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sexta-feira, 3 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24115: Álbum fotográfico de Manuel Seleiro, 1º cabo ref, DFA, Pel Caç Nat 60 (São Domingos, Ingoré e Susana, 1968/70) - Parte II: Mais imagens de Ingoré... e de pessoal da CCAÇ 1801 (Ingoré, Bissum-Naga, São Domingos)


Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Despedida do pessoal da CCAÇ 1801 (1968/69), que estava em Ingoré e no destacamento de Antotinha  O Manuel Seleiro, nesta foto, parece ser o segundo, ao centro, de bigode,


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > O quartel de Ingoré


Foto nº 9 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > "Dois batelões" (... no Leste, no rio Geba, eram chamados "barcos turras" que faziam transporte de mercadorias e de pessoal civil...)


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Pôr do sol

Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal  (1953) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Sedengal, Ingoré, Antotinha e rio Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do Manuel Seleiro (*), membro da Tabanca Grande nº 870 (**). Trata-se de mais algumas imagens de Ingoré, editadas pelo nosso blogue, com a devida vénia e a autorização do autor. Numa destas fotos vê-se pessoal da CCAÇ 1801, que estve destacado em Antotinha. A CCÇ 1801 passou por Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) (1968/69).  Sobre Ingoré temos mais de 80 referências. Ingoré fica na carta de Sedengal (1953) (escala 1/50 mil),

Recordamos que o Manuel Seleiro era o sapador do seu Pel Caç Nat 60. Tirou um curso de minas e armadilhas, de 10 dias, em Bissau. Quando lhe faltavam dois meses para terminar a comissão, foi vítima, em combate, da explosão de uma mina A/P. 

Mesmo totalmente cego, e apenas com dois dedos na mão esquerda, o nosso camarada edita dois blogues (Pel Caç Nat 60 e Luar da Meia Noite). Só reconhece as suas fotos pelas legendas (que procuramos manter). Segue (e comenta) o nosso blogue há muito. O seu exemplo de tenacidade, resistência, camaradagem, e amor à vida e à sua terra natal, Serpa, Baixo Alentejo,  é digno da nossa admiração e do nosso maior apreço. Podemos apontá-lo como um grande exemplo de capacidade de luta contra a adversidade.

Estas fotos, que constam, da  página pessoal do Manuel Seleiro, Luar da Meia Noite, também podem ser, algumas, da autoria do Nelson Gonçalves, que foi o segundo comandante do Pel Caç Nat 60 (criado em São Somingos, em 1968), e também ele vítima de uma mina (neste caso A/C), e DFA.

Julgo que o Nelson Gonçalves vive nas Caldas da Rainha, é viúvo da nossa amiga Manuela Gonçalves, a Nela, falecida em 2019; não temos, infelizmente, o contacto do nosso camarada Nelson Gonçalves que gostaríamos ainda dever sentado à sombra do nosso poilão.

Da CCAÇ 1801, só temos infelizmente quatro referências: o  Carlos Sousa, o Carlos Fernando da Conceição Sousa [ex-alf mil op esp /ranger, CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69] é membro da nossa Tabanca Grande. E é o único representante da CCAÇ 1801.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20986: Efemérides (326): Foi há 48 anos: fui gravemente ferido no decurso da Op Dargor, evacuado para o HM 241, em Bissau, e depois para Lisboa, o HMP (José Maria Pinela, ex-1º cabo trms, CCS/BCAV 3846, Ingoré, 1971/73), hoje DFA


Guiné > Bissau > HM 241 > c. maio/ junho de 1972 > Gravemente ferido em combate, em 14/5/1972, o José Maria Pinela esteve aqui internado dois meses, sendo sendo evacuado para o HMP, em Lisboa donde teve alta em 6/4/1973. É hoje DFA (Deficiente das Forças Armadas).

Fotos (e legenda): © José Maria Pinela (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. José Maria Pinela (DFA), ex-1.º cabo trms, CCS/BCAV 3846 (Ingoré, 1971/73), membro nº 685 da Tabanca Grande (desde 4 de maio de 2015) (*)

(i) assentou praça em Elvas,  BC 8, na 3.ª Companhia de Instrução do 3.º Turno de 1970, onde fez a recruta;

(ii) em Lisboa, no BC 5, fez a especialidade de Transmissões de Infantaria:

(iii) seguiu para Portalegre, BC 1, onde permaneceu até à mobilização  ("por sinal no dia dos meus 22 anos, 16 de Fevereiro");

(iv) daqui partiu para Estremoz, BC 3, a fim de formar Batalhão;

(v) foi colocado na  CCS / BCAV 3846, como 1.º  cabo trms;

(vi) a madrugada do dia 3 de Abril de 1971, o batalhão seguiu para  a Lisboa,  embarcando no T/T  Angra do Heroísmo, com destino à Guiné:

(vii) chegada a Bissau no dia 9 de abril de 1971;

(viii) depois de um mês no Cumeré, para a IAO, partiram  para a nossa zona operacional, duas companhias para o Ingoré, incluindo a CCS, outra para São Domingos e outra para Susana-Varela;

"Decorreu o resto do ano de 1971 conforme se pôde, até que entrou o ano de 1972 que começou mal como o ano anterior. A 14 de maio caímos numa emboscada, onde fui ferido e evacuado de helicóptero para o HM 241, em Bissau, onde permaneci durante cerca de dois meses, e de onde acabei por ser evacuado por via aérea para o Hospital Militar, Anexo em Campolide, de onde saí como DFA, no dia 6 de Abril de 1973, dado como incapaz para todo o serviço militar e apto parcialmente para o trabalho".

O BCAV 3846 regressou à metrópole a 13 de março de 1973. O pessoal tem vindo a realizar o seu convívio anual.


Guiné > Região de Cacheu > Carta de Sedengal > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Sedengal, Ingoré e mata de Canchungo, junto à fronteira do Senegal, entre os marcos 143 w 139.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


2. Para relembra esta fatídica efeméride, o 14 de maio de 1972, o camarada Pinela publicou, na página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça as quatro fotos acima reproduzidas,  mais a seguinte mensagem:

Olá,  camaradas de armas, ex-combatentes da Guiné! Bom dia a todos.

Faz hoje precisamente 48 anos, 14 de maio de 1972, começo do dia às 3 horas da manhã em Ingoré, operação Dargor, destino mata do Canchungo entre os marcos de fronteira norte 139-143, cerca das 8 da manhã primeira emboscada, onde eu fui atingido de imediato, era um alvo a abater logo de início, posto rádio Racal às costas, AVP 1 ao pescoço e todo o material que nos equipava. 

Aí começa toda a odisseia até à chegada dos Fiat G-91, do heli canhão e do heli de evacuação que me levou até HM241, em Bissau.

Aí chegado, fui recebido por uma equipa extraordinária que me salvou a vida, e não só, também alguns membros!

Sobrevivi até hoje felizmente, já outros não tiveram a mesma sorte e por lá perderam a vida ou partes do corpo! Para nada!!!

