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sexta-feira, 11 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26675: (In)citações (265): Obrigado ao vagomestre Vieira que das tripas fez coração... e ao Noratlas da FAP que, de vez em quando, nos largava uns frescos de paraquedas ( Ramiro Figueira e Carlos Barrros, 2ª CART / BART 6520/72, Nova Sintra, 1972/74)72, Nova Sintra, 1972/74)


 








Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > >2.ª CART/BART 6520/72 (Nova Sintra, 1972/74) > Largada de frescos e correio, de paraquedas, através do Noratlas. Fotos do álbum de Ramiro Figueira


Fotos (e legenda): © Ramiro Figueira (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > CART 2711 (1970/72) > s/d > Largada de frescos e correio, de paraquedas... Foto do álbum de Herlânder Simões, ex-fur mil d"Os Duros de Nova Sintra", de rendição individual, tendo estado no TO da Guiné, em Nova Sintra e depois Guileje, entre maio de 1972 e janeiro e 1974.


Foto (e legenda): © Herlânder Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Ramiro Figueira, médico na situação de reforma, que foi Alf Mil Op Especiais na 2.ª CART/BART 6520/72 (Nova Sintra, 1972/74); membro recente da Tabanca Grande (desde  23 de junho de 2022), tem 9 referências no blogue.


Data - domingo, 23/03/2025, 18:25
Assunto - Vagomestres, precisam.se! (*)


Boa tarde

Como sabem, não fui vagomestre em Nova Sintra, estas funções eram desempenhadas pelo
furriel Vieira, um homem da zona de Leiria. Não me lembro do pessoal se queixar do vagomestre, lembro-me sim das inúmeras queixas sobre a comida, mas toda a gente sabia que o vagomestre fazia o que podia com o que lhe enviavam.

Os frescos constituíam um problema realmente, mas não passou, felizmente, por “excursões” a Bissau em busca de alimentos embora algumas vezes se levantasse a questão o que acabou por nunca acontecer.



O lendário Noratlas da nossa gloriosa FAP... Fonte: Wikipedia (com a devida vénia)


Os frescos chegavam-nos do ar, literalmente…
como uma periodicidade de que não me lembro. A Força Aérea enviava um Nortlaas que os largava de paraquedas no quartel espalhando-os um pouco por todo o lado, sobretudo na pista improvisada que servia o quartel.

Recordo-me de uma das vezes um paraquedas caiu em cima dos telhados de zinco provocando um enorme barulho que simulou o rebentamento de granadas que levou a algumas corridas às valas….


Abraço
Ramiro Figueira



2. Mensagem do Carlos Barros, ex-fur mil arm pes inf, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra".

Data - Quarta, 2/04/2025, 18:01
 

O Vagomestre de Nova Sintra, da 2ª C/BART 6520/72,  era o nosso querido e amigo Vieira sempre pronto a servir-nos bem, dentro da rotineira ementa- arroz com salsichas, salsichas com arroz...- e quando havia caça - javali/gazela...- era momento de júbilo no seio dos comensais. 

Muitas vezes, os vagomestres eram criticados por todos nós todavia, eles faziam o possível dentro do orçamento exigido pelos comandantes , do Batalhão ou da Companhia.

Devo realçar, que em Nova Sintra, em 1972/74, nunca passamos fome, isto na essência da palavra, a alimentação era pouco nutritiva e os legumes eram algo que raramente víamos. Chegámos a estar 3 meses sem ver um único legume ou hortaliça...

Um dia, implantamos um "projeto rudimentar de plantação de tomates" e mal nasciam, eram logo surripiados e nunca atingiam a adolescência...

Pensamos em cultivar alfaces , um sonho que o calor abrasador da Guiné não nos permitia sonhar com esse "luxo leguminoso" e o nosso Vieira, lá fazia de "tripas coração" para satisfazer as nossas exigências. 

