sábado, 3 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23583: O Cancioneiro da Nossa Guerra (14): Os Hinos da 4ª CCAÇ (Bolama e Bedanda, 1961/67) e da CCAÇ 6 (Bedanda, 1967/74)



Hino da  4ª Companhia de Caçadores  

(Bolama e Bedanda, 1959/67)


A terrível companhia 4ª CC
Que luta de noite e dia
Não têm medo
Na luta não tem rival
E gritam sempre
Vamos lá malta para a frente
Aqui manda Portugal

Refrão

No tarrafo são panteras
E na mata são leões
Mais do que com as armas
Eles lutam como feras
Lutam com os corações

Lutam sem medo
Nas bolanhas da Guiné
Caçadores nativos
Aos turras batem o pé
Sabem actuar
Em qualquer situação
Avançando sem parar
Gritando sem cessar
Defendemos nosso chão

Refrão

No tarrafo são panteras
E na mata são leões
Mais do que com as armas
Eles lutam como feras
Lutam co
m os corações

Fonte: In "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, 2010, pág. 5. [ Disponível em formato pdf, na Biblioteca Digital do Exército (Panteras_a_Solta (PDF, 6 MB, link para descarregar o ficheiro em pdf, cortesia do autor e da Biblioteca Digital do Exército. Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 1965/jul 67].

Não sabemos a data nem o autor da letra. Mas já devia existir esta letra em 1965/67.  Diz o refrão: " No tarrafo são panteras / E na mata são leões / Mais do que com as armas / Eles lutam como feras / Lutam com os corações"...

Quem escreveu este refrão, não conhecia bem a fauna da Guiné, onde, em 1965, ainda existiam leões (pouquíssimos) mas não não propriamente panteras. "Onça" (termo crioulo para leopardo), sim (nome científico: Panthera pardus) ... O termo "pantera" tende a ser usado para designar três tipos de felinos: 

(i) a pantera africana ou leopardo; 

(ii) a pantera americana ou onça p.d.; 

e (iii) e a pantera negra, que, na verdade, é uma variante melânica do leopardo (Panthera pardus).





Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, adapt de "Guia de Identificação dos Animais da Guiné-Bissau". República da Guiné-Bissau, Direcção Geral dos Serviços Florestais e Caça, Departamento da Fauna e Protecção da Natureza, s/l, s/d, pág. 11 (Disponível em formato pdf, aqui, no sítio do IBAP ,
https://ibapgbissau.org/Documentos/Estudos/Animais%20da%20Guine-Bissau.pdf)


A onça-preta, ou onça-preta, também conhecida por jaguar-preto, é uma variação melânica da onça-pintada (ou jaguar), e só existe no continente americano...A pantera-negra é rara na natureza, sendo muito pouco comum na África e grande parte da Ásia.... A variante é mais comum, nas selvas do sudeste asiático, e até abundante na Malásia. 

È muito pouco provável, pois, que algum guineense alguma vez tivesse visto em Bedanda, u noutra parte da Guiné, uma pantera-negra...e muito menos ainda uma onça-negra...

Também não sabemos como seria cantada este hino (em geral, adaptava-se a letra a uma música conhecida).

A 4ª CCAÇ foi extinta, passando a designar-se, em 1abr67, por CCaç 6 (por sua vez extinta em 20ago74) (*).


Hino da 6ª CCAÇ 
(Bedanda, 1967/74)






O Hino dos Onças Negras da CCAÇ 6 (Bedanda, 196774)


Fonte: "O Seis do Cantanhês", nº 1, 1973 (?)... Jornal mensal (mas só saíram dois números),  "jornal de caserna",  foi criado e dirigido pelo Cap Gastão e Silva, da CCAÇ 6, tinha como redator-coordenador o alf mil Joaquim Pinto Carvalho e, entre outros membros da redação, o alf mil António Teixeira, o nosso saudos Tony (1948-2013)... Foi ele que nos facultou esta página. Não sabemos quem é o autor da letra do hino. nem o ano,  mas, pela  referência à "Guiné Melhor", deve ser do tempo do Spínola (1968/73).(**). 


Enfim, são mais duas peças para o Cancioneiro da Nossa Guerra (***). Esperemos que outras letras  (e músicas) não se percam.

Imagem: © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): as aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."

(**) Vd. poste de 30 de Setembro de 2011 > Guine 63/74 - P8842: Cancioneiro de Bedanda (1): O hino da CCAÇ 6, Onças Negras (António Teixeira / Hugo Moura Ferreira)

(***) Útimo poste da série > 28 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23209: O Cancioneiro da Nossa Guerra (13): a "Spinolândia", com letra (parodiada) e música de "Os Bravos", de Zeca Afonso: uma preciosidade encontrada no sítio de "Os Leões de Madina Mandinga", a 1ª CART/BART 6523/73 (1973/74)

Guiné 61/74 - P23582: Os nossos seres, saberes e lazeres (523): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (66): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 4 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Julho de 2022:

Queridos amigos,
Hoje tirei dia livre, quero andar a saracotear-me sozinho por espaços e lugares de que só guardo as melhores recordações. Saio do metro na Gare du Midi e sou surpreendido com a avenida de Estalinegrado transformada em estaleiro, só se circula por passeios apertados, mas não se perde a oportunidade de reavivar a memória, como aqui se mostra. Atravessa-se uma avenida e é-se acolhido num alfarrabista que aproveitou a pandemia para fazer transformações de vulto, é uma autêntica catedral onde cabem obras a satisfazer os múltiplos domínios do conhecimento. E chegou o grande momento de visitar a Igreja de Nossa Senhora do Bom Socorro, aqui se fazem preces há décadas, no que me toca sinto-me recompensado com os frutos recebidos. E parto para um acontecimento que vai inflamar ruas e praças, a Zinneke Parade, estes jovens revelam um entusiasmo inultrapassável, estiveram 2 anos sem poder festejar na rua, vêm agora revelar a sua imaginação, a sua capacidade de recuperar e reciclar, mostrar as suas escolas de música, é um mergulho na alegria de viver. E despeço-me, por ora, dessa sala de audiências que é a Grand Place, amanhã é dia de recordar uma grande amizade, vou de novo passear sozinho mas a conversar com a lembrança de quem foi tão importante na vida associativa que pude levar em Bruxelas, designadamente quando fui representante da Confederação Europeia dos Sindicatos.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (66):
Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia – 4


