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terça-feira, 10 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18509: In Memoriam (313): Armando Teixeira da Silva (1944-2018), ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67), falecido no passado dia 4 de Abril. Natural de Oliveira de Azeméis, vivia em Santa Maria da Feira. Era (e é) nosso grã-tabanqueiro nº 636


O Armando Teixeira da Silva em Ponate

I N  M E M O R I A M



ARMANDO TEIXEIRA DA SILVA (1944-2018)


CCAÇ 1498, Os Vagabundos (1966/67) > Divisa: "Chorou-vos toda a terra que pisastes"


1. De acordo com a notícia publicada no Fórum dos Veteranos da Guerra do Ultramar, faleceu no passado dia 4 de Abril o camarada, e nosso amigo Grã-Tabanqueiro, Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498 / BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67, e que em 2013 se apresentou à tertúlia (*)


A notícia também correu no Facebook da Tabanca Grande, dada pela nossa amiga Maria do Carmo Vidigueira, em 5 do corrente, mas não associámos de imediato o nome ao nosso grã-tabanqueiro Armando Teixeira da Silva, nº 636:


"Recebi a notícia de um amigo e colega do meu marido que esteve no Ultramar, que faleceu o Armando Teixeira, de Santa Maria da Feira. Paz à sua alma".

Segundo notícia necrológica da Funerária Santos da Feira Lda, o nosso camarada Armando Teixeira da Silva (6 de maio de 1944 - 4  de abril de 2018) tinha 73 anos, deixa viúva, 1 filho e 1 filha:

(i) era natural de Oliveira de Azeméis;
(ii) morava em Santa Maria da Feira;
(iii) estava casado com Maria Dulce dos Santos Teixeira

 À família deste amigo e camarada, que agora nos deixou, a tertúlia deste Blogue apresenta as mais sentidas condolências. O seu nome passa a figurar na lista dos nossos bravos que da lei da morte já se foram libertando.(**)

2. Em jeito de homenagem ao nosso saudoso camarada Armando Teixeira da Silva, aqui vai um excerto do texto que escreveu o ex-alf mil at inf José [Jorge de] Melo, seu comandante de pelotão (***):

(...) O Armando Teixeira teve e tem o mérito de há dez anos dedicar uma parte da sua vida a descobrir o paradeiro de cada um dos militares do nosso pelotão, com o intuito de promover um almoço anual e que este ano [, 2015,] vai ter a décima repetição.Nesses convívios, tendo eles conhecimento das minha aptidão para a escrita, recebi vários pedidos para que escrevesse as aventuras vividas na Guiné Bissau. Eu porém fui adiando o início desse trabalho e agora venho propor-me a ir escrevendo no seu blog algumas das peripécias por que passámos, se tanto me for permitido." (...)
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Notas do editor:


sábado, 4 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14834: Tabanca Grande (468): José Jorge de Melo, ex-Alf Mil da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Ponate, Bula e Minar, 1966/67)

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo José Jorge de Melo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, Có, Jolmete, Ponate, Bula e Binar, 1966/67, com data de 22 de Junho de 2015:

Caro camarada de armas,
Há cerca de um ano, o Armando Teixeira falou-me no seu “blog” e tentou entusiasmar-me para que eu viesse a participar no mesmo. Porém, os meus afazeres diários fizeram-me esquecer o assunto. Ontem ele enviou-me três textos que foram publicados no seu “blog” que tiveram o condão de me entusiasmar a fazer esta minha apresentação.


Respeitando as regras:

1 – Envio de uma foto antiga



2 . Envio de uma foto actual



3 - Texto de apresentação

Posto: alferes miliciano
Especialidade: atirador de infantaria
Unidades e locais:
Recruta em Tavira (aproximadamente 3 meses);
Especialidade em Mafra (aproximadamente 3 meses);
RI 18 nos Arrifes, Ponta Delgada, São Miguel, Açores (10 meses);
mobilizado para a Guiné pelo Regimento de Abrantes; Santa Margarida (1 mês);
Guiné-Bissau (21 meses), locais de permanência: Ponate, Có, Bula, Binar e ... “já consigo dizer que” fui condecorado com uma Cruz de Guerra de 3.ª classe. A seu tempo esclarecerei a razão porque escrevo “já consigo dizer que”

Onde vivo: Parede, concelho e distrito de Cascais;

Outros assuntos:

Esclarecimento do “já consigo dizer que...”

Quando terminei as ações de desmobilização em Novembro de 1967, decidi regressar a São Miguel, minha terra natal, para descansar, esquecer a guerra, e levei comigo um Manual de Geometria Descritiva, para ir lendo quando me apetecesse, porque tencionava regressar a Lisboa para me licenciar em Engenharia, no Instituto Superior Técnico (IST).

Regressei a Lisboa a 4 de Janeiro de 1968 e comecei os estudos imediatamente. Não tinha família em Portugal continental e convivia com um grupo de estudantes, seis anos mais novos do que eu, que frequentavam diversas universidades em Lisboa.

