente tentavam distinguir os sons desconhecidos que chegavam de todos os lados.
Para periquitos a situação não podia ser mais enervante. O tempo ajudaria a distinguir todos os sons das matas guineenses.
Para nós, furriéis milicianos, a nossa vida era bem mais fácil que a das sentinelas. Tínhamos que fazer uma ronda nocturna e mesmo essa estava muito facilitada pela competência, camaradagem e qualidades humanas do nosso Fur Mil Trms João Henrique Nunes Correia.
Ele tinha requisitado Walkie Talkies, um luxo do tempo, que estavam distribuídos pelos postos de sentinela, o que facilitava a comunicação entre todos. Para além disso, o Correia passava longas horas acordado na noite, mantendo o contacto constante com o pessoal de serviço. Por outras palavras, ajudava-nos a manter os sentinelas alerta e permitia-nos descansar um pouco mais.
O João Correia era aquilo a que podíamos chamar de um homem às direitas. Por isso mesmo gozava da simpatia de todos nós.
Embora extenuados, alguns de nós preferíamos ser acordados para fazermos a nossa ronda pelos postos. Entendíamos que a nossa presença junto dos sentinelas, por alguns minutos que fosse, não só era reconfortante para eles, mas também servia de exemplo. Ninguém era melhor que ninguém.
Foi assim que numa noite o Correia foi acordar-me um pouco antes da minha hora de serviço. Vinha afogueado e apercebi-me de imediato que algo de muito grave se estava a passar.
Pedindo desculpa por me ter acordado um pouco antes da minha hora de ronda, de imediato acrescentou que o sentinela do canto, junto da estrada, virado ao Cacheu, tinha ouvido vacas a berrar, visto sombras a passar na frente do posto e o motor de uma camioneta para os lados da estrada velha, a picada que ligava o Bachile ao Cacheu..
O que podia dizer ao sentinela, indagava ele.
Apercebi-me que algo não parecia bater certo. Sombras andantes e vacas a berrar junto do acampamento nem pensaria ao diabo. Mas o barulho dos motores ao longe deixou-me apreensivo. Não éramos alheios a que a mítica Caboiana era frequentemente visitada pelo PAIGC.
- Ele que dispare nas sombras de duas pernas. - Foi a minha resposta
Pum! Pum! Pum! Três tiros em cadência, demonstrativas de presença de espírito de uma sentinela em controlo das suas emoções. Não obteve resposta retaliatória!
Enquanto o Correia corria para o posto de transmissões, eu voava sobre as minhas canetas pelas ruelas da nossa aldeia apenas iluminada pelas lâmpadas do firmamento em direcção ao posto de sentinela.
Quando cheguei junto da sentinela, esta, demonstrando bastante sangue-frio e ainda antes que lhe fizesse qualquer pergunta, disse-me:
- Eu fiz o que o meu furriel mandou!
Foi então que me apercebi que o Correia deveria ter mantido o botão do comunicador do Walkie Talkie aberto e o sentinela ouvira a minha resposta à sua pergunta.
O nosso Capitão Alves, que também chegara ao posto, decidiu que seria melhor ficarmos alerta até porque os alvores da manhã se aproximavam. Ainda tínhamos presente a fogueira que ardera toda a noite e que precedeu a emboscada aos Comandos.
Fui juntar-me à minha Secção. A palavra do acontecido já tinha passado por toda a gente.
De repente…
...as vacas voltaram a berrar e mais uma vez ouvimos o motor da camioneta ao longe, muito ao longe.
O José Cristiano Arruda Massa, um micaelense da bacia leiteira dos Arrifes, muito sério diz:
- Meu furriel, as vacas de São Miguel não berram desta maneira!
- As do Faial também não, respondi. Mas e o barulho do motor o que é?
- Eh meu furriel, aí é que a porca torce o rabo - respondeu o Massa na sua forma peculiar de dizer as coisas.
Com o raiar dos alvores da manhã, os nervos suavizaram-se e a lição foi aprendida.
Nessa noite de Junho de 1971, soubemos que as sombras andantes de quatro pernas apenas se movimentavam em duas, que o choro das hienas podia ser confundido com berros de vacas, mas não das açorianas, que o barulho dos motores das lanchas da marinha no rio Cacheu podiam ser emitidos pelas camionetas do PAIGC.
