sábado, 19 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5504: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (13): Várias mensagens da tertúlia - II (Editores)

Reproduzimos mais 10 mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico.

Os editores retribuem e agradecem.



1. Mensagem de António Paiva com data de 13 de Dezembro de 2009:

Camaradas,
A todos desejo um FELIZ E SANTO NATAL, na companhia de Vossas famílias.
Ficamos esperando que 2010, nos traga mais alegrias que tristezas.
Aí vos mando uma ternura de NATAL.

Um abraço
António Paiva



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2. Mensagem de Joaquim Mexia Alves com data de 14 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos, meu camarigo
Com os desejos de um Santo Natal e um Ano Novo cheio das bençãos de Deus, para ti e todos os teus, convido-te a acederes ao meu blogue para leres um conto de Natal, um hábito que tenho desde há uns anos a esta parte.

http://www.queeaverdade.blogspot.com

Isto do meu blogue não é segredo nenhum, só não falo mais dele na Tabanca porque não é tema da Tabanca, mas tenho muito gosto em que o visitem e conheçam melhor a minha vida.

Abraço amigo do
Joaquim Mexia Alves

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3. Mensagem de Albino Silva com data de 17 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal e todos os Tertulianos.
Quero aqui deixar Votos de Um Santo Natal e um Ano Novo com muitas coisas na nossa Tabanca.
Brevemente enviarei coisas novas também.
BOAS FESTAS ...
Albino Silva

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4. Mensagem de Idálio Reis com data de 18 de Dezembro de 2009:

Aos velhos companheiros, que num outro tempo, partilharam comigo o serviço militar por terras ardentes da Guiné, ao manifestar-lhes uma d(o)uradoira amizade, faço votos que no seio dos seus entes mais queridos, usufruam de um feliz Natal.

Um grande abraço do
Idálio Reis



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5. Mensagem de Jorge Félix com data de 18 de Dezembro de 2009:

Caríssimos,
Aproveito os endereços para agradecer e encaminhar Votos de um Ano de 2010, (quem pensava chegar cá?), recheado de alegrias e saúde.

Com amizade vos abraço
Jorge Félix

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6. Mensagem de Vasco da Gama com data de 18 de Dezembro de 2009:

Camaradas e Amigos de terra, ar e mar,
Não conheço pessoalmente alguns dos elementos contidos no pacote, proveniente do Idálio, mas isso que importa? Aqui vai um grande abraço natalício para todos e votos de um grande ano de 2010 com muita saúde, pois o resto vem por arrastamento.

Abraços fraternos do,
Vasco da Gama

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7. Mensagem de Artur Soares com data de 19 de Dezembro de 2009:

Olá, Luís Graça e co-editores!
Nesta época Natalícia, desejo a todos os tertúlianos, um Feliz Natal, cheio de saúde, paz, amor e alegria e que o Novo Ano de 2010, traga as maiores felicidades, extensivos aos seus famíliares.

Um abraço para todos
Artur Soares



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8. Mensagem de Jorge Santos com data de 19 de Dezembro de 2009:

Para todos os Tertulianos, seus familiares e amigos:
Votos sinceros de um Natal em paz, com bastante saúde e muita alegria.
Que o ano de 2010 seja de felicidade e de esperança no futuro.
Festas felizes

Jorge Santos

"Um Natal de solidariedade, mas no coração de toda a humanidade"

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9. Mensagem de Torcato Mendonça, via telefone:

O nosso camarada Torcato Mendonça
, em conversa telefónica com o editor Carlos Vinhal, pediu para transmitir a toda a Tertúlia os seus votos de um Bom Natal, de acordo com as convicções religiosas de cada um, e um Novo Ano com saúde que é o que mais queremos na nossa idade. Para os tertulianos mais novos, muitos êxitos nas carreiras profissionais e que nunca falte a oportunidade de serem úteis ao progresso deste país.

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10. Mensagem de José da Câmara com data de 19 de Dezembro:

Caro amigo Carlos Vinhal,
Mais um Natal se aproxima.
Para todos os camaradas aqui ficam os meus votos de um muito Boas Festas, muita saúde, e muita alegria na companhia de todos aqueles que vos são muito queridos. Mas bom mesmo seria que todos nós pudessemos fazer Natal todos os dias do ano.

Um abraço do tamanho do Atlântico que nos une,
José Câmara
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5501: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (12): Vamos ajudar camaradas em dificuldades (Manuel Marinho)

Guiné 63/74 - P5503: Notas de leitura (44): Memória dos Dias Sem Fim, romance de Luís Rosa - I (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2009: 

 Malta, Temos finalmente escritores com obra firmada centrados na nossa guerra. Luís Rosa tem vastos créditos, acaba de prestar uma grande homenagem revisitando com boa prosa os tempos que todos nós ali vivemos. Envio o resto da recensão no princípio da semana. 

 Um abraço, Mário 


  Em Sangonhá, entre Gadamael e Cacine 

por  Beja Santos


  "MEMÓRIA DOS DIAS SEM FIM" é o romance mais recente de Luís Rosa (autor de "O Claustro do Silêncio", "O Terramoto de Lisboa e a Invenção do Mundo", "O Amor Infinito de Pedro e Inês", "Bocage – A Vida Apaixonada de Um Genial Libertino" e "O Dia de Aljubarrota"), são as suas recordações da Guiné, onde terá combatido entre 1964 e 1966. 

Terá combatido, na justa medida em que a estrutura da obra não leva o autor a apresentar-se autobiograficamente, há distâncias que são propositadamente confundidas entre o relator e o experimentador das memórias. É um livro com uma enorme carga poética e em que se procura responder ao acervo de inquietações de quem combateu e aprendeu a crescer, guardando saudades e regressa ao teatro dos acontecimentos sem rancores nem pedidos de explicação. 

