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sábado, 22 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25673: Humor de caserna (69): O visionário "alfero Cabral", de saudosa memória (1944-2021), que, durante o seu "regulado" (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), ainda quis formar o Pelotão de Caçadoras NATIVAS 63...








Lisboa > Belém >  Monumento aos Combatentes do Ultramar > 10 de junho de 2016 > O nosso "alfero Cabral, de saudosa memória (1944-2021), na Marinha, Força Aérea, Exército e Milícia... Fotos do Mário Fitas (ex-fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67).


Fotos (e legenda): © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementat: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região Leste > Região de Bafatá > Secytor L1 (Bambadinca )> Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 > O "alfero Cabral", sempre benditas entre as mulheres, aqui entre  as suas queridas bajudas mandingas... Visionário, durante o seu "regulado" ainda formar o Pelotão de Caçadores NATIVAS 63...

Foto: © Jorge Cabral (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Na altura, escrevi em comentário ao poste P16191, entretanto readaptado (o "alfero" deixou-nos, inconsolados, em finais de 2021) (*): 

Meu caro "alfero Cabral":

Não te vi, porque fugiste mal o sol começou a apertar mais. Eu fui tarde e só fui espreitar... Mas folgo em saber que os teus problemas de saúde "vão indo e vindo", ou seja. que estás melhor. Como diz o povo, a doença vem a cavalo e vai a pé...

Fizeste bem vir também espreitar a "romaria" do 10 de junho...É um local de encontro obrigatório para os "último soldados do império"... É um local "sagrado" e "simbólico", aquele... onde cada um vai (e vem) com sentimentos às vezes contraditórios...

O nosso Mário Fitas, o "lassa", registou para a posteridade as "mantenhas" que partiste com os 3 ramos das novas Forças Armadas do Portugal Democrático, representadas por 3 gentis militares, do sexo feminino... Não te estou a imaginar, na próxima encarnação, na Marinha, muito menos na Força Aérea. És demasiado terráqueo para te alistares nestas duas armas, "elitistas".,..

A ti, que és um entendido em questões do género, e sempre foste bendito as mulheres, aqui na terra, não te estou a ver, de novo fardado, a não ser como comandante do Pelotão de Caçadoras NATIVAS, lá nos céus... Ou melhor, e já que o poder agora é delas (a frase é tua), não te vejo como comandante do novo Pel Caç Nat, mas como "guia", "guru", "coach", "instrutor", papel que de resto já desempenhavas na tua Fá Mandinga... 

Ainda um dia hás de escrever uma "estória cabraliana" sobre a tua tentativa, gorada por Bambadinca, de criar e formar um Pelotão de Caçadoras NATIVAS... 

Aqueles tenentes coronéis e majores que por lá nos (des)comandaram,  não percebiam nada, nem das poda nem da psico... Infelizmente, nunca chegaste a  submeter  o teu projeto inovador  ao aval do "Homem Grande" de Bissau... Ele certamente que apoiaria, com entusiasmo, a tua proposta, desde que fosse tudo "Por Mor de Uma Guiné Melhor"...

PZ  - Que Deus, Alá e os bons irãs .. e as tuas bajudas te façam boa companhia, l
á no assento etéreo onde agora repousas (**)...

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25627: Efemérides (442): Comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, promovida pelo Núcleo de Matosinhos da LC, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, levada a efeito na Freguesia de Leça da Palmeira (LC / Carlos Vinhal)

Realizou-se em Matosinhos - Leça da Palmeira, a cerimónia de comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, promovida pelo Núcleo, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira.
Pelas 10H15 iniciou-se a cerimónia com a concentração dos participantes em frente ao edifício da Junta, sendo de seguida içada a Bandeira Nacional pelo Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Sr. Paulo de Carvalho. Ao mesmo tempo que o grupo de sócias e sócios do Núcleo entoava o Hino Nacional, o clarim dos Bombeiros de Matosinhos e Leça da Palmeira, solicitado para o efeito, fez os toques adequados àquela cerimónia.

Pelas 10H30 foi dada continuidade ao programa no cemitério local - Talhão Militar da Liga, onde se encontravam posicionados o porta-guião, o clarim e uma Guarda de Honra composta por sócios combatentes.

Procedeu-se à chamada dos combatentes leceiros mortos na Guerra do Ultramar pelo Vogal da Direção José Oliveira, seguida da deposição de duas coroas de flores no Talhão pelo Presidente do Núcleo e pelo Presidente da União de Freguesias.
A cerimónia continuou com o Toque de Homenagem aos Mortos e foi guardado um minuto de silêncio com cântico de um salmo pelos sócios presentes para o efeito, terminando com a evocação religiosa pelo Rev. Padre Francisco Andrade.
Posteriormente foram feitas pelo Presidente do Núcleo e pelo Presidente da União de Freguesias alocuções alusivas ao ato. Os discursos realçaram a importância de homenagear a memória de todos aqueles que, ao longo da nossa História, tombaram no campo da honra, nomeadamente na Guerra do Ultramar.

Para terminar, foi cantado o Hino da Liga dos Combatentes na presença de dezenas de sócios, seus familiares, combatentes e público em geral que estiveram presentes nesta atividade cívica e patriótica.

Fez-se cumprir pela 16ª vez, a tradição de uma iniciativa de um grupo de combatentes leceiros (que são presentemente sócios da Liga) que, antes da existência do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, a realizavam anualmente em Leça da Palmeira, no dia 10JUN.
A Bandeira Portuguesa hasteada no edifício da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira
Sócios da Liga interpretam o Hino Nacional
Guião do Núcleo de Matosinhos da LC e parte da guarda de honra formada pelos Antigos Combatentes
Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC e Presidente da União de Freguesias
O Clarim dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça, senhor Francisco, e o Vice-Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC, SAj Joaquim Oliveira, que coordenou a cerimónia
Antigos Combatentes presentes
Grupo de sócios interpreta um cântico alusivo ao momento
As individualidades que presidiram à cerimónia, vão proceder à colocação das coroas de flores junto ao Talhão da LC existente do Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira
O senhor Pe. Francisco Andrade durante a evocação religiosa
Tenente Coronel Armando Costa, Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC, durante a sua alocução
Paulo de Carvalho, Presidente da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira. no uso da palavra.


Texto e fotos: Núcleo de Matosinhos da LC
Edição e legendagem das fotos: Carlos Vinhal

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Nota do editor

Último post da série de 10 DE JUNHO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25626: Efemérides (441): 10 de junho, "comemorativo da Festa de Portugal", foi fixado em 1929 por decreto da Ditadura Militar

Guiné 61/74 - P25626: Efemérides (441): 10 de junho, "comemorativo da Festa de Portugal", foi fixado em 1929 por decreto da Ditadura Militar

 





Era então presidente do ministério (1º ministro) o gen Artur Ivens Ferraz (1870-1933) e presidente da República, o gen Oscar CarmonaOscar Carmona (1869-1951).