A minha educação era altamente religiosa e o meu pensamento estava imbuído de conceitos de disciplina, obediência, contenção e paz. Porém fui-me apercebendo, tanto no IST como nas outras faculdades, da existência de um forte movimento de contestação contra o governo de Salazar a que não pude ficar alheio. As reuniões de estudantes na Associação Académica que eu não deixava escapar e as discussões pela noite dentro sobre política, foram modificando a minha maneira de pensar. Mas... foram as discussões religiosas que mais me abalaram. Discutiram-se todas as provas da existência de Deus e foi-me mil vezes demonstrado a não existência de um Deus, sobretudo devido às enormes insistências de meu irmão Carlos, que frequentava Filosofia e me impingia os tratados de fenomenologia.

Posso dizer que quase fui obrigado a ler o Capital de Karl Max, A Vida e Morte de Che Guevara; e os mais marcantes, não sei precisar as datas em que os li, foram “Crimes de Guerra no Vietnam”, “Porque não sou Cristão”, “A minha concepção do Mundo” de Bertrand Russell, bem como “ O Macaco Nu” e ” O Zoo Humano” de Desmond Morris.

Depressa chegaram a Lisboa as notícias sobre a Revolta estudantil do Quartier Latin iniciada a 10 de Maio de 1968. Estavam refugiados em Paris muitos jovens açorianos e portugueses, que tinham fugido para França, para escapar a serem incorporados no exército português e arrastados para a Guerra colonial. E mandavam jornais livros, propaganda em favor do comunismo e do existencialismo. Recomendavam a leitura de Simone de Beauvoir e de Jean Paul Sartre e de facto senti uma certa revolta ao ler “A Idade da Razão” que foi um livro muito discutido.

A 27 de Setembro de 1968, a tomada de posse de Chefe do Governo de Portugal por Marcelo Caetano foi uma lufada de esperança que desapareceu rapidamente, por se tornar evidente desde muito cedo, que ele seguia os passos do seu antecessor. A guerra colonial era para continuar e os mandantes e influentes na condução do país continuavam a ser os mesmos.

Encurtando razões tornei-me ateu e contestatário político e em Janeiro de 1969 assinei o documento “Liberdade e Coerência Cívica” uma Candidatura Independente às eleições para Deputados em 1969.
"Declaração de Ponta Delgada" que está inserido nos arquivos do “Pensamento de Melo Antunes”.

Embora a minha mudança de pensamento politico me tenha agitado, o tornar-me ateu deixou-me vazio, por perder o ideal da perfeição mística. Senti uma premente necessidade de substituir esse ideal perdido por um outro, um outro de minha escolha, que me animasse, me guiasse na continuação da minha existência. Não escolhi a política, não escolhi a humanidade. A minha escolha recaiu sobre a beleza, a arte, a música, a liberdade, isto é, tudo aquilo que me proporciona prazer.

No primeiro trimestre de 1968 recebi o primeiro convite para receber a condecoração que me havia sido atribuída e declinei o convite. Estava abalada a minha estrutura mental nos campos religioso e politico. Deixei de falar sobre a minha vida militar, melhor dizer que procurei ocultar esse meu tempo de vida. Heróis eram os que tinham fugido para França e não pactuaram com um regime opressivo, os que estavam proibidos de regressar a Portugal por serem refractários e iam mandando notícias sobre as novas ideias e o progresso da humanidade.

No ano seguinte recebi novamente o convite para ir a Tomar receber a minha condecoração e, desta vez, pagavam as passagens de avião para os meus pais se deslocarem de Ponta Delgada a Tomar, a fim de assistirem à cerimónia. Meus pais nunca tinham saído de São Miguel, eu tinha casado, era estudante universitário e o dinheiro não abundava. Não podia perder a oportunidade de oferecer aos meus pais uma viagem a Lisboa que os deslumbrou. Sem dizer nada aos meus amigos universitários, aceitei o convite, e fui a Tomar, sentindo que estava a cometer uma ação incongruente para com o meu novo pensamento, pactuando com o regime.

Recusei os vários convites que recebi para me associar à Liga dos Combatentes e durante quarenta anos tentei ignorar e esquecer a minha vida militar. Nos dias de hoje já consigo dizer que fui combatente na Guiné Bissau.

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Memórias do serviço militar obrigatório

O Armando Teixeira teve e tem o mérito de há dez anos dedicar uma parte da sua vida a descobrir o paradeiro de cada um dos militares do nosso pelotão, com o intuito de promover um almoço anual e que este ano vai ter a décima repetição.
Nesses convívios, tendo eles conhecimento das minha aptidão para a escrita, recebi vários pedidos para que escrevesse as aventuras vividas na Guiné Bissau. Eu porém fui adiando o início desse trabalho e agora venho propor-me a ir escrevendo no seu blog algumas das peripécias por que passámos, se tanto me for permitido.