Aqui ficam algumas fotos desse domingo, 14-05-1972.(**)
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 – P9494: Convívios (395): Pessoal do BCAV 3846, Lisboa, 18 de Março de 2012 (Delfim Rodrigues)

1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 15 de Fevereiro de 2012:

Mais uma vez venho pedir a publicação do convite para o almoço de meu Batalhão.
O BCAV 3846, composto pelas CCAV 3364 - Sedengal; 3365 - São Domingos; 3366 - Suzana, Varela e Antotinha, e CCS - Ingoré
Desde já o meu muito obrigado

Um abraço
Delfim Rodrigues


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9488: Convívios (315): Encontro de ex-Combatentes da Guiné, dia 30 de Março em Fão (Albino Silva)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7860: Convívios (294): Convivío do BCAV 3846, dia 13 de Março no Restaurante Quinta do Paúl, em Paul, Ortigosa, Leiria (Delfim Rodrigues)




1. O nosso Camarada Delfim Rodrigues, ex-1º Cabo Aux Enf da CCAV 3366 do BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73, enviou-nos com pedido de publicação o seguinte programa da festa anual do seu batalhão para 2011:

Camaradas,

Agradecia que publicassem o programa do almoço anual do Batalhão de Cavalaria 3846, que esteve na Guiné em 1971/73 - Ingoré, São Domingos, Susana, Antotinha, Sedengal e Varela -, e ao qual eu pertenci.

Um abraço
Delfim Rodrigues
Convivío do BCAV 3846
Caros Amigos,


É com enorme prazer que neste começo de novo ano desejamos a Todos e suas Famílias um óptimo ano 2011 e, ao mesmo tempo, aproveitamos para vos comunicar a data e o local do nosso próximo Almoço/Convívio.
Este ano realiza-se no próximo dia 13 de Março num local já nosso conhecido Restaurante Quinta do Paúl em Ortigosa que esperamos seja do vosso agrado, dado o nível de qualidade conseguido há 2 (dois) anos.
Contamos com a vossa presença, para que juntos possamos fazer deste Almoço/Convívio mais um momento inesquecível e de grande confraternização, espelhando a alma de amizade que temos vindo a preservar ao longo deste últimos 38 anos e que perdurará para sempre nas nossas memórias.
Ás 12H00 será celebrada missa pelo nosso Capelão, onde serão recordados Todos aqueles que nos deixaram. Por volta das 13H00 será servido o almoço.


Restaurante: Quinta do Paúl em OrtigosaMorada: Estrada Nacional 109 – Paúl – Ortigosa – LeiriaTelefone: 244 613 438
Os Preços para este ano são:

ð Crianças entre os 5 e 10 Anos = 10,00 €;
ð Para os restantes = 28,00 €
Para qualquer esclarecimento poderão contactar:

- Alberto Toscano: 912381293 – albertotoscano@netcabo.pt
- Carlos Conceição (Xina): 919489378 –
carlosconceicaonovoa@gmail.com
- Laureano: 966452001-
laureano@netmadeira.com

A confirmação da vossa presença deverá ser feita até 8 de Março.
Esperamos contar convosco neste dia e até lá desejamos a Todos Boa Viagem.
Um forte abraço do Toscano, Xina, Laureano e Capelão


PS:
- Pedimos, por especial favor, a quem possui E-mail que o mesmo seja fornecido à Organização. Obrigado.


Como chegar ao Restaurante a partir de Leiria:
  • Leiria – Ortigosa: Distância: 11,7 km (aprox. 17 min.)
  • Ponto de referência: Av. Dom João III (avançar 170 m)
  • Na rotunda, seguir pela 3.ª saída para Av. Dr. Adelino Amaro da Costa
  • Passar 1 rotunda (avançar 1,0 km) Na Rotunda Almoinha Grande, sair na 2.ª saída para N113 (a avançar 350 m)
  • Na rotunda, seguir pela 1.ª saída para N109. Passar 2 rotundas (avançar 9,4 km) em direcção a Figueira da Foz/Monte Real.
  • Virar à direita (avançar 93 m) e está em ORTIGOSA
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Nota de M.R.:

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7846: Em busca de... (156): Paula Simões, filha do Sold da CCAV 1482 (1965/67), César J. Simões, procura notícias de seu pai e dos seus camaradas (V. Briote / J. Martins)


1. Os nossos camaradas Virgínio Briote (ex-Alf Mil Comando – Brá -, 1965/67) e José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos - Canjadude -, 1968/70), têm vindo a recolher e complementar informação sobre o nosso falecido Camarada César Joaquim Simões, que foi Soldado da CCAV 1482, a pedido de sua filha - Paula Simões Viola -, tendo nos últimos dias trocado as seguintes de mensagens.


2. Em 18 de Fevereiro de 2011 o Virgínio Briote, enviou à Paula Simões Viola o seguinte e-mail:Assunto: Locais por onde o César andou

Paula,

O seu Pai pelos vistos passou por aqui (há registos de um militar da Companhia  do seu Pai sepultado no cemitério de Bambadinca):

Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66) [ A CCAV 1482 esteve na zona leste, em Bambadinca,  entre Novembro de 1965 e Abril de 1966, depois no Xime até Julho de 1967 e por fim em Ingoré, a norte, junto à fronteira como Senegal).




Agora fico a aguardar informações de Camaradas do seu Pai.

v briote

3. Por sua vez Paula Simões Viola, em 19 de Fevereiro de 2011, retorquiu assim ao Virgínio Briote, também por e-mail:Subject: Locais por onde o César andou

Boa tarde Sr. Briote,

O meu Pai faleceu cá num acidente em 1976, tinha eu seis anos de idade. Só tenho uma Cruz! Não é igual à que me enviou, tem 2 espadas cruzadas, o escudo da bandeira e uma cruz por cima do escudo.

Quando consegui juntar as coisas do meu Pai muita coisa tinha desaparecido.

Tenho muitas fotografias da Guiné com alguns camaradas que ele identificou, outros não.  A saber: Raimundo, Monteiro, um camarada da Portela da Ajuda que não diz o nome e um camarada Madeirense - Jorge Arlindo da Silva.

Aparecem muitos mais mas, como disse, não se encontram identificados.

Se fosse possível gostaria de saber se há algum encontro agendado dos seus antigos camaradas e se eu poderia comparecer.

Os meus contactos são: telef. 210 883 239 e telem. 964 216 337.

Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade.
Cumprimentos,
Paula Simões Viola

4. Mais tarde, ainda em 19 de Fevereiro de 2011, o Virgínio Briote enviava-nos o seguinte e-mail:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Paula Simões, filha do ex-Sold da CCav 1482, procura história da CCav 1482 e quer entrar em contacto com Camaradas do Pai.

Caros Luís, Carlos e Eduardo,

Transcrevo abaixo msg da filha do César Simões,  da CCav 1482.

v b

Nota: César Joaquim Simões, Sold da CCav1482, mobilizada pelo RC7, comissão na Guiné entre Out 65 e Jul 1967, condecorado com duas Cruzes de Guerra (ou é lapso ou foram mesmo duas). A primeira foi publicada na Ordem do Exército (OE 12/IIIª/67, pag. 281) e a segunda na OE 12/IIIª/67, pag.348.5. 


