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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21454: (Ex)citações (376): As nossas comuns raízes telúricas, do Nordeste Transmontano à Estremadura e ao Alentejo (Francisco Baptista / Fernando Gouveia / José Belo / José Colaço / Luís Graça)


Lourinhã > Ribamar > Valmitão > 18 de Julho de 2009 > Dia de acender o forno a lenha, amassar a farinha, enfornar e cozer o pão de trigo feito da farinha do moleiro... o delicioso pão de trigo da nossa infância.

Ainda hoje há famílias que cozem o seu próprio pão, no concelho da Lourinhã, Estremadura, como esta, a família do Ramiro Caruço e a Rosa, meus primos da grande família Maçarico... Voz off de Luís Graça, Alice Carneiro, Ramiro Carruço e a neta do casal.

Vídeo (2' 51''): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados


Capa do livro do Francisco Baptista, natural de Brunhoso, concelho de Mogadouro, Nordeste Transmontano,  "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia" (Edição de autor,  2019, 388 pp.)

1. Seleção de comentários ao poste P21429 (*):, da autoria do nosso camarada Francisco Baptista [ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72) (**):


(i) Luís Graça:

Francisco, ainda não tive acesso ao teu livro... Gostava de ter as tuas crónicas de Brunhoso em letra de forma... Mas continuo a adorar os teus textos, aqui publicados, ricos, socioantropologicamente falando... (Só sobre Brunhoso temos quase três dezenas de referências, puseste a tua terra no mapa.)

Só conheci Trás-os-Montes depois do 25 de Abril. Antes, os portugueses não viajavam "cá dentro" , era escassa a mobilidade, a não ser para para as elites, que no Verão faziam as termas ou iam para os Algarves e demais praias do litoral...

Como casei com uma "moçoila" do Norte, tive acesso a algum dos "saberes" (e "sabores") que referes no teu texto (*): em Candoz, na fronteira do concelho de Marco de Canaveses com Baião, Resende e Cinfães, a despensa chamava-se "loja", a parte térrea, mais baixa da casa, muitas vezes escavada na rocha de granito, e com chão de "saibro", sempre fresca no verão...

Era lá que se fazia o vinho tinto verde, no lagar, se pendurava e desmanchava o porco, se guardava o presunto e as demais partes do porco, que era morto em geral no Natal / Ano Novo... (Morto atado no carro de bois, uma espetáculo cruel para os putos!)

O frigorífico chamava-se "salgadeira", uma enorme arca, de madeira de pinho bravo, cheia de sal, responsável por muitas mortes por AVC e cancro no estômago ao longo de gerações... Era lá que se guardava o "governinho" da dona de casa: por exemplo, o "presunto verde", o que não ia ao fumeiro... Era lá que o vinho verde tinto "fervia" nos pipos de carvalho: de baixo teor alcoólico, aguentava-se até maio...O branco, feito em bica aberta, esse, engarrafava-se, era para os "fidalgos" e para os dias de festa...

Fazia-se também o "bagaço", que se guardava em garrafões de 10 e 20 litros, empalhados... Houve uma época em que se produzia e vendia livremente para as tascas do Porto...que o batizavam com água do rio...

Mas no Douro Litoral, o "frigorífico" também eram as "minas", onde durante a II Guerra Mundial se escondia o milho, para evitar as "requisições" do Goveno, na época do racionamento...

Não, não havia o fabuloso pão de centeio e trigo da tua terra, apenas a enome "broa" de milho que se cozia todas as semanas... Também nas "minas" se guardava o sável e a lampreia, na sua época.. (Na minha, zona, Lourinhã, província da Estermadura, cozia-se o pão de trigo, feito da farinha do moleiro; e o melhor era o do trigo barbela.)