São sucessivos episódios, balizados pela cronologia de quem parte para a sua viagem no cais do Pidjiquiti e regressa à Guiné reencontrando-se em Lisboa com um comandante de uma unidade de guerrilha do Sul da Guiné. É desse cais do Pidjiquiti que ele partirá para Sangonhá, o seu destino era a fronteira sul, além-Cacine, que ele assim define: “Um corredor estreito de cerca de três quilómetros, esganado entre o rio Cacine e a linha imaginária da fronteira. Terra de imprevistos, onde a guerrilha se movia à vontade, e se construía uma linha de quartéis, tentando conter a infiltração”. 

Durante a viagem, dá-se uma versão da revolta que ocorreu em 3 de Agosto de 1959, o que historicamente está provado que não foi assim, já havia movimentos independentistas em gestação, o massacre de 3 de Agosto foi mais um detonador de consciências de que o fermento da luta armada. 

O narrador fascina-se com o relato do comandante Nalu sobre os acontecimentos do Pidjiquiti e rende-se às belezas das florestas, ao rendilhado das águas, ao imputo do tornado e, enfim, a sua embarcação chega a Cacine. 

Sabemos agora que o narrador é alferes, coube-lhe a missão de construir um quartel em Sangonhá, entre Gadamael e Cacine. A partir de agora, os acontecimentos precipitam-se. Entra em cena o Costa, o mais importante comerciante de Cacine, dono do “Paraíso”, o bordel local. 

Mais tarde, por detrás das defesas sólidas do quartel de Sangonhá, onde se misturavam “soldados, população, galinhas, cabras, crianças correndo inconscientes, armas montadas, camiões e tudo mais da ordenada desordem da guerra”, o alferes vai ver um clarão enorme sobre a floresta para os lados de Cacine, ficará a saber que o “Paraíso” estava a arder, bidões de petróleo e aguarrás, panos e óleos ajudaram ao extermínio rápido. 

Luís Rosa vai desfiando tudo aquilo que nós vivemos: os casamentos entre nativos, a exploração colonial; o corpo jazente de um guerrilheiro com a massa encefálica ao lado; as populações obrigadas ao jogo duplo; as morteiradas vindas da República da Guiné; os abastecimentos e a coexistência entre os barcos de guerra e as embarcações de pesca. Mas também a chegada de grandes contingentes, a apresentação dos outros participantes daquele mesmo palco, os de Ganturé, Buba, os fulas de Gabu, veteranos de cavalaria de Aldeia Formosa, uma vasta força que se movia para criar uma linha de quartéis até Cacine. 

O nosso alferes fica em Sangonhá onde, num frenesim se construíram as defesas, espessas paredes de chapas abertas de bidão, profundas fossas circulares, abrigos. São dias e noites em que os blindados Fox andarão de um lado para o outro, seguir-se-ão flagelações, emboscadas, haverá mortos. Um ferido agonizante será despachado com um tiro de misericórdia. 

O alferes de Sangonhá vai ganhando familiaridade com a morte. Ele vai descobrindo que a guerra é loucura, que entre esta e a normalidade há uma fronteira imprecisa, que há prisioneiros indomáveis e outros resignados, há gente que parte para o mato com a resolução de enveredar pela guerrilha, há gente que regressa e tem que jogar o jogo do bom. O alferes assiste aos impulsos sexuais de quem o cerca, descobre que a intolerância não resolve nada, vê Muçulmanos a beber álcool às escondidas, aprende os temores do Irã, força todo-poderosa venerada pelos animistas. 

O alferes assiste ou tem notícia da brutalidade que vai escorrendo por aqueles que descobrem que são carrascos, verdugos a quem nunca se pedirá contas, como o caso daquele alferes que vai punir um denunciante que levou informações para a guerrilha e que depois confessou tudo: o homem depois vai cavando a pequena vala que haverá depois de ser a sua sepultura, o carrasco manda deitar o condenado na cova, soa depois um tiro, o carrasco corta uma orelha à vítima. 

Por vezes, o alferes sai de Sangonhá, descreve as belezas envolventes, mas também as vicissitudes e os trabalhos quotidianos: 

Gadamael servia de ancoradouro e descarga das lanchas de desembarque e batelões vindos de Bissau com o abastecimento. Uma vez por mês surgiam no horizonte do rio. Os homens das lanchas tinham pavor do mato e ficavam sempre temerosos de que uma emboscada surgisse no imprevisto da floresta... Para além do som arrastado do rádio, apenas o avião de ligação, à quarta-feira, sobrevoava o quartel. Olhávamo-lo como ave que vinha da terra de gente onde não havia tiros. Desenhava um círculo e atirava o saco de correio cheio de aerogramas. Depois fazia um abanar de asas e afastava-se, como ave-do-paraíso regressando ao seu mundo sonhado”. 

 No isolamento, contam-se os dias, rasga-se uma pista de aviação a pensar em melhorar o abastecimento e para evacuar os feridos. O alferes interroga-se sobre a ideia de Deus, sobre a presença do padre, o papel das crenças e as manifestações da religiosidade. Por vezes, o alferes é açoitado pelo destino e marcado pelas perdas irreversíveis. É o caso da morte do Braga, homem de sete ofícios. O Braga fez ao alferes uma bela cadeira em pau-rosa, modelo único: 

Sem um prego ou parafuso, apenas o conjunto suportado por espigas, harmoniosamente concebidas, num equilíbrio e estabilidade perfeitos, desencaixando-se num ápice e ficando reduzida a um molho de pequenas travessas, enroladas num pano, que um alfaiate nativo tinha feito, para servir de assento e embrulho”. 

Depois o Braga parte para uma retaliação com uma força comandada pelo capitão Garcia Leandro. 

Antes, recorda o alferes, houvera um pungente episódio de um morticínio de um bando de macacos-cães, atingido em cheio por uma granada de morteiro:

 “Os corpos aos bocados, às dezenas, espalharam-se em volta. Os outros, os que escaparam e os semivivos, lançavam gritos lancinantes, enchendo o espaço, ecoando na floresta, como se fossem gente”. 

