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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22261: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X: a segunda "visita dos vizinhos" (com novo ataque ao arame)


Foto nº 1 > 
Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > 1973 > A nossa modesta casinha, com as nossa casernas construídas a pulso, embelezada com as moranças dos operadores, nativos, do pelotão de artilharia e guias. Ele há lá coisa mais bonita!!!

Foto nº 2   > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > 1973 > A minha “suite” na nova caserna (eu e o camarada Mourato), embelezada com folhas das revistas ("Penthouse" e outras ) do camarada Martins... Uma “suite” assim nem no Hotel Ritz!

Fotos (e legendas): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 3  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) >  1972/73 > O içar da beleza... Ao fundo, os bivaques que montámos antes de termos a(s) nossa(s) modesta(s) casinha(s) (Foto nº 1).

Foto: © Vasco da Gama (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Foto nº 4  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > 2019 >  O nosso forno, que deixamos no Cumbijã em 1974, ainda hoje (2021) a “bombar”. Junto deste, a atual padeira do Cumbijã que coze pão para toda a região. Foto do camarada e tabanqueiro João Melo (cripto da companhia), tirada numa das suas várias visitas em ações solidarias à Guiné. Reproduzida aqui com a devida vénia.


Foto nº 5  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > 2019 > Utensílio do nosso tempo que continua, nos dias de hoje, a cumprir a sua função. Foto do camarada e tabanqueiro João Melo (cripto da companhia), tirada numa das suas várias visitas em ações solidarias à Guiné. Reproduzida aqui com a devida vénia.



Joaquim Costa, hoje e ontem. Natural de V. N. Famalicão,
vive em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte X (*)


A  segunda "visita dos vizinhos” (com novo ataque ao arame)


Durante a visita ao destacamento (Cumbijá, a nossa alegre casinha...), no dia 14 de Abril de 73, Spínola, ao verificar as condições, precárias e degradantes em que vivíamos, garantiu ao nosso comandante de companhia que na próxima LDG (Lancha de Desembarque Grande) para Buba iríamos receber: (i) uma cozinha de campanha, (ii) arcas frigoríficas a petróleo, (iii) chapas de zinco para concluirmos a construção das nossas casernas, (iv) uma equipa de artilharia com os respetivos obuses e outros necessidades menores.

O “Homem Grande” cumpriu a sua palavra e passamos a ter arroz com estilhaços e pão quente (no forno que construímos, foto nº 4), e, imaginem! cerveja (quase sempre fora de prazo), fresquinha e uma caserna nova em folha (Fotos nºs 1 e 2). 

Foi festa até às tantas. Um dos pelotões de serviço não foi proibido de beber, mas foi proibido de se embebedar, para garantir a segurança do destacamento.

Com a cerveja fresquinha, o dia de “São Receber” (o pré) passou a ser um dia de risco acrescido, dado o elevado e desmesurado consumo de cerveja. Mas o pessoal de serviço à segurança do destacamento era responsável e não bebia mais que 2 bazucas (garrafas de cerveja de 1 litro), por cabeça.


Foto nº 6  > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) >  O homem da bazuca do meu pelotão (José Carlos), no seu turno de sentinela nos novos postos de vigia  

Foto (e legenda): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Já com casernas novas (com o Martins a forrar todo o seu espaço com folhas arrancadas às suas revistas), com camas a sério, com lençóis a sério, com valas no perímetro de todo o destacadamente e postos de vigia bem protegidos com bidões cheios de terra, com a nossa artilharia já operacional, a nossa moral era outra.

Foi já com a casa arrumada (assim é que deve ser) que recebemos novamente a visita do IN (vizinhos)

Ao cair da noite, como sempre faziam para evitar que lhe fizessemos a perseguição, fomos surpreendidos pela visita dos nosso vizinhos, testando as novas instalações, com um grande potencial de fogo de RPG, morteiro e armas ligeiras. 

A nossa resposta foi rápida e sem o perigo de assalto como aconteceu na primeira vez, e, desta vez felizmente (ou infelizmente!?), a minha G3 não encravou ao primeiro tiro. No primeiro ataque ao arame,  acredito que a intenção era mesmo fazer o assalto, neste caso foi só para mostrar que estavam dispostos a dar luta. Felizmente tivemos apenas alguns feridos ligeiros. Da parte do IN houve consequências dados os vestígios que detetamos no dia seguinte de manhã numa ação de reconhecimento.