Eu vivi a minha infância  na "vila", sede de concelho, mas com contacto regular com a aldeia da minha mãe, que era o Nadrupe, a escassos três quilómetros: os meus tios era pequenos lavradores dores, matavam o porco, fazia vinho, tinham frutas e legumes, criação doméstica, patos, coelhos, galinhas, perús...Um tio, da Quinta do Bolardo, caçava: não nos faltavam coelhos, perdizes e até lebres. Mas também tinham acesso, os da aldeia, aos recuros do mar, ali a escassos quilómetros: a sardinha, o chicharro, o carapau, a "arraia"... E toda a gente era recoletora de moluscos  e mariscos: a lapa, o mexilhão, o ouriço do mar, o polvo, a navalheira, a sapateira...

Não, na minha terram à beira mar, não se fazia presunto, nen salpicões, como em Candoz ou em Brunhoso, porque o clima marítimo era inimigo do fumeiro... Fazia-se, isso, sim os "chouriços de carne", os "chouriços de sangue"...Tal como em Leiria, também se fazia a "morcela de arroz", se bem me lembro... Com sangue de porco...

Todas as casas da aldeia tinham, além da residência da família, uma adega, um logradouro ou quintal com "estrumeira", e anexos agrícolas (com lugar  para a carroça, e os animais de tração: o burro, o macho, o cavalo), barraco para a lenha, etc.... E, claro, dentro ou fora da cozinha, o grelhador e o  forno de cozer pão... (e nos dias de festa, assar o borrego, o cabrito, o perú, o galo...). No inverno, comia-se a batatada com peixe seco, uma tradição mais ribeirinha e piscatória... Mas nas aldeias também se deixava o caparau, o chicharro e a raia a secar, no telhado, ou no estendal da roupa...

Mas cedo, nos anos 60, começou a generalizar-se a mecanização da lavoura: veio a motocultivadora, o trator,a motorizada,  e depois a eletricidade, o frigorífico, a casa de banho, etc. Cozia-se o pão de trigo, todas as semanas, ainda não havia o "pão de plástico",o horrível papo-seco ou o "pão de carcaça" que só tinha alguma graça quando se comprava, quentinho, na padeira da vila... Em todas as aldeias, havia dois, três ou quatro ou até mais moinhos de vento..As "panificadoras" industriais (reunindos os pequenos padeiros artesais) só começam a aparecer em meados dos anos 60..

Depois as grandes vinhas e as grandes searas de trigo desapareceram... E a nossa paisagem rural modificou-se profundamente. A partir dos anos 60, quando fomos para a tropa e para a guerra, nada seria mais como dantes...

Resumindo: temos, Francisco, uma grande dívida para contigo por seres o grande cicerone de Brunhoso do teu tempo de menino e moço, e nos ajudares a redescobrir as nossas raízes telúricas... Muitos de nós, ex-combatentes, nascemos e crescemos em aldeias ou pequenas vilas e cidades, onde a ruralidade ainda estava muito presente... Já lá estive perto de Brunhoso, mas ainda não se proporcionou conhecer a tua linda terra natal... Temos que combinar um encontro...

Saúde e longa vida. Mantenhas. Luís Graça

8 de outubro de 2020 às 22:07

(ii) Francisco Baptista:
 
Luís, o mestre és tu, que fazes uma bela descrição da economia familiar de duas regiões distintas e da forma como conservavam os alimentos.

Na despensa da minha casa, que ainda existe, um pouco alterada, e como menos objectos de museu do que a do meu amigo Zé (*), não se fazia o vinho. O meu pai não herdou nem plantou vinha, bebia pouco mas comprava todos os anos uma pipa em terras de Miranda para dar de beber aos trabalhadores.

