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terça-feira, 6 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18386: Memória dos lugares (375): Lourinhã, Zambujeira e Serra do Calvo: monumento aos combatentes do Ultramar




Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > "Homenagem da Zambuejira e Serra do Calvo aos seus combantentes"... Monumento inaugurado em  5 de outubro de 2013 (e não em 2015, segundo lapso do nosso colaborador permanente José Martins.). Foi uma patriótica iniciativa do Clube  Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira de Serra Local.

Desconhece-se o autor do painel de azulejos que representa a partida, no T/T Niassa, no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Lisboa, de um contingente militar que parte para África. Ao canto inferior esquerdo a quadra: "Adeus, terras da Metrópole / Que eu vou pró Ultramar /, Não me chorem, mas alegrem [-me], / Que eu hei-de regressar"... No chão, em calçada portuguesa, lê-se: "Em defesa da Pátria". Abaixo do panel, há um livro metálico com os nomes de todos  os nossos camaradas, naturais das duas povoações, que combateram no Ultramar.


Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > Bolo do 35º aniversário do Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira e Serra do Calvo


Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > Festa do 35º aniversário do Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira e Serra do Calvo > Atuação do Grupo de Caquinhos > Silvinho Pereira, ex-combatente m Moçambique, em 1968 - 1970:  natural da Serra do Calvo, e meu amigo de infância, é autor de "Diário de um combatente: nas sendas da floresta" (Lisboa, Chiado Editora, 2013, 422 pp.) (*)


Lourinhã > Zambujeira e Serra do Calvo > 25 de fevereiro de 2018 > Festa do 35º aniversário do Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira e Serra do Calvo > Atuação do Grupo de Caquinhos > À esquerda, o João Pereira, outro ex-combatente,  em Angola, onde foi alf mil, entre 1969 e 1971, se não erro;  é natural da Zambujeira e é outro velho amigo.É maestro do grupo coral local.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fica agora mais visível, o monumento, a escasso quilómetro e meio do Dino Parque da Lourinhã  (que tem sede na povoação da  Abelheira)...Seguindo da Lourinhã até à Zambujeira, mesmo no centro da povoação, fica  o Clube Desportivo, Cultural e Recreativo da Zambujeira e Serra do Calvo. O monumento fica ao lado, do lado esquerdo. Quilómetro e meio depois temos o Dino Parque da Lourinhã. Zambujeira e Serra do Calvo são terras "siamesas", física e simbolicamente ligadas, não havendo hoje qualquer "rivalidade", como no passado. (**)

Quem lá for, ao Dino Parque,  por este itinerário, pode parar na Zambujeira para tirar uma foto. Passámos por lá, no passado dia 25, almoçámos no clube local, que comemorava  justamente o seu 35º aniversário. É um clube dinâmico, que tem à frente uma mulher de armas, a minha amiga Maria Matos, empresária. É um terra simpática, de gente empreendedora, onde gosto de ir, e nomeadamente à sua festa anual. 

Conheço lá vários camaradas que estiveram na Guiné, Angola e Moçambique. Descobri agora mais um  o empresário José Correia, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 1496 / BCAÇ 1876 (Bissum, Pirada e Bula, 1966/67), que convidei para integrar a nossa Tabanca Grande.  Infelizmente não usa Internet nem tem email, como a grande maioria dos nossos camaradas de armas. 
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Notas  do editor:

(*) Vd. poste de  1 de setembro de 2015 >  Guiné 63/74 - P15064: Memória dos lugares (317): Zambujeira e Serra do Calvo, concelho da Lourinhã: mais duas terras que prestam uma justa homenagem aos seus combatentes

(**) Último poste da série > 1 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18274: Memória dos lugares (374): Gadamael, c.1967/68, ao tempo da CART 1659, 'Zorba' (Manuel Cibrão Guimarães, ex-fur mil, CCAÇ 1620, Bissau, Cameconde, Cacine, Sangonhá, Cacoca, Cachil e Bolama, 1966/68)

domingo, 18 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16843: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (3): Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes (...um núcleo, formidável, ativo e solidário, mas também com preocupações culturais, seguramente um dos melhores que integram a Liga; um alfabravo também para eles, seus associados e dirigentes, por parte da nossa Tabanca Grande)


1. Mensagem de boas festas enviada pelo Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, com data de 16 do corrente, e a que retribuímos com votos de boa saúde e longevidade para todos os camaradas,  associados e dirigentes. 

Daqui a 10 anos este núcleo vai fazer 100 anos!

Destaque para o seu projecto da construção da “Sede Social/Centro de Dia”, uma ideia que tem vindo a ganhar força face ao problema  do envelhecimento dos combatentes. Segundo se lê na apresentação do Núcleo da Covilhã na página oficial da Liga dos Combatentes, é dever do Núcleo: (i)  lutar contra adversidades, (ii) congregar sinergias que permitam intensificar actividades, (iii) proporcionar a abertura a outras formas complementares de lazer e cultura," em suma colaborar para um envelhecimento saudável, onde não falte a medicina preventiva, curativa e de reabilitação, apoiada em serviços de gerontologia, geriatria e fisioterapia."

O segundo projeto, esse já em velocidade de cruzeiro, é a publicação, trimestral "O Combatente da Estrela". de 20 pp -,  e que recebemos regularmente, em formato pdf, na nossa caixa de correio. É também distribuído, gratuitamente,  em papel. (Vd. abaixo a folha de rosto do nº 103, relativo a julho-setembro de 2016: neste número, colaboram, com textos da da sua autoria, dois dos nossos grã-tabanqueiros, camaradas da Guiné, o José Teixeira e o Juvenal Amado).  Um alfabravo para o seu diretor, o João Cruz de Azevedo, o seu subdiretor, João de Jesus Nunes,  e demais colaboradores.

O que sabemos, através das notícias que nos chegam, veiculadas por este seu jornal, é que se trata de um núcleo, formidável, ativo e solidário, mas também com preocupações culturais, seguramente um dos melhores que integram a Liga dos Combatentes

Tem página no Facebook que é seguida por diversos camaradas nossos da Tabanca Grande.




Detalhe da página principal de "O Combatente da Estrela", edição nº 103, jul-set 2016, órgão do Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes,
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16840: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (2): Boas festas, de Macau, tão longe e afinal aqui tão perto (Virgílio Valente, ex-alf mil, CCAÇ 4142, Gampará, 1972/74)

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16560: Ser solidário (198): Associação dos Filhos e Viúvas dos ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesa na Guiné-Bissau quer estabelecer parceria com a Liga dos Combatentes (Idrissa Iafa, jornalista da Rádio Pindjiguiti)


Guiné-Bissau > Região de Quínara > Buba > Outubro de 2016 > Encontro entre a Associação dos Filhos e Viúvas dos ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesa na Guiné-Bissau com filhos e viúvas do sector de Buba.

Foto de Idrissa Iafa, Facebook (2016) ( com a devida vénia...)

1. Mensagem que nos chegou através do nosso amigo  Idrissa Iafa, jornalista da Rádio Pindjiguiti  com data de hoje, às 15h23 


Guiné-Bissau, Bissau

04/10/2016

Exmo. Senhor

Tenente General Joaquim Chito Rodrigues.
 Presidente de Liga dos Combatente.


Assunto: informação

Senhor Presidente

Viemos pelo presente informar, primeiramente,  da existência da Associação dos Filhos e Viúvas dos ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesa na Guiné-Bissau (*), com objetivo estabelecer uma parceria [com] a vossa Liga dos Combatentes.

A Associação dos Filhos e Viúvas dos ex-Combatentes das Forças Armadas Portuguesa na Guiné-Bissau que foi fundada 18 de novembro do ano 2014, e foi legalizada no dia 31 de maio do ano ]de} 2016. e publicado na boletim oficial no dia 13 de junho do mesmo ano.

E neste momento esta organização dos filhos e viúvas conta com mais de 300 associados e temos como objetivo zelar pela união dos interesses comuns dos filhos e viúvas dos combatentes, dedicação no acompanhamento da remuneração dos ex-combatentes e elaborar e executar projetos sociais em vários domínios para solidarizar com os nossos pais das forças armadas portuguesa.

Nestes momentos os nossos pais se encontra muito velhos e outros já morreram sem ter uma casa pelo menos e os filhos ficam sem ter condições financeiras para estudar.

Sem mais assunto, agradecemos pelo tempo disponibilizado na leitura desta pequena Carta. (**)

Obrigado [pela] boa compreensão

Atentamente

O presidente,

Suleimane Camara

Contatos:

[telef] 00245 955559707

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15253: Agenda cultural (430): Conferência de António Graça de Abreu, "Entender a China 2015. Viajar pelo mundo chinês”, sábado, dia 17, pelas 11h30, em Lisboa, na sede da AFAP - Associação da Força Aérea Portuguesa, nas comemorações do seu 32º aniversário

COMEMORAÇÕES DO XXXII ANIVERSÁRIO DA AFAP - 17 OUTUBRO 2015

A Associação da Força Aérea Portuguesa (AFAP) comemora este ano, em 17 de outubro, sábado, o seu XXXII Aniversário.

Trata-se de uma efeméride que, cumprindo uma honrosa tradição, reúne a grande família da AFAP, nas instalações da sua sede,  na Av Alm Gago Coutinho nº 129,  Lisboa, para mais  um fraterno e cultural convívio, cujo programa se apresenta abaixo.

Para efeitos de inscrição, aceitam-se  reservas, pelo telefone 213 574 002 , ou por email – afap@netcabo.pt '> afap@netcabo.pt

O valor do almoço é de 20,00 euros por pessoa.

Chama-se, no entanto, a atenção para o limite que as instalações comportam (no máximo 100 convivas). É, por isso, urgente que os interessados façam as suas reservas.  O convite que nos chegou ao nosso blogue é feito pelo presidente da direção da AFAP, José Armando Vizela Cardoso, TGen.(Ref).


XXXII ANIVERSÁRIO DA AFAP NO CLUBE AFAP 
(Av. Alm. Gago Coutinho)
17 OUT 2015

P R O G R A M A


10h30 - Abertura do Secretariado
11h00 - Café - Convívio
11h30 - Início dos Trabalhos, pelo Presidente da Assembleia Geral da AFAP

- Conferência > “Entender a China 2015. Viajar pelo mundo chinês”,  prof. dr. António Graça de Abreu.
 
- Entrega de diplomas aos sócios que completam  10 anos de filiação na AFAP.
- Homenagem aos sócios com 25 anos de filiação.
12h45 - Encerramento dos trabalhos
Aperitivos
13h00 - Almoço 

16h00 - Encerramento da Reunião



 Prof. Dr. ANTÓNIO GRAÇA DE ABREU > Curriculum


António Graça de Abreu nasceu no Porto, em 1947. Licenciado em Filologia Germânica, Mestre em História da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses, foi professor de Português em Pequim (Beijing) e tradutor nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras. Viveu em Pequim e Xangai entre 1977 e 1983. 

Foi professor do ensino secundário e Assistente Convidado leccionando Sinologia no Instituto de Estudos Orientais da Universidade Nova de Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e actualmente na Universidade de Aveiro. 

Traduziu para português a peça de teatro Xi Xiang Ji (O Pavilhão do Ocidente), de Wang Shifu (1260?-1320?), editada em 1985 pelo Instituto Cultural de Macau, e também as antologias Poemas de Li Bai, Poemas de Bai Juyi, Poemas de Wang Wei e Poemas de Han Shan publicadas em Macau, respectivamente, em 1990, 1991, 1993 e 2009. Traduziu também o Tao Te Ching, editado em Portugal pela Vega Ed., 2013. 

O seu mais recente trabalho é Toda a China I e II, um extenso conjunto de textos sobre as suas muitas viagens e vivências exactamente por todo o território da República Popular da China, mais Taiwan, Hong Kong e Macau.

Historiador e poeta, é também autor da biografia de D. Frei Alexandre de Gouveia, Bispo de Pequim (1751-1808), co-autor dos dois volumes da Sinica Lusitana, 2001 e 2004, e dos livros de poesia China de Jade, 1997, China de Seda, 2002, Terra de Musgo e Alegria, 2005, China de Lótus, 2006, Cálice de Neblinas e Silêncios, 2008 e A Cor das Cerejeiras, 2010. Publicou ainda o Diário da Guiné, 2007, o relato de guerra dos seus dois anos, 1972/1974, como alferes miliciano num Comando de Operações na antiga Guiné Portuguesa.

Entre 1996 e 2002 pertenceu ao Board da European Association of Chinese Studies (Heidelberg, Edimburgo e Torino).

Com a tradução dos Poemas de Li Bai, António Graça de Abreu obteve o Prémio Nacional de Tradução 1990, do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores.


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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15251: Agenda cultural (429): Apresentação do livro de Fernando de Jesus Sousa, "Quatro Rios e um Destino", na Casa da Cultura dos Olivais, Lisboa, dia 24, às 16 horas


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14799: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (1): Carta aberta aos camaradas da Tabanca Grande: o que fiz (e não fiz) como cofundador e dirigente da associação APOIAR (Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


O primeiro "bate-estradas" que recebemos logo no início oficial do verão... Esperemos que seja o primeiro de muitos, a "pôr na caixa de correio", este verão, pelos amigos e camaradas da Guiné que se sentam à sombra do poilão da Tabanca Grande... O pretexto é o verão, as férias (para quem as tem...), o passado, o presente e o futuro, a Tabanca Grande e os grã-tabanqueiros, a Guiné que conhecemos, a vida, o Portugal que amamos... Enfim, aproveitem, os menos assíduos nos últinos tempos, para dar notícias e "fazer a prova de vida"... (LG)



1.  Mensagem, de 21 do corrente, do nosso camarada  Mário Gaspar [ ex-fur mil at art,  minas e armadilhas,  CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68; e, como ele gosta de lembrar, Lapidador Principal de Primeira de Diamantes, reformado; e ainda cofundador e dirigente da associaçºao APOIAR]:


Caros Camaradas e Amigos

Toda a minha vida foi feita de pedaços. A guerra travou os meus passos. Ainda longe da hora da partida, já me antecipava ao tempo. Nunca o escondi, quando era questionado pela frieza dos textos que escrevia, e com ousadia, respondi que me identificaria sempre como Mário Vitorino Gaspar, primeiro por ser o meu nome de baptismo, e de seguida que “Gaspar” (nome do pai) e Vitorino (nome da mãe). Então, visto que se tratava de responsabilidades, era totalmente responsável. Até na carteira profissional de jornalista – que um senhor Secretário de Estado da Comunicação Social, me obrigou a tirar para simplesmente ser director de um Jornal.

Lembro que em 1996 não escrevia – gatafunhava o meu nome numa ficha de trabalho, e assinava os cheques do dia-a-dia. Tratei sempre tudo pelos seus nomes.

Jorge Manuel Alves dos Santos,  o primeiro presidente da APOIAR – Associação que ambos fundámos em novembro / dezembro de 1966   – disse que eu era o director do Jornal. Disse-lhe que não e que escolhesse outro, insistiu e aceitei, do mesmo modo que aceitei – mas contra vontade própria – de partir para Guiné. Fui para a Guiné a 100% – de responsabilidades – e cumpri até último milímetro a minha missão. Fi-lo com ajuda de todos, dos meus heróis – os soldados.

Na APOIAR cumpri não só como dirigente – cerca de 11 anos – como na guerra fui tudo. No primeiro mandato: vogal (pouco tempo), secretário e simultaneamente vice- presidente. No segundo mandato, fui  vice-Presidente. Estes mandatos eram de 2 anos. Depois sou eleito presidente, mas com a alteração estatutária os mandatos eram de 3 anos.

Posso dizer, ao contrário do que todos nós que lá estivemos, não ganhámos mais que a amizade e camaradagem, o resto – a guerra perdemos – e só não o sabia por não querer – A guerra estava perdida.... desde o início.


Folha de rosto da revista Apoiar, nº 34, out/dez 2004. O Mário Gaspar foi o diretor durante nove anos (1996-2004)


Mas na APOIAR ganhámos e orgulho-me por termos conquistado os principais objectivos: Reconhecimento da Doença – Perturbações do Stress Pós-Traumático (PTSD), há quem não pense assim. Conquistámos ainda que fosse criada uma Rede Nacional de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress Pós-Traumático de Guerra, abrangendo a família.

Para tal lutámos, contra tudo e todos, até contra aqueles que deveriam estar a apoiar a APOIAR, como nos disse numa reunião com o Grupo Parlamentar do PS, o amigo saudoso Coronel Marques Júnior:
– Eu apoio a APOIAR!

E foi a partir desta reunião que ganhámos a batalha. Após publicada lutámos pela promulgação e vencemos. Tudo aprovado por unanimidade.

Mas parar era morrer. Assinei em nome da APOIAR um protocolo com o Ministério da Defesa Nacional. O senhor Ministro da Defesa pretendia que discursasse e recusei. Recusei, e por 3 vezes, por considerarmos nada termos a agradecer. O Reconhecimento da Doença, a Criação da Rede e a Assinatura do Protocolo eram questões fundamentais, e ganhámos – com empenho meu que estive de coma 16 dias após um enfarte cardíaco.

Tinha a certeza que tínhamos vencido aquela batalha, mas havia muito tempo à nossa frente.

Posso dizer e com orgulho, Portugal começou finalmente a falar na Guerra Colonial – nesta do “Colonial”, é divisória por existirem camaradas que a denominam como Guerra do Ultramar, mas eu, e à minha inteira responsabilidade, considerei sempre o termo “Colonial”, até por o “Ultramar” só existir em Portugal. Além de se começar a falar daquela guerra em que no regresso nos chamaram de criminosos e traidores – ainda parti uns dentes a alguns senhores – mas editaram-se livros, fez-se teatro e cinema,  grandes Reportagens e entrevistas.

Entretanto algo correu mal – Contagem do Tempo do Serviço Militar, e Consoante Consta nas Cadernetas Militares ou nos Atestados Passados para o Efeito – o termo completo utilizado. DERAM UMA ESMOLA AOS COMBATENTES e aqueles que estiveram na Guiné mais prejudicados. Mas era uma batalha que considerei sempre que ganharíamos. Esgotei os mandatos e não me podia candidatar.

A luta estava bem encaminhada e a APOIAR estava em todo o país. Existiam acordos com as Câmaras Municipais de Almeirim, Benavente e Torres Novas, embora existissem compromissos de todas as Câmaras do distrito de Santarém, exceptuando Sardoal, Fátima e Ourém – aguardávamos datas para efectuar reuniões. Setúbal e todo o distrito. Nestas localidades seriam criados Centros de Apoio com apoio autárquico, bastando assinar protocolos e avançar com os bons técnicos que a APOIAR possuía. Existiam ainda acordos com os Centros Regionais de Saúde de Lisboa, Santarém e Setúbal.

Então foi tudo abaixo. Vi a derrota à distância. Lutar era treta. Os nossos doentes afectados pela guerra são gozados autenticamente: “Doença Nova”, “Doença do Doutor Afonso de Albuquerque”. Houve quem engolisse em Tribunal – o Senhor Oficial faleceu – não vale a pena dizer o nome. Estive do lado do Doutor Afonso de Albuquerque que foi ofendido e ganhou-se a acção.

Mas perdeu-se tudo. Nem sequer podemos dizer o mesmo que Dom Afonso IV disse ao Rei de Castela quando vencida a Batalha do Salado – isto consta nos livros –, o Rei de Portugal disse:
 – Não quero riquezas, basta-me a graça de Deus e a glória de ter vencido.

Perdeu-se uma batalha decisiva e com o poder, a força da razão do nosso lado, por não se ter lutado e continuam “impávidos e serenos, e de joelhos na terra pedindo que não nos roubem o protocolo”.

O que escrevo hoje é somente um pouco de tudo que havia para dizer. Envio em anexo jornais exemplificativos da APOIAR que podem testemunhar o que digo, aliás têm acesso a todos através do site da APOIAR.