Foto nº 7 > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351 (1972/74) > O Capitão Vasco da Gama maravilhado com o seu novo Obus 10.5.

Foto: © Vasco da Gama (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


Mesmo com a casa arrumada; com valas em toda a periferia do destacamento, com duas fiadas de arame farpado, com postos de vigia bem protegidos, com artilharia. e, já mais ou menos “cacimbados”; um ataque ao arame era sempre vivido com a adrenalina nos limites, pois que, embora pouco provável, não deixava de passar pelas nossas cabeças a possibilidade de conseguirem entrar no destacamento, situação dramática com a possibilidade de uma quase luta corpo a corpo. Por tudo isto, terminado o ataque (desde que sem consequências de maior), era ver quem chegava primeiro ao “bar” já que a seguir a um ataque sempre se esgotava o stock da cerveja!

Continua...
_________

sábado, 30 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20398: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte III


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > Espaldão do obus 10.5 (1)


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > Espaldão do obus 10.5 (2)


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  > DO 27: a chegada do correio


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Eu e o furrel Jacinto


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Criançada


 Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  População local


Guiné > Região de Quínara  > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >   Operação com helicópteros AL III

 

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Uma passagem por Tite, sede do BCAV 2867 (Tite, 1969/70).


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Diversão


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Futebolada


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  O Manuel e o Quibite



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > c. 1969/70 > 22º Pel Art e CCAV 2482  >  Mulheres


Fotos (e legendas): © Domingos Robalo  (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada;  tem cerca de 20 referências no nosso blogue.


(...) "Ah…já sabia pelo Jacinto onde era Fulacunda, e quem estava por lá. Os Boininhas [CCAV  2482]. Mas o lugar não era dos mais pacíficos...

Cerca de cinco dias depois, não dois como estava previsto, preparamo-nos para embarcar em três LDM (Lancha de Desembarque Média), 3 obuses 10,5cm, 27 soldados, três cabos, dois furriéis e eu próprio como Comandante de Pelotão. Para além destes militares, íamos acompanhados das mulheres dos soldados e dos respetivos filhos. Cada soldado tinha em média duas ou três mulheres, filhos já não sei.


No dia da partida aportámos a Bolama, onde o pessoal pernoitou o melhor que pôde e eu fui também dormir a uma pensão, cheia de cabo verdianos que não se calaram durante toda a noite. " (...) (**)

A CCAV 2482, "Boinas Negras" era a subunidade que esteva em Fulacunda (entre 30 de junho de 1969 e 14 de dezembro de 1970, regressando nesta data a Bissau).  Foi mobilizada pelo RC 3, pertencia ao BCAV 2867 (Tite,1969/70); partida: 23/2/69; regresso: 23/12/70; antes de Fulacunda, esteve em Tite; comandante: cap cav Henrique de Carvalho Mais.ont




quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20392: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte II


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 >  O Domingos Robalo junto do obus 14


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > O fatídico obus 10.5 de Guileje ["O obús 10,5 cm sem ferrão é o de Guileje, na sequência de uma morteirada a 21/02/1969"]

(...) "A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [, António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje."  (...)

(...) O seu sacrifício resultou de um ato heroico, não por falta de discernimento ou inconsequente, mas, na sequência da intensidade do fogo IN, por terem querido proteger os seus soldados, todos negros e do recrutamento da Província. Ordenou o Alferes que todos se recolhessem no abrigo. O Furriel Batista manteve-se a seu lado respondendo ao fogo IN, como se de um duelo de artilharia se tratasse. Mas a má hora chegou. Uma morteirada cai sobre o ferrão do lado esquerdo do obús 10,5cm e ali morrem os dois. (...)




Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > A despedida do cap art Moura Soares, hoje cor art ref...  [Da direita para a esquerda, o Domingos Robalo, o cap Moura Soares e... o furriel Osório, da CART 2520]... A malta de 1968/70 encontrou-se pela primeira vez em 1989, segundo o José Diniz  Faro (*). O Domingos Robalo esclarece: "A malta de 68/70, encontrou-se em 1989, pela segunda vez. A alegria foi imensa. O convívio teve lugar em Oeiras, junto às peças da artilharia de costa do Regimento de Artilharia de Costa/Oeiras, tendo como Comandante, na altura, o Coronel de Artilharia Moura Soares. O nosso 1º encontro/convívio tinha sido em Coimbra,  creio que dois anos antes. (1987 ? )".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (1): " Nas fotos [esta e seguinte] estou eu e o meu amigo e camarada Avelino Glória (Furriel de artilharia). As fotos dizem respeito à exibição da "milicia" que recebia instrução na BAC1, sendo eu um dos instrutores. O local é o campo de futebol de Bissau [, Sarmento Rodrigies,]  e o rapaz é um dos instruendos da milícia (estudantes do liceu de Bissau). A arma é uma Mauser (sem bala). A instrução era dada aos sábados de tarde na BAC1".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (2)


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Tabanca da Linha, 2019 > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (**)  de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda; tem cerca de 20 referências no nosso blogue

 Domingos Robalo [, foto acima]:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iii) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(iv) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último.


2. Comissão de serviço na Guiné:
Domingos Robalo, BI militar, Bissau,
23 de maio de 1969, com a assinatura
do comandante da BAC1,
cap art Moura Soares

Chegou à Bissau em 13 de maio de 1969, em rendição individual. Foi colocado no BAC 1 [, mais /GAC 7], onde durante  cerca de quatro meses participou  nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província.

Em agosto, é nomeado para ser o instrutor na formação de artilharia de obuses 10,5cm e a 14,0cm, a furriéis, sargentos e a oficiais subalternos, oriundos de pelotões de morteiros. 

É colocado em Fulacunda como  comandante do 22º Pel Art-  Embora apenas sendo furriel, foi considerado como tendo o perfil adequado. De resto, havia falta de oficiais subalternos para preencher todos os comandos dos Pelotões de Artilharia  espalhados ou a espalhar pela Província.

Segue de Bissau para Bolama em LDM. O comboio foi atacado à morteirada, foi o seu batismo de fogo.  (***)


(***) Vd. poste de 12 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20365: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte I


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Tabanca da Linha > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)
1. Fotos do álbum de Domingos Robalo,  ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda;  

[, Foto à direita: Domingos Robalo:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iii) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(iv) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último]


Legendas das fotos acima publicadas (*)


(...) A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [, António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje.

(...) A sete de maio de 1969, embarco no “Niassa” com destino a Bissau (Fotos nº 1 e 2].

(...) Ao fim da manhã do dia 12 de maio, o navio “Niassa” está ao largo de Varela, aguardando a ida a bordo da Autoridade Marítima. Ao fim da tarde do mesmo dia está a acostar ao cais de Bissau.

(...) Sou dos últimos militares a desembarcar, por ser de rendição individual e por o meu destino ser o quartel da BAC 1 [Bataria de Artilharia de Campanha nº1, sediada junto ao QG (Quartel General)]. [Fotos 3, 4 e 5]

(...) Chego finalmente ao aquartelamento da BAC1, onde me espera um quarto com cama feita.
Sou recebido por Furriéis e Sargentos e Oficiais que me aguardavam com amizade e simpatia. Ainda hoje me encontro com alguns desses meus camaradas, o Mendes, o Glória, o Faro, o Chaves, o Correia, o Mendes de Almeida e outros tantos, e até o meu Comandante, à altura o Capitão M. Soares.

(...) Durante cerca de quatro meses permaneci em Bissau [, na BAC 1], participando nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província. [Fotos nºs 6. 7 e 8]

(Continua)

____________

Nota do editor:
Vd. postes de :


3 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20202: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte II: recruta no RI 5, Caldas da Rainha, na 5ª companhia, comandada pelo ten inf Vasco Lourenço


9 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20222: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte IV: Depois de 4 meses a dar formação de artilharia de campanha, a graduados de pelotões de morteiro, sou colocado em Fulacunda, a comandar o 22º Pel Art

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20120: Facebook...ando (53): Grande foi a abnegação dos artilheiros no CTIG, a avaliar pelo que lá vivi e testemunhei (Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau e Fulacunda, 1969/71; reside em Almada)


O 7º Pel Art de Catió, comandando pelo 2º sargento Issa Jau, morto em combate em 27/2/1970. Na foto, o único elemento não guineense, na segunda fila, de pé, o terceiro a contar da esquerda, é o major art José Manuel Mello Machado (1928-2012),  2º cmdt e mais tarde comandante, depois de promovido a tenente coronel,  do BART 2865 (Catió, Cufar e Bedanda, fev 1969 - dez de 1970). 

