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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22947: Em busca de... (316): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento. Ponto da situação (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

Localização de Chugué. Infogravura da Carta de Bedanda 1:50.000. © Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Mensagem do senhor Coronel Tirocinado na Reforma Carlos Cação da Silva, com data de 26 de Janeiro de 2022:

Meu caro Carlos Vinhal,
Espero que se encontre bem de saúde e em “pleno” no cumprimento da sua tarefa no vosso Blog.

Venho dar-lhe conta da evolução positiva deste assunto pois neste momento estamos em vias de estabelecer contacto com o Fur Silva.

Na sequência do esforço de pesquisa destaco:

- 1.ª Pista: A vossa triagem das sub-unidades presentes no Chugué no període de 1972/1974 apontando para as CCAÇ’s 3477 e 4143;

- O Arquivo Geral do Exército na sua pesquisa não encontrou qualquer referência ao Fur Silva em ambas as Companhias mas identificou o Fur. Enf. Faria na CCAÇ 4143 que teria também apoado a Escolinha do Chugué. Deu-nos assim a 2.ª pista.

- Com o nome completo deste Furriel Enfermeiro e as indicações de um outro aluno da mesma escola e naquela época, que localizámos, hoje como médico no Hospital de Beja, estamos a aproximarmo-nos do Fur Silva que, não pertencendo àquelas Companhias, está confirmada a sua presença na escola do Chugué.

- Estamos confiantes de que o nosso objectivo foi conseguido mercê do vosso empenho e interesse que sempre manifestaram e que nos proporcionaram os primeiros e fundamentais elementos para que fosse conseguido um desfecho que, acreditamos, irá ser positivo.

Só tenho que, mais uma vez, enviar os meus sentidos agradecimentos aos Srs. Dr. Luis Graça, Carlos Vinhal e também a todos aqueles que tiveram que envolver nesta pesquisa.
Estarei sempre ao vosso dispor para o que julgarem necessária e nas minhas possiblidades.

A melhor saúde para todos
Cordiais cumprimentos
Um grande abraço amigo
Cação da Silva


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2. Mensagem resposta enviada ao senhor Coronel Cação da Silva no mesmo dia:

Senhor Coronel Cação da Silva,
Muito obrigado pela sua mensagem dando nota da evolução da tarefa que assumiu levar até ao fim.
Se não se importar darei notícia no nosso Blogue desta sua mensagem. Fico a aguardar a sua autorização.
Pela nossa parte também estamos ao seu inteiro dispor, assim lhe possamos ser uteis.
Retribuímos o abraço com votos de que esteja bem.

Pelo Blogue LG&CG
Carlos Vinhal


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3. Ainda no mesmo dia recebemos do senhor Coronel a seguinte mensagem:

Meu Caro Carlos Vinhal,
Não tem que pedir autorização alguma. Faça a publicação que melhor entender pois também penso que é importante para os nossos combatentes na Guiné e que participam no Blog terem conhecimento do sucesso da nobre tarefa a que todos deitámos mão. Um reencontro, passados quase meio-século, destes “jovens” que se conheceram no Chugué em condições nada fáceis será certamente emotivo e vivenciado com muitas recordações. O Vasco Na Nema está presentemente na Guiné onde está a tratar de assuntos familiares e aguarda-se a sua passagem por Lisboa onde ficará uns dias antes de seguir para Veneza.
Estou esperançado de que tudo irá correr bem e disso lhe darei oportunamente conhecimento.

Um abraço amigo e sempre ao vosso dispôr.
Cação da Silva

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Nota do editor

Vd. poste de 21 DE NOVEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22737: Em busca de... (315): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

domingo, 21 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22737: Em busca de... (315): Furriel Silva que em 1973 deu escolinha aos meninos de Chugué. Procura-o o cidadão guinnense, radicado em Itália, Vasco Na Nena que lhe quer prestar o seu reconhecimento (Carlos Silva, Cor Tir na Reforma)

1. Mensagem de Carlos E. M. C. da Silva, Coronel Tirocinado na Reforma, com data de 17 de Novembro, dirigida ao nosso editor Luís Graça:

Camarada Combatente na Guiné Prof Luís Graça,

Sou Cor.Tir. na Reforma e estive também na Guiné de Out1970 e Ago1973. As funções desempenhadas no Comando Chefe permitiram-me conhecer todo o TO pois, para além de participar na elaboração dos Programas Anuais de Desenvolvimento Sócio-Económico das Populações, fazia contactos frequentes com os Comandos de Batalhão e suas Sub-Unidades para, “in loco”, acompanhar a evolução dos trabalhos de construção das Escolas, Postos de Socorros, Apoio à produção nas bolanhas com novas e melhores sementes do arroz, Captações de água, etc. Tudo isto em passo acelerado dado os ventos de mais intensa tempestade que se já vislumbravam no horizonte...

Estou agora a tentar dar resposta a um pedido que me foi apresentado por um Cidadão da Guiné, Vasco Na Nena, e que ouso levar ao seu conhecimento:

1. É natural de Tchugué, na margem direita do rio Cumbijã e situada a montante de Cufar e consegue lembrar-se que a unidade de Catió era o BCaç 4510.

2. Em 1973, ainda miúdo analfabeto, frequentou a Escolinha construída e gerida pelas NT, tal como era política seguida pelo Programa acima referido, mencionando como seu professor o Furriel Silva.

3. Aquando da retirada das NF após o 25Abr74, o miúdo a quem, entretanto, tinha morrido o pai, foi apoiado por um Padre italiano de uma Missão Católica da área, onde continuou a estudar.

4. No regresso daquele Padre a Itália, este levou-o consigo e ali continuou a estudar conseguindo boas qualificações e estabelecendo a sua vida em Veneza, após ter ido à Guiné em busca duma menina de que se lembrava dos seus tempos de miúdo com a qual casou e levou para Itália onde agora vivem. Mantêm ligações com a sua família alargada na Guiné a quem vai ajudando na sua sobrevivência.

5. Este miúdo de então, agora Vasco Na Nena, fez um pedido para que fosse possível encontrar-se com o primeiro professor Furriel Silva para lhe manifestar a sua gratidão pois a ele deve a base educativa que o levou a chegar à situação de vida que hoje tem, vencendo as agruras da guerra e os escolhos do caminho europeu.

- O Chugé que fica na zona de Fanhe, Fatim e Dugal é outra povoação com o mesmo nome mas fica no centro da Guiné, a cerca de 250 Km do Chugué e de Cobumba, estas sim aldeias juntas e no sul (rio Cumbidjã). Esta povoação terá sido fundada por pessoas vindas do Chugué do centro do país já referido, que se situa junto ao Rio Zeba, era uma família que fazia a ligação com as autoridades portuguesas e era conhecida por NANDINGNA. Os contactos eram feitos com eles que, por sua vez, falavam o criolo com a restante população.

