1. No último poste da série "Vivências em Nova Sintra" (*), o Aníbal José da Silva publicou um texto sobre a nossa alimentação, que eu comentei nestes termos:
(...) Fabuloso este texto do nosso vagomestre!... Dou-lhe os parabéns... Já o li e reli e vou comentar com mais calma.
Os nossos filhos e netos, criados felizmente com mais fartura, deviam lê-lo e comentá-lo. Esta era realidade (brutal, em matéria de alimentação) de quem vivia no mato...
Sei o que era receber, só para mim e o cabo das transmissões, uma lata de 5 kg de fiambre (dinamarquês...) numa Sinchã Qualquer Coisa onde estive destacado com a minha seção de soldados fulas, muçulmanos, "desarranchados" (e que não comiam carne de porco)...
Eu mais o cabo empanturrámo-nos de fiambre, num só dia... o resto foi para os cães e os "djubis" da tabanca, que lhe chamaram um figo...Um ou outro soldado lá terá quebrado o tabu alimentar religioso... Já não posso garantir, com total certeza, se algum deles provou o fiambre dinamarquês que me mandou o vagomestre da CCAÇ 12, o Jaime Soares Santos, no reabastecimento semanal ou quinzenal... (Devo lá ter estado uma semana ou duas em reforço do sistema de autodefesa, logo no princípio da comissão (...).
Também o "(António) Carvalho de Mampatá" (que era fur mil enf, CART 6250/2, 1972/74) comentou o poste valorizando a abordagem da questão da alimentação das NT no TO da Guiné e dos tratos de polé que tinham de dar-se os pobres dos vagomestres para nos encher o prato (e a barriga):
(...) O retrato que nos faz o Aníbal Silva do exercício da sua comissão enquanto vagomestre , é precioso ou até preciosíssimo.
2. Um excerto deste poste merece figurar na nossa série "Humor de caserna" (**)...
É uma história "kafkiana", a do quotidiano dos nossos vagomestres... Dá para rir, com um sorriso amarelo e meia-cara...
Já o Napoleão dizia que “um exército marcha sobre seu estômago” (""une armée marche avec son estomac"). Ou, por outras palavras, não se faz (e muito menos se ganha) a guerra de barriga vazia... (***)
Todos os géneros alimentares vinham da Manutenção Militar de Bissau. Não havia em Nova Sintra população civil a quem, eventualmente, pudesse comprar o que quer que fosse. As populações mais próximas estavam em Tite a 20 km, mas a estrada estava inoperacional tendo sido abandonada. Havia ainda, também a 20 km, o destacamento de S. João que ficava defronte a Bolama, mas separado pelo largo rio.
No inicio da comissão ainda cheguei a comprar galináceos e porcos, quando lá fomos buscar o primeiro reabastecimento, mas foi sol de pouca dura, porque o CIM (Centro de Instrdução Militar) em Bolama comprava tudo.
Para além disso a estrada Nova Sintra a S. João estava normalmente minada e era por ela que as colunas de reabastecimento eram feitas. Lembro que por duas vezes nesta estrada foram acionadas minas que provocaram a morte a quatro camaradas e vários feridos, pelo que fazer uma coluna para ir às compras estava fora de questão.
Durante um mês, em vinte e sete dias eram fornecidas refeições à base de enlatados: chouriço, sardinha e atum de conserva, dobrada liofilizada, que era intragável, e eventualmente fiambre.Uma vez por mês eram recebidos géneros frescos (sardinha ou carapau, frango, ovos e alguns legumes), que tinham de ser consumidos em três dias, dada a precariedade das arcas congeladoras que funcionavam a petróleo e entupiam com facilidade.
(...) Foi decidido que eu fosse a Bissau comprar carne congelada, na Manutenção Militar ou em talho civil. Assim foi feito. Aproveitando a passagem semanal da avioneta de sector, que trazia e levava o correio, desloquei-me a Bissau. Consegui comprar alguma carne de vaca. Transportei-a na bagageira e no banco traseiro de um táxi até à base de Bissalanca, onde aluguei uma avioneta civil. Depois carreguei as peças de carne, às costas, desde o táxi até à avioneta.
Em determinado dia uma equipa de caça constituída por furriéis, foi tentar apanhar javalis. Mas nem vê-los ou sinal deles. Os javalis que conseguimos apanhar foram através de armadilhas.