No dia seguinte, 20 de Fevereiro de 2011, recebemos do nosso habitual colaborador – o José Marcelino Martins -, para assuntos relacionados com informações sobre as diversas Unidades e Militares Falecidos, a quem mais uma vez agradecemos a sua preciosa disponibilidade, a seguinte comunicação:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Caros Camaradas
Segue o texto solicitado, mesmo ao findar o fim-de-semana.
Boa semana de trabalho, para quem o faz.
Semana produtiva, para aqueles "que nada fazem, mas já fizeram
José Martins



Emblemas da Companhia de Cavalaria nº 1482
© Colecção de Carlos Coutinho

A Companhia de Cavalaria nº 1482 é mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 7, em Lisboa (criado em 1755 sob a designação de Regimento de Cavalaria do Cais), embarcando para o território da Guiné em 20 de Outubro de 1965, desembarcando em Bissau a 27 desse mês.

Sob o comando do Capitão de Cavalaria João Ramiro Alves Ribeiro, é colocada em Bambadinca para substituir a Companhia de Caçadores nº 556 e assumindo funções de intervenção e reserva às ordens do Batalhão de Caçadores nº 697. Nestas funções realizou operações nas regiões de Darsalame Baio, Ponta Varela – Poindom, além de escoltas, patrulhamentos e batidas na sua área de intervenção.

Guarnece o destacamento de Sonaco entre 17 de Novembro de 1965 e 17 de Janeiro seguinte, às ordens do Batalhão de Cavalaria nº 757.

A 6 de Abril de 1966 envia um pelotão para o destacamento de Quirafo, onde se mantém até Dezembro desse mesmo ano, e a 8 envia outro pelotão para Ponta do Inglês, iniciando, desta forma, a rotação com a Companhia de Cavalaria nº 678, vindo a assumir a responsabilidade do subsector do Xime em 14 de Abril de 1966, mantendo os destacamentos referidos, ficando no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 697, rendido, mais tarde pelo Batalhão de Caçadores nº 1888.

A Companhia de Caçadores nº 1550 rende a Companhia de Cavalaria nº 1482, em 11 de Janeiro de 1967, sendo deslocada para o subsector de Ingoré, rendendo a Companhia de Cavalaria nº 788, assumindo em 15 de Janeiro de 1967 a responsabilidade do subsector, destacando um pelotão para o destacamento de Sedengal. Com esta alteração a unidade fica integrada na área e dispositivo do Batalhão de Caçadores nº 1894.

Por estar a terminar a sua comissão de serviço, é rendida em Ingoré pela Companhia de Caçadores nº 1590, deslocando-se em 15 desse mês para Bissau para efectuar o regresso á metrópole, o que acontece em 27 de Julho de 1967.

[Não tem história da Unidade. No Arquivo Histórico Militar, em Lisboa, tem um resumo de Factos e feitos. Cota Caixa nº 124 - 2ª Divisão / 4ª Secção).









3ª Classe..............................................................4ª Classe
Medalha da Cruz de Guerra

É criada em 30 de Novembro de 1916 pelo Decreto nº 2870, destinada a premiar actos de coragem e bravura praticados em campanha.
Tem a forma de uma cruz templária, tendo sobreposto, ao centro o Emblema Nacional e teve, desde a sua criação, teve três desenhos diferentes, devidamente legislados em 1916, 1946 e 1971. É suspensa por uma fita de seda ondeada, com fundo vermelho, cortado longitudinalmente por cinco filetes verdes tendo, ao centro, uma miniatura da cruz de guerra.
Divide-se em 1ª classe (Ouro, cercadas de duas vergônteas de louro), 2ª classe (ouro), 3ª classe (prata) e 4ª classe (cobre), por ordem decrescente de importância, e pode ser atribuída individual e colectivamente.
Durante as Campanhas de África 1961-1974 foram atribuídas 2.634 medalhas a militares do Exército, 68 medalhas a militares da Armada e 273 medalhas a militares da Força Aérea.

Condecorados com a Cruz de Guerra
Resenha Histórico Militar das Campanhas de África (1961-1974)
5º Volume - Condecorações Militares Atribuídas - Tomo IV - Cruz de Guerra 1967:

AMILCAR TEIXEIRA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 344).
ANSU SANHA
Chefe de Caçadores Nativos e Guia por acção em combate no dia 1 de Dezembro de 1966 (5ª feira), condecorado a título póstumo com a Cruz de Guerra – 3ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 007).

CESAR JOAQUIM SIMÕES
Soldado de Cavalaria, condecorado com duas medalhas da Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 7 e Ordem do Exército 22/III/67 - página 328).

CRISTOVÃO RODRIGUES LEBRES
Soldado de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 347).

FERNANDO GONÇALVES MENDES
Soldado de Cavalaria Apontador de Lança Granadas Foguete, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 350).

HIGINO DOMINGUES FERNANDES DA SILVA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 080).

JOSÉ ORLANDO SILVA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 346).

JUSTO DOS SANTOS MORCELA GAITA
1º Cabo de Cavalaria Apontador de Morteiro, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 348).

MANUEL ANTONIO DOS SANTOS PEIXE
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 345).

MÁRIO DE JESUS MANATA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 268).

Tombados em Campanha

AMÉRICO MATEUS JORGE, Soldado Atirador de Cavalaria número 709/65, solteiro, filho de Henrique Jorge e Maria Venança, natural da freguesia de Sobral da Lagoa, concelho de Óbidos, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 8.

FORE SOQUÉ, Soldado Atirador número 321/64, mobilizado do CTIG, solteiro, filho de Imbunhe Soque e Britch Quebi, natural da freguesia de são José, concelho de Bissorã, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 6.

JOSÉ LUCIANO MARTINS HORTA RODRIGUES, Soldado Atirador de Cavalaria número 1027/65, solteiro, filho de João José de Araújo Rodrigues e Maria Amélia Martins, natural da freguesia de Baçal, concelho de Bragança, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Baçal.

CESAR AUGUSTO MORAIS, Soldado Atirador de Cavalaria número 1031/65, solteiro, filho de César Augusto Morais e Beatriz do Nascimento Alves, natural da freguesia de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiros, faleceu em 12 de Março de 1966, vitima de ferimentos em combate, entre Ponte Verela e Poindom. Foi inumado no Cemitério de Vinhas.

