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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20057: Consultório militar do José Martins (44): as medalhas que não foram entregues: o caso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)





Brasão da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67)




1. Trabalho de pesquisa do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70; vive em Odivelas; tem já perto de 400 referências no nosso blogue):



HÁ MEDALHAS QUE NÃO ENTREGUES 


Nem todas as medalhas, que foram atribuídas a militares que estiveram nos diversos teatros de operação nas antigas províncias portuguesas, foram entregues aos galardoados.

Referi-me, em especial à Medalha da Cruz de Guerra ou outras Medalhas, ou porque não se acharam merecedores de tal condecoração ou que, por desconhecerem esse facto, nada fizeram pela sua entrega.

A atribuição de Medalhas iniciava o seu processo com a citação de acção praticada em campanha, que levava muitas vezes o comandante da companhia a promover um louvor em Ordem de Serviço da unidade. Essas Ordens de Serviço eram enviadas para o Batalhão e, muitas vezes, esse louvor era considerado como “sendo dado pelo comandante do batalhão” e assim subindo na cadeia hierárquica.

Apercebi-me, provavelmente pela leitura de algum comentário, que na Companhia de Caçadores nº 1439 [, CCAÇ 1439],  mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15, aquartelada em Tomar, havia quem não tivesse recebido a medalha atribuída.

Pois bem, quem não recebeu a medalha, ou saiba que algum familiar seu não a tenha recebido, pode iniciar o processo da outorga da mesma, requerendo a sua entrega física, ainda que a “título póstumo”.



Companhia de Caçadores nº 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)

Ano de 1966 


MEDALHA DE VALOR MILITAR



■ Soldado de Infantaria, de 2ª classe, nº 925/64 MAMADU JALÓ 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - RI 15 GUINÉ
 - Grau Cobre, com palma 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO n" 31 - 3.a série, de 1966:

Por Portaria de 27 de Dezembro de 1966: Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Medalha de Cobre de Valor Militar, com palma, nos termos do artigo 7º, com referência ao parágrafo 1º do artigo 51º do Regulamento da Medalha Militar de 28 de Maio de 1946, o Soldado de 2.a classe nº 925/64, Mamadu Jaló, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - porque na operação "Avante", quando as nossas tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das nossas tropas, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ser um desastre.

Durante esse avanço, ao ver que o Furriel António Nunes Lopes, que fazia parte do mesmo grupo, como seu comandante de Secção, estava a ser insistentemente alvejado com tiros de pistola metralhadora, num gesto de abnegação extraordinária lançou-se sobre ele e cobriu-o com o seu corpo para o proteger, com grave risco da própria vida, demonstrando não só uma dedicação sem limites pelos seus superiores, mas ainda qualidades de desinteresse e de sacrifício exemplares e coragem moral.


Ministério do Exército, 27 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.



MEDALHA DA CRUZ DE GUERRA

■ Caçador auxiliar NAUSER SANA 
– 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série, de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Caçador auxiliar, Nauser Sana - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Caçador auxiliar Nauser Sana, do Xime, porque na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte de um reduzido grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre.

Durante o assalto às casas do mato, sempre a par do saudoso, inesquecível e extraordinário caçador nativo Adão Canala, demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, pois, nos lugares onde este fosse maior, ele lá estava avançando sempre sem medo.

Demonstrou serena energia e sangue frio debaixo de fogo, que não se alteraram, mesmo depois de saber estar morto o seu companheiro Adão. Portou-se, pois, como um valente perante o Inimigo oculto e traiçoeiro.

■ Civil contratado BRAMA LAI 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 13 – 3ª série de 1966.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, aprovado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 19 de Março de 1966: O Civil contratado, Brama Lai - Batalhão de Caçadores 697.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (publicado na OS nº 78, de 21 de Setembro de 1965, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 17 do corrente e por proposta do Exmº Comandante do Batalhão de Caçadores nº 697, louva o nativo contratado Brama Lai, do Xime, porque, na Operação "Avante", em que esteve presente como carregador de munições, quando as Nossas Tropas se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, como voluntário, do grupo que, sob o comando do comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que poderia ter sido um desastre. 

Teve consciência do perigo, mas quis contribuir com a sua presença e com a sua arma, no lugar mais arriscado, no que demonstrou coragem e decisão de enfrentar o perigo, serena energia, sangue frio, valentia e bravura debaixo de fogo, ao continuar avançando em busca dos bandidos, mesmo depois de ter um braço esfacelado.

■ Caçador Nativo - ADÃO CANALA 
- 1ª CLASSE (Título póstumo) 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 – 3ª série, de 1966. Por Portaria de 23 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores 697, a título póstumo.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Caçador nativo, Adão Canala - Companhia de Comando e Serviços/Batalhão de Caçadores nº 697, com a seguinte redacção: Porque, prestando serviço no Xime e tendo já dado provas admiráveis e excepcionais, tanto na detecção de minas inimigas - a ponto de lhe ter ficado a fama de que tinha um sexto sentido apuradíssimo para este trabalho, devido ao número daqueles engenhos que detectara, com um interesse e entusiasmo invulgares - como na preparação de um grupo de caçadores nativos de que era chefe, grupo que a tropa preferia e de que não prescindia para as picagens, pela confiança que lhe inspirava, e com o qual, não só estava sempre pronto a desempenhar em todos os momentos qualquer missão que surgisse. Foi voluntário frequentes vezes para montar emboscadas durante a noite e, com grande espírito de sacrifício, confirmou nas operações "Bravura" e "Avante", o seu portuguesismo sem mácula e a sua firme vontade de vencer, revelando na primeira operação, como componente de um grupo de eliminação de sentinelas, o seu sangue-frio e audácia notáveis e na segunda, em que, encontrando-se com as nossas tropas debaixo de nutrido e violento fogo inimigo não localizado, em terreno que nos era de todo desfavorável, a um sinal do Comandante da operação, avançou, integrado num reduzido grupo, correndo em direcção às origens dos tiros, disparando uma G3 para onde vinha mais fogo inimigo, procurando sempre o objectivo oculto e traiçoeiro, sem se preocupar com as balas que sibilavam à sua volta. Com esta arrancada heróica obrigaram o Inimigo a suspender o fogo, do que resultou poderem as nossas tropas safar-se da situação crítica em que se encontravam e a transformar em sucesso para nós, embora com baixas, o que parecia ir ser um desastre. Foi mortalmente atingido ao avançar, sempre com a sua arma a disparar. Morreu como herói, com a obstinada abnegação de salvar os seus camaradas de combate, correndo para isso ao encontro dos bandidos. 

Com este feito demonstrou cabalmente, o jamais esquecido jovem caçador Adão, a sua coragem, a sua bravura, a sua decisão, o seu notável sangue-frio e sua serena energia debaixo de fogo e inscreveu o seu nome no número dos heróis da "Ditosa Pátria Que Tais Filhos Tem".
Ministério do Exército, 23 de Setembro de 1966.

O Ministro do Exército, Joaquim da Luz Cunha.


■ Furriel Miliciano de Infantaria - ANTÓNIO NUNES LOPES 
 -  Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 29 - 3.a série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 3ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: O Furriel Miliciano de Infantaria, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 694 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. Publicado na OS nº 89, de 29 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Furriel Miliciano, António Nunes Lopes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na operação "Avante", quando as NT se encontravam debaixo de nutrido e violento fogo Inimigo, em terreno que nos era manifestamente desfavorável, fez parte, com a sua Secção reforçada, do grupo que, sob o comando do Comandante da operação, executou uma arrancada heróica ao encontro do Inimigo oculto, do que resultou a suspensão do seu fogo e o consequente alívio da situação das NT, tornando-se em sucesso para nós, embora com baixas, o que podia ter sido um desastre.