- Neste Chungué (Tchuguê ou Xoquê na versão balanta) terá havido tropa portuguesa nos anos sessenta (anterior ao Vasco) mas que se ausentou até à instalação da Companhia que reocupou a povoação, tudo indica que em 1973. O dispositivo português tinha-se retraído, concentrando em Bedanda, Cafur e Catió, tendo voltado a haver guarnição em 1973. A povoação ficava no meio e em redor ficavam as instalações militares, tudo indica que em separado(por pelotões?), fazendo o quadrado em volta da povoação. Foram os militares portuguesas que construíram a escola, que ficaria perto do campo de futebol, perto da floresta onde estavam também os Fuzileiros. Muita gente frequentou a escola, aparentemente de várias idades, em principio correspondentes à 1.ª e 2.ª classes. Pela ideia do Vasco a escola funcionava a seguir à apanha do arroz, pelo que situa entre dezembro e março, logo final de 1973 e primeira parte do ano de 1974 (parece ser a data mais lógica após situarmos no tempo vários acontecimentos, nomeadamente a proximidade com o 25 de abril).

- Para além do formador Furriel Silva, ele lembra-se de um outro elemento, presumo que soldado, de nome Martins, que estava na instalação que dava acesso ao porto, cerca de 100 metros mais abaixo da família Nandingna. Este Martins era alto e tinha cabelo castanho claro. Eram ainda muito conhecidos da sua relação com a população, um outro a quem chamavam "Coimbra" e o conhecido por "Montanha", que dava ginástica aos mais pequenos.

Portanto e sem certezas absolutas relativamente à relação dos factos com o tempo, tudo indica que a sessão escolar ocorreu entre dezembro de 1973 e março de 1974, pelo menos para as referências do Vasco Na Nema.

- A referência ao Batalhão 4510 é da minha iniciativa e não do conhecimento do Vasco, na sequência da procura de qual a unidade militar na zona no período de tempo considerado, pelo que, parecendo ser verdadeira, nasceu especulativamente pois o seu blogue não é acessível e não há informação suficiente sobre a localização das suas Companhias.

Caro Camarada Prof Luís Graça! Esta é a questão que me foi posta e na qual estou a empenhar-me para conseguir o objectivo: Identificar e localizar o Fur Silva que deu aulas na Escolinha de Tchugué em 1973.

E atrevi-me a incomodá-lo com este caso pois, alguns Camaradas que conhecem o vosso Blog, e do qual tecem os maiores elogios, me sugeriram contactá-lo nesse sentido, pois tem vindo a difundir de forma bem apelativa e atraente a vossa experiência vivida e os conhecimentos adquiridos no TO da Guiné pelos vossos Blogers, assim mantendo vivos os momentos, uns bons e outros dramáticos, que lá vivenciaram. Poderá dar-se o caso de algum eco poder vir a surgir desse universo de combatentes na Guiné-Bissau que dá vida ao vosso Blog.

Porque é raro ouvir a voz de cidadãos dos PALOP a manifestarem a sua gratidão às coisas boas que receberam do “colonizador”, creio que este caso não pode ser ignorado. Daí solicitar a sua possível ajuda.

Grato pela atenção dispensada, aceite os meus cordiais cumprimentos,
Carlos Eduardo Mendes Cação da Silva


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2. Em 18 de Novembro foi enviada esta resposta ao Senhor Coronel Carlos Silva:

Senhor Coronel Cação da Silva
Pede-me o editor, Prof Luís Graça que dê resposta ao senhor Coronel.

Consultados os livros da CECA, consegui estes elementos:
(...)
A CCAÇ 4143/72 assumiu a responsabilidade do subsector do Chugué, então criado, em 07Abr73, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4510/72. Foi rendida em 07Mar74 pela CCAÇ 4747/73, também integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 4510/72, e mais tarde do BCAÇ 4510/73.

Com respeito ao Batalhão 4510 referido pelo amigo Vasco Na Nena, julgo ser o BCAÇ 4510/72 (Guiné, 20Jun72/15Jul74), que assumiu a responsabilidade do sector S3 em 21Ago72, com sede em Catió mas que só em 01Fev74 viu a sua zona de acção alargada aos subsectores de Chugué e Cobumba, então retirados ao S4.

Este Batalhão foi substituído no mesmo S3 pelo BCAÇ 4510/73 (Guiné, 01Jul74/14Out74) em 10Jul74.

Ambos os Batalhões foram para a Guiné compostos só por Comando e CCS.

Inclino-me para a hipótese de o Furriel Silva ter pertencido à CCAÇ 4143/72 que foi a unidade que esteve em Chugué entre 1973 e 1974.

Não temos nenhum registo no nosso Blogue da CCAÇ 4143/72. 
Vou publicar a mensagem do senhor Coronel assim como esta minha resposta. Pode ser que alguém tenha conhecido o tal Furriel Silva no Chugué e nos contacte.
Em anexo a Ficha da CCAÇ 4143/72

Ao dispor
Carlos Vinhal
Coeditor

Localização de Chugué. Infogravura da Carta de Bedanda 1:50.000. © Luís Graça & Camaradas da Guiné

Reprodução, com a devida vénia, da pág 414 do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) - Publicação do Estado-Maior do Exército.

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3. Hoje mesmo recebemos esta mensagem do Coronel Tir Carlos Silva...:

Senhor Carlos Esteves Vinhal,
Foi com agradável surpresa que recebi, de forma tão rápida e esclarecedora, os elementos sobre o dispositivo das NT na zona de Catió em 1973 e 1974. É com apreço que manifesto, desde já, os meus agradecimentos pelo empenho dispensado na obtenção de elementos bem necessários para a possível identificação e localização do Fur Silva da escola do Chugué, em 1973. As iniciativas que refere levar a cabo no vosso Blogue poderão trazer ainda novos dados que permitam desfiar a meada e atingir o objectivo proposto.
Esse apreço e agradecimentos são extensivos ao Sr. Prof Luis Graça que tão rapidamente encaminhou o meu pedido para a pessoa certa e empenhada.
Concordo também que a CCAÇ 4143/72 deverá ser o foco para prosseguir o esforço de pesquisa e seria extraordinário que aparecesse alguém do vosso grupo da Tertúlia que se lembre do Fur. Silva.
Estou a contactar o Arquivo Histórico Militar e o Arquivo Geral do Exército para colaborarem nesta pesquisa. Sei que nessa época de 1973 era obrigatório todas as Unidades e Sub-Unidades mobilizadas entregarem no final da comissão a História da Unidade. Se estas duas Companhias o fizeram talvês a sua História se encontre no Arquivo Geral do Exército e nela constem os daos que procuramos.