Este amigo continua a ir aos nossos encontros, vamos no 50º e sempre foi uma pessoa maravilhosa e só pedimos desculpa das insinuações que fazíamos aos vagomestres , acusados de pouco honestos e todos nós sabemos do que se passava dentro dos quartéis ou destacamentos onde a seriedade estava em "crise" e eles, algumas vezes, levavam por tabela!.

Obrigado, Vieira, pela tua prestação como vagomestre em Nova Sintra e, se tiveste falhas, também nós tivemos e estamos todos perdoados!... (**)

Carlos M. Lima Barros
Ex-furriel dos "Mais de Nova Sintra" 
"Armas Pesadas" - sempre alinhou , quase diariamente, no mato.
2ª CART / Bart 6520/72 (Nova Sintra, Tite, Gampará, 1972/74)

3. Comentário do editor LG:

No passado 21/03/2025, às 22:02, tinha mandado para a caixa de correio de  cerca de quatro dezenas de grão-tabanqueiros uma mensagem sob o título "Vagomestres, precisam-se!"... Poucos me responderam. Um deles foi Ramiro Figueira, hoje médico, bem como o Carlos Barros, professor reformado, ambos da 2ª C/BART 67520/72, 

 O teor da minha mensagem era o seguinte (*):

Camaradas, grão-tabanqueiros:

Uma das coisas intrigantes da Tabanca Grande é que há uma enorme escassez de... vagomestres!...

Pelas minhas contas, assim de cabeça, vivos, temos o João Bonifácio (vive no Canadá, era da CCAÇ 2402, do nosso histórico Raul Albino, já falecido) e agora Aníbal José da Silva (que foi do CCAV 2383, Nova Sintra, 1969/0)... Temos ainda o Vitor Alves, da CCAÇ 12 (2ª geração), já falecido,,, (E já me esquecia do António Tavares (ex-fur mil SAM, CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72).

No blogue e ao fim de 20 anos temos 40 referências à figura do vagomestre (2 por ano em média!)... Mas, bolas, foram nossos camaradas e ajudaram-nos a não morrer de fome...

O que se passa com eles ? Não têm boas recordações da Guiné, como todos nós temos ? Bolas, foi o tempo mais divertido das nossas vidas!

Vamos lá a comentar este bem humorado poste, escrito por uma vagomestre que já mereceu honras de Tabanca Grande!... Vocês estão a imaginar o pobre do Aníbal a carregar às costas (e a suar em pinga!) uma carcaça de vitela (!) do táxi à avioneta dos TAAG, em Bissalanca, para matar a malvada aos seus camaradas de Nova Sintra ? E, se calhar, nem recebeu um simples louvor no fim da comissão! (*)

Cinquenta anos depois, camaradas, digam lá qualquer coisinha sobre os ossos queridos vagomestres que fizeram das tripas coração!... Sem ironia!...

Bom fim de semana... E alimentem o blogue, que também tem "barriga".... Um Ab, Luís

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


(**) Último poste da série > 4 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26653: (In)citações (264): Morreu Roberta Flack aos 88 anos, a mesma Roberta Flack que acompanhava as noites do medo no mato da Guiné... (Ramiro Figueira, ex-Alf Mil Op Especiais)

quinta-feira, 13 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26579: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (19)

Foto 148 > Fevereiro de 1971 > Olossato > Furriel Pereira (Pelotão de obuses) e João Moreira junto ao avião Nord Atlas que foi buscar a avioneta acidentada.
Foto 149 > Fevereiro de 1971 > Olossato > Furriel Pereira (Pelotão de obuses), João Moreira, Nogueira (transmissões) e Verde (mecânico). Carregar avioneta acidentada no avião Nord Atlas.
Foto 150 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira junto ao avião Nord Atlas
Foto 151 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira junto ao avião Nord Atlas
Foto 152 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira na avioneta acidentada
Foto 153 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira junto ao Nord Atlas
Foto 154 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira junto â avioneta acidentada
Foto 155 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 6 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26560: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (18)

quinta-feira, 6 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26560: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (18)