Durante esta acção incutiu no seu grupo a necessidade de avançar, a fim de descobrir e aniquilar um dos grupos Inimigo que mais flagelava as Nossas Tropas, com o que demonstrou a sua coragem e decisão de enfrentar o perigo, a sua serena energia e sangue frio debaixo de fogo, bem como a sua valentia e bravura perante o Inimigo traiçoeiro, nada tendo havido que conseguisse quebrar o seu ânimo, nem mesmo a morte de um dos seus melhores elementos ou o sibilar das balas à sua volta.


■ Alferes Miliciano de Infantaria - JOÃO FRANCISCO CRISÓSTOMO
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 20 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 81, de 01 de Outubro de 1965, do QG/CTIG):

Louvo o Alferes Miliciano de Infantaria, João Francisco Crisóstomo, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, na Operação "Avante", durante o combate, comandando um grupo de destruição e busca, teve um comportamento exemplar, quer na atribuição de funções aos componentes desse grupo, quer dinamizando todo o seu pessoal, não permitindo, com grande sangue frio, que o facto de haver um morto e um ferido no seu Pelotão, provocasse desânimo. Esteve verdadeiramente à altura no desempenho do que lhe fora determinado. 

Mostrou-se um oficial valente que soube disciplinar e levar os seus homens ao cumprimento da missão, avançando alheio ao perigo e com a consciência de que para vencer é necessário penetrar nas posições inimigas. Durante o regresso, num acto de abnegação digno de apreço, vendo o cansaço nos seus homens, não hesitou em transportar, ele próprio, durante cerca de um quilómetro, o corpo de um dos seus, abatido naquela operação.


■ Capitão Miliciano de Infantaria - AMÂNDIO MANUEL PIRES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 2ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na ORDEM DO EXÉRCITO nº 22 – 2ª série, de 1966. Por Portaria de 20 de Setembro de 1966:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 697 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Por Portaria da mesma data, publicada naquela ORDEM DO EXÉRCITO):

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar, para todos os efeitos legais, o louvor conferido em Ordem de Serviço nº 84, de 12 de Outubro de 1965, do Comando Territorial Independente da Guiné, ao Capitão Miliciano de Infantaria, Amândio Manuel Pires, com a seguinte redacção: Porque, tendo já evidenciado extraordinárias qualidades de comando e competência na condução da operação "Bravura", de que foi comandante, conseguindo assim muito bons resultados, tanto em baixas inimigas como em material de guerra e importantes documentos capturados, bem como na destruição de instalações e meios de vida, confirmou as suas invulgares qualidades de condutor de homens na operação “Avante", que tão bem comandou, pois, ao ver que, com as suas forças, se encontrava debaixo de violento e nutrido fogo Inimigo em terreno manifestamente desfavorável às nossas tropas, e apercebendo-se do perigo que corriam em tal situação, decidiu, com excepcional sangue-frio, coragem e serena energia, numa arrancada heróica, correr, debaixo de fogo, com um pequeno grupo de homens, contra o Inimigo.

 Com esta corajosa iniciativa, que marca o valor do seu autor, fez parar o fogo adversário e safar as nossas tropas de tão crítica situação. E aquilo que podia ser um desastre resultou, finalmente, embora com baixas para as nossas tropas, na captura de material de guerra e de outros importantes materiais, bem como na destruição de instalações e meios de vida do Inimigo.
Ano de 1967


■ Alferes Miliciano de Infantaria - LUÍS MANUEL ZAGALO DE MATOS
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 2 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgada pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho de 07 de Dezembro do ano findo, do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, o Alferes Miliciano, Luís Manuel Zagalo de Matos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Mil, Luís Manuel Zagalo de Matos, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, a que pertence, comandou o grupo de assalto com a valentia já revelada noutras acções da Companhia e entusiasmou o seu pequeno grupo que se lançou ao assalto com tal rapidez, que impediu que o inimigo tivesse tempo de refazer-se, momentaneamente, da surpresa. Embora o Inimigo se furtasse ao combate, ele mesmo comandou o grupo de perseguição, tendo revelado o maior sangue frio, valentia e conhecimento da luta de guerrilhas, atraindo o Inimigo ao combate, onde foi francamente batido, esquivando-se e dispersando. Ainda no comando do grupo de perseguição e quando este foi emboscado, mesmo assim conseguiu aproximar-se do Inimigo, o qual, apesar do violento fogo que desencadeou, mais uma vez se furtou ao combate e dispersou, sendo perseguido durante cerca de meia hora. 


Revelou as mais nobres qualidades militares de valentia e elevada percepção das técnicas de guerra de guerrilhas enfrentando o perigo com todo o desprezo, tendo como único fim o aniquilamento do Inimigo. 


■ 1º Cabo de Infantaria, n º 584/65 - JOÃO FERNANDES BARRADAS 
- Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - BII 19 
- 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O 1º Cabo nº 584/65, João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Iº Cabo nº 184/65 (5432465), João Fernandes Barradas, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a acção de perseguição na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e destemido, actuando debaixo de fogo Inimigo. Perseguiu um elemento Inimigo com acções de fogo, obrigando o mesmo a abandonar a sua arma semi-automática Simonov, depois de ferido.

 É um belo exemplo para os seus camaradas, tendo actuado no momento oportuno com toda a valentia e alcançado o que se pretendia.



■ Soldado de Infantaria, nº 9244165 - FERNANDO MACEDO RODRIGUES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 9244165, Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 118/65 (9244165), Fernando Macedo Rodrigues, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque, durante a perseguição feita ao Inimigo na operação "Golo 3", se revelou um elemento corajoso e com sangue frio, desprezando o perigo e obrigando o Inimigo a abandonar os fardos que transportava. Causou prováveis baixas e capturou material ao Inimigo.

■ Soldado de Infantaria, nº 7158865 - AGOSTINHO DA TRINDADE BAPTISTA
 - Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 7158865, Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado nº 230/65 (7158865), Agostinho da Trindade Baptista, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque à semelhança do que tem acontecido em várias operações da sua Companhia, se tem manifestado um elemento sempre pronto aos maiores esforços físicos. Durante a acção de fogo na operação "Golo 3", revelou coragem, sangue frio e desprezo pelo perigo, avançando debaixo de fogo contra as posições donde o Inimigo flagelou as NT. Causou baixas prováveis, obrigando o Inimigo a abandonar o material. 

É um militar capaz de missões arriscadas, tornando-se um bom elemento para os seus camaradas e merecendo a justa admiração dos seus superiores.


■ Soldado cozinheiro, nº 3715565 - MANUEL EUSÉBIO NASCIMENTO FERNANDES 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 5- 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 30 de Dezembro de 1966: O Soldado nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores 1439/Batalhão de Caçadores 1888 - Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.O39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado cozinheiro nº 3715565, Manuel Eusébio Nascimento Fernandes, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque durante todas as operações feitas pela sua Companhia, tem sido sempre um elemento voluntário, cheio de espírito combativo e alinhado sempre nos grupos mais expostos durante as acções de fogo. 

Na operação "Golo 3", revelou coragem, valentia e sangue frio numa acção individual, investindo com desprezo da própria vida e debaixo de fogo, contra as posições do Inimigo, o qual se furtou ao combate e abandonou algum material.


■ 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64 - SORI BALDÉ - Polícia Administrativa 
– CTIG - 4º CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12ª do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto n? 35 667, de 28 de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O 1º Cabo da Polícia Administrativa, nº 240/64, Sori Baldé - Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o 1º Cabo da Polícia Administrativa n? 240/64, Sori Baldé, porque, no dia 22Mai66, durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, foi voluntário e embora com um pé ferido enfrentou o Inimigo com ardor e valentia. Desprezando o perigo, tornou-se alvo de admiração de todos quantos presenciaram a sua acção, invectivando o Inimigo com ditos guerreiros, acompanhados de fogo certeiro. Apesar do agravamento do seu ferimento não esmoreceu um instante mostrando-se sempre onde havia mais perigo. 

Este caso tornou-se notado e foi também objecto de elogiosas referências do médico. Demonstrou espírito de sacrifício, valentia e portuguesismo.