Meu Caro Camarada e Combatente no TO da Guiné-Bissau, Carlos Vidal
Iremos certamente manter o contacto até ao final do “combate” que esperamos seja de sucesso.
Aceite mais uma vez os agradecimento pelo vosso extraordinário trabalho e os meus cordiais cumprimentos,
Carlos Eduardo Mendes Cação da Silva


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4. ...Que mereceu esta nossa resposta:

Senhor Coronel Carlos Silva
Muito obrigado pelos seus comentários que nos insentivam a continuar a nossa tarefa de manter o Blogue LG&CG activo.
Se fosse possível ao senhor Coronel entrar em contacto com o nosso jovem Vasco Na Nena, perguntava-lhe em que parte do ano de 1973 ele frequentou as aulas, se tem ideia da fisionomia do Fur Silva. Ele refere o BCAÇ 4510/72, tudo levando a crer que o dito Fur Silva poderá ter pertencido à 4143/72, adstrito a este batalhão.
Isto tudo são conjecturas até encontramos alguém que nos desfaça estas dúvidas.

Continuamos ao dispor do senhor Coronel e receptivos a qualquer novidade que obtenha.
Os nossos melhores cumprimentos e votos de excelente saúde
Carlos Vinhal


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5. Comentário do editor CV:

É difícil porque na tertúlia não temos camaradas da CCAÇ 4143/72, mas poderá algum dos nossos leitores ter conhecimento com antigos Combatentes desta Companhia para se poder confirmar se havia algum Furriel Silva que desse aulas no Chugué.
Abradecemos toda a ajuda possível.

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Notas do editor

Este poste foi reformulado pelo editor em 24 de Novembro face a novos elementos colhidos, tais como haver duas Tabancas com o nome de Chugué, uma pertencente à zona de Tite e outra à zona de Bedanda.

Último poste da série de 16 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22285: Em busca de... (314): Camaradas da minha CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74), o Coelho (de Alcobaça), o Rosete (de Cantanhede), o alf mil Quintela (de Torres Vedras) (Eugénio Ferreira, ex-1º cabo, 2º pelotão)

terça-feira, 30 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21124: Estórias avulsas (99): Histórias de Porto Gole e encontro com um médico guineense no Hospital do Barreiro (Acácio Mares, ex-Fur Mil Inf)

Vista de Bissau - Guiné-Bissau
Com a devida vénia a dnoticias.pt


1. Mensagem do nosso camarada Acácio Mares (ex-Fur Mil Inf da 1.ª Comp/BCAÇ 4612/72, Porto Gole, 1972/74), com data de 27 de Junho de 2020:

Boa tarde camarada Carlos
Recordei mais uma história que passo a contar.

Estava a organizar uma patrulha e disse ao soldado das milícias para ir à frente com o pica. Respondeu que não ia porque não tinha medo de mim, que só ia com outro furriel porque quando não ia ele tirava dente e punha dente e tinha manga de medo eu puxa e não tiro dente.

Estava em Porto Gole e havia um homem que pertencia à Casa Gouveia (CUF) e que recebia produtos para a CUF, amendoim e ráfia. Tinha cinco filhos aos quais eu dava pão com manteiga. Há pouco tempo fui ao Hospital do Barreiro e fui atendido por um médico de cor que em conversa me disse ser natural da Guiné-Bissau,  Porto Gole. Eu disse-lhe que tinha lá estado e  vim a saber que ele era filho do António da Casa Gouveia e que lhe tinham posto o nome Alfredo da Silva em homenagem ao patrão da CUF. Eu tinha uma foto com ele e os irmãos que posteriormente lhe entreguei, ficando ele muito sensibilizado com a situação.

Guiné-Bissau - Exterior do Forte de São José da Amura
Com a devida vénia a Tripadvisor

Camarada, fui à Guiné mais ou menos há 7 anos, que desgraça a avenida que vem do Palácio até ao porto, tudo com grandes buracos, nem um camarão nem ostras havia, tudo desapareceu. O Grande Hotel queimado, Amura igual o Pelicano também. As ruas com sucata.

Eu falei demais, revoltado com o que vi, entretanto estava perto um sujeito de nome António que até me ameaçou.
Fui falar com um português que lá estava há anos que me sugeriu que fosse para Varela. Assim fiz, na volta fui logo direto ao aeroporto pensando que desta já me tinha safado.

Por hoje é só, até que me lembre de outra situação.

Abraço
Acácio Mares
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20961: Estórias avulsas (98): Histórias do vovô Zé (2): História da Carochinha, contada em confinamento, em homenagem à D. Virgínia Teixeira e ao Senhor Jotex (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp)

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20156: O nosso livro de visitas (203): O jovem guineense Erickson Té agradece o trabalho que o nosso blogue tem feito pela sua terra e pede autorização para usar algumas das nossas histórias bonitas em página do Instagram

Infografia: Miguel Pessoa (2019)
1. Mensagem do nosso leitor guineense, Erickson Té:


De: erickson te <ericksonte_23@outlook.com>
Date: quarta, 18/09/2019 à(s) 10:44
Subject: autorizção


boa tarde Sr. Luís Graça tudo bem consigo?

quero lhe agradecer por trabalho que tem estado a fazer refiro o seu blog luis graça e camaradas da Guiné aprendi muito com seu blog historia bonitas que nem quando estudava na guiné.  e também queria pedir sua autorização para uso destas informações (historias) para uma pagina feita por mim no instagram para informar a minha e futura geração já que só focamos nestas novas tecnologias


agradecia a sua resposta claro a sua autorização também.

obrigado e boa tarde.

ass: Erickson Té



2. Resposta do editor Luís Graça:

Caro Erickson Té:

Costumamos dizer, e é verdade, que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!..

Como não temos portas em janelas, muito menos muros e arame farpado, todo o mundo pode entrar aqui e espreitar o que fazemos... Este é o lado admirável das redes sociais... Partilhamos memórias (e afetos), contamos histórias de guerra e paz, celebramos a vida, a amizade e a camaradagem,  não escondemos a nossa amizade para com o povo guineense, mas também a nossa preocupação pelo seu presente e pelo seu futuro.  

Só há uma terra, a casa comum da humanidade...  Portugal e a Guiné estão ligados por laços históricos com quase 600 anos e, apesar dos conflitos do passado, provocados pelas políticas das  nossas elites dirigentes, e pelo fascinante mas também doloroso processo da globalização, de que os portugueses foram pioneiros,  os nossos dois países  estão hoje em paz  um com o outro e pertencem, nomeadamente, à Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP). 

Em português nos entendemos, Erickon, e eu fico feliz por poderes encontrar, no nosso blogue, histórias "bonitas" que nunca te contaram quando andavas a estudar em Bissau. Não temos página no Instagram, mas vamos querer conhecer a tua.  Estás autorizado a usar o nosso blogue como fonte de informação e conhecimento, no respeito pelas regras da nossa política editorial. Se usares na íntegra alguns dos textos e imagens, deves sempre citar o autor e a o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Mas, para já, gostávamos que te juntasses a esta comunidade de "amigos e camaradas da Guiné". Somos já perto de 800. Temos também entre nós amigos guineenses. Mas precisamos gente mais jovem como tu, para manter a ponte entre gerações. Basta que me mandes uma foto tua e meia dúzia de linhas, com uma breve apresentação da tua pessoa e do teu trajeto de vida: onde nasceste, onde estudaste, onde vives hoje, etc.

