ºSíndroma de Amok"... Ilustração criada,
para o blogue, pelo Chat Português / GPTOnline.ai , sob instruções do editor LG
1. Escreveu o nosso camarada Jaime Silva, numa nota de leitura sobre o livro "Amok", de Stefan Zeig (*):
(...) "Recordou-me o momento, em que, pela primeira vez, ouvi pronunciar a frase: "deu-lhe o amok". Foi em Ninda, leste de Angola – Terras do Cú de Judas. Em fevereiro de 1970, quando fui render o tenente paraquedista Grão, no comando do 3.º Pelotão da 1.ª CCP / BCP 21. A companhia estava em plena fase operacional e, segundo me fui apercebendo, cada um dos 4 pelotões tinham encontrado forte resistência na zona.
"Entretanto, nas conversas que ia travando com os meus novos camaradas de armas, ouvia-os pronunciar, regularmente, uma expressão que nunca tinha ouvido e desconhecia: 'deu-me o amok, assaltámos a base e demos cabo daquilo tudo'; ou, ainda, 'cuidado com o gajo porque ele hoje, está com o amok'; ou, ainda, 'ninguém pode falar contigo, vai-te curar, estás com o amok'.
"Com o tempo fui interiorizando o significado desse termo. Fui percebendo que se referia a alguém que se tinha 'passado dos carretos', 'não via nada à sua frente' ou que 'estava apanhado do clima'!... Foi neste contexto que fui assimilando o sentido do termo, de tal modo que, ao longo da vida, com alguma frequência e, em circunstâncias de menor ânimo, dizia para comigo: 'hoje, não estás bem!... Hoje, estás com o amok'!" (...) (**)
2. Pesquisa do editor LG + assistente de IA / ChatGPT, Gemini, Perplexity, sobre o termo "amok" / "amoque".
Existe o termo amok (em francês e inglês). Amoque ou amouco, em português.
A síndroma de Amok é, em psiquiatria, uma perturbnação que consiste em uma súbita e espontânea explosão de raiva selvagem, que faz a pessoa afetada atacar e matar indiscriminadamente pessoas e animais que aparecem à sua frente, até que o sujeito se suicide ou seja morto,
A definição foi dada pelo psiquiatra norte-americano Joseph Westermeyer em 1972.
É ainda hoje udsada como sinónimo de "loucura assassina". Mas na aceção que lhe davam os paraquedistas em Angola, ao tempo do Jaime Silva (1970/72), parece ser mais sinónimo de, em linguagem de caserna:
É ainda hoje udsada como sinónimo de "loucura assassina". Mas na aceção que lhe davam os paraquedistas em Angola, ao tempo do Jaime Silva (1970/72), parece ser mais sinónimo de, em linguagem de caserna:
- "estar fodido dos cornos",
- "estar cacimbado",
- "estar apanhado do clima"
- "estar à beira de um ataque de nervos"...
O nome vem do malaio meng-âmok, que significa “atacar e matar com ira", "atacar furiosamente ou lançar-se sobre alguém num estado de raiva incontrolável".
O termo entrou nas línguas europeias através dos relatos de viajantes e colonizadores portugueses e, mais tarde, ingleses, que observaram este fenómeno no Sudeste Asiático, especialmente na Malásia e Indonésia.
(ii) Registos portugueses do séc. XVI
Os portugueses foram os primeiros europeus a testemunhar e a descrever este comportamento. Aparece em registos logo do início do séc. XVI.
Nos textos de cronistas como Tomé Pires, autor da Suma Oriental (1515), e Duarte Barbosa (1516), já se menciona o termo “amouco”. Eles descrevem guerreiros malaios que, após um insulto, humilhação ou perda da honra, “se lançavam ao combate sem razão aparente, matando quantos encontravam, até que fossem mortos”.
Eis uma descrição típica (em ortografia moderna):
“Há entre eles alguns que, tomados de raiva e desesperação, correm pelas ruas com a espada desembainhada, ferindo e matando quem encontram; a isto chamam amouco.” (Duarte Barbosa, 1516)
Aqui está um excerto adaptado da Suma Oriental de Tomé Pires (c. 1515), um dos primeiros registos europeus do termo “amouco”, como era grafado então. Este texto é considerado uma das fontes mais antigas sobre o fenómeno que viria a ser conhecido em inglês como amok:
“Há entre estes malaios alguns que, de súbito e sem razão conhecida, tomam uma fúria tamanha que, correndo pelas ruas com uma adaga na mão, matam quantos acham pelo caminho, até que os matem.
Dizem que, nesse tempo, não sentem dor nem razão, e que é o diabo que os toma. A este furor chamam amouco.” (Tomé Pires, Suma Oriental, c. 1515)
(iii) Contexto histórico:
Tomé Pires era um boticário (farmacêtico) e diplomata português que viveu em Malaca logo após a sua conquista (1511). O seu livro descreve em detalhe as gentes e costumes do Oriente. A referência ao “amouco” mostra como os portugueses foram os primeiros a documentar este comportamento que, séculos mais tarde, seria objeto de estudo da etnopsiquiatria.
Mais tarde, exploradores ingleses e holandeses adotaram o termo, passando a escrever “amok”. No século XIX, a palavra tornou-se conhecida na Europa através da literatura colonial e da medicina tropical.
(iv) Significado em etnopsiquiatria:
A síndroma do “amok” descreve um estado súbito e extremo de fúria homicida em que o indivíduo, geralmente homem, entra num transe violento e ataca indiscriminadamente pessoas à sua volta, frequentemente terminando com a sua própria morte (por suicídio ou pelas mãos de outros). Se for apanhado e desarmado, pode ter um ataque de choro e não se lembrar de nada...
Tradicionalmente, acreditava-se que este comportamento estava ligado a crenças culturais, questoes honra pessoal ou possessão demoníaca.
Os estudiosos modernos (como Linton, Benedict ou Yap) interpretam o amok como uma resposta culturalmente moldada ao stress social e psicológico, comum em sociedades onde a repressão das emoções e a importância da honra (caso do Japão, por exemplo) são grandes.
Os portugueses interpretaram o fenómeno em termos religiosos e morais (como “possessão demoníaca”), enquanto os estudiosos modernos o entendem como uma crise psicossocial aguda, associada a contextos de pressão cultural e perda de honra.
O conceito de amok evoluiu na medicina ocidental, desde os relatos coloniais até à sua inclusão no DSM-4
(v) Uso moderno na psiquiatria:
Na psiquiatria contemporânea, o termo é usado para descrever um comportamento impulsivo, súbito e violento, muitas vezes associado a perturbações psicóticas, depressivas ou dissociativas.
No DSM-4, o “amok” era classificado como uma síndrome culturalmente específica (culture-bound syndrome). No DSM-5 essa categoria desapareceu. (DSM-5 é a sigla de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição, publicada pela APA - Associação Americana de Psiquiatria).
(vi) Curiosidades linguísticas:
Em português antigo, “amoucar-se” chegou a ser usado figuradamente, com o sentido de enfurecer-se subitamente ou perder o controlo, embora hoje esteja praticamente em desuso.
A expressão inglesa “to run amok” (correr como um doido / descontrolar-se completamente) é hoje usada de forma figurada para descrever alguém que fica fora de controlo.
(Pesquisa, condensaçáo, revisão / fixação de texto, negritros: LG)
________________
Notas do editor LG:
(*) Vd.. poste de 7 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27395: Notas de leitura (1859): "Amok", por Stefan Zweig; Lisboa: Relógio D'Água, 2022 (Jaime Bonifácio da Silva, ex-Alf Mil Paraquedista)
“Há entre eles alguns que, tomados de raiva e desesperação, correm pelas ruas com a espada desembainhada, ferindo e matando quem encontram; a isto chamam amouco.” (Duarte Barbosa, 1516)
Aqui está um excerto adaptado da Suma Oriental de Tomé Pires (c. 1515), um dos primeiros registos europeus do termo “amouco”, como era grafado então. Este texto é considerado uma das fontes mais antigas sobre o fenómeno que viria a ser conhecido em inglês como amok:
“Há entre estes malaios alguns que, de súbito e sem razão conhecida, tomam uma fúria tamanha que, correndo pelas ruas com uma adaga na mão, matam quantos acham pelo caminho, até que os matem.
Dizem que, nesse tempo, não sentem dor nem razão, e que é o diabo que os toma. A este furor chamam amouco.” (Tomé Pires, Suma Oriental, c. 1515)
(iii) Contexto histórico:
Tomé Pires era um boticário (farmacêtico) e diplomata português que viveu em Malaca logo após a sua conquista (1511). O seu livro descreve em detalhe as gentes e costumes do Oriente. A referência ao “amouco” mostra como os portugueses foram os primeiros a documentar este comportamento que, séculos mais tarde, seria objeto de estudo da etnopsiquiatria.
Mais tarde, exploradores ingleses e holandeses adotaram o termo, passando a escrever “amok”. No século XIX, a palavra tornou-se conhecida na Europa através da literatura colonial e da medicina tropical.
(iv) Significado em etnopsiquiatria:
A síndroma do “amok” descreve um estado súbito e extremo de fúria homicida em que o indivíduo, geralmente homem, entra num transe violento e ataca indiscriminadamente pessoas à sua volta, frequentemente terminando com a sua própria morte (por suicídio ou pelas mãos de outros). Se for apanhado e desarmado, pode ter um ataque de choro e não se lembrar de nada...
Tradicionalmente, acreditava-se que este comportamento estava ligado a crenças culturais, questoes honra pessoal ou possessão demoníaca.
Os estudiosos modernos (como Linton, Benedict ou Yap) interpretam o amok como uma resposta culturalmente moldada ao stress social e psicológico, comum em sociedades onde a repressão das emoções e a importância da honra (caso do Japão, por exemplo) são grandes.
Os portugueses interpretaram o fenómeno em termos religiosos e morais (como “possessão demoníaca”), enquanto os estudiosos modernos o entendem como uma crise psicossocial aguda, associada a contextos de pressão cultural e perda de honra.
O conceito de amok evoluiu na medicina ocidental, desde os relatos coloniais até à sua inclusão no DSM-4
(v) Uso moderno na psiquiatria:
Na psiquiatria contemporânea, o termo é usado para descrever um comportamento impulsivo, súbito e violento, muitas vezes associado a perturbações psicóticas, depressivas ou dissociativas.
No DSM-4, o “amok” era classificado como uma síndrome culturalmente específica (culture-bound syndrome). No DSM-5 essa categoria desapareceu. (DSM-5 é a sigla de Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição, publicada pela APA - Associação Americana de Psiquiatria).
(vi) Curiosidades linguísticas:
Em português antigo, “amoucar-se” chegou a ser usado figuradamente, com o sentido de enfurecer-se subitamente ou perder o controlo, embora hoje esteja praticamente em desuso.
A expressão inglesa “to run amok” (correr como um doido / descontrolar-se completamente) é hoje usada de forma figurada para descrever alguém que fica fora de controlo.
(Pesquisa, condensaçáo, revisão / fixação de texto, negritros: LG)
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Notas do editor LG:
(*) Vd.. poste de 7 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27395: Notas de leitura (1859): "Amok", por Stefan Zweig; Lisboa: Relógio D'Água, 2022 (Jaime Bonifácio da Silva, ex-Alf Mil Paraquedista)

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