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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22429: In Memoriam (402): 1.º Cabo Miliciano Fernando Pacheco dos Santos, da CART 2673, caído em combate, em Empada, no dia 7 de Julho de 1970 (Juvenal Danado, ex-Fur Mil Sapador Inf)

1. O nosso camarada e novo tertuliano Juvenal Danado[*], ex-Fur Mil Sapador Inf da CCS/BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1970/71) presta aqui homenagem ao seu amigo Fernando Pacheco dos Santos, ex-1.º Cabo Miliciano da CART 2673[**] (Empada e Brá, 1970/71), morto em combate no dia 7 de Julho de 1970.


Um herói de Troino

Venho falar de juventude sacrificada na Guerra Colonial, de heróis que pagaram o cumprimento de deveres a que foram obrigados ou para que se ofereceram, com o mais elevado dos sacrifícios, o sacrifício da vida. Fernando Pacheco dos Santos, setubalense de Troino (bairro de Setúbal) morto em combate na Guiné-Bissau, é um desses lídimos heróis.

Encontrei-o em Nhala, sul da Guiné, uma aldeia onde estava sediada uma companhia do meu batalhão. Por se situar numa zona difícil, a unidade era reforçada com pelotões que vinham de outras companhias do setor. Cada grupo de combate permanecia ali umas semanas, ocupando-se em patrulhas e emboscadas, sendo depois rendido por outro.

Fui pra lá com quatro rapazes do meu pelotão, para construirmos a rede de arame farpado em torno da aldeia – os postes, a rede e os cavalos de frisa estavam a desfazer-se, e havia o perigo de um assalto do inimigo, o que acontecera numa comissão anterior. O Fernando era 1.º Cabo-Miliciano (estranho, dado que todos os cabos milicianos eram promovidos a furriéis quando eram mobilizados – não me recordo se chegámos a falar sobre o assunto) de um grupo de combate de Empada, povoação a cerca de trinta quilómetros. Conhecíamo-nos da Escola Industrial e Comercial, mas a lidação era pouca. No entanto foi quanto bastou para nos abraçarmos como grandes amigos e confraternizarmos quando foi possível, falando das "nossas guerras" e, inevitavelmente, de Setúbal, da Escola e do Vitória, das praias e da sardinha assada, da família e dos amores, dos medos, das saudades que amargavam tanto.

A guerra dele decorrera até então sem grandes sobressaltos. Além disso, a região de Empada era farta em animais de abate, caça, peixe (do Rio Grande de Buba, ali à mão), hortícolas, uma abundância contrastante com as penúrias da Guiné, o que permitia comerem bem no quartel – coisa que não acontecia em Nhala. Era em Empada que o Fernando se sentia bem, e estava desejando de abalar – considerava Nhala um sítio muito perigoso, e era, de facto, além de detestar as misérias do rancho.

Na manhã em que o Pacheco regressou à sua unidade, desejámos um ao outro as maiores felicidades para o tempo que faltava cumprir, e que não era pouco, nos dois casos. E ele, meio a brincar, meio a sério, incitou-me a acabar a rede de arame farpado o mais breve possível, para me "raspar dali" com os meus homens.

Pouco tempo após o regresso a Empada, o pelotão do Pacheco saiu uma vez mais para o mato. Passo a descrever o que me foi relatado pelo comandante do pelotão, o aspirante a oficial miliciano (também não sei dizer porquê, uma vez que deveria ser alferes) Agostinho Correia Silva, numa viagem de avioneta que fizemos de Aldeia Formosa, o meu aquartelamento, até Bissau.
Itinerário onde ocorreu o encontro entre os nossos militares e o PAIGC que levou à morte o 1º Cabo Mil Fernando Pacheco dos Santos entre outros nossos camaradas.

Infografia Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta de Empada, 1:50.000

Emboscados, viram surgir um numeroso grupo inimigo. Travou-se o combate, com muitas baixas do nosso lado, logo aos primeiros disparos e rebentamentos. Capazes de combater, restaram uns poucos, entre eles o aspirante, com ferimento ligeiro. Aguentaram sucessivas investidas dos guerrilheiros. Valeu-lhes não terem sido todos mortos ou levados, o socorro que entretanto chegou do quartel. No final, os nossos sofreram 7 mortos[***], 8 feridos graves e três ligeiros. O comandante de pelotão, apercebendo-se de que o Pacheco estava ferido, ordenou ao enfermeiro que o socorresse.

O meu amigo, ferido por um estilhaço numa virilha, rejeitou tratamento, garantindo que aguentava e que outros estavam mais necessitados de ajuda do que ele. Pouco tempo passado, porém, chamou o aspirante e, numa grande aflição, pôs-se a dizer-lhe: "Eh, pá, vou morrer! Vou morrer!". O oficial desviou-lhe a mão que ele tinha sobre o ferimento e viu como o sangue brotava da artéria. Daí a nada, o Pacheco morria-lhe nos braços. Aos 22 anos, caía a tarde de 7 de julho de 1970.

Fiquei deveras consternado quando soube. Parecia-me mentira que aquilo tivesse acontecido ao Fernando Pacheco, a ele, que me confessara, há duas ou três semanas, ter medo de estar em Nhala e desejar o regresso "ao céu", como chamava a Empada.

Aqui lhe presto a minha singela, mas muito magoada homenagem, alargando-a aos outros 8 rapazes que frequentaram a Escola Industrial e Comercial de Setúbal, aos 38 do concelho, aos 199 do distrito e aos quase 9000 que perderam a vida na Guerra Colonial.

Até sempre, amigo Fernando Pacheco! Repousem em paz, companheiros!

Memorial existente no átrio da entrada principal da antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal. O Fernando Pacheco dos Santos é referido como furriel miliciano, posto a que terá sido promovido postumamente.

Brasão da Companhia de Artilharia 2673, unidade do Fernando Pacheco dos Santos
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Fontes utilizadas, com os devidos agradecimentos:
- Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné – publicações do ex-furriel miliciano e ex-combatente José Marcelino Martins;
- Portal UTW Dos Veteranos da Guerra do Ultramar;
- Núcleo da Liga dos Combatentes de Setúbal;
- Caderno da edição do jornal «Expresso» de 30/04/1994.
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Notas do editor:

[*] - Vd. poste de 2 DE AGOSTO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22428: Tabanca Grande (524): Juvenal José Cordeiro Danado, ex-Fur Mil Sapador de Inf da CCS/BCAÇ 2892 (Aldeia Formosa, 1970/71), que se senta à sombra do nosso poilão no lugar 847

[**] - Vd poste de 12 DE JUNHO DE 2010 > Guiné 63/74 – P6581: Fichas de Unidades (7): Companhia de Artilharia 2673 - CART 2673 (José Martins)

[***] - Foram estes os militares mortos na emboscada de 7 de Julho de 1970:
- 1º Cabo At Agostinho do Vale Almeida (Seia)
- Sold Mil Ansumane Jaló (Cacheu)
- Sold Mil Ansumane Mané (Fulacunda)
- Sold At Ercílio da Silva Medeiros (Odemira)
- 1º Cabo Mil Fernando Pacheco dos Santos (Setúbal)
- Sold At José Constantino Gonçalo (Caldas da Rainha)
- CMDT Sec Mil Malan Cassamá (Fulacunda)

Último poste da série de 27 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22409: In Memoriam (401): Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho (1936-2021), com quem trabalhei lado a jado e fiz amizade, em 1971, na Rep ACAP, no QG/CCFAG, na Fortaleza da Amura (Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, e hoje médico)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15780: Consultório militar do José Martins (18): Forças Militares Portuguesas que passaram por Empada

1. Em mensagem do dia 8 de Fevereiro de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), a propósito da consulta feita ao Blogue pelo nosso leitor Umaru Sambu, que deu origem ao P15720, enviou-nos a relação das Unidade Militares que passaram por Empada.


Dizia-nos Umaru Sambu na sua mensagem de 6 de Fevereiro:

Sou guineense, natural de Empada, maior de 60 anos de idade, vivo em Portugal desde 1986, filho de Bacar Sambu, antigo Soldado Miliciano em Empada, e sobrinho do antigo Comandante Miliciano Bajo Sambu, falecido em combate em 1963.

Este meu tio, Bajo Sambu, passado algum tempo depois da sua morte, como tinha deixado dois filhos menores, entre cinco e seis anos de idade, por qualquer motivo, foi-nos comunicado, na altura, que dentro da companhia de militares portugueses que tinham estado em Empada na altura da morte trágica dele, estavam Bissau, na capital, de partida para a metrópole e que tinham requerido para trazerem um dos filhos deste meu tio, nomeadamente o filho mais velho que tinha na altura 6 anos de idade, cujo nome era Infamara Buli Sambu, que assim foi.

Na altura o pedido foi aceite do imediato, porque como sabe naquela altura era mesmo perigoso viver naquela aldeia de Empada por causa dos ataques dos rebeldes. Não sei como foi feito o processo da vinda dele mas de facto foi trazido por uma companhia que antecedeu a companhia de Cap. Borges, Os Maiorais.
[...]

************

Guiné-Bissau > Região de Quinara > Empada > 1969 > Parque da Oficina Auto e no exterior as moranças.
Foto: © Arménio Estorninho


2. Comentário do nosso camarada José Martins:

Parece haver nesta solicitação, alguma confusão de datas.
Trata-se de factos com quase 50 anos e passado com rapazes/crianças muito novas na altura.
Fala-se de ocorrências de 1963 e outras que poderão ter acontecido, pelos factos evidenciados, entre 1966 e 1968.

Segue listagem das unidades e subunidades presentes em Empada, com a origem das mesmas, período em que guarneceram aquele destacamento e os oficiais que exerceram o comando das mesmas.
Exceptuam-se os Pelotões de Morteiro cujo comando só se poderá obter em consulta ao Arquivo Histórico-Militar, caso haja História da Unidade.


Forças Militares Portuguesas que passaram por Empada: 

Companhia de Caçadores n.º 153 (RI 13 – Vila Real), destacou um pelotão que esteve entre Julho de 1961 e Fevereiro de 1963. A companhia foi comandada pelo Capitão de Infantaria José dos Santos Carreiro Curto.

Companhia de Caçadores n.º 84 (RI 1 – Amadora), destacou um pelotão que esteve entre Fevereiro de 1962 e Abril de 1963. A companhia foi comandada pelos: Capitão de Infantaria Manuel da Cunha Sardinha e Capitão Miliciano de Infantaria Jorge Saraiva Parracho.

Companhia de Caçadores n.º 417 (RI 15 – Tomar), ocupou o aquartelamento entre Abril de 1963 e Julho de 1964, quando terminou a comissão. Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Carlos Figueiredo Delfino.

Companhia de Caçadores n.º 616 (RI 1 – Amadora), ocupou o aquartelamento entre Abril de 1964 e Janeiro de 1966, quando acabou a comissão. Foi comandada pelo Alferes Miliciano de Infantaria Joaquim da Silva Jorge, Capitão Miliciano de Infantaria António Francisco do Vale, Capitão de Infantaria José Pedro Mendes Franco do Carmo, de novo Alferes Miliciano de Infantaria Joaquim da Silva Jorge e Capitão de Cavalaria Germano Miquelina Cardoso Simões. Ostentou como Divisa “Super Omnia”.

Companhia de Milícias n.º 6, (Recrutamento local), ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1965 e Dezembro de 1971, até à extinção da força

Companhia de Caçadores n.º 1423 (RI 15 – Tomar), ocupou o aquartelamento entre Janeiro de 1966 e Dezembro do mesmo amo, seguindo depois para o Cachil. Foi comandada pelo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves, Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, Capitão de Cavalaria Eurico António Sacavém da Fonseca, de novo Capitão de Infantaria João Augusto dos Santos Dias de Carvalho, e de novo Capitão de Infantaria Artur Pita Alves. Ostentou como Divisa “Firmes e Constantes”.

Companhia de Caçadores n.º 1587 (RI 2 - Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Novembro de 1966 e Janeiro de 1968, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria Pedro Eurico Galvão dos Reis Borges.

Companhia de Caçadores n.º 2381 (RI 2 - Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1969 e Fevereiro de 1970, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão Miliciano Graduado de Infantaria Eduardo Moutinho Ferreira Santos. Ostentou como Divisas “Os Maiorais” e “Pela Lei. Pela Grei”.

Companhia de Artilharia n.º 2673 (GACA 2 – Torres Novas), ocupou o aquartelamento entre Fevereiro de 1970 e Maio de 1971, seguindo para Bissau. Foi comandada pelo Capitão de Artilharia Adolfo Pereira Marques e Capitão Miliciano José Vieira Pedro. Ostentou como Divisa “Leões de Empada”.

Companhia de Caçadores n.º 3373 (RI 1 - Amadora), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1971 e Maio de 1972. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Artilharia Adérito Assis Cadório. Ostentou como Divisa “Os Catedráticos” e “Por Uma Guiné Melhor”.

Pelotão de Morteiros n.º 3020 (RI 2 – Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1971 e Março de 1973.

Companhia de Caçadores n.º 3566 (BC 10 - Chaves), ocupou o aquartelamento entre Maio de 1972 e Abril de 1974, terminando a comissão. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria João Rocheta Guerreiro Rua, Capitão de Infantaria Herberto Amaro Vieira Nascimento e Capitão Miliciano de Infantaria Pedro Manuel Vilaça Ferreira de Castro.

Pelotão de Morteiros n.º 4277/72 (RI 2 – Abrantes), ocupou o aquartelamento entre Janeiro e Agosto de 1973, seguindo para Aldeia Formosa.

Companhia de Caçadores n.º 4944/73 (BII 19 – Funchal), ocupou o aquartelamento entre Junho de 1974 e Setembro de 1974, aquando da retracção das nossas tropas. Foi comandada pelo Capitão Miliciano de Infantaria Mário José de Oliveira Pinheiro. Ostentou como Divisa “Os Galos do Cantanhez”.
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15739: Consultório militar do José Martins (17): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Histórico Militar

sábado, 12 de junho de 2010

Guiné 63/74 – P6581: Fichas de unidade (7): Companhia de Artilharia 2673 - CART 2673 (José Martins)

1. Quando é necessário sabermos o historial de uma Unidade, recorremos aos bons préstimos do nosso Camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil de Transmissões da CCaç 5 - Os Gatos Pretos -, Canjadude, 1968 a 1970), que se tem prontificado eficaz e prestavelmente, através da sua melhor e mais exaustiva pesquisa, a colaborar na prestação, às pessoas interessadas, deste tipo de dados.

Agradecendo, desde já, a sua amigável e prestável colaboração, apresentamos a seguir, a pedido do nosso Camarada Hélder de Sousa, os resultados do seu melhor estudo, devidamente adaptado e condensado da CART 2673, elaborado em 08 de Junho de 2010:


CART 2673

Camaradas,

De um e-mail do nosso camarada e amigo Hélder Sousa, recebido em 27 de Maio de 2010, respigamos algumas frases, para nos colocarmos em sintonia (ou não fossemos de transmissões), num dos assuntos que me levou, ao Arquivo Histórico Militar:

“Bom dia, caro amigo e camarada...

Como vai essa 'luta' aí com as contas? Calculo que 'durinho', como sempre.

Olha, estou a comunicar-te para te solicitar algum trabalho mas, desde já te digo que não precisas correr...

Acontece, é que depois ele me pede para ver se consigo saber alguma coisa sobre as circunstâncias do falecimento de um camarada Furriel, chamado Fernando Pacheco dos Santos, ao que parece nado e criado em Setúbal (por eu agora viver cá ele pensou que eu poderia conhecer mas a verdade é que só vim para cá trabalhar 2 meses antes do 25 de Abril de 74 e passei a viver em permanência só a partir de Julho/Agosto de 75) e que pertenceu à CART 2673.

Diz que já procurou e não encontrou nada de pormenorizado, diz que morreu em combate, salvo erro em 7 de Julho de 1970, pois é isso que parece estar no portal dos combatentes em que se refere ter essa Companhia tido 4 mortos nesse dia, entre os quais o tal Fernando que esteve com ele em Vendas Novas.

(…)

Por mim vou tentar ver junto de alguns, poucos, conhecidos, aqui de Setúbal que possam ter sido contemporâneos e/ou possam saber algo mais.

Abraço,
Hélder Sousa”

2. A resposta do José Martins ao Hélder Sousa:

Caro Hélder,

Aqui vai a resposta que consegui obter para a tua questão. Foi finalizado há pouco, já que hoje estive na Liga dos Combatentes para obter alguns elementos.

Felizmente temos lá a nossa amiga Teresinha, que faz o favor de me facultar o que lhe peço e sempre a correr, pois não há estacionamento e deixo o carro em transgressão.

O texto segue com conhecimento ao blogue e ao António Pires. Penso que, pelo seu interesse, esta história não deve ser privada.

CART 2673


Brasão retirado de

http://guerracolonial.home.sapo.pt/
© Jorge Santos, com a devida vénia.