Todas as gazelas e javalis foram para outras paragens. Em toda a comissão foram pouco mais de uma dúzia destes animais que conseguimos caçar.
Restava a pesca. Não havia barcos nem canas mas havia granadas de mão. Aproveitando a maré baixa do rio e as represas que se formavam, eram lançadas granadas e o rebentamento elevava no ar uma espécie de repuxo de água, juntamente com umas dezenas de peixes, que depois ficavam a boiar na água. Depois era só apanhar, meter em sacos de linhagem, amanhar e cozinhar. Esta atividade foi a mais duradoira.
Para além do infortúnio da falta de géneros frescos, havia um outro problema que agravava a situação: a deterioração de alimentos. Um bacalhau com batatas caía sempre bem, tal como batatas fritas e fatias de fiambre. Mas muitas vezes ao abrir um caixote de madeira com 25 quilos de bacalhau ou uma lata grande de fiambre, estes produtos estavam totalmente estragados e lá se iam os petiscos.
No que diz respeito à batata, produto também muito fácil de apodrecer, dados os trambolhões que levava no transporte e a humidade, para evitar grandes perdas, dia sim dia não, dois soldados retiravam as podres das prateleiras.
Os ovos que recebíamos mensalmente, em doses razoáveis, também se estragavam muito. Numa das vezes, porque havia algumas dúzias com a probabilidade de deitar ao lixo e coincidindo com o Dia da Cavalaria, o 21 de Julho, também data do meu aniversário, resolvi antecipar o Natal, mandando confecionar rabanadas. E mais um azar aconteceu.
O pão. Tivemos dois padeiros. O primeiro foi o Pedroso de Almeida, que habitava no meu abrigo e dormia no primeiro andar do meu beliche. Teve dois azares. Num dia ao acender o forno com gasolina virou-se de costas e a chama queimou-o. Foi evacuado para o Hospital Militar em Bissau. O segundo foi-lhe fatal. Morreu no acidente do rebentamento da mina de 24 de julho de 1969.
O segundo padeiro foi o José Manuel Bicho que exercia a profissão na vida civil. A farinha, dadas as temperaturas e humidade elevadas, criava muitos pequenos bichos e na peneira não era fácil tirá-los todos e alguns apareciam no pão. Dizia ele que todo o pão levava a sua assinatura.
Para amenizar o desagrado das ementas, resolvi mandar fazer tabuleiros grandes para ir ao forno do pão, com a chapa dos bidões de azeite. Conseguimos assar bacalhau com batatas, carne de caça e peixe da bolanha.
(...) Ainda relativamente à questão das arcas, conta-se como verdadeira a seguinte história. Determinada companhia, tal como nós, isolada no mato, tinha ficado sem arcas e frigoríficos e feito vários pedidos para que fossem substituídas.
Um mês antes de deixarmos o inferno de Nova Sintra, num reabastecimento de géneros, para além das rações de combate que havia requisitado, para a atividade operacional expectável e manter o stock, recebi a mais umas boas centenas de rações, com a agravante de algumas já terem excedido o prazo de validade e outras estarem quase.
Fiz a transferência do depósito ao vagomestre “periquito”, que as “comeu de cebolada”, mas tudo o resto estava em conformidade. Só que o 1.º sargento deles não era burro e, como já tinha feito outras comissões, resolveu confirmar a passagem do testemunho e deu com a marosca.
Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 18 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26595: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (3): A Alimentação
(***) Último poste da série > 5 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26555: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (11): A fome era má conselheira... e apertava mais no tempo das chuvas, em Sangué Cabomba, subsector de Cancolim
15 comentários:
O que vale é que a nossa tropa tinha competências em todas áreas, desde caçar a esquartejar um javali... O magarefe Feio devia estar a suar as estopinhas, com tanta responsabilidade: um erro de pontaria, um cortesinho, ao lado, naquela tripa cheia de merda, e lá se ia o petisco!...
E nessa época, com tanta fomeca em Nova Sintra, alguém se preocupava com a PSA (peste suína africana) !?...