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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25625: Efemérides (440): 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (Excertos de "Em foco", por Ana Rita Carvalho, Jornal do Exército, nº 730, junho de 2023

Guiné 61/74 - P25625: Efemérides (440): 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (Excertos de "Em foco", por Ana Rita Carvalho, Jornal do Exército, nº 730, junho de 2023

(...) Comemora-se, a 10 de Junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. 

A celebração da data nacional remonta a 1880, ainda na vigência da Monarquia, quando se assinalou o tricentenário da morte do poeta Luís Vaz de Camões, devendo-se à iniciativa de Teófilo Braga e de uma comissão executiva, curiosamente composta, na sua maioria, por republicanos. Foi contudo o deputado Simões Dias  quem levou ao parlamento um projeto para que o dia 10 de Junho fosse considerado o dia festivo nacional e assim viria a ser. 

A evocação do poeta maior da Língua Portuguesa e a sua identificação com o Dia de Portugal adquiriam então um grande simbolismo, pautado também por forte marca ideológica, fazendo reemergir o lado épico da História, tendo nesse contexto particular um sentido regenerador, o de recuperar um passado glorioso. E assim prevaleceria. 

A figura inigualável de Camões desde há muito se tornou um símbolo de Portugal e é quase um lugar-comum citar o Poeta nos discursos oficiais, sendo ele um referente máximo dos valores e da cultura nacionais, convertido numa espécie de brasão, uma imagem representativa de um percurso de vida que condensa a nossa História, feita de ciclos de grandeza e decadência. 

A comemoração do tricentenário da morte do Poeta, em 1880, provém de um “culto da humanidade” e de um sentido laico (herdado da Revolução Francesa), veiculado em “representações simbólicas do Estado-Nação para consensualizarem o seu poder (…) substituindo formas e funções do ritualismo religioso para construir uma nova memória nacional” (...). 

Curiosamente, estas novas formas de ritualismo de cariz civil permanecerão, durante todo o século XX e até à atualidade, atravessando regimes políticos diversos e múltiplas representações sobre Portugal. 

 Já na vigência da República, em 1929, o 10 de Junho é decretado como feriado nacional, e durante o Estado Novo foi comemorado como “Dia de Camões, de Portugal e da Raça”, sendo ainda presentes, na memória de muitos portugueses, os majestosos desfiles militares que decorriam na Praça do Comércio, em Lisboa, onde se homenageavam os combatentes em África e onde eram condecorados postumamente os militares mortos em combate. 

Depois do 25 de Abril de 1974, a data adquiriu nova designação, passando a “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, por decreto de 4 de março de 1977, assumindo novo simbolismo, ao abarcar as comunidades portuguesas espalhadas pelos cinco continentes, numa visão universalista, tendo a uni-las a Língua Portuguesa, com que o Poeta épico imortalizou os feitos do seu singular Povo.

A identificação com as Forças Armadas prevaleceu, atravessando regimes políticos diferentes e formas de celebração também diversas. Talvez porque a História de Portugal é indissociável das suas Forças Armadas e em particular do Exército Português, desde a fundação de Portugal até um passado mais recente. 

A associação do Exército ao Dia de Portugal sublinha, assim, o caráter eminentemente nacional da Instituição Militar. E também a sua crescente modernização e internacionalização, quando se pensa nos últimos 30 anos e na projeção de Forças Nacionais Destacadas, em que o Exército tem contribuído para a construção da Paz, a estabilização de territórios massacrados pela guerra, a reconstrução de Estados falhados, destacando-se na salvaguarda da vida humana, na defesa do Direito internacional humanitário e na promoção dos valores da liberdade e da democracia. 

Por outro lado, a participação do Exército em missões de apoio à paz, de cooperação e outras tem também reforçado o estatuto de Portugal em organizações internacionais, como a ONU, a UE e a NATO, bem como junto de países amigos e aliados, no âmbito da sua política externa.  

Porém, a identificação entre o Exército e a Nação, ou os Portugueses, subliminar ou explícita, através da celebração ritualizada de efemérides como o Dia de Portugal e de Camões, o Dia dos Combatentes ou o próprio Dia do Exército, significa também a partilha de uma identidade cultural, de um modo português de ser, de estar e de se relacionar com os outros. Um modo de ser e estar que tão bem têm caraterizado a atuação dos nossos militares além-fronteiras, facilitando a sua adaptação aos teatros de operações mais diversos, a integração entre povos e culturas em tudo diferentes, contribuindo inegavelmente para o sucesso das missões em que se têm envolvido. (...)

Também neste sentido a evocação de Camões ganha atualidade, tendo ele mesmo sido militar e percorrido os marítimos caminhos atravessados pelos navegadores, heróis da sua epopeia, Os Lusíadas, isto é, os Portugueses. E, como Poeta, cantado a viagem (e dispersão de uma alma errante) e abarcado a experiência de um momento entre todos glorificado na História de Portugal, fixando os mitos e as memórias mais vincados no coletivo da História, e convertendo a memória desse tempo em escrita poética, identificando-se ele próprio com o Portugal que cantou. Os Lusíadas são, por isso, o livro identificador de Portugal e não por acaso o seu autor é o rosto de uma Pátria que fez coincidir a data nacional com a da morte do Poeta. 

A viagem e a errância personificadas na vida e obra de Camões são também metáfora da História nacional e readquirem significado neste tempo de globalização e universalidade, em que as fronteiras tradicionais se esbatem e que as alianças de países – mormente a nível da Defesa e da Segurança, corporizadas pelas suas Forças Armadas – se torna uma realidade não só necessária mas imperiosa. É que, se por um lado se assiste ao fenómeno da globalização, por outro, reemergem separatismos regionais, cisões ideológicas e políticas e o acentuar de extremismos que resultam num processo contrário de fragmentação e atomização, numa lógica paradoxal. 

Comemorar o Dia de Portugal adquire renovado sentido num tempo de globalização, em que o País cumpre uma ancestral vocação, iniciada há seis séculos, quando se lançou ao “mar sem fim” como o definiu Fernando Pessoa, permanecendo, para além da memória histórica, uma comunidade de países unidos pela nossa língua. A Língua Portuguesa, que Camões elevou à mais apurada expressão, é hoje falada nos cinco continentes por cerca de 250 milhões de pessoas, sendo, como destacou o Chefe de Estado, “a quinta língua mais falada [no] mundo, a segunda língua mais falada no hemisfério sul, e, também, no hemisfério sul a segunda mais usada no digital.” 

Através da Língua Portuguesa e, muito para além do império territorial, permanecerá um espaço cultural que une os Países de Língua Oficial Portuguesa e neles encontra traços de identidade e  de afetividade reconhecidos num falar comum. 

