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segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24999: Boas Festas 2023/24 (13): António Reis, ex-1º cabo aux enf, Hospital Militar 241, Bissau (1966/68): Natal de 1967: Nós por cá todos bem... (António Reis, Avintes, V. N. Gaia, tabanqueiro, n.º 882)


Guiné > Bissau > Hospital Militar 241 > Natal de 1967 > "Foto que me foi oferecida pelo grande amigo  António Malheiro (natural de Lamego, vive no Porto)."

Com a devida vénia ao António Reis, ex-1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966-68, que passa a sentar-se à sombra do poilão da Tabanca Grande, no lugar nº 882.

Foto (e legenda): © António Reis (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Da págima no Facebook do António Reis, com data de ontem, às 17:17, reproduzimos a seguinte mensagem (que foi também partilhada na página da Tabanca Grande Luís Graça):

Feliz Natal!

Parecem estar quase todos com ar de quem não gostava de estar onde estavam. Mas 90 por cento estavam muito piores. Era a vida.

Votos de Feliz Natal para aqueles que conheci bem, como para mais de cerca de um milhão que por África passaram, incluindo as suas famílias, pois raro era aquela que lá não tinha um filho, um genro, um cunhado, um sobrinho, etc. 
   
Feliz Natal e Feliz Ano Novo, com muita saíude para toda a  gente. (*)
  
2. Comentário do editor LG:

O António Reis não integra ainda, formalmente,  e por lapso nosso, a nossa Tabanca Grande. Tem apenas cinco referências no nosso blogue. Mas é um dos nossos, um camarada da Guiné: foi 1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966-68, e é amigo do facebook da Tabanca Grande Luís Graça. (**)

Tem pelo menos dois livros publicados com as suas histórias e memórias, incluindo  "A minha jornada em África" (3ª edição agora aumentada e melhorada: Vila Nova de Gaia, Palavras & Rimas, 2015, 110 pp.).

Teve a gentileza de, na altura nos mandar 3 exemplares do seu livro.

Da sua página do seu Facebook, sabemos que o António Ramalho da Silva Reis, de seu nome completo:

(i) trabalhou como Eletrotécnico na empresa TLP - Telefones de Lisboa e Porto;

(i) andou na escola Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia;

(iii) vive em Vila Nova de Gaia;

(iv) nasceu em 28 de fevereiro de 1944, em Avintes, V. N. Gaia (a terra da famosa broa);

(v) é casado;

(vi) é seguido por 113 pessoas;

(vii) tem 205 amigos no Facebook, 25 dos quais em comum com a Tabanca Grande Luís Graça.

Por decisão nossa, e por direito próprio, passa a partir de hoje, dia de Natal, a sentar-se  à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 882 (***). (Falta-nos apenas um foto atual...).

Festas felizes para o António e um melhor Ano Novo de 2024.
____________

Notas do editor:

(*)  Último poste da série > 24 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24997: Boas Festas 2023/24 (12): Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887; José Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF e Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2548 / BCAÇ 2879

sábado, 22 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24497: Facebook..ando (31): Heróis dos anos 50 (António Reis, ex-1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966/68; natural de Avintes, V. N. Gaia)

1. O António Reis não integra formalmente a nossa Tabanca Grande. Tem apenas quatro referências no nosso blogue. Mas é um dos nossos, um  camarada da Guiné: foi 1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966-68. 

Tem pelo menos dois livros publicados com as suas histórias e memórias, incluindo0 aquelc cuja capa se reproduz abaixo (3ª edição agora aumentada e melhorada: "A minha jornada em África", Vila Nova de Gaia, Palavras & Rimas, 2015, 110 pp.). 

Teve a gentileza de, na altura.  nos mandar 3 exemplares do seu livro (*)

Da sua página do seu Facebook, sabemos que o António Ramalho da Silva Reis, de seu nome completo:

(i) trabalhou como Eletrotécnico na empresa TLP - Telefones de Lisboa e Porto; 

(i) andou na escola Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia; 

(iii) vive em Vila Nova de Gaia;

(iv) masceu em 28 de fevereiro de 1944, em Avintes, V. N. Gaia (a terra da famosa broa);
(v) é casado;

(vi) é seguido por 106 pessoas;

(vii) tem 18 amigos em comum com a Tabanca Grande Luís Graça.

Fica aqui o  convite para ele se sentar à sombra do poilão da Tabanca Grande, convite que já na devida altura foi feito por nós. Basta-nos uma foto atual e o seu endereço de e-mail.


Cápa do livro de António Reis, "A minha jornada em África" , 3ª ed. 
(Vila Nova de Gaia, Palavras & Rimas, 2015, 110 pp.). (*)


Com a devida vénia reproduzimos aqui duas postagens da sua pãgina do Facebook: 



Porto, rio Douro, ponte Dom Luís I.
Foto da página do facebook
 do António Reis (2023).
Com a devida vénia,,,
2. OS HERÓIS DOS ANOS 50

por António Reis (Facebook, quinta feira, 20 de julho de 2023, 11:15)


Em 1954, a minha escola tinha cerca de 40 alunos (só rapazes). Dois conseguiram chegar à 4ª classe, o Mário Sancho e o Isabelino.
 
Em 1955 éramos 4, eu, o Zé Bombeiro, o António Guedes e o Oliveira Santos.
 