Mantenhas. Boa saúde, bom trabalho. Luís Graça.

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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13652: Notas de leitura (635): “Vamos", por Jacinto Lucas Pires (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Março de 2014:

Queridos amigos,
Este livro é uma apologia da resiliência, da tolerância, da vitória da vontade sobre a adversidade. Todos estes jovens conheceram o processo do desenraizamento, conheceram a pobreza e a exclusão.
A Gulbenkian, que já apostou no projeto das Orquestra Geração, fez opção estratégica com a Academia Ubuntu, com o alvo de formar líderes africanos de primeiríssima qualidade. Vieram de vários PALOP, alguns dos guineenses dão aqui testemunho.
O texto de Jacinto Lucas Pires é imaginativo, estes jovens cruzam-se nos labirintos dos bairros suburbanos, como não se conhecessem, isto quanto todos os seus sonhos se tocam. E a vertente fotográfica é esplendorosa.
Se tiver precisão de uma prenda para alguém que precise de uma injeção de otimismo e confiança na força de vontade, lembre-se de oferecer “Vamos”.

Um abraço no
Mário


Chegar ao começo e sonhar com o céu (2)

Beja Santos

A Academia Ubuntu, dinamizada pelo Instituto Padre António Vieira, e que recebe o apoiou da Fundação Calouste Gulbenkian, deu vida em 2010 a um projeto experimental de capacitação de jovens líderes descendentes de imigrantes, tendo como patronos Mandela, Tutu e Luther King. Subjacente a este projeto, estava o desenho de um inovador programa que procurava desenvolver competências e uma liderança ao serviço de outros. O escritor Jacinto Lucas Pires foi convidado para retratar as histórias por dentro das vidas dos que frequentaram a Academia Ubuntu, jovens que caminharam à beira do abismo mas que souberam ultrapassar a diversidade de obstáculos e até a desmotivação. Jacinto Lucas Pires montou histórias, jovens em atmosfera suburbana, por vezes em alta voltagem emocional, provenientes do rescaldo da descolonização ou de guerras subsequentes, ou vindos por anseio dos pais, à procura da concretização de sonhos. O que aqui se regista, como se compreenderá, são depoimentos de jovens guineenses.

“Os pais de Natália vieram da Guiné, de Bassarel. O pai veio nos finais da década de 80. Esteve em Algés a trabalhar. A mãe e três irmãos de Natália ficaram na Guiné. Vieram mais tarde, em 1991. O pai já a casa construída no Prior Velho, no Bairro da Quinta da Serra.
Natália nasceu logo a seguir, em 1992. O pai trabalhava na construção civil, a mãe numa empresa de limpezas. Os irmãos de Natália fizeram cá a escola. Na Guiné, o pai de Natália era professor. Natália tem três irmãos mais velhos e dois mais novos.
Para as irmãs, foi difícil, que chegaram cá com 15 e 13 anos e tiveram de ir para a primária. Mas o irmão, que só tinha dois anos quando veio, fez o percurso normal, da creche à faculdade; está agora a acabar o curso de Ortoprotesia, a fazer um estágio em Madrid. Gosta daquilo lá, mas tem passado algumas dificuldades. Quando estava à procura de casa, dizia que era português e as pessoas ficavam a pensar que ele era branco. Depois aparecia e – bem, tem passado algumas dificuldades.
Ele é mesmo grande, diz a Natália. Talvez isso assuste também”.

“Gerónimo nasceu no Senegal. A mãe, foi grávida, da Guiné para Dakar, e Gerónimo nasceu lá. São de etnia Manjaca – à letra manjaco significa digo-te”.

Quando saiu do Senegal, Gerónimo tinha o 5.º ano feito; foi para a Guiné continuar os estudos. Não conhecia o pai, que, entretanto, emigrara para Portugal. Durante muito tempo nem sabia que ele existia.
Na Guiné, em Canchungo, voltou atrás nos estudos, perdeu dois anos por causa da língua. No Senegal a escola era em francês, na Guiné era em Português. Em casa, com a mãe, Gerónimo falava Manjaco. E, no Senegal, na rua, fala-se principalmente uolofe.
Um dia Gerónimo fez uma asneira, a irmã vira-se para ele e diz-lhe: “Hás de ver, quando fores a casa do teu pai”…

Aí é que ele começa a pensar: “Afinal, este senhor que me está a educar não é o meu pai?”.

“Na escola Rui teve de repetir o 4.º ano. Depois a empresa do pai faliu, o contabilista matou-se e começaram os problemas de dinheiro. A família teve de se mudar da vivenda onde morava para um andar num prédio em Bolonha, na Póvoa de Santa Iria.
Por essa altura o pai do Rui começou a trabalhar com um amigo numa empresa de reciclagens e obras. Na Guiné a mãe de Rui era professora primária, em Portugal é cozinheira. Já esteve no Chimarrão, agora está na Santa Casa. O pai agora está no fundo. Quer dizer, está desempregado. Tem um projeto sobre o clima da Guiné, no Instituto de Meteorologia, mas não tem dinheiro para o montar”.

“Na Guiné os familiares de Gerónimo fizeram uma cerimónia para que ele voltasse para junto do pai. É um mito. É assim que eles chamam àquilo, o mito. Sacrificam um animal, nesse caso foi um porco. A família da mãe e a família do pai juntam-se comem juntos dizem algumas palavras, desejando que o filho vá para junto do pai e pedindo felicidade para toda a gente. Não há palavras obrigatórias, cada um expressa o seu desejo.
Passadas umas semanas, Gerónimo foi para casa do pai, em Canchungo, numa tabanca Beniche. Mas o pai não estava lá. Só lá estava um tio e os seus seis filhos. Gerónimo fica aí a viver, faz aí o 3.º e o 4.º anos. No 5.º ano, vai para liceu no centro de Canchungo; onde estuda até ao 8.º. Quando passa para o 9.º, em 2005, o pai, que entretanto conseguira a nacionalidade portuguesa, trá-lo para Portugal.
Agora Gerónimo vive nas barracas, no Bairro da Quinta da Serra. Vive com o tio e cinco primos. O pai está no Luxemburgo desde 2007. Ficou desempregado e foi para lá à procura de trabalho. Tem trabalhado na construção civil, é pintor.
Como se tudo já não fosse suficientemente difícil, a câmara agora quer despejá-los da casa onde vivem na Quinta da Serra. Dizem que o pai de Gerónimo perdeu o direito de realojamento por não estar cá. Eles recorreram, explicando que ele não está cá mas aquela continua a ser a residência familiar. A ver qual será a resposta.
A mãe de Gerónimo vive no Senegal. Gerónimo veio para Portugal em 2005 e nunca mais voltou lá. Tem saudades. Da família, dos amigos de infância, coisa imperdível, inesquecível. E, claro, de Juvêncio, o filho que teve aos 17 anos e que agora está à guarda da mãe.
Não conhece alguns dos irmãos. Nasceram depois de ele ter nascido do Senegal. Falam ao telefone, eles perguntam-lhe quando é que o Gerónimo vai ter com eles.
Mas mantém um contacto muito forte com a mãe. Falam sempre, muito. Ela é analfabeta, falam só pelo telefone.
O Manjaco é uma língua oral (Uma vez Gerónimo viu o tio escrever Manjaco para falar com um amigo pela internet. Escrevia com as regras do português, a partir do som das palavras em Manjaco. Talvez funcione assim”.