Ó Aníbal, essa "anedota" do Teixeira Pinto e das arcas frigoríficas, é uma variante da que é atribuída ao famoso (e já há falecido, em 1997) "Gasparinho", i cap art (depois promovido a major, 2.º camdt do BA 7) José Joaquim Vilares Gaspar, o primeiro de três comandantes que teve a CART 3330 (Nhamate e Bula, 1970/72).
... Vale a pena recontá-la, aqui na caserna:
Não há rádios AVP1? Então mandem-me... o Teixeira Pinto!
Em Junho de 1971, Bissau é atacado por foguetões de 122 mm.
À Companhia do Capitão Gaspar, a CART 3330, é dada ordem para ocupar a Ponta Cuboi com um Pelotão, evitando outra possível flagelação de Bissau. Era difícil a esta Companhia dividir-se por 4 locais e a Companhia também não tinha rádios para o pessoal a destacar.
O Capitão Gaspar pedia muitas vezes através de mensagem algum material de que necessitava. Como já era demais conhecido em todas as Repartições de Bissau, quase nunca lhe era dado um sim. Desta vez pediu rádios AVP1. Responderam-lhe que Teixeira Pinto tinha sido o homem que havia pacificado a Guiné e conseguiu fazê-lo sem rádios. Resposta por mensagem:
- Então mandem-me o Teixeira Pinto.
Teixeira Pinto não veio mas o Capitão teve de cumprir a missão. Depois do Pelotão ter saído para Ponta Cuboi, enviou nova mensagem para Bissau:
Em referência às vossas mensagens, informo missão cumprida. Solicito autorização contratar 40 guardas-nocturnos a fim de garantir segurança às minhas posições.
O Pelotão de Ponta Cuboi fazia rotação entre os 4 locais da Companhia e patrulhava a zona 24 horas por dia. Ao sair para este patrulhamento, o Pelotão saía de modo muito original, com os homens equipados e armados em coluna de dois, cantando em coro, ao ritmo da marcha:
Cá vai a 30
Com arquinhos e balões
Vai P’rá Ponta Cuboi
Ver passar os foguetões!
Vd. poste de 9 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23154: Humor de caserna (44): Histórias pícaras: O Gasparinho - Parte I (António J. Pereira da Costa / José Afonso): (i) Siga a marinha; (ii) E viva a Pátria! Viva o nosso General!... Puuum"!; (iii) Reconhecimento pelo fogo, na picada de Nhamate-Binar; (iv) Não há rádios AVP1? Então mandem-me... o Teixeira Pinto!
Peço desculpa, o cap e depois maj art José Joaquim Vilares Gaspar, de alcunha o "Gasparinho", figura muito popular no meio castrense, e não só no TO da Guiné, terá morrido em 1977, muito cedo infelizmente... e não em 1997. Foi alferes na Índia, diz-me o cor art ref Morais Silva, estávamos justamente a falar dele e das suas famosas "boutades", o seu humor sarcástico, desconcertante... Alguns das suas "anedotas" ficaram para a história com h pequeno da nossa guerra... Ainda hoje se contam, com agrado...
Camaradas, grão-tabanqueiros:
Uma das coisas intrigantes da Tabanca Grande é que há uma enorme escassez de... vagomestres!...
Pelas minhas contas, assim de cabeça, vivos, temos o João Bonifácio (vive no Canadá, era da CCAÇ 2402, do nosso histórico Raul Albino, já falecido) e agora o Aníbal José da Silva (que foi da CCAV 2383, Nova Sintra, 1969/0)... Temos ainda o Vitor Alves, da CCAÇ 12 (2ª geração), já falecido...
No blogue e ao fim de 20 anos temos 40 referências à figura do vagomestre (2 por ano em média!)... Mas, bolas, foram nossos camaradas e ajudaram-nos a não morrer de fome...
O que se passa com eles ? Não têm boas recordações da Guiné, como todos nós temos ? Bolas, foi o tempo mais divertido das nossas vidas!
Vamos lá a comentar este bem humorado poste, escrito por uma vagomestre que já mereceu honras de Tabanca Grande!... Vocês estão a imaginar o pobre do Aníbal a carregar às costas (e a suar em pinga!) uma carcaça de vitela (!), do táxi à avioneta dos TAAG, em Bissalanca, para matar a malvada aos seus camaradas de Nova Sintra ? E, se calhar, nem recebeu um simples louvor no fim da comissão!