Em 1956, centenas de miúdos com 12, 13 e 14 anos atravessavam a pé o tabuleiro de cima desta ponte, uns calçados, outros descalços. Um deles era eu.

Com as soletas enfiadas 
na cintura, só as calçava depois de ter 
atravessado a ponte, porque era proibido 
andar descalço no Porto, dava multa.

Profissão: moço de bate-chapas. | Local de trabalho: Campo 24 de Agosto. | Transporte: a pé, sempre a pé, cerca de 10 km, porque os moços ganhavam 5$00 diários e o meu transporte custava 3$30 para cada lado. Quer dizer que o que eu ganhava, não chegava para o transporte.

Horário: de segunda a sábado, das 8h às 17h. | O pior dia: sábado. Os moços não recebiam os 30$00  [ em meados de 1956, valeriam cerca de 16, 30 euros a preços atuais] e sem a limpeza feita, o que acontecia por volta das 19h (ainda conseguíamos chegar a casa antes da meia noite).
 
Quem não aguentava ia para moço de trolha. Eu fui para moço do Sr. Joaquim Bitangolo ganhar 11$00 diários
[ cerca de 6 euros a preços atuais, valor reportado a meados de 1956] e tive sorte, porque nunca o vi bater nos moços, o que era anormal.
 
E dizem que éramos alegres, felizes e contentes. Uma ova! Heróis e humildes sim, ou o Cardeal Cerejeira não tivesse dito a Salazar que o povo para ser humilde tinha que passar fome. (**)





Facebool > António Reis > Postagem de 21 de maio de 2023 > 

Antigamente havia uma canção que tinha na letra: "Ó Tono, ó Quim, ó Zé, se queres ser amigo vem à romaria". E então o Tono, o Quim e o Zé lá iam. Mas esta foto é de outra "romaria", e ai de nós que não fossemos a ela. Aqui os "foguetes" eram outros. Eu só os via e ouvia de longe, o Zé via-os em São Domingos, o Quim estava em Bissau mas ia a muitas "festas" destas (era Comando). Éramos 3 meninos a quem roubaram três ou quatro anos da nossa vida.

Saudades,  grande amigo Zé! Descansa em paz.

 

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24300: Convívios (959): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, levado a efeito no passado dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 7 de Maio de 2023:

No passado dia 30 de Abril a Companhia de Caçadores 414 realizou o 51.º convívio, 60.º aniversário do nosso regresso, cuja organização, da responsabilidade do camarada António Araújo, “O Paizinho” com a ajuda de sua filha (Carla) e da neta (Bárbara) teve lugar na linda vila de Arcozelo, Vila Nova de Gaia.

Deu-se o encontro pelas 10H30 junto à igreja Matriz onde foi celebrada missa pelos camaradas falecidos. Antes visitou-se a Capela de Santa Maria Adelaide, onde se encontra a santa em carne e, ao lado, o museu com as oferendas dos seus devotos.

Seguiu para o Restaurante New Life onde foi servido o almoço e dar largas ao convívio.

O ex-alferes miliciano Teixeira de Sousa deu as boas-vindas; fez-se a chamada dos falecidos a que todos responderam com um sonoro “PRESENTE”; muitas perguntas por este e por aquele que por motivos vários não compareceram e por fim o aprazível repasto condimentado com as infalíveis lembranças e gargalhadas.

Terminou com os normais abraços de despedida e um “ATÉ AO ANO”.

Um abraço para a Tabanca Grande e os meus agradecimentos.
Manuel Castro


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Notas do editor

Vd. poste de 10 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24213: Convívios (954): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, a levar a efeito no próximo dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

Último poste da série de 7 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24294: Convívios (958): 33.º Convívio do pessoal do BCAÇ 2884, dia 3 de Junho de 2023, em Fátima e Maxieira (Manuel Resende, ex-Alf Mil)

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24213: Convívios (954): 51.º Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 414, a levar a efeito no próximo dia 30 de Abril de 2023 em Arcozelo, Vila Nova de Gaia (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 9 de Abril de 2023:

Boa Páscoa caro camarada,
No próximo dia 30 de Abril, os ex-combatentes da Companhia de Caçadores 414 fazem o seu 51.º convívio, cujo início teve lugar, na praia de Lavadores, em Vila Nova de Gaia, no 5.º ano após a chegada à unidade que os mobilizou, BC10 em Chaves, no dia 6 de Maio de 1965.

Para conhecimento dos nossos tabanqueiros, junto o respectivo convite que agradeço a amável publicação.

Os meus melhores cumprimentos.
Manuel Castro


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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24163: Convívios (953): 38.º Encontro Nacional dos ex-Oficiais, Sargentos e Praças do BENG 447 (Brá-Guiné), dia 20 de Maio de 2023 no Restaurante Cortiço - Tornada - Caldas da Rainha (Lima Ferreira, ex-Fur Mil)

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19139: Efemérides (294): Há 49 anos, neste dia 24 de Outubro, no RAP 2, soube que estava mobilizado para a Guiné (António Tavares, ex-Fur Mil SAM)

Porta de Armas do Quartel da Serra do Pilar - Rua Rodrigues de Freitas


1. Mensagem do nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil SAM da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), com data de 25 de Outubro de 2018:

Camarigos,
Há 49 anos neste dia 24 de Outubro soube que estava mobilizado para a Guiné. Era o meu dia de “Casamento” com o Teatro de Operações do Comando Territorial Independente da Guiné.