A lusofonia constitui hoje o horizonte global de uma nova lusitanidade, onde o passado se reúne ao presente e a cultura e identidade nacionais dialogam com outras culturas, diálogo no qual sai reforçada a identidade indefetível entre Países de Língua Oficial Portuguesa. 

Neste espaço (e tempo) da lusofonia acentua-se igualmente a ligação entre os elementos da tríade “Portugal”, “Camões” e “Comunidades Portuguesas”, a que se acrescenta um quarto elemento comum e seu elo de ligação, as “Forças Armadas”, elementos todos eles convocados na data nacional.  (...)

Fonte: Excertos de Jornal do Exército > n.º 730, junho 2023 : Em foco > Ana Rita Carvalho  >  Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, pp. 6/10.

https://assets.exercito.pt/SiteAssets/JE/Jornais/2023/jun/730.pdf

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos e itálicos: LG) (Com a devida vénia...)

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domingo, 26 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25562: Viagem a Timor: maio/julho de 2016 (Rui Chamusco, ASTIL) - Parte IV: um encontro, privado, com Ramos Horta, colega de escola do Gaspar Sobral


 Retrato oficial do atual presidente da República Democrática de Timor Leste, José Ramos-Horta (n. 1949): Fonte: Wikimedia Commons (com a devida vénia...)

Tem uma págna oficial na Net, em inglês: https://ramoshorta.com/ (Presidente de Timor Leste, Prémio Nobel da Paz em 1996, Construtor da Democracia). Foi também diplomata: conhece a Guiné-Bissau (ver aqui a entrevista que deu à Rádio ONU, quando deixou o cargo de enviado especial do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau em 29 de junho de 2014: parte I e parte II)



1. Continuação da publicação das crónicas do Rui Chamusco, relativamente à sua primeira viagem e estadia de dois meses em Timor-Leste (de 5 de maio a 7 de julho de 2016) (*).


O Rui Chamusco, nosso tabanqueiro nº 886, é professor de música, do ensino secundário, reformado, natural da Malcata,  Sabugal, a viver na Lourinhã. Tem-se dedicado de alma e coração a um projeto de solidariedade no longínquo território de Timor-Leste (a 3 dias de viagem, por avião, a cerca de 15 km de distância em li ha reta). É cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor-Leste.

A ASTIL irá construir e inaugurar, em março de 2018, a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), nas montanhas de Liquiçá (pré-escolar e 1º ciclo).

A primeira viagem do Rui a Timor Leste, em maio de 2016, foi exploratória mas é nessa altura que ficará decidido construir-se uma escola nas montanhas de Liquiçá, em Manati / Boebau. Nesta viagem (e estadia de dois meses) , fez-se acompanhar do luso-timorense Gaspar Sobral, outro histórico da ASTIL, que há 38 anos não visitava a sua terra natal. Em Dili eles vão ficar na casa do Eustáquio, irmão (mais novo) do Gaspar Sobral. Acompanhamos também o dia a dia desta família, que vive no bairro Ailoc Laran, e que durante a ocupação da indonésia viu a sua casa incendiada, tendo-se refugiado nas montanhas como tantos outros timorenses.

Dessas crónicas de 2016, sob a forma de diário, decidimos publicar uma boa parte dos apontamentos, dado o interesse documental que nos parece ter para os nossos leitores que, tal como nós, ainda sabem pouco da história, da geografia, da cultura  e dos usos e costumes  dos nossos amigos e irmãos timorenses. Para além da grande generosidade humana e do talento literário do autor, são crónicas com "cor, sabor e humor", que acrescentam algo mais sobre a sociedade timorense de ontem e de hoje, incluindo pequenas histórias de vida.


Viagem a Timor: maio/julho de 2016 - Parte IV:   um encontro, privado,  com Ramos-Orta  

por Rui Chamusco (*)



Rui Camusco e Gaspar Sobral (2017).
A família Sobral tem um antepassado
comum que foi lurai, régulo,
no tempo dos portugueses.
As insígnias do poder (incluindo a espada)
estão na posse do Gaspar,
que vive em Coimbra.
Foto: LG (2017).

(Continuação)



1 de junho de 2016, quarta feira– Dia Mundial da Criança

Quase não me dava conta da efeméride, caso não fosse a Adobe (sobrinha do Gaspar, filha do Estáquio e da Aurora) a lembrar-me quando chegou da escola.

Com tantas crianças à minha volta, imediatamente dou comigo a pensar nas crianças de todo o mundo e particularmente destas crianças que tanto necessitam do nosso apoio para poderem crescer em estatura, sabedoria e graça.

Penso também nas crianças de todo o mundo, particularmente nos países super desenvolvidos, que apesar de terem tudo o que 
precisam, vivem infelizes e sempre a exigirem 
coisas demais. Nada as satisfaz, e por isso 
são birrentas, agressivas, mandonas, difíceis 
de contentar e de educar. (...)

2 de junho de 2016, quinta feira – Contagem decrescente

Daqui a um mês será o regresso a Portugal. Os dias vão passando e a nossa missão vai sendo cumprida. Da minha parte está quase tudo resolvido. Por isso posso partir em paz. Da parte do Gaspar muito falta ainda fazer: entrevistas, contatos, mais isto, mais aquilo. (...)

Quanto a mim, gostava de ir visitar o meu primo Quim, que está na Austrália, mas as complicações de viagens estão a desmotivar-me. Tenho de admitir que os preços dos voos são um exagero, propriedade de gente rica. Neste momento em que precisamos do dinheiro como de pão para a boca, devido aos projetos em curso, não me sinto à vontade para gastar tantos dólares em viagens. Será mais prático e económico viajar diretamente de Lisboa para Melbourne que de Dili para Melbourne. A não ser que mude alguma coisa bem me parece que a visita ao Quim ficará para outra vez.

Entretanto, vamos andando na implantação da escola e no programa de apadrinhamento que são neste momento ações mais importantes. Desculpa, Quim!...

Dia 3 de junho de 2016, sexta feira - Preparando a viagem de regresso

Até parece que estou com pressa. Estes sentimentos contraditórios de querer estar aonde não estamos corroem o corpo e a mente. Será a saudade, sentimento tão português?... Mas não. Como cantava António Variações, “ eu só quero estar… aonde eu estou.” Ou então como diz o povo: “Quem está mal que se mude”.

Então porquê todo este frenesim com a viagem de regresso? Ora o nosso amigo Gaspar decidiu alterar os seus planos. Tem a viagem de regresso marcada para fins de setembro e agora quer antecipá-la para princípios de julho, aquando da minha marcação. E vai daí “telefona à tua sobrinha para proceder à alteração”. Azar! Não há disponibilidade para o mesmo voo nem para o mesmo dia. De modo que os amigos terão que viajar separados, a não ser que algo aconteça em contrário.