Mário Beja Santos

Estou na avenida de Estalinegrado, saí no metro da Gare du Midi, tenho uma festa retumbante pela frente, mas venho com tempo para as minhas bisbilhotices. A avenida é neste momento um estaleiro, tem taludes de cima a baixo, paro cheio de curiosidade junto da fachada da Casa Jamaer, nome de um arquiteto reputadíssimo do século XIX que aqui fez a sua mansão em 1874 com detalhes muito curiosos do renascimento flamengo. Merece uma contemplação pela harmonia das suas linhas, prometo em próxima viagem obter uma fotografia com maior visibilidade, agora os tapumes não ajudam.
Quando, aí pelos primeiros anos da década de 1980, descobri os ofícios da Catedral Ortodoxa Grega dos Santos Arcanjos, Bruxelas, levantava-me cedinho para aqui estar no princípio da manhã de domingo e apanhar o ofício do princípio ao fim, aqueles cânticos enchem-me as medidas, sempre visitei países de religião ortodoxa, não quis perder estes ofícios, assim aconteceu em Belgrado, Sófia e Kiev. Situa-se na avenida Estalinegrado, muito perto da Casa Jamaer. E agora vou às livrarias, as minhas cavernas de Ali Babá.
É visita obrigatória, estou no boulevard Maurice Lemonnier, nº55, a casa chama-se Pêle-Mêle, compra e venda de livros, discos, CDs, DVDs e jogos, espaço enorme muito bom para perder a cabeça, venho felizmente contido pela mala de bagagem de um voo low cost, será puro suicídio embeiçar-me por este catálogo que deve pesar para aí uns 4 quilos, do tempo da Europália russa sobre os tesouros dos Czares. Folheia-se melancolicamente e chega. É o único alfarrabista de Bruxelas onde encontro em grande quantidade obras portuguesas. Por aqui andei regalado e com vontade de voltar, levo um CD com música de câmara de György Ligeti, um dos meus mais queridos compositores contemporâneos.
Agora uma visita obrigatória à Igreja de Nossa Senhora do Bom Socorro, é sempre a mesma história que se repete em todos os países, aqui houve uma modesta capela no século XII, foi depois albergue de peregrinos que caminhavam para Santiago de Compostela, no século XVII o que havia foi demolido e criou-se este templo dedicado à Virgem. É uma visita que faço há décadas, gosto muito do altar, dos medalhões suspensos, da formosa escultura da Virgem do Bom Socorro (que data do século XIV), deambulo, faço preces, dou conta da alegria do meu regresso e agora parto para uma festa de rua deslumbrante, mostro as imagens.
Este acontecimento que anima Bruxelas em maio, um dos mais significativos acontecimentos do trabalho associativo chama-se Zinneke Parade, uma alegria de muitos povos, de muito imaginário e transversalidade cultural. A pandemia suspendeu o evento, trabalhou-se agora a todo o vapor e mostra-se o saber-fazer de diferentes associações e organizações, instituições e centros culturais, intervêm diferentes disciplinas artísticas, há para aqui muito espírito de aventureiro, ninguém esconde nestes agrupamentos o entusiasmo com que se procura regressar à normalidade, vão por aqui desfilar bandas, projetos de precursão, ateliês afro-flamengos, gente ligada aos serviços se inserção, escolas secundárias, institutos pedagógicos, centros de reabilitação, plataformas de ajuda a jovens em dificuldade, e muitíssimo mais. Por ali ando a bater palmas, a delirar com esta parada que é um hino à vida, onde se recicla, para ela convergem sobretudo jovens que trazem entusiasmo, uma alegria esfuziante, a deitar abaixo a doença, o isolamento, os preconceitos raciais, aqui celebra-se o trabalho coletivo que se oferece à comunidade de Bruxelas. Despedem-se dizendo até 2024, oxalá eu possa estar cá neste dia.
É uma tarde em cheio, não quero regressar a Watermael-Boitsfort sem espreitar a Grand-Place, a maior sala de audiências de Bruxelas, é uma tarde de sonho, chegam os sinais de um entardecer suave, ponho-me a um canto só para rever estas fachadas onde há sempre um pormenor que vai saltar à vista, um claro aviso que posso aqui vir vezes sem conta, há sempre uma revelação em todo este rendilhado de pedra. Amanhã de manhã quero prestar homenagem ao meu querido amigo, recentemente desaparecido, André Cornerotte, já aqui o mostrei em 2018, amanhã vou inventar um passeio pela Cité du Logis como se fosse a conversar com ele, ele a ensinar-me o espírito de presidia àquele projeto habitacional dos anos 1920, espero não vos dececionar.

(continua)

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Notas do editor

Poste anterior de 27 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23561: Os nossos seres, saberes e lazeres (520): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (65): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 3 (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 2 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23579: Os nossos seres, saberes e lazeres (522): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (2)

Guiné 61/74 - P23581: Parabéns a você (2097): Amigo Grã-Tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, ex-Fur Mil PE (EPC, 1983/84)

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Nota do editor

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23580: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (126): Leitor brasileiro, Edson de Lima Lucas, identifica o navio inglês Narkunda, da P&O Lines, em foto de 29/9/1942 (presumivelmente "Foto Melo") , tirada ao largo do Porto Grande, Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde... Dois meses depois seria atacado e afundado pela aviação alemã, na campanha dos Aliados no Norte de África.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 29 de setembro de 1942 > Navio inglês, não é indicado o nome no verso... "Esteve em S. Vicente no dia 29 de setembro com diplomatas. [Eu] estava no hospital quando ele cá esteve". 

Foto do álbum de Luís Henriques (1920-2012), natural de Lourinhã, distrito de Lisboa,  ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, no Lazareto, entre junho de 1941 e setembro de 1943, em missão de soberania (. Este e outros batalhões foram entretanto integrados RI 23.).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem do nosso leitor Edson de Lima Lucas:

Data - segunda, 29/08/2022, 22:24  
Assunto - Identificação de navio

Olá,

Sou um entusiasta por navios e ao longo da vida adquiri uma boa experiência para identificá-los. Por isso estou dando uma ajuda no seu excelente site ...

Na publicação de quinta-feira, 20 de agosto de 2020, o navio de 3 chaminés em foto de 29/09/1942 (*),  trata-se do inglês Narkunda, da P&O Lines, construído em 1920. 