Quando cheguei a Santa Margarida espantei-me pela falta de disciplina e desorganização que reinava na Unidade, no Batalhão e na Companhia a que estava adstrito. Na minha Companhia, a 1498, o capitão ainda não se apresentara na Unidade, sendo o sargento ajudante, administrativo, que a governava a seu belo prazer. Este sargento ajudante nomeou-me “oficial de dia”, em tom de pessoa de patente superior à minha, aspirante miliciano. Acatei a ordem e resolvi não iniciar um litígio logo no primeiro dia, mas confesso que a sua atitude não me agradou. Perguntei-lhe, no entanto, o que esperava de mim, na qualidade de “oficial de dia”? Estava a ser nomeado “oficial de dia” da Unidade ou do Batalhão?
O homem esboçou um sorriso de troça e esclareceu que se tratava somente de obrigações para com a companhia 1498; e que se resumiam unicamente em acompanhar os soldados que já se tinham apresentado até ao refeitório e coordenar a refeição.

Tinha levado comigo uma série de livros para através da leitura poder matar os tempos mortos. Chegada a hora do almoço dirigi-me para a camarata da 1498 e verifiquei que os soldados, de moto próprio, seguiam para o refeitório sem me dar cavaco.
- Hei! Militares! Vamos formar!
- Formar?! Os outros oficiais não mandam formar!
- Eu mando! Quem não formar não entra no refeitório! E tu aí, como te chamas?
- Eu sou o Cascais.
- Vai ao refeitório avisar os que já lá estão que têm de vir para a forma.

O primeiro que terminou a refeição, levantou-se e preparava-se para abandonar o recinto:
- Hei! Espera que todos acabem!

Quando todos terminaram, mandei porem-se de pé e destroçarem.
Foi o primeiro choque entre mim e os soldados da 1498.

Vinham para a formatura, uns fardados, outros em pijama, de chinelas. Eu não quis ser muito duro. A única exigência era que formassem e esperassem a minha ordem para destroçarem.
O capitão, na altura ainda tenente, acabado de sair da academia militar, era progressista e resolveu aplicar técnicas democráticas para a divisão dos soldados em pelotões. Reuniu todos os soldados num grupo e colocou os aspirantes em fila bastante separados uns dos outros, e perguntou:
- Quem quiser ir para o aspirante Branco desloque-se para o pé dele.
E moveu-se uma leva de soldados. Quando terminou o movimento, veio a segunda pergunta:
- Quem quer ir para o aspirante Pinto?
Nova leva de soldados.
- Quem quer ir para o aspirante Melo?
Nem sequer um mostrou o desejo de integrar o meu pelotão.
- Quem quer ir para o aspirante Travassos?
Moveu-se uma grande leva de soldados.

Um grupo, de uma a duas dezenas de soldados, ficaram sem se ter candidatado a nenhum dos pelotões. Conversaram entre si e depois um deles levantou o dedo:
- Meu tenente! Ainda podemos escolher?
- Claro que podem!
- Queremos ficar com o aspirante Melo.

Eram naturais de terras do norte, Braga, Barcelos e arredores; e foram os melhores soldados do meu pelotão. Os restantes foram arrebanhados dos pelotões que tinham gente a mais.

Todos aqueles soldados pareciam estarem condenados à morte. Desejavam portar-se mal, por revolta, por contestação. Excediam-se no álcool, jogavam até tarde. Eu, embora sabendo que na Guiné iria correr riscos de perda da minha vida, não me sentia um condenado à morte, e pensava que a minha vida dependia da atitude dos meus soldados e da disciplina que eu conseguisse impor por forma a conseguir deles rápidas e prontas respostas contra os imprevistos da guerra. Assim, imediatamente após saber quem eram os meus soldados, furriéis e sargentos, passei a ocupar-lhes as manhãs com sessões de esclarecimento e motivação, exercícios físicos e revisão do estudo do armamento, prometendo-lhes que, se fossem disciplinados e cumprissem as regras, haveríamos de voltar todos com vida.

Na dúvida, acataram as minhas sugestões e, embora em toda a Unidade o meu pelotão fosse o único a preencher as manhãs daquela maneira, não tive da parte deles qualquer contestação, porém não me livrei da fama de ser militarista.
Na Guiné continuei a ser extremamente duro no respeitante à disciplina e na primeira semana castiguei um motorista por não ter verificado o nível do óleo da sua viatura.

