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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27348: Notas de leitura (1855): "Ecos Coloniais", coordenação de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto; edição Tinta-da-China 2022 (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Outubro de 2025:

Queridos amigos,
Ecos Coloniais não é nem um guia de viagem nem um almanaque de curiosidades histórico-culturais onde as memórias coloniais e imperiais se interpenetram. Juntaram-se académicos, ativistas, museólogos e jornalistas e fazem uma apreciação desses espaços, lugares, monumentos, instituições onde pulsam as tais reverberações que dão ensejo a encarar a História de Portugal na faceta que as marcas do Império nos arrastam à compreensão da nossa identidade, na dimensão do passado. Começámos no Arquivo Histórico Ultramarino, estamos hoje em frente ao monumento a Sá da Bandeira, vamos até ao Forte do Bom Sucesso, o monumento aí é outro, homenageiam-se os combatentes mortos nas guerras do Ultramar, seguimos depois para o Museu Nacional da Etnologia. Dá-se esta obra como relevante, é um exercício original para debates sobre passado e o presente, mostra como o património colonial está obrigatoriamente associado a uma memória inapagável.

Um abraço do
Mário



Império e colonialismo: reverberações na Lisboa atual - 3

Mário Beja Santos

Ecos Coloniais resulta de um exercício coletivo de investigação sobre o património histórico e cultural, aqui se interrogam instituições, entidades, monumentos, obras de arte, palácios onde se interseccionam a história colonial e imperial portuguesa, do passado ao presente, edição ilustrada com fotografias de Pedro Medeiros e o acervo de textos tem a coordenação de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto, edição Tinta-da-China 2022. Logo na introdução, os organizadores referem que este levantamento é uma obra consciente e que há muito por investigar e por saber, importa evitar generalidades e simplismos mobilizadores para escapar aos engenheiros e empreendedores da “história” e da “memória”.

Encaminhamo-nos agora para o monumento a Sá da Bandeira, sito ali perto do Mercado da Ribeira e da Marconi, tendo a Avenida 24 de julho pela frente. O bravo Marechal, de nome Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, de bravura incontestável, liberal e irredutível, está ligado à abolição da escravatura em Portugal. Como escrevem os autores deste texto, “Na década de 1850, quando vários decretos vão progressivamente libertando os escravos do Estado e das misericórdias, quando se estabelece o conceito da liberdade do ventre e aqueloutro de ‘libertos’. São estes dois bons exemplos de carácter gradual, feito de concessões e cedências, e hesitações, que marcou não só o abolicionismo português como a própria figura de Sá da Bandeira (…) A estátua de celebração do Marquês Sá da Bandeira não se esgota no movimento abolicionista. No sope, uma outra estátua, de uma mulher africana evoca aquilo que era um tropo na altura: o agradecimento do continente e seus habitantes, ao abolicionismo protagonizado pelas classes esclarecidas dos países ‘civilizados’. O problema da escravatura enquanto injunção moral que os poderes imperiais projetavam sobre si mesmo havia sido transformada num novo instrumento de geopolítica. A escravatura, real, que existia ainda no continente africano, apesar das várias ‘abolições’, era então identificada como problema congénito das sociedades locais a que estavam associados outros: poligamia, canibalismo, uso imoderado de álcool, predisposição para a indolência. A escravatura, alimentada que tinha sido ao ponto de alcançar uma dimensão quase industrial na sua versão transatlântica, era agora apresentada como o resultado do atavismo e violência de grupos socioculturais tidos por atrasados.”

O marechal e aquela mulher africana com a criança ao colo, no significado que a época lhe deu, representa a homenagem do país a quem deu a liberdade aos escravos, mas num quadro ideológico de tornar estes libertos indígenas com possibilidade de aceder à civilização.

