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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22709: Memória dos lugares (429): Formosa és tu, Cacela... (Poema e fotos do Eduardo Estrela, ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)



Vila Real de Santo António > Cacela Velha > 8 de novembro de 2021, ao pôr do sol

Texto e Fotos (e legendas): © Eduardo Estrela (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1.Mensagem do nosso amigo e camarada Eduardo Estrela (ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71;  vive em Cacela Velha, (en)cantatada por Sophia, e que pertence a Vila Real de Santo António

Data - segunda, 8/11, 18:43
Assunto - Cacela Velha

Companheiro!

Mando-te um poema da minha lavra. Uma homenagem à terra onde vivo e tem sido cantada por tantos e grandes poetas.

As fotografias que junto foram feitas há 1 hora e 45 minutos. A que tem casario integrado é o lado nascente da aldeia. A outra, onde surgem pequenos barcos, é do lado poente. Um grande abraço, Eduardo Estrela.

Formosa és tu,  Cacela!

Dás nome à ria que te beija os pés
e onde no espelho das suas águas
derramas tua beleza.

Descansas os teus olhos
no azul do mar
e ouves as canções de amor
que ele te compõe.

Nas noites calmas
adormeces nos braços ternos
da brisa do luar
e sonhas com a luz que o sol trará
num novo dia.


Eduardo Estrela
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de outubro de 2021  > Guiné 61/74 - P22642: Memória dos lugares (428): Dunane, destacamento de Canquelifá, região de Gabu

terça-feira, 17 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20742: Memória dos lugares (405): Cacela, a fadista Lucinda Cordeiro e o grupo "Cantar de Amigos", num vídeo do Zeca Romão (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73)


Vídeo (2' 58'') > Alojado no You Tube > Romão José

Título: Cantar de Amigos - Lucinda Cordeiro - canta: Miúdo da Rua

Sinopse: Um pequeno vídeo dedicado à nossa amiga Lucinda Cordeiro, uma das maiores fadistas,do nosso concelho [, Vila Real de Santo António[. Acompanhada pelo seu esposo, José Gonçalves e por Toy Dourado, Lucinda, canta "Miúdo da Rua", fado gravado no CD nº 9 de "Cantar de Amigos" [, grupo fundado em 1993]. As fotografias são de Cacela Velha, localidade que faz parte do concelho de Vila Real de Santo António. Vídeo: realização de Zeca Romão, 17 de março de 2010.


José Romão no Bachile, c. 1972/74
Arquivo do autor (2010)
1. O nosso camarada José Romão, de Vila Real de Santo  António, tem um especial carinho pela sua terra (e tem uma segunda terra, a Guiné-Bissau, e em especial o "chão manjaco", do qual  guarda "recordações inesquecíveis" do tempo em que foi Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73).  Tem 16 referências no nosso blogue. 

Há dias mandou-nos um vídeo seu, de 2010, e que é um tripla homenagem a três "joias" vila-realenses:  Cacela, a fadista Lucinda Cordeiro e o grupo Cantar de Amigos. 

Os nossos camaradas, que fizeram o Curso de Sargentos Milicianos, no CISMI em Tavira, a recruta e/ ou a especialidade, nos anos 60/70, vão adorar a música e as imagens, que lhes vão avivar memórias...

Obrigado, Zeca Romão!


2. Sobre Tavira, e o sítio onde fizemos os fogos, no último  trimestre de 1968, escreveu o Eduardo Estrela o seguinte  comentário ao poste P20732 (*):

"Bom dia Luís! É uma alegria enorme ouvir falar da nossa terra com tanto carinho e amor. Obrigado pelas tuas palavras elogiosas. Façamos votos que haja coragem de preservar a autenticidade desta parte do Algarve denominada Sotavento.

Seguindo o percurso da EN 125, no sentido Tavira-Vila Real Sto. António, passamos Conceição de Tavira e, cerca de 3 km mais á frente,  há uma estrada à direita que vai ter ao sítio do Lacem. Foi neste sítio, local de confluência dos concelhos de Tavira e Vila Real, que fizemos os fogos reais, numa arriba sobranceira á ria e ao mar. Dista de Cacela Velha em linha recta, mais ou menos 1 km. 

O fabuloso tasco da Fábrica era do Costa, onde se comiam todas as iguarias da Ria, com a particularidade de saberem divinalmente. O Costa era compadre do meu sogro, pois era padrinho de baptismo duma das minhas cunhadas. 'O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande.' Abraço fraterno.