Cinquenta anos depois, camaradas, digam lá qualquer coisinha sobre os ossos queridos vagomestres que fizeram das tripas coração!... Sem ironia!...
Bom fim de semana... E alimentem o blogue, que também tem "barriga".... Um Ab, Luís
Antonio Duarte (by email)
21 mar 2025 22:21
Boa noite Luís
Já li o post e gostei. Algumas das situações eu também as vivi e estranhamente ri à fartazana. O nosso camarada escreve com piada e dá para se ver o ambiente.
Quanto à história do Teixeira Pinto, penso que foi o capitão Gaspar, se não me engano, que está associado a outras piadas do género.
Um abraço
António Duarte
Em Janeiro de 1971, quando entrei de serviço ao Palâcio do Governador, tive o primeiro contacto com militares da "Pica na Burra". Ali fazia serviço um soldado e substituí o FurMil Lino Augusto Falcão Teixeira daquela CCAV, que viria a encontrar no Destacamento de Suo João. Nunca mais soube do FurMil Teixeira, embora tenha recebido uma nota a indicar que vivia para os lados de Braga.
Dos "Duros de Nova Sintra" veio para o PelCaçNat 56 o FurMil José Cunha. com quem mantenho contacto assíduo.
Durante a minha permanência no Destacamernto de São João os "Duros de Nova Sintra" fizeram pelo menos um reabastecimento no porto daquele daquela zona. Ao longo da picada havia várias minas plantadas e um "fornilho".
E aqui fica um pedido ao Anibal Silva. Será que tem contacto com o FurMil Teixeira?
Abraço transatlântico.
José Câmara
César Dias (by email)
22 mar 2025 12:07
Sobre os Vagomestres, só me lembro da canção sobre eles:
" É só bianda, mancarra e esparguete
O vago mestre vai comprar uma avioneta.
Anda tudo esfomeado, esfomeado , esfomeado."
Porque seria?
Sousa de Castro (by email)
22 mar 2025 11:50
O nosso vagomestre, da Cart 3494, não me lembro de seu nome, nunca participou nos nossos encontros (...).
Virgilio Teixeira (by email)
22 mar 2025 12:29
Não são todos iguais.
O nosso era impecável, e eu muitas vezes fui comer do rancho geral, porque na messe de oficiais por vezes faltava muita coisa...
Nunca vi o nosso Vagomestre andar por aqui de avioneta!!!
VT
Também o vagomestre da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (1969/71) nunca apareceu em nenhum convívio da malta de Bambadinca, 1968/71. Temos que saber respeitar o direito ao esquecimento (ou ser esquecido), que decorrer do direito à privacidade, mesmo que a guerra seja um assunto público... A maior parte dos antigos combatentes nunca quis mais saber da p*ta da guerra e da Guiné.
Têm o mesmo direito que nós (que falamos dela), mas no blogue vamos eliminar todas as referências excessivamente pessoais (como, por exemplo, o nome completo, a filiação, a naturalidade, a data de nascimento, o endereço postal, o nº de telemóvel, etc., dados que, quando não são o próprio a fornecê-los publicamente, violam o princípio da privacidade e a proteção de dados, e que já têm sido aqui usados, em comentários, em tentativas claras ou ocultas de cyberbullyng).
Oh José da Câmara, se o Furriel Teixeira, é de Braga, tem algumas probabilidades, mesmo ínfimas, de ser familiar do meu pai, que é de Braga, e é Teixeira.
Com certeza esse poderá ser meu primo em terceiro grau!!!
VT.
Em relação às intenções de insinuar / acusar os vago mestres ou responsáveis pela alimentação de um grupo, seja grande ou pequeno, não tendo eu qualquer intenção de ser jurado em causa alheia, não somos todos iguais.
Na minha qualidade de dar o aval às contas das companhias e pelotões independentes, que tudo passava por mim , nunca ninguém pode pensar que eu era assim tão anjinho, quando via passar tanta coisa 'claramente' falsa.
Basta anotaras companhias de Medina do Boe que todos os meses tinham autos de destruição devidos aos ataques do IN que destruíam quase tudo, em especial no que toca a comes e bebes. Claro que era um aproveitamento da situação, e isso dava bom dinheiro para o saco azul, ou para o próprio saco, não sei.