Nasci na ilha de São Miguel onde permaneci até aos 21 anos. Não tinha grande experiência e vivência social. Sentia-me diminuído pelo facto do meu falar ser bastante diferente do falar continental, o que em muitas situações era motivo para troça. A minha puberdade fora extremamente tardia. Aos 15 anos tinha o tamanho de uma criança de doze anos e, como dizia o meu pai, somente aos 17 anos comecei a espigar. Embora fosse um ano mais velho do que todos os meus soldados, porque tive um ano de adiamento por estar matriculado na Universidade, a minha aparência era acriançada enquanto eles, alguns já casados, tinham aspecto de serem mais maduros. Esta diferença de aparência obrigou-me a manter uma maior distância para com eles e um maior rigor na imposição da minha autoridade.
Tive de me manter inflexível para compensar o que o peso, a carranca e o tamanho do corpo me diminuíam.
Fui duro muitas vezes injustamente e, quando eu passava, ouvia-os murmurar entre dentes: “Deus não dorme!”
Porém, por sorte, consegui cumprir a minha promessa porque, embora o meu pelotão tivesse sido castigado com bastantes feridos graves, nenhum dos meus homens faleceu e disso sento orgulho; e ainda hoje não me arrependo da dureza e distância que mantive naquela altura da minha vida, que psicologicamente me doeu, principalmente nos primeiros tempos, no quartel de Ponate, porque não tinha com quem desabafar. Enquanto eles conversavam entre si sobre as suas vidas e sobre as notícias que recebiam por carta dos familiares, eu sentia uma certa solidão e tinha de remoer sozinho, entre as quatro paredes do meu dormitório, os meus receios, os medos e as responsabilidades.

A disciplina que implementei, permitiu que me pudesse dar ao luxo de poder dormir até quinze minutos antes da hora marcada para uma saída; e ter o prazer de ver o meu pelotão devidamente formado, municiado e pronto para avançar enquanto outros sofriam para conseguirem estarem preparados mesmo contando com atrasos.

Dez anos depois, em 1978, desloquei-me em serviço a Macau, na sequência de negociações de um contrato de fornecimento de material de telecomunicações para aquele território. A última reunião, a decisiva, teve lugar no palácio do Governador, com a presença do mesmo. Estavam as negociações em marcha quando o Governador, numa atitude completamente fora do contexto me pergunta:
- Você não se lembra de mim?
- Sinceramente não tenho ideia de alguma vez me ter cruzado com V. Exa.
- Mas eu lembro-me perfeitamente de si! Não se lembra de uma operação que saiu de Binar em que veio uma companhia de intervenção de Bissau para se integrar com as vossas forças.
- Lembro-me perfeitamente.
- Eu era o comandante dessa companhia e fixei a sua fisionomia porque você foi o único que tinha o pelotão pronto para sair à hora que tinha sido determinada. Invejei o comportamento do seu pelotão.

Tratava-se de José Eduardo Martinho Garcia Leandro, promovido a coronel quando, em 1974, foi nomeado Governador de Macau.

José Jorge de Melo

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2. Comentário do editor:

Caro camarada de armas José de Melo
Bem-vindo ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Não vais estranhar o tratamento por tu, que torna mais próxima a comunicação entre camaradas que em comum têm o ter pisado o chão da Guiné naquela situação de guerra. Tentamos que a idade, o actual (ou antigo) posto militar, as habilitações académicas e profissão sejam o impedimento de proximidade entre quem partilha este espaço de memórias.

Muito obrigado por te decidires juntar à nossa tertúlia, onde poderás deixar escritas (e em imagem) as recordações dum tempo que jamais esqueceremos. Terás também de nos dizer porque foste agraciado com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe. Independentemente das nossas convicções políticas de então, não temos que nos envergonhar, hoje, por termos participado na guerra de África, a esmagadora maioria de nós foi para lá por imposição, cumprindo a lei vigente.

Se reparares, há parte da tua mensagem que foi omitida. Aquela que dedicas à tua faceta de artista enquanto escritor e pintor. Foi de propósito, já que na nossa série "Os nossos seres saberes e lazeres" irás ter, em breve, o destaque que mereces.

Não consegui fazer da tua foto antiga uma tipo passe para encimar os teus futuros postes. Se tiveres por aí uma onde estejas fardado, por exemplo a do BI militar, manda para os nossos arquivos. Se quiseres que faça outra actual onde apareças mais de frente, manda também.

Depois desta tua tão bem elaborada apresentação, resta-me deixar aqui um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores.
Estaremos sempre ao teu dispor

Pela tertúlia
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14727: Tabanca Grande (467): José João Braga Domingos, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4516/73 (Colibuia, Ilondé e Canquelifá, 1973/74), 691.º Grã-Tabanqueiro

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14518: Memória dos lugares (290): Os derradeiros sobreviventes de Ponate (Armando Teixeira da Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Armando Teixeira da Silva (ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate), com data de 7 de Abril de 2015:

Caro Carlos Vinhal:
Os meus melhores cumprimentos, extensivos a toda a Tertúlia.

Teixeira da Silva


OS DERRADEIROS SOBREVIVENTES DE PONATE

Quis o destino que um conjunto de 48 atónitos maçaricos - um pelotão reforçado - da CCAÇ 1498, acabadinha de desembarcar, comparecesse em Ponate a fim de render tropas do BCAV 790 que estavam em mudança para o Quartel de Pelundo.

Assim, após um dia inteiro de marcha, em que as surpresas sucediam a cada instante, surgiu, imperceptível, numa área desmatada, um lastimável aquartelamento nunca antes imaginado.