A proclamação foi publicada na Ordem de Serviço n.º 250 de 24.10.1969 do RAP 2, que transcrevo:

Nomeação de pessoal para o Ultramar
- Que segundo nota n.º 52400, Pº. 6/4 - HC de 13.10.1969 da RSP/DSP/ME, o pessoal abaixo indicado foi nomeado para servir no Ultramar nos termos da alínea c) do Art.º 3.º do Dec. 42937 de 22/4/60
BCaç.2912/C.Caç.2699, 2700 e 2701/RI 2
B. Caç.2912
ALIMENTAÇÃO – RI 2/RAP 2 ANTÓNIO CARLOS S. TAVARES – 2989/69 – NM 03175469.  

Ao longo dos anos outros nomes e números foram escritos em Ordens de Serviço. Com certeza só a alínea c) do Art.º 3.º do Dec. 42937 de 22/4/60 era comum e aterradora para um jovem em idade militar.

O Quartel de Vila Nova de Gaia – RAP 2 – viu partir milhares de jovens para a Guerra Colonial.
Recebia os Soldados de toda a região Norte mortos no Ultramar.

Nos três meses que estive no RAP 2 vi partir e regressar muitos militares.
Não sei qual o momento mais emotivo a que assisti. A partida era uma incógnita para o desconhecido… Para a Guerra!
Os familiares acompanhavam os militares até aos cais de embarque: Estação das Devesas ou um Cais Marítimo de Lisboa.
A chegada talvez fosse mais emotiva ao receber os Heróis do Ultramar.

As ruas de Rodrigues de Freitas e dos Polacos enchiam-se de pessoas. Estas, quando avistavam os camiões da coluna auto, que transportavam os regressados militares, gritavam e choravam de emoção a chamar os familiares que estiveram na guerra durante dois e até mais anos.
As barreiras colocadas no perímetro da Porta de Armas facilmente eram derrubadas pelo mar de gente.

 Rua dos Polacos

Os Comandos do quartel davam ordens para os militares, que faziam a segurança, recolherem ao quartel. Assim aconteceu com o meu pelotão.

Para todos uma infinidade de tempo decorria entre os períodos em que o militar entrava no RAP 2 e o que abraçava a família.
Militar que regressava diferente do Homem que tinha partido.
A chamada Peluda ficava para uns meses mais tarde.

O Quartel da Serra do Pilar ao longo dos anos teve vários nomes, a saber:
- Maio 1889 a 1897 – Brigada de Artilharia de Montanha;
- 1897 a 1911 – Baterias Destacadas do RA6, RA4 e RA5;
- 1911 a 1926 – Regimento de Artilharia n.º 6;
- 1926 a 1927 – Regimento de Artilharia n.º 5;
- 1927 a 1939 – Regimento de Artilharia Ligeira n.º 5;
- 1939 a 1975 – Regimento de Artilharia Pesada n.º 2;
- 1975 a 1993 – Regimento de Artilharia da Serra do Pilar;
- 1993 a Julho 2014 – Regimento de Artilharia n.º 5 e
- a partir de Agosto de 2014 - Quartel da Serra do Pilar.

Um Quartel onde assentaram Praça gerações familiares talvez predestinadas para a arma de Artilharia.

 Obuses na Parada General Torres

“ E AQUELES QUE POR OBRAS VALOROSAS SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO” 
Monumento aos Mortos na Guerra Colonial na Parada General Torres. 
O General Torres foi o 1.º Comandante da Fortaleza da Serra do Pilar.

 
A Caserna dos Polacos da Serra que se distinguiram durante a Guerra Civil (entre as tropas de D. Miguel e D. Pedro IV) e o Cerco Porto (entre Julho de 1832 e Agosto de 1833)

 Monumento na Parada General Torres, evocativo das Invasões Francesas

A minha despedida do Quartel de Galomaro, nas matas do Leste do Teatro de Operações do Comando Territorial Independente da Guiné, em Março de 1972.

Abraço do
António Tavares
Foz do Douro, Quarta-feira 24 de Outubro de 2018
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19135: Efemérides (293): Homenagem aos paraquedistas que completaram 50 anos de brevet (1968-2018): Tancos, 27 de setembro de 2018 (Jaime Bonifácio Marques da Silva, ex-alf mil pára, 1ª CCP/BCP 21, Angola, 1970/72)

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18168: Manuscrito(s) (Luís Graça) (136): testamento vital















Portugal > Vila Nova de Gaia > Canidelo > Praia de Salgueiros > Restaurante Mar à Vista > Av. Beira Mar, 1143 > 21 de dezembro de 2017 > Entre as 17h45 e as 17h53 > Adorador do sol, me confesso. O último pôr do sol que fotografei o ano passado...  Por sorte ía um navio a passar ao largo, possivelmente saído do porto de Leixões, quando o sol já  se punha na linha do horizonte... 

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]


1. O passadiço marítimo Gaia-Espinho é um dos encantos do sítio (Madalena) aonde eu vou passar o Natal, o Ano Novo e a Páscoa... Confesso que não sei qual é a sequência das praias, a contar da Foz do Douro... Só conheço duas ou três: Lavadores. Salgueiros, Madalena, Valadares... Mas para mim é tudo praia da Madalena... que ficou tristemente famosa por, em 1988, vai agora fazer 30 anos, um gigantesco navio porta-carros, japonês, lá ter encalhado  (e naufragado) com um carregamento de 5400 Toyotas!... Foi um dos maiores desastres ecológicos na nossa costa!...Durante anos deixei de lá pôr os pés, desgostoso... 