 Originalmente era de passageiros mas em 1940 foi adaptado como transporte de tropas e em 14/11/1942 foi torpedeado em Bougie, Norte da África.

Foto raríssima como transporte de tropas.

Espero que tenha gostado das explicações.

Edson de Lima Lucas
Rio de Janeiro/Brasil

2. Comentário do editor LG (**):

Edson, estou-lhe muito grato pelas suas explicações que vêm enriquecer a legenda da foto do navio de transporte de tropas inglês, Narkunda,  da P&O Lines, tirada ao largo do Porto Grande, Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde (então ainda colónia portuguesa). A data deve estar certa, 29/9/1942.  Presumimos que a fotografia seja da Foto Melo, a célebre casa de fotografia do Mindelo, de que os expedicionários eram grandes clientes.

Na realidade, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

O Nkarkunda será atacado e afundado dois meses depois, ao largo da cidade  portuária argelina de Bugia, no Mediterrâneo, motrrendo 31 tripulanets. Leio aqui no sítio The Old Peninsular & Oriental Steam Navigation Company > c. 1835-1972 > SS Narkunda > From the evacuation of Singapore to the North African landings

(...) "Narkunda, under the command of Captain L. Parfitt, D.S.C., was serving as an auxiliary transport during the Allied landings in French North Africa in November 1942. She disembarked her troops at Bougie and had turned about for home when, towards evening on the 14th, she was bombed and sunk some distance off Bougie. Thirty-one persons were killed. Captain Parfitt was among the survivors.

"Bombed and sunk by German aircraft off Bougie, Algeria, passing Cape Carbon (36°52’N-05°01’E). She had just landed troops for the North African campaign and was about to return to the UK when the attack came out of cloud cover and she was hit heavily on the port side and astern. 31 crew were killed. The survivors were picked up by the minesweeper HMS Cadmus and returned to Britain by P&O’s Stratheden and Orient Line’s Ormonde." Source: The P&O Heritage Archive. (...) 

Tradução Google Translate / LG:

(...) O Narkunda, sob o comando do capitão L. Parfitt, D.S.C., servia  como transporte auxiliar de tropas durante os desembarques aliados na costa do Norte da África Francesa,  em novembro de 1942. Desembarcou tropas em Bugia, Argélia, e estava de volta a casa quando, à noite do dia 14 ,  foi bombardeado e afundado a alguma distância de Bugia. Trinta e uma pessoas foram mortas. O Capitão Parfitt estava entre os sobreviventes.

"Bombardeado e afundado por aviões alemães ao largo de Bugia, Argélia, ao passar o  Cabo Carbon (36°52'N-05°01'E). Tinha acabado de desembarcar tropas no âmbito da campanha do Norte de África e estava prestes a regressar ao Reino Unido quando o ataque surgiu, sob o céu enevoada,   sendo fortemente atingido a bombordo e à ré. 31 tripulantes foram mortos. Os sobreviventes foram recuperados pelo caça-minas HMS Cadmus e trazidos para a  Grã-Bretanha pelo Stratheden da P&O e Ormonde da Orient Line ". Fonte: P&O Heritage Archive. (...)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17390: Meu pai, meu velho, meu camarada (54): Navios, do álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, no Lazareto, entre julho de 1941 e setembro de 1943, em missão de soberania, juntamente com, entre outros militares, o fur mil e futuro cap SGE e escritor Manuel Ferreira (1917-1992), o autor de "Hora di Bai", de quem Leiria está a celebrar os 100 anos de nascimento

(**) Último poste da série > 17 de setembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22549: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (125): O nosso Blogue foi contactado por uma sobrinha-bisneta de Cunha Gomes, Régulo da Tabanca de Binhante (Teixeira Pinto) nos anos 70 (Jorge Picado)

Guiné 61/74 - P23579: Os nossos seres, saberes e lazeres (522): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (2)



1. Depois da prova de vida, o nosso camarada Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), que no passado dia 27 de Agosto festejou o seu aniversário, enviou-nos alguns dos seus trabalhos de pintura que estamos a mostrar na série "Os nossos seres, saberes e lazeres".
Pavão - Acrílico sobre papel - 30X42
Flamingos - Acrílico sobre tela - 70X100
Garça - Lápis de aguarela sobre papel - 30X42
Pássaro - Aguarela sobre papel - 30X42
Maassais em Zanzibar - Pastel de óleo sobre papel - 30X42
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23570: Os nossos seres, saberes e lazeres (521): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (1)

Guiné 61/74 - P23578: Notas de leitura (1487): "Sinais de Vida, cartas da guerra 1961-1974", por Joana Pontes; Tinta-da-China, 2020 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Janeiro de 2020:

Queridos amigos,
Temos aqui um olhar singular sobre a correspondência trocada entre militares e família e amigos, uma sala de conversa onde cabem namorados, pais e filhos, amigos e camaradas de armas e muitas madrinhas de guerra. Joana Pontes disseca admiravelmente as mentalidades, o papel do homem ainda cheio de autoridade, o mundo rural a caminho do abandono, os sinais de desenvolvimento, a muita gente que parte para o estrangeiro à procura de melhores condições de vida. E ver-se-á à frente, quando a abordagem for o modo de viver a guerra, que até se ultrapassam os limites impostos pela censura, há quem se vanglorie das suas façanhas, quem chore os amigos mortos e feridos. Enfim, um olhar sobre documentos, necessariamente de valor limitado, mas que podem contribuir para entender como estes jovens mudaram lá fora numa sociedade que mudava cá dentro.

Um abraço do
Mário



A correspondência da guerra colonial: uma amostra de mudanças em Portugal (1)

Mário Beja Santos

Trata-se de um belíssimo trabalho, de uma fecunda investigação, é uma das obras mais originais que até hoje se produziu em torno dos olhares sobre a guerra colonial, documento a partir de agora indispensável: "Sinais de Vida, cartas da guerra 1961-1974", por Joana Pontes, Tinta-da-China, 2020. 

Joana Pontes é doutora em História na especialidade de Impérios, Colonialismo e Pós-Colonialismo, tem currículo firmado no jornalismo televisivo e foi membro da Direção da Liga dos Amigos do Arquivo Histórico-Militar. Colaboradora no Projeto Recolha, destinado a evitar o desaparecimento da memória escrita da guerra, acompanhou de perto a chegada de um arquivo fecundíssimo, pois foram contabilizadas cerca de 4400 cartas e aerogramas, aproximadamente 11300 páginas, operação que decorreu entre 2003 e 2010. 