Foto do cor art Mello Machado, reprodizida no poste P9514, de 21/2/2012. Presumimos que a fonte  seja: Mello Machado - Aviltafos e traídos: resposta a Costa Gomes. Lisboa: Editora Literal, 1977, 120 pp.



1. Comentário de Domingos Robalo, ao poste P20107, a partir da página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça (*);

[O Domingos Robalo tem página no Facebook desde março de 2009; vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariadodo, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval"; é praticante de golfe; foi nosso camarada na Guiné, 1969/71; e fica desde já convidado a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795; gostaríamos de ter o seu endereço de email e uma ou mais fotos do tempo do BAC 1 / GAC 7; temos dois amigos comuns,  os artilheiros João Martins e José Francisco Borrego] (**(

Fui artilheiro na Guiné (BAC1/GAC7),  de maio de 69 a maio de 1971.

Muito milicianos passaram por esta unidade artilheira daí que cada um tenha a sua história e o seu conhecimento não só em relação ao periodo em que prestou serviço, como também no lugar (leia-se Pel Art) em que esteve. 

Em agosto de 1969, estava eu colocado na sede em Bissau (BAC1), onde dava a especialidade de artilharia aos militares africanos que vinham com a recruta feita de Bolama, quando recebemos cerca de 2 dezenas de obuses 10,5 cm para reforçar as companhias distribuídas pelo TO. 

Em setembro de 1969, sou nomeado para dar instrução de artilharia a furriéis, sargentos e alferes pertencentes a pelotões de morteiro do TO. No início de outubro os obuses 10,5 cm começam a ser distribuídos pelo TO, em reforço a companhias e de forma a que todo o teatro de operações pudesse ser batido pela artilharia e entreajudarem-se entre si. 

Em outubro de 1969, sou nomeado para ir instalar um pelotão de artilharia em Fulacunda, a quem foi atribuído o nº 22, estava constituído o 22º  Pel Art e eu como comandante do mesmo, tendo o posto de furriel. Estive em Fulacunda até principio de maio de 1970, sendo colocado na sede em Bissau. 

No fim do mesmo mês, maio de 1970, sou destacado para uma operação em Cutia/Mansoa, para flagelar a mata do Morés (?). A artilharia flagelava de noite e a FA [Força Aérea] de dia. Nesse período, vêm a falecer os deputados à Assembleia Nacional que nos visitaram em Cutia [, José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull].(***)

Um dos deputados era pai de um camarada meu da artilharia que estava colocado em Catió, razão pela qual o deputado trocou com um outro para poder visitar o filho. Deslocação inglória, porque não se encontraram. 

Colocado na BAC1/GAC7 tenho entre muitas outras tarefas na sala de operações a incumbência de dar escola de cabos a naturais da Guiné e especialidade de artilharia a mais mancebos que vinham de Bolama. Outra das tarefas era a de participar nas principais operações de artilharia levadas a cabo no TO. Outra das missões coadjuvando o capitão Fradique, era a elaboração das cartas de tiro para todos os Pel Art do TO.

A observação do tiro era efetuada por DO - 27 da FA. De notar que os alferes e os furriéis tinham todos a mesma função nos seus pelotões, independentemente de terem a especialidade de Campanha, IOL ou PCT. Os pelotões estavam bem estruturados e as guarnições competentemente cumpriam com as suas tarefas. 

Participo nas cerimónias de passagem de BAC 1 para GAC 7, com a presença do Comandante Chefe e Governador, General Spínola. Nesse mesmo dia é dado à parada o nome do 2º Sargento Issa Jau, natural da Guiné e falecido em combate junto à sua boca de fogo [, em 27/2/1970; foi subtituído, no comando do Pel Art de Catió por Carlos Marques de Oliveira]

Eu próprio, sou mobilizado em março de 1969, já com dois cursos mobilizados, a seguir ao meu. Fui em rendição individual substituir o furriel A. Batista [, António da Conceição Dias Baptista], morto em combate em [14 de] fevereiro de 1969 juntamente com o alferes [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], agarrados à boca de fogo depois de terem mandado os soldados para o abrigo. 

Na semana de carnaval do ano de 1971, participo na operação Mabecos,  em Piche [, Acção Mabecos, em 22 de fevereiro de 1971]. Nesta operação e durante a deslocação para o local onde viria a ser executada a flagelação,  somos emboscados ficando com alguns mortos e creio que dois soldados da companhia de Piche que nos dava proteção apanhados à mão, entre eles o soldado Fortunato que já vi entrevistado na televisão, tendo sido libertado após o 25 de abril. [ Duarte Dias Fortunato, ex-1º cabo at art,  CART 3332, 1970/72].