Mensagem retirada da página de ultramar.terraweb-biz, com a devida vénia

2010/12/08
Mensagem de António Vaz, da Companhia de Polícia Militar 1754

Procuro os ex-militares, que ainda não contactaram com os respectivos organizadores dos Convívios Anuais, das seguintes Companhias, Pelotões ou em Rendição Individual:
ENG 1447 e 1448, Angola 1965/1967CENG 1665, Angola 1967/1969CPM 1750, Angola 1967/1969CPM 1751, Guiné 1967/1969CPM 1752 e 1753,
Moçambique 1967/1969CCAV 1482, 1483, 1484 e 1485, Guiné 1965/1967
Todas as Companhias, Pelotões e de Rendições Individuais que estiveram em S. Tomé e Príncipe desde 1961.
espondam antes que seja demasiado tardeUm abraço para todos do companheiro de armas da CPM 1754
António N. Vaz
Contacto: Telefone: 966 444 449
E-mail: kontokontigo@gmail.com

14JAN2010 - Está online o "Fórum da Companhia de Cavalaria 1482 Guiné 1965/1967" criado pela Vanda, filha de um veterano da Companhia de Cavalaria 1482

José Marcelino Martins
20 de Fevereiro de 2011
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Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:

22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7838: Em busca de... (155): Camaradas da CART 2477/BART 2865, Cufar, 1969/70 (Ex-Alf Mil Art Francisco Valdemiro Santos)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7133: Descoberta do Senegal e da Guiné, pelos Portugueses (2) (Arménio Estorninho)

1. Mensagem de Arménio Estorninho* (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381,Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 22 de Agosto de 2010:

Caro amigo e camarada Carlos Vinhal, saudações guinéuas.
Escrevendo sobre o Infante D. Henrique, enaltecendo o homem que, vencendo o poder da superstição e dai advêm o iniciar das tentativas dos seus navegantes dobrarem o Cabo Bojador, assim como, as pretendidas chegadas ao Senegal e à Guiné.

Arménio Estorninho



Descoberta do Senegal e da Guiné, pelos Portugueses (2)

Parte 2

Criara-se uma escola naquele promontório na solidão agreste de Sagres, como num laboratório secreto, ia D. Henrique recolhendo e coordenando todos os elementos que o conduzissem a um único fim o de atingir a Índia. Esses elementos eram-lhe trazidos pelos navegadores que, de cada viagem, observavam mais algum pormenor.

Foto 10 > Sagres> Promontório e seu Observatório> D. Henrique com os cartógrafos, astrónomos e especialistas. Gravura extraída de uma antiga História de Portugal, com narração até 1910.

Por isso, não custará imaginar-se quanto, sob o seu ar fleumático e inalterável, não se teria alegrado D. Henrique, quando Antão Gonçalves lhe trouxe o respeitável Adahu, um homem viajado, conhecedor do “Sara” em todas as direcções e que, ainda, por cima, falava arábico.

Tratou Adahu com toda a deferência que se deve a um cavaleiro respeitável, pois este bem mostrava em sua “contenenca” (porte) e ter a vantagem da nobreza sobre os outros ao tempo também apanhados. Interrogou-o miudamente sobre aquele Mundo de onde vinha e de cuja existência a Europa nem sequer suspeitava. Que estranhas notícias ele trouxe do interior da África misteriosa.

Adahu tinha percorrido esse deserto, o “Sara,” em todos os sentidos e falara-lhe das caravanas que cruzavam em jornadas de meses, levando e trazendo mercadorias que ninguém sabia de onde vinham, nem para onde iam, cada caravana percorria umas tantas léguas, muitas léguas de areal sem fim, desde um certo ponto, um oásis ou uma povoação perdida algures, até outro local, onde entregava os seus fardos a outra caravana que partia e se sumia no deserto ao encontro de mais outra caravana, que por seu turno, tomava a mesma carga e, embalada pela “guizalheira” monótona dos camelos, desaparecia na lonjura e no silêncio.

Mas, onde principiavam e onde acabavam essas carreiras? Havia cruzamentos e términos. Adahu citou um delas, um nome lendário que soava por vezes na Europa, mas que ninguém sabia ao certo onde ficava Tambucotu. O nobre berbere explicava que era um porto na margem do grande rio Níger que sulcava o deserto. Ali se cruzavam caravanas vindas de vários quadrantes. Só de uma vez Adahu vira uma caravana de trezentos camelos carregados de ouro. Era de entontecer, D. Henrique disse que seria o bastante para fazer de Portugal o reino mais rico da Europa.

Mas donde vinha esse ouro? Desapontamento de Adahu porque não sabia. Porém sabia a maneira como se obtinha, permutando-o com sal. Sal, uma coisa que andava quase aos pontapés pelo reino lusitano, que até exportava para o Norte da Europa.
E pensar que tão rendoso comércio estava nas mãos dos Árabes e foi o que raciocinaria

Foto 11 > Sagres> Praia da Mareta e Ponta de Sagres. Extraída da Colecção História de Portugal – Publicações Alfa, e com a devida vénia.

D. Henrique acumulava Adahu de perguntas sobre os povos que viviam para além do grande “Sara” e onde acabava este. Na Guiné asseverou o nobre cativo. Adahu descreveu-lhe essa região como sendo coberta de profundas florestas verdes, onde os homens do deserto raramente se aventuram e porquanto a selva era povoada de negros selvagens. Falou também de um grande império Mandingo de Mali, também se referiu ao Nilo, que nasce nas montanhas da Lua, onde viviam homens de cabeça de cão e cauda comprida.
Não se pode duvidar de que D. Henrique teria analisado com seu irmão D. Pedro as importantes revelações de Adahu. Ponde de lado inverosimilhanças como as dos homens de cabeça de cão e longa cauda, havia dados perfeitamente aceitáveis.

Em despeito de ser muito bem tratado em Portugal, o nobre Adahu começou a sentir grandes saudades da sua África. Era um berbere habituado à vida nómada do “Sara,” ao calor “esbraseante” e não teria em apreço as paisagens verdejantes e risonhas de Portugal. Parece que se estabelecera uma certa cordialidade entre ele e Antão Gonçalves, e, dois anos decorridos sobre a sua chegada ao Algarve, pediu ao jovem Capitão que o levasse de regresso ao rio do Ouro. Prometia indemnizá-lo e foi logo lembrado que também dois dos seus companheiros de exílio também o dariam. D. Henrique já não precisava do nobre Adahu, em dois anos, espremera dele como um limão todas as informações úteis até à última gota e a seu pedido foi-lhe concedido o regresso ao rio do Ouro. Deu uma roupa nova e vistosa a Adahu e, anuindo à proposta de Antão Gonçalves. E, com os três cativos largou de Portugal para o rio do Ouro e onde se efectuariam as indemnizações acordadas.
Chegados, pôs Antão Gonçalves o nobre Adahu em liberdade, apenas sobre palavra, pois, “dele fiava, pensando que a nobreza que mostrava seria seu principal constrangimento de não quebrar sua fé.” Os outros cativos ficaram, porém, a bordo.

Adahu internou-se tranquilamente no deserto e, uma semana depois ainda não voltara com o seu resgate. Faltara à sua palavra, traíra a sua fé. Mas Adahu não fora totalmente nocivo, porque teria avisado os parentes dos outros dois cativos, porquanto, ao oitavo dia de espera, surgiu um mouro montando um camelo branco, seguido de outros homens para ultimar o negócio.

Antão Gonçalves considerou-se muito bem compensado da perda do resgate do respeitável Adahu e regressou à Europa indo aportar a Lagos.
E ali, funcionava pela primeira vez, em Portugal, um mercado de escravos. É uma data a assinalar este ano de 1443. Ainda lá está em Lagos, o histórico local. Cheia de curiosidade por aquele espectáculo inédito, ali acorreu a população, a ver os seres estranhos. D. Henrique, montado no seu cavalo, trajando ainda o seu negro fato de luto e na cabeça o amplo chapéu com a larga fita pendente, assistia, com a sua impassibilidade habitual, ao movimento do quadro e naquele mesmo ano em que morria seu irmão D. Fernando no cativeiro, em Fez.