Recordo que ainda hoje não é difícil encontrar aerogramas e cartas deste período na Feira da Ladra, o artista Manuel Botelho adquiriu na Feira da Ladra um acervo da correspondência de um casal, ele fazia a sua comissão no Bachil, a 25 km de Cacheu, deu origem a uma instalação. Uma correspondência espantosa, há os entusiasmos iniciais, os projetos que ficaram adiados dois anos, em dado momento há sinais de desalento, parágrafos onde se manifesta o acabrunhamento, a dúvida, o fogo lento da solidão, por vezes pavorosa. Quantos casais não partilharam esta esfera sentimental?

No prefácio da obra, Aniceto Afonso dá-nos uma explicação comportamental dos ex-combatentes:

“A relação dos ex-combatentes com a sua memória da guerra teve um percurso complexo. Começou timidamente após o 25 de Abril, estagnou por vários anos e acabou por florescer em torno da passagem do século. A partir daí, multiplicaram-se os fóruns, os livros de memórias (ficcionados ou não), as entrevistas, as publicações individuais ou mesmo coletivas. A abundância de depoimentos, de regressos escritos ou falados, de despreocupadas ou penosas intervenções nas redes sociais, onde tantos têm tido oportunidade de contar a sua história, toda esta corrente de informação, de lembranças, de opiniões, vêm colocando, como sempre colocaria, um sério problema aos estudiosos que se dispõem a analisar todo este imenso material, que todos os dias se acrescenta”

E o investigador refere igualmente o interesse manifestado na esfera universitária pelo universo da guerra colonial, nas suas múltiplas vertentes.

Joana Pontes estrutura o seu trabalho em dois enormes módulos: o primeiro intitula-se “As palavras escritas no papel e na alma”, com o subcapítulo “A vida por mensagem”; o segundo “Viver a guerra”.

Confesso que valorizo mais este primeiro módulo, a investigadora é rigorosa nos enquadramentos de um Portugal que caminha para o modelo industrializado e abandona a agricultura. Ela não tem ilusões e escreve:

“A visão de conjunto dada por estas narrativas individuais é necessariamente uma visão incompleta e imperfeita da guerra, mas permite encontrar respostas a questões que são políticas no sentido lato e que se colocam relativamente a este acontecimento: o que é que aconteceu, que importância e consequências teve?”

Elenca os intervenientes, na sua maioria de origem rural, também a maioria pertenceu ao Exército, e apresenta microbiografias dos intervenientes. O aerograma é a principal ferramenta de comunicação; aliás, escasseia o papel, os envelopes e os selos no mato, as chamadas telefónicas eram dispendiosas, qualquer telefonema era marcado com antecedência. Há correspondência que leva desenhos e até poemas. Quando se mandam cartas, escolhe-se geralmente papel fino. Luís, destacado no extremo norte de Moçambique, escreve à mulher o espaço em que está confinado e a importância do correio para os militares:

“Existe em Nangade um retângulo de terra batida onde aterram aviões. Às sextas e terças-feiras sentimo-nos como que impulsionados para junto desse pedaço de terra lisa e barrenta. Todos, iguais, soldados e chefes, são nivelados pela mesma ansiedade e palpitar de emoção. E poucos são aqueles que têm o privilégio de ainda dentro do edifício onde se abrem os sacos de correio receberem o pedaço de papel que lhes revigora a alma e lhes faz sentir menos penoso o calvário. Mas são também poucos aqueles que têm que esconder duas lágrimas quando este privilégio os coloca na situação de simples espetadores…”

E desfilam as emoções, o momento da distribuição do correio, o desalento e até algum desespero de quem não recebe notícias, é o amor de mãe, são as notícias da mulher ou da namorada, é o perceber que a milhares de quilómetros de distância existem raízes e alguém que informa o que por ali se passa, até os falecimentos de outros jovens. É bom que alguém nos escreva lá nosso fim do mundo, aquela frase cala fundo: quando recebo carta tua é uma alegria tão grande que tenho e ajuda-me a viver. Quem está na guerra procura explicar o terreno, o tempo, as tarefas, faz perguntas, vem completamente à tona o quadro de mentalidades: o meter a cunha, o querer a mulher recatada, os códigos cifrados em matéria sexual, a conversa variegada com as madrinhas de guerra. 

As fotografias são da maior importância, o ausente é classificado como ícone: “A tua fotografia está em todos os cantos da casa”. A ânsia por novidades cabe nesta frase, vinda da guerra: “Se souberes novidades manda dizer que eu gosto de saber”. Há famílias em extrema dificuldade financeira, há as fugas a salto para França e outras paragens, em dado momento vão pululando informações sobre o dinheiro da França, o turismo no Algarve, os apoios sociais, o subsídio de Natal. A imagem do homem que manda aparece com muita nitidez, quem está na guerra pede recato, há mesmo saudades de autoridade do macho: tu chegavas os sábados vinhas ainda me batias mas eu tenho tudo guardado quanto passei contigo.

A religião pesa e muito:

“Encontramos inúmeras referências às figuras de devoção a quem se fazem estas promessas: São Lázaro, São Judas Tadeu, São Roque, Anjos da Guarda, Senhora da Hora, Santa Maria Adelaide, Santa Maria Madalena, Santa Sãozinha, Nossa Senhora da Paz, Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora dos Aflitos, que acode a quem vai ter filhos, São José, São Veríssimo, São Sebastião, advogado dos soldados, Santo Amaro, advogado dos ossos e Santa Rita, advogada das coisas impossíveis”

O culto mariano é uma constante nesta correspondência. A Igreja e o Movimento Nacional Feminino não esqueciam a necessidade de manter o moral em alta e levar os militares a um comprometimento maior com o esforço de guerra, patriótico e cristão.

Mas ainda há mais algumas coisas a dizer sobre a experiência da distância de casa, o que chega à guerra e o que da guerra parte para a família e para os amigos.
Exposição/instalação de Manuel Botelho intitulada Cartas de Amor e Saudade, Centro Cultural de Cascais, 2011

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23577: Notas de leitura (1486): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte VI: "Cercados de guerrilheiros por todos os lados", diz o alf mil Ribeiro, no "briefing" da praxe...

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23577: Notas de leitura (1486): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte VI: "Cercados de guerrilheiros por todos os lados", diz o alf mil Ribeiro, no "briefing" da praxe...