Mas hoje nunca perco a oportunidade de lá voltar e ir fotografar o pôr-do-sol, especialmente no fim do ano... além de dar uma passeata e dois dedos de conversa com os/as amigos/as... Este ano sairam-me estas fotos que mereciam uma legenda poética, que fica por fazer... Enfim, fui rebuscar os meus escritos do verão passado. Achei que este ("Testamemto vital") era apropriado... LG

Testamento vital

por Luís Graça

Confesso que sou um adorador do sol,
venero o sol como um deus,
devo a vida ao sol.
Perturbam-me os eclipses, totais ou parciais, do sol.
Extasio-me com o pôr-do-sol, e não tanto com o nascer.
Sei que o sol é um dado adquirido,

conto com ele todas as manhãs, ao acordar,
mesmo em dias de céu nublado,
mas um dia, daqui a alguns milhões de anos,
o sol apagar-se-á. 
Ou implodirá.

Pensava-o imortal:
quando descobri, aos catorze ou quinze anos,
que um dia o sol iria morrer,
tornei-me ateu (ou, talvez melhor, agnóstico,

ou talvez nem isso: 
tive muito simplesmente a minha primeira crise existencial).

Nunca liguei ao sol na Guiné,

na minha segunda crise existencial.
Ou melhor: odiei-o, com um ódio de morte.
Não tinha o mar, no interior, no mato,
para me deslumbrar com o pôr-do-sol.
Além disso, detestava o sol porque havia guerra,
e penosas operações que nos levavam 

à insolação, à desidratação
e, "in limine", à morte.

Odiei o sol da Guiné,
razão por que sempre preferi a noite.
Dormia de dia, sempre que podia.
E, quando eu morrer, 

se eu ainda puder decidir
(, isto é, escolher onde e quando...),
pois então eu peço para morrer 

ao pôr-do-sol, 
frente ao mar da minha infância...

Não, ainda não escrevi o meu testamento vital,
mas espero ainda ir a tempo de o fazer

e de lá pôr essa cláusula:

“Minha querida Chita,
não posso morrer na tua/nossa Quinta de Candoz,
onde o sol se põe às cinco da tarde,
emparedado pelas montanhas...

"Como um dia te escrevi,
em 8 de setembro de 2008,
na Praia da Peralta:

"(...) Posso gostar das tuas montanhas
e das tuas albufeiras
e das tuas florestas de castanheiros e carvalhos,
da gente rude e franca do teu norte,
mas preciso de regressar ao meu sul,
de vez em quando,
para respirar como as baleias" (...)

Praia da Areia Branca, 
Lourinhã, 22 de agosto de 2017.

In: Cancioneiro de Candoz (1999-2017), 3ª ed. revista e aumentada, 2017, pp. 43-44.
______________

Nota do editor

Último poste da série > 1 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18162: Manuscrito(s) (Luís Graça) (135): Bons augúrios para 2018!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17840: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (45): Questões de sangue

Vista a partir da Serra do Pilar
Foto: © Dina Vinhal

1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 29 de Setembro de 2017:

Caros amigos,
Junto nova história verídica que poderá ser incluída na série de "Memórias boas da minha guerra".
Informo que os nomes de pessoas e lugares tiveram que ser alterados devido à exigência do personagem principal.

Abraço
José Ferreira Silva da Cart 1689


Memórias boas da minha guerra

45 - Questões de sangue

No início de Janeiro de 1967, vindos de todo o país e em especial da zona norte, chegavam ao RAP 2 - Serra do Pilar, os seiscentos e tal militares, tidos como preparados para seguirem para a Guerra do Ultramar. Vinham formar o BART 1913 - Batalhão de Artilharia 1913 - que se destinava a cumprir uma Comissão de Serviço Militar na guerra, no CTI da Guiné.

Não fora o facto de ter acabado de frequentar o curso de “Rangers” em Lamego - o que me ligou logo à mobilização - e eu poderia sentir-me satisfeito por continuar a cumprir o serviço militar no norte (depois do GACA 3, de Espinho). Efectivamente, depois de uma razoável classificação no Curso de Vendas Novas (o primeiro sobre guerra subversiva), fui atendido nessas “minhas preferências” então registadas: Espinho, Gaia ou Porto. O que eu não sonhava era que esse pretenso percurso me levaria até à Guiné.

Ao contrário das outras chegadas a novo quartel, desta vez eram evidentes os rostos mudos, carregados de tristeza, apatia e resignação. Entravam cabisbaixos, fixando o chão cinzento-escuro dos gastos paralelos de granito enquanto deambulavam por toda a calçada, na subida até ao pavilhão central onde funcionava a recepção Assumiam, assim, o doloroso papel de “condenados”.
Foi ali que, partindo do zero, nos fomos agrupando em Secções, Pelotões, Companhias, formando o Batalhão. Assim, apareceram as respectivas formaturas, dando início à última e decisiva preparação para a guerra. Claro que reencontrámos alguns camaradas já conhecidos em quartéis anteriores, mas muito poucos a seguirem o mesmo percurso. Uma coisa era certa: iríamos todos para a Guiné.