"Gerónimo pensa em Manjaco e sonha em Manjaco. Um Manjaco é a língua dos seus sonhos.
Na Guiné, martelam o português. Aprendem só nas aulas, não praticam cá fora, e a triste verdade é que a maior parte dos professores não tem formação. Alguns acabam o secundário e começam a dar aulas. Há quem ensine português sem saber falar bem português (…) Na Guiné os professores faziam desafios entre os alunos. Chamavam um aluno ao quadro e depois esse aluno chamava outro para o desafio. Colocavam questões um ao outro e quem não respondia levava palmadas. Uma vez Gerónimo chamou uma prima e ela não sabia a resposta. Quando foi para dar a palmada, ele deu-lhe um toque muito mansinho. O professor percebeu, tirou o chicote e bateu nele com força para mostrar como é que se dava. Gerónimo conta isso com o sorriso mais aberto que se possa imaginar”.

As histórias multiplicam-se: quando veio para Portugal, Braima pensava em crioulo, só conheceu o pai aos 12 anos, as grandes figuras de Braima são mulheres; o pai de Edson está na Guiné, é professor na Universidade Lusófona, está separado da mãe de Edson desde os dois anos do filho, Edson jogou futsal no Clube Académico de Odivelas, depois passou para o futebol de onze…

Estes heróis do quotidiano sabem que têm que imaginar o seu céu, começam e recomeçam, têm várias identidades, este curso de liderança parte de valores africanos. Primeiro que tudo, aprende-se com Nelson Mandela a perdoar. Há quem se prepare para voltar. Será o caso de Braima, não se vê como um estrangeirado mas sente que tem mais a dar indo para a Guiné do que ficando em Portugal. Tem muitas saudades, pensa no seu lugar, na sua casa, pensa em Bolama. E de acordo com a sua cultura, desabafa para quem o ouve: “Nós somos onde o nosso umbigo foi enterrado”.

“Vamos” com texto de Jacinto Lucas Pires e fotografia de Tiago da Cunha Ferreira, Edições Gulbenkian, 2011, é a história de um projeto inspirador onde jovens desenrizados, vivendo por vezes em território de conflito, aprendem liderança, fazem-se dinamizadores, empreendedores, técnicos de gabarito. Para quem olha África como um continente à deriva, este livro é uma enorme promessa.


Os afetos e a identidade são para respeitar e cultivar
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13635: Notas de leitura (634): “Vamos", por Jacinto Lucas Pires (1) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13635: Notas de leitura (634): “Vamos", por Jacinto Lucas Pires (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Março de 2014:

Queridos amigos,
Mais uma grande surpresa, um projeto de inovação social a que a fundação Gulbenkian está ligado, buscam-se novas soluções para novos e velhos problemas sociais.
Jacinto Lucas Pires conta primorosamente histórias de jovens que foram capazes de fazer cada obstáculo um degrau, são estudantes e simultaneamente dinamizadores, coordenadores de projeto ou fazem estágios. Jovens que valorizam a liberdade, que aprenderam a perdoar.
A fotografia de Tiago da Cunha Ferreira substitui luminosamente as palavras. Mostra estes jovens prontos a conquistar o mundo mesmo quando vivem nos bairros mais inóspitos.

Um abraço do
Mário


Chegar ao começo e sonhar com o céu (1)

Beja Santos

Que a vida me tem sido benfazeja em imprevistos deleitosos, escuso-me de queixar, sou pródigo em tais benesses, em felizes acasos. E então na descoberta de livros…
Vai um cidadão pronto para assistir a “Dido e Eneias”, de Purcell, tem ainda uns momentos ociosos, deambula pelas estantes de livros, a Gulbenkian, mesmo fora da feira de Natal, tem sempre umas oportunidades catitas. O livro chama a atenção pelo grafismo, o livro parece um álbum, tem papel de boa gramagem, e as ilustrações, então…
Os olhos saltitam pelas histórias, trata-se de texto da autoria de Jacinto Lucas Pires, está lá a Guiné e jovens guineenses na diáspora, casos ímpares de força de vontade, histórias incríveis, poderiam emparceirar nos relatos das sagas e odisseias. Compra-se sem hesitar, estão aqui jovens que apostam no futuro, os chamados casos de resiliência, vamos ler e depois contar no blogue.

Porque a esperança nunca acaba. O livro chama-se “Vamos”, a fotografia é de Tiago Cunha Ferreira, o convidado para a empreitada da escrita é Jacinto Lucas Pires, Edição Gulbenkian, 2011.
Como foi possível estar tanto tempo sem saber deste projeto? A responsável da Gulbenkian, Isabel Mota, dá-nos o pano de fundo: “A Academia Ubuntu, dinamizada pelo Instituto Padre António Vieira, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Universidade Católica Portuguesa, deu vida, no último ano, a um projeto experimental de capacitação de jovens líderes descendentes de imigrantes, tendo como patronos Mandela, Tutu e Luther King. Estes gigantes da humanidade inspiraram um ambicioso e inovador programa que procurou desenvolver competências ao serviço dos outros. Quatro dezenas de jovens inseridos em contextos de grande exclusão social, viveram um roteiro de formação exigente, na certeza de poderem contribuir para alavancar a mudança”.
E mais adiante Isabel Mota explica no final do projeto se lançou o desafio a Jacinto Lucas Pires para que retratasse as histórias por dentro das vidas dos que frequentaram a Academia Ubuntu, vidas reais contadas pelos próprios como se não fosse nada. Aqui ficam extratos de histórias de jovens guineenses:  
“Foi há dezoito anos, mas Edson nunca mais esqueceu daquele dia em Bissau. O primo-irmão Mário tinha ido buscar a sua irmã Daise ao jardim-de-infância. Estão os dois à beira da estrada à espera para atravessar, um dia normal de sol, quando a criança larga a mão do primo, começa a correr e é atropelada por um autocarro.
Mário chega a casa assustadíssimo a dizer que a menina está morta. Daise está morta, morreu, um acidente muito grave.
Edson tem oito anos e aquela notícia provoca-lhe um sofrimento grande demais.
Depois vêm dizer-lhe que não, a Daise não morreu, mas ele não acredita. Pensa que é tudo mentira, que lhe dizem aquilo para que não sofra tanto. Um sofrimento intenso, do qual não se pode sair, do qual é impossível conseguir sair.
Dias mais tarde, quando vai ao hospital e vê a irmã, é como se testemunhasse uma ressurreição.
A mãe de Edson traz Daise para Lisboa, para ser vista por uma junta médica no Hospital da Estefânia e Edson fica em Bissau. Passa a viver com a avó e os tios numa grande casa coberta de palha. Teve uma infância bastante feliz”.

“Braima nasceu em Bolama, na Guiné-Bissau; uma ilha do arquipélago dos Bijagós. Do lado da mãe, são bijagós (única etnia da Guiné que não foi islamizada). O pai de Braima é do continente, de Buba; os bisavós vieram da Guiné-Conacri. Do lado do pai são muçulmanos. Do lado da mãe animistas, de educação católica. Braima teve uma educação católica.
Quando ele tinha seis anos, a mãe teve um problema de saúde e veio para Portugal. Curou-se e ficou por cá.
Braima tem cinco irmãos da parte da mãe. O pai teve doze filhos, ao todo. Em Bolama, ele era o codé (é o mais novo da família).
O avô de Braima ficou viúvo muito cedo. Era funcionário público e não tinha com quem deixar a filha pequena (a mãe de Braima). Uma senhora, a Avó Nhinha, costuma ver a miúda sentada ao pé da mesa onde o avô de Braima trabalhava as escrever numa máquina antiga. Um dia, foi ter com ele e perguntou-lhe se não queria que ele tomasse conta da menina. A partir daí, a mãe de Braima – e depois Braima – passa a integrar essa outra família, de origem senegalesa.
Braima também passou muito tempo da infância no Senegal. Quando era miúdo, até falava uólofe.
Mas a sua primeira língua é o crioulo guineense. Na Guiné fala-se português na aula e crioulo no recreio. E português é muito diferente do crioulo e é muito difícil para os miúdos. É preciso dobrar a língua, coloca-la mais leve. O crioulo da Guiné é falado com a língua no céu-da-boca e não tem, por exemplo, os sons ‘lh’ e ‘rr’. Também não há artigos masculinos ou femininos, é sempre neutro”. 

“Edson tem outra irmã, do lado da mãe, com dez anos. Também veio para Portugal antes dele.
Agora está parado no sol do meio-dia, nas escadas da Faculdade de Letras, em Lisboa. A camisa branca é um concentrado de luz. Edson tem 24 anos e olha para nós; uma cicatriz na base do nariz, uma curta linha horizontal, lembrança de um prato que lhe acertou na cara quando era criança. O resultado de se ter metido no meio de uma discussão entre adultos: os tios estavam aos gritos e ele armou-se em ONG”.

“Em Bissau, à noite, Edson sente saudade de um lugar que não conhece chamado Lisboa. Sonha em vir ter com a mãe e os irmãos.
No dia 22 de outubro de 2000, com 13 anos, veio finalmente para Portugal. É o último da família a vir porque é o irmão mais velho.
Mas, quando chega, as aulas estão a meio e tem de ficar um mês sozinho num apartamento em Odivelas. Chora todos os trinta dias”.

“Os Barai são da região de Bula, na Guiné. A mãe de Rui é a filha de um português de Reguengos de Monsaraz e de uma guineense do Arquipélago dos Bijagós. Os avós paternos são guineenses, da etnia mancanha.
Os pais conheceram-se em Bissau; Rui nasceu lá, veio para Portugal com três anos. O pai veio estagiar como meteorologista e a família veio com ele. São três irmãos, Rui é o do meio.
Depois regressaram à Guiné, mas o pai de Rui viu as coisas lá não estavam a correr bem e voltou para Portugal. A família ficou na Guiné mais um tempo. em 1977 os pais de Rui, que eram casados só pelo registo, casaram pela igreja e fizeram uma bela festa em Bissau. O plano era regressarem todos a Portugal em 1998, mas de repente estalou a guerra.
A família já não consegue voar para Lisboa.
A mãe, os três filhos e uma prima que vive com eles saem da cidade, para uma casinha no mato. Vão para Bolama, de canoa – uma canoa cheia de animais e tralha –, e daí para Bambaiá, e depois para o Sul.
A tia tem uma fábrica de descascar arroz. Algumas pessoas dão dinheiro, outras dão parte de arroz, outros pagam com gado, e vai-se vivendo assim. Um dia vão lá militares, mas a tia dá-lhes arroz e eles não fazem mal a ninguém.
Não há notícias, não há rádio, comunicações, não sabem de nada. Rui tem dez anos.
Passados uns meses, regressam a Bissau, mas perdem o barco que os podia tirar dali. Decidem então sair por terra, pelo Senegal.
Em Dakar, numa zona de barracas de venda, uma senhora olha para a mãe de Rui e para, espantada. É uma tia do pai de Rui. Vai ter com eles, pergunta-lhes o nome e abraçam-se.
O pai compra-lhes bilhetes de avião para eles virem ter com ele a Portugal, mas no aeroporto há truques, têm de pagar aos funcionários, etc., e não conseguem passar. Várias tentativas, em vão. A mãe vem para Portugal e eles ficam lá.
Entretanto, o tio do Rui torna-se secretário de Estado da Cooperação Internacional da Guiné. Tem o mesmo nome que ele, Rui Barai. É ele que os vai buscar a Dakar.
Em 2000, chegam a Portugal. Vão viver para a Póvoa de Santa Iria, para um lugar chamado Bragadas. Rui tem onze anos, vai fazer doze”.


Dois jovens que sonham com o céu

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13625: Notas de leitura (633): “Poesias e Cartas", por José Bação Leal (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12441: O nosso livro de visitas (172): Pedido de informação de Djarga Seidi, guineense da diáspora, com esclarecimento prestado pelo nosso colaborador José Martins


Guiné > Zona leste > Setembro de 1968 > Foto nº 99/199 do álbum do João  > "Os meus camaradas, alferes de cavalaria" [ possivelmente da CCAV 1662, sendo o jipe com o canhão s/r também possivelmente do Pel Can s/r 1200] (*). O nosso camarada João Martins terá conhecido em Piche o tal "alferes Canhão" que o nosso leitor Djarga Seidi anda à procura.

Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. (Foto editada  por L.G.)


1. Mensagem do nosso leitor Djarga Seidi, guineense da diáspora:

De: seidi djarga 
Data: 8 de Dezembro de 2013 às 20:25
Assunto: felicitação


Exmo. Senhor Luis Graça,

Na minha qualidade de Guineense que vive atualmente em Portugal já há poucos anos, aproveito esta oportunidade para vos felicitar pelo blog sobre histórias e atualidades da Guiné-Bissau, que penso ser um bom contributo para se conhecer uma boa parte da história do nosso pais assim como atividades que levam acabo em prol das populações.

Com muito gosto que desejaria encontrar com o Senhor.