Foto 12 > Infante D. Henrique> Extraída do livro sobre o estudo do seu itinerário no Algarve, da Delegação do Algarve para as Comemorações Henriquinas de 1960.

Estamos no ano de 1444, D. Henrique, enviou Antão Gonçalves pela terceira vez ao rio do Ouro, e agora com fins puramente mercantis. Quando partiu na caravela, levava consigo um escudeiro de D. Henrique chamado João Fernandes e chegados ao lugar, este ai ficou na companhia dos berberes que tinham vindo fazer algum negócio.

João Fernandes ao desembarcar ficou com uma provisão de biscoito e de farinha, que os berberes apreciaram tanto que ele a cedera quase toda. Simpatizaram muito com este homem muito dado e tomaram-no à sua conta. Vestiram-lhe uma túnica semelhante às que usavam, na qual se sentiu muito divertido.

Depois de vagabundear por algum tempo pelas proximidades da costa, em companhia dos rudes pastores, apareceram-lhe certo dia dois homens montados em camelos e vinham da parte de um grande senhor Ahude Meymon, que, sabendo da sua presença naquelas terras o convidava a visitá-lo. João Fernandes muito cortês, apressou-se logo a declarar: “Bem me praz, porque hei novas que é nobre senhor e quero-o ir ver para o conhecer.”

Montados em camelos, internaram-se no deserto, percorreram léguas e léguas por aquela desolação sem fim. Finalmente chegaram ao acampamento de Ahude Meymon, que recebeu o forasteiro na sua tenda e o regalou com leite fresco.

Sabe-se que ao fim de sete meses de vagabundagem por aquelas terras, observando tudo e tudo inquirindo, regressou à costa e ao ponto de desembarque onde viriam buscá-lo. Ahude Meymon, o patriarca daquele país sem cidades, nem aldeias, dignou-se a vir acompanhá-lo. E quando, ao cabo de alguns dias de espera impaciente, João Fernandes viu surgir, enfim, ao longe no vasto oceano verde e deserto, as velas da caravela.

A chegada da caravela foi uma festa para aquela gente que nunca vira coisa assim. Ahude e seus sequazes estavam encantados. Realizou-se bom negócio. Convidados a entrar na formosa embarcação os berberes hesitaram. Exigiram reféns, para as tendas de Ahude para onde foram enviados dois portugueses e passaram todo o dia inquietos na companhia de mulheres indígenas que, na ausência dos seus homens não faziam senão lançar-lhes olhares provocantes. Mais confiantes os berberes acabaram por ir buscar as mulheres e passaram todo um dia em rija festa à portuguesa, a bordo da caravela cujas entranhas os maravilharam. Por último quando a embarcação levantou ferro, enfunou as velas ornadas da grande cruz de Cristo e se perdeu na lonjura do mar, os pastores “azenegues” ficaram a chorar por João Fernandes. Gente ingénua e simples. Como o Mundo seria delicioso, se a Humanidade fosse toda assim!
De regresso, Antão Gonçalves não se dirigiu a Lagos, como de costume, talvez por saber que D. Henrique se encontrava em Lisboa e fez rumo ao Tejo.

É preciso dizer-se, em abono da verdade, que o tráfico de escravos não era o principal objectivo das explorações marítimas em que o Infante D. Henrique se empenhara de alma e coração. Era a Índia que ele queria atingir, embora no percurso o interessasse a organização de um sólido comércio com várias regiões e a fim de obter ouro.
O que o Infante queria era que os seus mareantes fossem sempre mais além, até se encontrar a Guiné.

Nem todos os mareantes descoravam totalmente as ordens de D. Henrique. Havia alguns com outro espírito, que tinham em mais apreço a “honra” do que o “proveito”. E neste número deve-se incluir Diniz Dias. Naquele mesmo ano de 1444, ultrapassando os últimos pontos conhecidos da costa deserta e continuando a avançar sempre para Sul até que começou a “enxergar” uma linha costeira muito escura, na qual sobressaíam no horizonte duas palmeiras. Aproximou-se de terra, esta enviou-lhe uma aragem fresca e perfumada de jardim. Que maravilhosas coisas esta aragem parecia anunciar! À orla da praia acorria multidão de homens negros, que se quedavam maravilhados a contemplar aquela estranha coisa, monstro marinho e/ou gigantesca ave de asas brancas. Que deslizava airosamente ao longo da costa e que, contornando um escuro promontório, ao qual Diniz Dias pôs o nome do Cabo Verde.

Os navegadores no regresso, contando a verdade o que nem sempre acontecia e revelavam coisas fabulosas. Os papagaios, periquitos, passarinhos de bico vermelho e deslumbrantes plumagens, que as tripulações traziam e vendiam por altos preços, era a demonstração de que realmente tinham atingido regiões até então nunca vistas.

Foto 13 > Sagres> Ponta de Sagres> Extraída do Almanaque Bertrand, datado de 1934, e com a devida vénia.

Uma missão inteligente e uns caçadores caçados. Companheiros aconselham Gonçalo Cintra a retomar o batel em que desembarcaram e regressar a bordo.

E assim, também naquele ano fértil de 1444, D. Henrique incumbira um moço audacioso, Gonçalo Cintra, de navegar a partir do Cabo Verde, o ponto mais longínquo que se tinha atingido até se encontrar a Guiné e que já não devia achar-se muito longe. Depositara o Infante muita esperança em Gonçalo Cintra, “que era moço de boa estatura e de bom coração,” veio a demonstrar que era ainda mais alguma coisa o de ambicioso e de indisciplinado. Em vez de seguir sempre até à Guiné, como lhe tinham recomendado quis fazer uma diversão pelo trajecto. Desembarcou numa ilha nas proximidades do Cabo Branco, à procura de indígenas para escaramuças e ao regressarem ao batel foram emboscados por um grupo de duzentos negros e só cinco dos mareantes salvaram-se nadando para a embarcação. Grande lição de um caçador que vai à caça e é caçado! Perderam-se aquelas vidas, malogrou-se a projectada viagem à Guiné.

Foto 14 > Sagres> Fortaleza de Sagres> Exemplar de um Padrão> em 1973.

João Gonçalves Zarco, descobridor da Madeira, que, sabendo com que idealismo e sacrifício se iniciara a obra dos descobrimentos, expediu do Funchal “uma muito nobre caravela,” construída e tripulada inteiramente à sua custa. Deu o comando a seu sobrinho Álvaro Fernandes, recomendando-lhe que não tivesse respeito em outro ganho, senão ver e saber qualquer coisa nova que pudesse. Como pioneiro, Álvaro Fernandes ultrapassou em 1445, os servidores do Príncipe seus contemporâneos, após visitar a foz do rio Cenega (Senegal), dobrando o Cabo Verde e chegou às proximidades do arquipélago do Bijagós da actual Guiné-Bissau, mas, ao atingir o décimo grau de latitude, Fernandes não quis ir mais além receoso de que se lhe acabassem os mantimentos, regressou ao Funchal e daqui rumou a Lisboa da qual D. Henrique andava tão ávido de notícias.