Tomámos agora o rumo para Belém, vamos até ao monumento aos Combatentes do Ultramar. Diz a autora do texto: “Numa instrumentalização da dor, os monumentos aos mortos de guerra revelam que a morte não dá igualdade. A abstração do morto aniquila as diferenças dos que lutaram integrando-as num processo hegemónico.” Anteriormente, a autora apresentara assim o monumento inaugurado em 5 de fevereiro de 2000:
“Ao Forte do Bom Sucesso foram adicionadas placas talhadas com os nomes, dispostos cronologicamente, de cerca de 10 mil soldados mortos na Guerra Colonial, incluindo soldados africanos das Forças Armadas Portuguesas. A associação dos mortos procura fortalecer, por um lado, a ideia de uma linearidade histórica, sem as ruturas que momentos de crise como as guerras poderiam causar e, por outro lado, a integração orgânica dos membros do corpo nacional, onde também se encontra o colonial. A 11 de novembro de 2015, no 97.º aniversário do Armistício, foi integrado ao conjunto memorial o Soldado Desconhecido caído na Guiné durante a Guerra Colonial, depositado na Capela do Combatente. Tal como em 1921, o morto anónimo é colocado no centro do palco. O herói não identificado, figura idealizada e transversal, é chamada à função de regenerar a nação e transladado para o Panteão Nacional.”

Um monumento que esteve envolvido em controvérsia, e que tem a estatura de uma ferida histórica, há quem o encare como espelho de memória de uma descolonização acabada. Com o passar dos anos, este espaço público vai gerando o sentimento de uma memória comum, ganha o papel de reconciliador, torna-se numa memória comum, o país ajustou-se à veneração dos seus mortos, já são muito poucos os que, por razões ideológicas, pretendem instrumentalizar a dor.

A última viagem é ao Museu Nacional de Etnologia, a autora do texto revela-se bastante crítica quanto ao teor da exposição permanente e releva o papel do multiculturalismo que em Portugal se agigantou com as sucessivas vagas de imigração, logo a dos “retornados” após a revolução do 25 de abril, o que está patente no Museu oculta o lado violento e racista do colonialismo português, abre espaço para exibir narrativas como a panaria de Cabo Verde e Guiné Bissau, e a autora destaca a importância do Serviço Educativo que valoriza as coleções a partir do presente, contribuindo para a construção de relações recíprocas, tal serviço educativo volta-se hoje para a população afrodescendente, contribuindo de forma crítica para o combate à marginalização de grupos sociais que buscam sentido de cidadania, fora da ética dos Descobrimentos. “Coleções como as do Museu Nacional da Etnologia constituem uma oportunidade única para conhecer uma história profundamente desumana, permitindo-nos ativar práticas reparadoras no campo das temporalidades, das materialidades e da dignidade, e compreender melhor o mundo em que vivemos, para podermos assumir o compromisso de contribuir para a construção de um presente melhor.”

Ecos Coloniais, vale a pena repetir, debruça-se sobre um eco diversificado de espaços, atores, instituições e símbolos, permitem-nos ver ou refletir sobre histórias imperiais e coloniais que podemos ver em Lisboa e arredores. É um trabalho coletivo, envolve uma equipa em que há autores e um fotógrafo. Impondo-se uma súmula ou resenha desses espaços e lugares, falando de um quadro que está no Museu Nacional de Arte Contemporânea, “os Pretos de Serpa Pinto”, iremos depois ao Porto de Lisboa e à Sociedade de Geografia de Lisboa.

Monumento aos combatentes do Ultramar, junto do Forte do Bom Sucesso
Museu Nacional de Etnologia, objetos em exposição
Os Pretos de Serpa Pinto, Catraio e Mariana, por Miguel Ângelo Lupi, 1879, Museu Nacional de Arte Contemporânea

(continua)
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Notas do editor

Vd. post de 17 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27326: Notas de leitura (1852): "Ecos Coloniais", coordenação de Ana Guardião, Miguel Bandeira Jerónimo e Paulo Peixoto; edição Tinta-da-China 2022 (2) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 20 de outubro de 2025 >
Guiné 61/74 - P27336: Notas de leitura (1854): "Um Império de Papel", por Leonor Pires Martins; posfácio de Manuela Ribeiro Sanches; Edições 70, 2.ª edição, 2014 (2) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26784: Efemérides (455): Cerimónia da inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levadas a efeito no passado dia 3 de Maio de 2025 (Carlos Vinhal)

Realizou-se em Matosinhos, no passado dia 3 de Maio de 2025, a cerimónia de inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos, promovida pelo Núcleo e pela Câmara Municipal de Matosinhos e que contou com as presenças do Secretário Geral da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário, da Presidente da Câmara, Dra. Luísa Salgueiro e do Vice-Presidente da Câmara, Dr. Carlos Mouta, entre outras entidades.