■ Caçador Nativo - QUEMÁ NANQUI - Civil 

- CTIG - 4ª CLASSE 

Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quemá Nanqui, Companhia de Caçadores 1439 Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quemá Nanqui (Chefe da Tabanca de Enxalé), porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, sempre voluntário em todas as operações desta zona, confirmou, mais uma vez, o seu valor incontestável. Sempre presente nos lugares mais expostos, desprezando o perigo durante o ataque, fazendo parte do grupo de assalto, temerariamente lançou-se contra as posições Inimigo, causando baixas, e actuando sempre debaixo de fogo. 

Confirmou as suas qualidades durante a reacção à emboscada, em que mais uma vez, desprezando a própria vida, alcançou as posições Inimigo debaixo de fogo. É um português e combatente dos melhores.

■ Caçador Nativo - QUEBÁ SONCO - Civil - CTIG - 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 6- 2ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 23 de Janeiro de 1967: O Caçador Nativo, Quebá Sonco, Companhia de Caçadores 1439 - Comando Territorial Independente da Guiné.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o40, de 06 de Outubro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Caçador Nativo, Quebá Sonco, porque durante uma operação em que tomou parte a Companhia de Caçadores nº 1439, voluntário como sempre em todas as operações e filho do régulo de Cuor, elemento permanente nas horas de perigo de todas as Companhias que passaram por esta zona, mais uma vez confirmou a sua valentia, sendo o primeiro elemento a entrar no acampamento ln e causando-lhe a primeira baixa, o que desmoralizou sem dúvida o adversário, continuando a avançar sempre, alheio ao perigo iminente do fogo Inimigo. 

É um exemplo digno de ser imitado por todos os régulos da Guiné Portuguesa.


■ Soldado Telefonista nº 2652365 JÚLIO MARTINS PEREIRA 
- Companhia de Caçadores nº 1439- BII 19 – 4ª CLASSE 


Transcrição do Despacho publicado na ORDEM DO EXÉRCITO nº 11 – 3ª série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12?do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28de Maio de 1946,por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 07 de Fevereiro de 1967: O Soldado nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888- Batalhão Independente de Infantaria nº 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS nº 01, de 05 de Janeiro de 1967, do QG/CTIG):

Por seu despacho de 20Dez66, considerou como dado por si o louvor constante do artigo 3º da OS nº 181, de 29Nov66, do Batalhão de Caçadores nº 1888, que a seguir se transcreve: Louvo o Soldado Telefonista nº 2652365, Júlio Martins Pereira, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque quando do rebentamento, sob um Unimog, de um engenho explosivo, na coluna em que se deslocava e em presença de tão grande catástrofe e das baixas que resultaram, se ofereceu voluntária e conscientemente para ir até à localidade mais próxima, apesar de serem cerca de 7 kms, para pedir evacuação para os feridos, o que fez sozinho e em corrida veloz. 

É de notar a abnegação e a coragem deste Soldado, que por dedicação aos seus camaradas e com perfeito conhecimento dos seus deveres, não se poupou a qualquer dificuldade e aos perigos que poderia encontrar nesse trajecto.



■ Soldado Condutor Auto nº 5406064 - ANTÓNIO DOS SANTOS CAMPOS 
– Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 4ª CLASSE 



Transcrição do Despacho publicado na OE n.o12 - 3.a série, de 1967.

Agraciado com a Cruz de Guerra de 4ª classe, nos termos do artigo 12º do Regulamento da Medalha Militar, promulgado pelo Decreto nº 35 667, de 28 de Maio de 1946, por despacho do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, de 05 de Abril de 1967: O Soldado n? 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Batalhão Independente de Infantaria n? 19.

Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o 14, de 23 de Março de 1967, do QG/CTIG):

Louvado o Soldado Condutor Auto nº 5406064, António dos Santos Campos, da Companhia de Caçadores nº 1439, porque no ataque ln ao Destacamento de Missirá, quando viu que o lugar onde a sua viatura se encontrava abrigada estava a ser fortemente bombardeado e que a qualquer momento a viatura podia ser seriamente atingida, com o maior sangue frio e desprezo pelo perigo pôs a mesma a trabalhar e deslocou-a para lugar menos exposto. 

Este facto coincidiu com o abrandamento imediato do fogo Inimigo que se pôs em fuga antes das Nossas Tropas iniciarem a perseguição.


■ Alferes Miliciano Médico - FRANCISCO PINHO DA COSTA 
- Companhia de Caçadores nº 1439 - BII 19 – 3ª CLASSE 


Transcrição da Portaria publicada na OE n.o 11 - 2.a série, de 1967. Por Portaria de 09 de Maio de 1967:

Condecorado com a Cruz de Guerra de 3ª Classe, ao abrigo dos artigos 9º e 10º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, da Companhia de Caçadores nº 1439/Batalhão de Caçadores nº 1888 - Regimento de Infantaria nº 1.


Transcrição do louvor que originou a condecoração. (Publicado na OS n.o39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG):

Louvado o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, do Batalhão de Caçadores nº 1888, prestando serviço na Companhia de Caçadores nº 1439, porque no dia 21Ag066, fazendo parte de uma coluna que seguia para Porto Gole, a fim de prestar assistência da sua especialidade à guarnição daquele Destacamento, apesar de ferido com gravidade por um engenho explosivo Inimigo que a viatura em que era transportado accionou, não deu a conhecer o seu estado, tratando os feridos no local do rebentamento e sob o fogo da emboscada Inimigo, revelando uma extraordinária coragem, sangue frio, desprezo pelo perigo e muita serenidade, só pedindo a sua evacuação após se ter certificado que estava cumprida a sua missão. 

O Alferes Miliciano Médico, Pinho da Costa, com a sua atitude deu um nobre exemplo de carácter, de abnegação e de elevada coragem, demonstrando possuir, no mais elevado grau, espírito de sacrifício e todas as virtudes militares que o distinguem como médico e militar.


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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19694: Consultório militar do José Martins (43): As Últimas Campanhas na África Portuguesa (1961-1974): De Dados Oficiais a Dados Oficiosos (Parte III)

domingo, 19 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19802: Álbum fotográfico de João Crisóstomo, ex-alf mil inf, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) - Parte I: Madeira, embarque para o CTIG em 2/8/1965


Foto nº A1


Foto nº A2


Foto nº A3


Foto nº A4


Foto nº A5

Madeira > Funchal > 1965 > CCAÇ 1439 > Dia do embarque para a Guiné  [Fotos A1, A2, A3], depois da IAO [fotos nºs A4 e A5]

A madeirense CCAÇ 1439 teve como unidade mobilizadora o BII 19, partiu para o CTIG em 2/8/1965 e regressou a 18/4/1967, tendo passado por Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole, Missirá, Fá Mandinga. O comandante era o cap mil inf Amândio Manuel Pires, já falecido. Alferes (milicianos): Freitas, Crisóstomo, Sousa,  Zagalo (, este último já também falecido)

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


I. Mensagem de João Crisóstomo, com dat de 30 de abril último: 

[Camarada da diáspora, a viver nos EUA desde 1975, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), casado com a a eslovena Vilma; destacado ativista social luso-americano (de causas célebres como As Gravuras de Foz Coa, Memória de Aristides Sousa Mendes, e Timor Leste); tem cerca de 80 referências no nosso blogue; o casal veio expressaente, de Nova Iorque,  ao XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, que se vai realizar em Monte Real, em 25 de maio; veio também ao encontro da CCAÇ 1439, e subunidades adidas, que passaram pelo Enxalé:  Pel Mort 1928, Pel Caç Nat 52, Pela Caç Nat 54]

Caro Luís Graça,

Este primeiro parágrafo é um PS - Post Scriptum….Espero que não leves a mal este "longo arrazoado”. Nem tinha intenção de escrever nada, mas tinha de dar uma explicação para as fotos que seguem. E comecei a falar e … olha o que aqui vai…

Pelo que compreendo é provável que este convívio [,na   Ericeira, Mafra, no dia 18 de maio de 2019,] seja para a CCAÇ 1439 o último encontro de "formatura geral/completa”. Vamos-nos continuar a encontrar com certeza, mas dificilmente conseguiremos encontros de "formatura completa”. 