Pois bem, os homens de Sangonhá vão até Marela, um santuário do PAIGC, em manobra punitiva. Os guerrilheiros são apanhados de surpresa, Marela torna-se, na confusão e protecção de um dia que amanhece, um campo juncado de cadáveres. A força comandada por Garcia Leandro retira com o Braga, morto em dia aziago. Ao alferes fica a cadeira do Braga: “A obra está sempre completa no ponto em que a deixamos”. 

 Há ainda muito mais coisas a dizer do alferes e o livro é merecedor da nossa atenção (“Memória dos dias sem fim”, por Luís Rosa, Editorial Presença, 2009). É pena os excessos de quem apresenta o livro dizendo que “Rasga novos horizontes, simultaneamente mais vastos e profundos, reveladores da própria dimensão humana. É a realidade da guerra em toda a sua desconformidade e falta de sentido, capaz de denunciar as muitas faces ocultas do homem, desnudando-o e mostrando-o como realmente é – sofredor, idealista, solidário, cruel”. 

Quem isto escreve nunca deve ter folheado o que já se escreveu sobre a guerra colonial, lança-se impunemente num dislate quem nem serve para vender mais livros. Seja como for, Luís Rosa é um muito digno camarada da Guiné, mesmo que, por hipótese, esteja a escrever pelo seu punho o relato de outro.

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 Nota de CV: 

Guiné 63/74 - P5502: Tabanca Grande (195): Ernesto Ribeiro, ex-1.º Cabo da CART 2339, Mansambo, 1968/69, contacta de novo o nosso Blogue

1. Mensagem de Ernesto Ribeiro (ex-1.º Cabo da CART 2339, Mansambo, 1968/69), com data de 11 de Novembro de 2009:

Luís Graça
Deixei de dar noticias mas estou atento a tudo o que se passa no blog. A verdade é que não sou propriamente um fulano com uma grande memória e nada destinado a fazer a história embora aprecie muito a mesma.

Como sabeis faço parte da Cart 2339, considero ainda hoje que a mesma existe já que anualmente nos encontramos, e nisso tive um contributo decisivo para estes convívios.

A 2339 (OS VIRIATOS) surgiu em inicio de 1968 em Fã de Cima pois na de baixo estava a 2338 e depois dos primeiros tempos de estágio lá fomos até Mansambo para iniciar a construção do Resort. De resto O Torcato e Marques dos Santos já têm dado o seu contributo para essa mesma história. Pena é que o Cardoso 2.º Comandante da Companhia seja tão fechado, porque teria muito para acrescentar a esta História.

Se me é permitido aqui fica o apelo de toda a Companhia. CARDOSO, estamos a ficar mais usados aparece com as tuas lembranças que sabemos que tens e sabemos também que és seguidor atendo deste nosso blog que o Luís Graça em boa hora colocou no ar.

Vou juntar a minha fotografia actual já que ainda não o tinha feito. Logo que eu arranje forma de colocar uma do tempo da tropa no computador farei o seu envio.
O meu agradecimento para todos quantos mantêm viva a história e um abraço para todos.

Ernesto Ribeiro

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > 1970 > Vista aérea do aquartelamento. Ao fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71

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Nota de CV:

Vd. poste de 7 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5418: Tabanca Grande (194): Braima Djaura, Sold Cond Auto, CCAÇ 19, Guidaje, 1972/74, um sobrevivente

Guiné 63/74 - P5501: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (12): Vamos ajudar camaradas em dificuldades (Manuel Marinho)

1. Mensagem de Manuel Marinho* (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 11 de dezembro de 2009:

Caro amigo Carlos Vinhal:
Envio-te este texto, como de costume faz o que melhor entenderes com ele, não precisas de justificar nada, nem o título tem.



Neste Natal, lembremo-nos dos camaradas que precisam de ajuda

Das coisas que tenho feito ultimamente, a par da visita assídua ao blogue, tem sido tentar encontrar os meus camaradas com quem partilhei o sangue, suor e as lágrimas, no solo da Guiné ao serviço da Pátria e a emoção tem sido uma constante, pois já são mais de uma dezena os que estão localizados e que por razões várias não comparecem aos almoços anuais, entre os quais eu me incluo, organizados por camaradas do meu Batalhão.

Os traços comuns a todos, é a profunda revolta por todos os que querem fazer esquecer o que foi a guerra colonial, começando sempre muito naturalmente pelos que estiveram à frente dos destinos do País, em todos estes anos de vivência democrática.

Sentimo-nos abandonados e traídos pelos que deveriam ter a obrigação de corrigir e cuidar de uma coisa tão simples que era honrar, os que um dia lutaram pela Bandeira, e não discuto aqui se foi por dever ou obrigação, isso são discussões que guardo para ocasião oportuna.

O sentir um homem chorar de emoção ao dar um forte abraço ao camarada que se meteu ao caminho para o encontrar ao fim de 35 longos anos é uma ocasião única de conforto e riqueza humana difícil de descrever e que nos fica até á morte.

Depois as mazelas que nunca mais saram, problemas graves de relacionamento humano porque que só entre camaradas que passaram pelo mesmo são atenuados e, pode haver algum entendimento e ajuda espiritual para os que estão menos bem.

Curioso, todos gostam da Guiné!
Isto vem a propósito das recentes polémicas que tenho seguido no blogue.

Guerra: Perdemos ou ganhamos?

Guileje: Abondono ou acto de coragem?

E já agora:

Os comandantes das nossas unidades militares, será que deram o exemplo, para o que nos treinaram, ou nem sequer saíam para as operações com os seus homens?

Estas discussões são benéficas (eu também tenho opinião formada), mas temo que estejam a passar ao lado da esmagadora maioria de quem lê diariamente o blogue, não esqueçamos, que temos de incentivar os que não podem ou não querem escrever, mas deixo já ficar claro que aprecio a inteligência dos camaradas que vão dirimindo os seus argumentos.

No entanto vou adiantando que penso que todos perdemos, e quem ganhou foram os que se baldaram, triste sina do meu País que tanto maltrata os que o servem!