A cerimónia iniciou-se pelas 10h30, perante o testemunho de muitas dezenas de pessoas presentes em frente ao Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, localizado ao lado do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões, onde se encontravam posicionados os Porta-Guiões dos Núcleos de Matosinhos, Porto, Penafiel, Lixa e Marco de Canavezes, uma Guarda de Honra composta por sócios combatentes do Núcleo e um clarim dos Bombeiros Matosinhos-Leça da Palmeira.
O orador deu indicações para se proceder à audição do Hino Nacional que foi cantado por todos os presentes.


De seguida, realizou-se a inauguração do Monumento pela Presidente da Câmara e pelo Secretário Geral da Liga dos Combatentes, Presidente do Núcleo e Arquiteto Rocha dos Santos e o Diácono, Sr. Daniel Basto, procedeu à sua bênção.
Posteriormente iniciou-se a cerimónia de homenagem aos mortos caídos pela Pátria: em seguida foi feita a deposição de coroas de flores no Monumento pelas seguintes entidades: Presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Leça do Balio, Presidente da Junta da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Presidente da Junta União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, Câmara Municipal de Matosinhos e Liga dos Combatentes. O clarim dos Bombeiros Matosinhos-Leça da Palmeira executou os principais toques de homenagem.
O Diácono Sr. Daniel Basto fez a evocação religiosa.

Seguiram-se as intervenções alusivas à cerimónia e que foram feitas pelo sócio combatente Arquiteto Rocha dos Santos, pelo Presidente do Núcleo, pelo Secretário Geral da Liga dos Combatentes e pela Presidente da Câmara.
Procedeu-se à imposição da Medalha Comemorativa das Campanhas a 9 sócios combatentes do Ultramar e à entrega de 3 Testemunhos de Apreço aos associados com 50 anos de sócio. Foram igualmente condecorados pelo Secretário Geral da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário, com a Medalha de Bons Serviços (grau prata), nos termos do Regulamento das Recompensas da Liga dos Combatentes dois dirigentes: sócio combatente Sargento Mor José Gomes e sócio efetivo Sargento Chefe Domingos Batoca.
Foi também entregue ao sócio combatente Sargento Mor Carlos Narra um Testemunho de Apreço pelos bons serviços prestados ao Núcleo nos três anos em que prestou serviço efetivo na Liga dos Combatentes.

O Secretário Geral da Liga dos Combatentes procedeu à entrega, a uma sócia avó, do Diploma “Dos Avós aos Netos” e dos cartões dos seus netos sócios, inserido no “Programa dos Avós aos Netos”, pretendendo-se, com esta iniciativa, incutir nos mais novos os valores da portugalidade e da cidadania, que decorrem do próprio estatuto da Liga.
A cerimónia terminou com a audição do Hino da Liga.

Pelas 13H00, no Hotel Tryp Expo, em Leça da Palmeira, com a Sala Caravela completamente lotada, deu-se início ao almoço de confraternização. O Presidente do Núcleo, antes do almoço, deu as boas vindas a todos os presentes e informou os participantes do programa previsto para depois do café.

De seguida, mandou o clarim subchefe dos Bombeiros Matosinhos-Leça da Palmeira tocar para o início da 2.ª refeição.

O programa para este dia prosseguiu com a entrega por parte do Presidente do Núcleo de duas lembranças aos sócios Dr. Jorge Magalhães e Arquiteto Rocha dos Santos, pelo seu contributo voluntário através da prestação de ações relevantes ao Núcleo e à Liga dos Combatentes. Entregou igualmente ao Secretário Geral da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário, a Medalha do Núcleo e um donativo do Núcleo para a Liga Solidária, com o objetivo de apoiar a construção de Residências Seniores para os combatentes e famílias mais idosos de que são exemplos as de Estremoz e Porto.