 Ponate - Vista geral do quartel

Passado o cavalo-de-frisa, depararam com a mais humilhante miséria:
- Um casebre construído em adobes de argamassa, coberto a chapa zincada, para alojamento de pessoal, sem distinção de postos ou classes;
- Duas barracas, em colmo, a servirem de cozinha e refeitório;
- Três atalaias - cinco a seis metros acima do solo - com sentinelas cercadas por bidões de gasolina;
- Quatro paliçadas em cibes carcomidos sitiavam toda a desgraça.

Aonde é que nos viemos meter? – Se estavam atónitos à chegada, estarrecidos ficaram quando o sol se escondeu!
A iluminação era a petróleo: candeeiros Petromax em redor do arame farpado e mechas de gaze - em gargalos de garrafas - na caserna, cozinha e refeitório. No resto, a escuridão era absoluta.

Equipamentos destinados a cuidados de higiene? Nenhuns! – Nada que pudesse garantir saúde, bem-estar físico e mental, de modo a evitar doenças. Em vez de latrinas abriam-se valas, fora do arame farpado, e em vez de duches existiam selhas feitas de barris de vinho, serrados ao meio.
O estado das coisas motivou um lamento: tratam-nos como bandoleiros. - A frase inspirou a criação de um topónimo para colocar, logo nesse dia, à entrada do principal cavalo-de-frisa: “HOTEL BANDIDO DE PONATE”.

Ponate - Junto ao topónimo

Mas o pior ainda era a falta de água. A privação deste precioso líquido sujeitava o pessoal a riscos diários, em deslocações a Bula, percorrendo 13 Km, em cada sentido, com uma cisterna de 1000 litros atrelada.

Ocupando uma área com cerca de 3000 m2 e sem população à vista, o Quartel situava-se nas proximidades da mata de Jol, não muito distante da assombrosa bolanha de Nhaga. – A missão do seu reduzido efectivo consistia em assegurar liberdade de acção entre Bula e o Cais de São Vicente, na margem Sul do rio Cacheu, mantendo-se ao corrente de todos os acontecimentos e em total ligação com o comando do sector.
A segurança das instalações era inquietante: Refúgios ou abrigos, praticamente nem existiam e as paliçadas dificilmente aguentariam um simples ataque. Daí elaborarem um plano de obras a executar em duas fases:
1 – Construção de 3 refúgios subterrâneos, bem como um conjunto de chuveiros e latrina, sem dispensar a reconstrução de todas as paliçadas.
2 - Edificação de uma “casinhota”, em blocos de cimento, para instalação de um gerador eléctrico. - Nada serviu esta edificação, porquanto, embora prometido, o gerador jamais ali apareceu.

Ponate - Abrindo um abrigo subterrâneo - Armando Teixeira da Silva ao meio com a pá

Estas obras realizavam-se sem prejuízo das actividades a desenvolver além do arame farpado, ou seja: escoltas diárias à cisterna da água, patrulhamentos diurnos e/ou nocturnos, inspecções às tabancas e consequentes controlos da população indígena, reconhecimento de trilhos e caminhos, e de quando em vez, montagem de emboscadas. E como se já não bastasse, ainda ajudavam Companhias de intervenção, em operações na confinante e arriscada mata do Jol. Isto é: em Ponate, a missão, além de perigosa, era árdua e difícil.
Até dentro do arame farpado a situação era delicada, sobretudo, pela indigência das instalações e das privações de toda a espécie – mesmo alimentares. Apesar de tudo lá iam sobrevivendo.

 Ponate - Se não fossem os petiscos...

 Ponate - Momento de lazer
Fotos: © Armando Teixeira da Silva
Editadas por Carlos Vinhal

Até que, inesperadamente, uma mensagem, recebida no ANGRC 9, melhora-lhes as expectativas. – Bula comunicava-lhes o fim da sua presença em Ponate. O primeiro a saltar, de contentamento, foi o radiotelegrafista. Outra coisa, porém, ainda estava para vir.
Continuando a tradução da mensagem concluíra-se que o próprio Quartel, simultaneamente, desapareceria do mapa. Jamais uma mensagem fora tão marcante. Acontecimento para comemorarem de modo muito especial - emborcando cerveja até o stock se esgotar.

Assim, abruptamente, extinguiu-se o Quartel de Ponate. Decisão que os maiorais tomaram quando perceberam, a meu ver tardiamente, a evidência dos perigos a que as tropas estavam sujeitas e as condições deploráveis (porventura infra-humanas) em que se encontravam. A mensagem surgiu-lhes ao cair da noite, todavia, a vontade de mudarem de ares era tanta que se dispensaram de dormir. Puseram mãos à obra e foi até ser dia.

Entretanto, já o sol raiava, vêem chegar camaradas especialistas em minas e armadilhas, transportando engenhos explosivos para armadilhar os pontos mais susceptíveis, na expectativa de o IN os virem a despoletar.
Por fim, com as viaturas a abarrotar a seu lado, percorreram, a pé, os 13 Km que os distanciava de Bula, em cujo Quartel já tinham missão determinada.
A história da guerra considerá-los-á os derradeiros sobreviventes de Ponate. - O calendário assinalava, então, 04/Dezembro/1966. - Entretanto a guerra duraria mais sete anos e meio.