 

Croquis, basedo na carta de Bedanda (escala 1/50 mil), abrangendo os subsectores de Bedanda e Cufar... O rio principal era o Cumbijã, de que o rio Ungarinol era afluente (aqui se situava  o porto interior de Bedanda). Em 1965/67, as "barracas" do PAIGC e outros pontos logísticos (com população) vão assinaldos a vermelho... A 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, com sede em Bedanda, ao tempo do cap inf Aurélio Manuel Trindade, "partiu mantenhas" com a gente do mato que vivia por aqui... Em Cufar, estava  a CCAÇ 763 (1965/66), do nosso amigo e camarada Mário Fitas, ex-fur mil oo esp. E mais abaixo, a sede de batalhão, em Catió, sector S3: primeiro o BCAÇ 619 (jan 1964 / jan 1966),e  depois o BCAÇ 1858 (jan 1966 / mai 1967).

Infografia: Aurélio Manuel Trindade / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)










Anúncios de casas comerciais que, em meados dos anos 50, operavam no sul da Guiné, na região de Tombali, na altura o celeiro da província... Fonte:Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (Recolha do nosso camarada Mário Vasconcelos, 1945-2017)



1. Continuação da leitura do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d [c. 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 1965/jul 67, exemplar gentilmente facultado, a título de empréstimo, pelo cor inf ref Mário Arada Pinheiro, com dedicatória autografada do Aurélio Trindade, datada de 13/12/2020] (*).


Mas a patir de agora, tomamos como referência a edição de autor, de 2010 , de 399 pp., il.,, disponível em formato pdf,  na Biblioteca Digital do Exército (Panteras_a_Solta (PDF, 6 MBlink para descarregar o ficheiro em pdf, cortesia do autor e da Biblioteca Digital do Exército).

O cap Cristo ("alter ego do cmdt da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, no período que vai de meados de 1965 a meados de 1967)  não nos explica  por que razão Bedanda  estava em decadência, e isolada do resto do território, com a população dependente do exterior para se alimentar, quando uma dezena de anos antes fazia parte, com Catió e Cacine, do grande celeiro da província (**)...

A Guiné que exportava arroz, teve que começar a importá-lo. A explicação era, naturalmente, a guerra, com a consequente destruição do tecido económico e social do território. Na aregião de Tombali, no sul, a população balanta caiu sob o controlo do PAIGC e os fulas refugiaram-se em Bedanda, A admitraçao civil era totamente inoperante. Como dizia o seu responsável, Fernandes, cabo-verdiano, ao capitão Cristo, no dia em este o foi cumprimentar: (...) "Sou o administrador mas quem manda é a tropa, porque eu estou limitado a ir do posto para casa e de casa para o posto. É uma dura rotina." (... )pág. 19),

Leia-se o, entretanto,  o que o autor escreveu no início do capítulo intitulado "Reforma Agrária" (pp. 76-82):

(...) Em tempos, um outro capitão tentou levar os nativos da povoação a cultivar as ricas bolanhas de Bedanda. Era uma pena ver estas terras que antes da guerra roduziam muito arroz quando trabalhadas por balantas, agora cheias de mato. A população de Bedanda é hoje predominantemente fula, quando a região foi sempre, ao longo dos anos, chão balanta. O fula é fundamentalmente negociante e não gosta muito de lavrar a terra. No entanto, todos nós militares víamos que a actual situação não se podia manter. A população não produzia nem para comer. Vivia, por um lado, do trabalho de guia e da milícia, isto os homens, e por outro, de relações com os militares, as mulheres.(...) 

Veja-se também este diálogo entre o capitão e o régulo Samba Baldé (pág. 77/78)  

(...) "─ As pessoas não têm o que comer, passam muita fome e eu não quero que vivam pior que a gente do mato. Samba, tu és o homem grande e eu preciso de saber o que devemos fazer.
─ Nosso capitão, não há trabalho em Bedanda, apenas na milícia. Mulher é lavadeira da tropa e mais nada. O dinheiro é pouco, não dá para comprar arroz, peixe e óleo. Nosso capitão tem razão. A gente passa fome.
─ Samba, eu não compreendo a tua passividade. É preciso arranjar maneira de toda a população ter comida. Está na altura de preparar a bolanha para semear o arroz. emos muito boa bolanha em Bedanda. Toda a gente vai cultivar arroz. Tu divides a bolanha por todos e verás que ainda sobra bolanha.
─ Nosso capitão não pode ser, fula não cultiva arroz. Fula é comerciante e no seu chão faz arroz de sequeiro, não de bolanha. Fula da população não sabe cultivar arroz.
─ Samba, ouve bem o que eu te digo. Eu sou filho de pessoas que cultivam a terra lá no puto. Eu cultivei a terra. Já aprendi com o senhor Aniceto a cultivar arroz e já andei pela bolanha a ver as terras. Há terras livres para toda a gente. E vamos cultivar rroz porque eu não quero que as pessoas passem fome. Quero que cultivem arroz para comer e para vender. A bem ou a mal vamos cultivar arroz. (...)

O sucesso da sua  "reforma agrária" deve ter sido motivo de orgulho para o cap inf Aurélio Manuel Trindade. Naturalmente, não temos  acesso a outras fontes para comprovar a eficácia e a eficiência das medidas então tomadas pelo capitão. Confiamos no seu testemunho (Ou nas suas memórias passadas ao papel meio século depois).

Para o novo comandante da 4ª CCAÇ, Bedanda é uma ilha, fisica e metaforicamente falando

(...) "─ Ilha,  não digo, ─ diz o Dino [antigo tropa, agora pequeno conerciante]   ─ pois Bedanda é mais uma península cercada de água por todos os lados menos por um que é Guilleje.
─ Sabe Dino, ─ esclarece Cristo ─ eu falava de ilha em sentido figurado, eu não queria dizer cercada de água mas de guerrilheiros, que estão por todo o lado, e Bedanda é de facto uma ilha nesse sentido". (...)  (pág, 22).

E a verdade é que o croquis que publicamos acima, não enganava... Tirando Bedanda e Cufar, a guerrilha parecia estar por todo o lado... Era o "reino do ino" (pp. 354-365): Comumba, Bobedê/Melinde, Cabolol,Incala, Salancaur (já no corredor de Guile), Chugué, Cabedú, Nhai,Buchenon, etc., são topónimos de guerra... E sobre todos eles há histórias que ficaram para sempre gravadas na memória dos bravos de Bedanda e, naturalmente, do capitão Cristo que as viveu e escreveu, com paixão, coragem, inteligência e desassombro...

(...) "Em zonas mais afastadas como Salancaur, Nhai, Caboxanque e Cabolol, só duas companhias dão garantia de sucesso da operação. " (...) (pág. 101). Por sua vez, "Bobedê era considerada uma área onde só se ia com três pelotões" (pág. 107). E estamos a falar de uma companhia que era não de intervemnção mas de quadrícula, da guarnição normal, incialmente constitu+ida por "matrapilhas" (com a velha farda do caqui amarelo, esfarrapada, equipada com a velha Mauser, bebendo o café por latas de salsichas, sem roupa de cama, nem mosquiteiros)...Mas que, quando vai para o mato com o cap Critso,  não vai me "traje de passeio:

(...) "O Antunes prepara fogos de artilharia, a executar à ordem, sobre Samenhite. Levamos rações de combate para um dia, 200 cartuchos por homem, 2 granadas ofensivas por militar, 4 granadas de morteiro 60 por cada morteiro e 3 de lança-granadas por pelotão. Não se esqueçam de verificar se os homens levam água. A água que vamos encontrar é salgada" (...= (pp- 107/108)-

2. Quantos militares estavam aquarelados então em Bedanda, incluindo um pelotão de milícias (40 homens), e eçotão de artilharia, com duas bocas de 8.8  ? 

(...) A companhia tem cerca de duzentos e cinquenta homens na sua maioria negros. Quando na companhia houve uma tentativa de revolta, o Comando do Batalhão fez deslocar para Bedanda duas secções de brancos de outras duas companhias do batalhão. Essas secções ainda permanecem em Bedanda. Deve haver cerca de quarenta brancos, entre oficiais, sargentos e praças, para duzentos e dez negros. No sul da Guiné, em que a maior parte do território está controlado pelos guerrilheiros, existe uma companhia de nativos que soma êxitos sobre êxitos nas operações contra eles." (...)  (pág. 103). 


Embora extenso (pp. 26/27), vale a pena repoduzir a seguir o "briefing",  feito a sério e a brincar (também fazia parte da "praxe" aos "maçaricos", como então se dizia),  ao capitão Cristo, pelo  alf mil Ribeiro, o mais velho e o melhor operacional dos oficais milicianos da 4ª CCAÇ. (Vd. foto à esquerda, fonte: "Panetras à Solta", ed. autor, 2010, pág. 395; descobrimos que se trata de José Augusto Nogueira Ribeiro, natural de Fafe, 1940 - 2017, cor inf ref, condecorado com a "Torre e Espada" por feitos nos TO da Guiné Moçambique, vd. aqui no portal UTW . Ultramar Terra Web, Dos Veteranos da Guerra do Ultramar.)

(...) "─ Meu capitão, estamos na cantina, no ponto mais alto da Companhia. À nossa frente temos um rio navegável que separa, a norte, a área controlada pelos guerrilheiros, é o rio Ungauriuol. Este rio nasce a leste e corre para oeste, indo desaguar no rio Cumbijã que contorna a área da Companhia a oeste. A norte do Ungarinol, começando junto à sua foz, temos uma mata muito densa, mais ou menos paralela ao rio e que serve de esconderijo a vários acampamentos de guerrilheiros de efectivos variáveis mas com capacidade para se apoiarem uns aos outros quando atacados. 

Aoeste e a norte do rio Ungarinol, na mata referida, temos primeiro Incala, um dos pontos fortes dos guerrilheiros donde controlam a navegação não só do rio Cumbijã mas também do Ungarinol. A sudoeste de Incala o rio faz uma curva muito acentuada que é conhecida como a curva da morte. A última vez que a tropa tentou trazer um barco até ao porto interior de Bedanda, o barco foi fortemente atacado nesse local tendo morrido ou ficado feridos vários militares.  partir desse dia a Marinha recusou se a navegar no rio Ungarinol por falta de segurança. 

Desviando a nossa vista mais para leste encontramos primeiro Contumbum e depois Samenhite. Sabe-se que há um acampamento de guerrilha entre estas duas localidades que nunca conseguimos referenciar ou localizar em patrulhas pela zona. A seguir temos Bobedê, um dos pontos fortes dos guerrilheiros para evitar a passagem do rio Ungauriuol pelas nossas tropas. Já ali demos e levámos muita porrada.

 Mais para norte e na outra extremidade da mata fica Nhai e depois Salancaur, esta já no conhecido corredor de Guileje por onde passam os reabastecimentos dos guerrilheiros provenientes da Guiné-Conacri. Salancaur é mais um dos pontos fortes e mais ainda por ser um ponto de passagem, de concentração e descanso antes das colunas aí se dividirem em duas, uma seguindo para sul, para a mata do Cantanhez, onde está o Nino, o comandante guerrilheiro de todo o sul da Guiné, e a outra, atravessando o rio Cumbijã, vai com destino à base de Cansalá que fica para os lados do nosso Comando do Batalhão sediado em Catió

De novo para leste encontramos uma densa mata, já dentro dos limites do Cantanhez, que
é atravessada pela estrada que, vinda de Salancaur, segue depois até Cabedú, a sul dos
limites do Cantanhez, onde está estacionada uma companhia do nosso Batalhão. Não
há ligação entre a nossa Companhia e a de Cabedú. É uma zona completamente dominada pelos guerrilheiros. 

Partindo daqui para leste para alcançar Bedanda, encontramos outra estrada que se embrenha na mata. Esta estrada conduz até à fronteira da Guiné-Conacri, encontra-se cheia de abatizes5, de minas e de armadilhas,  e a primeira tropa que se encontra nessa direcção é um pelotão estacionado no Mejo, já pertencente à companhia de Guileje. Houve em tempos uma ligação terrestre entre Bedanda e Mejo, mas actualmente não conseguimos sequer chegar ao cruzamento para Salancaur. Sempre que tentámos chegar ao cruzamento fomos emboscados e retirámos com mortos e feridos. É uma zona dos diabos que os guerrilheiros querem controlar a todo o custo para garantirem o reabastecimento do Cantanhez. 

