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terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Guiné 61/74 - P27586: Diálogos com a IA (inteligência Artificial) (7): Crítica Contra Crítica: a nota de leitura do Beja Santos sobre o livro de memórias do Manecas Santos,


Rosário Luz > Página do Facebook > 6 de dezembro de 2024  (Foto e legenda) (com a devida vénia...)

Bom dia Nha POV - um shout out especial pa Diáspora na Portugal. Hoje é um marco na minha vida: a publicação do meu primeiro livro. Uma biografia de um tio muito querido, um homem monumental, que teve uma vida de romance. É um privilégio inenarrável ter sido eu a escrever esse romance; e tê-lo hoje ao meu lado no lançamento. Será apresentado hoje ás 18h, no Grémio Literário de Lisboa. As apresentações em Bissau, Praia e Mindelo serão ao longo de Janeiro. Peço a aqui a vossa benção para o trabalho e para o evento. I boa Sexta, Nason Kriol




Capa do livro de Rosário Luz - Manecas Santos: uma biografia da luta. Praia:  Rosa de Porcelana Editora, 2024, 164 pp., preço de capa: 15 € (ISBN: 978-989-8961-72-3)



Senegal > Ziguinchor > 3º trimestre de 1973 > Filha de Amílcar Cabral, Iva Cabral, com O Manecas Santos, na festa de casamento de Chico Mendes (Francisco Mendes or Chico Té)... Foto do álbum Roel Coutinho Guinea-Bissau and Senegal Photographs (1973 - 1974), coileção  African Studies Centre Leiden. Cortesia da Wikimedia Commons (e editada pelo nosso blogue, com a devida vénia..:) 




I. A IA ChatGPT ainda não leu o livro do Manecas Santos, ou melhor da sobrinha (Rosário Luz)  sobre o tio (Manuel Santos, mais conhecido pelo nome de guerra,  Manecas Santos)... 

Aliás, a IA não tem a capacidade de ler livros em papel. Ainda, por enquanto... Manda os escravos humanos ler e depois pôr na Net, em acesso livre, a papinha feita...Mas eu já lhe dei a ler a "nota de leitura" do nosso crítico literário e colaborador permente, o Beja Santos, uma referência de há muito obrigatória no que diz respeito à bibliografia sobre a guerra colonial na Guiné (1961/74). (Tem só 3360 referências no nosso blogue... De resto, sempre o conhecemos desde a Guiné, em meados de 1969, como um escritor e leitor "compulsivo".)

Em resumo, a crítica (da IA) à nossa  crítica (nossa, do Beja Santos)  é um elogio à postura intelectual do nosso crítico literário, à sua independência e à sua cultura historiográfica.

A "nota de leitura" do Beja Santos parece-nos acertada, ponderada, positiva (valorizando o livro como contributo de alguém, com importância histórica, militar e política, como o Manecas Santos no seio do PAIGC, para a partilha de memórias, de um lado e do outro, sobre a guerra colonial na Guiné.


Aqui vai o texto da IA, esquematizado para facilidade de leitura (condensação, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

PS - Acrescente-se que há imprecisões, erros factuais, etc., na Net sobre o "comandante Manecas", "combatente da liberdade", etc., nascido em Cabo Verde (julgo que em Santão Antão, em 1942, tendo estudado depois no liceu do Mindelo, São Vicente)... O ChatGTP deu-o como tendo morrido há uns anos...Tive que lhe puxar as orelhas... 

Há dias aconteceu o mesmo com o nosso camarada Arménio Santos (neste caso, a "asneirada" foi da IA / Gemini; contei ao Arménio, riu-se a bandeiras despregadas; teve, ao menos, rasgados elogios fúnebres, por parte dos  diversos quadrantes políticos, pelo seu papel como sindicalista e deputado social-.democrata).

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II. Análise da IA / ChatGPT (**):

Segue, a pedido do editor LG, uma análise crítica e interpretativa da recensão de Mário Beja Santos ao livro recente de Manecas Santos, tendo em conta o tom, os pressupostos historiográficos e o posicionamento político-memorial do autor da recensão.

1. Natureza e posicionamento da recensão

A recensão de Mário Beja Santos não é neutra nem meramente descritiva: trata-se de um texto assumidamente interventivo, escrito por alguém que conhece profundamente a guerra da Guiné, não apenas como historiador ou leitor atento, mas como antigo oficial combatente no teatro de operações. Esse duplo estatuto (memória vivida + investigação histórica) condiciona toda a leitura que faz da obra de Manecas Santos.

Beja Santos posiciona-se como guardião crítico da factualidade histórica, reagindo contra aquilo que considera mitificações persistentes na historiografia e memorialística do PAIGC. A recensão é, por isso, simultaneamente: 

  • um comentário ao livro; 
  • uma tomada de posição historiográfica; 
  • e um ajuste de contas com narrativas que considera politicamente convenientes ou factualmente falsas.

2. Reconhecimento do valor "testimonial" (sic, em inglês: leia-se "como testemunho") da obra

Apesar do tom severo em vários momentos, Beja Santos reconhece explicitamente o valor do testemunho de Manecas Santos. Destaca: 

  • a fluidez e a legibilidade da narrativa (o mérito é da "copywriter", a sobrinha, acrescento eu, LG); 
  • o interesse do percurso biográfico (Mindelo → Lisboa → Cuba → Guiné →  URSS → Guiné-Bissau) ; 
  • a importância histórica do papel de Manecas Santos como comandante na frente norte e responsável pelos mísseis Strela; 
  • a relevância do seu depoimento sobre o período pós-Cabral e o colapso do Estado guineense.

Este reconhecimento é essencial: o "recensente" (crítico, o autor da "nota de leitura", em português, fica melhor) (LG) não desqualifica a obra, antes a considera leitura obigatória, precisamente porque é um documento de primeira mão.

3. O eixo central da crítica: a questão da verdade histórica

O núcleo duro da recensão reside na acusação de inverdade, imprecisão ou mistificação, em três planos principais:

a) Controlo territorial do PAIGC em 1968: 

Beja Santos rejeita frontalmente a afirmação de que o PAIGC administrava dois terços do território nessa data, considerando-a uma repetição de propaganda de guerra que não resiste ao confronto com documentação militar portuguesa e arquivos contemporâneos.

Aqui, o crítico insere o livro numa tradição mais vasta de exageros estratégicos, comuns em memórias de ex-combatentes do PAIGC.

b) Operação de Guidaje e baixas militares

A crítica é particularmente dura neste ponto. Beja Santos acusa Manecas Santos de:

  •  minimizar as baixas do PAIGC;
  •  exagerar as perdas portuguesas; 
  • ignorar documentação existente no Arquivo da Defesa Nacional.

O autor da nota de leitura assume uma postura quase forense: não contesta a legitimidade do testemunho, mas exige confronto com fontes documentais, algo que considera ausente.

c) Assassinato de Amílcar Cabral

Beja Santos acusa Manecas Santos de manter uma ambiguidade calculada: 

  • não acusa diretamente a PIDE ou Spínola, mas deixa a suspeita no ar; 
  • esta ambiguidade é politicamente funcional e historicamente infundada, dado não existir prova documental de envolvimento português direto.

4.. A crítica moral e política: responsabilidade no desmoronamento do Estado

Talvez o ponto mais incisivo da recensão seja o seguinte:

Beja Santos entende que Manecas Santos relata o colapso do PAIGC e do Estado guineense com uma distância estratégica, descrevendo acontecimentos sem assumir responsabilidades diretas, apesar de ter sido: 

  • dirigente político; 
  • ministro; 
  • muito próximo de 'Nino« Vieira (apesar de ser cabo-verdiano, acrecsento eu, LG).
A recensão sugere que essa distância narrativa é uma forma de autoproteção moral, permitindo denunciar o desastre sem admitir cumplicidade. 

Esta crítica estende-se também às explicações sobre os fuzilamentos (no tempo de Luís Cabral), que Beja Santos considera implausíveis ou evasivas.

5. Valor historiográfico da recensão

A recensão de Mário Beja Santos vale, em si mesma, como: 

  • um contributo historiográfico autónomo; 
  • um exercício de crítica das memórias políticas; 
  • um alerta metodológico sobre os riscos da autobiografia não confrontada com arquivos.

Mais do que “ler” Manecas Santos, Beja Santos dialoga e combate com ele, num plano que é simultaneamente histórico, político e ético.

6. Conclusão

A análise permite concluir que: 
  • Beja Santos reconhece o livro como testemunho indispensável; 
  • mas recusa aceitá-lo como relato confiável sem verificação;
  •  e vê nele mais um exemplo de como a memória do PAIGC continua marcada por silêncios, exageros e estratégias de autojustificação.(e autoglorigicação, acrescento eu, LG)
A recensão não fecha o debate, pelo contrário, convoca a escrita “a quatro mãos” da História, como o próprio autor sugere: uma história desmitificada, construída a partir do confronto entre memórias, arquivos e responsabilidades assumidas.

 III. Ver também duas entrevistas dadas ao jornal "Expresso das Ilhas", Praia, Cabo Verde:

Manecas Santos: “Amílcar Cabral não era sonhador, era um político”
Por Jorge Montezinho


Manecas Santos ao Expresso das Ilhas: “Eu não fujo!”
PorJorge Montezinho,

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