Seguiu-se a animação musical com a atuação do Quinteto de metais mais percussão da Banda de Moreira da Maia de que faz parte o Vogal do Núcleo, Sargento Chefe Domingos Batoca. O seu desempenho foi brilhante e muito apreciado por todos os participantes que interagiram com grande satisfação com as músicas apresentadas.


Para encerrar o programa estabelecido, o Secretário Geral da Liga dos Combatentes e o Presidente do Núcleo cortaram o bolo, cantou-se os parabéns ao Núcleo e foi lançado o Grito da Liga.

De entre as muitas entidades presentes, destacam-se o Secretário Geral da Liga dos Combatentes, a Presidente da Câmara e o Vice-Presidente da Câmara, o Deputado da Assembleia da Républica, Dr. Eduardo Pinheiro, o Comandante da Divisão Policial da PSP de Matosinhos, o Comandante do Destacamento da GNR de Matosinhos, o Presidente da Junta da União de Freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões, o Presidente da Junta da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, os representantes dos Núcleos do Porto, Maia, Penafiel, Lixa e Marco de Canavezes e o Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Leça do Balio, representante do Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Leixões, representante do Lar dos Pescadores de Matosinhos, familiares dos matosinhenses falecidos no Ultramar, sócios familiares e amigos, combatentes e público em geral.

Como notas relevantes deste dia fica, em primeiro lugar, a concretização da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, que será um exemplo representativo e emblemático da presença de muitas centenas de cidadãos matosinhenses na Guerra do Ultramar.
Neste dia, igualmente passamos o testemunho aos vindouros, o sacrifício dos 70 jovens militares matosinhenses, vidas que foram tiradas e que recordamos, e os que ainda estão vivos e lutaram pela sua bandeira.
Em segundo lugar, o destaque da disponibilidade, a dedicação e o empenho evidenciados pelos nossos dirigentes que tudo fizeram para que a concretização deste dia memorável para o Núcleo fosse um êxito e, mais uma vez, a evidência da importância da realização destas cerimónias para fortalecer os laços de amizade e de união entre dirigentes, sócios, familiares e amigos envolvidos pela sua demonstração de adesão aos objetivos da Liga: defesa dos valores morais e históricos de Portugal, promoção da solidariedade social e do apoio mútuo aos mais carenciados.

Texto e fotos do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes
Fixação do texto, selecção e edição das fotos da responsabilidade do editor CV

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Notas do editor

Vd. post de 10 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26671: Efemérides (452): Cerimónias de inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

Último post da série de 5 de maio de 2025 > Guiné 61/74: P26766: Efemérides (454): O fim da guerra do Vietname foi há 50 anos ("Diário de Lisboa", 30 de abril de 1975)

sábado, 26 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26732: Efemérides (453): Lourinhã, 25 de abril de 2025: cerimónia de homenagem aos combatentes da guerra do ulltramar / guerra colonial

 




Foto nº 1 > Aspeto parcial do Monumento aos Combatentes da Lourinhã > Largo António Granjo. Inaugurado em 2005. Autoria: 2005. Arquiteto: Augusto Silva; escultora: Andreia Couto.


Foto nº 2 > Intervenção do Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21 (Angola, 1970/72), e membro da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste


Foto nº 3 > O Jaime Silva chamando pelos nomes dos 20 lourinhanenses mortros em comnbate (11) ou por acdiente (9), nos 3 TO da guerra do ultramar / guerra colonial. (Está já no prelo o livro que o Jaime Silva, nosso grão-tabanqueiro, elaborou de homensagem aos seus conterrâneos,  mortos na guerra colonial)



Foto nº 4 > Intervenção do presidente da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste, com sede na Lourinhã. aO Adelino sucedeu ao Castro.  (A AVECO tem cerca de 4 centenas de associados.)



Foto nº 5 : Intervenção do município, engº João Duarte (que teve 3 irmãos mobilizados)



Foto nº 5 > Deposição de um ramo de flores na base do munumento


Foto nº 6 >  Intervenção do Calçada, que foi condutor auto, tendo integrado uma CCmds (Moçambique, 1969/71)

Lourinhã > 25 de abril de 2025 > Cerimónia de homenagem aos combatentes da Lourinhá que morreram na guerra do ultramar / guerra colonial: foram 20 ao todo (11 em combate e 9 por acidente); 9 em Angola, 6 na Guiné; 5 em Moçambique. 