Ao que sabemos, jamais outro qualquer Quartel ali foi edificado. Naquele espaço de tempo - superior a 10 meses - houve minas que os feriram, emboscadas que os massacraram, bolanhas que os inundaram, picadas que muito os agastaram, trilhos e caminhos que os emaranharam, tempestades que os atemorizaram. – Todavia, também houve, em abono da verdade, momentos aprazíveis, de amizade e júbilo, que muito os distraíram e estimularam.

 Localização de Ponate. Vd. Carta de Bula 1/50.000

O último efectivo em Ponate:

Agostinho Costa Ferreira
Albino Baptista Barroso
Albino Sá Júnior
Alfredo Lopes Correia
Amadeu Pereira Couto
Amândio Sá Silva
António Ascensão Nascimento
António Beatriz Pedro
António Guilherme Silva
António Joaquim Inverneiro
António José Carneiro Santos
António José Martins Correia
António Mingote Mouco
António Montana Silva
Armando Barbosa Lemos
Armando Teixeira Silva
Carlos Alberto Rodrigues
Carlos Silva Martinho
Daniel Cabaço Sordo
Dias Cabo-verdiano (fur)
Francisco João Viegas Piedade (fur)
Fernando António V. Lisboa
Henrique António Nunes
Hilário Viana Cruz (fur)
Isidro Mesquita Almeida
João de Barros
João Luís Barros Coelho
João Maria José
João Teotóneo Marques Leal
Joaquim Santos Pinto Caldas
Joaquim Vidigueira Ferreira (fur)
Joaquim Luís Barata
José Jorge Sousa Melo (alf)
José Manuel Felício Manco
José Rodrigues Chaves
Lourenço Silva Machado
Manuel Alves
Manuel Alves Martins
Manuel Ferreira Pinto
Manuel Gomes Ferreira
Manuel José Lopes Gonçalves
Manuel Sampaio Leal
Manuel Serafim C. Ferreira
Manuel Silva Loureiro
Mário Pereira Cunha
Orlando Santos Espadaneira
Virgílio Justo Marques
Victor Manuel M. Chaveiro

Armando Teixeira da Silva
ex-Soldado Atirador
CCAÇ 1498/BCAÇ 1876
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14514: Memória dos lugares (288): Gentes do Geba, parte I (A. Marques Lopes, coronel inf, DFA, na situação de reforma, ex-alf mil da CART 1690, Geba, 1967; e da CCAÇ 3, Barro, 1968)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13916: Perfil da CCAÇ 1498 / BCAÇ 1876 - "Os Vagabundos" (Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, com data de 8 de Novembro de 2014:

Camarada Carlos Vinhal:
Dando sequência à minha primeira iniciativa - após a qual decorreu uma eternidade – penso na frase que me dirigiste: “sê bem-vindo a esta Tertúlia de ex-combatentes”.
Foi simpática a maneira de receberes o “periquito”. Agradeço essa tua generosidade. Sinto pouco à vontade a tratar-te por tu. Mas, como é timbre do blogue e como, tão bem, recomendaste… assim seja!
 “Muitos não seremos de mais para relatar as memórias e deixar testemunhos fotográficos da guerra da Guiné”. – Tentarei fazer deste teu lema a minha divisa.
Assim:
Começo por fazer a apresentação - à laia de “Bilhete de Identidade” - do perfil da COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”.

Para ti e para toda a Tertúlia
Um forte abraço
A. Teixeira da Silva


 COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”


 A CCAÇ 1498 é uma Sub-Unidade do BCAÇ 1876 pertencente ao RI 2 - Regimento de Infantaria n.º 2 de Abrantes.

Embora abrantina foi em Santa Margarida que fez a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) com vista à Guerra Colonial.

- Embarcou no dia 20/JAN/66, com destino à Guiné, na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, no navio motor Uíge, o qual lançou âncora, nas águas do Geba, cinco dias depois.

- Desembarcou às primeiras horas do dia seguinte e, sem ver Bissau - acontecimento invulgar com tropas recém-chegadas - partiu para o mato sob escolta fortemente armada;

Em João Landim, na margem esquerda do Rio Mansoa, sofre a primeira decepção. Viu-se fraccionada em três grupos autónomos, em cumprimento da missão que lhe haviam destinado. Cambou o rio, numa geringonça ladeada por bóias de bidões de gasolina vazios, ao encontro de veteranos a caminho da peluda. Deles adquire armamento - G3 e munições - num ritual enfadonho, sob a inclemência de sol escaldante, ao ritmo pachorrento de dois escreventes, que as desarriscavam e arrolavam numa e noutra lauda;

Disseram-lhe que ali era a fronteira da guerra. Com armas apontadas a um inimigo imaginário, chegou aos locais que a esperavam. Có (onde assentou comando e secretaria), Jolmete e Ponate.