Todos os anos se matavam dois porcos, eramos muitos em casa, que eram curados na despensa. Os presuntos estavam algum tempo cobertos com sal grosso e penso que depois com cinza. Quando começavam a ficar rijos eram pendurados do tecto. Nunca se punham no fumeiro como no Minho e Douro Litoral por serem zonas com muita humidade. O frio seco do Inverno e as condições de temperatura permanente da adega "curavam" os presuntos. O tempo de despensa ou adega, o sitio era o mesmo dava qualidade aos alimentos. Recordo -os a todos com gulodice e saudade e quando entro numa ainda guarnecida com alguns desses produtos, como a do meu amigo, parece-me que estou a entrar num lugar sagrado.

Em Trás-os-Montes o clima e a comida dos animais, erva e plantas da horta, davam qualidade aos alimentos, a cozinha transmontana era simples, a posta da vaca. tal como a marrã do porco só precisavam de algum sal quando a assar em boas brasas, as batatas, as cebolas. as vagens e outras hortaliças eram boas e saudáveis. O presunto e o toucinho depois do tratamento inicial ia-se fazendo e melhorando na despensa.

Os grandes pães de trigo e centeio tinham um gosto que já não há, por lá ainda há padarias que fazem grandes pães de trigo, de centeio é raro, com um gosto que se aproxima. O Douro Litoral e Minho têm uma cozinha trabalhada que faz as delícias de qualquer comilão, sei-o bem. a minha mulher é de Viana

A escrita já vai longa, caro Luís, convidava-te para o almoço que talvez te agradasse. Não é trabalhado como gosta a minha cozinheira minhota preferida, é simples à maneira da minha terra. Batatas cozidas com nabiças acompanhadas de alheiras grelhadas. O pão trigo é de Mogadouro. É bom.

Abraço Francisco Baptista

(iii) José Belo:

Caro Amigo e Camarada. (E, ão menos, companheiro na colónia de “férias” que foi a nossa Buba!)

Com os teus textos consegues criar insinuante nostalgia. Não feita das amarguras tão frequentes nos menos jovens como nós, mas antes como calor envolvente surgido de cinzas ainda ardendo.

Sente-se a aceitação, orgulho e interiorização de uma forma de vida que,durante infindáveis gerações acabou por formar mais um dos muito especiais “povos” que constituem a nossa tão diversificada “gente”.

Lisboeta, chico esperto de Estoris e Cascais, vivendo há muitas décadas entre as verdadeiras esquizofrenias que são as abissais diferenças entre as minhas raízes Lusitanas, as tradições e família escandinavas, e a muito especial maneira de olhar (todo o resto!) do mundo desde os Estados Unidos, para mim os teus textos são ...viagens de reencontro.

E,se só por isso,fico-te grato.

Um grande abraço do J .Belo

8 de outubro de 2020 às 07:57

(iv) José Botelho Colaço:

Olá, amigo Francisco Baptista, os hábitos dos nossos antepapassados em parte eram comuns em quase todo o nosso país com pequenas alternativas. DSou um exemplo nas linguíças: a minha mãe era normal não utilizar o azeite, utilizava sim a "manteiga", ou seja, a gordura dos fritos da carne do porco principalmente do lombo e das costelas que,  devido ao colorau ou pimentão,  ficava com um tom rosado a que nós dávamos o nome de "manteiga encarnadinha"... Nessa manteiga metia as linguiças numa panela de esmalte e aí se conservava todo ano sem perder qualidade e até aumentava o paladar. 

Um abraço amigo.

8 de outubro de 2020 às 16:02

(v) Francisco Baptista:

Amigo e Camarada José Colaço: (...) No Nordeste Transmontano, em tempos dei-me conta que nalgumas aldeias davam o tratamento de conservação, que referes aos salpicões e linguiças, penso que nessas terras não se colhia azeite, não sei se seria o caso da tua. 

Tu e grande parte dos que já leram os meus textos sabem que as tradições, os hábitos de vida, a moral e os costumes, os trabalhos duros e a miséria da vida , eram comuns a todas as aldeias por esse Portugal fora. 