Peço,  caso seja possivel, ajudar localisar dois amigos meus,  ex-Oficiais do Exército Colonial,  entre os anos de 1968 a 1972:

 - Comodoro da Marinha, que esteve na Marinha da Guerra em Bissau, com Gabinete de trabalho na antiga Amura, entre 1970-1973;

 - Alferes que esteve em Piche, que se chamava Alferes Canhão, sendo Comandante do Canhão que transportava num jeep, entre 1967-1970.

Gratos pelo atenção,

Djarga Seidi


[Tem página pessoal no Facebook; pelas fotos que disponibiliza, verifica-se que deveria ser muito criança na época a que se refere o seu pedido: deverá ter hoje 40 e tal anos... ]

2. Comentário, de 9 do corrente, do nosso colaborador José Martins a quem pedi a recolha de informação adicional para podermos responder ao nosso leitor Seidi:

Viva, Luís

Vamos tentar dar resposta às questões apresentadas:

Comodoro - Como sabes,  a patente de Comodoro equivalia, no caso do exército,  a Brigadeiro. Seria, então, um oficial já com alguma idade, necessariamente acima dos 50 anos. Se juntarmos a este número os 40 nos já passados, será pessoa, caso ainda esteja entre nós, para ostentar a idade de 90 anos, pelo que presumo que a familia o terá em bom recato para não ser incomodado.
Quanto à possibilidade de se saber quem é/era, temos que ter em consideração que o Rama da Marinha é o que mais protege os seus membros, para mais tratando-se de um oficial general, em serviço no Comando Chefe.

Alferes Canhão - É muito provavel que tenha sido o comandante de um pelotão de canhões sem recuo. O nome de Canhão ou é uma coincidência ou então "herdou" o nome da arma que manejava: um canhão sem recuo montado em jipe, para mais facil deslocação. 

Apesar da pesquisa para se saber quem é/era e depois localizá-lo será mais fácil, desde que exista no AHM [Arquivo Histórico Militar] a história da unidade que, em termos logisticos, operacionais e administrativos, dependia do batalhão instalado no comando do sector. Em anexo segue listagem das unidades que passaram por Piche, no periodo entre 1961 e 1974 [excerto]. A indicação PU (pequena unidade) quer indicar que a unidade não estava completa.

 Espero ter dado resposta às questões mencionadas.(**)

Abraço, do Zé Martins.



Listagem das unidades que passaram por Piche, no periodo entre 1967 e 1971, incluindo o Pel Canões s/r 1200 (jul 67/ mai 69) e o Pel Canhões s/r 2126 (jun 69/ mar 71).

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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 10 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9879: Memórias da minha comissão (João Martins, ex-alf mil art, BAC 1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69): Parte IV : Em Piche, com um Pel Art com 3 peças de 11.4

segunda-feira, 25 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11312: Tabanca Grande (391): António Baldé, fula, natural de Contuboel, português, apicultor, pai do Umaro e da Alicinha, ex-1º cabo, CIM, Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70) e CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71), grã-tabanqueiro nº 610

1. António Baldé, fula, nasceu em Contuboel em 1944.  [Foto à esquerda, Alfragide, 27/7/2012]

Foi educado, até aos 12 anos, pelo chefe de posto local, o português José Pereira da Silva, ainda hoje vivo. (Mora em Oeiras, é vizinho da decana do nosso blogue, a dra. Clara Schwarz, mãe do nosso amigo Pepito.)

Fez a 4ª classe e isso abriu-lhe outras portas que outros miúdos da sua tabanca não puderam abrir. Lembra-se bem da serração do Albano, que ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969, quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CART 11 e a CCAÇ 12).

Em 1966, foi chamado para a tropa. Fez a recruta e a especialidade no CIM de Bolama. Ficou lá dois anos. Promovido a 1º cabo, de artilharia, foi instrutor. Lá se formaram diversos Pel Caç Nat. Em 1969 é transferido para o Pel Caç Nat 56, sediado em S. João, frente a Bolama.

Em 1969 casou-se. Será o primeiro de quatro casamentos. Teve ou tem 15 filhos, o último dos quais a Alicinha do Cantanhez, filha da nalu Cadi Indjai (1985-2013).

Desse tempo, e do tempo do Pel Caç Nat 56 e 67, lembra-se com saudade dos furriéis Gil e Nuno, que gostaria de voltar a encontrar. Não faz ideia do seu paradeiro. Em São João esteve em 1969/70. 

Será depois transferido para a CART 11, que estava em Paunca. Esteve por lá em 1970/71. O comandante do seu pelotão era o alf mil Matos, que é de Ovar, e com quem ainda hoje convive e fala ao telefone. Já foi a um (ou mais) dos convívios da companhia. Esteve no destacamento de Sinchã Queuto [que eu só localizo a norte de Bafatá, e a sul de Contuboel, no mapa de Bafatá].

Saiu da tropa em finais de 1970 ou princípios de 1971. A mulher tinha ficado em Bolama. Assistiu depois à independência. Não tem boas memórias de Bambadinca desse tempo (teve de assistir a julgamentos populares selvagens e a execuções sumárias, bárbaras, pelo menos de um polícia admimistratibo e de um régulo, "inimigos púbicos nº 1 do PAIGC).  Mas não teve, felizmente para ele,  quaisquer problemas com os novos senhores da Guiné-Bissau. 

Ainda antes da independência tinha começado a trabalhar nos serviços agrícolas da província. Fez formação em floricultura, se não me engano. Foi ele e outros estagiários quem fez o jardim do Bairro da Ajuda, em Bissau, no tempo do administrador Guerra Ribeiro. Depois da independência começou a trabalhar com o engº agr Carlos Scwharz, no DEPA, na região de Tombali. Tem uma grande admiração pelo Pepito e pelo trabalho dele em prol do desenvolvimento da sua terra. (É cofundador, se não erro, e cooperante da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento).

No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que é hoje a sua grande paixão. Acabou por ficar. Trabalhou como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tem um filho, de 13 anos, o Umaro Baldé, que vive com ele e que está a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e que ser informático.

De momento está desempregado. O seu sonho é voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã,  e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Mas tem dois filhos pequenos para criar. Muçulmano, vai todas as sextas feiras à mesquita de Lisboa. É um bom crente. É uma homem afável, conhece meio mundo, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande. Está interessado sobretudo em partilhar os seus conhecimentos e a sua paixão como apicultor.


2. Comentário de L.G.:

[Foto à direita: Luís Graça e António Baldé, Alfragide, 27/7/2012]

Conheci o António Baldé, o verão passado, através da Alice Carneiro, minha mulher e nossa grã-tabanqueiro. Na altura escrevi o seguinte, em comentário ao poste P10213:

"A Alice, minha mulher, e nossa grã-tabanqueira, tem uma "afilhada" nalu, a Alicinha do Cantanhez. Aliás, temos. Assumo o meu papel de "padrinho". É amorosa, a filha da Cadi, que ela conheceu no sul da Guiné, em março de 2008. A Cadi é uma rapariga linda, um torrão de açúcar. Já teve um filho que lhe morreu, de paludismo, aos 4 meses. O Nuninho. Escrevi-lhe um poema. Era afilhado da Júlio e do Nuno Rubim.