P.S. Fica pois o Lacem para a direita da fotografia da fortaleza de  Cacela Velha. A estrada da ilha é a das quatro águas."


3. Comentário de Luís Graça (*):

Fantástico, Eduardo!...Tens uma invejável memória topográfica!... É certo que jogas em casa...Esse é o teu reino, mas já me deste uma ajuda estupenda para "relocalizar" o sítio onde fizemos os nossos fogos reais, no final da instrução do 2º ciclo do CSM, no último trimestre de 1968... Que, reconheça-se, foi importante para nós, que fizemos fogo, pela primeira vez (, os que nunca foram caçadores...) na carreira de tiro e depois no tal sítio do Lacem. Quando aí voltar, ao teu/nosso querido Sotavento, quero revisitar esse sítio. E, se possível, contigo, se estiveres por aí, disponível, como cicerone!

sábado, 14 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20732: Memória dos lugares (404): Tavira, o CISMI, e Cacela A Velha... (Eduardo Estrela, ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Vila Real de Santo António  > Cacela A Velha  > Fortaleza de Cacela A Velha (séc. XVII) com vista sobre a Ria Formosa


A conquista de Cacela


As praças fortes foram conquistadas
por seu poder e foram sitiadas
as cidades do mar pela riqueza

Porém Cacela
foi desejada só pela beleza


Livro Sexto (1962, Lisboa, Livraria Morais Editora)

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 1920 - Lisboa, 2004)


Foto (e legenda): © Eduardo Francisco Estrela (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Eduardo Estrela (2012)
 1. Mensagem do Eduardo Estrela [ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]

natural de Faro, vive em Cacela (que já não é Tavira, mas Vila Real de Santo António, entre Tavira e a Manta Rota);  estivemos juntos no CISMI, em Tavira, no último trimestre de 1968, ele a na 3ª companhia (a "tirar" a especialidade de atirador de infantaria), eu na 2º companhia, do tenente Esteves Pinto, a fazer uma inútil especialidade de armas pesadas de infantaria; foi comigo e mais umas centenas de camaradas para o TO da Guiné, no T/T Niassa, em 24/5/1969; também ia connosco o camarada  Jerónimo de Sousa, Soldado Condutor Auto da Companhia Polícia Militar  (CPM) 2537 (Bissau, 1969/71): mas só soubemos uns dos outros muitoso anos depois; é membro da nossa Tabanca Grande desde o início de 2012; faz teatro, integrando o Grupo de Teatro Lethes, também gosta de ler e escrever poesia (, obrigatório paar quem ama Cacela  A Velha).

Data: 13 mar 2020, 17:28

Assunto: Cacela

Fotografia acabada de fazer [segue, em anexo].

O comandante da 3ª  Companhia do CISMI, Tavira,  era o cap Eduardo Fernandes, militar íntegro e respeitador. 

O ten Madeira era o adjunto e era uma flor sem cheiro. Mau e sádico. Uma vez, levou durante a noite a companhia para as salinas (, o capitão estava ausente). Dei-lhe a volta e vim de lá com trampa só até aos joelhos. 

Já tive o privilégio de lhe dizer isso pessoalmente num almoço no CISMI. O homem agora é coronel reformado e mora, como sempre morou, em Castro Marim. 

Abraço. Eduardo Estrela

2. Comentário de LG:
Capa do "Livro Sexto" (1962)

Eduardo, quando estive em Tavira, no CISMI, entre outubro e dezembro de 1969, devo ter ido a Cacela A Velha (como eu gosto de "grafar"), e lá ter lido e  relido aquele e outros poemas do Livro Sexto de Sophia (que levei comigo para a Guiné, numa mala cheia de livros, convencido que ia passar umas férias tropicais... pobre de mim!).

Tavira ficava longe da minha terra, o comboio era ronceiro, parava em todas as estações e apeadeiros, perdia-se o fim de semana em viagens... Depois de chegar ao Barreiro, era preciso apanhar o barco e depois a camioneta, na Rua da Palma,  que ia até à Lourinhã, último concelho do distrito de Lisboa, e eram mais horas três de caminho!...

