Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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sexta-feira, 30 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26865: Agenda Cultural (887): Visitas guiadas à exposição "Imaginários da Guiné-Bissau - O Espólio da Álvaro de Barros Geraldo (1955-1975)", patente de 8 de maio a 31 de agosto de 2025, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Rua da Escola Politécnica 56, Lisboa (Catarina Laranjeiro)
1. Mensagem de Catarina Laranjeiro, investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA (FCSH), com data de hoje, 30 de Maio de 2025, dando conta das visitas guiadas à Exposição "Imaginários de Guiné-Bissau", no Museu Nacional de História Natural e da Ciência:
Boa tarde,
Gostaria muito de contar com vocês nas visitas comentadas da exposição Imaginários da Guiné-Bissau: O Espólio de Álvaro de Barros Geraldo, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
A primeira visita é já este domingo!
A exposição, que contou com a curadoria minha e da Inês Vieira Gomes, parte do espólio de Álvaro de Barros Geraldo para questionar o argumento da “manutenção da paz” num território em guerra.
Através de imagens de emboscadas, cerimónias e iniciativas militares e sociais, propõe-se uma leitura crítica desse discurso e dos seus legados pós-coloniais, neste ano em que celebramos os 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas.
O Museu é um espaço fresco, com um belo jardim para quem vier com crianças.
Aqui ficam as datas das visitas comentadas, sempre às 11h00:
01.06 (domingo): Visita comentada por Daniel Barroca e João Egreja
29.06: Visita comentada por Catarina Mateus e Inês Vieira Gomes
13.07: Visita comentada por Ariana Furtado e Catarina Laranjeiro
27.07: Visita comentada por Aurora Almada e Santos e Paulo Catrica
31.08: Visita comentada e debate com Amadu Dafé e Onésio Soda
Um abraço
Catarina
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Nota do editor
Último post da série de 24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26840: Agenda Cultural (886): Entrada livre... O nosso grão-tabanqueiro, luso-guineense, Mamadu Baio & Amigos (incluindo o João Graça, violino, mais 5 guineenses), amanhã, dia 25, no Palácio Baldaya, Estrada de Benfica, 701, Lx, às 17h30, na 16ª edição do festival "Junta-Te Ao Jazz"... Encerra, às 18h30, com o grande Paulo Flores, a voz angolana do kizomba, do semba, da resiliência e da esperança
sábado, 10 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26789: Os 50 Anos do 25 de Abril (38): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte IV
Painel III > " Vocação Colonial" e "Missão Histórica > 1. As Políticas da Terra e os Seus Efeitos em África
1. É uma visita necessariamente resumida" a esta grande exposição, que pode ser vista até 2 de novembro de 2025. (Há visitas guiadas, tem que se reservar.)
O terceiro painel (*) tem como subtemas os seguintes (pelo menos, os que eu registei na minha máquina fotográfica), e que são profusamente ilustrados com imagens da época (mais de Angola, Moçambique e São Tomé, e muito menos da Guiné, que não era uma "colónia de povoamento"):
(i) as políticas da terra e os seus efeitos em África;
(iii) a "branquização" dos territórios coloniais.
A exposição é muito rica do ponto de vista documental, com se pode aferir pela pequena amostra que apresentamos (seleção de c. de 220 imagens que fiz de metade dos painéis; anda tenho que lá voltar paar ver o resto...)
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Si bo skrevê-m, N ta skrevê-be
Si bo skesê-m, N ta skesê-be ate dia ki bo voltá
Si bo skrevê-m, N ta skrevê-be
Si bo skesê-m, N ta skesê-be ate dia ki bo voltá
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Composição: Amandio Cabral / Louis Morais
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Postes anteriores:
15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26499: Os 50 Anos do 25 de Abril (36): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte II
3 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26456: Os 50 Anos do 25 de Abril (35): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte I
domingo, 23 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26608: Os 50 Anos do 25 de Abril (37): Lisboa, Belém, Museu de Etnologia, até 2/11/2025: Exposição "Desconstruir o Colonialismo, Descolonizar o Imaginário. O Colonialismo Português em África: Mitos e Realidades" - Parte III
De acordo com a legenda, esta imagem é a reprodução de um postal de c. 1906 (Fonte: João Loureiro: "A Sociedade Angolana de há 100 anos", pref. António Barreto. Lisboa: Maisimagem, 2008. pág. 94).