Foto 139 > Janeiro de 1971 > Olossato > João Moreira. No fim do jogo que se disputava diariamente ao fim da tarde.
Foto 140 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira > Mais uma foto para enviar para "tranquilizar" a família.
Foto 141 > Fevereiro de 1971 > Olossato > Furriéis Silva (transmissões), Sousa, Teixeira, João e Pereira. (Os 2º, 3º e 5º elementos eram do Pelotão de obuses). Eu e o Silva éramos da CCAV 2721.
Foto 142 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira (CCAV 2721) e Sousa (Pelotão de obuses). Foto para "tranquilizar" a família.
Foto 143 > Fevereiro de 1971 > Olossato > Furriéis João e Pereira (Pelotão de obuses). O fotógrafo foi fotografado.
Foto 144 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira. Mais uma foto para "tranquilizar" a família.
Foto 145 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira. Dando notícias para a família.
Foto 146 > Fevereiro de 1971 > Olossato > João Moreira > Avião Nord Atlas que foi buscar uma avioneta que "perdeu" uma asa ao aterrar.

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 27 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26533: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (17)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25008: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (23): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Janeiro e Fevereiro de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

23 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira



MÊSES DE JANEIRO E FEVEREIRO 1971

Foto/Postal de Natal para a família
Avioneta que danificou uma asa ao aterrar no Olossato.
Avioneta a ser metida dentro do Noratlas, em Fevereiro de 1971.
Avião Noratlas que foi ao Olossato buscar a avioneta.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24984: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (22): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Dezembro de 1970

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24931: Notas de leitura (1647): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Dezembro de 2023:

Queridos amigos,
Quanto mais se aprofunda o caudal de acontecimentos ocorridos no tempo da governação Arnaldo Schulz mais cresce a convicção da injustiça que a historiografia comete observando infundada e repetidamente que tudo quanto se passou antes da chegada de Spínola foi um encadeado de negligências e decisões mal tomadas. Veja-se neste episódio que hoje ponho à vossa consideração as dificuldades em ter meios aéreos suficientemente capazes para fazer contraponto à intensidade da guerrilha: os nossos esperados aliados recusavam equipamento, era o seu modo de dizer que não contassem com eles para a nossa guerra em África; e a péssima relação estabelecida entre a retaguarda e a frente, nada a tempo e horas; e como os autores relevam, tudo se escrevia de Bissau para Lisboa, ninguém ignorava que tínhamos equipamentos obsoletos e que o PAIGC gradualmente nos ia passando a perna, até chegarmos aos dramas de 1973 e à incapacidade de resposta, basta recordar que não tínhamos arma compatível com o morteiro 120. Mas a historiografia mantém o mantra de que foi necessário chegar Spínola para pôr tudo em ordem...

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (2)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Contracapa do segundo volume

Capítulo 1: Um Comando “Desconfortável”

Recapitulando as questões-chave enunciadas pelos autores no início da sua obra, torna-se evidente que tanto o Comandante-Chefe como o Comandante da Zona Aérea tinham a noção exata que nos meios aéreos postos à disposição da frente da Guiné eram poucos e de funcionamento deficiente, eles relevam a questão das peças de substituição que chegavam tardiamente, a despeito de pedidos sucessivos, e o exemplo mais flagrante é dado pelo Dakota, havia três, mas só um em pleno funcionamento. E a questão dos recursos humanos também se revelava crucial.

De 1966 a 1967, a Zona Aérea só podia contar com 40 pilotos para preencher 52 lugares na tripulação, e mesmo assim era uma melhoria significativa relativamente a 1963. “Dada a intensa atividade naquele teatro” informava Schulz o Ministro da Defesa, Manuel Gomes de Araújo, em março de 1967, “a falta de pilotos implica um desmesurado trabalho para os operacionais”. Esta escassez de pessoal devia-se a mau planeamento, cronogramas de rotação inoportunos e uma relutância geral entres os pilotos para se voluntariarem para o serviço na Guiné, tudo conjugado com más remunerações.