Antes de entrar na transcrição, do que localizei na AHM, refiro que a Companhia de Artilharia nº 2673, teve, como unidade mobilizadora, o Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, aquartelada em Torres Novas, de onde partiu para a Guiné e onde chegou em 6 de Fevereiro de 1970 (tinha embarcado em Lisboa em 31 de Janeiro anterior), tendo regressado em 2 de Dezembro de 1971.

Foi comandada pelo Capitão de Artilharia Adolfo Pereira Marques, que foi substituído pelo Capitão Miliciano José Vieira Pedro.

Usou como Divisa “Leões de Empada” e a história da unidade encontra-se arquivada na caixa 91, na 2ª Divisão/4ª Secção do AHM.

Do seu percurso no CTIG, refere-se que seguiu para Empada em 4 de Fevereiro de 1970, para substituir a Companhia de Caçadores nº 2381 e assumir a responsabilidade do subsector em 26 desse mesmo mês.

Desde 9 de Abril, cedeu pelotões para reforço de Nhacra e Buba até 12 de Julho de 1970, data em que regressaram a Empada. O subsector de Empada tinha sido alargado com as zonas de acção das áreas das penínsulas de Cubisseca e Pobreza.

Foram obtidos excelentes resultados nas operações realizadas pela subunidade nas operações realizadas nas regiões de Caúr, Buduco, Cancumba e Satecuta, entre outras.

Foi rendida no subsector de Empada pela Companhia de Caçadores nº 3373, em 28 de Maio de 1971, seguindo para Bissau onde substitui a Companhia de Caçadores nº 2571, na guarnição e defesa dos pontos sensíveis da área.

A 30 de Maio de 1971 assumiu o subsector de Brá, integrando o COMBIS [Comando de Bissau], destacando efectivos para Safim e João Landim, subsector de Nhacra, e para Cumeré, em reforço das guarnições locais, até ser rendida pela Companhia de Artilharia nº 2672, para embarcar para a metrópole.

[7º Volume - Tomo II – Guiné – Fichas das Unidades, da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961 – 1974), página 472]

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Em 2 de Junho de 2010, no Arquivo Histórico Militar, com o processo à minha frente, fui desfolhando, página a página, tentando encontrar algo que me levasse ao facto que estava em análise, retirando do mesmo o seguinte:

CAP II / HU / PAG. 17 e 18
FASCICULO IV
(Período de 01JUL70 – 31JUL70)

SITUAÇÃO GERAL

Com as primeiras chuvas, o terreno tornou-se mais propício aos deslocamentos do IN [inimigo]. Na época seca, após as queimadas, grandes extensões de terreno são visíveis, dificultando-lhes a entrada na nossa ZA [zona de acção], já que as NT [nossas tropas] batem diariamente toda a zona. A partir desta altura, o capim cresceu, permitindo-lhes a aproximação diurna, com maior facilidade. Tomando partido dessa vantagem, o IN pretendeu, no período em referência, efectuar um ataque em força e um possível assalto ao quartel e tabanca. Apoiado por um grupo de foguetões, instalado em CÃ BALANTA, deslocou efectivos da ordem de 200 combatentes que se aproximaram por IANGUÉ-CAUR DE BAIXO BEAFADA. No mesmo conjunto vinham integrados grupos de artilharia e infantaria.

Levariam adiante os seus intentos, se não fosse um reduzido GCOMB [grupo de combate] reforçado com Milícia, perfazendo um efectivo de 30 homens, emboscados no cruzamento de CAUR, que lhe fez frente, causando-lhes inúmeras baixas.

Entretanto, devido à enorme superioridade do IN em efectivos e material, também as NT tiveram baixas e sofreram a captura de algum material. Só um punhado de combatentes voluntariosos, bem conduzidos pelo seu chefe, conseguiu que o contacto IN não redundasse em tragédia total. Para o insucesso parcial das NT, muito contribuiu a falta de efectivos de que então se dispunha, devida a 2 GCOMB continuarem em diligência na CCAÇ 2616.

Por informações posteriores, soube-se que o IN tinha conhecimento da falta de efectivos em Empada, motivo por que foi planeada tal operação.

Este facto baixou um pouco o moral das NT, tendo o comando da Companhia envidado todos os esforços para que tal não acontecesse. Também a visita de Sua Exª o Comandante-Chefe, teve como fim principal estimular as NT aproveitando para recordar as críticas elogiosas que sempre fizera à CART. Igualmente deu ordem para os 2 GCOMB regressarem de novo à CART, voltando a ficar toda reunida.

Todas as actividades do período anterior foram mantidas, renovando a segurança aos trabalhos da bolanha da UALADA, no início da nova época agrícola. Foram dadas à população todas as facilidades de transporte.

ACTIVIDADES DIÁRIAS

01JUL - À tarde, 1 GCOM com Milícia patrulharam CANCHUMA, CANTORÁ e emboscaram no cruzamento de CANTORÁ.

02JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BIAFADA, FARANCUNDA BALANTA, emboscando no trilho, seguindo depois por BUNHADO, FARANCUNDA BEAFADA, MISSIRÁ BEAFADA e BUDUCO.

03JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALADA e MISSIRÁ BALANTA, montando uma emboscada em BADUCO.

04JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BEAFADA, FARACUNDA BEAFADA, MADINA DE CIMA BEAFADA, BUNHADO, DANDO e MISSIRÁ BEAFADA.

05JUL - Ao entardecer 1 GCOMB com Milícia patrulharam MISSIRÁ BALANTA e UALADA e montaram uma emboscada nocturna em CANCUMBA BALANTA.

06JUL - À tarde, 1 GCOMB com Milícia patrulharam CANCHUMA, CANCUMBA BEAFADA, onde foi montada uma emboscada nocturna.

07JUL - Às 15H30, 2 secções do 1º GCOMB reforçadas com Milícia, seguiram para o cruzamento de CAUR, onde emboscaram, À 17H30, progredindo obliquamente à instalação das NT e na direcção deles, apareceu um numeroso grupo IN. Quase simultaneamente as NT abriram fogo, abatendo dois elementos do IN, que abriu um intenso e ajustado fogo de PRG e armas automáticas sobre as NT, matando os apontadores e municiadores de armas pesadas. Alguns Milícias assustados com o potencial IN, retiraram para o quartel, ficando as NT reduzidas a 7 homens válidos, a fazerem face ao IN. Foi pedido apoio aéreo que não se efectivou, devido às péssimas condições atmosféricas. O reforço do quartel tardou a ir e chegou minguado, embora com ele se pusesse o IN em debandada. Veio segundo reforço do quartel que ajudou a transportar os mortos e os feridos. Nesta acção as NT sofreram 4 mortos e sete feridos, e a Milícia 3 mortos e 4 feridos. O IN sofreu 5 mortos confirmados e mais prováveis. Cerca das 19H00 o IN flagelou, pela 1ª vez, com foguetões 122mm, sem consequências.

08JUL - Cerca das 04H00 da madrugada, regressaram as forças a que se refere a acção do dia anterior. Sua Exª o Comandante-chefe, visitou EMPADA, para se inteirar de todos os acontecimentos da véspera. Em formatura da CART e Compª de Milícia, S. Exª procurou moralizar o pessoal em face dos últimos acontecimentos. Aos milícias que fugiram, expulsou-os da Companhia. Aos que enfrentaram o IN, elogiou-os pela sua coragem. Perante os mortos, perfilou-se em continência, mantendo alguns momentos de silêncio.

09JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALADA, MISSIRÁ BALANTA, MISSIRÁ BEAFADA e BUDUCO.

10JUL - 1 GCOMB com Milícia patrulharam UALALA, CANCUMBA BALANTA e CANCUMBA BEAFADA.

11JUL - 1 sec COM MILÍCIA montaram segurança aos trabalhadores da bolanha de UALADA.

12JUL - 1 GCOMB com Milícia, saíram à tarde para patrulhar a zona de UALADA, CANCUMBA BALANTA e CANCAUMBA BEAFADA, onde montaram uma emboscada nocturna. Regressaram de BUBA o 2º e 3º GCOMBS, que ali se haviam mantido em diligência na CCAÇ 2616.

CAP III / HU / PAG. 4
FASCICULO IV
(Período de 01JUL70 – 31JUL70)

A – BAIXAS SOFRIDAS

a) Em combate no dia 7 de Julho de 1970

Mortos

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS
  • * Comandante Secção de Milícias nº 40464 – MALAN CASSAMÁ
  • * Soldado Milícia, nº 44264 – ANSUMANE JALÓ
  • * Soldado Milícia, nº 50864 – ANSUMANE MANÉ
    Feridos Graves
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 12538769 – ANTÓNIO SILVA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – VALDEMAR C. FERREIRA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09115569 – ANTÓNIO HERMINIO DINIS
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09154669 – VITOR SANTOS TEIXEIRA
  • * Soldado Milícia, nº 42064 – MUSSA BALDÉ
  • * Soldado Milícia, nº 44564 – SIRO MANÉ
  • * Soldado Milícia, nº 50464 – CHERIFO INJAI
  • * Soldado Milícia, nº 44364 – CHERIFO JAURA
    Feridos Ligeiros
  • * Aspirante a Oficial Miliciano, NM 14055369 – AGOSTINHO CORREIA SILVA
  • * 2º Sargento de Artilharia, NM 52023911 – MANUEL ADELINO CORREIA TEIGAO
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 19782569 – ANTÓNIO J. F. FERREIRA

b) Por outras causas
Nada

B – PUNIÇÕES
Nada

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Apreciação da actividade operacional por S. Exª o General Comandante-chefe ao BCAÇ 2892, destacando-se a parte que interessa à CART:

- Período de 12 a 19 de Julho de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, salientando-se a actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

-Período de 26 de Julho a 2 de Agosto de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, continuando a verificar-se boa actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

CAP III / HU / PAG. 5
FASCICULO V
(Período de 01AGO70 – 31AGO70)

A – BAIXAS SOFRIDAS

a) Em combate
Nada

b) Por outras causas
Nada

B – PUNIÇÕES
Nada

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Apreciação da actividade operacional por S. Exª o General Comandante-Chefe ao BCAÇ 2892, destacando-se a parte que interessa à CART:

- Período de 09 a 16 de Agosto de 1970

“Boa e bem orientada actividade geral, salientando-se a actividade da Guarnição de EMPADA” (CART 2673)

b) Louvores individuais

Pelo Exmº Comandante do BCAÇ 2892, foram louvados os seguintes militares da Companhia de Artilharia nº 2673 e da Companhia de Milícias nº 6:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS (A Título Póstumo)
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09308669 – ANTÓNIO CARVALHO COUTO
  • * Soldado Radiotelegrafista, NM 09097669 – JOSÉ MOTA BRITES
  • * Comandante de Pelotão de Milícias nº 21864 – BUBACAR BARÓ

Começaram a elaborar-se processos de averiguações para atribuição de Medalha Militar, aos seguintes militares:

  • * Aspirante a Oficial Miliciano, NM 14055369 – AGOSTINHO CORREIA SILVA
  • * 2º Sargento de Artilharia, NM 52023911 – MANUEL ADELINO CORREIA TEIGAO

CAP III / HU / PAG. 10
FASCICULO X

Desde 23JAN71 está-se a proceder à organização de processo de averiguações para atribuição de Medalha Militar, aos seguintes militares:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS

CAP III / HU / PAG. 17
FASCICULO XVI
……………………

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

a) Condecorações

  • 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS, condecorado com a Cruz de Guerra 4ª Classe, a título póstumo, por despacho de de Sua Exª o General Comandante-Chefe.