Amor em Tempo de Guerra é um exemplo. Os artigos não assinados são todos meus.

Alguém pergunta:
 – O que fazem as Associações de Ex-Combatentes?

O nome de Ex-Combatentes diz tudo. Não são Combatentes e o General Joaquim Chito Rodrigues tem razão quando diz que não somos Ex-Combatentes mas Combatentes.

Pois, Luís, Carlos e todos os Camaradas, ando desiludido com aquilo que vejo suceder no dia-a-dia. Falam comigo e queixam-se. Estou doente mas luto, sozinho sou um inválido. Faço barulho com razão e…

“Começo a conhecer‑­me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser
e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo,
por que também há vida…
Sou isso, enfim…
Apague a luz, feche a porta
e deixe de ter barulho de
chinelos no corredor.”


Fernando Pessoa


Há que bater com os chinelos no corredor. E foi a única razão para colocar esse meu ídolo da poesia – o maior poeta do mundo – Fernando Pessoa.

Falando disso muito mal está a nossa literatura. Quem leu, leu… Quem não leu...  Estive na FNAC e existem poucos escritores a serem reeditados tais como José Cardoso Pires e Vergílio Ferreira e mais um ou outro. O Pessoa é favorecido. 

Mas Camilo Castelo Branco; Alves Redol (conheci pessoalmente e escutei muitas histórias que tenho gravadas na memória); Soeiro Pereira Gomes (amigo da personagem de Esteiros, o Gineto que é Joaquim Baptista Pereira); Eça de Queiroz; Branquinho da Fonseca; Urbano Tavares Rodrigues (conheci pessoalmente e até em debates da APOIAR); Aquilino Ribeiro; Manuel da Fonseca; Carlos de Oliveira; José Cardoso Pires, era bom que reeditassem “O Render dos Heróis”, “O Hóspede de Job” e “O Anjo Ancorado”; Domingos Monteiro; Agustina Bessa Luís (não gostava); porque não Albino Forjaz Sampaio; Almada Negreiros; Rómulo de Carvalho; Ary dos Santos; Augusto Abelaira; Cesário Verde; David Mourão Ferreira; Fernando Namora; José Gomes Ferreira (conheci pessoalmente); José Régio; Luís Francisco Rebelo; Luís de Sttau Monteiro; o nosso camarada Padre Mário de Oliveira (tenho os livros do Julgamento Subversão ou Evangelho, que tem a colaboração de um Advogado e O Segundo Julgamento do Padre Mário, escrito com vários Jornalistas); Mário de Sá Carneiro; e por que não Miguel Torga que teve recentes publicações; Romeu Correia (gostei muito); Ruy Belo; Guerra Junqueiro e mais.

Longo este percurso interrompido, nunca mais li um livro,  o último foi na Guiné.

Se quiserem publicar publiquem. Estou farto… Foi escrito sobre o joelho, só parei no poema de Fernando Pessoa e com o bater dos chinelos no corredor.

Despeço-me por hoje e por uns dias, saio daqui a pouco de Lisboa.

Cumprimentos, para todos os camaradas

Mário Vitorino Gaspar

domingo, 28 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14091: Ser solidário (177): Saudação natalícia do presidente da direção nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), comendador José Gaspar Arruda, e bilhete postal comemorativo doss 40 anos da ADFA



Já se encontra à venda nas estações dos correios o bilhete-postal comemorativo do 40º anos da ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas. A data de 23 de novembro de 1974 tem para os deficientes das Forças Armadas um triplo significado: (i) ocupação do palácio da Independência, 1ª sede nacional da ADFA; (ii) 1ª manifestação pública dos Deficientes das Forças Armadas; e (iii) 1ª edição do jornal ELO.

Fonte: Cortesia do sítio da ADFA




Presidente da direção nacional da ADFA deseja Festas Felizes. Foto; Cortesia do sítio da ADFA


1. Com a devida vénia, do sítio da ADFA, notícia de 19-12-2014:

"O Presidente da Direção Nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, comendador José Gaspar Arruda, neste ano tão importante para a nossa Associação, pois está a celebrar o 40º aniversário da sua fundação, com espírito solidário, deseja o todo o povo português em geral e aos deficientes das Forças Armadas em particular, votos de um Natal com generosidade, tolerância, paz, saúde e muita força e empenho para continuarmos a nossa luta pela dignidade de TODOS e em especial pela plena inclusão das pessoas portadoras de deficiência".


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Nota do editor:

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12733: O Nosso Livro de Estilo (8): O que fazer com este blogue ? (Parte III): Joaquim Luís Fernandes (ex-alf mil, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973; e Depósito de Adidos, Brá, 1974)



Guiné > Região de Cacheu > Teixeira Pinto  > CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863 (Teixeira Pinbto, 1973) > Visita de Acção Social e Psicológica em Caió, com o camarada tabanqueiro, alf mil médico Mário Bravo e outros camarada da CCaç 3461, alf mil  Moreira que estava “atabancado” em Carenque,  e o alf mil Teixeira,  da CCS, aquando da visita às ilhas de Jeta ou Peciche.

Foto (e legenda): © Joaquim Luís Fernandes (2013). Todos os direitos reservados
Joaquim Luís Fernandes, 
residente em Maceira, Leiria,  
técnico de desenho e projeto 
da indústria de moldes  para 
plásticos, tabanqueiro nº 621
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes [ex-alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973: e Depósito de Adidos, Brá, 1974]:

Data: 19 de Janeiro de 2014 às 02:54

Assunto: P12557- O Nosso Blogue em Números - Divagação -Proposta: A[ssociação] Tabanca Grande


Caro Camarada Luís Graça:

Insigne fundador, administrador, editor do Blogue, de grande sabedoria e mestria como animador e moderador da "comunidade" Tabanca Grande, seu grande e prestigiado Régulo.

Desculpa tantos atributos que te endereço, mas aceita-os como expressão sincera do meu apreço pelo trabalho que tens feito e continuas a desenvolver, tão bem assessorado pela equipa que te acompanha, da qual não posso deixar de referir o nome do Carlos Vinhal, que foi o meu apresentador à Tertúlia e me tem acolhido com grande simpatia e camaradagem. A minha saudação amiga e grata.

Vem esta mensagem na sequência do poste 12557 - O Nosso Blogue em Números - em que, na ocasião comentei, não encontrar palavras que exprimissem o que neles via. Agora, as que me ocorrem, são: Muita vida de muitas vidas.

Perante as dimensões que o Blogue alcançou, em dados, em informações e conhecimentos, na rede de relações, mas principalmente, na massa crítica que elas contêm, então e em jeito de brincadeira e como desafio para a celebração do 10º aniversário do Blogue, lancei a ideia de este poder vir a evoluir até à constituição de uma associação mais formal. Não explicitei o que estava a sugerir ou a pensar, nem manifestei grande convicção no que escrevi, mas não fui inocente e sabia bem que não era fácil e não bastava o que disse. Já tinha em mente esta mensagem.

Também não irei escrever agora tudo o que me vai na cabeça, nem isso interessa, mas sinto que devo transmitir mais do que disse e esperar ser compreendido, para que possa obter algum acolhimento e reflexão, de que aguardarei resultados.

Eu sei que o Blogue tem objetivos editoriais bem definidos, que vem cumprindo com muito mérito, alcançando bons resultados, e deles não proponho que se afaste ; Todos eles são bons e importantes. Sei também das 10 regras a respeitar, que se me afiguram equilibradas, de bom senso e necessárias. Os resultados falam por si.

Porém, dentro destas regras, poderá existir em algumas, uma certa elasticidade, (que já tenho verificado sem qualquer mal) que possa possibilitar dar origem a uma qualquer associação, filha do Blogue, que poderia até herdar o seu nome, Tabanca Grande. Seria constituída por elementos do Blogue, voluntários, ao jeito de outra associação sem fins lucrativos, de índole cultural e informativa, com intervenção ou participação nos média, criando opinião, participando de forma organizada na vida democrática, mas não se confundindo com os partidos. 

Sei que não estou a explicitar tudo o que penso e nem isso interessa agora. Os objetivos seriam: De forma simples e despretensiosa procurar pela sua ação, influenciar a Sociedade, as Organizações Políticas, os Órgãos do Poder, no sentido de obter para os ex-combatentes das Guerras Ultramarinas e em particular os da Guiné, algum reconhecimento público que tem faltado, assim como alcançar algumas condições favoráveis e justas, para a vida dos ex-combatentes ainda vivos.

Dou como exemplo: (i) a redução da idade da reforma;  (ii) apoio extraordinário na área da saúde; e (iii) mais reconhecimento público (e não só) para com os ex-combatentes da Guiné, que por lá ficaram abandonados, que serviram Portugal, lutando ao lado dos soldados da Metrópole e das Ilhas...

O campo de ação será muito mais vasto, mas não entrarei por agora em divagações,

Por fim, devo declarar, que também sou parte interessada. Veja-se o meu caso: farei este ano 63 anos, se Deus quiser. Faço descontos, para a então "Caixa de Previdência" e hoje "Segurança Social", ininterruptos, (exceptuando o tempo da tropa) desde 1968, (já lá vão 45 anos) e o meu horizonte de reforma está a ameaçar afastar-se para os 66 anos (se eu lá chegar). 

Como eu, quantos milhares de ex-combatentes haverá? Entretanto terei que continuar a competir, para sobreviver no mercado do trabalho, com jovens de 30, 40 anos. Coisa injusta para uns e para outros. É mau para o País e pior para mim, digo eu. Mas Que posso fazer?...

Agora alguns números para reflexão:

Dos sete camaradas que nos deixaram mais pobres no Blogue em 2013, um era de 1947, logo com 66 anos; quatro eram de 1948, com 65 anos; dois de 1950 com 63 anos. Média inferior a 65 anos. Mas mais: Tomando como referência as idade dos vinte e nove camaradas do Blogue que já partiram, com menos de 75 anos foram vinte e seis, com uma média de idades de 63,8 anos. Só três acima dos 75 anos. [Negritos e realce a amarelo: editores]

​Sei que estes números não têm valor estatístico do todo nacional, mas não deixam de ser uma amostragem e uma indicação que as mazelas que herdamos da guerra, fazem os seus estragos. Pergunto: Há estudos rigorosos sobre este tema que nos mostrem a quantas andamos? Se houver, tu saberás Luís, será uma da tuas especialidades! Ou estou enganado? Poderás partilhar essas informações com os mortais, que foram carne para canhão?

Presumo, que no nosso universo de ex-combatentes na Guiné, as estatísticas que têm justificado, com o aumento da esperança de vida, o aumento da idade das pensões e reformas, são uma balela e como tal, devem ser denunciadas e combatidas, reivindicando um ajustamento da Lei, que contemple esta situação especial, desfavorável para nós.

Caro camarada e amigo Luís Graça, se me excedi, desculpa o atrevimento. Eu sei, que tudo neste Blogue começou em ti e por ti tem vivido. Eu sou um pira, um quase nada nesta comunidade, com fraca participação e sem qualquer legitimidade de apropriação das suas potencialidades, o que aliás, não pretendo.

O conhecimento que fui adquirindo do Blogue e da tua grandeza de alma, deu-me a ousadia de sonhar. Eu sei sei que sou um sonhador e por vezes os pés descolam da terra. António Gedeão cantou: " O Sonho Comanda a Vida" e Sebastião da Gama escreveu " Pelo Sonho é que Vamos". Eu também quero deixar-me embalar em sonhos... de mais Verdade, mais Respeito, mais Justiça. mais Solidariedade, mais Amor....  

Mas irei com calma, mesmo continuando a sonhar.

Creio que transmiti a ideia. Se houver alguma dúvida, fico inteiramente ao dispor para esclarecer o que me for possível. Mas deixo tudo ao teu mais elevado critério e sem o mínimo de pressão. Faz desta mensagem o que considerares melhor e eu aceitarei qualquer desfecho, sem mágoa ou azedume. Só tenho que me penitenciar por ter sido tão longo e agradecer-te a paciência de me teres lido.
Aproveito para desejar-te boa saúde e expressar os meus votos, de que a intervenção cirúrgica que anunciaste para breve, seja bem sucedida, que tudo corra bem e fiques como novo e cheio de força, para muitos quilómetros neste nosso encantador Portugal.

Muito obrigado e um forte abraço
Joaquim Luís Fernandes

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Nota do editor:

Postes desta série:

7 de dezembro de 2012 >  Guiné 63/74 - P10770: O Nosso livro de estilo (7): Cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo... Para rever, aumentar, melhorar...

20 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO

18 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10402: O Nosso Livro de Estilo (5): O que fazer com este blogue ? (Parte I) : Depoimentos de H. Cerqueira, L. Graça, A. Branquinho, J. Manuel Dinis, J. Mexia Alves, J. Amado, Manuel L. Sousa, José Martins, Hélder Sousa e Eduardo Estrela

15 de agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8675: O Nosso Livro de Estilo (4): O que nós (não) somos... Em dez pontos!


12 de agosto de  2011 >Guiné  63/74 - P8662: O Nosso Livro de  Estilo (2): Comentar  (nem sempre) é fácil...

22 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8588: O Nosso Livro de Estilo (1): Política editorial do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12289: Filhos do vento (24): Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné... Uma associação sem sede, sem sítio na Net, sem email, que precisa da nossa ajuda (Catarina Gomes, jornalista do Público)


Parte da capa da página do Público 'on lin', de 14/7/2013 > "Filhos do vento: guerra colonial; as histórias dos filhos que os portugueses deixaram para trás".  Uma reportagem dos enviados especiais do Público à Guiné Bissau, Catarina Gomes, Manuel Roberto e Ricardo Rezende. 


1. A pedido a da jornalista do Público, Catarina Gomes, que tem procurado dar voz aos "filhos do vento" da Guiné-Bissau.  Mensagem que nos chegou ontem:

Fernando Silva nasceu em 1968, Fátima Cruz em 1975, José Maria Indequi em 1971. São nomes que não vos dizem nada. Eu conheci-os. São filhos de ex-combatentes portugueses com mulheres guineenses que sonham em conhecer os seus pais, são adultos hoje com cerca de 30-40 anos que parecem tornar a ser crianças quando começam a falar do seu passado, do pai português de quem só ouviram falar mas cuja ausência os assombra. “Sinto-me meia-pessoa”, disse-me Fernando. Em apenas 10 dias na Guiné entrevistei mais de 20 filhos, tive que deixar muitos dos que me abordaram de fora. Posso dizer-vos que noite dentro, chegada ao hotel, tinha sempre mais alguém na recepção para me contar a sua história. Foi uma experiência avassaladora e emocional. Tinha meia dúzia de histórias antes de ir, lá havia sempre que conhecia alguém e mais alguém e mais alguém… 

Contámos algumas destas histórias numa reportagem publicada no Público em Julho. Criámos um email, filhosdovento@publico.pt, para tentar ir além da reportagem e tentar unir estes dois lados, filhos e pais que eventualmente queiram procurar/encontrar os filhos. Não recebemos nenhum email de um pai. Recebemos emails de vários irmãos a quem os pais um dia contaram que deixaram lá um filho, alguns pais já tinham morrido, recebemos alguns emails de filhos guineenses que continuam à procura do pai vivendo em Portugal.

Passados quase 4 meses, por causa da reportagem, alguns destes filhos decidiram criar uma associação para tentarem ser portugueses e descobrir os pais. Muitos dos que me lêem conhecem a Guiné melhor que eu, saberão que pouco mudou, que é um dos mais pobres países do mundo, que nem Bissau tem luz à noite. Consigo a custo falar com eles ao telefone, obviamente que a associação não tem sede, site, email de correspondência. Penso que eles precisam de ajuda deste lado de cá, em Portugal. Pergunto se alguém quer ajudar nesta busca pelos seus pais? Alguém quererá dar apoio jurídico para que eles tentem tornar-se portugueses como sonham?

Como dizia um ex-combatente em conversa comigo sobre este assunto, “daqui a 15 anos a sua reportagem seria irrelevante, agora ainda é tempo”. (**)

Catarina Gomes, Jornalista Público

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 6 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12257: Filhos do vento (22): Criada a Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné

(**) Último poste da série > 8 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12266: Filhos do vento (23): ...ou da ventania (Juvenal Amado)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12257: Filhos do vento (22): Criada a Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné


Título de notícia  do "Público", 1/11/2013, assinada pela jornalista Catarina Gomes. A Catarina foi responsável, juntamente com Manuel Roberto e Ricardo Rezende, por uma notável  peça de jornalismo de investigação sobre o tema, politicamente incorreto, dos "filhos do vento", disponível no portal Público Mais.

Recorde de imprensa reproduzido aqui com a devida vénia.

1. Sinopse da notícia

(i) São filhos de ex-combatentes portugueses da guerra colonial e de mulheres guineenses, andando hoje na casa dos 40/50 anos;

(ii) O seu desejo é ainda poderem conhecer o pai "tuga";

(iii) Criaram, um grupo deles (cerca de 50, vivendo em Bissau), a Associação de Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné, sendo o seu presidente Fernando Edgar da Silva;

(iv) O objetivo principal  da associação é  "obter a cidadania portuguesa" e "conhecer o pai";

(v) Estão já a fazer diligências  para serem  recebidos pelo embaixador de Portugal na Guiné-Bissau;

(vi) Na sexta-feira (, dia em que em Portugal se vai aos cemitérios visitar as campas dos entes queridos que já partiram) , e num gesto simbólico, este grupo de "filhos do vento" guineenses foi depositar uma coroa de flores “ao pai desconhecido” (sic),  no cemitério de Bissau; 

(vii) A Associação foi criada na sequência do trabalho de investigação, corajoso e sério,  da Catarina Gomes (vd  reportagem do Público, Em busca do pai tuga);

(viii ) O presidente da associação fala da existência de  "centenas de pessoas espalhadas pelo país", a maioria das quais nunca conheceu o pai.

 Eis a história resumida de 3 dos dirigentes da associação:

(i) O presidente Fernando Edgar da Silva, camionista de profissão, nasceu em 1968; a mãe vivia em Teixeira Pinto (ou Canchungo), junto ao quartel:  o pai seria furriel, com comissão feita em 1966/67;

(ii)  O secretário José Maria Indéqui, técnico agrário, nasceu em 1971; o nome que lhe terá sido atribuído pelo pai era José Carlos dos Santos;  o progenitor terá regressado a Portugal por volta de 1973/74; esteva colocado no quartel de Pelundo, região de Cacheu;  vivia maritalmente com a mãe e tiveram mais duas raparigas;

(iii) A tesoureira Fátima Cruz, comerciante de roupa em Bissau, nasceu já em 1975;  o pai esteve no quartel de Empada e de Cutia (1973/74); a mãe era lavadeira do pai.

2. Ser solidário

Mandei à Catarina (e partilho agora com os nossos leitores) a seguinte mensagem da sequência desta notícia:

(...) Disponha sempre, mande notícias dos nossos 'filhos do vento'. Gostava de saber como poder ajudar a associação... Podemos fazer um poste... Quer escrever um pequeno texto ?...Aqueles homens e mulheres merecem muito mais!.. 

Sabemos, por outro lado, que  na sequência da sua reportagem também há, aqui em Portugal, irmãos e irmãs dos "filhos do vento",  que estão interessados em conhecer os irmãos e as irmãs que vivem na Guiné-Bissau. Naturalmente que tudo isto é feito com discrição, fora dos holofotes da comunicação social. Mas seria bom que a embaixada portuguesa assumisse um papel mais proactivo e dialogante na tentativa de resolução deste problema que está longe de ser um problema simples. A maior parte dos guineenses, filhos de portugueses do tempo da guerra colonial, não tem uma simples foto do pai, nem sabe o nome do pai...