A Zona Aérea protestava sistematicamente com a falta de aeronaves adequadas. Os oficiais superiores queixavam-se repetidamente do escasso potencial de transporte de helicópteros, da falta de uma plataforma para ataque rápido, transporte aéreo inadequado para aquele teatro de operações e uma anémica capacidade de bombardeamento. A grave deficiência notada sobre as hélices foi resolvida com a introdução do helicóptero Alouette III, foram atribuídos à Zona Aérea, em março de 1966, em número de nove. No tocante ao transporte aéreo de asa fixa na Guiné, as forças portuguesas enfrentaram uma contradição operacional peculiar. O pequeno tamanho da Guiné, com a prevalência de florestas e pântanos, com fortes chuvas sazonais e inundações de marés, obrigavam as forças portuguesas a confiar nos meios aéreos, tanto para os transportes como para as operações. Na estimativa do Coronel Abecasis, o transporte aéreo era a única opção em 85% do território, a disponibilidade de meios existentes ficava aquém das necessidades, eram elementos que constaram do relatório do comandante militar em outubro de 1966, o que significava que as operações de reabastecimento não podiam ser realizadas com a devida oportunidade devido à falta de capacidade de transporte aéreo, o que exigia ao fretamento de aeronaves civis; na verdade, a Zona Aérea recrutava rotineiramente aviões dos Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa, até se ter encontrado uma solução com a compra de aeronaves de transporte Noratlas, mas só ficaram disponíveis a partir de 1971; por isso, as tropas portuguesas tinham que confiar na variedade de embarcações de carga, para além da imprescindível colaboração dos meios da Marinha.

Igualmente preocupante era o facto do C-47 Dakota ter recebido a tarefa adicional de colaborar em bombardeamentos. De 1965 a 1966, os três Dakotas, equipados com suporte de armas improvisados e uma mira rudimentar foram utilizados como bombardeiros noturnos em operações, como foi o caso da Operação Resgate de 1965. A despeito de todos os esforços, a escassez de opções para usar meios de ataque era notória. E esta deficiência tornou-se mais evidente quando forem retiradas duas aeronaves de patrulha marítima P2V-5 Neptune; estes aviões, também usados como bombardeiros improvisados voltaram para Portugal em 1966 por exigências norte-americanas. Para restaurar esta capacidade, Lisboa procurou adquirir 25 bombardeiros médios English Electric Canberra B.2, que o Governo britânico recusou vender quando Lisboa se recusou a garantir que os bombardeiros não seriam usados nos seus conflitos coloniais. Portugal procurou obter nos EUA 24 bombardeiros B-26 Invader, excedentes da Segunda Guerra Mundial, também Washington recusou devido às suas próprias restrições sobre a venda de armas em Lisboa. Procurou-se através de um fornecedor privado norte-americano comprar aeronaves, 7 D-26 foram entregues a Portugal, mas a operação foi interrompida pelas autoridades dos EUA, só 2 foram usados na Guiné e apenas durante escassos meses.

