1. Excerto do poste P26948 (*):
Esccreveu o Patrício Ribeiro:
(...) Estes 3 jovens que estão na foto, informaram que fazem parte da “cultura balanta”, vieram das tabancas balantas da região de Bissorã, estes 3 são de Encheia.
Há muitos “choros”, são precisas muitas vacas e porcos, as pessoas ficam com dívidas para pagar durante muito tempo, porque o dinheiro não chega e as festas são grandes, para não ficarem atrás das cerimónias dos amigos. (...)
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Escreveu o Aua Silá (**)
(...) A realização do Toca-Choro para os Mancanhas supõe a crença na imortalidade da alma e a ideia de valorização da solidariedade com os nossos ancestrais, pois o Toca-Choro nos permite manter esse laço de convivência simbólica entre o mundo dos vivos e dos mortos.
A cerimônia de Toca-Choro realiza-se logo após a morte e sepultamento de um falecido, por vezes, acontece um ano depois ou mais, depende das condições da família em conseguir os recursos necessários para a realização da cerimônia, de modo que, neste ritual, são sacrificados vários animais para comunhão (...).
- O primeiro dia se inicia com o toque de bombolom para comunicar o resto da família para participar na mesma cerimónia.
- No segundo dia se começa com cântico e dança no momento de sacrificar os animais (karmusa).
- O terceiro ou o último dia é marcado pela manifestação (festa) em que predomina a “música moderna”.
Acrescenta o editor LG:
(...) Que me lembre, assisti numa tabanca balanta, nos arredores de Bambadinca, a um "choro"... Alguém tinha morrido umas horas ou um dia antes...
(...) Outro espetáculo macabro: num operação do outro lado do rio Geba (margem esquerda), entre o Enxalé e Portogole, num trilho, mas protegido por densa vegetação, encontrámos o cadáver de um guerrilheiro morto : já não era cadáver em decomposição, era um simples esqueleto, vestido de caqui amarelo (!)....
A morte teria ocorrido há uma semana, na opinião dos meus soldados... Mas já não havia um pedaço sequer de pele... As formigas e outros predadores limparam, literalmente, o cadáver... Na natureza nada se perde.. Mas este desgraçado não teve ninguém que lhe fizesse o "choro"...
(...) A propósito do "choro" na Guiné-Bissau...Lembro-me, há muitos anos, um médico guineense, meu aluno (mancanha ou brame), me dizer que tinha de ir à terra fazer o "choro" (a cerimónia do luto) da mãe...Já se tinham passado dois anos depois da morte da mãe... Nesses dois anos andou a trabalhar em Portugal para juntar dinheiro...
E quando lhe perguntei o número de pessoas que ia convidar para o "choro", lembro-me de ter ficado surpreendido: 200 pessoas numa "festa" de muitos dias...
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Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 22 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26948: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (57): jovens balantas de Encheia à porta da Impar Lda... e um mergulho na piscina do antigo Clube Militar de Oficiais