Afastada do seu Batalhão de origem, subordina-se ao BCAV 790, sediado em BULA, de que é comandante Henrique Calado, Tenente-Coronel de Cavalaria;

Em 02/FEV/66 - com 8 dias apenas - é baptizada pelo IN, na mata de JOL, ao participar numa Operação com o seu Grupo de Ponate;

Em 01/FEV/67 - com 12 meses de comissão - reagrupou-se em BINAR, ficando, então, dependente do seu Batalhão de origem (BCAÇ 1876) entretanto chegado a BULA para render o BCAV 790, cuja comissão havia terminado;

Em 19/SET/67 - com 20 meses de mato - chega o momento de conhecer Bissau. Despede-se de BINAR entregando a missão à CART 1647;

Volta a cambar o Mansoa. Aquartela-se no QG, em Santa Luzia (vulgo seiscentos) aguarda o Uíge e regressa à Metrópole;

Em10/NOV/67 desembarca em Alcântara com a missão cumprida.


CONTACTOS COM INIMIGO
- 48 Em Golpes de Mão, Emboscadas ou Flagelações;
- 10 Ataques ao Quartel;
- 03 Minas anti-carro;
- 01 Mina anti-pessoal;


MORTOS E FERIDOS EM COMBATE 
- 06 Mortos;
- 21 Feridos;


PUNIÇÕES - 11 
- Três com 5 dias de prisão disciplinar
- Um com 8 dias -
- Cinco com 10 dias -
- Um com 15 dias
- Um com 20 dias.


LOUVORES E CONDECORAÇÕES 
- 38 Louvores
- 08 Condecorações
- 03 Cruzes de Guerra


CITAÇÃO HONROSA

“Este comando (CTIG) felicita a CCAÇ 1498 pela valentia de que deu provas nas operações “Buldogue” e “Balear”. 
- Ao fim de 18 meses consecutivos no mato, parte dos quais num aquartelamento sujeito a numerosos e fortes ataques do IN, a sua recuperação moral e física mostram bem quanto vale a força de vontade quando com elevado espírito patriótico se sabe querer".


LOUVOR COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ 

LOUVOR
- Louvo a C. Caçadores 1498/RI 2, porque sendo uma Companhia que passou toda a sua comissão no interior da Província, logo desde o início sofreu as contingências da guerra, a inclemência do clima e o choque das primeiras baixas provocadas pelo IN, entre as quais o seu Comandante de Companhia.
E ainda porque sendo uma Companhia considerada pelo Comando do Batalhão a que esteve de reforço, e com razão uma Sub-Unidade cansada, soube, uma vez regressada ao seu Batalhão orgânico e depois de reagrupados os seus Pelotões, ressurgir completamente e evidenciar-se pela sua vontade, energia, determinação e agressividade que vem patenteando no combate, caça e perseguição ao IN onde quer que ele se encontre. E tão extraordinário é o rejuvenescimento desta Companhia que, apesar de desfalcada de alguns dos seus elementos, quer por doença, quer devido à mudança de situação, com os que ficam, não hesita em lançar-se em operações mesmo em dias consecutivos como já aconteceu, sempre que detecta a presença do IN em qualquer zona do seu sector, dando-lhe caça, capturando alguns dos seus elementos, perseguindo-o, capturando material, etc., e estando sempre pronta a voltar à carga sempre que o IN se revele.
Pela sua actuação em combate e pelas consequências sofridas pelo IN, tem-se este encarniçado contra o seu Aquartelamento em ataques violentos, sem que, contudo, tenha feito esfriar o entusiasmo de todos os Oficiais, Sargentos e Praças da Companhia, antes porém parece contribuir para lhes estimular a determinação, a vontade e o querer, na luta enérgica e sem tréguas que sempre lhe move.
Destacam-se entre as muitas operações que realizou, as Op. «Banidor, Biqueirada, Buganvília, Bengala, Bravura, Buldogue, Balear, Brusca, Bonaparte, Bastidor e Balroa», que merecem referências especiais pelos resultados obtidos, quer em baixas causadas ao IN, na vontade e apego postos na luta, no material capturado e muito especialmente nos documentos capturados na Op. «Buldogue» que se revelaram de extraordinária importância para o CTIG.
Por tudo, e porque é uma Companhia com a qual se pode contar, sem contestação até ao último minuto da sua permanência na Província, pelo seu espírito de corpo fundamental numa tropa, pela coesão dos seus Oficiais, Sargentos e Praças que vibram em uníssono, se comportam com a mesma determinação, a mesma valentia, o mesmo querer, merece bem a C. Caç.1498 ser apontada e justamente considerada como uma esplêndida Sub-Unidade do Batalhão, que muito prestigia ao mesmo tempo que muito honra o Exército a que pertence e que luta intransigentemente pelos ideais da Pátria e integridade do solo Português em África.