Da Serra do Pilar, desfrutávamos de vistas deslumbrantes em redor, em especial sobre a cidade do Porto e, planando o olhar, sobre o Rio Douro e sua foz. Agora, nos tempos livres, saíamos dali na esperança de saborearmos mais de perto os encantos daquela lindíssima e secular região portuense. Talvez por isso, era notória a movimentação dos militares a aproveitarem a sua passagem por ali. Em poucos minutos, eles afastavam-se, ansiosos, para contactos novos, pontuais ou não, parecendo quererem absorver conhecimentos, divertimento e os prazeres tripeiros.
Ao fim de uns dias, já havia verdadeiros apaixonados pelo “Puârto”, carago! As paisagens, os petiscos, a linguagem, a franca maneira de ser dos tripeiros, as “gajas” sérias e as outras - as “donzelas” - e, até, os “gajos” porreiros, eram razões mais que suficientes para encantar aquela saudável juventude. Embora eu passasse muitas noites fora dali, uma vez que me deslocava para casa (em Fiães, da Feira) a cerca de 20 quilómetros, tive a oportunidade de conhecer peripécias interessantes e de testemunhar algumas lindas histórias de amor.

Nas minhas histórias acerca desta malta, já destaquei a história do rapaz que casou com a prima empregada nos Caldeireiros (O rapaz do “sorriso parvo”) - https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/07/guine-6374-p16268-memorias-boas-da.html, referi o caso do Mirandela que se apaixonou pela “donzela” que trabalhava junto ao largo da Cadeia (“Deixem-nos trabalhar”) - https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/09/guine-6374-p12031-memorias-boas-da.html, os engates do Miranda, de Amarante, junto do Café Mucaba e o namoro do Silva “a calcantes” desde a Ponte D. Luís até Gervide, (Cegueira e religião) - https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2010/09/guine-6374-p6951-memorias-boas-da-minha.html.
Todavia, terei que contar ainda a história do Armindo Baptista, um alentejano de nascença e coração, mas um nortenho de sangue e de grande ligação. Seus pais, funcionários públicos, oriundos do Minho, acabaram por assentar em Beja, onde ainda residem, perto dos dois filhos e seus quatro netos.
Desde miúdo, apercebeu-se de que o sotaque de seus pais diferia do dos seus vizinhos. A par disso, notava também que eles se ligavam facilmente com toda a gente e que se predispunham muito no âmbito social e religioso. E ouvia os vizinhos dizerem:
- Eles são de sangue nortenho. São mais activos.

O Armindo cresceu, estudou e fez-se um rapagão, rodeado de alentejanos, com quem cimentou grandes amizades. Mas, sempre que ia ao norte visitar os avós, trazia o seu ego reforçado pelo que via, ouvia e sentia. Ele até aprofundava ali os seus conhecimentos históricos e sentia-se cada vez mais integrado no mundo dos nossos heróis, especialmente dos que nasceram e viveram no mesmo espaço que os seus parentes mais chegados. Sentia um orgulho enorme nessa ligação nortenha e estava sempre atento a tudo que ouvia desses lados, incluindo as notícias dos sucessos do F. C. do Porto.
Apesar de sentir a aproximação das miúdas mais lindas do Alentejo, parecia que via sempre nelas uma pequena sombra de sua mãe, a mostrar-lhe a energia que lhe sobrava e que não vislumbrava nessas belas alentejanas. Chegou à tropa sem compromisso amoroso e, agora, com 23 anos, na hora da partida para a Guiné, nem endereço levava para fazer uma madrinha de guerra.
Esteve na recruta das Caldas da Rainha e rumou para Tavira, para tirar a especialidade. Seguiu para Tancos, onde tirou o Curso de Minas e Armadilhas. Com esta última formação, ficou mobilizado e foi chamado para o RAP 2 - Gaia, para integrar a CART 1687, do nosso BART 1913, acima referido.

À saída da Porta de Armas do RAP 2, surgia logo de frente na Rua dos Polacos, um tasco/mercearia típico (o “Faca Afiada”), gerido pela família Moreira. Penso que todos os tropas que passaram pela Serra do Pilar visitaram esse tasco. Lá existia um grande balcão, interrompido por uma divisória, provocando uma zona mais reservada, onde se serviam alguns petiscos, se bebia e se faziam algumas ”jogatanas”. Passei por lá várias vezes, para tomar o último “reforço vitamínico”, antes de passar a Porta de Armas. E sempre encontrava lá o Armindo, conversando com os derradeiros clientes, nos intervalos de um quase contínuo assédio à moreninha que tanto ajudava os pais.

Logo nos primeiros dias de RAP 2, testemunhámos a presença de dois militares, regressados de rendição individual, que vinham fazer o espólio. Passavam o tempo todo no tasco “Faca afiada”. Um, o Jorge Ribatejano, era Furriel dos Comandos e exorbitava as suas façanhas guerreiras, fazendo relatos medonhos que nos assustavam. Exibia o seu corpanzil de pegador de touros, assumindo a sua superioridade e valentia, bem aproveitadas na preparação especial de Comando e nos seus relatos de heroicidade. O outro, o Furriel Carlos Barroso, negro, também estivera em Angola, onde não se encontraram e preparava-se para regressar à sua terra natal - a Guiné.

Não se sabia quem bebia mais. Mas notava-se que o álcool “atacava” mais o Comando. Este, farto de se exibir na sua aludida “matança de turras”, entrava agora no campo da provocação ao negro da Guiné:
- Os pretos são uns cobardes. Não valem um caralho!
O Barroso respondeu-lhe:
- Somos todos iguais. Somos todos portugueses e temos todos o sangue igual.
Irritado, o Jorge, eleva a voz:
- O caralho, é que é igual.

