Excerto do Suplemento do "Diário Popular", edição de 20 de outubro de 1951, pág. 9
Capa da edição do "Diário Populae", de 20 de outubro de 1951. Era diretor o Luis Forjaz Trigueiros (1915-2000)
1. Na euforia do fim do "Pacto Colonial", e da revisão constitucional (Lei nº 2048, de 11 de junho de 1951), a imprensa lisboeta começa a olhar para o "ultramar português" como um mercado cheio de potencialidades...
É um número de "informação e propaganda", em que figuras-chave do Governo de Salazar (Sarmento Rodrigues, Ulisses Cortês, etc.) mas também historiadores alinhados política e ideologicmemte com o Estado Novo (Damião Peres, por exemplo, que a dirigiu a monumental História de Portugal, publicada entre 1928 e 1954) assinam artigos de opinião ou dão entrevistas...
O "Diário Popular", na sua edição de 20 de outubro de 1951 ( e não de 20 de outubro de 1961, como vem escrito por lapso, na ficha da Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa), distribuiu um suplemento, dedicado ao Ultramar, desde Cabo Verde a Timor, com 218 páginas (22 das quais são dedicadas à Guiné).
É uma raridade bibliográfica, está disponível aqui em formato digital. Merece uma leitura atenta. E tem apontamentos deliciososos, como este que publicamos acima, na série... "Humor de caserna" (*). (O "há ouro em Bafatá" faz-nos lembrar a rábula do saudoso e genial Solnado, na divertida comédia televisiva , de 1986, "Há petróleo no Beato"...)
Um pensamento "seráfico" de Salazar dá o tom para esta edição "eufórica" sobre o ultramar português e a "nossa ancestral vocação civilizadora":
"Nós somos filhos e agentes de uma civilização milenária que tem vindo a elevar e converter os povos à conceçãoo superior da própria vida, a fazer homens pelo domínio do espírito sobre a matéria, do domínio da razão sobre os instintos"...
Dentro dos condicionalismos da época (a começar pela censura), temos de reconhecer, no entanto, que o "Diário Popular" foi também um viveiro de grandes cronistas, repórteres e jornalistas.
Nota do editor:
(*) Último poste da série > 1 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26102: Humor de caserna (80): Fui um felizardo: mandaram-me ir substituir uma enfermeira paraquedista e fazer uma evacuação no mato...Foi a primeira vez que peguei na G3, dei um tiro, para o ar...(António Reis, ex-1º cabo enf aux, HM 241, Bissau, 1966/68)
(*) Último poste da série > 1 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26102: Humor de caserna (80): Fui um felizardo: mandaram-me ir substituir uma enfermeira paraquedista e fazer uma evacuação no mato...Foi a primeira vez que peguei na G3, dei um tiro, para o ar...(António Reis, ex-1º cabo enf aux, HM 241, Bissau, 1966/68)