Em consequência desta incapacidade de adquirir bombardeiros médios, a Zona Aérea ficou dependente de caças táticos e aeronaves de ataque ligeiro no seu esforço ofensivo, a questão mais aguda que se punha no início de 1966 era a falta de uma plataforma de jatos para ataques rápidos. No início da guerra, três anos antes, o Comando Aéreo pôde empregar até 8 caças F-86F Sabre e T-6 Texan, mas em 1964 venceu a pressão norte-americana para retirar os F-86F, o que deixou o lento e antiquado T-6 como o único recurso de ataque rápido ao dispor da Zona Aérea, Schulz tinha a noção da importância do Comando Aéreo na sua estratégia, nomeadamente a capacidade da FAP a fornecer apoio de fogo às forças de superfície, ele concordava com os comandantes aéreos que os T-6, por si só, eram insuficientes para estas missões. O T-6 teve a sua origem na década de 1930, não foram concebidos como aviões de guerra, não tinham a blindagem, tanques de combustível autovedantes e outras características de aeronaves de combate. Em 1964, já se reconhecia que os T-6 se revelavam cada vez mais vulneráveis face à melhoria constante dos dispositivos antiaéreos do inimigo, como Schulz revelou ao Ministro da Defesa, Gomes de Araújo.

Os pilotos portugueses reclamavam quanto às metralhadoras do T-6 que frequentemente ficavam encravadas devido à idade e ao desgaste, isto enquanto o inimigo, conhecedor da velocidade lenta da aeronave barulhenta, sabia como quebrar o contacto com as nossas forças antes dos T-6 chegarem ao local. No outono de 1966 limitava-se a utilização do T-6 em missões de escolta, dando apoio às colunas terrestres e ao tráfego fluvial, faltava uma aeronave adequada para fazer temer o PAIGC nas emboscadas e outros ataques de bate e foge.

Para resolver a lacuna na capacidade ofensiva, procurou-se adquirir variantes de F-86, construídas no Canadá. A Luftwaffe, da Alemanha Ocidental, tinha recentemente retirado a Canadair CL-13 Sabre Mk.6 substituindo-os por F-104. Ciente destas conversações, Washington mostrou-se inflexível e fez de lobby para impedir o seu uso na África portuguesa, e mesmo o Canadá manifestava relutância em satisfazer o pedido português: o Canadá recusou a venda apesar das garantias portuguesas que a aeronave “deveria ser utilizada em território português e estrita e exclusivamente em missões defensivas”. Ainda se pensou em afetar à Base de Bissalanca os F-86 sediados em Monte Real, mas considerou-se que tal medida abriria hostilidades com os EUA. A FAP procurou recorrer novamente à República Federal da Alemanha para remediar o seu défice de caças de ataque. Como parte de um acordo com Bonn, Lisboa negociou o uso da Base Aérea n.º 11 (Beja) à Luftwaffe. Adicionalmente, foi proposta a compra de novos caças leves Fiat G.91-R4 fabricados sob licença na Alemanha Ocidental. Tratava-se de uma aeronave originalmente destinada para a Grécia e a Turquia, fora rejeitada por essas nações que preferiam o design norte-americano, e foram oferecidos a Portugal a um preço vantajoso, acordado em 8 de outubro de 1965. Como parte do esforço de aquisição, denominado Projeto Feierabend, nove pilotos da FAP e um contingente de pessoal de manutenção foram tirar um curso na Alemanha, antes da chegada dos primeiros oito G.91. No final de março de 1966, as primeiras quatro aeronaves mandadas chegaram à Guiné por mar, e o no dia 6 de maio, o Tenente-Coronel Hugo Damásio testou o primeiro Fiat na Base Aérea n.º 12. Em meados do verão, 7 G.91 estavam já montados e um oitavo ficou ao serviço em novembro.

General Venâncio Deslandes, secretário-adjunto do secretário-geral da Defesa Nacional, ao tempo (Arquivo do Ministério da Defesa)
Espaldões da Base Aérea N.º 12 (Arquivo Histórico da Força Aérea)
Vista aérea da Base Aérea N.º 12 em meados da década de 1960 (Coleção de José Nico)
Um Noratlas pertencente à Esquadra 92 “Os Elefantes”, sediada em Angola (Coleção Chris England)
Um Dakota (Coleção Virgílio Teixeira)
Um P2V-5 Neptuno e um F-86 Sabre na Ilha de Sal, Cabo Verde (Coleção Touricas)

(continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 1 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24905: Notas de leitura (1640): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 8 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24930: Notas de leitura (1646): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte VI: A maioria dos colaboradores eram militares e administradores coloniais, além de escritores

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24774: As nossas geografias emocionais (8): Aldeia Formosa, ao tempo da 3ª C/BCAÇ 4513/72 (1973/74) (José da Mota Vieira, ex-fur mil at inf)


Foto nº 1 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > Vista aérea de Aldeia Formosa, no 1º plano; a  seguir, o quartel do comando, CCS e 3ª C/ BCAÇ 4513/72; e ao fundo a pista de aviação.  
 

Foto nº 2 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1974 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > Aterragem do avião militar, o Nord Atlas, na pista de Aldeia Formosa. 


Foto nº 3 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1974 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >   O Nord Atlas na pista de Aldeia Formosa. 


Foto nº 4 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >  Capela da povoação 


Foto nº 5 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > O fur mil at inf, José da Mota Veiga, da 3ª Companhia, sentado num bidão da Sacor, na horta e pocilga do batalhão.


Foto nº 6 >  Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973  > BCAÇ 4513/72 (1973/74) > Os fur mil Vicente e Mota Vieira
    

Foto nº 7 > Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > 1973 > BCAÇ 4513/72 (1973/74) >
O fur mil José da Mota Vieira, "na companhia do Mamadú Djaló, um grande amigo: o que  será feito dele?"

Fotos (e legendas): © José da Mota Vieira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Originalmente estas imagens estavam alojadas no portal Prof2000, que foi decontinuado: tinha uma excelente galeria de fotos, enviadas por antigos combatentes da região de Aveiro ; era "um projecto com serviços de suporte à formação de professores a distância e de apoio às TIC nas escolas", tendo como público-alvo "Escolas, Centros de Formação, Centros Novas Oportunidades, professores, projectos de escola e comunidade educativa em geral". A página estava alojada no Agrupamento de Escolas José Estêvao (AEJE) > Aveiro e Cultura > Arquivo Digital.(*)

Ficámos a saber que uma decisão tomada em Lisboa, na Av 5 de Outubro (?), teve um efeito sísmica neste portal, como nos conta o coordenador do projeto (email: henriquejcoliveira@gmail.com ).

"Os responsáveis pela manutenção dos servidores do Ministério da Educação e Cultura, ao fim de 18 anos de compilação de documentos, eliminaram todo o espólio cultural do projecto comunitário AVEIRO E CULTURA. Todas as hiperligações tiveram de ser refeitas para o novo alojamento, pelo que, eventualmente, algumas poderão não funcionar. Por isso, agradecemos a informação, para podermos corrigir o erro. Obrigado."

O O ARQUIVO DIGITAL tem "como objectivo a constituição de uma base colectiva de imagens, de livre utilização, abrangendo todas as áreas temáticas. As imagens podem ser obtidas de diferentes suportes: fotografias antigas, postais, diapositivos, etc.".


2. Informação adicional: 

Ver o blogue do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Buba e Nhala, 1973/74). Contactos: E-mail: batcac4513@gmail.com | Editores (ex-fur mil, 3ª companhia): Adalberto Costa Silva (telem: 965 816 315) | Jaime Joaquim dos Santos Ramos (telem: 917 221 437).

O BCAÇ 4513/72  tem igualmente uma página no Facebook, mais dinâmica. Julgo que seja mantida pelo Jaime Ramos (que vive em Avintes, Vila Nova de Gaia). Não há nenhuma referência ao nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné) nem à nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça).

Mas já temos vários camaradas do BCAÇ 4513 como membros da Tabanca Grande. Fica aqui mais um poste da série "As nossas geografias emocionais" (**). Fica também aqui o convite ao José da Mota Vieira para integrar a integrar a Tabanca Grande, formalizando o sua resposta através de um dos emails dos editores, por exemplo; luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com.