Fotos (e legendas):  © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26671: Efemérides (452): Cerimónias de inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26671: Efemérides (452): Cerimónias de inauguração do Monumento Concelhio aos Combatentes do Ultramar, do Dia do Combatente e do 16.º Aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (Carlos Vinhal)

CONVITE DO NÚCLEO DE MATOSINHOS DA LIGA DOS COMBATENTES

CERIMÓNIAS DE INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO CONCELHIO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR, DO DIA DO COMBATENTE E DO 16.º ANIVERSÁRIO DO NÚCLEO DE MATOSINHOS DA LIGA DOS COMBATENTES

PROGRAMA


O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes e a Câmara Municipal de Matosinhos, vão promover as cerimónias em epígrafe, que terão lugar no próximo dia 03 de Maio (sábado) em que estarão presentes, a Presidente da Câmara, Dra. Luísa Salgueiro e o Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente General Chito Rodrigues e que terá o seguinte programa:

10h25 – Receção às entidades convidadas e concentração dos participantes na Rua Augusto Gomes, ao lado do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões (gaveto da Rua Augusto Gomes com a Rua Alfredo Cunha).

10h30 - Início da cerimónia militar:
- Hino Nacional;
- Inauguração e bênção do Monumento;
- Toque de Sentido;
- Deposição de coroa de flores;
- Toque de Silêncio;
- Toque de Homenagem aos Mortos;
- Minuto de Silêncio;
- Evocação religiosa;
- Toque de Alvorada;
- Toque a Descansar;
- Intervenções alusivas ao ato;
- Condecorações;
- Testemunhos de Apreço;
- Hino da Liga dos Combatentes;
- Fim da cerimónia.

12h30 – Almoço no Hotel Tryp Expo em Leça da Palmeira:
- Na Sala Caravela (Piso 1):
- Almoço e animação musical.

O PRESIDENTE
Armando José Ribeiro da Costa
Tenente Coronel

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Comentário do editor CV:

Em 2014, ainda no mandato do saudoso Dr. Guilherme Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, procedeu-se à inauguração de um Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos, com a presença do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues. Confesso que na altura senti uma certa vergonha pelo que se estava a inaugurar, ainda por cima por fazer parte da comissão que trabalhava junto do Presidente da Câmara. Fomos todos apanhados de surpresa quando vimos aquele minúsculo Memorial de pé, a abanar com o vento, já que estava um dia de temporal. Exigimos no momento que se procedesse aos trabalhos de consolidação daquilo.

O monumento então inaugurado nunca foi do agrado dos Antigos Combatentes do Concelho, começando pela escolha do material empregue, aço corten, popularmente conhecido por "chapa enferrujada", quer pelas suas dimensões, cerca de 1,70 de altura, que passava despercebido a quem passava pelo local.
Após muitas reclamações, tentou-se dar-lhe alguma dignidade com um arranjo ajardinado envolvente, mas às tantas as cebes estavam com metade da altura do Monumento.

Finalmente, ao fim de 11 anos, o bom senso saiu vitorioso, estando neste momento em curso obras tendo em vista dar aos Combatentes matosinhenses um Memorial mais digno do seu esforço em África.
O editor, que não conhece o projecto final, pelo que já pôde ver no terreno, ficou com a esperança de que a obra, a inaugurar no próximo mês de Maio, fique do agrado de todos.

Foi este o Memorial inaugurado no dia 25 de Abril de 2014[1]

Carlos Vinhal
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Nota do editor

[1] Vd. post de 2 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13084: Efemérides (151): Inauguração do Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar - 1961-1974 do Concelho de Matosinhos (1) (Carlos Vinhal)

Último post da série de 5 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26556: Efemérides (451): Memórias do dia 2 de Março de 1970. O infortúnio levou a que o Fur Mil António Carvalho da CCAÇ 14, numa acção de neutralização de minas antipessoais, calcasse uma não detectada (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil)

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25986: Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar: uma visão pessoal (Excertos) (Jaime Silva) - X (e última) Parte: papel do município e gentes de Fafe na preservação da memória da guerra colonial

 



SILVA, Jaime Bonifácio da - Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar : uma visão pessoal.