Voltando-nos agora para sul, vemos outra mata que, começando nas imediações de Bedanda, termina no rio Cafunebom, afluente do Cumbijã. O Cafunebom pode ser atravessado a vau. Antes de alcançarmos esse o rio, encontramos duas povoações, Cura e Braia. Estão na orla da mata, uma na margem do Cumbijã, a outra voltada para as tabancas de Flanque Injã e Caboxanque. São zonas onde se pode ir com um grupo de combate com muito cuidado pois é possível ter encontros com patrulhas dos guerrilheiros. Cura e Braia estão destruídas e desabitadas. 

Ainda mais a sul, já para lá do rio Bixanque, fica o coração do Cantanhez onde está o Nino, ocupando fortemente vários pontos da mata em que os mais conhecidos são Cadique e Cafal. A sul do Bixanque é já zona de acção da companhia de Cabedú. Para oeste, a nossa zona de acção termina no Cumbijã, via fluvial que é preciso manter a todo o custo pois é por ela que, uma vez por mês, nos chegam os reabastecimentos. É neste rio que fica o porto exterior de Bedanda. 

Este porto, onde já estivemos no outro dia quando da primeira saída do meu capitão, fica a
4 kms de Bedanda, em frente a Cobumba que já pertence à zona da acção da companhia de Cufar. Ponto muito forte dos guerrilheiros que dele precisam para garantirem a passagem e o reabastecimento dos seus acampamentos de Cabolol.

Cobumba é atravessada pela estrada que a cerca de 8 kms cruza com a que vem de Catió. Esta estrada segue depois para Cufar onde está mais uma companhia do nosso
batalhão. Seguindo para norte, até Empada, aí fica ainda mais outra companhia do batalhão. 

Na mata a sul de Cobumba ficam as tabancas de Cabolol e Cantumane, onde é muito difícil entrar. A norte de Cobumba fica Chugué, dominado pelos guerrilheiros, onde em tempos esteve destacado um pelotão da companhia. Uma noite, o pelotão foi atacado, arrasaram tudo e nunca mais lá conseguimos ir. Os sobreviventes do ataque retiraram para o quartel destroçados tanto física como moralmente. Aconteceu o mesmo em Salancaur onde no início existia uma secção destacada. Uma noite a secção foi atacada e só dois soldados conseguiram chegar à companhia. Dos outros elementos ainda nada se sabe, se terão sido mortos ou raptados. 

Resumindo, eu diria que estamos cercados de guerrilheiros por todos os lados e que sempre que saímos do quartel e nos afastamos mais de 4 kms, acabamos a tomar banho nas bolanhas ou nos rios e tiroteio também não nos deve faltar. Terminei a minha exposição. Espero ter sido explícito e desejo que tenha sido útil para o meu capitão poder ficar com uma ideia da área onde veio cair. Nenhuma das companhias mais próximas de Bedanda pode vir em nosso auxílio, em tempo útil se formos atacados. " (...)

Guiné 61/74 - P23576: (In)citações (217): Reflexão (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

© ADÃO CRUZ


REFLEXÃO

adão cruz

Pela minha profissão, sempre tive na minha frente toda a espécie de pessoas, desde a mais ignorante à mais sábia. Respeito tanto os ignorantes como os sábios, os cultos e os incultos, mas não tenho o mínimo respeito pela ignorância e pela incultura. Também não sinto respeito pelo trabalho de quem quer que seja que se dedique, de uma maneira ou de outra, a cultivar a ignorância, a escamotear a verdade e a anular a razão.

Por mais que se pregue e por mais conferências que se faça, nada anula o descrédito em que caíram os donos do mundo ao pretenderem convencer-nos de que as expectativas de paz, liberdade e justiça são possíveis com as suas corrompidas doutrinas ou com as orações a Deus, as quais, pelos vistos, só são ouvidas quando saem da boca dos afortunados e não quando tomam a forma de gemidos na boca dos milhões de espezinhados que morrem às pilhas no deserto do silêncio, da fome e do sangue.

Quem não vive de luxos e excessos, quem considera a paz, a educação e a cultura uma prioridade, quem luta pela justiça social e deseja que o sol nasça para todos, quem considera o amor, a amizade e a solidariedade humana como os maiores valores da vida, quem luta contra a exploração e contra o abismo entre ricos e pobres, de forma autêntica e não através de hipócritas caridades, quem mede a liberdade dos outros pela sua própria liberdade, pode ser o que quiserem, mas nunca será um vencido.

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23548: (In)citações (216): Reflexão (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P23575: Parabéns a você (2096): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1419/BCAÇ 1857 (Bissorã e Mansabá, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23560: Parabéns a você (2095): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70)

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23574: Historiografia da presença portuguesa em África (331): Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Novembro de 2021:

Queridos amigos,
Sabemos que o Padre António Joaquim Dias regressou muito combalido dos seus oito anos e meio de missionação na Guiné, e depois lançou-se ao trabalho, vamos ter as suas impressões no Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira desde 1942 a 1945. Irá ainda publicar um resumo histórico das missões católicas na Guiné, a pretexto das comemorações do V Centenário da Descoberta da Guiné. Infelizmente, depois perdemos-lhe o rasto. Terá seguramente trazido consigo os seus cadernos onde guardou inúmeras referências que lhe serviram para estruturar os artigos que ia publicando, desta feita sobre a organização social e política indígena, a vida familiar, a transmissão de bens, as indumentárias e os adornos, não esqueceu as tatuagens, os penteados que ele classifica de exóticos, até os anéis e anilhas de latão no cabelo, tranças com conchas e moedas, os amuletos em bolsas de couro ou prata lavrada, não deixando de sublinhar que na Guiné era melhor falar em práticas islamizadas do que islamismo, o poder do animismo era muito forte e os religiosos da religião muçulmana tinham a prudência de não serem severos para que o seu proselitismo não levasse ao abandono das práticas religiosas convencionais.

Um abraço do
Mário



Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (4)

Mário Beja Santos

Que grande surpresa, estas Impressões da Guiné escritas por um missionário que ali viveu mais de oito anos, são documentos que ele vai publicando ao longo dos anos no Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira, ainda não sei o que nos reserva este conjunto de cartapácios, a verdade é que há imagens magníficas sobretudo no noticiário guineense. O padre António Joaquim Dias regressou a Portugal depois de oito anos e meio de apostolado missionário em terras da Guiné e resolveu vazar no Boletim Mensal das Missões Franciscanas e Ordem Terceira a partir do número de novembro de 1942 em diante impressões e dados históricos da presença missionária franciscana na antiga Senegâmbia Portuguesa.