Pega no copo do brandy, bebe tudo de um gole, trinca as bordas do copo, estende o braço esquerdo de manga arregaçada e com o copo estalado e agarrado ao contrário pela mão direita, esfrega-o longitudinalmente pelo braço, provocando lanhos na carne, que já sangrava e grita:
- Estás a ver o que é o sangue e a coragem de um branco?
O Barroso, ferido no seu orgulho, tira-lhe o copo da mão e faz o mesmo no seu braço:
- Estás a ver, seu caralho? Onde está a diferença?

Quando cheguei ao tasco, já eles estavam quase apáticos, sentados e encostados à parede, com os braços feridos, encobertos por um pano meio ensanguentado. Por sua vez, o Armindo, aproveitava para assumir um papel de moralizador, muito do agrado do Senhor Moreira e da sua filha moreninha, a quem ele queria impressionar.
Pois, o Armindo ficou preso à Leonor, logo que a viu pela primeira vez. Passava ali todo o tempo disponível, enquanto estivemos aquartelados no RAP 2. Em pouco tempo, todos os militares ficaram a saber que a Leonor do “Faca Afiada” estava inacessível e presa a um Cabo Miliciano que não saía de lá.

Saímos da Serra do Pilar em direcção a Viana do Castelo, de onde seguiríamos para a Guiné, em finais de Abril. Com este afastamento, acentuou-se o amor do Armindo e da Leonor, provocando uma inesperada paixão que os fazia sofrer diariamente. Contra toda a lógica e expectativas, resolveram casar a escassos dias da partida dele para a guerra. Creio que poucos acreditavam no sucesso dessa ligação, com alguns prenúncios de loucura e fatalidade.

Pouco convivemos na Guiné. A minha companhia saiu do barco Uíge, fundeado ao largo de Bissau, seguindo directamente em barcaça para Bambadinca, enquanto o Batalhão ficou sediado em Catió. O Armindo pertencia à Cart 1687, que se fixou em Cufar, após uma passagem pelo Cachil. Quando estivemos em Catió, vindos do norte, fizemos várias operações militares com passagem por Cufar. Ali convivemos pontualmente e recordámos algumas ligações anteriores. Porém, era evidente que o Armindo acusava um estado bastante sorumbático e cansado. Parece que passou grande parte do tempo afastado das operações, justificando-se com doença e deslocações a Bissau. Sempre pensei que esta relação se iria desvanecer. Com tristeza minha, porque nutri bastante simpatia pelo casal, especialmente pelo Armindo.

Alguns amigos bem conhecidos no nosso Batalhão

No dia 29 de Abril de 2017, participei no Convívio do 50.º aniversário da partida do nosso Batalhão para a Guiné. Teria que ser o mesmo local - a lindíssima e simpática cidade de Viana do Castelo. Quando estávamos dentro do quartel, do Castelo, precisamente no largo onde fora a Parada das tropas, vejo o Francisco Machado (O Chico d’Alcantara) - https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/02/guine-6374-p7710-memorias-boas-da-minha.html, a “puxar “ um casal, ao mesmo tempo que dizia:
- Ó Silva, olha aqui o Armindo.
- Qual Armindo? - perguntei.
A Senhora avançou:
- O Armindo que casou com a moreninha do “Faca Afiada”?

Que surpresa agradável! E mais agradável se tornou, à medida que eles iam contando a sua vida deste meio século e aparentando uma felicidade imensa.

Quando me afastei do Convívio, aproveitei para dar uma última olhadela ao baile onde o Armindo e a Leonor dançavam sem cessar.

Nota: - Das conversas que trocámos nesse dia, fiquei a saber que o Armindo perdera o rasto do Comando que trincava o copo de brandy, mas mantivera uma boa relação com o Carlos Barroso, que veio, muito mais tarde, a desempenhar um alto cargo na estrutura do Estado da Guiné-Bissau.
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Nota do editor CV:

Último poste da série de 13 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17462: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (44): O Zé Manel dos Cabritos e a mula transexual

sábado, 3 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16796: Blogoterapia (284): De Lisboa a Gaia para levar um abraço ao Zé Ferreira da Silva, autor das "Memórias Boas da Minha Guerra" (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto, CCS/BCAÇ 3772, Galomaro, 1971/74)



1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", com data de 25 de Novembro de 2016, falando da sua vinda a Vila Nova de Gaia para assistir ao lançamento do livro, da autoria do outro nosso camarada José Ferreira, "Memórias Boas da Minha Guerra".

Juvenal Amado
Levantei-me e tomei um comprimido para a tensão arterial (coisas da idade) enquanto preparava o pequeno almoço. Estava excitado e algo preocupado pela jornada que se aproximava. Sou um provinciano e tomar os transportes públicos em Lisboa ou arredores, ainda é confuso para mim.

Tinha resolvido ir ao lançamento do livro do José Ferreira de comboio e, para isso, começava por apanhar o metropolitano na Reboleira, que me levará a Santa Apolónia, para seguidamente no Alfa Pendular rumar até às Devesa, em Gaia.