Esta pequena descrição não dá a ideia do que foi a abnegação dos artilheiros em todo o TO, pelo menos no periodo em que eu lá estive. Sei que, posteriormente, a guerra teve outro desfecho quando os Strela são utilizados pelo IN. 

Para finalizar, muito teria a contar mas o tempo já vai demasiado longo para recordações. Durante anos estes temas não eram abordados sob pena de sermos apelidados de reacionários. Com as redes sociais aparecem relatos aqui e ali, mas [nem sempre com] objectividade esclarecedora e muitas vezes analisando a guerra com as ideias de hoje.

É verdade que a nossa perspectiva mudou, mas nem isso deve fazer com que tenhamos vergonha da nossa passagem por África para uma guerra que, supostamente, seria para dar tempo ao poder politico para resolver a contenda. A descolonização terá tido efeitos mais nefastos que a própria guerra e quase 50 anos passados ainda temos relações frias entre povos, embora os governos digam que temos boas relações, o tanas. 

No pós 25 de abril, uma das coisas que mais me chocou com a descolonização foi o fuzilamento de muitos dos soldados a quem não devia ter sido negada a opção de ser português. Fuzilamentos em força, comandos africanos, milícias, artilheiros etc...etc.. Já vai longa a prosa.. 

Saudações de Artilheiro

Domingos Robalo
________________

Notas do editor:

(**) Último poste da série > 19 de julho de  2019 > Guiné 61/74 - P19994: Facebook...ando (52): Viva o STM - Serviço de Transmissões Militares, embora as nossas "comunicações" andem um bocado lentas... (Guilherme Morgado / Hélder Sousa)

(***) Vd. postes de:

10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14578: Memória dos lugares (292): Gampará, região de Quínara (Joviano Teixeira, sold cozinheiro, CCAÇ 4142, 1972/74)


Foto nº  15 > O Joviano Teixeira



Foto nº 16 > O Joviano Teixeira junto ao obus 10.5... Esta foto é fundamental para deitar pro terra a suspeita que recaía sobre Gampará e o seu pelotão de artilharia... Em 1/12/1973, uma família inteira,  mandinga, de 7 pessoas, vizinha do nosso "menino do Xime", o José Carlos Mussá Biai,  morreu na explosão de uma granada, na tabanca do Xime...Flagelação do PAIGC com foguetões de 122 mm ou "fogo amigo" (, oriundo de Gampará) ? (*)... Só o obus 14 tinha alcance para atingir o Xime, a partir de Gampará (c. 14/15 quilómetros de distância em linha reta)... Ora em 1972/74, ao tempo da CCAÇ 4142,  o que havia em Gampará era o obus 10.5 e não o obus 14, como se comprove por esta foto... (LG)



Foto nº 17 > > Espaldão do obus (?)


Foto nº 18 > O Joviano Teixeira, à esquerda...


Foto nº 14 >  O Joviano Teixeira, na cozinhas, mais dois ajudantes


Foto nº 19 > O Joviano Teixeira junto ao monumento às forças do COP 7 que, em 1972, ocuparam e construiram Gampará,e ntre elas a CART 3417



Foto nº 20 > O fogão de campanha


Foto nº 21 > Foto de grupo...


Foto nº 22 > O Joviano e o seu protegido, provavelmente o mesmo menino de fotos anteriores (**) que procurava a proteção dos cozinheiros, como acontecia em todos os nossos aquartelamentos...


Guiné > Região de Quínara > Gampará > CCAÇ 4142 (1972/74) > O sold cozinheiro Joviano Teixeira

Fotos: © Joviano Teixeira (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


Mais fotos do álbum do novo membro da Tabanca Grande, Joviano Teixeira (**), que vive em Luz de Tavira, e que procura camaradas da sua antiga companhia, a CCAÇ 4142, a maior deles sendo originários do norte (Lamego, Mondim de Basto, Viana do Castelo, Porto, etc.). (***)

Aguardamos a entrada na Tabanca Grande, com pompa e circunstâncuia, de outro camarada da CCAÇ 4142 (Gampará, 1942/74), o Virgílio Valente, há duas décadas em Macau, e que é leitor habitual do nosso blogue. Prometemso mandar, em pdf, a história da unidade.
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