Quando falo e valorizo os homens da minha terra, do tempo dos meus pais, será talvez porque cresci num tempo em que Brunhoso teve homens grandes, mas a minha homenagem vai para todos esses homens e mulheres que se sacrificaram tanto para criar a geração de cinquenta, sessenta, setenta
Muito obrigado meu amigo do coração, como dizem os tripeiros.

Francisco Baptista

8 de outubro de 2020 às 19:02

(vi) Fernando Gouveia:

Mais um belo texto,  Francisco. Como deves imaginar, na minha aldeia,  não longe da tua, também tenho uma "adega" semelhante à que tu mostras como a adega do Zé. Muito poderia dizer sobre a minha mas agora foi a tua vez… Só quero referir o que me aconteceu comprovando o que tu contaste em relação ao vinho que,  por não levar conservantes,  se vai estragando e o dono não se vai apercebendo. 

Há uns anos quem me tratava, lá na aldeia, da feitura do vinho, como era normal, parte do vinho era para ele e uma menor quantidade para mim. Nesse ano fui a casa dele, o Sr. Miguel, buscar os garrafões a que tinha direito. Em casa, na primeira refeição, vai de provar o vinho. Era intragável. Peguei nos garrafões e fui devolvê-los ao Sr. Miguel,  adiantando-lhe que o vinho não prestava. Resposta dele: eu ando a bebe-lo e sabe-me bem…

Um grande abraço e continua a escrever.
Fernando

9 de outubro de 2020 às 23:38


(**) 16 de outubro de  2020 > Guiné 61/74 - P21453: (Ex)citações (375): recordando mais trágicos acidentes com minas e armadilhas (Joaquim Sabido, advogado, Évora; ex-alf mil art, 3.ª CART / BART 6520/73 e CCAÇ 4641/73, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13586: Manuscrito(s) (Luís Graça (42): Extremadura(s)...



Lourinhã > Praia do Caniçal > Finais de agosto de 2014 (1)


Lourinhã > Praia do Caniçal > Finais de agosto de 2014 (2)


Lourinhã > Praia de Paimogo > Finais de agosto de 2014


Lourinhã > Praia de Paimogo > Forte de Paimogo (séc. XVII) >Finais de agosto de 2014


Lourinhã > Vimeiro > Monumento comemorativo e centro de interpretação da Batalha do Vimeiro > Azulejo alusivo ao desembarque das tropas luso-britânicas, na Praia de Paimogo, em 19 de Junho de 1808, sob o comando do brigadeiro-general Robert Anstruther... A batalha do Vimeiro foi em 21 de Agosto de 1808. Azulejo desenhado e pintado à mão por Salvador (2000).



Torres Vedras > Maceira > Estrada (particular) das Termas do Vimeiro (Fonte dos Frades) até à Praia de Porto Novo (1)

Torres Vedras > Maceira > Estrada (particular) das Termas do Vimeiro (Fonte dos Frades) até à Praia de Porto Novo (2) >  Margem direita do Rio Alcabrichel



Torres Vedras > Maceira > Estrada (particular) das Termas do Vimeiro (Fonte dos Frades) até à Praia de Porto Novo (3) > Rio Alcabrichel (que nasce na Serra de Montejunto e desagua na Praia de Porto Novo)

Foto: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados


Extremadura(s)


1. 
Casas caiadas, paradas,
O silêncio escorrendo pelas paredes;
Nas águas furtadas
Já não dormem as criadas
E na praça, ah!, da liberdade,
Já não se ouve o frufru das sedas
Roídas pelo bicho da traça.

2. 
“Esquecei o que vedes”,
Avisa o guia da cidade,
Poeta, cego, negro, escravo,
Enquanto os voyeuristas
Espreitam por ruelas e veredas.


3.
Há bonecas de porcelana,
Quiçá das Chinas,
Às janelas
E os dedos delas
Confundem-se com as rendas de bilros,
As teias de aranha,
As cortinas,
Os brocados de cetim,
Os deveres e os lavores femininos,
As máscaras de Arlequim,
As fantasias de antigos carnavais.