Estamos no ano de 1446, Álvaro Fernandes fez a sua segunda viagem à Guiné. Passando pela actual Guiné-Bissau e sendo o primeiro Europeu a visitá-la, depois atingiu a maior distância até então percorrida de cento e dez léguas para além de Cabo Verde, e, talvez chegando às proximidades da actual Conacri.

Devido a um ferimento de uma flecha envenenada numa perna, o que motivou de estar em risco de vida, assim, Álvaro Fernandes regressou a Portugal. Encantado com esta façanha, o Regente D. Pedro, que seguia a par e passo o progresso dos descobrimentos, deu-lhe um prémio de duzentas dobras e o D. Henrique adicionou mais cem.

Foto 15 > Bissau> Praça Nuno Tristão> Monumento que lhe dá o nome> em 1970.

Ingenuidade branca, ingenuidade negra e mais uma tragédia.

Por esta mesma época de 1446, não admira que Nuno Tristão, um dos melhores navegantes do seu tempo, (depois de em 1445, ter navegado até às proximidades das regiões de Cenega (Senegal) e da Guiné), agora, que ultrapassada a costa árida e desolada do “Sara,” tomava os primeiros contactos com os países negros, já as viagens à África se revestiam de outra sedução.

Tendo lançado ferro na foz de um rio desconhecido (delta do rio Geba), desembarcado nas proximidades da actual cidade de Bissau e havendo a curiosidade de conhecer a África que era cada vez maior. Nuno Tristão e alguns tripulantes, fascinados pelo mistério do local, em pequenos batéis e ajudados pela maré enchente subiram esse rio maravilhoso.
A densa vegetação, que crescia nas margens e tecia sobre as suas cabeças deliciosos túneis de verdura.

Iam encantados, mas, bruscamente, partiu do fundo da selva uma chuva de pequeninas frechas (setas), aparentemente inofensivas, picando como vespas, mas molestando como víboras. Quatro tripulantes já não chegaram vivos à foz, os outros quase não tiveram forças para remar até à caravela, que os recolheu e levantou ferro em seguida. Os feridos levavam no corpo um veneno que não perdoava. Toda a tripulação se encontrava mortalmente ferida, excepto Aires Tinoco, escrivão do navio, ainda muito novo e dois pequenos pajens. Aires Tinoco, criado no ambiente de Sagres, junto de D. Henrique e por isso conhecia pelo menos em teoria muitas coisas do mar. Tomou ele corajosamente o comando do navio, coadjuvado pelos outros rapazotes traçou a rota da viagem de regresso e assim vieram velejando.

Após uma longa viagem, avistaram um navio e tremeram de susto. Podiam ser piratas mouros, que os levariam para o cativeiro em Marrocos e não havia forma de escapar.

Chegaram à fala, usaram um idioma de cristãos. O Capitão um corsário galego chamado Pêro Falcão, logo os informou que estavam nas costas de Portugal e por alturas de Sines. E levou a sua gentileza ao extremo de os pilotar até Lagos, onde se apresentaram ao Infante D. Henrique e mostrando-lhe as flechas “ervadas,” única recordação tangível daquela trágica viagem. Diz Azurara que D. Henrique experimentou grande desgosto com a morte de Nuno Tristão e seus companheiros, “porque quase os criara todos.”

Foto 16 > Guiné> Rio Geba> Porto Gole> Marco com referência de ali estar Diogo Gomes. Sendo solicitado e gentilmente cedido o seu uso, “na foto estão os amigos e camaradas ex- Alferes Jorge Rosales e o Capelão Navário, em 1964.”

Ainda no mesmo ano de 1446, o senhor Infante armou uma caravela de Lagos chamada Piconso, e fez Diogo Gomes Capitão dela, e armou também outras duas caravelas para que fossem além. E mandou que Diogo Gomes fosse capitão destas caravelas e que fossem avante quanto pudessem.

E assim passaram pelo rio S. Domingos e outro rio grande que se chama Fancaso, para lá do Rio Grande Geba e tiveram ali grandes correntes do mar, e na enchente faz grande ímpeto, o que chamam macaréu, porque então não há âncora que possa aguentar
Por este motivo outros capitães e homens deles temiam muito, julgando que era assim todo o mar além e, rogavam que voltasse.

No outro dia tomaram o caminho de regresso a Portugal, viram a grande foz de um rio, que tem três léguas de largura, onde entraram, e pela grandeza logo pensaram que aquele rio era o Gâmbia, e assim era. Os navios comandados por Diogo Gomes subiram o rio e mandou um capitão com a sua caravela para um certo porto chamado “Olimansa” e outro ficou em “Animais.” E ai subiu o rio quanto pôde, e achou Cantor, que é uma grande habitação junto daquele rio. Ai foram tomadas informações sobre o comércio em abundância de ouro, em Tambucotu, Serra Gely e Quioquum, e que ali passavam as caravanas de camelos, dromedários e asnos, levando mercadorias de Cartago ou Tunes, de Fez, do Cairo, e de toda a terra dos sarracenos levando ouro, porque ai há em abundância.

Feita a paz com os de Cantor, porque os homens se fatigavam com o calor, e assim, voltaram para procurar as outras duas caravelas. Na caravela que ficou em Olimansa encontraram 9 homens mortos e o Capitão Gonçalo Afonso bastante enfermo, e assim como outros homens. E na outra caravela, mais abaixo contra oceano 50 léguas e na qual estavam mortos cinco homens.

Foto 17 > Bissau> Praça da Amura> Monumento de Diogo Gomes> em 1970.

Saíram em direcção ao mar e foram a um lugar, onde tomaram conhecimento de um grande senhor chamado Batimansa, do lugar de Alcuzet e senhor desse país. E assim, também fizeram paz com este rei e ele ficou muito contente.
E ali soube Diogo Gomes a verdade, que todo o dano feito aos Cristãos que estavam nas duas caravelas o fizera um certo rei, chamado Nomimans, que possui a terra que jaz neste promontório.
Diogo Gomes, depois que deixou o rei da Gâmbia, seguiu caminho de Portugal, levando informações interessantes ao Infante D. Henrique.

O que o Infante pretendia era fundar um império mercantil ao longo da África, no caminho da Índia. Por isso, Diogo Gomes, velho criado muito da sua “privança,” asseverava: “O senhor Infante dizia que, para o futuro, não brigassem com aquela gente naquelas regiões, mas que travassem alianças e tratassem do comércio.
Os enviados, porém, não compreendiam o problema da mesma maneira e, sempre dispostos a responder à violência com violência, “olho por olho, dente por dente.

Contudo, episódios desta natureza já não conseguiam refrear o entusiasmo e assim, os navegadores se lançavam em novas aventuras.


Nota:
O vocabulário em português arcaico e a pontuação, foram escritos de forma que em parte estejam conforme o extraído da literatura analisada para a feitura deste trabalho. Continuando assim, a dar um certo cunho e de conservar particularidades da época.