(...) Eu sei que vocês, jornalistas, não gostam de misturar as coisas, a investigação e ação... Mas o blogue pode ajudar, temos associações também de solidariedade... Para já é preciso pôr o problema na nossa 'agenda'... Você, por seu turno, deu um excelente contributo com a sua magnífica reportagem... O Público é, continua a ser, para mim,  um jornal de referência. (...)

_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 1 de novembro 2013 > Guiné 63/74 - P12235: Filhos do vento (21): Apelo da jornalista do Público, Catarina Gomes, para a ajudar a descobrir uma "história de reencontro" (de um pai ex-combatente que tenha encontrado ou ido à procura de um destes filhos da guerra, ou de um destes filhos que tenha encontrado o seu pai)

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11953: Efemérides (137): 8º aniversário do Monumento aos Antigos Combatentes, Lourinhã, domingo, 25 de agosto de 2013 (AVECO - Associação de Veteranos Combatentes do Oeste, com sede na Lourinhã)










Notícia do evento na página da AVECO - Associação de Veteranos Combatentes do Oeste.


1. A AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste, com o NIPC 510 083 617, tem  a sua  sede na Lourinhã,. na Rua dos Bombeiros Voluntários, Edificio do Centro Coordenador de Transportes, Piso 1, Sala 2.

É  uma Instituição Particular de Carácter Cultural e Social. Foi constituida por escritura pública de 16 de Dezembro de 2011. Agrega antigos combatentes (Veteranos) da Guerra Colonial e das Missões de Paz, de todos os Ramos das Forças Armadas;  Requereu a inscrição como pessoa colectiva de utilidade pública.

Objetivos a AVECO: (i)  O apoio social, médico e jurídico, a defesa de direitos e das justas reivindicações de todos os associados, e a obtenção de assistência específica aos ex-Combatentes e seus familiares portadores de deficiência por perturbação pós-stress traumática de guerra (PTSD); (ii) Promoção de actividades lúdicas e culturais para os seus associados e familiares.

De acordo com os seus estatutos, a AVECO "não tem fins lucrativos e é independente de ideologias políticas, étnicas, religiosas e económicas".

A página da AVECO ainda está em contsrução. De entre os seus links de inteeresse,  inclui-se o Blogue   Luís Graça & Camaradas da Guiné, gentileza que agradecemos.


2. Foi nestes termos, que o nosso blogue deu a notícia da inauguração do Monumento, há 8 anos atrás (*)
(..) Em 26 de Junho passado, a Lourinhã, através da autarquia local, prestou a devida homenagem aos seus mortos no Ultramar: vinte ao todo, nove em Angola, seis na Guiné, cinco em Moçambique. Nesse dia foi inaugurado um "monumento aos lourinhanenses mortos na guerra do Ultramar”, obra do arquitecto Augusto Silva e da escultora Andreia Couto.

Fizeram parte da comissão organizadora, entre outros ex-combatentes, os meus amigos e conterrâneos João Delgado, Jaime Bonifácio [Marques da Silva] e José Picão de Oliveira: este último, foi furriel miliciano na zona leste da Guiné, mesmo na ponta nordeste, em Canquelifá, tendo regressado já em Setembro de 1974, enquanto o Jaime foi alferes milicano paraquedista em Angola, sensivelmente na mesma época em que eu fui mobilizado para a Guiné (1969/71).

Vinte mortos (seis dos quais na Guiné, entre 1965 e 1973) foi o contributo da minha terra, o imposto de sangue que os lourinhanenses pagaram na defesa dum império e de um regime em agonia. Registo aqui, porque muito apropriadas, as palavras do presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, José Manuel Custódio, na homenagem aos nossos mortos: "Pior do que uma guerra é fazer de conta que ela nunca existiu, e a guerra de África existiu".

Não estive na cerimónia nem tive conhecimento conhecimento antecipado dela. Sou um lourinhanense da diáspora. Mas leio no jornal da terra, o mesmo de há quarenta anos, o Alvorada, a notícia a dizer que "numa cerimónia simples, a altura da chamada dos mortos em combate foi a mais sentida por todos os presentes" e que as honras militares foram feitas por um pelotão da Escola Prática de Infantaria (EPI) de Mafra, e a sua fanfarra. A mesma unidade que quarenta anos antes tinha prestado as honras fúnebres ao meu primo Nogueira, se a memória não me atraiçoa.

Registo ainda a presença do (i) Tenente General Jorge Silvério, um homem do MFA, natural de Ribamar onde tenho inúmeros parentes, do lado da minha visavó paterna (a família Maçarico); do (ii) Patuleia, o meu amigo Patuleia, natural do concelho vizinho do Bombarral, o Manuel Patuleia Mendes, presidente da Associação Portuguesa dos Deficientes das Forças Armadas, ele próprio talvez o mais dramático exemplo do horror, estampado no rosto, do que foi esta guerra para os jovens da nossa geração; e, por fim, do (iii) António Basto, Presidente da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra. (...)

O nosso blogue, na pessoa do seu fundador, foi convidado para estar presente nesta singela cerimónia, que é também uma homenagem a todos os combatentes da guerra colonial.(**)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. I Série, poste de 24 de julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXXV: Homenagem aos mortos da minha terra (Lourinhã, 2005)

(**) Último poste da série > 14 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11940: Efemérides (136): No próximo dia 1 de Setembro, Monte Real, com o apoio do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, vai homenagear os seus Combatentes da Guerra do Ultramar (Joaquim Mexia Alves / Tabanca do Centro)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11718: Freguesia da Atalaia, concelho de Lourinhã, inaugura no Parque dos Moínhos, com vista de mar, um belo monumento aos seus combatentes, que estiveram repartidos por 5 teatros de operações: Angola, Guiné, Moçambique, Índia e Timor


Vídeo (38''): Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Depois da visita ao cemitério e da missa, o cortejo segue em desfile pela rua principal da vila, encabeçado pela  Banda da Associação Musical da Atalaia [AMA] e com a participação de muitos combatentes e população. A freguesia de Atalaia tem cerca de 1900 habitantes (censo de 2011).


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 Inauguração do monumento aos combatentes:Vista parcial do monumento (1)


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 Inauguração do monumento aos combatentes:Vista parcial do monumento (2)


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 Inauguração do monumento aos combatentes:Vista parcial do monumento (3)

Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 >  Inauguração do monumento aos combatentes, no Parque dos Moínhos: A benção do monumento, na presença (da esquerda para a direita) de: (i) secretário da junta de freguesia da Atalaia, Renato Henriques; (ii) presidente da câmara municipal, José Custódio;   (iii) presidente da junta de freguesia da Atalaia, Luís Fernando Fonseca;  e (iv) secretário geral  da Liga dos Combatentes, cor Faustino Alves Lucas Hilário. A base do monumento é, simbolicamente,  um barco.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 Inauguração do monumento aos combatentes:Vista parcail do monumento: militares vindos de Mafra e Carregueira (guarda de honra e terno de clarins da banda do exército)... Ao centro, o ten cor Costa Pereira, presidente do Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes (que integra a delegação da Lourinhã) está atento aos pormenores protocolares.



Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013 Inauguração do monumento aos combatentes: Autoridades civis e militares, com destaque, na primeira fila, do lado direito, para os autarcas, o presidente da câmara municipal da Lourinhã, José Custódio, e o presidente da junta de freguesia de Atalaia, Luís Fernando Gomes da Fonseca.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Estandartes de diversas associações de combatentes (1)



Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Estandartes de diversas associações de combatentes (2)


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Estandartes de diversas associações de combatentes (3): A Associação de Fuzileiros


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Estandartes de diversas associações de combatentes (4): A Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra, e a Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste (AVECO), com sede na Lourinhã.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Estandartes de diversas associações de combatentes (5): A Associação de Comandos.



Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Guarda de honra e aspeto (parcial) da assistência.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Parque dos Moínhos, inauguração do monumento aos combatentes:  Guarda de honra  e aspeto geral da assistência.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Parque dos Moínhos, Inauguração do monumento aos combatentes: Banda da AMA (Associação Musical da Atalaia), dirigida pelo maestro Luís Santos. No Parque dos Moínhos, está também localizada a sua sede (lado direito da foto).


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes:  Aspeto parcial da tribuna com as autoridades civis e militares. Do lado direito, a lápide com os nomes dos combatentes de Angola. O único morto que a freguesia teve, foi em Angola, em combate, a do sold João Cláudio Fernandes, da CSS/BART 400, em 5/7/1963. A família fez-se representar na cerimónia.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: Placa com os nomes dos 18 combatentes da Guiné. Todos os camaradas vivos, e disponíveis na data, compareceram à cerimónia, tendo recebido calorosas palmas do público presente.


Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Parque dos Moínhos, Inauguração do monumento aos combatentes: Terra de moinhos (uma das riquezas patrimonais do concelho da Lourinhã), terra de moleiros, padeiros, pescadores, mariscadores, agricultores... Também foi dia da Festa do Pão do Moínho, este ano na sua 3ª edição.



Lourinhã, Atalaia, 16 de junho de 2013, Inauguração do monumento aos combatentes: O meu amigo amigo de infância Jaime Bonifácio Marques da Silva, alferes paraquedista em Angola (1970/72), natural do Seixal da Lourinhã, e antigo vereador do pelouro da cultura em Fafe, mais a sua esposa,a Dina, e a Maria Alice Carneiro.  O Jaime, tanto na sua terra natal (Seixal) como na terra da Dina (Fafe), tem um incansaável dinamizador de iniciativas de homenagem aos antigos combantes: este ano em agosto, vai organizar uma homenagem ao seu colega de escola, e vizinho da Areia Branca, o malogrado José Henriques Mateus, desaparecido na Guiné.

Já aqui falámos, por diversas vezes, do trágico (e ainda hoje misterioso) desaparecimento do José Henriques Mateus, soldado da companhia a CVAV 1484. Nascido à beira-mar, na Areia Branca, entre moinhos e dunas de areia, era muito provável que o Mateus soubesse nadar... É por isso muito estranho o seu desaparecimento no Rio Tombar, no sul da Guiné (actual região de Tombali) e sobretudo, uns dias depois, a localização da sua camisa com uma imagem da Nossa Senhora de Fátima, uma nota de 50 pesos e a sua identificação... Essa estranha e trágica história já foi contada, em 2007, pelo seu e nosso camarada de companhia, o ex-fur mil, Benito Neves, bancário reformado, natural de Abrantes.


1. Foi um dia de festa para a vila e freguesia da Atalaia, concelho de Lourinhã: ontem, domingo,  16 de junho de 2013, foi finalmente inaugurado, da parte da manhã, com toda a dignidade, cívica e militar,  e elevada participação popular,  o monumento aos combatentes  da freguesia de Atalaia, que passaram por 5 teatros de operações, entre 1961 e 1975: Angola, Guiné, Moçambique, Índia e Timor.  (Segundo dados não confirmados, o seu número ascenderia a um centena).

O monumento, localizado no Parque dos Moínhos, com uma bela vista sobre a oceano Atlãntico, o Cabo Carvoeiro e as Berlengas, enche de orgulho as gentes da terra e os seus combatentes da guerra colonial. Era um projeto acarinhado pelo executivo da junta de freguesia local, há vários anos (três mandatos, segundo informação do presidente, Luís Fernando Gomes da Fonseca), e finalmente concretizado com o entusiástico apoio dos combatentes e população locais.

Além da Liga dos  Combatentes e do Núcleo de Combatentes de Torres Vedras (que é presidida pelo ten cor ref C. Pereira), a cerimónia contou com a presença de numeroso povo e de diversas associações de veteranos.

Foi abrilhantada por uma guarda de honra da EPI (Escola Prática de Infantaria, de Mafra) e por um terno de clarins da Banda do Exército (Carregueira), além da banda da AMA (Associação Musical da Atalaia).

Estão de parabéns a junta de freguesia da Atalaia (nas pessoas do seu dinâmico presidente, Luís Fernando Gomes da Fonseca, e do seu jovem secretário, Renato Henriques), o laborioso povo da Atalaia (com fortes ligações históricas ao mar e à terra) e a sua comissão de festas de 2011 (que angariou uma boa parte dos 10 mil euros que, segundo fontes não oficiais, terá custado o monumento e o arranjo urbanístico), bem como como a câmara municipal da Lourinhã. Está também de parabéns o Núcleo de Torres Vedras da Liga dos Combatentes (que integra a delegação da Lourinhã), e que tem dado um grande apoio aos combatentes deste concelho e às suas iniciativas.

A comissão organizadora obsequiou depois as centenas de convidados (combatentes, autoridades militares, civis, religiosas e representantes associativos) com um simpático almoço no pavilhão multiusos da terra, que foi também um excecional convívio para os combatentes da Atalaia e convidados.

Foi também uma ocasião para eu confraternizar com inúmeros amigos e camaradas, vários dos quais falaram com apreço do nosso blogue. Tive também o prazer de estar com o meu amigo de infância Jaime Bonifácio Marques da Silva, alferes paraquedista em Angola (1970/72), natural do Seixal da Lourinhã [, vd. última foto de cima, acompanhado da esposa Dina e da Alice Carneiro), bem como com antigos prisioneiros na Índia, como o Luís Filipe Maçarico  (meu primo, de Ribamar) e o Joaquim Isidoro dos Santos (, meu amigo, da Atalaia).

O secretário da junta de freguesia, Renato Henriques,   ficou de enviar, por email, o discurso que leu na ocasião.

Vídeo e fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.