O Padre Dias vai-nos dando todas as suas impressões, agora detém-se na organização política e social das etnias, refere que o território está dividido em regulados, assistidos os régulos pelo conselho de anciãos, o poder e ação destes régulos ficaram reduzidos pela Reforma Administrativa Ultramarina, não deixando de referir que vão longe os tempos em que havia de lhes pagar anualmente direitos de suserania. Em termos hierárquicos temos a seguir os chefes de povoação ou de tabanca e que são escolhidos ou confirmados pelas autoridades portuguesas. Os crimes e pleitos entre naturais, julgados e punidos ou dirimidos antigamente pelos chefes e régulos sobem hoje à apreciação, resolução e punição pelas autoridades administrativas. E comenta seguidamente o que distingue morança de tabanca, conceito que consideramos inadequado, mas é o do missionário. Para ele, morança é o conjunto de casas pertencente à mesma família e pode dar o aspeto de grande povoação, principalmente na etnia Brame ou Mancanha. A tabanca é propriamente o aglomerado urbano de várias famílias reunidas em aldeia, embora as palhotas não estejam dispostas em arruamentos e as moranças encontram-se mais ou menos isoladas umas das outras e rodeadas a cada passo de estacaria ou cercado privativo. E dá-se ao trabalho de nos descrever os materiais com que se constroem as moranças, explica a natureza das coberturas e oferece-nos uma curiosidade: “Merece referência especial a palhota dos Balantas. De paredes de barro, amassado com palha de arroz, consta dois pisos sobrepostos. Num e noutro, há divisões que se podem destinar a quartos, armazéns de víveres, currais, etc. Nestes edifícios, as tulhas ou bembas, reservadas aos víveres, são colocadas dentro de casa antes de levantadas as paredes, porque atingem por vezes grande porte e jamais caberiam pelas portas”.

Segue-se uma descrição da organização familiar dos indígenas da Guiné, começa por sublinhar o comando das pessoas de mais idade como elemento predominante, ao lado do papel desempenhado pelos avós e pais. E chama a atenção para o valor económico que reside nos instrumentos de trabalho, nos braços que aram a terra, que lançam a semente, o conjunto de tarefas até à recolha aos celeiros. Quanto ao casamento, diz-nos que geralmente o futuro genro tem de prestar ao sogro serviços vários no amanho das terras. E lança o seu olhar sobre o comportamento que classifica de cruel ou desumano: “Os guineenses rejeitam os gémeos e os defeituosos que antes dos 3 ou 4 anos expõem na selva à voracidade das feras ou afogam nos rios e pântanos. A mesma sorte cabe frequentemente às crianças cujas mães faleçam de parto e ainda às que, por crendice, forem classificadas de feiticeiras. Entre os Manjacos, não pode o indivíduo, criança ou adulto, estar doente mais de 8 a 10 dias. Sucede o mesmo entre os Brames. Aqueles matam-no fazendo ingerir água a ferver; estes abrem-lhe as veias das fontes com uma faca, ou, mais vulgarmente, utilizando vidro de garrafa. Em 1934, surpreendi em Bula uma velhota que terminava esta última operação a um neto, perdido aliás para uma infeção grave de um maxilar”.

Informa-nos igualmente que as missões católicas mantinham e dirigiam um asilo de crianças do sexo feminino em Bor, a sete quilómetros para nordeste de Bissau, a que fora apensada uma secção de creche destinada precisamente a salvar a vida das crianças órfãs e das repudiadas pelos pais. Mais adiante dá-nos uma explicação sobre a transmissão dos bens: “É muito raro o indígena da nossa Guiné dispor dos seus bens em forma testamentária perante as autoridades gentílicas ou europeias. Por uma parte, as usanças tradicionais inibem-no de aliená-los à própria família; e, por outra, ele sabe que serão atribuídos infalivelmente quem pertençam por direito consuetudinário da etnia, fiscalizado pelo régulo. Os filhos não são os herdeiros, nem dos bens nem dos cargos paternos. Refiro-me aos bens de vínculo, ao património da família, recebido dos antepassados que devem transitar para os sucessores certos e legais. Ao herdeiro incumbe fazer a despesa dos funerais ou o Choro pelo falecido. A sonoridade e duração deles depende da fortuna do morto ou dos recursos do herdeiro”.

Dentro da sua observação cabe também o traje e os adornos do indígena. Fala já em processos de aculturação, menciona o contato das etnias autóctones com os islâmicos ou islamizados do Sudão, da Mauritânia e de outras regiões africanas que os levou ao conhecimento dos tecidos e ao aproveitamento do algodão. Lembra que segundo Zurara, os primeiros portugueses que aqui arribaram encontraram árvores de algodão e que os tecidos e peças de roupa eram tidos em grande apreço nas trocas com os portugueses. E elenca essas peças: calção, saias, tangas, chapéus, lenços, cofiós, entre outros. Também está atento a pormenores bizarros e não perde ocasião de os comentar, como é o caso deste: Estava eu a pesquisar neste boletim mensal mais textos do Padre Dias quando me apareceu a notícia de que no dia 8 de dezembro de 1950 tinha sido solenemente sagrada a nova Igreja de Bissau a que chamamos catedral. Dias antes chegara o bispo sagrante, prelado de Cabo Verde, recebido como hóspede de honra da Guiné. Na primeira parte das cerimónias estiveram presentes Monsenhor Ribeiro de Magalhães, franciscano e Prefeito Apostólico, Monsenhor Próspero Dodds, Prefeito Apostólico de Ziguinchor, autoridades civis e militares, missionários e povo. A 8 foi completada a sagração, na presença do governador Raimundo Serrão. “As ruas apareceram à noite ricamente iluminadas, foi queimado vistoso fogo de artifício e potentes holofotes faziam realçar, no negrume da noite calma, a brancura da fachada do novo templo”. No dia 11 teve lugar uma luzida sessão solene comemorativa da celebração.

(continua)

A velha Igreja de Amura
A nova Igreja de Bissau
Assistem à Sagração os Revmos. Srs. Prefeitos Apostólicos da Guiné e de Ziguinchor
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE AGOSTO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23551: Historiografia da presença portuguesa em África (330): Impressões da Guiné de um missionário franciscano, início da década de 1940 (3) (Mário Beja Santos)