BISSAU, 12 DE Outubro de 1967

O COMANDANTE MILITAR
Victor Novais Gonçalves Briga

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sábado, 28 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12516: Tabanca Grande (416): Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, 1966/67), Grã-Tabanqueiro nº 636

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, com data de 26 de Dezembro de 2013:

Santa Maria da Feira, 26 de Dezembro de 20013

Ex. Senhor Luís Graça
Antes de tudo, quero felicitá-lo pela criação do seu magnífico Blogue, destinado aos ex-combatentes na guerra da Guiné, e enviar-lhe os meus mais sinceros parabéns.

Sou ARMANDO TEIXEIRA DA SILVA, ex-soldado da CCAÇ 1498, que serviu na Guiné no biénio 1966-67. Companhia pertencente ao BCAÇ 1876, mobilizado pelo RI2 de Abrantes.

Permita-me uma breve introdução:
Desde há muito tempo que o seu Blogue me vem fascinando. Vezes sem conta senti o desejo de participar, mas (…) até que impulsionado pelo camarada Joaquim Vidigueira (ex-furriel) dispus-me a colaborar, facultando o nosso crachá, o qual, lhe fora enviado por Ricardo V. Ferreira, filho do camarada supracitado, com o pedido de publicação.

Entretanto, constato, com muito prazer, que a CCAÇ 1498 já faz parte do seu excelente blogue, cujo acesso se faz pela referência P12391, com data de 05/DEZ/2013. Aí se encontra não apenas o crachá, mas um breve resumo histórico da Companhia. Resumo porém, a precisar de ser emendado, para o que, desde já, solicito todo o seu habitual empenho.

Assim:
Onde se menciona que a CCAÇ 1498 esteve em Có, Binar e Bissau, deverá acrescentar-se: Bula, Ponate e Jolmete.
Ou seja, logo no dia do seu desembarque, ramificou-se em três grupos, distribuindo-se por três Quartéis, onde permaneceu, tripartida, durante o seu primeiro ano de comissão, com um grupo em Có (onde instalou a secretaria e comando), outro em Jolmete e o terceiro destacado nove meses em Ponate e três em Bula.

Ficara “adida” durante, doze meses, ao BCAV 790, pertencente ao Tenente-coronel Henrique Calado. 
Decorridos os primeiros doze meses - então sim, ao serviço do seu próprio BCAÇ 1876 - agregou seus Pelotões e partiu para Binar, aí ficando até ir para Bissau acabar a comissão.

Quanto ao comandante do Batalhão 1876, deverá o seu nome ser emendado, dado que, o verdadeiro CMDT fora o Tenente-coronel de Infantaria Jacinto António Frade Júnior.

Sr. Luís Graça, dada a condição imposta pelo blogue, tomo a liberdade de enviar-lhe duas fotografias (uma daquele tempo e outra actual) que poderá usar como entender. Se, porventura, me for permitido participar no blogue - através do registo de acontecimentos ou do envio de fotografias - estou totalmente à sua disposição.

Desejando os maiores êxitos ao blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné” – apesar de já serem enormes – despeço-me do seu autor com os meus respeitosos cumprimentos.
Armando Teixeira da Silva

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2. Comentário do editor:

Caro camarada Teixeira da Silva
Sê bem-vindo a esta tertúlia de ex-combatentes, onde cabe sempre mais um, porque muitos não seremos demais para a persecução desta missão de aqui relatar memórias e deixar testemunhos fotográficos da guerra da Guiné.

1 - Vamos agora combinar um procedimento simples que devemos seguir enquanto camaradas e tertulianos deste Blogue:

Devemo-nos tratar todos por tu, independentemente dos antigos (e actuais) postos militares, aqui referidos apenas para mais fácil identificação, das nossas habilitações literárias, profissão, idade, etc.
O nosso editor Luís Graça não vai tomar a mal que o tivesses tratado por Exmo. Senhor, mas não é para repetir. Estamos combinados.

2 - Acho que já fiz referência a todas as localidades por onde estiveram "espalhados" os Pelotões da 1498. Alterei a tua ordem para agrupar os destacamentos pelas Cartas onde se encontram. Se clicares, lá em cima, no início do poste, nos nomes das localidades, na cor laranja, abrirás as respectivas Cartas. Talvez relembres nomes de outras tabancas.

3 - Para acederes aos postes da tua Companhia, esquece o Poste 12391 e entra antes pelo marcador "CCAÇ 1498" que vais encontrar no lado esquerdo da página, nos "Marcadores/Descritores".
Experimenta estes endereços: CCAÇ 1498 e BCAÇ 1876. É só clicar.
Também vai ser criado um marcador "Armando Teixeira da Silva" que só funcionará depois de eu publicar este teu poste de apresentação.

4 - Quanto ao Comandante do teu Batalhão, já procedi às respectivas correcções. Foi na verdade o TCor  Jacinto António Frade Júnior. Houve uma confusão qualquer já reparada.

Acho já ter focado os pontos que queria, restando-me enviar-te um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia em geral, esperando que te tornes um membro activo, já que estamos a precisar de histórias novas. Não esqueças a tua responsabilidade como único representante da 1498.

Abraço
Carlos Vinhal
Co-editor
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12456: Tabanca Grande (415): Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67), grã-tabanqueiro nº 635