Aos poucos íamos perdendo algumas penas da nossa bela plumagem de periquitos. Afinal a velhice também se construía com pequenas histórias como esta.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7566: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (23): Com humor também se fazia a guerra
Meu caro amigo Carlos Vinhal,
Quarenta anos depois volto à Mata dos Madeiros. É uma história simples, igual a muitas outras passadas por muitos de nós, mas que a esta distância nos trazem um pequeno sorriso aos lábios. Bem precisamos disso nos dias que correm.
Para ti e para os nossos camaradas os meus votos de muita saúde.
Um abraço amigo,
José Câmara
Memórias e histórias minhas (24)
Perdendo a plumagem
As sentinelas perscrutavam o silêncio e o breu daquela noite cálida, serena, estrelada. Eles eram a garantia possível da segurança aos nossos extenuados corpos entregues ao macio barro vermelho da Mata dos Madeiros. Estoicamente tentavam distinguir os sons desconhecidos que chegavam de todos os lados.
Para periquitos a situação não podia ser mais enervante. O tempo ajudaria a distinguir todos os sons das matas guineenses.
Para nós, furriéis milicianos, a nossa vida era bem mais fácil que a das sentinelas. Tínhamos que fazer uma ronda nocturna e mesmo essa estava muito facilitada pela competência, camaradagem e qualidades humanas do nosso Fur Mil Trms João Henrique Nunes Correia.
Ele tinha requisitado Walkie Talkies, um luxo do tempo, que estavam distribuídos pelos postos de sentinela, o que facilitava a comunicação entre todos. Para além disso, o Correia passava longas horas acordado na noite, mantendo o contacto constante com o pessoal de serviço. Por outras palavras, ajudava-nos a manter os sentinelas alerta e permitia-nos descansar um pouco mais.
O João Correia era aquilo a que podíamos chamar de um homem às direitas. Por isso mesmo gozava da simpatia de todos nós.
O Fur Mil Trms João Correia (de braços cruzados) no convívio da CCaç 3327
Embora extenuados, alguns de nós preferíamos ser acordados para fazermos a nossa ronda pelos postos. Entendíamos que a nossa presença junto dos sentinelas, por alguns minutos que fosse, não só era reconfortante para eles, mas também servia de exemplo. Ninguém era melhor que ninguém.
Foi assim que numa noite o Correia foi acordar-me um pouco antes da minha hora de serviço. Vinha afogueado e apercebi-me de imediato que algo de muito grave se estava a passar.
Pedindo desculpa por me ter acordado um pouco antes da minha hora de ronda, de imediato acrescentou que o sentinela do canto, junto da estrada, virado ao Cacheu, tinha ouvido vacas a berrar, visto sombras a passar na frente do posto e o motor de uma camioneta para os lados da estrada velha, a picada que ligava o Bachile ao Cacheu..
O que podia dizer ao sentinela, indagava ele.
Apercebi-me que algo não parecia bater certo. Sombras andantes e vacas a berrar junto do acampamento nem pensaria ao diabo. Mas o barulho dos motores ao longe deixou-me apreensivo. Não éramos alheios a que a mítica Caboiana era frequentemente visitada pelo PAIGC.
- Ele que dispare nas sombras de duas pernas. - Foi a minha resposta
Pum! Pum! Pum! Três tiros em cadência, demonstrativas de presença de espírito de uma sentinela em controlo das suas emoções. Não obteve resposta retaliatória!
Enquanto o Correia corria para o posto de transmissões, eu voava sobre as minhas canetas pelas ruelas da nossa aldeia apenas iluminada pelas lâmpadas do firmamento em direcção ao posto de sentinela.
Quando cheguei junto da sentinela, esta, demonstrando bastante sangue-frio e ainda antes que lhe fizesse qualquer pergunta, disse-me:
- Eu fiz o que o meu furriel mandou!
Foi então que me apercebi que o Correia deveria ter mantido o botão do comunicador do Walkie Talkie aberto e o sentinela ouvira a minha resposta à sua pergunta.
O nosso Capitão Alves, que também chegara ao posto, decidiu que seria melhor ficarmos alerta até porque os alvores da manhã se aproximavam. Ainda tínhamos presente a fogueira que ardera toda a noite e que precedeu a emboscada aos Comandos.