Esta quadra é propícia ao entendimento humano, mas infelizmente na vertigem do dia a dia, e nas voragens comerciais, inadvertidamente fechamos os olhos ao que nos rodeia.

O meu desejo para este Natal é que todos nós aqui no blogue, comecemos desde já a procurar camaradas nossos que estejam em situações complicadas e que os ajudemos a integrar no nosso meio. Se cada um de nós encontrar um que seja, vamos em 2010 discutir a forma de restituir a dignidade perdida a esses nossos camaradas, que na minha modesta opinião, são bem mais importantes, que os muitos figurões com os quais perdem energias e talento os nossos camaradas mais activos nas tais quezílias.

Estou a lembrar-me dos sem-abrigo, ex-combatentes que estão ainda muito longe de serem convenientemente ajudados, e para eles o meu respeito e solidariedade.

A conversa vai longa e é altura de deixar de moer a vossa paciência.
Peço desculpa a toda a Tabanca, mas começo pelos comandantes.

Aos editores deste enorme e famoso blogue, os desejos de Bom Natal e grande Ano 2010 com muita saúde na companhia de todos os seus familiares.

Aos restantes Tertulianos e suas respectivas famílias, votos de Bom Natal e feliz Ano 2010, com muita saúde e muitas estórias, são os votos do.

Manuel Marinho
Sejam todos muito felizes
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5230: Guidaje, Maio de 1973 (2): O fim do pesadelo (Manuel Marinho)

Vd. último poste de 19 de Dezembro de 2009 > 19 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5500: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (11): Natal com calor (Paulo Salgado)

Guiné 63/74 - P5500: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (11): Natal com calor (Paulo Salgado)


1. O nosso Camarada Paulo Salgado, ex-Alf Mil da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra - 1970/72), hoje coronel na reforma, enviou ao Luís Graça um curto conto de Natal, em 18 de Dezembro, que o Luís quis partilhar connosco;

Meu Caro Luís Graça,

A nossa grande estima. Votos de Boas Festas para Ti e Teus.

Em um breve conto que escrevi em Bissau há três anos.

Paulo Salgado, Conceição e Paula.

NATAL COM CALOR

A aldeia de Nhane fica a cerca de cinquenta quilómetros de Bissau. Para lá se dirige Alberto e sua mulher, acompanhando António Kundé, funcionário superior do Ministério dos Assuntos Sociais, em visita a sua mãe.

É véspera de Consoada.

Pelo caminho, já nas cercanias da povoação, repararam nos pequenos santuários animistas, erigidos a deuses variados – e junto deles flores, ou folhas, ou conchas ou amuletos, sinal de recente visita de crente ansiando benesse divina.

Debaixo do alpendre, sentaram-se nas tropeças, e conversaram todos sobre a vida da tabanca: da lavoura, das festas, das misérias e sofrimentos de quem trabalha muito e padece mais, e da cidade ali tão perto e tão longe, onde alguns têm tudo ou quase tudo: camisa e calça alisada, pãozinho quente pela manhã, bebendo bom vinho, tanta coisa boa...

O tempo foge devagarinho.

O sol está a desaparecer por detrás das palmeiras (as noites, aqui em África, caem muito depressa! as galinhas deixaram de rapar a terra e procuram um galho para noitarem; os porcos acomodaram-se; as mães começaram a arrastar os filhos e os netos para dentro de casa; os homens fumam a derradeira cachimbada.

O silêncio faz-se mais. Os visitantes preparam-se para partir.

Um velho, porventura o mais velho ancião da aldeia, pediu ao familiar António um momento de espera antes da partida. Entrou na sua casa e depressa regressou.

Nas suas mãos calosas, mas com pele sedosa e brilhante, trazia um pequeno ovo que depositou, candidamente, nas mãos brancas da mulher branca.

Santa véspera de Natal, sem ser Natal, em Nhane.

Paulo Salgado
Alf Mil da CCAV 2721
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P5499: Parabéns a você (56): Humberto Reis (ex-Fur Mil At Inf Op Esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Luís Graça)


Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > O Humberto, à ré, mais o soldado de transmissões Santos, à proa, treinando as suas perícias na difícil modalidade da canoagem local...

"O António Dias Santos, de alcunha, não sei porquê, 'O Bacalhau'. Quando estava em Bambadinca normalmente andava pela tabanca ao cheiro das bajudas e quase sempre com uma varinha na mão a imitar um pingalim. Há uns anos, quando organizei um dos primeiros almoços da rapaziada, procurei na lista telefónica o nome dele na zona da Régua, pois sabia que ele tinha sido funcionário da CP e que morava ali. Descobri-o, mas quando falei com a senhora é que fiquei a saber que ela já era viúva do 'Bacalhau' " (HR)

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) >  2º Grupo de Combate > 1970 > Passados mais de meio ano, ainda eram visíveis os sinais da tentativa de destruição da ponte (em 28 de Maio de 1969, por ocasião do grande ataque do PAIGC a Bambadinca,  dois meses depois da grande Op Lança Afiada)...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > 2º Grupo de Combate > 1970 >  O Humberto, pescador à força... Afinal de contas, não havia aí nada para se fazer, a não ser pescar e nadar, e alternar o dormir com  o estado de vigilia... Mas aquela ponte valia ouro... Por aí passava toda a malta que aí para a zona leste (que ia do Corubal ao Boé)... De qualquer modo, o tei/nosso tempo (também lá passei férias...) aquilo até parecia o paraíso terrestre: veja-se aí, na foto, esses  teus dois "queridos nharros" (não é racismo, é ternua...) a  trabalhar para o bronze... (O que será deles ?, pergunto-me muitas vezes...).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direito reservados



Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > O 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 (futura CCCAÇ 12), ainda em período de instrução da especialidade .