Painel II . "Missão Civilizadora" e "Progresso" > 3. O trabalho indígena: modalidades, violência e denúncias.
sábado, 8 de março de 2025
Guiné 61/74 - P26564: Os nossos seres, saberes e lazeres (672): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (195): Ia passear ao Jardim Botânico, acabei numa exposição sobre fotografia colonial (Mário Beja Santos)

Queridos amigos,
Por aqui andei a bisbilhotar tudo, à procura de fotografias da delimitação das fronteiras da Guiné, não tive sorte, encontrei somente um vídeo que abordava a escravatura e o trabalho forçado, mas não gostei nada de certas perguntas da entrevistadora sobre as expressões fechadas dos fotografados, seguramente que esta senhora não faz a menor ideia que um africano adulto fica sempre numa pose séria perante uma câmara, é um dado cultural, basta folhear as milhares de fotografias do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa e até as crianças, na maior parte dos casos, mostram um semblante onde não pairam sorrisos. Estas exposições que decorrem sob a égide da chamada lógica dos estudos pós-coloniais, tenho para mim, é mais uma moda do que uma categoria científica séria, trabalha-se com o passado com uma leitura de mentalidade do presente, é um processo subliminar tosco de querer pôr a História em tribunal, não dou para esta missa.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (195):
Ia passear ao Jardim Botânico, acabei numa exposição sobre fotografia colonial
Mário Beja Santos
Um dos mais agradáveis passeios que conheço em Lisboa é percorrer a pé a rua da Escola Politécnica, entrar no Jardim Botânico, sentar-me debaixo do caramanchão do jardim do Príncipe Real onde Sean Connery é aliciado para uma operação de espionagem em Moscovo, há lá um cientista dissidente cujos trabalhos interessam aos principais serviços secretos britânico e norte-americano. Sean Connery acaba por se apaixonar por uma russa, a atriz Michelle Pfeiffer, tudo vai acabar maravilhosamente em Lisboa, o romance é de John le Carré, intitula-se A Casa da Rússia, Fred Schepisi realizou o filme. Feita esta pausa vou disfrutar o miradouro de S. Pedro de Alcântara e regresso a penates. Acontece que naquele domingo houve um imprevisto, chamou-me à atenção que havia uma exposição intitulada O Impulso Fotográfico (Des)Arrumar o Arquivo Colonial, que está patente até finais de dezembro de 2024 no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. É sobre esta exposição que vos quero falar, vem na sequência de outra intitulada Visões do Império, que decorreu no Padrão dos Descobrimentos, em 2021, e deu origem a um livro-guia, já aqui referenciado.
Acampamento no Incomati (fronteira), Delimitação das Fronteiras, de Lourenço Marques, 1890-91. Freire de Andrade, de fato branco, no centro esquerdo, e os restantes adjuntos, surgem representados ao centro, ladeados pelos trabalhadores africanos negros que constituem o pessoal da comissão. De modo muitas vezes irrefletido, a organização das pessoas num retrato coletivo, entre centro e periferia, segue a organização social.
Retrato de Freire de Andrade ao estilo africanista, 1890-91. Género de retrato colonial que consistia numa forma de apresentação de si em trajes de colonizador, de cor clara e chapéu, como figura central, ladeado de membros da cultura local
Soldados de Escolta, Comissão da Delimitação de Fronteiras Luso-Belga do Dilolo, 1914-15. Estes soldados eram forças policiais ou militares formadas por africanos negros que obedeciam às políticas de assimilação e eram designados por Sipaios. As políticas de assimilação foram medidas legislativas que promoviam o aportuguesamento dos africanos.
Georgina de Carvalho Ribas (Ambriz, 1882 – Lisboa, 1951). Destacou-se como uma feminista negra e dirigente de organizações como o Partido Nacional Africano, a Liga das Mulheres Africanas ou o Grémio Ké-Aflikana. Diplomou-se em piano pelo Conservatório Nacional de Música e foi uma figura central no movimento de afirmação da cultura africana e emancipação das mulheres negras em Portugal.
Mário Domingues (1900-1977, nascido na Ilha do Príncipe), veio muito cedo para Lisboa, ligou-se na juventude à defesa dos direitos de África e foi porta-voz da Associação de Estudantes Negros e da Liga Académica Internacional dos Negros. Sabe-se hoje que legou uma obra prodigiosa, na ficção escreveu livros de Western e romances do estilo negro, para ganhar a vida produziu obras biográficas de divulgação, nas Edições Romano Torres, não lhe escaparam os principais reis de Portugal e figuras dominantes.
Trabalhos de Campo e Trabalhos de Gabinete. A exposição faz esta representação cenográfica da prática científica inspirada nos dioramas (apresentação artística tridimensional). É uma reconstituição de cenas da vida das expedições, campanhas e depois o trabalho pericial no gabinete, indispensável para apresentar resultados em conferências e/ou publicações.
Um dos focos que considero mais relevantes desta expedição, que apresenta mais situações, competindo ao visitante extrair também conclusões por conta própria, tem a ver com este conjunto de campanhas antropológicas e não só, prende-se com teses que vigoraram sobre a necessidade de fazer o estudo das raças, esta dimensão científica quase que se apaga instantaneamente depois da derrota do nazismo, nunca mais se levantou uma voz científica favorável à existência de raças e à procura do conhecimento do que distinguia o homem superior do das raças inferiores.
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Nota do editor
Último post da série de 1 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26540: Os nossos seres, saberes e lazeres (671): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (194): From Southeast to the North of England; and back to London (13) (Mário Beja Santos)