5 de junho de 2016, domingo - Esta salutar promiscuidade

Quem pensar que já viu tudo no caminho do progresso e que voltar às origens é um atraso está completamente enganado. Aqui, em Ailok Laran, tudo é diferente. A natureza é maestra e tudo dirige em harmonia perfeita, com acordes dissonantes às vezes, num entendimento permanente entre pessoas, animais, aves, plantas, etc…

Todos são livres de circularem por onde lhes apetecer. A privacidade não é coisa que se preze. Portanto não é de estranhar que galinhas, pardais, lagartixas (teque-teque) ou outros seres em liberdade te visitem em qualquer parte onde estiveres, e livremente te saúdem (outros dirão, incomodem) sem qualquer protocolo. O acesso aos espaços é comum, as crianças em grande número, como pardais à solta, são presença constante, o encontro com familiares e vizinhos é natural. Quem chega é da casa, e é convidado natural para participar na ação presente: conversar, cantar, comer…e outras.

Para o conceito de um europeu evoluído é difícil entender e conviver com a falta de comodidades e as privações deste povo. Mas há valores humanos que esta gente ainda tem que superam todas as carências. Tanto me dá que digam que é uma sociedade que reporta aos anos cinquenta como que rejeitem a lição que este povo nos presenteia. A verdade é que os seus valores são intemporais, ficam bem em qualquer sociedade humana a caminho do desenvolvimento…

Crenças e rituais

Da repente, enquanto estávamos a jantar, mais ou menos pelas 20h30, começou a ouvir-se um toque contínuo de metal que mais parecia uma jante de um carro ou um prato imitando um gongo. Claro que o meu ouvido absoluto captou logo essas ondas sonoras e, perante a pergunta o que é isto, veio de imediato a resposta do Eustáquio: 

"Esta noite com a lua em quarto crescente está a decorrer um eclipse parcial. Quando algo de estranho acontece ()tremor de terra, eclipse ou outros fenómenos naturais) é de tradição tocar, fazer barulho com estes objetos sonoros para avisar Deus de que ainda há homens, gente, cá em baixo, em Timor."

Quem puder entender que entenda!...

O Gaspar com a corda toda

Já não é a primeira vez que me refiro ao Gaspar como pessoa eloquente que usa e abusa da palavra sempre que a oportunidade lhe surja. Com ou não sentido, ele diz que a bandeira de Timor entre os símbolos que ostenta (martelo, arma,….) tem também uma caneta.

Portanto sente-se legitimado para utilizar a palavra escrita e oral como meio de combate e luta pelo seu povo. Até aqui tudo bem. O problema é que quando ele liga o motor, nunca mais se cala. Fala, fala, fala que se farta, com registo de voz grave, incomodativo para quem não quer ouvir mais ou pretende descansar. As suas pilhas “duracel” são de uma validade interminável. (...)

Esta é uma descrição de um amigo e companheiro que, mais que uma ofensa, é um ato de carinho e de estima. Longe de mim denegrir ou difamar seja quem for, muito menos o Gaspar que é uma pessoa muito culta e com um gabarito moral intocável. Umas pancadinhas em tempo certo só fazem bem.

8 de junho de 2016, quarta feira - Emoções fortes


A tarde de hoje foi carregada de fortes emoções. O Museu da Resistência em Dili foi a primeira visita. Inaugurado em 2012, é uma visita obrigatória para quem queira inteirar-se e compreender a história recente deste povo.

Desde a ocupação indonésia em 1975, muito sofreu esta gente. O suporte multimédia do tempo da guerrilha mostra-nos em pormenor as lutas, os ataque, os mortos, os feridos, os suores e os cansaços de um punhado de heróis que, a troco de uma nação independente, arriscaram ou deram as suas vidas abnegadamente. Dizem que em todo este processo de independência morreram mais de 200 mil pessoas.

Neste ambiente carregado de emoções, um episódio para quebrar a “rigidez” de um museu: no átrio, um bando de crianças rodeavam um segurança que, num gesto altruísta, ajudava os pequenos a varejar com um cana os tamarinhos (frutos) da grande árvore que ali mora. Coisas de Timor: o grande e o pequeno, a criança e o adulto, o forte e o fraco, o simples e o complexo… uma amálgama de atitudes e de sentimentos que coexistem em perpétuo devir ou movimento. E assim se vai edificando a nação.

Visita à igreja de Motael

Já por diversas vezes me perguntaram se já tinha visitado a igreja de Motael. Para além de ser um lugar lindíssimo no seguimento da baía de Dili, só hoje me dei conta do valor simbólico que este templo representa no processo da resistência e da independência.

Foi aqui que o jovem Sebastião Gomes foi fuzilado pela tropa indonésia, quando, fugindo da perseguição, tentava esconder-se junto ao altar lateral direito. Confesso que senti uma forte emoção, quase chorei, ao pisar o mesmo chão. O Sebastião foi sepultado no cemitério de Santa Cruz e, uma semana depois, foi organizada uma marcha (manifestação) com deposição de flores na campa do jovem abatido.

O pior estava para acontecer. A tropa indonésia seguiu-lhes os movimentos até que, num ato de brutalidade, disparou inclemente sobre aquela multidão presente no cemitério. Mais de 200 mortos, mais de 200 feridos, mais de 200 desaparecidos, resultado do massacre de Santa Cruz.

Gostemos ou não de Timor, tudo isto nos emociona profundamente. Mas, como diz o provérbio, “por cada flor estrangulada há milhões de flores que florescem “. Timor é um país em vias de desenvolvimento mas com um futuro muito promissor, sem esquecer os seus heróis.

Visita ao sr. Alexandre e família

O senhor Alexandre é o padrinho de batismo do Gaspar, que há dezasseis anos não se viam. De modo que se justificava plenamente esta visita. A família desfez-se em amabilidades não só com o Gaspar mas também com o Eustáquio e comigo, que sou o intruso.

Conversa puxa conversa, sobretudo do eloquente Gaspar, que mais uma vez repete os discursos já ouvidos por mim há não sei quantas vezes. Tudo bem, os outros também precisam de ouvir e de conhecer a sua visão da vida e dos problemas deste mundo. Acabamos por lá jantar, iguarias que ainda nunca tinha provado: sagu (uma espécie de crepes em que a massa provém do miolo do tronco da palmeira), peixe com molho de tamarinho, e outros.

O senhor Alexandre, com 79 anos feitos em maio passado, fez questão que eu soubesse que ele e a família andaram fugidos quase quatro anos nas montanhas enquanto houve a ocupação indonésia. Perdeu dois filhos (machos, como ele diz) e um outro presente completa o relato dizendo que nem chinelos tinham, andaram sempre descalços.

