sábado, 3 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23583: O Cancioneiro da Nossa Guerra (14): Os Hinos da 4ª CCAÇ (Bolama e Bedanda, 1961/67) e da CCAÇ 6 (Bedanda, 1967/74)



Hino da  4ª Companhia de Caçadores  

(Bolama e Bedanda, 1959/67)


A terrível companhia 4ª CC
Que luta de noite e dia
Não têm medo
Na luta não tem rival
E gritam sempre
Vamos lá malta para a frente
Aqui manda Portugal

Refrão

No tarrafo são panteras
E na mata são leões
Mais do que com as armas
Eles lutam como feras
Lutam com os corações

Lutam sem medo
Nas bolanhas da Guiné
Caçadores nativos
Aos turras batem o pé
Sabem actuar
Em qualquer situação
Avançando sem parar
Gritando sem cessar
Defendemos nosso chão

Refrão

No tarrafo são panteras
E na mata são leões
Mais do que com as armas
Eles lutam como feras
Lutam co
m os corações

Fonte: In "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, 2010, pág. 5. [ Disponível em formato pdf, na Biblioteca Digital do Exército (Panteras_a_Solta (PDF, 6 MB, link para descarregar o ficheiro em pdf, cortesia do autor e da Biblioteca Digital do Exército. Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 1965/jul 67].

Não sabemos a data nem o autor da letra. Mas já devia existir esta letra em 1965/67.  Diz o refrão: " No tarrafo são panteras / E na mata são leões / Mais do que com as armas / Eles lutam como feras / Lutam com os corações"...

Quem escreveu este refrão, não conhecia bem a fauna da Guiné, onde, em 1965, ainda existiam leões (pouquíssimos) mas não não propriamente panteras. "Onça" (termo crioulo para leopardo), sim (nome científico: Panthera pardus) ... O termo "pantera" tende a ser usado para designar três tipos de felinos: 

(i) a pantera africana ou leopardo; 

(ii) a pantera americana ou onça p.d.; 

e (iii) e a pantera negra, que, na verdade, é uma variante melânica do leopardo (Panthera pardus).





Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, adapt de "Guia de Identificação dos Animais da Guiné-Bissau". República da Guiné-Bissau, Direcção Geral dos Serviços Florestais e Caça, Departamento da Fauna e Protecção da Natureza, s/l, s/d, pág. 11 (Disponível em formato pdf, aqui, no sítio do IBAP ,
https://ibapgbissau.org/Documentos/Estudos/Animais%20da%20Guine-Bissau.pdf)


A onça-preta, ou onça-preta, também conhecida por jaguar-preto, é uma variação melânica da onça-pintada (ou jaguar), e só existe no continente americano...A pantera-negra é rara na natureza, sendo muito pouco comum na África e grande parte da Ásia.... A variante é mais comum, nas selvas do sudeste asiático, e até abundante na Malásia. 

È muito pouco provável, pois, que algum guineense alguma vez tivesse visto em Bedanda, u noutra parte da Guiné, uma pantera-negra...e muito menos ainda uma onça-negra...

Também não sabemos como seria cantada este hino (em geral, adaptava-se a letra a uma música conhecida).

A 4ª CCAÇ foi extinta, passando a designar-se, em 1abr67, por CCaç 6 (por sua vez extinta em 20ago74) (*).


Hino da 6ª CCAÇ 
(Bedanda, 1967/74)






O Hino dos Onças Negras da CCAÇ 6 (Bedanda, 196774)


Fonte: "O Seis do Cantanhês", nº 1, 1973 (?)... Jornal mensal (mas só saíram dois números),  "jornal de caserna",  foi criado e dirigido pelo Cap Gastão e Silva, da CCAÇ 6, tinha como redator-coordenador o alf mil Joaquim Pinto Carvalho e, entre outros membros da redação, o alf mil António Teixeira, o nosso saudos Tony (1948-2013)... Foi ele que nos facultou esta página. Não sabemos quem é o autor da letra do hino. nem o ano,  mas, pela  referência à "Guiné Melhor", deve ser do tempo do Spínola (1968/73).(**). 


Enfim, são mais duas peças para o Cancioneiro da Nossa Guerra (***). Esperemos que outras letras  (e músicas) não se percam.

Imagem: © António Teixeira (2011). Todos os direitos reservados.
[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): as aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."

(**) Vd. poste de 30 de Setembro de 2011 > Guine 63/74 - P8842: Cancioneiro de Bedanda (1): O hino da CCAÇ 6, Onças Negras (António Teixeira / Hugo Moura Ferreira)

(***) Útimo poste da série > 28 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23209: O Cancioneiro da Nossa Guerra (13): a "Spinolândia", com letra (parodiada) e música de "Os Bravos", de Zeca Afonso: uma preciosidade encontrada no sítio de "Os Leões de Madina Mandinga", a 1ª CART/BART 6523/73 (1973/74)

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