Pelas 8 e 10 depois de carregar o cartão (uma modernice) que me dá o direito a viajar no Metro, tomo lugar no mesmo. Não tem ainda muita gente, facto que vem a acontecer duas paragens após, onde a composição ficou a abarrotar, a ponto de ficarem dezenas de utentes no cais sem terem lugar. Tinham assim que esperar por outro ou outros comboios. A Jornada de trabalho começa cedo e acaba bem para lá da hora de expediente, se contarmos o tempo despendido em transportes.

Aproveitei para apreciar o ambiente, onde se comprimia gente de todas idades cores. Haverá sempre quem usa os inconvenientes para se divertir, às tantas, uma jovem com cabelo à Angela Davis (activista negra pelos direitos cívicos dos negros americanos dos anos 60) dando largas a um humor muito urbano, diz alto e bom som: “dispam-se já todos para arranjarmos lugar para mais um”. Íamos todos tão comprimidos que, só facto de tirarmos a roupa se arranjaria mais um lugar. Alguns riram-se, outros mantiveram o rosto fechado, pois entenderam que a situação não tinha graça nenhuma, ou que era hora imprópria para boa disposição.

Após os Restauradores, foi notória a diminuição do fluxo de utentes e, depois da Praça do Comércio, já só ia uma dúzia, se tanto, de pessoas que saíram comigo na estação. Subi o mais rapidamente as escadas e dirigi-me às bilheteiras. Fui recebido por uma jovem e simpática funcionária, com um sorriso a lembrar outros tempos, que para além de vender o dito bilhete, me explicou como devia proceder para fazer a ligação para a estação do Oriente, pois só lá é que tomaria o bendito Alfa.

Correu tudo como previsto. Duas horas e meia depois desembarcava em Gaia. Estava um dia maravilhoso com uma leve aragem fresca, que não incomodava, e rapidamente cheguei à rampa do Mosteiro da Virgem do Pilar, do lado do miradouro, que não conhecia embora tenha estado no RI6 aquando do meu serviço militar.

Fiquei maravilhado com o Douro e as duas margens, os barcos de turismo, o trânsito na ponte Luís I e o jardim circundante onde “rapazes da minha idade” jogavam às cartas em vários grupos. Razão tem a canção onde o Rui Veloso canta as palavras de Carlos Tê, pois depara-se com um cenário grandioso e majestoso.

Porto Sentido

Quem vem e atravessa o rio 
 junto à serra do Pilar,  
vê um velho casario 
que se estende até ao mar.

Quem te vê ao vir da ponte,
és cascata, são-joanina,
dirigida sobre um monte 
no meio da neblina.

Mas eu não estava ali só para apreciar as vistas. O tempo voou.

Acabei por dar de caras com os irmão Carvalho (o António o Manuel) e o Francisco Baptista, que depois dos abraços do costume, fizemo-nos ao caminho para no quartel assistir à cerimónia, dar um abraço ao José Ferreira e felicitá-lo pelas suas estórias de que sou incondicional admirador.

A sessão foi o que se esperava com a devida pompa e circunstância, o Zé no uso da palavra, acabou por nos fazer rir com pequenas estórias ao falar dos intervenientes a que ele deu vida nas páginas do seu livro e que passam por isso a co-autores.

Foi um dia bem passado e, de regresso à Reboleira,  já passava da meia-noite, estava cansado, mas valeu a pena ir de Lisboa a Gaia, só para levar um abraço ao Zé.

Quanto ao livro é para saborear.

No dia 17 de Dezembro vai haver festa novamente, pois os livros são sempre uma festa, e o do Zé é de arromba.

Um abraço para todos
JA






Fotos: © Juvenal Amado
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16773: Blogoterapia (283): Memórias que me acompanham (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16626: Agenda cultural (508): No passado dia 14 de Outubro de 2016, no Salão Nobre do Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, realizou-se a sessão de apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva

Foto: © Jorge Portojo, com a devida vénia.


No passado dia 14 de Outubro de 2016, no Salão Nobre do Quartel da Serra do Pilar (ex-RAP 2), em Vila Nova de Gaia, realizou-se a sessão de apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69). A cerimónia foi presidida pelo Senhor Coronel Rui Ribeiro, Comandante daquela Unidade.

A  Mesa era composta por: Edgar Maia, em representação da Chiado Editora; Coronel Rui Ribeiro, Comandante do Quartel da Serra do Pilar; General Art.ª Manuel de Azevedo Moreira Maia, ex-CMDT da CART 1689; Carlos Vinhal, co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, em substituição do apresentador do livro, Dr. Alberto Branquinho, ausente por motivos de força maior; e José Ferreira, autor do livro.

Deu início aos trabalhos, que decorreram de forma muito informal, ou não estivéssemos entre camaradas e amigos, o Autor José Ferreira, que começou por agradecer ao Comandante da Unidade, senhor Coronel Rui Ribeiro, a sua hospitalidade, e a quem deu a palavra.

O Comandante do Quartel da Serra do Pilar, Coronel Rui Ribeiro

Retivemos das palavras do senhor Coronel Rui Ribeiro, o prazer que aquela Unidade tinha em receber os antigos Combatentes dali saídos em missão de soberania para o antigo Ultramar, especialmente para uma sessão de lançamento de um livro de memórias da autoria de alguém que combateu, respondendo ao chamamento de Portugal.

Seguiu-se uma intervenção do senhor Edgar Maia que representava a Chiado Editora, que salientou a disponibilidade da sua Editora para dar a conhecer livros da autoria dos Combatentes da Guerra do Ultramar, uma forma de literatura que deve ser divulgada e acarinhada.