4. 
Dedos que teceram intrigas e redes,
Redes de pescadores
Há muito perdidos nas colinas
Do alto mar.
Ou dedos que fiaram outras redes
Clientelares, sociais, clandestinas,
Sob os portais,
Os corredores e as esquinas
Dos paços,
Dos passais,
Dos passos perdidos,
Das antecâmeras reais.

5. 
O silêncio não pára
Ou só vai parar
A um metro do chão,
Na barra azul
Dos moinhos de vento
Mais a sul,
Entre pomares e vinhedos.
À entrada.
Fora das muralhas,
O cemitério,
Cofre forte de segredos.
Aqui acabam-se todos os medos.

6. 
Valha-me a brisa do mar
Que me faz algum refrigério
Na canícula do fim de estação
Da minha civilização.

7. 
Casas paradas, caiadas
Com a mesma cal viva
Das valas comuns.
Pelos claustros do convento,
Entre suspiros, sussurros e zunzuns,
Esquivam-se furtivos noctívagos
Trânsfugas,
Infiéis,
Pecadores,
Hereges,
Proscritos,
Desertores,
Penitentes,
Almas penadas,
Poetas malditos,
Quiçá bruxas e duendes.

8. 
A calçada outrora portuguesa,
Gasta pelos cascos dos cavalos
Dos invasores,
Picam-se os brasões dos solares
Da mui antiga nobreza,
Corta-se rente
A árvore genealógica
Dos velhos senhores
E arrasados e salgados são, até às fundações,
Os seus doces lares.

9. 
Um estranho cheiro
A incenso, mirra, algas e maresia
Sobe pelos ares.
Violadas as filhas,
Raptadas as servas,
Passados a fio de espada
Os primogénitos,
Fundido o ouro e a prata,
Postos os novos deuses nos altares,
Pergunta o guia
O que é pior
Se a triste e vil desonra do presente
Ou o silêncio premonitório do futuro.

10. 
Por mim, nada de bom auguro.
Não sei que lugar é este
Sem memória
Nem glória,
À beira da estrada
Do Atlântico
Da minha infância revisitada.

11. 
Não há mais quem cante o cante
Dos poetas,
A doce cantilena das Naus Catrinetas,
O fero cântico dos últimos guerreiros
Do Império,
Ou até a última oração,
De lamento e impropério,
Em canto chão,
Que é devida
Aos bravos
Que pela Pátria deram a vida.

12. 
Fora de portas,
Num atalho ou trilho
Que leva ao monte das forcas,
Compro o último pão de centeio
E a última boroa de milho
À última padeira de Aljubarrota
Que ainda estava viva,
À hora do pôr do sol.
Padeira, viandeira, mãe coragem, altiva,
Que nem sempre o que parece é,
A vitória ou a derrota,
Medindo forças no tribunal da história.

13. 
Águas paradas do Rio Alcabrichel,
Tingidas de verdete e de sangue,
No fim de tarde de todas as batalhas.
“Pour Monsieur Junot,
C’était encore trop tôt!”.
Saqueada a  cidade,
Enchem-se as tulhas e as talhas,
Ainda a guerra é uma criança.

14. 
O último terno de cornetins
Da fanfarra do exército dizimado
Toca a silêncio,
Enquanto me despeço
Na parada, em ruínas, do quartel.

15. 
Em boa verdade, o silêncio
É a única linguagem universal
Que eu conheço
Na Torre de Babel.



Périplo pelas terras da Lourinhã, em 15 passos, entre a Praia de Paimogo e a Praia de Porto Novo, fim de verão, 2014. Aqui desembarcaram tropas luso-inglesas que derrotaram Junot na batalha do Vimeiro. Há 206 anos. 
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13547: Manuscrito(s) (Luís Graça (41): Roleta russa