[[Foto à esquerda: António Baldé e Alice Carneiro, Alfragide, 27/7/2012]

"A Alicinha tem sobrevivido. Conheci há dias o pai, António Baldé, fula, e nosso antigo camarada. Fez a tropa na CCAÇ 11, em Paunca. É natural de Contuboel. Tem 67 anos. Só conhece a filha de fotografia e vídeo. É um pai babado. Vive em Portugal há cerca de 10 anos. Somos nós que lhe damos notícias da mãe e da filha. 

"Tem casa em Caboxanque na margem esquerda do Rio Cumbijã. Um dia prometo ir lá passar umas férias. É apicultor, e quer votar à sua terra. Espantoso, como o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Ele vivia na zona de Cascais, onde era segurança. A empresa fechou, o Baldé está no desemprego. Um advogado, seu amigo, arranjou-lhe casa em Alfragide. Somos, pois, vizinhos de 'tabanca'. Vou vê-lo mais vezes. Só há dias é que o conhecemos. Um homem tranquilo e sábio, que trabalhou com o Pepito muitos anos em projetos agrícolas. Foi assim que esse foi parar ao sul.

"Ajudou-nos agora a fazer sumos com os frutos secos que a Cadi nos mandou, através do nosso amigo Pepito: veludo, cabaceira, alfarroba... Os sumos são uma delícia... Mãe e filha estiveram muito doentes, no princípio do ano. Valeu-lhes a ajuda dos nossos amigos Pepito, Zé Teixeira e Tiago Teixeira a quem deixamos aqui a manifestação pública do nosso agradecimento. Muito em particular, ao Dr. Tiago Teixeira, que tem uma relação especial com o hospital de Cumura, gerido pelos franciscanos. (...)"

Este fim de semana o António Baldé veio cá casa, com o filho,  almoçar. (O Umaro está com o pai desde os 6 anos.) Conversámos longamente. O seu sonho é poder legalizar os papéis do seu casamento (tradicional) com a Cadi e trazer para Portugal a sua filhota, a Alicinha, de 3 anos, agora órfã de mãe.  Não é fácil,  quando se está longe e é preciso vencer uma dupla barreira burocrática, a do seu  país de origem (a Guiné-Bissau) e a do seu país de adoção (Portugal).

Pois, bem, António, passas a ser o grã-tabanqueiro (quer dizer,  membro da nossa Tabanca Grande) nº 610. Vais ter oportunidade de me contar mais histórias o teu tempo de Guiné e de tropa. Espero que Alá te ajude a concretizar os teus sonhos, de pai e de apicultor. Da nossa parte, já sabes, tens aqui uma Tabanca Grande, cheia de amigos e camaradas... Sê bem vindo!
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8860: O Nosso Livro de Visitas (117): Samuel Vieira, guineense da diáspora, engenheiro informático no Brasil, elogia o nosso blogue


1. Mensagem de um guineense na diáspora, Samuel Vieira, com data de ontem:

De: Samuel Vieira
v_samuel2003@yahoo.com.br


Data: 4 de Outubro de 2011 18:07


Assunto: Elogiar o vosso trabalho não tem limite para um povo que valoriza sua história!

Prezados,

Sou Samuel Vieira, natural da Guiné-Bissau, residente no Brasil. 

Sou formado em Ciências da Computação (Engenheiro Informático,  em Portugal) e hoje trabalhando como Gerente de Tecnologia de Informação da Motoshop.


Possuo um blogue: http://www.djemberem-samuel.blogspot.com/ onde criei um link para que grande parte dos visitantes do meu blogue pudesse também fazer um passeio pelo vosso blogue:


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/10/guine-6374-p8856-memorias-do-chico.html 

para conhecer histórias fantásticas de alguns guineenses como esta história maravilhosa vista nessa página que é do Cherno Abdulai Baldé - Chico de Fajonquito.


Continuem esse trabalho maravilhoso que encanta os guineenses e faz reviver histórias de personalidades diferentes que passaram ou vivem na Guiné-Bisssau.

Um abraço fraterno,

 Samuel Vieira
(Analista de Sistemas)

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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8739: O Nosso Livro de Visitas (116): Ex-Alf Mil Orlando Silva, CCAÇ 3325 (Os Cobras), Guileje e Nhacra, 1971/72

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7644: Agenda Cultural (101): A Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa e o Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade de Direito: Homenagem a Amílcar Cabral, hoje, dia 20, das 16h30 às 19h30, na FD/UL, em Lisboa

1. Mensagem da Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa, com pedido de divulgação:

 A  Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboavem por este  meio apresentar o seu programa para dia 20 de Janeiro na Faculdade de  Direito de Lisboa pelas às 16:30 na Sala de Audiências da Faculdade de Direito de Lisboa.

Cumprimentos Cordiais Ednilson dos Santos


Programa
A Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa (AEGBL) e o Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade de Direito (NEA-FDL),  com apoio da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, vêm por este meio informar que no dia 20 de Janeiro de 2011 se  realizar uma Cerimónia em Homenagem a Amílcar Lopes Cabral e Heróis da luta pela libertação da Guiné-Bissau e Cabo-Verde.

Programa do Evento


Local de Evento: Faculdade de Direito de Lisboa [, Cidade Universitária,  Campo Grande], Sala de Audiências,

Hora: das 16:30h às 19:30

Tema: “Homenagem dos Heróis Nacionais da Guiné-Bissau e Cabo-Verde e a Influência do Pensamento de Amílcar Lopes Cabral nos dois Países ”

16:30 Abertura solene da Conferência

Conferencistas >

Eng. Domingos Simões Pereira, Secretário Executivo da CPLP [ , Comunidade dos Países de Língua Portuguesa];
Dr. José Luís Hopffer de Almada, Jurista e Analista político;
Prof. Doutor Julião Sousa, Professor de História e investigador na Universidade de Coimbra;
Dr. Rony Moreira, Sociólogo;
Prof. Doutor António Duarte da Silva, Professor Universitário e autor dos livros: Independência da RGB, Invenção e Construção da RGB;
Prof. Dr. Bernardo Pacheco de Carvalho, Coordenador do CIAT-CD Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, PAIAT - ISA/UTL

Moderador: Jornalista António Lopes Soares, Tony Tcheka, Consultor Internacional em Comunicação e Jornalismo

18:00h Espaço de Debate

18:30 Encerramento: Excelentíssimo Senhor Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Dr. Fali Embaló

Organização: AEGBL e NEA-FDL Com Apoio da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7569: Agenda Cultural (100): Fim do Império: Olhares Jornalísticos - 4.º Encontro: 18 de Janeiro de 2011, na Livraria Verney, Oeiras. Oradores: Cor Carlos Matos Gomes e o fotógrafo Fernando Farinha