Estive a imprimir tudo o que de mais perto diz respeito à CCAÇ  1439 ( e associados, Pel Mort 1028, CCAÇ 52, CCAÇ 54...), desde que tive conhecimento destes encontros em 2009. Evidentemente que continuarei a seguir e ler o nosso querido blogue, mas vai-me custar não estar à espera de saber quando é próximo encontro da CCAÇ 1439 , mesmo que nem sempre me tenha sido possível estar presente. 

 Fi-lo para ficar com tudo mesmo em papel, um dossiê que eu possa desfolhar com calma sempre que bem me apetecer. Tabancas, grandes e pequenas... “Encontros", convívios, tantas vivências extraordinárias que tenho experimentado e vivido. Nao foi uma nem duas vezes que tive de limpar os olhos em momentos revividos num misto de saudade, alegria e dor tudo à mistura, pela memória de momentos que me dizem/diziam pessoalmente respeito e pelo relatos de outros camaradas,   a maioria dos quais nem conheço pessoalmente, mas cujos momentos foram iguais ou parecidos aos que eu vivi, porque ao fim e ao cabo, mesmo sem nos conhecermos,  a Guiné fez de nós todos irmãos. 

Tem sido uma grande experiência desde então: não só reatei com os que comigo passaram as ruas da amargura (e bons tempos também) na Guiné, como vim a conhecer tanta gente boa de outras unidades que compartilham da mesma experiência. E com isto acabei por fazer grandes amizades. Até de indivíduos que, me parece, "nunca chegaram a fazer a tropa” mas que o destino,  servindo-se deste blogue, me proporcionou conhecer e a quem hoje eu tenho o privilégio e alegria de incluir agora entre os meus irmãos.

Se “reconhecimentos” dependessem de mim— e não digo isto levianamente ou com alguma intenção estupidamente idiota só para elogiar ou para ficar bem visto na opinião de quem quer que seja—,  eu daria de coração meia dúzia de medalhas… especialmente aos criadores/fundadores deste blogue que ao longo de vários anos nele têm andado envolvidos. Acredito que , embora conscientes de que estavam a fazer algo bom para muita gente, estes não imaginam o que fizeram e o bem,— o muito muito de bom,—que a tantos proporcionaram. 

 Foi através deste blogue, logo no início, que vim a encontrar de novo o Zagalo, a quem tive ainda a possibilidade de abraçar antes que ele nos deixasse. Depois encontrei os meus camaradas próximos ( da minha companhia, a  CCAÇ 1439, e alguns outros) de quem há dezenas de anos —literalmente— não sabia nada… E, meu Deus, que jorrada de emoções sempre que eu podia abraçar de novo estes meus irmãos! 

O mesmo que eu senti um dia, há muitos anos atrás com um amigo— e depois tornei-o a perder e nem sei onde se encontra. De nome Luís Filipe, do Algarve; Tavira?   Alguém sabe dele? Se alguém souber algo dele... PLEASE! Digam-me ! Foi alferes miliciano; esteve em Mafra comigo como cadete e depois, cada um para seu lado, nunca mais soube dele, como de tantos outros em casos semelhantes. 

Um dia, estava eu então na Inglaterra, vim de férias a Portugal - foi mais ou menos há cinquenta anos -, e apanhei o combóio do Porto para Lisboa . Nao me recordo já das circunstancias, mas sei que estava a a passar perto de Vila franca de Xira ; estava no corredor e de repente vejo o Luís Filipe , muito alto, à minha frente... e ao ver-me ele de repente agarra-se a mim e começa a chorar…apertando-me como um louco…. 
- Eh pá, disseram-me que tu tinhas morrido!… Sei que foste para a Guiné; e disseram-me que o Capitão Cera (que tinha sido um dos nossos alferes “treinadores/professores" em Mafra...) tinha perdido as pernas esmagadas e que tu tinhas morrido!…

Desculpem mencionar aqui este relembrar, que pouco tem a ver com a Guiné… excepto que me faz vir as lágrimas sempre que o lembro. Mas estava a falar de memórias e de emoções e foi este o que me veio de repente. Podiam ter sido outros, como o momento em que em Enxalé fizémos um caixão de tamanho normal para levar os restos mortais do Manuel Acoreano, ( que foi pulverizado numa mina quando fomos socorrer a coluna do Zagalo em que — ainda não sabíamos  —  o furriel Mano tinha falecido.)... Nas palavras do nosso camarada Henrique Matos; "quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos…. Tem a sua campa em Bambadinca"...

São momentos difíceis , mas que por razões muitas, quanto mais não seja como maneira de na nossa mente honrar estes nossos irmãos, não devemos nunca esquecer. E para que estas estas vivências , más ou boas , difíceis ou gradáveis, não passem ao esquecimento… abençoada a hora em que este blogue apareceu.

Bom, eu por mim falo, mas creio não estar só quando digo: Obrigado,  meus caros!. Muito muito obrigado!

E agora vamos às fotos que seguem...  Lembrei-me que, sendo este o último encontro/assembleia geral da CCAÇ  1439, era o momento de partilhar mais algumas velhas fotos/memos que tenho comigo.

E começo com a página A:

Legendas:

Fotos na Madeira, no dia da partida para Guiné [2 de agosto de 1965]: Na A1,   e fáceis de discernir, o Sargento Bicho, já falecido, eu e o furriel António Lopes no momento em que o governador [da Madeira] passava a sua revista.

Na segunda foto, A2,  o alferes Freitas [, madeirense,]  à frente do destacamento a desfilar directo ao barco. Com uma simple lupa podem-se reconhecer alguns outros rostos…

Foto A3: por razões burocráticas fui eu que assumi o comando da companhia durante e até chegarmos à Guiné, onde o capitão  miliciano Armando Pires nos esperava. O Governador [da Madeira], na presença do comandante [do navio]  foi  desejar à Companhia, na minha pessoa, boa viagem. 

Fotos  A4 e A5: nas montanhas onde estávamos a fazer a preparação final [, IAO,]  estava quase na hora de cada um dos "aspirantes a alferes” assumir o comando do seu pelotão; o Zagalo  [, Luís Zagallo,] porém não tinha pressas e mostrava a sua independência mantendo o pijama até ao último minuto [A4]...

(Continua)
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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18851: Recordações de Porto Gole, Enxalé e Missirá: fotos de Abna Na Onça e outros camaradas (João Crisóstomo, Nova Iorque; ex-alf mil, CCAÇ 1439,1965/67)


Foto nº 1 > Da esquerda para a direita, João Crisóstomo e o régulo Abna Na Onça


Foto nº 1A > Da esquerda para a direita, João Crisóstomo e o régulo Abna Na Onça


Foto nº 2 > A equipa de futebol:  de pé, da esquerda para a direita: eu, João Crisóstomo; o fur mil Bonifácio, da Lourinhã (mais conhecido por "O Passarinho"...); O Manuel, o "açoriano", a nossa primeira vítima de mina anticarro; não me lembro dos nomes dos restantes... na fila da frente, da esquerda para a direita,  o João, do Bombarral, que era o padeiro;  dos restantes, lembro-me ca cara, mas já não dos nomes... Ao fundo, à direita, fazendo exercício,  está o furriel Eduardo, que havia feito parte da equipe de futebol do Porto e que por qualquer motivo não quis jogar neste dia…


Foto nº 2A > A equipa de futebol... O João é o primeiro da esquerda, na fila de pé...


Foto nº 3 > A "preparação" da  CCAÇ  1439 está oficialmente acabada. O capitão Pires reúne os seus alferes, Crisóstomo, Freitas, Sousa e [Luís] Zagallo e anuncia que vai partir mais cedo de avião,  e estará à nossa espera quando a companhia chegar à Guiné. Ainda hoje me pergunto  quem trouxe os charutos e qual a razão… Ao alto do lado direito, na parede, uma divisa: "Se souberes obedecer, saberás comandar"...


Foto nº 3A > Os oficiais da CCAª 1439: o capitão Pires, ao centro, ladeado à sua direita pelos alfres Crisóstomo e Sousa; e à esquerda, pelos alferes Zagallo e Freitas... [LG]


Foto nº 4 > Perdidos no mato...  Em primeiro plano é o Capitão Pires ao lado direito e do lado esquerdo o Orlando, cabo, madeirense; ao fundo os “guias".


Foto nº 5 > Enxalé, c. 1966 > Visita do gen Arnaldo Schulz


Foto nº 5A > Enxalé, c. 1966 > CCAÇ 1439 (1965/67> Visita do gen Arnaldo Schulz, à esquerda, com o cap Pires e o alf Crisóstomo (de óculos).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67, que vive hoje em Nova Iorque, e que tem dado a cara por causa nobres, sociais e culturais,  que muito nos honram a todos nós, portugueses: Gravuras de Foz Côa, Timor-Leste, Aristides Sousa Mendes, etc.; tem cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue).

Data: 15 de julho de 2018 às 18:09
Assunto: foto  deAbna na Onça e outras

Caríssimo Luís Graça;

Hoje, 14 de Julho, foi tempo para "não fazer nada"  excepto seguir o jogo da Bélgica-Inglaterra. Fiquei satisfeito, pois nunca perdoei aos ingleses o que nos fizeram em 1966, ano em que Portugal devia ter ganho o campeonato mundial de futebol, não fossem as manhas e manobras/trapaças   dos ingleses…  E deu para deixar vadiar a minha memória e imaginação, o que fiz calcorreando pelas terras da Guiné por onde passei, nas páginas do nosso blogue.
   
Apareceu uma  foto do Jorge Rosales e  lembrei-me  que,   no   ano  passado,  alguém sugeriu/pediu  se alguém tinha fotos e   informações sobre Abna Na Onça,  o "Homem Grande" de Porto Gole, conforme muito apropriadamente lhe chamou o  Jorge Rosales (Poste P5122, d e 17 de outubro de 2009) (*).

João Crisóstomo, grande amigo
de Timor-Leste
Na altura enviei uma foto  que tinha comigo (poste P17693, de 23 de Agosto de 2017) (**). E  fiquei de enviar uma outra que sabia ter comigo, mas nunca mais a encontrei. Até há meia-hora atrás.  Como o pai do filho pródigo, passeando pelo  blogue  "Luís Graça & Camaradas   da Guiné",  de repente deparei  com  o poste do Jorge Rosales  onde ele aparece com o Abna Na Onça.  "Puxa vida, pensei eu, nunca mais encontrei essa foto que prometi enviar. E eu tenho a certeza que a tenho em qualquer parte"...

E tinha.  Estava no meio das muitas fotografias que,  como tapete   contínuo,  cobrem as paredes do meu apartamento; eu tenho a mania de, quanto possível,  não pôr em gavetas as fotos de que gosto mais. Por isso o meu apartamento é uma "colagem" enorme … mas por vezes, como sucedeu com  neste caso, tem os seus inconvenientes: quando procuro uma determinada foto não  a encontro.

Como o pai do filho pródigo, contente por ter encontrado a "foto desgarrada",  pus-me a ver outras sobre a Guiné (estas outras estavam numa caixa pois não dá para pôr tudo nas paredes) e encontrei estas que te envio. São fotos velhas, e infelizmente em muito mau estado:  têm   sofrido os manuseamentos,   escolhas,  arrumações, muitas  viagens e respectivas  mudanças de endereço  que,  como se fosse cigano, tenho experimentado na minha vida pós-militar.  Enfim...

Se virem que têm interesse, usem-nas  ou não, como bem entenderem .  Algumas delas foram "digitalizadas" pelo Henrique Matos… se  acharem  que alguma tem interesse para ser publicada no blogue, talvez o Henrique Matos possa ajudar (creio que ele tem uma cópia de todas as fotos  que  ele fez o favor de digitalizar para mim.)

Segue uma breve explicação de cada uma delas:

Foto nº 1 (que deu aso a este email) >  Eu e o "Homem Grande" Abna  Na Onça. Não precisa de mais explicações; todos sabemos já quem era este extraordinário régulo de Porto Gole. Com respeito  e saudades: Paz à sua alma!

 Foto nº 2 > A "equipe de futebol do dia"… não me lembro de alguns  nomes, mas posso identificar: na fila de trás: eu, seguido do falecido furriel  Bonifácio da Lourinhã (a quem chamávamos  muito amigavelmente   "o passarinho"  pelas suas minúsculas  refeições; era sobrinho do grande Padre Franciscano Frei António Ribeiro, das Matas da Lourinhã, se me não engano).

No meio está o desafortunado Manuel,  "o  Açoriano" [, Manuel Pacheco Pereira Júnior, de seu nome completo],  assim chamado por ser o único elemento da CCAÇ 1439 que era dos Açores. Foi a primeira vítima duma mina anticarro. Faleceu  em   Mato Cão. Estava  em cima do Unimog quando a poderosa mina rebentou. A explosão foi de tal modo violenta  que ele ficou quase " pulverizado"  e, na altura, nem se deu pela falta dele. Só no dia seguinte ao ser feita  a chamada, quando o seu nome não teve resposta e ninguém sabia onde ele estava , houve alguém que se lembrou então  de tê- lo visto  em cima do Unimog momentos antes da explosão. Feita uma saída imediata ao Mato Cão depois de muito procurar   deparamo-nos com os seus minúsculos restos mortais  que foram religiosamente apanhados e a quem foram prestados os respeitos que as circunstancias permitiam.

Na fila da frente o  primeiro colado esquerdo é o João, do Bombarral, que era o padeiro. Várias vezes tenho perguntado se alguém sabe onde se encontra ( parece que emigrou, dizem) Dos outros, lembro-me bem dos rostos, mas, com imensa pena minha,  a minha memória não é capaz de vir com mais nenhum nome.    No canto direito da foto pode-se descortinar ao fundo , fazendo exercício,  o furriel Eduardo, que havia feito parte da equipe de futebol do Porto e que por qualquer motivo não quis jogar neste dia…

Foto nº 3 > A "preparação" da  CCAÇ  1439 está oficialmente acabada. O capitão Pires reune os seus alferes   Crisóstomo, Freitas, Sousa e Zagallo e anuncia que vai partir mais cedo de avião,  e estará à nossa espera quando a companhia chegar à Guiné. Ainda hoje me pergunto  quem trouxe os charutos e qual a razão… Ao alto do lado direito, na parede, uma divisa: "Se souberes obedecer, saberás comandar"...

Foto nº 4 > Esta fotografia foi tirada no mesmo dia e local de uma outra que eu enviei sobre o falecido Furriel Mano,  vítima duma mina na estrada de Missirá- Enxalé (Poste P15998,  de 21 de Abril de 2016) (***):  num momento difícil,  literalmente perdidos no mato; os próprios guias confessavam estar perdidos sem saberem onde estavam nem como prosseguir. As expressões de todos nestas duas fotos  é evidencia da muita preocupação, incluindo a do capitão Pires que deu  instruções ao furriel de transmissões para contactar os "bombardeiros" para nos ajudarem e orientarem como prosseguir.

Foto nº 5A > Enxalé, c. 1966:Visita do gen Schulz

PS - Luís: Espero que faças - fá-lo por favor - a devida escolha do que pode ou não ser de interesse para publicação no blogue. 


O que menciono a seguir já saiu no blogue. Não quero estar a abusar.

E pronto por hoje. Vamos para a Eslovénia no dia 22 [de julho] e no dia 24 [de agosto] vamos para Portugal, onde espero poder  estar com vocês; e,  senão fôr antes,  pelo menos  no domingo,   dia 16 de Setembro. Sinto-me frustrado por não poder fazer melhor; quando vou a Portugal gostaria bem de poder visitar todos os meus amigos , um por um, mas …não dá.