Fontes de Bibliografias e de fotografias:
- Vitorino Magalhães Godinho, Documentos sobre a Expansão Portuguesa – Ano de 1956;
- Mário Domingues, O Infante D. Henrique, O Homem e a sua Época – Ano de 1957;
- Alberto Iria, O Itinerário do Infante D. Henrique no Algarve – Ano de 1960;
- Almanaques Bertrand - anos de 1933, 1934 e 1939.
- Outras Literaturas avulsas.

Com um Abraço,
Arménio Estorninho
Ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas
CCaç 2381, Os Maiorais de Empada
__________

Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7127: Descoberta do Senegal e da Guiné, pelos Portugueses (1) (Arménio Estorninho)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7127: Descoberta do Senegal e da Guiné, pelos Portugueses (1) (Arménio Estorninho)

1. Mensagem de Arménio Estorninho* (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381,Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 22 de Agosto de 2010:

Caro amigo e camarada Carlos Vinhal, saudações guinéuas.

Escrevendo sobre o Infante D. Henrique, enaltecendo o homem que, vencendo o poder da superstição e dai advêm o iniciar das tentativas dos seus navegantes dobrarem o Cabo Bojador, assim como, as pretendidas chegadas ao Senegal e à Guiné.

Arménio Estorninho



Descoberta do Senegal e da Guiné, pelos Portugueses (1)

Parte 1

Em Novembro de 1960, presenciei na Baía de Lagos as Comemorações Henriquinas, o qual constou de um grande desfile naval (com navios mercantes e de armadas de imensas nacionalidades, e, em que se destacou a Esquadra Inglesa com o seu Porta-Aviões). O encerramento deu-se com um espectacular lançamento de fogo de pirotecnia. Das entidades oficiais que estiveram presentes, realço o Presidente da República, Américo Tomás e o Presidente da República Federal do Brasil, Kubitscheck de Oliveira. A fim de se deslocarem de Lisboa para o Algarve, estava previsto que seguiriam em Comboio Presidencial e por isso para a hora aprazada muito povo deslocou-se para a estação da CP em Estombar – Lagoa.

O Presidente do Conselho de Ministros Dr. Oliveira Salazar, quedou-se por ficar em Lisboa e ninguém noticiou qual o motivo. “Atão… atão… e era necessário saber-se?”

Foto 1 > Lisboa> Belém> Monumento Padrão dos Descobrimentos> em 1971. Inaugurado aquando das Comemorações Henriquinas, em 1960.

O Infante D. Henrique, a quem Portugal deve a iniciativa que lhe deu imortal renome entre as nações que mais concorreram para a civilização do mundo, nasceu a 4 de Março de 1394, numa quarta-feira de cinzas, na cidade do Porto. Era o quinto filho do casamento do Rei D. João I e Dona Filipa de Lencastre.

Sendo o Porto o mais velho reduto burguês de Portugal, senão de toda a Península.
A cidade que sempre repeliu com energia triunfante a tutela da nobreza e sempre olhou de soslaio a suberania dos bispos… tem qualquer coisa de simbólico.

Porquanto foi ele, D. Henrique que abriu à ambiciosa e oprimida classe burguesa dessa época as maiores perspectivas de progresso dentro da Nação.

Foto 2 > Gravura da cabeça de D. Henrique, que fazia parte do projecto original para a feitura do Monumento Padrão dos Descobrimentos. Fora extraída do Almanaque Bertrand, de 1939, e com a devida vénia.

Não deixa de ser curioso que tivesse sido o Porto o berço do Infante D. Henrique, que morreu em Sagres, na noite de 13 Novembro de 1460, no seu posto de gerência da obra comercial e industrial dos descobrimentos, antes de terem sido dados os seus frutos de ouro.

Foi D. Henrique bravo, generoso, perseverante, homem esclarecido e de muita alta inteligência. Foi o primeiro que, mergulhando a vista de águia nas profundezas do horizonte, descortinou, para além do Oceano, desconhecidos Mundos.

Deixou os negócios bem encaminhados, perfeitamente definido o objectivo máximo a atingir e de forma que os seus sucessores, apetrechados com a sua fecunda experiência.

Foto 3 > Lagos> Av. das Descobertas> Monumento do Infante D. Henrique> em 1973. Inaugurada aquando das Comemorações Henriquinas, em 1960.

Surge-me agora a oportunidade para comemorar também os 550 anos da morte do Infante D. Henrique, que foi o maior impulsionador das descobertas.

As minhas pesquisas circunscrevem-se ao período que abrange as navegações dos Portugueses, a partir do Bojador até aos descobrimentos do Senegal e da Guiné, e os primeiros contactos da Europa Branca com a África Negra. Que melhor assunto dada a próxima efeméride (13 de Novembro de 2010), senão transmitir alguns resumos de “estórias” vividas, assim como acontecimentos trágicos que agora são apresentados de forma sintética, com base em crónicas ordenadas de fontes narrativas, as quais querem dizer contadas em segunda mão.

Todos os anos se dava mais um pequeno passo no rumo desejado, de saber o que havia depois do Cabo Bojador, mas esses passos eram tímidos devido aos terrores dos rudes navegantes.

Foto 4 > Sagres> Fachada da Fortaleza de Sagres> em 1973. Paisagem agreste e comum no Promontório de Sagres.

Havia mais de dez anos que D. Henrique pretendia que os seus mareantes passassem para além do Cabo Bojador, começando a perder a paciência.

Chamou Gil Eanes, de Lagos, homem culto, que frequentara estudos universitários, em Lisboa, e experimentado nas lides do mar. Encarregou-o de levar a bom termo essa tarefa, tendo partido em 1433, velejou até às Canárias, não tendo ido mais longe.

Ignora-se que tipo de desculpa teria dado, talvez a mesma do costume o do temor de coisas diabólicas que iriam encontrar naquelas paragens inexploráveis.

Foto 5 > Lagos> Monumento de Gil Eanes e Fortaleza de Lagos;
Extraída da Colecção História de Portugal – Publicações Alfa, com a devida vénia.

D. Henrique teve uma conversa grave com Gil Eanes, antes de mandá-lo repetir a tentativa que parecia ter-se malogrado por culpa do navegador.

Com novos alentos, voltou Gil Eanes a partir no ano de 1434. Desta vez quando regressou trazia um punhado de plantas rasteiras e secas, chamadas de rosas de Santa Maria. O Infante mostrou-se mais contente com esta insignificância, por Gil Eanes ter dobrado o Cabo Bojador e ter navegado um pouco mais para além, por um mar calmo ao longo de uma costa desolada.

Foto 6 > Sagres> Fortaleza de Sagres> Rosa dos Ventos de 32 rumos, iniciada a sua utilização em 1434> Obtida em 1973.

D. Henrique não afrouxara as pesquisas no Atlântico, agora, que vencera a barreira da superstição. Queria malhar o ferro enquanto quente.
Logo no ano imediato, 1435, enviou Gil Eanes mais para Sul. Desta vez o mareante partiu alegremente, parece que a pedido seu acompanhado de António Gonçalves Baldaia. Mais ousados navegaram cinquenta léguas para lá do Bojador, descobrindo na areia de uma praia vestígios de homens e de camelos. O facto provocou-lhes enorme alvoroço. Grande notícia a dar a D. Henrique que vieram a todo o pano, trazer-lha.