Penso que só fui a casa uma vez quando estive em Tavira, na minha instrução de especialiidade... Valeu-me a beleza da ria Formosa, Tavira, Cacela e a poesia dos poetas, como a Sophia,  que se encantaram pela tua terra... Obrigado pela tua foto: aquela ria Formosa e aquela fortaleza parada no tempo são um mar de emoções e de sabores...Foi lá que comi o melhor  arroz de lingueirão do céu e da terra, no sítio da Fábrica, num tasco que tinha um telheiro...

Voltei a Tavira, algumas vezes (poucas...), a última em abril de 2014 (*)... Aí, sím, com olhos de ver e rever... Mas não tive tempo de revistar Cacela. Não ia sozinho, em grupo temos que abdicar de algo de nós.... Escrevi, nesta altura no blogue, um conjunto de seis textos, e à laia de conclusão o seguinte:

(... ) Damos por encerrado aqui o roteiro (breve) de Tavira, aonde regressei, com "olhos de ver" e sem "mágoa no coração", 45 anos depois de ter feito o 2º Ciclo do CSM, no quartel da Atalaia, CISMI, no último trimestre de 1968 (...)

Fiquei alojado dois dias no Convento das Bernardas Residence, acessível na época baixa... É um notável projeto de recuperação arquitetónico, com a assinatura de Eduardo Souto de Moura... Aproveitei, obviamente, para percorrer o caminho que ia dar à ilha de Tavira, a famosa estrada dos Quatro Caminhos, onde se toma o barco para, atravessando o Gilão, se chegar à ilha de Tavira que alguns de nós conheceram, no tempo da recruta e/ou especialidade...

Essa estrada era também uma das estações do calvário dos milicianos, havendo instrutores que adoravam pôr-nos de salmoura, nas salinas.. Também fui (...)  a Santa Luzia, zona piscatória de Tavira, para provar as especialidades gastronómicas de Tavira onde o polvo continua a ser rei... E ainda houve tempo para dar um salto à pombalina Vila Real de Santo António...

Faltou, por manifesta escassez de tempo, revisitar a Cacela Velha, um dos lugares mais mágicos da costa algarvia (, pertence já ao concelho vizinho, de Vila Real de Santo António, ) e sobre o qual escreveu a nossa grande poetisa Sophia de Mello Breyner Andersen (Porto, 1919-Lisboa, 2004) [o poema antológico que acima se reproduz] (...)


Mas já dexei, em tempos, no blogue,  em jeito de  confissão uma das minhas "penas" (**):

(...) Dos sítios que nos calhou, a alguns de nós, no nosso percurso militar, da metrópole até à Guiné, Tavira é possivelmente um dos quais com que mantemos uma relação de amor/ódio.

(....). Nos escassos dois meses e meio em que lá fiz a especialidade de armas pesadas de infantaria (na 2ª companhia, em set/dez de 1968), não tive condições físicas e psicólogicas para descobrir a cidade, as suas ruas, o seu património e as suas gentes... O fantasma da Guiné (, não sei porquê nunca pensei em Angola ou Moçambique) já estava na minha cabeça...

Claro que deambulei pela cidade e arredores (Santa Luzia, Ilha de Tavira...) mas não tinha cabeça para aprofundar o conhecimento da sua história e do seu património... Voltei lá há um mês, com outra disponibilidade mental... Passei lá um fim de semana, dois dias, alojado no Convento das Bernardas, junto às salinas, (...) e depois fui visitar o velho quartel da Atalaia onde funcionou o CISMI, e por onde passámos, muitos de nós furriéis milicianos, antes de irmos parar à Guiné (...)


Obrigado, Eduardo, por este "regalo", nesta sexta feira, 13, em que estou/estamos trancado(s) em casa por causa da maldita pandemia do Covid-19. Mas olho a ria Formosa e vêm-me à lembrança aquele tempo em que havia ali, talvez mais à direita, uma nesga de terra e de mar, onde fazíamos fogo real, com as armas pesadas, a Breda, o morteiro 81, o canhão s/r...

Era uma dor de alma,  para mim,  ter que violar toda aquela beleza de areal e mar... Será que ainda te lembras desse sítio da costa onde se fazia fogo real  de armas pesadas ? Havia lá, em baixo, muita sucata, incluindo granadas por explodir... Tinha que ser uma faixa da linha costeira,. sob estrita jurisdição militar. Já não tenho ideia se era mais à esquerda ou à  direita de Tavira... Ou não seria na própria ilha ?... Não, não, devia ser, tenho uma vaga ideia de estar a fazer a fogo de Breda ou Browning, de uma arriba para o mar... (***)   
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Notas do editor: