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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13781: Aqui prós meus botões (Nelson Herbert, VOA - Voice of America)

1. Em mensagem do dia 9 de Outubro de 2014, o nosso amigo guineense, Nelson Herbert(*), que vive nos EUA, onde trabalha na VOA - Voice of America, Voz da América, enviou-nos este seu texto que intitulou de:

Aqui prós meus botões

Ainda na fase de digitalização de alguns documentos do meu espolio pessoal de todos estes anos de jornalismo, alguns bem confidenciais, outros nem tanto, e num misto de perspicácia e de curiosidade, não é que a mente fugaz impele-me para uma tentativa de desconstrução de um recalcitrado "sofisma" que por sinal tem servido de argumento uno e justificativo aos males vividos nas casernas militares bissau-guineenses?

Refiro-me pois a natureza não republicana das Forças Armadas e aos efeitos do Narcotráfico!
E explico-me!

Da análise de alguns dos OGE (Orçamento Geral do Estado) das ultimas décadas, ressalta à vista desarmada o quão substancial foi sendo, com a independência do país, o incremento da dotação orçamental, destinada às Forcas Armadas e às Forcas de Segurança, isto sem que para o efeito, tal investimento resultasse na modernização de 'pora" alguma nos dois sectores siameses! E estamos aqui a falar de um país que se limitou durante todos estes anos, a investir numa tropa que se entretinha, guerreando-se consigo próprio!

Folheio o folder" de documentos e os olhos se me arregalam perante os montantes em causa!
Compenetro-me na análise de alguns relatórios e documentos da Dinfomil, a contra-inteligência militar guineense, e deparo-me com um cortejo de casos flagrantes de corrupção, detectados, investigados, submetidos à consideração das tutelas e dos governos, denúncias que entretanto resultaram impunes.

Dos contratos de compra e venda da sucata militar, a munições obsoletas ou simplesmente condenadas à caducidade, para que delas rendessem "trocos", a carga de implicação de tais práticas na oneração das finanças públicas e no próprio desguarnecimento dos paióis militares, experiência de má memória - entenda-se pelo caso do tráfico de armas para os rebeldes independentistas do Casamance, qual rastilho para a Guerra Civil de 1998/99, a surripiada de bens e géneros alimentícios das cantinas militares, aos contratos fictícios de fornecimento aos quartéis, com a intendência militar a provar o seu primor na arte da "contabilidade criativa".

Enfim, a "sorte" das inspeções e relatórios produzidos a propósito, foi caindo invariavelmente num "balaio furado", por promíscuas conveniências de uns tantos governantes, com destaque para alguns dos ministros do sector (por sinal bem identificados) ou de chefias militares superiores e intermédias, useiros e vezeiros na arte da rapinagem.

Enfim um historial de "camuflagem" e de impunidade face ao antro de corrupção em que se transformara as instituições castrenses bissau-guineenses, com reflexos na anarquia que lhe é hoje peculiar, maleitas que entretanto para gáudio da impunidade, o Narcotráfico nas casernas e a natureza não republicana das FAA em boa hora prontificaram a perfilhar!

Nelson Herbert
USA
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13762: Viajando numa estrada em guerra (Nelson Herbert, VOA - Voice of America)

domingo, 19 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13762: Viajando numa estrada em guerra (Nelson Herbert, VOA - Voice of America)

1. Mensagem do nosso amigo guineense, Nelson Herbert, que vive nos EUA, onde trabalha na VOA - Voice of America, Voz da América, com data de 9 de Outubro de 2014:

Traveling a Road Into War

Um dos marcantes momentos da minha experiência na cobertura do conflito de 1998/99, a guerra civil na Guiné-Bissau, retratada por uma publicação americana.

O episódio resume-se no seguinte.
Para evitar a entrada na Guiné-Bissau através da fronteira norte com o Senegal (eixo Zeguinchor /São Domingos), devido em parte a então intensa movimentação dos guerrilheiros independentistas do Casamance na região, numa mobilização que visava o eventual "estancamento" da infiltração de unidades militares das Forcas Armadas senegalesas através da fronteira norte da Guiné-Bissau em apoio as forças de Nino Vieira, foi-me na altura aconselhado por razões de segurança, a utilização da fronteira leste da Guine Bissau, no eixo Kolda /Pirada como ponto de entrada no pais. A inflexão mais ao interior da região senegalesa do Casamance, em direção à fronteira leste da Guiné-Bissau, mais concretamente Pirada, evitando consequentemente as zonas da operacionalidade da guerrilha independentista, acarretaria entretanto os seus contratempos.

Chegados a Kolda (Senegal) na sequência de uma viagem longa, desgastante e exposto a uma canícula infernal, momentos antes de cruzar a fronteira e em pleno "directo" ainda do lado senegalês da fronteira, com a emissão da VOA a partir de Washington DC., sou interpelado e conduzido à presença do comandante da região militar, por um grupo de soldados senegaleses fortemente armados.

Em causa o telefone satélite (nunca antes visto na região) usado no "directo" e que curiosamente os militares senegaleses insistiam em baptizar de telefone da Junta Militar.
Até à confiscação de todo o equipamento de reportagem, toda a cena foi sendo reportada através da emissão da VOA e por conseguinte acompanhada pela audiência na Guiné-Bissau.

Cumprido as formalidades e um período de detenção para "averiguação" dos propósitos da minha viagem a Guiné-Bissau em guerra, a minha devolução à liberdade seria motivo de notícia pelos colegas em Washington.

Resultado, cruzada a fronteira senegalo/guineense, à boleia de um camião de carga e à chegada a Pirada, sou surpreendentemente recebido em ovação por um grupo de ouvintes da Voice of América que ao longo da fronteira vinham seguindo através das ondas hertzianas a sorte madrasta minha, por terras senegalesas.

Desse momento ímpar da minha carreira jornalística, retenho a afabilidade do Dr. Xisto (será essa a grafia?) na foto, capitaneando de forma efusiva o "clube de ouvintes " à minha recepção.

E desse episódio nasceria uma forte relação de amizade e estima mútua, que entretanto a morte prematura deste medico guineense, ainda com a Guiné-Bissau em pleno conflito, entendeu abreviar.

A este amigo a minha eterna gratidão!

Nelson Herbert Lopes


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Notas do editor

- Título do poste da responsabilidade do editor

- Último poste de 11 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13718: Recuerdos de uma infância: a Nha Maria Barba, a avó Barba, cantadeira de mornas, da Boavista, minha viziinha de Bissau (Nelson Herbert, VOA - Voice of America)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13705: (In)citações (69): Quando a rotina é traiçoeira ou o flagelo das minas que continuam a vitimar civis na Guiné-Bissau (Nelson Herbert)

1. Mensagem do nosso amigo Nelson Herbert Lopes, jornalista da Voz da América (VOA), com data de 29 de Setembro de 2014:

...de quando a rotina é traiçoeira!

A notícia da morte de pelo menos 20 civis guineenses, na explosão de uma mina anti-tanque no eixo viário Bissora- Binar, não só enluta o país... a Guiné-Bissau como sugere a urgência de uma abordagem e intervenção do Estado à altura de um tal flagelo...
É que quatro décadas volvidas sobre o fim da guerra de libertação nacional ou colonial... e um pouco mais de uma década sobre o conflito militar de 1998/99, ainda que em "surdina" e na "calada", as minas anti-pessoais e anti-carros ainda matam na Guiné-Bissau...

Conheço e visitei, ao longo da minha carreira jornalística, vários campos de minas em países e regiões então em guerra... de Moçambique a Angola passando pela região senegalesa do Casamance à Guiné-Bissau... isto para além da cobertura de conferencias mundiais afins...
Experimentei o calafrio peculiar de quem por razões profissionais teve que caminhar por campos, fazendo fé nos sapadores, "desminados" ...para constatar, num exercício masoquista próprio da profissão... o expectável: a dor, os estigmas e os estragos causados pela quiçá mais traidora dos artefactos bélicos...

Por mais garantias de sucesso dos esforços de desminagem, a incerteza e a desconfiança, essas sempre pairam! A experiência e a prudência assim aconselham.
Recordo-me neste particular de um episódio nos finais da década de 90 com Angola então a braços com as sequelas da guerra... Numa reportagem aos esforços de desminagem em curso na picada que liga Cunhinga ao Bié, no centro de Angola, a garantia da via estar completamente livre de tais engenhos explosivos, era num esforço quase que em vão isto ante a intranquilidade minha (para já não havia os tais ditos coletes de protecção pró meu SIZE), vezes sem conta, reiterada numa aparente sinceridade, pelos sapadores em acção...

... e lá fizemo-nos à picada... ladeada de ferro contorcido de tanques e viaturas militares e civis esventrados, atestando o quão suicida fora a veleidade da aventura por aquele outrora corredor da morte...
Sem sobressaltos percorreu-se o trajecto de "inspecção" da rota rumo a um povoado, onde sob a mulembeira a nossa reportagem era aguardada por um grupo de populares estropiados testemunhos vivos, porque vítimas de um tal infame artefacto bélico... ...a rotineira ida às lavras no cacimbo da madrugada, tinha sido fatal, num dia de má memoria, algures num passado que se fazia presente!

...absorto por um continuo exercício de compreensão das imagens de estropiamento legadas pela guerra, como se fosse possível compreender a guerra... nos escritórios da delegação da VOA em Luanda, soava o telefone...

Pouco mais de uma semana sobrepunha-se à experiência minha por um campo (des)minado em Angola... Qual arauto da "ma nova", num angustiante relato do que acabara de testemunhar, o correspondente da VOA no Bié anunciava do outro lado da linha:
- "Chefe uma mina anti-tanque arrastada eventualmente pelas enxurradas acaba de vitimar uma vintena de civis angolanos transportados na carroçaria de um tractor comercial que regressava das lavras"

A picada tinha por sinal, sido a calcorreada na semana anterior...
As garantias de segurança, seguramente as mesmas... a rotina essa sim... e que fora traiçoeira!

Nelson Herbert
Washington Dc, USA


Picada em fase de desminagem em Angola...

Ler o artigo publicado em 12 de Setembro de 2005 na Voz da América: Campos de minas antipessoais e antitanques identificados.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13423: (In)citações (68): A propósito do texto do Francisco Baptista, espelhado no post 13420, sob o tema "Lançados no mundo sem motivo nem explicação... difícil de levarmos a vida a um final digno" (José Manuel Matos Dinis)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5010: Efemérides (25): Boé, 24 de Setembro de 1973, memórias de L. Mussatov, diplomata russo (Nelson Herbert / José Milhazes, Lusa)

Imagem de Amílcar Cabral (1924-1973), o líder histórico do PAIGC que a morte, uns meses antes, não permitiu estar presente na cerimómia da Proclamação da Independência da Guiné-Bissau,na região do Boé, em 24 de Setembro de 1973, em local ainda hoje objecto de controvérsia (*). Foto (editada) da revista PAIGC Actualités, nº 54, Outubro de 1973, edição dedicada à proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau . Portugal viria a reconhecer a nova república apenas um ano depois, em 24 de Setembro de 1974 (**). Imagem: © Magalhães Ribeiro / Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados. 1. Do nosso amigo guineense Nelsom Herbert (n. 1962, Bissau), licenciado em Comunicação Social pela FCSH/UNL, jornalista, da secção portuguesa da Voz da América / VOA, e membro da nossa Tabanca Grande desde Março de 2008 (***) Achei interessante... Mantenhas Nelson Herbert Journalist-Editor / Editor e Jornalista Voice of America / Voz da América Washington, DC, USA 2. Guiné-Bissau: Entrega de credenciais diplomáticas em plena selva Número de Documento: 10152535 Moscovo, Rússia 24/09/2009 09:23 (LUSA) Temas: História, Política, Diplomacia, Guerrilha, Conflitos (geral) *** José Milhazes, da Agência Lusa *** Moscovo, 24 Set (Lusa) - Quando a União Soviética reconheceu a independência da Guiné-Bissau, declarada há precisamente 36 anos, Moscovo quis estabelecer relações diplomáticas com o novo país, mas, como a capital, Bissau, estava sob controlo português, a cerimónia realizou-se no mato. Em 24 Setembro de 1973, a direcção do PAIGC declarou a independência da Guiné-Bissau nos territórios sob o seu controlo, acto que foi reconhecido por mais de 80 Estados até ao início de 1974. Alguns deles - Argélia, Roménia, Jugoslávia, Guiné-Conacri e União Soviética - decidiram estabelecer relações diplomáticas ao nível de embaixadas. Leonid Mussatov, então embaixador soviético em Conacri, foi nomeado representante por inerência na Guiné-Bissau, tendo sido encarregado de entregar as credenciais diplomáticas a Luís Cabral, Presidente do Conselho de Estado do novo país. "Em Maio de 1974, recebi um convite do Governo da Guiné-Bissau para estar no dia 09 de Maio na cidade de Boké (Guiné-Conacri) a fim de ir para uma das regiões libertadas do país (...) Juntamente com os embaixadores da Argélia, Roménia, Guiné e Jugoslávia, cheguei a Boké na manhã de 09 de Maio", escreve Mussatov nas suas memórias "Viagens Africanas", publicadas em Moscovo. A viagem rumo aos territórios libertados do PAIGC foi feita de noite por questões de segurança. "Visto que a cidade de Boké se encontra a 60 km da fronteira, fomos até à Guiné-Bissau em camiões protegidos por soldados e comandantes guineenses. Eu ia num carro com o vice-ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Pedro Pires [actual Presidente de Cabo Verde]", recorda o diplomata soviético. "Entre as três e as cinco horas da manhã de 10 de Maio", continua Mussatov, "descansámos em tendas num acampamento militar e, depois, cansados, infiltrámo-nos no território da Guiné-Bissau", descrevendo "ruínas de aldeias guineenses queimadas pelos portugueses". "Finalmente, às 10 horas, chegámos à residência do Presidente, constituída por vários "palacetes", cabanas no interior da selva. Fomos instalados no "hotel dos embaixadores", cabana construída de ramos e folhas de palmeiras e de outras árvores e anunciaram-nos que a entrega de credenciais começaria às 12.30", recorda o embaixador. "De súbito", relata ainda o diplomata, "às 11 horas, no céu apareceram dois aviões militares portugueses e, depois de alarme aéreo, fomos obrigados a escondermo-nos. Felizmente, os aviões, depois de darem várias voltas por cima da selva, afastaram-se". Leonid Mussatov lembra que, no regresso a Conacri, no dia seguinte, soube que a "Voz da América" tinha noticiado esta expedição diplomática. "A espionagem americana e os seus agentes na Guiné seguiram atentamente a nossa viagem e, pelos vistos, juntamente com os portugueses, tentaram assustar-nos", prossegue Mussatov. Regressado a Conacri, o embaixador soviético seguiu depois para Moscovo para apresentar informação sobre a cooperação com a Guiné-Bissau, tendo mostrado aos membros do Colégio do MNE fotos daquela cerimónia pouco comum. "O primeiro vice-ministro V.V.Kuznetsov declarou então: 'É o primeiro caso na História da Diplomacia em que embaixadores entregam credenciais não num palácio, mas na selva da guerrilha'", lembra Mussatov. Lusa/fim ____________ Notas de L.G.: (*) Vd. postes de: 18 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3911: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (1): Em 1995, confirmaram-me que o local da cerimónia foi mais a sul (Miguel Pessoa) 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3920: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (2): Opção inicial, uma tabanca algures no sul, segundo Luís Cabral (Nelson Herbert) (**) Vd. postes de: 2 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3828: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (1): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 1-2 5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3846: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (2): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 3-4 10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3864: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (3): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 5-6 17 de Fevereiro de 2009 > Guiné 64/74 - P3905: PAIGC Actualités (Magalhães Ribeiro) (4): O nº 54, Outubro de 1973, dedicado à proclamação da independência: pp. 7-8 (***) Vd. poste de 16 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2652: Guineenses da diáspora (3): Nelson Herbert, o nosso Correspondente nos EUA (Virgínio Briote)