Fui juntar-me à minha Secção. A palavra do acontecido já tinha passado por toda a gente.
De repente…
...as vacas voltaram a berrar e mais uma vez ouvimos o motor da camioneta ao longe, muito ao longe.
O José Cristiano Arruda Massa, um micaelense da bacia leiteira dos Arrifes, muito sério diz:
- Meu furriel, as vacas de São Miguel não berram desta maneira!
- As do Faial também não, respondi. Mas e o barulho do motor o que é?
- Eh meu furriel, aí é que a porca torce o rabo - respondeu o Massa na sua forma peculiar de dizer as coisas.
Com o raiar dos alvores da manhã, os nervos suavizaram-se e a lição foi aprendida.
Nessa noite de Junho de 1971, soubemos que as sombras andantes de quatro pernas apenas se movimentavam em duas, que o choro das hienas podia ser confundido com berros de vacas, mas não das açorianas, que o barulho dos motores das lanchas da marinha no rio Cacheu podiam ser emitidos pelas camionetas do PAIGC.
Aos poucos íamos perdendo algumas penas da nossa bela plumagem de periquitos. Afinal a velhice também se construía com pequenas histórias como esta.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7566: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (23): Com humor também se fazia a guerra
Guiné 63/74 - P8401: Ser solidário (108): Na Guiné-Bissau, fora do umbigo do mundo (Joana Teixeira)
1. Mensagem, do dia 2 de Junho de 2011, de Joana Teixeira, filha do nosso camarada José Teixeira, que foi professora em S. Tomé e Príncipe durante quatro anos, e que recentemente visitou a Guiné-Bissau com o seu pai e o seu irmão Tiago Teixeira, médico, tanto quanto sabemos, clínico no Hospital Pedro Hispano em Matosinhos:
Exmos Srs.
Sou filha do Zé Teixeira.
Tenho vivido de perto o trabalho que ele tem desenvolvido a favor das populações da Guiné-Bissau e na viagem que fez recentemente à Guiné, eu e meu irmão quisemos acompanhá-lo. Na sequência desta inesquecível viagem escrevi um pequeno texto que envio na esperança de possa ser publicado. É uma opinião pessoal de alguém que há uns anos atrás deixou “o umbigo do mundo“ e foi voluntariamente fazer um trabalho de solidariedade em S. Tomé.
Junto algumas fotografias para colocaram as entenderem
Os meus agradecimentos
Joana Teixeira
FORA DO UMBIGO DO MUNDO
Joana Teixeira
Não sou caloira em África, posso afirmar, pois já lá vivi quatro fantásticos anos como voluntária e professora. O meu poiso foi um dos seus mais pequenos países, mas nem por isso menos representativo. As saudades desses tempos nas belas ilhas verdes de S. Tomé e Príncipe são mais que muitas, avassaladoras. Posso afirmar também que conheço bem esse minúsculo país e as suas gentes, aromas, sabores e ritmos. Ser turista, numa breve estadia, passeando por onde nos querem levar, esconde quase sempre a realidade, muitas vezes cruel, do país que visitamos. Viver lá, origina um conhecimento completamente diferente, terão de concordar.
Por isso, desde que regressei, compreendo melhor a realidade africana, lá e cá, e também os relatos de outros que também por lá passaram. Como por exemplo, do meu pai, antigo combatente na Guiné, cujas memórias recheadas de ternura pelos seus habitantes e pelos momentos vividos, ainda que num contexto horrível, povoaram a minha infância e me despertaram os sentidos para esse continente imenso, tão diferente, no melhor e no pior dos sentidos. Até que eu própria lá fui parar…
Antes da estadia na ilha do café e do cacau, veio-me parar às mãos um curioso livro com relatos de um jornalista polaco que por África viajara e fizera inúmeras reportagens. “Ébano” de Ryszard Kapuscinski, falecido em 2007. De forma geral, fala de uma África que não conheço: das independências, dos regimes militaristas, dos golpes de estado sucessivos, mas sobretudo, fala das suas gentes, costumes e histórias de vida, numa estranha forma de jornalismo para época (anos 50 a 70) e bastante admirada hoje, pois RK fez algo de inédito: evitou os hotéis, apanhou as doenças, comeu as comidas, viajou pelas estradas, enfim, misturou-se, tanto quanto o consegue fazer um pálido europeu na paisagem morena, como ele mesmo ironiza.