Vilma e João Crisóstomo
Um encontro como este é o melhor que posso fazer ; mas   muitas vezes  volto aos EUA sem ver gente muito querida com quem gostaria de poder ter  estado. Para quem puder dar-me essa grande satisfação,  se achares pertinente podes anunciar  outra vez:

O encontro é às 03.00 da tarde, de domingo, 16 de setembro de 2018, em em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras, na "Associação das Paradas", Rua José Ferreira, 5 ( na estrada de Santa Cruz para A-dos-Cunhados). (****)

Mas a gente ainda se fala  antes  disso com certeza.   

Até lá um grande abraço 
João e Vilma
_____________

Notas de leituras

(*)  Vd. poste de 17 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5122: Estórias avulsas (15): Homens Grandes, Jorge Rosales (ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ - Porto Gole -, 1964/66)

Vd. também postes de:




(****) Vd. poste de 20 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18655: E as nossas palmas vão para... (16): João Crisóstomo, nosso camarada da diáspora lusitana, por 3 razões: (i) foi homenageado pelos correios de Israel; (ii) continua solidário com Timor Leste; e (iii) convida-nos a todos para a sua festa do próximo dia 16 de setembro, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras


(...) Associação de Desenvolvimento de Paradas, Paradas, A dos Cunhados, Torres Vedras. 15out2013. Tarde de convívios dos parentes das famílias Crisóstomo e Crispim e dos amigos e camaradas do João Crisóstomo, recém casado com a eslovena Vilma Kracun. O casal vive em Nova Iorque, e passou pela terra natal do João, a caminho da Eslovénia onde vai passar as festas do Natal e Ano Novo.. Intervenção de Luís Graça, quwe disse uns versos (8 quadras populares), de homenagem ao casal... em nome dos "amigos do Oeste".

Letra: Luís Graça

1
João Crisóstomo, eh pá!,
E Vilma Kracun, oh priga!...
Uma de lá, outro de cá,
Um rapaz e uma rapariga.

2
Formam os dois um belo par,
Esloveno-português,
Acabaram de casar,
Ela, doce, ele, cortês.

3
Dois mundos a separá-los,
Ela no velho [Europa], ele no no novo [América],
Vem agora abençoá-los,
Com amor, o nosso povo.

4
É o João um senhor,
Que faz o culto da amizade,
E amanhã comendador
Da Ordem da Liberdade.

5
Mordomo de profissão,
Portugal nunca esquece,
No verde e rubro coração
Onde a Pátria não esmorece.

6
Fez a guerra, coisa má
Lá nas terras da Guiné,
Finete e Missirá,
Porto Gole e Enxalé,

7
Animador libertário,
Foi de causas defensor,
Do Cônsul Humanitário [Aristides Sousa Mendes]
A Foz Côa e a Timor.

8
P’ra um casal, lindo como este,
P’rá Vilma e p’ró João,
Dos amigos do Oeste
Vai um grande… xicoração!


Paradas, A-dos-Cunhados,
15/12/2013

Os amigos do Oeste…Luís Graça & Alice, Eduardo Jorge Ferreira & São, Jaime Silva & Dina, Joaquim Pinto Carvalho & Céu… a que se associaram o Júlio Martins Pereira & esposa (Recarei, Paredes) e demais presentes, amigos e parentes das famílias Crisóstomo & Crispim. (...)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17092: Convívios (780): Encontro do 50º aniversário do regresso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) : Caldas da Rainha, 29 de abril de 2017... Missa de ação de graças, concelebrada pelo padre Vitor Melícias e pelo capelão da Escola de Sargentos do Exército (ESE)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo João Crisóstomo:



[Foto à esquerda: João Crisóstomo, residente em Queens, Nova Iorque; ex-alf mil, CCAÇ 1439 , Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67; ativista de causas sociais; natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras; nosso grã-tabanqueiro]:

Data: 28 de fevereiro de 2017 às 12:46
Assunto: Encontro do 50º  aniversário do regresso da  CCAÇ 1439


Caro Luís Graça,

Aqui vai o que já tinha preparado para te enviar, quando a Helena [Carvalho] me mandou finalmente o "convite" onde também vem toda a informação. Mando os dois.

Abraço grande, João

PS - Amanhã, não te esqueças,  faz anos a "minha Vilma"!


 2. Convívio > Dia 29 de abril de 2017 > Caldas da Rainha > 50º aniversário do regresso da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)


Programa:

12.00— Missa  no Auditório da ESE - Escola de Sargentos do Exército ( Quartel das Caldas, antigo RI 5)

13.30—Almoço no restaurante "Lareira"

Rua da Lareira, Alto do Nobre,2500-593
Caldas da Rainha (tel: 262 823 432)


A Missa será celebrada pelo Sr. Padre Vitor Melícias [, conterrâneo e amigo pessoal de João Crisóstomo,] em concelebração com Sr. Padre Luis Morondo, capelão do quartel das Caldas. O comandante deste quartel, coronel Lino Gonçalves,  um gesto que muito agradecemos, facilita a entrada de viaturas para este evento e autorizou que o bar/café fique acessível para quem o quiser usar.
.
Apesar de todos os anos se ter realizado um encontro desta companhia, esta é a primeira vez que este encontro é precedido por uma missa. Será no dizer dos organizadores uma missa de dupla intenção: de Acção de Graças mas também de sufrágio pelos que na Guiné deram a sua vida
e pelos que depois de voltar já faleceram.

Esta companhia é uma companhia de madeirenses, embora os "quadros" fossem na maioria "do Continente". Porém o oficial "mais velho", António Freitas, é madeirense e vem com alguns outros membros desta companhia para estar presente nesta data celebração. Os outros oficiais que já confirmaram a sua presença são o Alferes Francisco Viamonte Sousa, de Famalicão; Henrique Matos, de Faro [, foi o 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68)],  e João Crisóstomo, que vem de Nova Iorque.

Presente também o dr. Francisco Pinho da Costa que,como médico do Batalhão a que esteve adido esta companhia, teve de voltar para Portugal depois de uma mina com emboscada em que foi vítima.

O comandante desta Companhia, capitão Amândio Pires,  faleceu já anos atrás, Fazia também parte desta companhia o já falecido bem conhecido ator [Luís] Zagallo de Matos, o "herói dos povos do Cuor e do Enxalé".

De salientar ainda a presença da Helena Carvalho, agora residente nas Caldas da Rainha, cuja antiga residência no Enxalé serviu de quartel para esta "companhia de madeirenses", durante a estadia desta na Guiné-Bissau.

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17077: Convívios (779): Convívio do pessoal do BART 1913 (Guiné, 1967/69), a levar a efeito no próximo dia 27 de Maio de 2017, em Viana do Castelo (Fernando Cepa)

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)


Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca >  CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) > O meio, o furriel de transmissões, à direita de costas, o capitão Pires e à esquerda o fur mil op esp António dos Santos Mano, que irá morrer em 6/10/1966, na sequência de uma mina  A/C, na estrada Missirá-Enxale.


Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do soldado Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67]. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3 kg) ficaram no cemitério de Bambadinca, talhão militar, fileira 2, campa 1, Guiné-Bissau.

 Henrique Matos reviu a sua versão inicial em relação o que ocorreu nesse dia 6/10/66:

(i)  a primeirra mina, na coluna Missirá-Enxalé, [ comandada pelo af ml Luís Zagallo],  causou a morte do Fur Mano [, decepou-lhe  a perna,  acabando por morrer por falta de assistência];

(ii) há uma  2.ª min,  na coluna que foi em socorro,  a partir do Enxalé,  comandada pelo [alf mil João] Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco;

(iii) "foram os únicos mortos e, se a memória não me falha, não houve feridos com muita gravidade".

Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados.



Adicionar lAntónio dos Santos Mano (194-1966).
Foto de João Crisóstomo [c. 1965/66]

1. Do nosso leitor Armando Gonçalves, professor do Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo:


Data: 20 de abril de 2016 às 13:26

Assunto: Furriel Miliciano António dos Santos Mano


Sr. Luís Graça


Sou professor da Escola dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo e pretendemos fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar. Pelo facto todas as informações são importantes. Tenho estado em contacto como sr. Carlos Vinhal, José Casimiro Carvalho e, principalmente, Manuel Augusto Reis.

Desta feita, procuro saber informações de António dos Santos Mano, verifiquei que há camaradas dessa companhia [, a CCAÇ 1439].

Nasceu no Larinho, a 25 de junho de 1943;

Filho de Manuel dos Santos Mano e de Clementina do Nascimento Ferreira;

Posto: Furriel Miliciano Atirador Operações Especiais 01595964;

BII 19 (Batalhão Independente de Infantaria 19-Funchal)

Companhia de Caçadores 1439 / Batalhão de Caçadores 1888

Embarque a 2 de agosto de 1965;

Causa da morte: combate.

Faleceu em Enxalé, província da Guiné, pelas 7 horas e 30 minutos do dia 6 de outubro de 1966

Local de sepultura: freguesia natural


Precisava de saber das suas funções, qual a sua área de ação e em que circunstâncias se deu a sua morte.


Grato pela atenção,

Armando Manuel Lopes Gonçalves

Telemóvel (...) 966844876


2. Nota do editor:

O Mano era fur mil op esp. Temos dois postes sobre as circunstâncias em que morreu... Aliás, temos duas versões, de camaradas que lhe estavam próximos: José Martins Pereira, nosso grã-tabanqueiro nº 635 (,  natural de Paredes, vive em Campo, Valongo), e que era  sold trms, da CCAÇ 1439, estando destacado em Missirá, com o Gr Com do alf mil Luís Zagallo, de que fazia parte o fur mil op esp Mano (*).   Outra versão é do Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (qu estava no Enxalé) (**).

Segundo o portal  Ultramar Terraweb, o António dos Santos Manos é dos um 29 mortos, na guerra colonial, naturais do concelho de Torrre de Moncorvo.  Vamos naturalmente ajudar o professor Armando Gonçalves, os seus alunos e a sua escola a fazer a justa homenagem, 50 anos depois, a este nosso bravo camarada que deu o melhor de si, a sua vida, morrendo aos 23 anos, em circunstâncias que imaginanos horrorosas: com a perna decepada, esvaiu-se em sangue, sem assistência médica... (***).

O João Crisóstomo (que vive em Nova Iorque desde 1975) acaba de nos mandar um depoimento sobre esse dia fatídico para a sua  antiga companhia,  CCAÇ 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67], ... Nesse dia, na 2ª mina, ele perdeu um dos seus homens, o Manuel Pacheco Pereira Junior, quando iam em socorro do Gr Comb do Luís Zagallo. É dele a única que temos com o infortunado camarada António dos Santos Mano. Esperemos por outros contributos dos nossos leitores, camaradas nomeadamente desse tempo e dessa companhia.



Algarve > Faro > Julho de 2015 > "Vilma e eu encontramo-nos [,da esquerda parta a direita,] 

com o Chico, Henrique Matos, Teixeira e Viegas".



[Recorde-se que o Henrique Matos, açoriano a viver no Algarve, foi alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68),e que o José António Viegas, algarvio, foi fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68). Os três são membros da nossa Tabanca Grande. Nesse mesma nao e mês o o novaiorquino João Crisóstomo e a sua esposa Vilma foram à Madeira. O João teve ocasião de estar com o pessoal da CCAÇ 1439, "uma companhia toda madeirense (com exceção dos graduados e especialistas; o Antonino Freitas era o único alferes madeirense)"]

Foto: © João Crisóstomo  (2015) Todos os direitos reservados.  




Guiné > Zona leste > Carta de Bambadinca (1955)  > Escala 1/50 mil  >  Estrada Missirá-Enxalé > Local provável do rebentamento da mina A/C que provocou a morte , em 6/10/1966, do fu rmil op esp Mano, a cerca de 800 metros a sul do cruzamento para Canturé e Finete, antes do Mato Cão, na margem direita do Rio Geba Estreito. A sede do batalhão era em Bambadinca. A CCAÇ  1439 estava em Enxalé, com destacamentos em Missirá (a nordeste do Enxalé) e em Porto Gole (a oeste de Enxalé)  junto ao R Geba. Em frente ao Enxalé, na margem, esquerda o R Geba ficava o Xime.

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016).

3. Resposta imedidata,  de hoje, de João Crisóstomo, a partir de Nova Iorque onde reside desde 1975:


Caro Luís Graça, Armando e demais camaradas,

Não poderei ajudar muito, já que não tenho muita confiança na minha memória; de vez em quando verifico ter as coisas baralhadas, pois a minha memória por vezes parece lembrar duma maneira e verifico que outros dão um relato diferente do que me parece lembrar. Mas, dentro do que posso, aqui vai o que relembro.

Aqui envio uma foto ( a única que tenho em que sou capaz de identificar sem qualquer dúvida o furriel Mano). Não sou capaz de lembrar o nome do “operação” nem a data, mas recordo-me bem das circunstâncias: andávamos no mato e o Capitão Pires, comandante da CCAÇ 1439 (, de costas, no canto direito da foto; era ele mesmo que estava a comandar esta operação no mato), a certa altura concluiu que estávamos "perdidos",l  sem saber para onde seguir, pois os próprios !"guias" discutiam e não davam com o caminho. 

Foi talvez mesmo a única vez que me lembro que eu vi o nosso Capitão Pires "desnorteado". Mandou parar a coluna e chamou o furriel de comunicações para contactar os “bombardeiros” [, T 6,] para ver se conseguíamos deles a nossa posição e a direção a seguir. E eu resolvi tirar a foto ao furriel de transmissões, quando este tentava montar o rádio de transmissões ; ( já não me recordo do nome dele, mas talvez alguém o reconheça e identifique; só sei que,assim me disseram,ele continuou na tropa depois da companhia ter voltado a Portugal): o furriel Mano é o segundo do lado esquerdo da foto.

Posso confirmar o que o Henrique diz, como a versão, segunda a minha memória, mais de acordo com o que aconteceu: "Em relação às minas de 6/10/66 em Mato Cão, aqui vai um resumo: a 1.ª na coluna Missirá-Enxalé causou a morte do Fur Mano; a 2.ª na coluna que foi em socorro a partir do Enxalé comandada pelo Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco. Foram os únicos mortos e se a memória não falha, não houve feridos com muita gravidade. Também lá fui de seguida como já relatei anteriormente."

Não me recordo dos detalhes da morte do furriel Mano, a não ser pelo que me contaram e que é mais ou menos o que está descrito. Devo esclarecer/confirmar o desenrolar cronológico do acontecido de que o primeiro a sofrer a mina foi a coluna do Zagalo; a companhia, sob o comando do Capitão Pires tinha acabado de chegar do mato; a “malta” estava toda estafada e o capitão Pires depois de saber que o Zagalo tinha sofrido uma mina, com baixas - não sabíamos detalhes - e precisava de ajuda,  disse-me, sabendo bem que estávamos todos estafados, para juntar todos os que tinham ficado no quartel (pessoal de serviços) e “pedir” voluntários para ir em socorro de Zagalo.

Eu juntei o primeiro,  o meu pelotão,  e disse-lhes que antes de falar com o resto da companhia queria saber primeiro com quantos eu podia contar do meu pelotão. E todos sem excepçao se prontificaram a ir comigo…

Um dos soldados do meu pelotão era o Manuel (o único açoreano da companhia); sofremos uma mina e na altura até pensamos que tinhamos tido sorte, pois “não tinha havido baixas”. Só demos pela falta do Manuel Açoreano, quando de manhã no rol de chamada o Manuel não respondeu e começamos a perguntar se alguém sabia onde ele estava. Foi nesse momento que alguém disse que a ultima vez que tinha visto o Manuel ele estava no Unimog que ia na coluna de socorro ao Zagalo e era o Unimog  que tinha ido pelos ares quando a mina rebentou. Conforme descrito e confirmado depois, ele havia sido "literalmenet pulverizado por uma mina" .

E sem querer estar a ensinar o Padre nosso ao vigário, pois é natural que até tenha sido isso a primeira coisa que fizeram: com certeza que há-de haver, nos arquivos das Forças Armadas, informação de todos os que foram vítimas das guerras ultramarinas… e informação de nomes completos, datas , unidades a que pertenciam etc. Com esses dados será depois muito mais fácil encontrar quem possa dar mais detalhes sobre esses nossos camaradas, cuja memória em boa hora vocês se propõem lembrar e honrar.

Se alguém me quiser contactar por favor usem o email e mandem-me o vosso contacto telefónico que eu terei muito gosto em lhes ligar; eu sei que para voçês ligarem para mim fica caro ( quando vou a Portugal tenho de estar sempre com cuidado ao ligar para fora…) mas por outro lado custa-me muito pouco ligar daqui dos USA para a Europa. Portanto, se quiserem,  e eu terei muito gosto, deem-me os vossos contactos telefônicos, eu sou pouco de “facebooks” e coisas assim. Quando tenho tempo (ainda ando sempre envolvido em coisas que me exigem muito tempo, basta fazer o Googgle com o meu nome e podem verificar o que digo) ainda vejo alguns blogues, como é o caso do nosso Luis Graça e camaradas da Guiné.  Mas fora disso,... só mesmo o telefone e email.

Entretanto, deixem-me dizer que foi uma surpresa muito gratificante saber da vossa iniciativa. E por isso é com admiração, direi mesmo gratidão,  que a todos envio um grande abraço.

João Crisóstomo
Alferes Miliciano, CCAÇ 1439

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2830: Aqueles que nem no caixão regressaram (4): O Açoriano, da CCAÇ 1439, desintegrado por uma mina (Henrique Matos)

(...) No dia 6 de Outubro de 1966 numa coluna [da CCAÇ 1439] que saiu do Enxalé para reabastecimento de Missirá (sorte minha, porque não foi a minha vez de a comandar) e no fatídico lugar de Mato Cão, o soldado Manuel Pacheco Pereira Júnior, mais conhecido pelo Açoriano pois era o único natural dos Açores naquela companhia que era de madeirenses, foi literalmenet pulverizado por uma mina A/C.

Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes. A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância. (...)

(...) Mas a tragédia não acaba aqui. A coluna foi descarregar a Missirá e regressou a abrir, isto é, o mais depressa que podia andar e sem picar. Então muito próximo do mesmo local outra mina A/C tirou a vida ao fur mil ranger António dos Santos Mano, que vinha ao lado do condutor mas com uma perna para o lado de fora do assento. E foi isso que lhe causou a morte, pois a perna foi decepada e não houve forma de o salvar. Nessa noite foi preciso acalmar muita gente no Enxalé,  pois a companhia, [a CCAÇ 1439,] só tinha tido uma baixa até essa ocasião e já ia a caminho de 15 meses de comissão. (...)



[Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439, Enxalé, Missirá e Porto Giole, 1965/67, foto à esquerda]

(...) De Bambadinca fomos para o Enxalé e daqui uns foram para Missirá e outros para Porto Gole. Eu fui para Missirá, no pelotão comandado pelo já falecido alferes [Luís] Zagallo. Na ocasião a morada no continente do alf Zagallo era na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. 

No dia 6 de outubro de 1966, por volta das 7 horas da manhã, íamos nós de Missirá a caminho do Enxalé em coluna com um jipe e um unimogue, íamos buscar alimentos e outros produtos pró pessoal. Depois de passar o cruzamento que dava para Finete, aproximadamente, 800 metros à frente havia uma poça d’água. O jipe que ia na frente desviou-se, nesse jipe ia o motorista, o alf Zagallo, o enfermeiro e mais dois soldados. A seguir ia o unimogue que não se desviou da poça d’água e aí rebentou a mina. Na frente, no unimogue, ia o furriel Mano, de pé, do lado esquerdo do condutor e ao lado deste mais 2 ou 3 soldados, na parte de trás. Nos bancos laterais onde eu ia, iam os bancos completos.

Rebentada a mina, eis que alguns de nós tal como eu, encontrámo-nos dentro daquela cratera, cheia de lodo e gasóleo. Nós, sem armas, os mais conscientes ainda conseguímos gatinhar para encontrar armas para nos defendermos de qualquer eventualidade, no meio de toda aquela gritaria, todos aqueles berros, os choros, todos aqueles, mortos e feridos... Apesar de tudo só ouvimos lá longe uma rajada de costureirinha, a querer dizer-nos algo sobre o que nos tinha acontecido...

Como não houve mais nenhuma reação, demos início à procura e recolha dos nossos mortos e feridos. Estes encontravam-se espalhados, quer no capim encharcado de cacimbo (orvalho noturno), quer nos destroços do unimogue que ficou virado em sentido contrário e retirado da cratera.

Ainda hoje me lembro de ter retirado um camarada nosso, pegá-lo por baixo dos braços e encostá-lo ao taipal para que outros o pusessem no chão. Era preciso retirá-los daquele sofrimento e acalmá-los e procurar todos os outros.

Entretanto o jipe onde ia o alf Zagallo volta para trá. Passado aquele tempo de possível reação [do IN ], entretanto, eu já tinha ido procurar os meus/nossos companheiros, quando fui ter com o alf Zagalo, e lhe disse onde estavam alguns dos nossos mortos e feridos, incluindo o furriel Mano, todo esventrado, esfacelado, só a carne dava sinais porque ainda estava quente. 

A partir daqui começamos a recolher os restos dos mortos, e a pô-los no fundo do jipe, por cima os feridos mais graves, a estes amarrámos ligaduras do enfermeiro para que não caíssem com o andamento do jipe, que ia transformado num autêntico carro de horrores.

Iniciada a marcha de retorno, esta na direção de Finete, fui eu, então a pé, desde o local da mina até Finete. A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente a Bambadinca. 

O comandante das tropas aí aquarteladas [, em Finete], depois de me ouvir, mandou 4 soldados [africanos] acompanharem-me até Bambadinca [, sede do batalhão,], para pedir socorro, mas ao mesmo tempo começam a emitir mensagens para o interior da bolanha no sentido de avisarem, a muita população que ali estava a trabalhar, que tinha rebentado uma mina ali perto. E estes, em debandada, encaminham-se para o rio Geba para fugirem para Bambadinca a bordo. Claro, das canoas, aí tive de pedir que retirassem cinco elementos da população para que eu e os meus quatro camaradas que me acompanhavam pudéssemos chegar ao batalhão que aí estava aquartelado [, em Bambadinca].

Dali fui pedir apoio a Bissau para virem os helicópteros, e também à minha companhia, CCAÇ 1439. Prá companhia fui eu que fiz o ponto da situação. Ali, o comando do batalhão fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação.

Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciámos a marcha de regresso a Finete em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros, e eu a sintonizá-los no meu rádio, eis que ouço um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passassem pela zona de Mato Cão, pois que o rebentamento ouvido instantes atrás podia ter a ver com a CCAÇ 1439 que vinha em nosso socorro. 

Infelizmente veio logo a seguir a confirmação dos pilotos dos hélios, que era verdade, a CCAÇ 1439 tinha tido no dia 6 de outubro de 1966 duas minas, as duas não muito longe uma da outra... Aí em Finete ainda consegui falar com os pilotos dos hélios, aquando das evacuações da 1ª mina, a quem pedi que comunicassem a Bissau a pedir evacuação rápida para o pessoal que estava em Mato Cão, na 2ª mina.

A quantidade de soldados mortos e feridos não sei ao certo, só procurando nos arquivos do BII 19, no Funchal. Digo eu, ou então o capitão, comandante da companhia, ou o alf Freitas ou o alf [João] Crisóstomo, ou o 1º [sargento] da secretaria ou o [1º cabo ] cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto. (...)


(***) Último poste da série > 12 de abril de  2016 > Guiné 63/74 - P15966: In Memoriam (252): Júlio Rafael Moreira Assis (1948-2016), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)