domingo, 16 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2652: Guineenses da diáspora (3): Nelson Herbert, o nosso correspondente nos EUA, e novo membro da Tabanca Grande (Virgínio Briote)

O Simpósio de Guiledje na Voz da América


Apresenta-se Nelson Herbert, jornalista-editor da Voz da América.

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Guiledje 35 anos depois

Por Nelson Herbert
16/03/2008


Voz da América ▪ Portuguese


Osvaldo Lopes da Silva, um antigo comandante de artilharia da guerrilha do PAIGC, na Guiné-Bissau aborda, 35 anos depois e em exclusivo à VOA, aspectos operacionais da pressão militar montada por aquela guerrilha independentista contra o destacamento militar de Guiledje, que culminaria, em 1973, no seu abandono pela então tropa portuguesa.

Osvaldo Lopes da silva - Download (Real) Osvaldo Lopes da silva - Ouvir (Real)


Na mensagem que nos enviou, Nelson Herbert diz:

São matérias produzidas e emitidas pelo serviço em Português da Voz da América, no âmbito da cobertura do recente Simpósio alusivo a Guiledje e que cedemos a essa vossa Tabanka Grande, da qual me sinto também parte, já que apesar da vivência de muitos anos nos Estados Unidos da América,  nasci nessa Terra a que todos nos sentimos profundamente ligados. E diria que Tabanka Grande (também), de que sou um frequentador assíduo.

Parabéns pela iniciativa. Saudações.

Nelson Herbert
Journalist-Editor
African-Division-VOA

Washington DC, USA

Ps: VOA emite a partir de Washington en 56 línguas distintas, incluindo o Português para a África, Brasil e Timor-Leste.


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Nasci em Bissau, a 16 de Setembro de 1962, (filho) de mãe guineense e pai cabo-verdiano.


Sou da mesma geração do historiador Leopoldo Amado, um amigo e colega de infância e das lides académicas em Bissau e universitárias em Portugal.

Vivi e cresci defronte à messe dos sargentos da Força Aérea em Bissau.
Cenário nos anos 70 de um atentado bombista (seria esse o termo nessa época) que acabou felizmente por não provocar vítimas, uma vez que o autocarro-alvo da Força Aérea que deveria levar os militares para a habitual sessão de cinema na Base Aérea de Bissalanca, contrariando o habitual, saiu minutos mais cedo.

Um ataque atribuído às células clandestinas do PAIGC em Bissau, que conhecia a rotina da concentração de oficiais e militares defronte do edifício da messe, para as habituais sessões de cinema na base em Bissalanca.

Estudei em Bissau, onde vivi toda a minha infância e adolescência. Licenciei-me em Comunicação Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com a defesa de uma monografia versando os mascarados rituais africanos, com incidência nos Kankurans (os mascarados da cerimónia da circuncisão masculina na Guiné e Casamance, uma abordagem semiótica).

Parti nos anos 90 para os Estados Unidos, para a frequência universitária, mestrado e especialização, país cuja nacionalidade acabei por adoptar há vários anos e onde desde então me radiquei.

Nelson Herbert num campo de minas, no Planalto Central de Angola.


Como editor e jornalista da VOA, cobri a guerra em Angola, país onde fui durante muitos anos o delegado da Voice of America para a região. Por coincidência a minha missão em Angola culminou com a morte de Jonas Savimbi em combate – facto curioso, a única fotografia que existe de um jornalista – estrangeiro – junto ao corpo daquele líder rebelde, publicado na altura pelos jornais portugueses e mundiais é precisamente uma em que apareço ao lado do corpo de Savimbi, no cenário dos combates que o vitimou.

Fui o enviado especial da VOA ao conflito civil na Guiné-Bissau em 1998/99 e na região senegalesa do Casamance.

(…) e diga-se, sou um apaixonado pelo capítulo da guerra colonial ou de libertação, capítulo esse a que me tenho debruçado como jornalista, com vários artigos e reportagens. Anos antes, a convite do Governo de Cabo Verde saído das primeiras eleições democráticas no arquipélago, assumi num período em que tive que fixar residência em Cabo Verde, a direcção geral da Televisão Nacional de Cabo Verde.

Cumprida essa etapa regressei aos Estados Unidos e desde então sou editor sénior da divisão para a África da Voz da América, Serviço em Português, com incidência para a África Ocidental, em particular para nossa Guiné.

Aqui em Washington já é um pouco mais da meia-noite, pelo que amanhã logo cedo, envio-lhe uma fotografia minha.

Mantenhas,
Nelson Herbert

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Nota de vb:

Obrigado pelas informações que nos tens enviado. Não nos conhecemos pessoalmente (quando de lá saí, tinhas pouco mais de 4 anos). Mas estamos ligados por um sentimento, que ainda que não se veja, tem o cheiro e as imagens de uma Terra que nunca vamos esquecer.

Caro Nelson, esta Tabanca para os Guineenses não tem portas. Passas doravante a fazer parte integrante do nosso blogue e da nossa tertúlia.


ver artigos de:

sexta-feira, 14 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2639: O Simpósio de Guiledge na Voz da América. (Virgínio Briote)



Notícias em Português

O Factor Militar de Guiledge
Por Nelson Herbert
10/03/2008

Combatentes das forças armadas portuguesas e do movimento de libertação da Guiné-Bissau estiveram reunidos na semana finda, em Bissau, para uma evocação de Guiledje, um aquartelamento do então exército colonial português, capturado pela então guerrilha do PAIGC.

Considerado por alguns um marco determinante na viragem da guerra que culminaria na independência da Guiné, Guiledje foi, entretanto, encarado por alguns dos participantes na conferência, como apenas a consequência de um conjunto de factores que ditariam o seu desenlace.

É o caso, pois, do professor universitário e analista político, Fernando Delfim da Silva, que realçou os riscos que a excessiva exaltação daquela feito militar, em detrimento da componente política do mesmo processo libertador da Guiné poderá, eventualmente, ter num país, onde tem sido sintomática a omnipresença dos militares na vida política nacional.

Em Prof. Fernando Delfim da Silva - Download (MP3) Prof. Fernando Delfim da Silva - Ouvir (MP3)

Guiledje Trinta e Cinco Anos Depois

Por Nelson Herbert
10/03/2008

Foi num contexto militar problemático para as então forças armadas portuguesas no teatro das operações militares na Guiné, o último comandante da guarnição militar de Guiledje.
A 22 de Maio de 1973, face à pressão da guerrilha do PAIGC, o então major Coutinho e Lima ordena aos seus homens o abandono daquele aquartelamento militar no Sul da Guiné-Bissau. Uma decisão que teria por consequência a sua detenção e consequente destituição pelo então governador da Guiné, António de Spínola.


Trinta e cinco anos volvidos sobre os acontecimentos de Guiledje, Coutinho e Lima está de regresso à Guiné no quadro do Simpósio Internacional alusivo a Guiledje.
Hoje coronel do exército português na reserva, Coutinho e Lima acedeu falar do reencontro com os antigos inimigos e reconstituir aspectos da operação Guiledje.

Em
Coronel Coutinho e Lima - Download (MP3) Coronel Coutinho e Lima - Ouvir (MP3)