O 2º Gr Comb era comandado pelo Alferes Miliciano Carlão (co-optado do CSM, se bem me lembro...) que aparece na fotografia, na primeira fila, ajoelhado, olhando no sentido oposto ao do fotógrafo (rectângulo a amarelo). Vive hoje em Fão, Esposende. É casado com a Helena, a única  "mulher branca" da CCaç 12 que viveu connosco em Bambadinca. O Carlão é transmontano, não sei se de Mirandela ou Miranda do Douro...

Atrás dele o soldado Arménio, de alcunha o Vermelhinha (era cabo, antes de embarcar mas foi despromovido, por ter apanhado uma porrada da Polícia Militar) (rectângulo a amarelo). Um regula do Porto... (Gostava de o rever...).

De pé, na terceira fila, os furriéis milicianos António (Tony) Levezinho e Humberto Reis (rectângulo a vermelho). Na segunda fila, meio agachados, os 1ºs cabos Branco e Alves (de alcunha o Alfredo) (rectângulo a verde).

Um grupo de combate da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) era constituído por 30 homens. Havia 4 Gr Comb. Cada grupo de combate, comandado por um alferes, tinha três secções (1 furriel e 1 cabo e oito soldados, estes africanos).

Casa secção era especializada. Havia a secção dos lança-granadas, com o respectivo apontador e municiador (1 LGFog 8.9, 1 LGFog 3.7). Havia a secção do Morteiro 60 (apontador e municiador ). E havia ainda a secção da Metralhadora Ligeira HK 21 (apontador e municiador). Cada combatente estava equipado com a espingarda automática G-3 e granadas defensivas. Em geral havia ainda dois apontadores de dilagrama (neste caso, 1ª e 3ª secção).

Foto: © António Levezinho (2005). Direitos reservados

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) >  CCAÇ 12 (1969/1971)  > Pessoal do 2º Grupo de Combate atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (salvo erro), vê-se o Furriel Miliciano Tony Levezinho, ao meio, ladeado pelo 1º Cabo Branco (à sua direita) e pelo 1º Cabo Alves (à sua esquerda). Foto tirada pelo Humberto Reis (ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 12,  2º Gr Comb).

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados
 
Composição do 2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão (natural de Mirandela ?)

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7) (Fula)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca (natural do Porto)
Sold 82118169 Samba Camará (Futa-fula)
Sold 82115369 Iéro Jaló (Fula)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (Fula)
Sold 82105169 Mamadú Bari (Futa-fula)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (Futa-fula)
Sold 82118669 Mussa Seide (Fula)
Sold 82117669 Amadú Camará (Futa-fula)

2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis (natural de Lisboa)
1º Cabo 17626068 José Marques Alves (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (Fula)
Soldado 82101469 Udi Baldé (Futa-fula)
Sold 82101069 Sajo Candé (Fula)
Sold 82108069 Alfa Jaló (Fula)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (Fula-fula)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82111069 Adulai Baldé (Fula)
Sold 82117269 Adulai Bal (Fula)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho (natural da Amadora)
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco (natural de ?)
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (Fula)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (Futa-fula)
Sold 82111369 Amadú Turé (Fula)
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Sold 82107869 Iero Jaló (Futa-fula)
Sold 82116869 Gale Camará (Fula)


Guiné > Zona Leste >Sector L1 > Estrada Xime-Bambadinca > 1970 > Coluna auto da CCAÇ 12 nas proximidades da tabanca fula, em autodefesa, de Amedalai. 

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados


 
 
  Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (196/71) > Éramos três bons amigos e, além disso,  partihavámo o mesmo quarto e, na hora do tacho, a mesma mesa...  Da esquerda para a direita: os Fur Mil Tony Levezinho, Humberto Reis e [Luís Manuel da Graça] Henriques...



Meu caro Humberto: A falta de tempo (e agora de  sono) impede-me fazer o grande poste, de elogio militar, pessoal e profissinal, a que tens direito. Mas, mesmo assim,  não quero deixar de te mandar um abraço fraterno por ocasião do teu aniversário... Ainda pensei poder apanhar-te em casa mas soube, pela Teresa, que estavas fora, num juntar com malta da ANA. Gostei de falar com a Teresa. Sei que hoje vais ter rancho melhorado e, o mais importante, a presença das tuas filhas e do teu netinho.

Fica aqui, mal alinhavada, na Ordem de Serviço, a minha nota a assinalar o teu dia de anos. Espero que o pessoal da Tabanca Grande seja generoso contigo e te encha, se não a despensa (com o perú, o bacalhau, a lagosta, o champagne e os tintóis do Natal), pelo menos com os miminhos que toda gente gosta no seu dia de aniversário: afinal somos umas (e)ternas crianças .. No teu caso, julgo que serão bem vindos e agradecidos... Que a vida não te tem sido fácil nos últimos tempos... A gente, que tinha direito a sopas e descanso, anda nesta idade ainda na lufa-lufa da vida, preocupada com a saúde (nossa, da mulher, dos velhotes...), com o emprego (dos filhos..), do futuro de todos nós... Mas temos fibra de lutadores, e não lançamos a toalha ao chão, logo às primeiras porradas (que é a coisa que a gente sabe o que é, que na CCAÇ 12 deu memso para dar e levar...).

Recebe, do maralhal, aquele abraço do tamanho do nosso Rio Geba. Fui ao teu arquivo buscar algunas fotos das tuas "férias" no resort do Rio Udunduma, afluente do Geba... Fiz questão de as inserir em formato extra... (A gente não se cansa de as ver)....Com tempo poderia lembrar-me de algumas boas e malucas  histórias que passámos juntos... Talvez fique para mais logo. Ou talvez não: vou sair, até à Lourinhã, para fazer o almocinho de Natal com os meus velhotes (que estão no lar). Até lá, uma boa noite e um bom dia. Teu amigo e camarada Luís.