O representante da Chiado Editora, Edgar Maia, no uso da palavra.

Na ausência do camarada Alberto Branquinho, por motivos imponderáveis, coube ao co-editor deste Blogue, Carlos Vinhal, ler o texto que o Branquinho havia preparado, metendo pelo meio algumas achegas para também dar o seu cunho pessoal, e não ser só um mero leitor. 

O Branquinho começa por dizer como conheceu o Ranger Silva, em Lamego, sem saber que iriam juntos para a Guiné e muito menos na mesma Companhia.
Faz seguidamente uma apreciação à chamada literatura da Guerra Colonial, na qual, de acordo com a sua opinião, se insere este livro. Volta ao autor, explicou como o incentivou a escrever para o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné a sua primeira história, "Bife à Dunane", e mais tarde a publicar um livro, este.
De uma forma original enumera umas quantas histórias que fazem parte do livro, apresentando dois ou três parágrafos, deixando o resto à curiosidade dos leitores.
Não esquece a história "O Chico do Palácio", o nosso Chico, como refere Branquinho, o primeiro militar da Companhia morto na guerra.

Termina o texto com um novo incentivo ao autor José Ferreira, para que continue a publicar no Blogue e faça uma selecção doutros textos que, não sendo divertidos, como os da série "Outras Memórias da Minha Guerra", merecem ser divulgados também em livro.

Por sua vez, Carlos Vinhal terminou dizendo que as histórias publicadas pelo Silva da CART 1689 no seu livro "Memórias Boas da Minha Guerra", assim como as publicadas no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, são o espelho da sua maneira de ser e de como vê o seu semelhante, sem filtros e com verdade, tendo ainda a capacidade nata para o retratar com as palavras certas.
E que venha o segundo livro, agora baseado nas "Outras Memórias", estas bem mais duras, mais tristes, porque são as da guerra-guerra, como diria o camarada Branquinho.

O co-editor deste Blogue, Carlos Vinhal, apresentando o texto do camarada Alberto Branquinho, a pedido deste.

Tomou depois a palavra o Autor José Ferreira que, de improviso, falou do seu livro, das histórias nele contidas, originalmente publicadas no nosso Blogue, dos incentivos  que recebeu para se abalançar nesta aventura, e na alegria que sentia por se ver ali rodeado pelos seus familiares, amigos e camaradas, destacando a presença do "seu Capitão" Manuel Azevedo Maia.
Agradeceu à sua família a compreensão e ajuda que deu nas diversas vertentes para que o seu livro fosse uma realidade. Projectos como estes um homem só não leva a bom porto.
A intervenção do José Ferreira teve de tudo, momentos de boa disposição, hilariantes mesmo, e outros de comoção, ambos contagiantes que não deixaram ninguém indiferente. Os presentes riram a bom rir, mas também engoliram em seco quando as palavras calavam fundo.

O autor José Ferreira num momento contagiante de alegria. Talvez estivesse a falar da "Cabra do Berguinhas".

Seguiu-se o depoimento do senhor General Manuel Moreira Maia, que enquanto Cap Art.ª, comandou a CART 1689.
Começou por agradecer o convite do autor para ali estar, lembrando os tempos vividos na Guiné, os bravos homens que comandou e nunca esqueceu, especialmente aqueles que morreram.
Contou peripécias, boas e más, e riu-se de algumas das histórias publicadas, que desconhecia, aproveitando também para desfazer antigos equívocos.

O senhor General Manuel Moreira Maia, ex-Comandante da CART 1689, quando se dirigia aos presentes. 

Um abraço sentido entre velhos camaradas de armas, o Furriel Miliciano José Ferreira e o seu Capitão Maia.

Uma surpresa estava ainda reservada ao Zé de Catió.
O Bando do Café Progresso, grupo a que o José Ferreira também pertence, estava largamente representada no Quartel da Serra do Pilar. Um dos Bandalhos, o nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo), tinha um texto para ser lido se fosse oportuno. E foi, não pelo Jorge Teixeira, autor do texto, mas pelo outro Jorge Teixeira, o mais Bandalho do Bando, porque dele é o Chefe.
Aqui fica o registo fotográfico.

Jorge Teixeira lendo o texto do Jorge Teixeira (Portojo), uma singela homenagem ao homem do dia.

Terminadas as alocuções, ainda no Salão Nobre, seguiu-se a sessão de autógrafos, devidamente supervisionada pelas 3 netas e neto do nosso camarada José, num dia particularmente feliz.

Fotos:© Dina Vinhal

Era este o aspecto do Salão Nobre do Quartel da Serra do Pilar
Foto: © Carlos Vinhal

Finalmente, numa sala anexa ao Salão Nobre, foi servido um Porto de Honra aos presentes, oferecido pelo José Ferreira. Já libertos do cumprimento do silêncio exigido antes, foram trocadas memórias de tempos idos, comuns a quase todos.

Foto: © Jorge Portojo, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16610: Agenda cultural (501): No passado dia 13 de Outubro, integrada na série Tertúlias Fim do Império, na Messe Militar do Porto, sita na Praça da Batalha, no Porto, foi apresentado o livro "A Batalha de Cufar Nalu" da autoria do nosso camarada Manuel Luís Lomba, que foi Furriel Miliciano na Companhia de Cavalaria 703 (Guiné, 1964/66)