Enfim, as provações e dificuldades estão passadas e vivem neste momento bem, como eu pude testemunhar. Pelo andar da conversa vim a saber que Berta, filha que esteve a estudar Geologia em Coimbra, já tinha estado em Malcata, Sabugal, por duas vezes com a família Gaspar. Berta casou ainda há pouco tempo com um ex-seminarista com o qual travei animada conversa uma vez que sentia alguma afinidade devido ao meu passado e presente. Combinámos encontrar-nos para lhe dar umas lições de acordeão. Que aproveite até 7 de julho…

À família do senhor Alexandre um grande obrigado pela forma como me fizeram sentir: à vontade, como se fosse da casa.



Dia 10 de junho de 2016, sexta fdeira - Dia da portugalidade

Hoje é dia de Portugal, de Luís de Camões, da portugalidade, dos que vivem em territóriportuguês ou na diáspora. Esta é a quarta vez que passo esta efeméride fora do país; em Timor e, para minha surpresa, parece-me que é a vez que mais profundamente esta celebração me atinge, mesmo sem celebrações oficiais, condecorações, desfiles e outras coisas mais.

Logo de manhã, no terreiro da cozinha da casa do Eustáquio, com toda a simplicidade foi cantado o hino como se se tratasse de um grupo coral bem afinado. Não admira pois esta família é toda musical.

Rui Chamusco, o homem dos sete
instrumentos, aqui tocador de acordeão.
Lourinhã (2012). Foto do autor.
Logo de tarde vamos ser recebidos pelo ex-presidente da República Ramos Horta, mas sem qualquer formalidade. Depois de conversar com estes amigos que me rodeiam chego à conclusão que este sentimento de ser português está mais arreigado em Timor Lorosae do que em muitas localidades do território continental.

Será que a opção do atual presidente da República com a comunidade portuguesa de França / Paris tem alguma coisa a ver com esta constatação?... “Oh mia pátria si bella é perduta !", onde estão as tuas conquistas?... Nem Camões, nem Fernando Pessoa, nem Agostinho da Silva estarão contentes com esta perda de memória coletiva. É saudade, é sentimento, é nostalgia. É o que quiserem mas, por favor, não deixem morrer Portugal…


Mais uma festa de anos

Desta vez foram os 59 de uma irmã da Aurora, 
a esposa do Eustáquio, em Bébora. Depressa 
a família ficou junta. Ao toque do acordeão foram 
cantados os parabéns, seguindo-se uma fausta refeição onde nem o vinho faltou. O casal que acolheu o festim foi de uma simpatia sem limite, até no esforço de falarem em português. O acordeão entrou nos corações dos presentes que foram ouvindo algumas interpretações de músicas conhecidas ou não. Não me livrei de muitas palmas e, como era o dia de Portugal, até a “Portuguesa” foi tocada e cantada. Mais umas músicas a pedido e o serão acabou por volta das 23.30h.

Registo com muito agrado a ideia e quase pedido de se criar aqui uma escola de acordeão. Nunca se sabe!...

11 de junho de 2016, sábado

(...) Os políticos também mentem

Sem surpresa, não é verdade? Hoje era um dos dias muito esperado pelo Gaspar – o encontro com o seu antigo companheiro Ramos Horta. Até eu estava um pouco entusiasmado. Mais ou menos à hora combinada lá chegamos nós à Casa (quartel) do ex-presidente da República de Timor. Casa bem guardada, com escolta policial, tivemos que ficar um bom quarto de hora à espera que alguém nos chamasse e deixasse entrar. Engano! Chegou um mensageiro a comunicar-nos que o sr. doutor não nos poderia receber por ter uma agenda sobrecarregada.

Mais uma desilusão, inexplicável para quem não está habituado a estas geringonças. Ainda comentei com o Gaspar:” ou tu entendeste mal ou então isto é uma bagunçada”. Disse o homem de recados para apareceremos segunda ou terça que vem. Sem hora marcada, sem dia certo, será que vale mesmo a pena a visita? O Gaspar já anda a dizer que, perante tantos obstáculos que se deparam em obter as entrevistas desejadas, vai desistir das mesmas. Mais, começa a convencer-se de que não é desejado, talvez figura não grata, entre os poderes timorenses. Vou tentar convencê-lo a ir à entrevista…



A estátua de Cristo Rei. Fonte:
com a devida vénia...


Há males que vêm por bem


Para amenizar as contrariedades que surgiram decidimos fazer uma caminhada até ao Cristo ReCristo Rei. Nada menos que subir 570 degraus, mas que compensa o esforço despendido. Paisagens encantadoras, idílicas que se conseguem avistar ao longo de todo o percurso mas sobretudo lá do morro de Cristo Rei: Ataúro, Indonésia, a antiga ilha das Flores que em tempos foi vendida aos holandeses como forma de o Governador fazer face às despesas correntes, uma vez que de Lisboa não chegava a remessa de dinheiro necessário.

Comentava-se que afinal os indonésios ainda fizeram muita coisa durante a invasão: a catedral, o Cristo rei com todo o caminho do calvário ilustrado pelas cenas da via sacra, etc…etc…

O que é estranho é que, sendo a Indonésia um país onde o islamismo é a religião predominante, tenha presenteado os timorenses que são católicos com obras manifestamente de cariz cristológico. Também há quem diga que isto terá sido uma jogada política para atrair a simpatia pelos indonésios mas que a jogada saiu-lhes ao contrário.

Muitas coisas boas fizeram e deixaram em Timor, mas cometeram um erro muito grave, a saber: a utilização da violência e os mortos que causaram durante a invasão e a permanência. Recorde-se que houve mais de 200 mil mortos, feridos e fugitivos sem conta.

Enfim, só Deus conhece os seus desígnios… mas bem melhor seria que não houvesse vidas perdidas e que os benfeitores deste povo contribuíssem desinteressadamente no bem e no progresso deste país.

A cereja no topo do bolo

Já a noite era entrada quando, ao jantar, o Eustáquio se sai com esta: “Ti Rui, faz uma casa cá que eu dou o terreno, em Liquiçá”.

Confesso que me deixou baralhado mas dou-me conta do grande desejo desta gente que eu fique por cá. Já dizem que eu não sou malaio (estrangeiro) mas timorense. Estão com receio que eu parta para Portugal no dia 7 de julho e que não volte mais. Sofrem já por antecipação, pois dizem que as saudades vão ser muitas.

Por mais que agente lhes diga que havemos de voltar para a inauguração da escola em Boebau, parece-me que não acreditam. Isto é mesmo assim. Quando abnegadamente nos entregamos a uma causa, encarnando a vida dos pobres, corremos o risco de sermos como eles fazendo parte das suas vidas. Como diz a canção do Ricardo Canta la Piedra, “no queremos a un hombre pregonero; queremos a un hombre que se embarre com nosotros, que viva com nosotros, que beba con nosotros el vino en las tabernas. Los otros no interessan, los otros no interessan…”

Pela parte que me toca só tenho a agradecer estes gestos de estima e de aceitação.

Ailok Laran - abundância de Ailok

Este é o nome da aldeia onde estamos sediados, povoação dos arredores de Dili, no complexo do Bairro Pité. Foi das zonas mais martirizadas pela invasão indonésia. Muitos mortos, feridos, fugitivos, desaparecidos. A maioria das casas foram arrasadas e o seu recheio queimado. Ainda hoje se encontram habitações com esses sinais. A casa dos Sobral também foi arrasada e queimada. Esta habitação foi a primeira a ser construída em Ailok Laran, por isso é um ícone para a família. O Eustáquio procedeu à reparação, que ainda não está concluída por falta de verbas, fazendo assim jus à memória coletiva.

Mas porquê o nome Ailok Laran? Ailok é o nome de uma árvore abundante nesta região e que por isso caracterizou e deu o nome à aldeia. Ailok + Laran que em tétum quer dizer muito.

Ora vim a dar-me conta que eu já conhecia esta árvore em Alter do Chão (e na Lourinhã levada por mim).  Perante esta constatação, e tendo-a eu comunicado ao Eustáquio e ao Gaspar, logo o sr. doutor de leis quis desmentir-me dizendo que era impossível. Perante tanta prosápia propus-lhe uma aposta, ao que ele imediatamente acedeu. Pronto, fica assim: quem perder, paga o almoço ou o jantar. Aguardemos portanto pelas provas, mas a aposta já está ganha para o meu lado.

Em prol dos benefícios para a saúde a casca do Ailok é utilizada em chá ou em masque para dores intestinais (dores de barriga) contra a diarreia. Verifiquei com o amigo Eustáquio que é verdade.

Usos e costumes - influência da religião católica

Timor é um país fortemente influenciado pela religião católica, fruto do longo período de colonização mas sobretudo da presença e testemunho da igreja católica em instituições de ensino e das igrejas espalhadas por todo o lado.

Os timorenses são por essência seres religiosos que, sem vergonha nem complexos, expressam a sua fé naquilo em que acreditam. Quase em todas as casas o “ oratório “ ocupa um lugar de relevo. Imagens de santos, velas, flores preenchem cantos e espaços iluminados todos os dias ao cair da noite.

Uma religião repleta de ritos muito ligados à tradição, que lhe dão um colorido característico, mas devidamente “agiornada” pelos agentes da pastoral eclesial. O respeito e veneração pelo clero é notável. Clero, nobreza e povo são elementos fundamentais a ter em conta no processo de desenvolvimento em curso.

A par de toda esta organização, o povo vai espontaneamente manifestando atos de fé. Quase todos os dias deparamos com ruas enfeitadas (marcadas) indicando que vai haver uma vigília de oração, que dura toda a noite, em que se reza e se canta, se come e bebe, se conversa e se ri. Em maio e outubro é à Senhora do Rosário; no mês de lunho é ao Coração de Jesus. Cada família que o deseje informa a paróquia que atempadamente elabora o calendário das visitas. Ontem, dia 12 de junho, foi mesmo aqui ao lado e tive a oportunidade de ouvir as rezas e cantorias até altas horas da noite.

Mesmo ao lado o sr. Felisberto, homem que já descrevi anteriormente, que não professa religião alguma porque segundo ele o Messias é ele mesmo, teve de aguentar e mais nada. É que aqui ainda não vigora a lei do ruído. Cada um ouve o que quer, como e onde quer. Outros usos, outros costumes…

Dia 13 de junho de 2016, domingo - As árvores morrem de pé!...


Vem este slogan a propósito de uma visita que fizemos ao senhor Silvino que, segundo dizem, é a pessoa mais velha da região. Não sabe quando nasceu mas diz-nos que, quando começou a II Guerra Mndial guerra já tinha 20 anos ou mais. Perguntamos-lhe a idade e ele responde sempre “ tudo acima de 100 “.

Perdeu a conta ao número de netos, bisnetos mas todos sabem que a família é grande. Vive com um neto na sua casa, com dois filhos a morarem nas redondezas. Come bem e dorme pouco, sempre de olho aberto não venha por aí a irmã morte. “omo bem, sinto-me bem, ainda não quero morrer”.

Todos os dias, encostado ao seu cajado, vai até a casa do filho para jantar ( por volta das 18h00). O Ti Silvino tem resistido a tudo ao longo de tantos anos de vida. Não fugiu dos indonésios e, talvez pela sua coragem, a sua casa não foi destruída e queimada. A última prova que teve de superar foi a morte do filho mais velho que, devedores sem escrúpulo, decidiram envenenar, para se livrarem do pagamento das dívidas.

Mas este homem continua com uma enorme vontade de viver, a fazer lembrar a saudosa Palmira Bastos que, também já velhinha, gritava em palco a plenos pulmões: “ As árvores morrem de pé!!!” Obrigado Ti Silvino por nos lembrar que a vida é um dom de Deus e que, por mais anos que a gente viva, nunca a devemos descuidar. Obrigado pela oportunidade de o conhecer, de o ouvir e de lhe apertar a mão. Não o irei esquecer…

Dia 14 de junho de 2016, segunda feira - Laços emocionais muito fortes

Com tantos anos de história a criar laços não será de estranhar que o nome de Portugal seja aqui tão venerado. Se não bastassem os nomes e apelidos que encontramos na maioria dos timorenses, existe nos nossos dias uma forte ligação emocional que tem expressão religiosa, cultural e desportiva. Hoje vou falar evidentemente da desportiva, uma vez que, às quatro horas locais, vão transmitir o jogo de Futebol Portugal-Islândia, jogo de estreia de Portugal no campeonato europeu 2016.

Já estávamos previamente avisados das fortes manifestações sempre que há jogos que envolvem Portugal. Em caso de vitória gritam, cantam e até tiros chegam a dar para o ar. Desta vez não se ouviram disparos pois Portugal empatou, mas sempre que o ataque provocava situações de perigo, a gritaria ecoava pele noite a fora.

Que em Portugal, na França, no Brasil ou qualquer outro país onde houver portugueses se sinta esta vibração forte naturalmente compreensível. Mas aqui tão longe, a vinte cinco e tal mil quilómetros de distância, como é possível haver tanta gente sem ligação direta com o nosso país a vibrar desta maneira? Que laços afetivos são estes que mantêm tamanha transcendência? Se ao menos fosse dada alguma correspondência por parte dos poderes governativos de Portugal!... Aí está: nos corações ninguém manda; ou se gosta ou não se gosta. E viva Timor! E viva Portugal!...

Dia 15 de julho de 2016. terça feira - Visita ao Ramos-Horta

Desta foi de vez! À hora marcada, 16 horas, mandaram-nos entrar para o desejado encontro com esta figura pública timorense, que já foi presidente da República, 1º ministro, ministro dos negócios estrangeiros e que até já ganhou o Prémio Nobel da Paz em parceria com o D. Ximenes Belo.

O encontro foi informal e por isso aconteceu de tudo: piadas, perguntas, respostas, pareceres, notícias, revelações – uma hora e meia de conversa que nos permitiu conhecer melhor esta personalidade. Até o corso, animal bem tratado que faz parte dos habitantes desta mansão, se quis associar ao encontro, concretamente estabelecendo uma relação de lambidelas no meu braço esquerdo e procurando festinhas no lombo.

Tudo estava a decorrer pelo melhor até que o espertalhão do Gaspar tirou o seu amigo e companheiro de escola do sério. Então não é que cometeu a asneira de lhe dizer que pretendia fazer um programa com a entrevista que estava a ser gravada na Rádio Coimbra?

Reação imediata: 

“Estão proibidos de utilizar qualquer declaração minha para fins de campanha ou de publicidade. Se acontecer algo diferente, ser-vos-á movido um processo por rutura de confiança. Isto foi uma conversa entre amigos e nada mais. Entendidos?... Queres uma entrevista para a rádio então manda-me as perguntas por email, e marcamos outro encontro para a entrevista.”

De minha parte está tudo bem porque eu não quero imiscuir-me em politiquice. Da parte do Gaspar, duvido. Tem o coração ao pé da boca e não sei se terá juízo suficiente para calar aquilo que ouviu. Ele já é grande o suficiente para provar que é responsável. Mas confesso que tenho algum receio…

Keos – uma das palavras mais ouvidas em Ailok Laran

Keos é a abreviatura de kiosque. Aqui quase todas as casas têm um pequeno negócio de sobrevivência. Cada um vende o que lhe dá mais jeito, sem necessidade de licenças ou pagamento de impostos. 

Na casa da família do Eustáquio há uma panóplia de artigos que se vendem: pulsas, chocolates, leite indonésio empastado, tabaco, etc…etc… Ou seja, durante o dia e à noite, não há horário de abertura ou de encerramento, ouvem-se constantemente crianças e adultos gritando á janela de serviço: “Keos! Keos!”…

E de um a um lá vão sendo atendidos os pedidos por quem está de serviço. Uma animação constante sem necessidade de megafones, que se junta à animação dos vendedores ambulantes que todos os dias percorrem os becos e ruelas cá da aldeia com os pregões e as bandas sonoras a anunciar a sua passagem e os seus produtos. Grão a grão enche a galinha o papo…

(Continua)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor:

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24921: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (20): 10 de Junho (Só para Patriotas)


1. Em mensagem do dia 30 de Novembro de 2023, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), reapareceu volvidos três anos, enviando-nos esta Boa memória da sua paz, intitulada "10 de Junho (Só para Patriotas)".


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 18

10 de Junho
(Só para Patriotas)


Há um grupo de ex-combatentes da Guerra do Ultramar que se vem reunindo mensalmente em alegres convívios, usufruindo de excelentes “provas” de gastronomia, enriquecidos com admiráveis programas de lazer e de cultura. Neles se cimentaram grandes laços de amizade, solidariedade e camaradagem.

Chama-se “O Bando do Café Progresso” e deve a sua formação a um pequeno grupo de jovens que frequentava assiduamente o “Café Progresso” (o mais antigo do Porto), especialmente no período anterior ao seu ingresso no serviço militar e sua consequente mobilização para a Guerra do Ultramar. Por coincidência passaram maioritariamente pelo mesmo percurso (Caldas, Mafra, Vendas Novas, Tavira, Santarém, Espinho e… Guiné).

Muito mais tarde, o Facebook promoveu a reaproximação de uns e a adesão de outros. Quem fomentou mais a afirmação do grupo foi o saudoso Jorge Portojo. Os membros do “Bando” tratam-se por tu, convivem como irmãos, sem distinção militar, social, clubística, profissional e académica. Cada um vai-se integrando ou afastando livremente, conforme a sua disposição para adaptação à camaradagem, amizade, solidariedade e tolerância. Graças a isso, e a mais de uma dúzia de anos de vivências regulares, temos um bom núcleo de base de grande confiança e amizade. Aqui, ninguém impõe nada, nem é obrigado a nada. Apenas tem de se sentir bem sem chatear ninguém.

Portugal não respeita o dia da sua Independência. Deve ser o único país do Mundo que não festeja o dia da sua independência!

Há quem diga que na “corte” da nossa Capital nunca foi nem será aceite que a fundação de Portugal tenha sido antes da conquista de Lisboa aos mouros.

Graças à grandeza do Camões (muito anterior ao Eusébio, Ronaldo, José Sócrates e Pinto da Costa), os portugueses vêm assinalando a data da sua morte como ponto alto da nossa portugalidade.

E chegou mais um 10 de Junho. Nada de novo: uma descentralizaçãozita das cerimónias para o interior do País e para junto das comunidades lusas de emigrantes no estrangeiro, garantindo assim a participação popular, mais pura e mais patriótica. Oportunidade única para se mostrar alguns adereços locais, mais políticos, mais medalhas discutíveis, mais fardas de vários tipos, incluindo algumas orientadas pela anquilosada/estatizada/Salazarenta Liga dos Combatentes. Mesmo assim, temos vindo a assistir a desfiles de figuras do poder, suas selfies e seus discursos vergonhosamente desenquadrados da importância solene que este Dia de Portugal exige.

Nós, “Bandalhos” do “Bando”, que sempre nos honramos da Pátria que defendemos, que além da Guerra, nos preocupámos e lutámos pela dignidade, honra e solidariedade dos nossos Camaradas, infelizmente pouco conseguimos e muito nos desacreditámos.

Prevalece, isso sim, o espírito “Bandalho”, que nos proporciona a boa ambiência, a amizade e a óptima camaradagem. E sempre manteremos o sentido patriótico com orgulho e muito respeito.


10 de Junho de 2023

Sem políticos, sem fardas, sem desfiles e sem medalhas, o “Bando” poisou, mais uma vez (a 10.ª), na lindíssima povoação de Crestuma,

Concentrados no Miradouro deslumbrante do Largo da Igreja, pelas 12h00 fizemos a Romagem ao Cemitério onde foi depositado um lindo ramo de flores. O Romualdo Silva complementou a Homenagem aos ex-Combatentes locais, enaltecendo a sua prestação militar, espirito de sacrifício e dever patriótico, na defesa do seu País e da sua comunidade.

Seguimos para as instalações do Clube Náutico de Crestuma, onde tivemos a oportunidade de conhecer um dos principais clubes da Canoagem Portuguesa.
Na montra de Troféus do C. N. Crestuma, deparamos com o Troféu Olímpico, que é atribuido ao clube desportivo de maior destaque no período dos 4 anos de Ciclo Olímpico
Como Fundador e Primeiro Presidente (e Honorário) desta Colectividade, “deixaram-me” fazer o papel de Guia. O Clube (propriamente dito) estava ausente, a participar em Provas de Canoagem na Catalunha.

Subimos para a Esplanada, onde prosseguiu o nosso 10 de Junho “à nossa maneira”.
Ali, quase debruçados sobre as águas do Rio Douro, envolvidos numa belíssima paisagem e acarinhados pelo aconchego das nossas queridas, resolvemos homenagear (finalmente!) as nossas Madrinhas de Guerra
Ainda entretidos a “decidir opções” perante a excelente mostra das entradas, o Ricardo Figueiredo já aproveitava para citar Camões, a referência ao dia e o expoente máximo da nossa cultura.
“Eternos moradores do Luzente
Estelífero polo e claro acento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento”


E referiu:
“…Ao longo da nossa história, muitos foram os exemplos de dedicação, altruísmo e coragem de militares que, em cumprimento do dever, sublimaram as suas capacidades ao serviço de Portugal. Foram heróis que connosco partilharam o quotidiano das suas vidas. Afinal, homens simples, capazes de feitos extraordinários.
Ao percorrermos a nossa memória, lembramo-nos dos cerca de 10.000 portugueses mortos e de mais de 54.000 feridos em combate e aí revemos os nomes de familiares e amigos.
E recordamos também aqueles que, ao longo de 9 séculos, deram a vida por Portugal.
Fomos Combatentes!
Somos ex-Combatentes!
Fomos soldados de excepção. Fizemos da distância e da saudade um desafio a vencer, aceitámos a falta de recursos como razão para a iniciativa e para a adaptabilidade fizemos da juventude o tempero da camaradagem.
E é desta lembrança de uma camaradagem fortalecida em tempos difíceis de guerra que resultam os nossos sentimentos de saudade.
Lembramos os nossos camaradas que sobreviveram e os que recentemente da lei da morte se passaram para outra dimensão.


Lembramos:
Jorge Portojo,
Carlos Peixoto,
Armando Santos,
Barreto Pires,
José Valente,
António Piteira,
Francisco Alen
Henrique Azevedo
Carneiro de Miranda
Manuel Maia
…”

Após o minuto de silêncio, procedeu-se à distribuição dos Diplomas de Homenagem às Madrinhas de Guerra, entregues pelos seus próprios afilhados. A nossa geração não esquece.

E a pedido, o Ricardo também leu:

Ex.mas Madrinhas de Guerra
Camaradas Combatentes
Desde miúdos, que nos habituámos a respeitar o 10 de Junho, como Dia de Camões, Dia da Raça. Dia de Portugal.
Era neste dia que se enalteciam os maiores feitos dos Portugueses!
Dia consagrado aos nossos heróis!
Vimos jovens, robustos, firmes, inteiros ou estropiados, garbosamente fardados.
Vimos pais, mães e filhos, vestidos de negro.
Vivos ou mortos, os nossos valorosos Combatentes estavam ali, orgulhosamente, para Honra e Glória da nossa Pátria.
Eram respeitados como a expressão máxima do nosso heroísmo.
Os tempos foram mudando, os combatentes foram esquecidos e as Cruzes de Guerra foram substituídas por grandes e abundantes Comendas.
Agora, os heróis são outros. São experts da política, da economia, da vigarice, do marketing e do chico-espertismo.
Curiosa e vergonhosa a situação reinante.
É que muitos deles (nós também), aguardam da verdadeira Justiça, a desejada e demorada condenação!
Volvido meio século da nossa história, nós, a geração que tudo sofreu,
A geração que em tudo acreditou,
A geração que sempre trabalhou,
Sente-se agora algo envergonhada pela situação a que chegamos.
Sem força, física e anímica, resta-nos a razão moral que nos alimenta vida fora.
Muito fizemos!
Mas muito deixamos por fazer!

É por isso, que, volvido tanto tempo, ainda vivemos preocupados com desejados acertos da nossa História.
Hoje, mais uma vez, lembramos o 10 de Junho, através de uma singela Homenagem.
A Homenagem às nossas Madrinhas de Guerra.
Sem elas, a guerra teria sido outra.
Sem elas, não teríamos vivido a Paz e o Amor.
Sem elas, não valeria a pena viver!
Obrigado Madrinhas de Guerra!
Obrigado Madrinhas no Amor!
Vós sois a razão da nossa existência.
VIVAM ÀS NOSSAS MADRINHAS !!!
VIVA PORTUGAL !!!


Uma inédita e muito singela Homenagem que provocou momentos de grande emoção e ainda de …muito amor.

Foram Homenageadas as seguintes Madrinhas de “Bandalhos”:

Gilda Ferreira - de - José Ferreira
Virgínia Teixeira - de - Jorge Teixeira
Carminda Cancela - de - Jose Manuel Cancela
Margarida Peixoto - de - Joaquim Peixoto
Cândida Rainha - de - Ricardo Figueiredo
Almerinda Freire - de - José Freire
Constantina Silva - de - Fernando Silva
Rosário Guimarães - de - Manuel Cibrão Guimarães
Amélia Fonseca - de - Luis Bateira
Maria Inês Sá - de - Manuel David Sá
Isabel Encarnação - de - João Encarnação
Emília Silva - de - Romualdo Silva
Maria Anjos Ramalho - de - Alberto Moura
Júlia Gomes - de - Isolino Gomes
Eulália Oliveira - de - António Pimentel
Maria de Fátima Carvalho - de - Antonio Carvalho
Umbelina Carneiro - de - Joaquim Carneiro
Constança Lopes - de - António Moreira
Fátima Sousa - de - José António Sousa
Maria José Costa - de - José Sousa
Conceição Claro - de - Damião Carneiro
Fátima Anjos - de - Francisco Baptista
Ana Maria Marques - de - António Duque Marques
Quina Carmelita - de - Manuel Carmelita
Assunção Paupério - de - Rogério Paupério
Constança Maria - de - António Gonçalves
Manuela Campos - de - Eduardo Campos
Fernanda Soares - de - Alberto Godinho
Luísa Lopes - de - José Manuel Lopes

Dia de emoções fortes
No 10 de Junho destes “guerreiros”, o Amor sempre prevalece.
Alimentados os corações, há que abastecer o estômago com a “Paella do Marques”, complementada com mais umas lambarices.
Tudo bem regado com bebidas escuras, brancas e outras e bem-humorado, com destaque para a animação da dupla “Ricardo e Carneiro” e para o grupinho das “Tecedeiras de Crestuma”
Os animadores Ricardo e Carneiro
Grupo das “Tecedeiras de Crestuma”
Já o dia ia longe e ainda “restavam” vários Bandalhos, pacificamente “colados” à terra, quietinhos, quentinhos e em sonolenta recuperação.

“Estes guerreiros são bons
C´o copito no punho
Clamam em vários tons
Pureza no 10 de Junho”


Silva Da Cart 1689
José Ferreira da Silva

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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE AGOSTO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21260: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (19): O Sousa da Ponte… de Pedra