E porque refiro aqui o livro? Porque quis fazer como o autor fez, quando lá vivi, excepto a parte das doenças e porque o reli, avidamente, depois do meu regresso à pátria e a minha leitura foi outra, completamente distinta, confirmando o que este autor da minha preferência escreveu há tantos anos “é um continente demasiado grande para poder ser descrito. É um verdadeiro oceano, um planeta independente, um cosmos variado e rico". Não há uma África, impossível generalizar.
Confirmou também, e é com tristeza que o escrevo, que a África de RK pouco ou nada difere da África de hoje, em termos de qualidade de vida e oportunidades de futuro para os seus habitantes, mas isso fica para outros escritos.
Regresso à minha linha de pensamento…
Esta re-leitura de “Ébano” confirmou uma vaga suspeita minha: que as descrições e interpretações que fazemos de África, feitas daqui de cima, do conforto da Europa são redundantes e profundamente erradas (assim como de qualquer outro continente, atrevo-me a dizer). Porque nos consideramos o umbigo do mundo, tudo o resto é marginal, estranho, esquisito, exótico, “incivilizado”… e porque estamos cansados deste nosso velho continente, África virou moda.
Aos olhos de um europeu, África resume-se: ao anonimato das multidões esfomeadas da Etiópia, ou dos refugiados do Sudão; à crueldade dos confrontos Ruanda-Burundi; às infinitas ajudas humanitárias; à repetição sistemática de golpes de estado; à invasão sucessiva de emigrantes para norte; à corrupção escandalosa dos governantes; à proliferação de ONGs, nem sempre honestas. E mais recentemente, numa perspectiva turística: ao exotismo da paisagem e da vida selvagem; aos ritmos, aromas e sabores únicos…
Mas falta algo mais, algo que descobri em S. Tomé e confirmei agora na Guiné. Algo que as notícias não referem, tão focadas que estão nas calamidades humanitárias e nas intrigas palacianas. Algo que não se descobre como turista, claro!
Em África, cada dia é uma luta, sem saber o amanhã. Uma luta pela alimentação, pela água, pelo manter-se vivo. Tudo é precário, volátil, instável, inseguro e, contudo, a alegria é imensa, contagiante, um verdadeiro hino à vida. Cada dia vale por si mesmo. Aquelas gentes têm algo especial que não se encontra na Europa. Um gosto pela vida, pelo estar vivo, pelo conviver, pelo estar com outros… como alguém disse: por aquelas paragens, ninguém sofre de depressões ou esgotamentos nem solidão, nem mais nem menos que nossas as doenças “in”.
E quando regressamos ao nosso quotidiano (se o nosso coração não é de pedra e os nossos olhos não estiveram fechados), África veio connosco, obrigando-nos a viver cada dia com outra motivação. Essa é a principal aprendizagem que fiz na Guiné, nessa semana fabulosa: cada dia merece ser vivido e aproveitado ao máximo, porque o amanhã é sempre incerto. Ser feliz hoje, com o que tenho agora e com quem está perto de mim e não num futuro qualquer. Na Europa fazemos tantos planos para o futuro que nos esquecemos de viver o presente.
Voltarei a África?!
Não é um plano, é uma certeza… “ca su mai! Ca su mai cap”!!! Como saúdam os Felupes.
Joana Teixeira
2. Comentário de CV:
Convidada a fazer parte formalmente da nossa Tabanca Grande, Joana Teixeira mandou-nos a seguinte mensagem:
Caro Sr Carlos Vinhal
Aqui vai a minha respostinha, já tardia!
Pode com certeza colocar o meu texto no vosso blogue.
Quanto à tertúlia, deixo-a para quem sentiu e continua a sentir a Guiné com esse sentimento único de quem lá deixou o coração, no melhor dos sentidos!
(A "minha Guiné" chama-se S. Tomé e Príncipe, onde fui voluntária e muito muito feliz também.)
Aproveito para vos felicitar pelo excelente trabalho de divulgação desses tempos da Guerra Colonial, que todos, sobretudo os que nasceram depois, devemos conhecer, assim como pelo efeito de "Terapia" decorrente em muitos dos ex-combatentes, a começar pelo meu PAI, a quem vejo radiante com as novas/velhas amizades e com todos os projectos/actividades consequentes da renovada ligação à sua saudosa Guiné.
Com amizade
Joana Teixeira
Face a esta resposta só nos resta dizer à nossa amiga Joana que tem na Tabanca uma porta sempre aberta para quando se quiser juntar a nós.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8394: Ser solidário (107): A população de Elalab tem razões para se sentir feliz (José Teixeira)
Exmos Srs.
Sou filha do Zé Teixeira.
Tenho vivido de perto o trabalho que ele tem desenvolvido a favor das populações da Guiné-Bissau e na viagem que fez recentemente à Guiné, eu e meu irmão quisemos acompanhá-lo. Na sequência desta inesquecível viagem escrevi um pequeno texto que envio na esperança de possa ser publicado. É uma opinião pessoal de alguém que há uns anos atrás deixou “o umbigo do mundo“ e foi voluntariamente fazer um trabalho de solidariedade em S. Tomé.
Junto algumas fotografias para colocaram as entenderem
Os meus agradecimentos
Joana Teixeira
O meu pai - homem feliz
Eu e o meu mano
FORA DO UMBIGO DO MUNDO
Joana Teixeira
Não sou caloira em África, posso afirmar, pois já lá vivi quatro fantásticos anos como voluntária e professora. O meu poiso foi um dos seus mais pequenos países, mas nem por isso menos representativo. As saudades desses tempos nas belas ilhas verdes de S. Tomé e Príncipe são mais que muitas, avassaladoras. Posso afirmar também que conheço bem esse minúsculo país e as suas gentes, aromas, sabores e ritmos. Ser turista, numa breve estadia, passeando por onde nos querem levar, esconde quase sempre a realidade, muitas vezes cruel, do país que visitamos. Viver lá, origina um conhecimento completamente diferente, terão de concordar.
Por isso, desde que regressei, compreendo melhor a realidade africana, lá e cá, e também os relatos de outros que também por lá passaram. Como por exemplo, do meu pai, antigo combatente na Guiné, cujas memórias recheadas de ternura pelos seus habitantes e pelos momentos vividos, ainda que num contexto horrível, povoaram a minha infância e me despertaram os sentidos para esse continente imenso, tão diferente, no melhor e no pior dos sentidos. Até que eu própria lá fui parar…
Antes da estadia na ilha do café e do cacau, veio-me parar às mãos um curioso livro com relatos de um jornalista polaco que por África viajara e fizera inúmeras reportagens. “Ébano” de Ryszard Kapuscinski, falecido em 2007. De forma geral, fala de uma África que não conheço: das independências, dos regimes militaristas, dos golpes de estado sucessivos, mas sobretudo, fala das suas gentes, costumes e histórias de vida, numa estranha forma de jornalismo para época (anos 50 a 70) e bastante admirada hoje, pois RK fez algo de inédito: evitou os hotéis, apanhou as doenças, comeu as comidas, viajou pelas estradas, enfim, misturou-se, tanto quanto o consegue fazer um pálido europeu na paisagem morena, como ele mesmo ironiza.
E porque refiro aqui o livro? Porque quis fazer como o autor fez, quando lá vivi, excepto a parte das doenças e porque o reli, avidamente, depois do meu regresso à pátria e a minha leitura foi outra, completamente distinta, confirmando o que este autor da minha preferência escreveu há tantos anos “é um continente demasiado grande para poder ser descrito. É um verdadeiro oceano, um planeta independente, um cosmos variado e rico". Não há uma África, impossível generalizar.
Confirmou também, e é com tristeza que o escrevo, que a África de RK pouco ou nada difere da África de hoje, em termos de qualidade de vida e oportunidades de futuro para os seus habitantes, mas isso fica para outros escritos.
Regresso à minha linha de pensamento…
Esta re-leitura de “Ébano” confirmou uma vaga suspeita minha: que as descrições e interpretações que fazemos de África, feitas daqui de cima, do conforto da Europa são redundantes e profundamente erradas (assim como de qualquer outro continente, atrevo-me a dizer). Porque nos consideramos o umbigo do mundo, tudo o resto é marginal, estranho, esquisito, exótico, “incivilizado”… e porque estamos cansados deste nosso velho continente, África virou moda.