Até que fiz saber ao Sargento da Companhia, que eu não acreditava nisso, e para serem mais comedidos, pois cheirava mal. E assim aprovava e as contas iam depois para a Chefia de Contabilidade e eles que levantassem a questão. Passei a bola a outros.
Mas não significa que a passarada passava fome, só que depois havia trocas entre as populações e alguém saía a ganhar.
VT.
E para não esgotar os temas, conheci aqui em Vila do Conde, quando para cá vim aos 30 anos, um bom restaurante, que não digo nem nomes nem nada, por causa então de 'não violar o princípio da privacidade e a proteção de dados'
Depois de frequentar muitas vezes, tinha grande movimento, em especial quando havia pouca oferta, em conversa com o dito, vim a saber por ele que foi Vagomestre na Guiné. Não sei em que ano, nem onde. Ele teria a minha idade mais ou menos, hoje com 80 e tais, e depois de fazer fortuna passou o dito espaço que passou a usar outro nome e outras pessoas.
Muitos anos depois deixei de frequentar o referido espaço, quando vim a saber que ele fazia em paralelo o papel de agiota em empréstimos com taxas de juro de100% e muita gente ficou sem nada. Enfim, não falta disto, sejam ex-vagomestres ou outros agiotas.
Vagomestres que conheci
Na CCAÇ 2701,companhia a que estive adido mais tempo,com o PelCaçNat 53,era vagomestre o FurMil Belarmino cuja especialidade de origem era Atir. Inf.
A 2701 chegou à Guiné em fins de Abril de 70,eu cheguei a 27/Out do mesmo ano.
Na viagem, em LDG, de Bissau para o Xime o Vagomestre era o FurMil Pires.Segundo contavam,os meus camaradas da 2701,o desembarque no Xime foi bastante caótico,e sob alguma pressão do comandante da escolta pertencente ao Esquadrão de Bafatá que dizia estar muito atrasada a saída para o Saltinho.O Fur. Pires debaixo de tensão,a quantidade de géneros era grande,caiu desmaiado. Comandava a Cª o AlfMil Martins Julião que ali no Xime escolheu o Belarmino para Vagomestre...esclheu bem.
O Fur.Pires ficou responsável pelas escolas,a do Saltinho e as dos destacamentos.
No Saltinho com a CCAÇ 2701,só havia rancho geral,e comia-se bem atendendo ao local e ás circunstâncias.Passava por ali o "carreiro dos djilas" que,por vezes,traziam bovinos,sendo alguns comprados pela Comp. Havia lucro no final da comissáo,tempo sido oferecido a cada militar da 2701 um conjunto Parker.
Chegou a CCAÇ 3490,tudo se alterou,incluindo o comando que passou a ser feito por um Cap.Mil.Lourenço,de seu nome.
Não assisti à sobreposição das companhias,estava em Bambadinca,mas quando regressei notei as diferenças em vários níveis.
Mas agora interessa a alimentação.Comia-se mal com a 3490 e havia rancho geral e rancho para graduados.
Umas duas ou três semanas,após a mortífera emboscada do Quirafo,aparece um heli no quartel com o Gen Spínola,o Cap Ayala Boto,e o Major Fabião.Oficiais,só estava eu e um AlfMil meio doido que queria apanhar uma hepatite comendo bananas com cerveja ao pequeno almoço.
O Major Fabião,conhecia-me das Milícias,vinha com uma carta na mão,que disse-me ter sido enviada por Soldados a queixarem-se da alimentação, Confirmei que era má.
Após percorrer os abrigos,falando com os militares,o General dirigiu-se ao depósito de géneros pedindo as ementas ao Vagomestre. Viu algumas,e disse-lhe, "você não percebe nada disto" e virando-se para o Alf "ponha aqui um Atirador que será substituído por este Vagomestre"e fala de seguida para o 1ºSarg."explique-me,a Cª anterior era conhecida pela boa alimentação,nesta come-se mal e em dois meses já tem 60 contos de prejuízo" Resposta do 1º Sarg "meu General,o nosso Cap.disse-me que o rancho era com ele e com o Vagomestre,não era comigo"
Nota-o Cap.estava de férias quando da visita,foi chamado à Amura quando chegou a Bissau.
Virgilio Teixeira
Obrigado pelo comentário. Quem sabe!!! O mundo é muito pequeno.
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