PS - Recebe um abração do Tony, falei há dois dias com ele. Está em Lisboa, de passagem.
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Guiné 63/74 - P5498: O Nosso Livro de Visitas (77): Angola: Procura de camaradas BCAV 8322, 1973/75 (Narciso Goulão Paulo)


1. O nosso Camarada Luís Graça recebeu, em 17 de Dezembro, um apelo de um nosso Camarada-de-armas, que cumpriu a sua comissão em Angola, no Batalhão de Cavalaria 8322/72 - 1973/1975, e, dado o mesmo se encontrar emigrado em França, solicitou-me que abrisse uma excepção. Aqui está ela:

Procuro Camaradas do BCAV 8322/72
ANGOLA – 1973/75

Caro colega,

Após visitar o blogue venho, por este meio, tentar encontrar camaradas com os quais fiz o meu serviço militar em Angola, no BCAV 8322/72.

Após o meu regresso, depois de muitas tentativas, decidi recorrer a este v/ site para tentar encontrar alguém daquele pessoal.

O meu nome é Narciso Goulão Paulo, embarquei para Angola no Batalhão de Cavalaria 8322/72, no ano 1973, tendo regressado em 1975.

O meu número mecanográfico era o 05083472, com o posto de soldado e tocava clarim.

Fiquei ao lado de Santa Eulália, em MUCONDO. Recordo-me que o capitão era mulato e um dos alferes era açoriano (ambos levaram as esposas para Angola).

Entre as minhas lembranças, uma ficou: ao fim de 3 meses de lá estar, houve um acidente com uma camioneta, onde morreu o seu condutor e 2 soldados, tendo outro partido uma perna.

Tenho feito várias tentativas para encontrar os meus camaradas, dos quais perdi o contacto, por ter emigrado para França.

Deixo aqui os meus contactos para eventuais respostas, ou esclarecimentos: Telef. 244611861 ou Telem. 916710369, E-mail: mogpbaptista@hotmail.com

Desde já agradeço toda a ajuda que me puder prestar.

Narciso Goulão Paulo
Sold do BCAV 8322/72

2. Aproveitamos esta oportunidade, para enviar um grande abraço e os melhores desejos de um Feliz e Santo Natal, a todos os ex-Combatentes e seus familiares, emigrados por esse mundo além.

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P5497: Parabéns a você (55): João Melo, ex-1.º Cabo Cripto da CCAV 8351 (Editores)

19 de Dezembro é dia de aniversário do nosso camarada João Melo, ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74.

Infelizmente não encontrei muitas referências do João no nosso Blogue, mas isso não impede que estejamos em uníssono a desejar-lhe um bom dia de aniversário junto dos seus familiares e amigos.


Para o ano por esta altura cá nos voltaremos a encontrar. Entretanto, caro João, porque não começas a colaborar regularmente no Blogue?

Aproveitamos também para te enviar votos de que tenhas um Bom Natal em família e que o novo Ano venha colmatar as faltas que este deixou em aberto.

Recebe um abraço de toda a tertúlia e votos de longa vida.

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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

1 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3956: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assasinos (9): João Melo e Carlos Machado, Tigres do Cumbijã
e
8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4156: Convívios (106): Pessoal da CCAV 8351 - Tigres de Cumbijã, dia 9 de Maio de 2009 em Meadela, Viana do Castelo (João Melo)

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5474: Parabéns a você (54): António Paiva, ex-Soldado Condutor do HM 241 de Bissau

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5496: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (10): Várias mensagens da tertúlia - I (Editores)

Reproduzimos 10 mensagens de Natal de camaradas que se nos dirigiram através de correio electrónico.

Por uma questão técnica, os trabalhos chegados a PP apenas têm direito à reprodução de uma imagem.

Os editores retribuem e agradecem.



1. Mensagem de José Marcelino Martins com data de 8 de Dezembro de 2009:

Boa Noite
Aqui vão as Boas Festas. Será que alguem se vai reconhecer nesta foto?
Sempre são quase 60anos!

Um abraço
José Martins

Quadro final de uma peça de teatro natalícia, realizado no Jardim-Escola João de Deus, de Leiria, no ano de 1952 ou 1953.
Na foto: José Martins, Carlos Teixeira, Mário Graça, Fernanda, Alice, (?), Daniel (?), Celino e Asdrúbal (?). Alguém se reconhece nesta foto de antologia da Foto Fabião?
© José Martins


Um pequeno desejo, que envolve toda a terra
Boas Festas e Feliz Ano Novo


José Marcelino Martins

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2. Mensagem de Victor Garcia com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caros amigos Luis Graça e Carlos Vinhal
Serve esta mensagem para vos desejar um excelente Natal na companhia de todos os que são mais queridos.

Por arrasto a mesma mensagem é dirigida também a todos os ex Militares que fazem parte da Tertulia da Tabanca.
Em anexo envio o meu postal de Natal deste Ano.
Como não poderia deixar de ser em formato PPS.
Saudações amigas, e um Bom Natal e um melhor Novo Ano.

Victor Garcia
2009-12-09



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3. Mensagem de Rui Baptista com data de 9 de Dezembro de 2009:

Caro Carlos Vinhal,
A finalidade desta minha mensagem é apenas para desejar Boas Festas a toda a Tabanca Grande.

Um abraço bem forte a todos os camaradas.
Rui Baptista

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4. Mensagem de Mário Pinto com data de 10 de Dezembro de 2009:

Para todos os camaradas e amigos
Desejo um feliz Natal e um próspero Ano Novo.



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5. Mensagem de Luís Faria com data de 12 de Dezembro de 2009:

Amigo Vinhal
Com um grande abraço,extensivo a todos os "comandantes" e Familias.
Para os Tertulianos e Familias,tambem

Bom 2010 da... Esperamça!



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6. Mensagem de Sousa de Castro com data de 12 de Dezembro de 2009:

Os meus votos sinceros para que passem um Natal muito feliz, na companhia daqueles que mais desejam.
Sousa de Castro



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7. Mensagem de José Francisco Borrego com data de 12 de Dezembro de 2009:

Caríssimo Carlos Vinhal e Excelentíssima Família,
Com a mais elevada consideração e estima venho desejar-vos um Santo Natal e um 2010 o melhor possível em todos os campos!