Aos olhos de um europeu, África resume-se: ao anonimato das multidões esfomeadas da Etiópia, ou dos refugiados do Sudão; à crueldade dos confrontos Ruanda-Burundi; às infinitas ajudas humanitárias; à repetição sistemática de golpes de estado; à invasão sucessiva de emigrantes para norte; à corrupção escandalosa dos governantes; à proliferação de ONGs, nem sempre honestas. E mais recentemente, numa perspectiva turística: ao exotismo da paisagem e da vida selvagem; aos ritmos, aromas e sabores únicos…
Mas falta algo mais, algo que descobri em S. Tomé e confirmei agora na Guiné. Algo que as notícias não referem, tão focadas que estão nas calamidades humanitárias e nas intrigas palacianas. Algo que não se descobre como turista, claro!
Em África, cada dia é uma luta, sem saber o amanhã. Uma luta pela alimentação, pela água, pelo manter-se vivo. Tudo é precário, volátil, instável, inseguro e, contudo, a alegria é imensa, contagiante, um verdadeiro hino à vida. Cada dia vale por si mesmo. Aquelas gentes têm algo especial que não se encontra na Europa. Um gosto pela vida, pelo estar vivo, pelo conviver, pelo estar com outros… como alguém disse: por aquelas paragens, ninguém sofre de depressões ou esgotamentos nem solidão, nem mais nem menos que nossas as doenças “in”.
E quando regressamos ao nosso quotidiano (se o nosso coração não é de pedra e os nossos olhos não estiveram fechados), África veio connosco, obrigando-nos a viver cada dia com outra motivação. Essa é a principal aprendizagem que fiz na Guiné, nessa semana fabulosa: cada dia merece ser vivido e aproveitado ao máximo, porque o amanhã é sempre incerto. Ser feliz hoje, com o que tenho agora e com quem está perto de mim e não num futuro qualquer. Na Europa fazemos tantos planos para o futuro que nos esquecemos de viver o presente.
Voltarei a África?!
Não é um plano, é uma certeza… “ca su mai! Ca su mai cap”!!! Como saúdam os Felupes.
Joana Teixeira
Crianças da Guiné
O Tiago e as crianças
Em convívio na Tabanca de Faro Sadjuma
Crianças da Tabanca de Amindara
Amindara. Fomos recebidos assim
Foto para a família com o velho Régulo de Amindara
Imberem - A surpresa nocturna, ou a festa que nos reservaram
Imberem - Um encontro com os sapadores que andam a levantar as minas que ficaram no terreno em consequência da guerra colonial
Crianças de Imberem
Com o meu pai junto à enfermaria do quartel de Empada, onde ele prestou serviço.
Em Elalab em conversa com a população
A generosidade do povo de Elalab
Encontro com as populações de Alalab.
Mulheres de Ellalab
2. Comentário de CV:
Convidada a fazer parte formalmente da nossa Tabanca Grande, Joana Teixeira mandou-nos a seguinte mensagem:
Caro Sr Carlos Vinhal
Aqui vai a minha respostinha, já tardia!
Pode com certeza colocar o meu texto no vosso blogue.
Quanto à tertúlia, deixo-a para quem sentiu e continua a sentir a Guiné com esse sentimento único de quem lá deixou o coração, no melhor dos sentidos!
(A "minha Guiné" chama-se S. Tomé e Príncipe, onde fui voluntária e muito muito feliz também.)
Aproveito para vos felicitar pelo excelente trabalho de divulgação desses tempos da Guerra Colonial, que todos, sobretudo os que nasceram depois, devemos conhecer, assim como pelo efeito de "Terapia" decorrente em muitos dos ex-combatentes, a começar pelo meu PAI, a quem vejo radiante com as novas/velhas amizades e com todos os projectos/actividades consequentes da renovada ligação à sua saudosa Guiné.
Com amizade
Joana Teixeira
Face a esta resposta só nos resta dizer à nossa amiga Joana que tem na Tabanca uma porta sempre aberta para quando se quiser juntar a nós.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8394: Ser solidário (107): A população de Elalab tem razões para se sentir feliz (José Teixeira)
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