CAP III / HU / PAG. 19
FASCICULO XVIII
……………………

C – LOUVORES E CONDECORAÇÕES

b) Condecorações

Concedida a Medalha das Campanhas da Guiné, com a legenda “GUINÉ 1970 – 1971” por despacho de S. Exª o Brigadeiro Comandante Militar, aos militares da CArt 2673, a seguir mencionados
………………………

Pessoal que faleceu por ferimentos em combate:

  • * 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469 – FERNANDO PACHECO SANTOS
  • * 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669 – AGOSTINHO VALE ALMEIDA
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769 – JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO
  • * Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569 – ERCILIO SILVA MEDEIROS

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Elementos retirados do 8º Volume - Mortos em Campanha – Resenha Histórico.Militar das Campanhas de África (1961 -1974)].

Tomo II – Livro 1, pagina 532 e 533

Pertencentes à Companhia de Artilharia nº 2673, mobilizada no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, em Torres Novas, e falecidos em combate em Empada, depois do cruzamento de Caur, no dia 7 de Julho de 1970:

  • AGOSTINHO VALE ALMEIDA, 1º Cabo Atirador de Artilharia, NM 09773669,Solteiro,filho de Agostinho Torres de Almeida e Maria da Conceição Vale, natural da freguesia de Santa Marinha e concelho de Seia. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Santa Marinha.
  • ERCILIO SILVA MEDEIROS, Soldado Atirador de Artilharia, NM 09327569, solteiro, filho de Feliciano Medeiros e Maria da Silva, natural do lugar da Charca de Medriz, freguesia de Relíquias e concelho de Odemira. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Relíquias.
  • FERNANDO PACHECO SANTOS, 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia, NM 08198469, Solteiro, filho de Januário dos Santos e Maria Jacinta Pacheco dos Santos, natural da freguesia de Anunciada e concelho de Setúbal. Foi inumado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Setúbal.
  • JOSÉ CONSTANTINO GONÇALO, Soldado Atirador de Artilharia, NM 09002769, Solteiro, filho de José Gonçalo e Maria Felicidade, natural da freguesia de Nadadouro e concelho de Caldas da Rainha. Foi inumado no Cemitério de Nadadouro.

Tomo II – Livro 2, pagina 512

Mobilizados no Comando Territorial Independente da Guiné, para servirem em unidades do exército como Caçadores Nativos, Soldados Milícias, Policias administrativos, Guias e Outros, Adidos à Companhia de Artilharia nº 2673, mobilizada no Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, em Torres Novas, e falecidos em combate em Empada, depois do cruzamento de Caur, no dia 7 de Julho de 1970, e foram todos inumados no Cemitério de Empada, na Guiné:

  • ANSUMANE JALÓ, Soldado Milícia, nº 44264, casado com Djanque Vermelho, filho de Pasim e Carinom, natural do lugar Pelundo da freguesia de Nossa Senhora da Natividade e concelho de Cacheu.
  • ANSUMANE MANÉ, Soldado Milícia, nº 50864, casado com Fati Sambu, filho de Infali Mané e Mansata Camará, natural da freguesia de Cancundo e concelho de São Benedito.
  • MALAN CASSAMÁ, Comandante Secção de Milícias nº 40464, casado com Binta Mané, filho de Ansumane Cassamá e Mariana Injai, natural do lugar de Batambali, freguesia de São Benedito e concelho de Fulacunda

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Elementos retirados do 5º Volume - Condecorações Militares Atribuídas – Cruz de Guerra, Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961 -1974)].

Tomo VI – Cruz de Guerra 1970-1971, pagina 500

  • 1º Cabo Miliciano Atirador de Artilharia nº 08198469
    FERNANDO PACHECO DOS SANTOS
    CArt 2673/BCaç 2892/GACA 2
    Guiné
    4ª Classe (Título Póstumo)
    Transcrição do Despacho publicado na OE nº 22 - 3ª série, de 1971
    Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 4 de Junho findo, o 1º Cabo Miliciano nº 08198469 Fernando Pacheco dos Santos, da Companhia de Artilharia nº 2673/Batalhão de Caçadores nº 2892 – Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2, a título póstumo.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado na OS nº 54, de 31 de Dezembro de 1970 do QG/CTIG)
    Que, por seu despacho de 23Dez70, considera-se como dado por si, o louvor, a título póstumo, constante do Artº 3º, nº 1, da OS nº 191, de 1oAGO70,do BCaç 2892, conferido ao 1º Cabo Miliciano nº 08198469 Fernando Pacheco dos Santos, com o mesmo teor:
    “Porque, no dia 07Jul70, durante uma emboscada montada pelo seu Grupo de Combate, quando um forte e bem armado grupo In reagia com grande impetuosidade desde o inicio do desenrolar da acção, manteve-se de pé, lançando dilagramas e incentivando os homens da sua Secção, só deixando de o fazer quando foi mortalmente atingido.
    O 1º Cabo Miliciano Pacheco, pela grande coragem, desprezo pelo perigo e pela própria vida, evidenciou as qualidades que caracterizam um verdadeiro combatente.”

Tomo VII – Cruz de Guerra 1972-1973, pagina 87

  • Aspirante a Oficial Miliciano de Artilharia
    AGOSTINHO CORREIA DA SILVA
    CArt 2673/GACA 2
    Guiné
    3ª Classe
    Transcrição Da portaria publicada na OE nº 7 - 2ª série, de 1972
    Manda o Governo da Republica Portuguesa, pelo Ministro da Defesa Nacional, condecorar, por proposta do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, o Aspirante a Oficial Miliciano, Agostinho Correia da Silva, da Companhia de Artilharia nº 2673, do GACA nº 2, com a medalha da Cruz de Guerra de 3ª classe, ao abrigo dos artigos 14ª, 15ª 16ª e 63º do Regulamento da Medalha Militar, de 20 de Dezembro de 1971.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado na OS nº 29, de 19 de Novembro de 1971, Do CCFAG e nº 123, de 24 de Maio de 1972, do GACA 2):
    Louvado o Aspirante a Oficial Miliciano, Agostinho Correia da Silva, da CArt 2673 -GACA 2, por Sua Excelência o General Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, por despacho de 12Nov71, pelas qualidades de coragem, decisão e sangue frio e serena energia debaixo de fogo demonstradas no comando do seu Grupo de Combate no decorrer de uma emboscada montada pelas nossas tropas, perante um inimigo forte bem armado e que reagiu com invulgar potencial de fogo.
    Com verdadeiro desprezo pelo perigo e só depois de haver sofrido algumas baixas, conseguiu com o seu reduzido número de elementos que lhe restavam, aguentar a impetuosidade das arremetidas do IN durante cerca de duas horas. Por meio de lanços e protegendo-se com o fogo da sua arma, manobrou no terreno conseguindo retirar os seus subordinados da zona mais fortemente batida.
    Deste modo, com a sua valorosa actuação, aguentou o fogo IN e causou várias baixas ao adversário até ao momento em que, com os reforços recebidos, obrigou o inimigo a retirar em fuga desordenada.
    Pela sua atitude, reveladora da mais alta compreensão do dever, o Aspirante Correia da Silva é um militar que muito honra a Arma a que pertence e o Exército que tão abnegadamente serve.

Tomo VII – Cruz de Guerra 1972-1973, pagina 44

  • 2º Sargento de Artilharia
    MANUEL ADELINO CORREIA TEIGÃO
    CArt 2673/GACA 2
    Guiné
    4ª Classe
    Transcrição Da portaria publicada na OE nº 3 - 3ª série, de 1972
    Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 10 de Novembro último, o 2º Sargento de Artilharia Manuel Adelino Correia Teigão, da Companhia de Artilharia nº 2673/Batalhão de Artilharia nº 2892 – Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2.
    Transcrição do louvor a que deu origem a condecoração
    (Publicado nas OS nº 28, de 08 de Novembro de 1971, do CCFAG e nº 46, de 18 do mesmo mês e ano do QG/CTIG):
    Sua Excelência o General Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, por seu despacho de 01Nov71, louvou o 2º Sargento de Artilharia Manuel Adelino Correia Teigão, da Companhia de Artilharia nº 2673 – GACA 2 pelas extraordinárias qualidades de coragem, decisão, sangue-frio e serena energia debaixo de fogo evidenciadas no Teatro de Operações da Guiné.
    De realçar, a sua actuação no decurso de uma emboscada levada a efeito pelo seu Grupo de Combate, em que, fortemente atacado por numeroso grupo inimigo, se manteve firme, incitando os homens da sua Secção, dos quais alguns se encontravam gravemente feridos, conseguindo aguentar o impacto do adversário durante cerca de duas horas.
    Quando já se encontrava sem munições, não hesitou, indiferente ao perigo, em rastejar até junto dos camaradas feridos para utilizar os seus carregadores em tiros espaçados, protegendo-os das arremetidas do inimigo que tentava a todo o custo o assalto à posição onde se encontravam.
    Por tudo o que fica expresso, demonstrou, o 2º Sargento Teigão, excelentes qualidades militares, ganhando jus a ser apontado ao respeito e consideração pública.

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Nada de extraordinário brota das páginas, já carcomidas pelo tempo que já passou, depositadas nas prateleiras à espera de serem analisadas.

São histórias da história de muitos jovens, nos quais nos incluíamos, tentando cumprir uma missão que nos tinha sido colocada, para rapidamente, tão rapidamente quanto possível, regressarmos, voltar à vida antiga, àquela que, anos antes, havíamos deixado.

Mas aqui sobressai um facto estranho:

Sendo todos os Aspirantes a Oficial Miliciano e os 1ºs Cabos Milicianos promovidos ao posto imediato, à data de embarque, porque será que nesta Companhia havia dois elementos, um que morreu e outro que ficou ferido em combate, não foram promovidos?

Nem mesmo depois de louvados e condecorados, por actos de bravura?

  • As teias que o Império tece, ou teceu!

08 de Julho de 2010
Saudações a todos,
José Marcelino Martins
Fur Mil de Transmissões da CCaç 5

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Nota de MR:

Vd. último poste da série em:

5 de Janeiro de 2010 >

Guiné 63/74 – P5595: Fichas de Unidades (6): COP 4 - Comando Operacional nº 4 (José Martins)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4340: O Nosso Livro de Visitas (61): Amizades muito especiais (Branco Alves)

Meus Caros Luís Graça & Camaradas da Guiné,  
Há alguns meses ao procurar a palavra Guiné deparei casualmente com algo que desconhecia, ou seja este admirável Ponto de Encontro dos ex-militares que, de passagem por aquela Terra, se transformaram de adolescentes em homens numa rápida, difícil e desconhecida transição. 

Tenho saboreado, por um lado com alguma tristeza mas por outro com um pouco de orgulho escondido, a generosidade da juventude daquele tempo que se entregou, dando a própria vida em muitos casos, e o esforço e dedicação em tudo o mais que lhe era exigido, com um esgar de esforço num momento breve para no seguinte irradiar a satisfação do sorriso no cumprimento da obrigação. 
Algumas vezes viajo acompanhando os excelentes contadores de histórias  no deambular das suas narrativas que tão sabiamente transmitem a sua vivência daquele tempo. Obrigado a Todos... e que apareçam muitos mais. 

Tenho adquirido, sempre que possível, alguma literatura respeitante ao tema da Guiné-Bissau e acompanho com bastante preocupação o desenrolar sinuoso da vida daquele país; há algum tempo algumas publicações, referidas no blogue, chamaram a minha atenção, vou encontrando uma por outra, mas há uma delas que por mais voltas que tenha dado em livrarias não consigo encontrá-la e trata-se de "PAMI NA DONO, A GUERRILHEIRA", da autoria de Mário Vicente Fitas, será possível encaminharem-me no sentido de obter essa publicação? Agradeço e fico a aguardar a vossa informação, se assim o entenderem. 

Bem meus caros certamente que perguntarão, e com bons motivos, quem é este pendura; pois estive na Guiné entre Fevereiro de 1970 a Janeiro de 1972 em Empada, Buba e Bissau, integrado na CART 2673 - Leões de Empada, como Alferes Miliciano e o meu nome é Branco Alves.  
Um Grande Abarço Para Todos,   
(Branco Alves) 
_________ 

Nota de MR: 

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4272: O Nosso Livro de Visitas (59): Em busca de Pami Na Dono, a guerrilheira (Branco Alves / Mário Fitas)

Cascais > 9 de Abril de 2009 > Comemorações da Batalha de La Lyz (Flandres, Bélgica, I Guerra Mundial, 9 de Abril de 1918) > "Embora tarde, não quero deixar de enviar as fotos referentes às comemorações da batalha de La Lyz no passado dia 9 em Cascais. Guarda de Honra e Guiões da Associação de Comandos, Liga dos Combatentes e Associação de GEs. O porta guião da Liga dos Combatentes, Orlando Rosa, pertenceu à C.CAÇ 1567, Guiné" (MF).

Cascais > 9 de Abril de 2009 > " Foto: o primeiro do lado direito é Mário Fitas, ex-Fur Op Esp, CCAÇ. 763, Cufar, tendo à sua direita Luciano Mourão, Presidente da Junta de Freguesia do Estoril que pertenceu à C.CAÇ 816 em Bissorã. Ao lado do Gen Chito Rodrigues, o dr. António Capucho, presidente da Câmara de Cascais, seguindo-se o Comandante Naval de Cascais" (MF)

Fotos (e legendas): © Mário Fitas (2009). Direitos reservados.



1. Mensagem de Branco Alves, com data de 27 de Abril:

Meus Caros Luís Graça & Camaradas da Guiné

Há alguns meses ao procurar a palavra GUINÉ, deparei casualmente com algo que desconhecia, ou seja, este admirável PONTO DE ENCONTRO dos ex-militares que de passagem por aquela TERRA se transformaram de adolescentes em homens numa rápida, dificil e desconhecida transição.

Tenho saboreado, por um lado com alguma tristeza mas por outro com um pouco de orgulho escondido, a generosidade da juventude daquele tempo que se entregou, dando a própria vida em muitos casos, e o esforço e dedicação em tudo o mais que lhe era exigido, com um esgar de esforço num momento breve para no seguinte irradiar a satisfação do sorriso no cumprimento da obrigação.

Algumas vezes viajo acompanhando os excelentes contadores de histórias no deambular das suas narrativas que tão sabiamente transmitem a sua vivência daquele tempo. OBRIGADO A TODOS ... e que apareçam muitos mais.

Tenho adquirido, sempre que possível, alguma literatura respeitante ao tema da GUINÉ BISSAU e acompanho com bastante preocupação o desenrolar sinuoso da vida daquele país; há algum tempo algumas publicações, referidas no blogue, chamaram a minha atenção, vou encontrando uma por outra, mas há uma delas que por mais voltas que tenha dado em livrarias que não consigo encontrá-la: Trata-se de Pami Na Dono, a Guerrilheira, de Mário Vicente Fitas.

Será possível encaminharem-me no sentido de obter essa publicação ? Agradeço e fico a aguardar a vossa informação, se assim o entenderem.

Bem, meus caros, certamente que perguntarão, e com bons motivos, quem é este pendura; pois estive na GUINÉ entre Fevereiro de 1970 a Janeiro de 1972 em EMPADA, BUBA e BISSAU, integrado na CART 2673, LEÕES DE EMPADA, como Alferes Miliciano e o meu nome é Branco Alves.

Um grande abraço para todos, Branco Alves.


2. Resposta do Mário Fitas, autor do livro em questão:

Caro Branco Alves,

É com imenso o gosto que te ofereço o livro Pami na Dondo, a Guerrilheira, basta dizeres para onde queres que o envie.

Antecipadamente chamo a atenção que o livro não é uma grande obra literária, mas sim um documento de grande valor para análise do que foi a Guerra na Guiné.

Fui Fur Mil de operações especiais, da CCAÇ 763, companhia em quadricula no sector de Cufar, um pouco abaixo de Empada.

A CCAÇ 763 fez a sua comissão toda em Cufar. Actuando desde Cufar a Cobumba e passando para o outro lado do Cumbijã: Camaiupa, Cachaque, Cabolol, Cobumba, Flaque Injã, Caboxanque, Cadique, Darsalame, cruzamento de Salancaur/Mejo, etc...as suas bolanhas, matas, pântanos e rios, foram itinerários das férias deste BANDO em terras da Guiné, por isso com alguma experiência (vivida).

Como o rio Cumbijã é bastante longo, envio um abraço do seu tamanho.

Mário Fitas


PAMI NA DONDO, A GUERRILHEIRA
Autor: Mário Vicente [Mário Fitas]
Prefácio: Carlos da Costa Campos, Cor
Capa: Filipa Barradas
Edição de autor
Impressão: Cercica, Estoril, 2005
Patrocínio da Junta de Freguesia do Estoril
Nº de páginas: 112

Advertência: Trata-se de uma obra de ficção, embora inspirada em factos reais, em especial na actuação da CCAÇ 763, os Lassas, que estiveram e viveram em Cufar, no sul da Guiné, nos anos de 1965 e 1966.

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Nota do Editor:

Vd. último poste da série de 24 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4074: O Nosso Livro de Visitas (58): Carlos Ventura, ex-combatente da Guiné da CCAV 3406/BCAV 3854 (Nova Lamego, 1972/74)