Se for possível gostaria que esta Mensagem fosse extensível a todos os camaradas da Tabanca Grande e suas famílias. Deixo ao teu critério...

São estes os votos mais sinceros do
camarada e amigo
JOSÉ BORREGO
ABRAÇOS

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8. Mensagem de Carlos Cordeiro com data de 14 de Dezembro de 2009:

Carlos e Luís,
Para vocês e todos os amigos do blogue, os meus votos de um Feliz Natal.
Abraço,
Carlos Cordeiro


Natal Chique

Percorro o dia, que esmorece
nas ruas cheias de rumor;
minha alma vã desaparece
na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
dos que anunciam no jornal;
mas houve um etéreo desarranjo
e o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
a quem dão coroas no meio disto,
um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.


Vitorino Nemésio, in "O Pão e a Culpa", 1955

Natal em Ponta Delgada (S. Miguel)

Natal nos Champs Elysees
Fotos: © Carlos Cordeiro (2009). Direitos reservados.


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9. Mensagem de Rui Siva com data de 15 de Dezembro de 2009:

A todos os ex-Combatentes da Guiné, desejo do coração uma feliz Quadra de NATAL e que a felicidade perdure nas vossas vidas e ao longos dos anos.
Nós, apanhados e massacrados na nossa juventude por uma guerra inexplicável e incompreendida, muitos a ficarem com marcas indeléveis, somos merecedores que Cristo atenda aos nossos pedidos e anseios.
Espero e tenho fé que sim!

Um grande e sentido abraço para todos Vós.
Rui Silva
CCAÇ 816
Guiné 1965-67



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10. Mensagem de Braima Djaura com data de 15 de Dezembro de 2009:

Caros Camaradas Amigos, Carlos, Luis e toda Equipa, desejos vós um bom Natal na companhia dos seus...
E muita saúde para todos Camaradas que passaram ou que estiveram na Guiné, todos os outros que bateram na PUs.

Bem-Haja a todos.
Braima Djaura
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5493: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (9): Os três reis magos... (Mário Migueis)

Guiné 63/74 – P5495: Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira) (25): Honore causa cura milagrosa


1. O nosso Camarada José Eduardo Reis de Oliveira (JERO), foi Fur Mil da CCAÇ 675 (Binta, 1964/66), enviou-nos mais uma das suas histórias (a 25ª), com data de 15 de Dezembro de 2009:


Honore causa cura milagrosa!


Esta crónica terá que ser contada em três tempos…

A expressão (3 tempos) não quer dizer que tenha sido “tiro e queda”…Vai demorar algum tempo .Principalmente para mim que tenho que a escrever…

Mas para não perder mais tempo vamos ao “primeiro tempo”.

1) Guidage-meados de Abril de 1965.

Na minha qualidade de “Enfermeiro de Guerra” (1) - só há pouco tempo é que soube que o tinha sido – acompanhei um pelotão da CCaç. 675 numa nomadização a Guidage.

Entre as várias peripécias militares de uma “estadia” em cima da fronteira com o Senegal tive que aturar um Furriel Atirador, de nome Luís Moreira, que me ia pondo louco com uma dor de dentes. O Moreira, que era um dos melhores operacionais da Companhia, era um caguinchas no Posto de Socorros. Gemia, chorava, barafustava, agarrava a boca, não conseguia comer nada e carpia que nem uma Madalena.

Passei uma noite praticamente com o gajo ao colo. Gemia, gemia e apesar de comprimidos e injecções o Moreira não conseguia pregar olho de qualquer espécie… Obviamente que eu tinha a “terminação” de todas estas dores e começava a ficar pior que o doente.

Para abreviar… a dor de dentes começou a afectar de tal maneira “a moral das tropas “que o Capitão Tomé Pinto resolveu pedir uma DO para levar o Moreira para o Hospital.

Está claro que nesta decisão pesou o facto de o Luís Moreira ter sido até então um dos militares mais sacrificados em termos operacionais, nunca regateando esforços em quaisquer circunstâncias.

Era dos que “ia a todas” e o Capitão Tomé Pinto tinha-o (merecidamente) em alta conta.

Portantos – como diz o outro – lá veio a Dornier e o Moreira e a sua dor de dentes foram de avião para Bissau.Este registo ficou-me na memória e pouco mais…Uma pouca à margem “da dor de dentes do Moreira” mas em relação a Guidage lembra-me de nessa altura – ou um pouco mais tarde – O Capitão Tomé Pinto ter ido com um pelotão, onde ia por acaso o “Enfermeiro de Guerra” Oliveira, ao Senegal.

É verdade. Passámos a fronteira com o Senegal umas centenas de metros “para o lado de lá” para “mostrar” a quem nos moía o juízo de vez em quando que andávamos “por ali”. A expectativa da “operação relâmpago” ao Senegal excedeu as expectativas do nosso Comandante de Companhia …pois demos de caras com uma patrulha regular da tropa senegalesa.

A aproximação fez-se com alguma cautela e não há que esconder que na altura se viveram alguns momentos de tensão. Recorda-me de se ter chegado à fala com o oficial que comandava a patrulha do “país amigo” – e de o nosso Capitão ter mostrado carregadores de armas muito parecidas com as que os militares senegaleses usavam. E esses carregadores (vazios) tinham sido recolhidos do nosso lado, junto a Guidage, depois de ataque nocturno ao nosso aquartelamento.

Já não sei bem mas julgo que foi em francês que este diálogo ocorreu. A nossa passagem para o lado do Senegal tinha acontecido “por engano” mas que seria bom que as tropas senegaleses estivessem atentas à infiltração de grupos armados que atacavam as nossas posições.

Se não foi em francês que nos entendemos teria sido “meio por meio” em dialecto ético e com a ajuda do nosso guia Malam “Griffon” Sissé. Virá a propósito recordar que no mosaico populacional da Guiné (e Senegal) se falavam cerca de vinte “línguas”!