In:  Artur Ferreira Coimbra... [et al.]; "O concelho de Fafe e a Guerra Colonial : 1961-1974 : contributos para a sua história". [Fafe] : Núcleo de Artes e Letras de Fafe, 2014, pp. 23-84.

Capa e dedicatória autografada,com data de 12/12/2014.


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Jaime Bonifácio Marques da Silva (n. 1946): 

(i) foi alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72); (ii) tem uma cruz de guerra por feitos em combate; (iii) viveu em Angola até 1974; (iv) licenciatura em Ciências do Desporto (UTL/ISEF) e pós-graduação em Envelhecimento, Atividade Física e Autonomia Funcional (UL/FMH); (v) professor de educação física reformado, no ensino secundário e no ensino superior ; (vi) autarca em Fafe, em dois mandatos (1987/97), com o pelouro de desporto e cultura; (vii) vive atualmente entre a Lourinhã, donde é natural, e o Norte; (viii) é membro da nossa Tabanca Grande desde 31/1/2014; (ix) tem 85 referências no nosso blogue.

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1. Estamos a reproduzir, por cortesia do autor (e com algumas correções de pormenor), excertos do extenso estudo do nosso camarada e amigo Jaime Silva, sobre os 41 mortos do concelho de Fafe, na guerra do ultramar / guerra colonial. A última parte do capítulo é dedicada  ao papel do município e gentes de Fafe na preservação da memória da guerra do ultramar / guerra colonial (pp. 79/84).


Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar – Uma visão pessoal [Excertos] (*)


XI (e última) Parte: O concelho de Fafe e a evocação da memória da Guerra Colonial (pp. 79/84)



O concelho de Fafe, nomeadamente a partir de 1996, tem tido um papel meritório na luta contra o esquecimento a que todos os combatentes da Guerra do Ultramar foram votados pelos sucessivos governos de Portugal, desde a Revolução de Abril de 1974.

O primeiro momento ocorreu a 25 de abril de 1996, quando a Câmara Municipal organizou, na Casa Municipal de Cultura, uma exposição de fotografia alusiva à Guerra Colonial, cedida pelos ex-combatentes de Fafe e intitulada: “África: Memórias de uma Guerra  - 100 Fotografioas de Ex-Combatentes de Fafe" (...).

Na altura, sendo o vereador responsável pelo Pelouro da Cultura, dinamizador e responsável pela exposição, escrevi um texto com o objetivo de enquadrá-la e contextualizá-la no tempo e espaço histórico e do qual destaco:

"Trinta e cinco anos volvidos sobre a eclosão da guerra em África e numa altura em que sociedade se dispõe, finalmente, a soletrar as primeiras letras de um livro que não é “branco”, parece-me importante, no momento em que se comemora mais um aniversário da Revolução de Abril, abrir nesta Casa de Cultura uma exposição de reflexão sobre a guerra em África.

As 100 fotografias expostas são retalhos do quotidiano de 20 ex-combatentes fafenses que operaram nas três frentes de combate." (…)


Levei dois anos a concretizar esta exposição. Não foi fácil a busca e a cedência do material ora exposto. Obtive respostas como: 


Fafe > Monumento
 aos combatentes
da guerra colonial.
 (2012)
  • “queimei tudo”;
  • “não quero saber”;
  • "já não sei onde param as fotografias”; ou 
  • “porquê uma exposição sobre guerra se há problemas mais importantes a resolver?”.

Esta exposição, património da Câmara Municipal,  percorreu o país no âmbito das iniciativas da Delegação de Fafe da APVG (Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra).

Quatro anos depois, em 28 de maio de 2000, a Assembleia Municipal aprova por unanimidade uma proposta apresentada por mim, à data membro da mesma Assembleia, no sentido da Câmara Municipal mandar projetar e erigir, em local digno, um simples Memorial onde se eternizem os nomes dos Combatentes de Fafe mortos na Guerra Colonial.

Em 2001, a Câmara Municipal cedeu uma sala de trabalho para a Delegação de Fafe da APVG instalar a sua sede, organizando esta,  
nesse ano, o I Encontro de Ex-Combatentes de Fafe.

A 6 de novembro de 2005, inaugurou-se o
 monumento em memória dos Combatentes 
da Guerra Colonial, erigido na Av Brasil.  A sua construção só foi possível graças ao empenho dos membros da direção da Delegação da APVG e ao apoio financeiro da Câmara Municipal, das Juntas de Freguesia, de algumas empresas e população de Fafe. (...)

 Em 17 de março de 2012, um grupo de ex-combatentes de Fafe tomou a iniciativa de organizar a Cerimónia Evocativa dos 50 anos do início da Guerra do Ultramar em homenagem aos militares de Fafe mortos em combate. (..,)

 A efeméride iniciou-se em 5 de abril de 2013 com uma Exposição Documental sobre a Guerra Colonial, coordenada pelo Museu da Guerra Colonial de V. N. Famalicão (5 a 19.4.2013), seguindo-se o “II Curso Livre de História Local” (24.10 a 21.11.2013), da responsabilidade do Núcleo de Artes e Letras de Fafe (NALF), e o “Ciclo de Cinema sobre a guerra (25 a 29.11.2013), organizado pelo Cineclube de Fafe.

O programa da “Evocação dos 50 anos do início da Guerra Colonial” prolongou-se ao longo do ano de 2013, nomeadamente com o lançamento do Livro de Atas do Curso Livre de História Local, subordinado ao tema da participação dos militares de Fafe na Guerra Colonial (1961 -1974).

Nota final

Como nota final e à guisa de conclusão, gostaria de clarificar a minha posição pessoal sobre as razões que me levaram a aceitar o convite para abordar a História do enquadramento e da participação dos militares de Fafe durante a Guerra Colonial. 

Obviamente, não me move nenhuma tentativa de recuperação de saudosismos do passado ou a apologia de pretensos heroísmos serôdios, descabidos e sem sentido, mas, tão só, contribuir de forma lógica e racional, com base nos documentos, testemunhos e na minha participação no conflito, para um melhor conhecimento e compreensão dos factos que ocorreram durante os percursos destes militares, uma vez chamados e obrigados a fazer uma guerra que, como afirmou o General Ramalho Eanes quando em viagem oficial à Guiné – Bissau, foi uma guerra inútil, uma guerra injusta e uma guerra evitável (Teixeira, 2010, p. 55) (1).

Ficaram muitas questões por abordar e dar resposta, nomeadamente, ouvir o testemunho dos feridos graves. No futuro, esse será, certamente, um dos temas importantes a prosseguir na pesquisa. O primeiro passo foi dado.

E sobre a importância do estudo da História e do dever de todos lutarem contra a amnésia coletiva que se instalou em Portugal após o final da Guerra em África, tal como já se tinha instalado em relação à participação dos soldados portugueses na Primeira Guerra Mundial, finalizo, citando o ex-presidente da República e Alto-Comissário das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, que no passado dia 29 de outubro de 2013, na Fundação Calouste Gulbenkian, defendeu, na abertura da conferência “Portugal e o Holocausto – Aprender com o Passado, ensinar para o Futuro”, que o ensino da História do século XX é fundamental para a procura de pontos para a resolução de conflitos. O século XX ainda há pouco nos deixou e os seus medos já estão a ser empurrados para a memória espúria. O passado recente é o mais difícil de perceber e nós tratamos o século passado com ligeireza, alertando que o “genocídio” não foi um acidente da história, foi um produto de um estrato social (in jornal Público, de 30.10.13).

Também a Guerra em África, pensamos nós, foi o produto de um estrato social dominante no Portugal do após Segunda Guerra Mundial que, não querendo compreender os sinais de mudança dos tempos, tomou uma má decisão política, feita à revelia dos portugueses e de todos os pareceres da comunidade internacional, arrastando este pobre país para uma Guerra sem sentido e para a qual nem sequer estava preparado, nem tinha meios técnicos e humanos para a suportar. Só a carne para canhão da sua juventude, incluindo a dos jovens de Fafe que por lá deixaram a vida.

Estão de parabéns, por isso, a Câmara de Fafe, o NALF, o Cineclube e todos os que cooperaram na concretização desta efeméride.

Nota do autor:

(1) Teixeira, A, A, (2010) - A Guerra de Angola: 1961/1974.  Edição QuidNovi.

(Seleção, revisão / fixação de texto: LG)

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25953: Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar: uma visão pessoal (Excertos) (Jaime Silva) - Parte X: Testemunho 5: "Desaparecido em combate, em Moçambique, em 15/11/1972: fur mil op esp / ranger João Manuel de Castro Guimarães"

(**) Vd. postes de:

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25610: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (2): o que há em comum na estátua de Nicolau Lobato, herói nacional timorense, inaugurada em 2014, e a estátua aos combatentes do ultramar da freguesia de Atalaia, inaugurada um ano antes ?

 



Timor-Leste > Dili > Aeroporto Internacional > Estátua de Nicolau Lobato (1946-1978), 1º ministro (de 28 de novembro a 7 de dezembro de 1975) e 2º presidente da República Democrática de Timor Leste (1977/78).  Ao tempo da admimistração portuguesa, o o Nicolau Lobato foi seminarista, e depois, como serviço militar obrigatório,  fur mil, vagomestre, do exército português, CCAÇ 15 (Caicoli, 1966/68).(*)


Fonte: Wikimedia Commons (com a devida vénia...).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Lourinhã >  Atalaia> 16 de junho de 2013 > Inauguração do monumento aos combatentes da 
freguesia de Atalaia > Vista parcial do monumento  (**)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mais um desafio, no âmbito da série  "Para Bom Observador, Meia Palavra Basta" (***)...  

Qual é a relação entre as duas imagens, a estátua, em bronze,  de Nicolau Lobato, herói nacional de Timor-Leste, inaugurada em 2014, e a estátua, também em bronze, inaugurada em 13 de junho de 2013, na Atalaia, Lourinhã, de homenagem aos combatentes daquela freguesia que passaram, durante a guerra do ultramar / guerra colonial, por 5 diferentes teatros de operações (Angola, Guiné, Índia, Moçambique e Timor) ?

Vários camaradas nossos, naturais do concelho da Lourinhã, fizeram a sua comissão de serviço militar em Timor, ao tempo da guerra do ultramar / guerra colonial. 

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25602: Viagem a Timor: maio/julho de 2016 (Rui Chamusco, ASTIL) - VI (e última) Parte: Regresso a Lisboa, via Singapura e Londres... E que Deus seja louvado!

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25578: Efemérides (439): Inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes do Concelho de Beja, levado a efeito no passado dia 9 de Maio de 2024 (José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp)


1. Mensagem do nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu, 1973/74), com data de 28 de Maio de 2024:

Inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes do Concelho de Beja

Homenagem os Antigos Combatentes

Realizou-se no pretérito dia 9 de maio, 2024, feriado municipal da cidade de Beja, a inauguração do Monumento aos Antigos Combatentes da Guerra Colonial – Angola, Moçambique e Guiné -, onde perpetuamente nele permanecerão registados os nomes dos mortos naturais do concelho.

O evento mereceu as honras oficiais, civis e militares, tendo-se verificado a presença de muitos antigos camaradas que lutaram nas três frentes do conflito ultramarino, tendo também sido homenageados dois dos antigos camaradas e sócios da Liga dos Combatentes.

Sendo o momento de imagens não irei, por isso, alargar-me com o texto, mas deixar-vos um conjunto de fotografias que enalteceram o tão prestigioso evento. Resta, porém, dizer-vos que houve discursos, nomeadamente do presidente da câmara municipal de Beja, Paulo Arsénio, e também por parte da Liga dos Combatentes.

Abraço, camaradas
José Saúde


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Nota do editor

Último post da série de 29 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25577: Efemérides (438): 10 de Junho, Dia de Portugal - Homenagem Nacional aos Combatentes, Igreja de Santa Maria de Belém, nos Jerónimos e junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Lisboa