Repare-se que, de começo, não era muita a iniciativa dos navegantes, que não sabiam que resolução tomar perante cada problema que se lhes deparava. Guiavam-se pelo cérebro do Infante e por vezes bem timidamente. Porque não decidiram logo explorar a região onde desembarcaram? Por temor de cometerem algum erro, certamente. Sobre cada facto era D. Henrique, no seu posto na direcção em Sagres, que raciocinava.

Foto 7 > Sagres> Gravura extraída de uma antiga História de Portugal, com narração até 1910; O Infante D. Henrique avista no horizonte a caravela de Gil Eanes.

Ao receber a boa nova de se encontrarem vestígios de homens e de camelos, deduziu:

Pois que assim é… bem parece que a povoação não é dali muito afastada ou porventura será gente que atravessa com as suas mercadorias para algum porto de mar… Porém é minha intenção de vos enviar lá outra vez em aquele mesmo “barinel” (barco à vela).

Vos encomendo que vades o mais avante que poderdes e que vos trabalheis de falar com essa gente, “filhando” (apanhando) algum porque certamente possais saber, que não seria pequena coisa e segundo o meu desejo disto possa tomar conhecimento.

Com as recomendações anteriormente dadas, a Gil Eanes e a António Gonçalves Baldaia, navegaram cento e vinte léguas mais para Sul do Cabo Bojador, encontrando uma baía onde se abrigaram (estamos no ano de 1436). Então dois moços de menos de vinte anos, foram enviados a terra, a cavalo, em missão de reconhecimento. Internaram-se sete léguas no deserto arenoso, até que “enxergaram” (descortinaram) dezanove negros armados de lanças. Em vez de tentarem falar-lhes, os rapazes de sangue na guelra atacaram-nos com as suas armas. Parece que menos receosos destas, que daqueles homens de rosto alvo que nunca tinham visto e os negros fugiram.

Na manhã seguinte, procuraram os homens, mas inutilmente porque se tinham sumido na vastidão do deserto e levando muito que contar daquele primeiro encontro da Europa Branca com a África Negra.

Partiram, acharam a foz de um rio a que chamaram rio do Ouro, supondo tratar-se do rio Senegal, a que os mercadores mouros davam esse nome e nesse local conseguiram apanhar muitos lobos-marinhos.

Regressaram com estas provas da sua aventura, com a novidade da existência daqueles negros e dos quais nada mais sabiam.

O Infante confiava em que o futuro havia de responder a todas as interrogações, desde que continuasse a procurar sempre com tenacidade e fé.

O Infante D. Henrique interrompera os seus trabalhos de exploração marítima em 1436, recomeçando com felicidade as explorações no Atlântico, em 1441.

Foto 8 > Lagoa - Praia da Marinha> Réplica de uma Caravela Portuguesa;
Extraída do Boletim Municipal de Junho de 2010, da C. M. de Lagoa, e com a devida vénia.

Recomeçaram no Atlântico as viagens de estudo, chamemos-lhes assim:

A primeira capitaneada pelo jovem Antão Gonçalves, levava uma missão específica de trazer do rio do Ouro óleo e peles de lobos-marinhos.

A segunda comandada por Nuno Tristão, cavaleiro de comprovada valentia, devia cumprir uma das ordens predilectas do Infante e ultrapassar o mais possível o último ponto Sul da costa de África até então atingido.
Mas a embarcação deste último era diferente de todas que, até essa data, haviam sulcado os mares, e ao seu modelo dera-se o nome de caravela. Não se parecia com a caravela veneziana nem com a mourisca, filiava-se mais no tipo de grandes barcos de pesca que se utilizavam na costa portuguesa e que, provavelmente, os antigos pescadores lusitanos, ainda sob o domínio árabe, tinham colhido dos barcos tradicionais mouriscos.

Esta que Nuno Tristão comandava, fazia a sua primeira viagem de experiência e logo provou maravilhosamente. O cavaleiro recebera ordem de, “se encontrar gente, fizessem paz com ela.” O Infante queria evitar o erro cometido pelos tripulantes de Afonso Gonçalves Baldaia, que, em vez de tratarem chegar pacificamente à fala com os negros que toparam no rio do Ouro perseguiram-nos às laçadas.

Nuno Tristão foi encontrar Antão Gonçalves, que partira primeiro, na praia do “Sara,” (Saara) perto do rio do Ouro e já com dois prisioneiros indígenas. Antão Gonçalves tinha desembarcado e, de noite, dando uma batida pelo deserto em redor no rasto de camelos, nada descobriram. Mas já de regresso ao navio deram com uma velha e um homem nu. Aprisionaram-nos para os levar ao Infante. Nuno Tristão que ia prevenido com um intérprete mouro, tentou por intermédio deste interroga-los e foi em vão, porque não se entendiam.
Contudo pretendiam era apanhar os primeiros homens que aparecessem. Juntaram forças dos dois navios, de noite foram até junto de uma praia descobrindo um acampamento de nómadas e pela manhãzinha viram uns homens que vinham a um poço para tirar água, alegres caíram de surpresa sobre eles, fizeram prisioneiros e levaram-nos para bordo.

Foto 9 > África> Um mouro> Cópia de um quadro de Fortuny, foi extraída do Almanach Bertrand, datado de 1933, e com a devida vénia

Tratava-se de dez berberes do Sara Ocidental, negros de vários tons, uns mais claros e outros mais escuros, uns vestindo túnica e calças de couro, outros nus, e as mulheres por pudor, usavam o rosto tapado mas deixavam todo o resto à mostra. Entre esta pobre gente, porém, destacava-se a figura imponente de um homem, em que os Portugueses julgavam reconhecer um nobre cavaleiro e trataram-no como tal. Chamava-se Adahu, era pessoa viajada e, por felicidade, falava o arábico, entendendo-se perfeitamente com o interprete mouro que Nuno Tristão levava de Portugal. Era exactamente o que o Infante tanto desejava, alguém daquelas paragens com quem se pudesse entender.

Nuno Tristão achou tão valoroso o feito que, ali mesmo na praia, armou cavaleiro Antão Gonçalves que não parecia muito convencido da importância do seu acto. Partiu imediatamente Antão Gonçalves, para Portugal, com a sua preciosa carga, enquanto Nuno, varando a sua caravela no areal, a calafetou e preparou para continuar a viagem, conforme ordens de seu amo. Percorreu ainda muitas léguas, cerca de cento e cinquenta, para Sul, até que encontrou um promontório estéril e esbranquiçado, ao abrigo do qual lançou ferro. Deu aquele local nu e “alvacento” o nome de Cabo Branco. Desembarcou, para todos os lados que a vista abarcava, apenas se descortinava o deserto desolado.

Receando que se lhe acabassem os mantimentos regressou Nuno Tristão a Portugal, trouxe ao Infante algo de muito valioso, o conhecimento de mais um ponto, a Sul, a acrescentar no mapa do contorno de África, que se ia esboçando no seu laboratório em Sagres.

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6918: As minhas memórias da guerra (Arménio Estorninho) (18): Encerramento do mês do Ramadão