2) Lisboa- meados de Novembro de 2009

Depois de quase um ano sem ver o Luís Moreira encontrei-o em casa do nosso amigo comum Belmiro Tavares de seu nome, que tinha sido o ex-Alferes Tavares do 3º. Pelotão da CCaç. 675, a que pertencera o ex-Furriel Moreira.

Na almoçarada que se seguiu recordei aos circunstantes a noite das dores de dentes de Guidage. «Não imaginam o que este sacana me fez passar já lá vão mais de 40 anos. Uma noite sem pregar olho com este maricas ao colo a gemer com dores de dentes!».

O Moreira respondeu de imediato. «É pá e não fazes ideia como essa história acabou.».
Não sabia mas percebi que ia saber logo a seguir. E o Moreira contou. À sua maneira: exuberante e bem disposta.

«O sacana do piloto que me foi buscar a Guidage foi o Honório. Mal entrei na avioneta o gajo perguntou-me se eu já tinha andado alguma vez de avião. Disse-lhe que tinha nascido dentro de um.

- É pá, ainda bem que não tens medo pois hoje apetece-me fazer umas piruetas.

E o sacana levantou voo, diz o Moreira. No minuto seguinte senti-me de cabeça virada ao contrário. E depois de cabeça para cima. E depois de cabeça para baixo. Filho da puta. Fez tantas maluqueiras que eu só não me caguei todo porque já não comia há três dias. Grande maluco.

Quando vi Bissau e o gajo aterrou…parecia que tinha nascido outra vez. Pisei o chão e levei as mãos à boca. Não me doía nada. Já não tinha a boca inchada e a dores de dentes tinha passado completamente.

Já não sei como fui para Bissau. Sei que procurei um restaurante que era de um gajo da minha terra (da região de Vila Real). Comi que nem um alarve. E repeti. Tive vergonha de pedir mais comida e saí (depois de pagar). Andei mais uns metros e entrei numa tasca onde comi mais uma travessa de ostras.

E “prontos”. Tinha que ir para o Hospital e fui.

«Então o que é você tem? – perguntou o médico.

O Moreira, embora novo, já a sabia toda e resolveu contar tudo, omitindo apenas o facto de já ter almoçado nesse dia duas vezes.

- O senhor Doutor não vai acreditar mas neste momento não me dói nada. Tive tanto medo na viagem de Guidage para Bissau com o maluco da DO que me trouxe que…já não me dói nada.

- É pá vou ter que lhe arrancar um dente qualquer se não você ainda leva uma porrada. Então é evacuado de urgência e agora diz que não lhe dói nada!?

- Senhor Doutor é a pura das verdades. Se tem que ser, arranque-me aí um dente lá para trás.

E arrancou.

O Moreira ainda esteve mais uns dias em Bissau .Encontrou sem dificuldades o Sargento – aviador Honónio e ainda andaram numas “tainas”.Que eu não vou contar.

Depois desta segunda parte da história fiquei a olhar para o Moreira sem palavras. Este tipo se não é único deve andar lá perto.

Mas “prontos”. Acreditei…mas ainda havia de tirar umas dúvidas que me assaltavam…

3) Alcobaça – princípios de Dezembro de 2009

Numa terra pequena não é difícil encontrar quem quer que seja. E eu sabia bem onde é que havia de encontrar a Drª. Manuela Frois, médica dentista. Tomámos um café no “Forno”, pastelaria do único Centro Comercial da terra, e contei-lhe a história das dores de dentes do Moreira. E do “milagre” que seguiu à viagem atribulada com o Honório.

A Drª. Manuela conhece-me bem e não teve dúvidas em dar-me o seu “parecer”, que escrevi na altura para não me esquecer de nada.

«Com a subida do avião registou-se um aumento da pressão que ajudou a alterar as condições locais da inflamação. O medo das acrobacias do piloto causou também uma natural subida da adrenalina que fez desaparecer a dor.»

E no seu jeito despachado disse-me para terminar a minha consulta: «Juro que acredito».

Ora toma lá ex-Enfermeiro de Guerra. O “Honore” (1) causou mesmo uma cura milagrosa. Foi uma ajuda vinda dos céus!

Termino esta crónica citando (e felicitando) o Alberto Branquinho, pelo brilho e justeza das suas palavras na postagem de 22 de Setembro de 2008 (P 3224):

"… Na Guiné era conhecido (pelo menos pelo seu nome) por toda a tropa rastejante. Sempre que uma coluna era sobrevoada a baixa altitude por um FIAT, desaparecendo imediatamente para além das copas das árvores, os soldados rompiam aos gritos de: “AH HONORE!“ ou de: “- AH HONORO!”, enquanto agitavam os quicos por cima das cabeças."
«Quem é que está lá em cima? É o Honório, quem havia de ser! O Honório, naqueles anos, era mais que um piloto, era um símbolo, representava a ajuda vinda dos céus. Não é de estranhar que tudo o que voasse fosse "pilotado" pelo Honório. Camaradas que com ele voaram nos anos 1968/1970 sustentam que, nesses anos, pilotava "apenas" as Dornier-27.»

Esta crónica era para ter sido contada em três tempos.

Não sei se o foi. Se calhar foram quatro.

Foi muito gratificante recordar o Honore. O Honoro. O Honório que ainda hoje recordo quando um pequeno avião me passa por cima da cabeça esteja onde estiver.

Quarenta e tal anos depois… as memórias (citando Manuel Amante da Rosa)… por mais dolorosas que possam ter sido, que não sejam apagadas...

... mas se possam erigir numa teia que envolva ainda mais todos os que nasceram, viveram ou tenham passado pela Guiné .

Nós estivemos lá.

(1) - Recordamos aqui uma corruptela do nome do Honório que encontrámos no nosso blogue graças a uma postagem de Alberto Branquinho (P.3224). Nesta crónica queremos também prestar o nosso humilde contributo em jeito de Homenagem ao mítico piloto aviador cabo-verdiano que tantas missões cumpriu na Guiné, indo a lugares onde mais ninguém ia (ver postagem 5105, de 14 de Outubro de 2009)

Um abraço,
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: