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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23874: História de vida (50): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra) - Parte III: Relembrando o enorme prazer de saltar de paraquedas (e os meus instrutores, srgt Nogueira e cap Cordeiro)... O último salto que fiz, foi em dezembro de 1973, quatro meses antes de passar à disponibilidade


Cópia do documento atestando a atribuição do grau de Cavaleiro da Ordem de Benemerência 
à alferes enfermeira paraquedista Maria Ivone Quintino dos Reis, em 28 de fevereiro de 1962.  O original foi doado ao museu do RCP (Regimento de Caçadores Paraquedistas), em Tancos.


Foto (e legenda): © Rosa Serra (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Rosa Serra, em Ponte de Lima,
24 de agosto de 2020.
Foto: António Mário Leitão (2020)


 1. A Rosa Serra, natural de Vila Nova de Famalicão,   fez o curso de enfermagem no Porto, tendo aí conhecido a veterana Maria Ivone Reis (1929-2022), em 1967,  quando esta andava a recrutar jovens enfermeiras para a FAP (*). Fez o 45.º curso de paraquedismo, sendo "brevetada" em 13 de março 1968. Foi graduada em alferes enfermeira paraquedista.  

Conheceu os três teatros de operações da "guerra do ultramar": Guiné 1969-70, Angola 1970-71, e Moçambique 1973. Passou  à disponibilidade em 1 de março de 1974. Tem sido, juntamente ccom a Maria Arminda Santos e a Giselda Pessoa,  uma das mais mais ativas e profícuas autoras de textos sobre a história das enfermeiras paraquedistas e as suas protogonistas. 

Vive em Paço de Arcos, Oeiras. É membro da nossa Tabanca Grande desde 25/5/2010. É coordenadora literária e coautora do livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", 2.ª edição, Porto, Fronteira do Caos, 2014, 439 pp. 

Está a ultimar um livro com a sua história de vida como enfermeira e enfermeira-paraquedista. Como "aperitivo", estamos a reproduzir aqui, por cortesia sua, um texto inédito seu, de 21 páginas, que nos chegou às mãos através de um amigo e camarada comum, o Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970-72) (**), membro da Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo), Lourinhã.



Rosa Serra, ex-alf enf paraquedista
(Guiné, 1969/79; Angola, 1970/71;
Moçambique, 1973)


História de vida (excertos): sinto-me muito realizada e feliz por ter sido uma simples enfermeira e, durante a guerra, enfermeira paraquedista (Rosa Serra)

Parte III:  Relembrando o enorme prazer de saltar de paraquedas (e os meus instrutores, srgt Nogueira e cap Cordeiro)  ... O último salto que fiz,  foi em dezembro de 1973,  quatro meses antes de passar à disponibilidade

E continuei seguindo a ordem das perguntas, agora sobre as desilusões (**) que expliquei não ser no plano pessoal, mas que foi nesta passagem pela Força Aérea, que despertei para os interesses de algumas pessoas, uma delas que serviu mal a Força Aérea, mas aproveitou-se bem dela, com incapacidades falsas, dadas por médicos sem escrúpulos, e que todos nós pagámos com os nossos impostos, para essa pessoa estar isenta de IRS com uma alta incapacidade há mais de quarenta anos.

É a única mulher “combatente” na lista dos deficientes das Forças Armadas, dos antigos combatentes da guerra do Ultramar Português. Desculpem a expressão, é uma “ovelha tresmalhada”, para nossa tristeza e desilusão, que não pode servir de exemplo para ninguém.

É triste ver uma nossa enfermeira, sempre saudável, que ignora os princípios éticos, inerentes à sua profissão, a Enfermagem.

Foi ainda como enfermeira paraquedista que despertei para muitos outros interesses que me escandalizaram:  caso dos Açores.

Sempre achei estranho situar-se na Ilha Terceira, um minúsculo hospital, rotulado como Hospital da Força Aérea, existindo apenas nessa ilha uma única Unidade Militar (BA 4) que, se algo acontecesse aos jovens militares, poderiam recorrer ao hospital civil, de Angra do Heroísmo, enquanto que no Continente existiam várias Bases Aéreas espalhadas pelo País, e sem qualquer hospital desse Ramo.

Os militares da Força Aérea só poderiam ser tratados ou socorridos no Hospital Militar da Estrela.

Nesta ilha açoriana existia um médico, salvo erro graduado em tenente coronel, que,  ao saber da existência de enfermeiras paraquedistas e sendo amigo do Diretor do Serviço de Saúde da Força Aérea em Lisboa, pediu a este se poderia enviar duas delas aos Açores, pois gostaria de as conhecer.

O Senhor Diretor assim fez, enviou duas enfermeiras que, ao chegarem lá, arregaçaram as mangas e com o seu profissionalismo, deram uma volta tal à orgânica, dos fracos serviços de enfermagem lá prestados, que o sr. Diretor gostou tanto que avançou logo com novos pedidos, ao seu amigo de Lisboa. Como os argumentos que iria usar, acreditava ele, que o Diretor de Lisboa não iria recusar.

A primeira proposta foi para que as enfermeiras paraquedistas, após o curso de paraquedismo e como forma de adaptação aos Serviços de Saúde Militar, passassem a fazer um estágio no Hospital da Terra Chã e só depois seguiriam para o Ultramar.

(Note-se: nessa altura havia uma enfermeira que quando se candidatou a paraquedista, desempenhava as suas funções no Serviço de Urgência do Hospital Central da Cidade onde trabalhava e, pasmem-se, também essa foi fazer estágio aos Açores no pequeno hospital da Ilha Terceira. Enquanto que o primeiro curso de Enfermeiras Paraquedistas, após concluído o curso de paraquedismo, foi fazer um estágio no Serviço de Urgência do Hospital de S. José. Espantados…? Eu também.)

Voltando ao nosso Diretor da Terra Chã:  pouco tempo depois, deparou-se com um obstáculo, houve anos em que nenhuma enfermeira se candidatou a Enfermeiras Paraquedista.

Esperto como era, o Senhor Diretor dos Açores apresentou nova ideia ao seu amigo de Lisboa:  

–  Senhor Diretor do Serviço de Saúde da Força Aérea Portuguesa  argumentou ele –, coitadas das nossas enfermeiras, com um trabalho tão desgastante no Ultramar, bem merecem descansar nesta pequena, pacata e linda Ilha Açoriana durante uns tempos.

E para lá foram descansar algumas. Mas,  como em tudo, há sempre alguém que não está na Força Aérea para fazer favores a este tipo de pessoas, até que chegou o dia em que o sr. Diretor de Lisboa informou essa enfermeira que teria de ir para os Açores.

Essa senhora enfermeira foi, mas apenas para arranjar argumentos suficientes para nunca mais lá pôr os pés. Passado pouco tempo da sua estadia na bela Ilha Açoriana, a mesma enfermeira foi à BA 4,  pediu uma viagem para Lisboa e apresentou-se na Direção do Serviço de Saúde da Força Aérea em Lisboa, colocando os seus motivos para não voltar aos Açores.

Perante os argumentos apresentados,  o sr. Diretor do Serviço de Saúde da Força Aérea de Lisboa ligou logo para a  ilha, informando o seu amigo e lamentando que a dita enfermeira tinha argumentos demasiado fortes para não ir para os Açores. E acrescentava que, de facto, as enfermeiras paraquedistas, não tinham sido  criadas para essas funções.

O diretor Açoriano, com a sua prepotência, barafustou até se cansar e rematou que não era a sra. enfermeira que se recusava, era ele que não a queria lá, pelo seu mau feitio.


A então ten enf pqdt Ivone Reis,
em Cacine, 12/12/1968. Nasceu
em 1929, faleceu em 2022.
Foto: António J. Pereira
da Costa
 (2013)



Como curiosidade, que eu saiba, do primeiro curso de enfermeiras paraquedistas foi esta a única enfermeira paraquedista que,  no ano seguinte após concluído o curso de enfermeiras paraquedistas, lhe foi atribuído o grau de Cavaleiro da Ordem de Benemerência,  dada pelo sr. Presidente da República Américo Tomás, visto e registado a fl. 109 L.2 Decreto de 28 de fevereiro 1962, publicado no Diário do Governo nº 73, 2ª série de 27/3/1962, Expedido pelo Chancelaria das Ordens Portuguesas aos 3 de abril, de 1962, nº 1588. Por tanto cerca 6 meses depois, do primeiro curso de Enfermeiras Paraquedistas terminar a meio de agosto de 1961.

Em cima  a foto do respetivo diploma cujo original foi oferecido para o museu do 
Regimento de Caçadores Paraquedistas (RCP), em Tancos, no dia 15 de outubro de 2022.

Entretanto o  RCP, em Tancos, que tinha uma elevada noção de guerra, sabia que os primeiros socorros em terra, mesmo antes do Helicóptero de Socorro chegar, são importantes e, como tropa organizada e inteligente que é, teria de ter sempre alguém capaz para analisar qualquer situação, como: proteção à clareira onde o Helicóptero pudesse aterrar em segurança, assim como alguém devidamente preparado, que prestasse os primeiros socorros aos seus camaradas feridos, até esta aeronave chegar e os levar para o hospital.

A Direção do Serviço de Saúde da Força Aérea apenas se preocupava com os ditos “enfermeiros” da Força Aérea, que nos Açores aprendiam a dar comprimidos, injeções e a desinfetar pequenas escoriações e com fracas noções de assepsia.

Os paraquedistas resolveram a sua questão, não deixando que a Direção de Saúde da Força Aérea de Lisboa resolvesse o seu problema. Assim, nomearam enfermeiras paraquedistas, em anos diferentes para,  no próprio Regimento,  darem um Curso Avançado de Primeiros Socorros aos seus camaradas paraquedistas, acompanhando-os no respetivo estágio feito no Hospital Militar Principal em Lisboa.  

E os socorristas Paraquedistas ficaram mais bem preparados, e de forma mais adequada e mais eficaz, para poderem cuidar dos seus camaradas quando feridos ou doentes, até o Helicóptero chegar e os levar para o hospital.

Deixaram assim os “enfermeiros” da Força Aérea, sossegados nas suas Bases Aéreas,  a fazerem precárias tarefa tal como lhes ensinaram.

Foram três enfermeiras paraquedistas que, em anos diferentes, foram nomeadas para darem formação adequada aos seus camaradas socorristas paraquedistas e os acompanharam no seu estágio no Hospital Militar da Estrela em Lisboa.

Quando chegou a minha vez, após dar à formação aos nossos socorristas paraquedistas, com respetivo acompanhamento do estágio feito no Hospital Militar da Estrela, aproveitei e formulei um pedido ao nosso comandante, sr. coronel Fausto Marques, autorização para fazer o curso de instrutores e monitores, tal como a enfermeira Manuel França o tinha feito 2 ou 3 anos antes. 

Fui autorizada e concluí-o com muito gosto. Fiz este curso apenas pelo prazer de saltar e considero ter sido mais um contributo para o meu próprio equilíbrio. Devo este prazer de saltar ao meu instrutor do curso de paraquedismo, na altura o senhor sargento pqdt Nogueira, meu querido instrutor, que me estimulou o prazer de saltar.

Sempre me disse que eu saltava muito bem da torre e por isso podia perfeitamente tirar partido desses momentos mágicos que os saltos nos proporcionam. Dizia-me ele; 

–   Primeiro logo que larga a porta,  mantem o corpo recolhido e conta 232, 233, 234, que é o tempo para a calote se soltar do arnês e abrir. Depois é necessário verificar se todos os cordões não estão enrolados, e saber de que lado vem o vento. Com os pequenos minutos que lhe restam,  aproveita para olhar mais longe, ver o horizonte, ver a terra de cima. Depois certifica-se de que lado vem o vento e,  se necessário,  fazer trações, para que este não a leve para zonas não aconselhadas, evitando assim acidente.

Sempre fiz isso, tudo como ele me ensinou. Apenas me surpreendeu o silêncio, que o “escutei“ com surpresa e foi maravilhoso. Razão por que anos mais tarde pedi ao nosso primeiro comandante Fausto Marques, para fazer o curso de instrutores e monitores só pelo prazer de saltar. Foi meu instrutor neste curso o sr. capitão pqdt João Costa Cordeiro que, quando acabei o curso me convidou para um jantar em Abrantes com ele e com a sua esposa.

Fiquei tristíssima quando,  poucos anos depois,  ele foi para a Guiné e morreu num salto de queda livre.

Fiz vários saltos, sendo o último feito na Beira,  em Moçambique. quando de passagem para Lisboa, vinda de Mueda no fim da minha comissão, aguardando no BCP 32 pelos feridos, que vinham de Lourenço Marques. 

O primeiro foi um salto automático e,  acabada de chegar a terra e logo de seguida,  vi a filha do engenheiro Jardim, a Carmo, junto a um Helicópetro da Força Aérea,  equipada para fazer um salto manual, eu que estava junto de um paraquedista perguntei-lhe se havia um paraquedas para eu fazer um salto manual. Como foi buscar de imediato um, eu informei o piloto, que estava já dentro da aeronave,  que também eu ia saltar. 

Assim foi,  entrámos as duas, e a Carmo nem “tugiu nem mugiu", simpática pensei eu, mas ignorei a presença da dita filha do engenheiro Jardim, entrámos. Ela ficou mais perto da porta quando já estávamos numa altura suficiente,  já não sei a quantos metros de altitude, ela saltou e, de seguida, saltei eu. Foram os dois últimos saltos que dei e a última comissão que fiz. Fins de dezembro de 1973.

É de notar que nunca viemos como passageiras, mesmo em fim da comissão, sempre viemos prestando cuidados e assistência aos feridos durante toda a viagem até Lisboa.

(...) 

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Negritos / Links / Titulo e subtítulo / Parênteses retos com notas: LG]

____________

Notas do editor:

(...) Muito recentemente, ao sair do Serviço de Urgência para o internamento do Hospital de Cascais, uma enfermeira jovem fez-me as seguintes perguntas: (i) quando resolveu ser enfermeira?;  (ii) nunca se arrependeu por ter escolhido enfermagem?;  (iii) onde trabalhou? (iv) quantos anos exerceu essa profissão?;  e (v) teve alguma desilusão ou desilusões?

Após a minha narrativa dos vários locais onde exerci a minha profissão, logicamente também referi que fui enfermeira paraquedista. A jovem, de olhos abertos de espanto, informou-me:

– O meu marido é militar paraquedista.

Sorri… (...)



(...) Perguntaram-me, no Hospital de Cascais onde estive recentemente internada, onde trabalhei, e ficaram admiradas, as enfermeiras, quando desfiei os vários locais e as experiências que tive durante quarenta anos.

Há um que deixou todas ainda com mais espanto. Foi o período em que estive na Força Aérea, como enfermeira paraquedista. (...)

terça-feira, 9 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21058: Blogues da nossa blogosfera (133): A Tabanca do Centro publica uma preciosa carta do Joaquim Pinto Carvalho, ex-alf mil da CCAÇ 6 (Bedanda, 1972/73), sobre o resgaste do ten pilav Miguel Pessoa, em 26 de março de 1973, por um grupo de tropas paraquedistas da CCP 123 / BCP 12 e pelo grupo do Marcelino da Mata


Lourinhã > Atalaia > Porto das Barcas > 7 de junho de 2020 > O Joaquim Pinto Carvalho na sua casa de verão, onde fez o "confinamento" por causa da pandemia de COVID-19, e onde  se  reune também a Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã.  

Esta casa dos "Duques do Cadaval",  é também conhecida por "Atira-te ao Mar" ou "Porta-aviões", designação dada pelos amigos (e camaradas), Luís Graça e João Rebelo, respetivamente. ("By the way", a "duquesa do Cadaval" tem, por graça, o nome Maria do Céu Pinteus.)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Com a devida vénia. e as necessárias adaptações ao nosso formato (*),  transcrevemos o seguinte poste do blogue da Tabanca do Centro, de que é "régulo" o Joaquim Mexia Alves e editor principal o Miguel Pessoa (, diretor também da "Karas de Monte Real"):

Sábado, 30 de maio de 2020 > P1231: Uma relíquia com  47 anos...

Do nosso camarigo Joaquim Pinto Carvalho recebemos um mail em que dava a conhecer correspondência trocada há cerca de 47 anos com a então sua namorada, mais tarde esposa, em que referia o contacto tido com o famoso Marcelino da Mata e as histórias por ele contadas nessa ocasião, nomeadamente um resgate de um piloto da FAP perdido no meio das matas de Guileje.

Aqui fica a história, que publicamos na data em que este nosso camarigo comemora mais um aniversário (   ).

Que os festejos sejam adequados às normas de contenção que a actual situação exige...
A Tabanca do Centro

Caro Miguel

Tomo a liberdade de te enviar um excerto duma carta que escrevi, há cerca de 47 anos, quando me encontrava na Guiné (Bedanda). Essa carta e o que nela descrevo ficou no esquecimento, por todo este tempo. Encontrei-a porque ando a recolher tudo o que escrevi durante o período em que estive na guerra para eventual publicação.

O relato dos “factos”, por quanto retive, foi-me feito directamente pelo próprio Marcelino da Mata.

Penso que, tomado como verdadeiro o depoimento, não defraudará a verdade histórica, mas poderás, ou não, confirmar. Também não é “essa” verdade o mais importante para mim, mas a leitura que nesse momento fiz do episódio. Para mim é um documento que, agora ao ler, me traz alguma emoção, mais que nostalgia, e que me é grato partilhar contigo. (...)

O excerto faz parte de uma carta que escrevi à então minha namorada, com quem vim a casar (doutra forma ter-se-ia provavelmente perdido este relato) e, por essa razão, envio-te uma reprodução da carta original.

No entanto, para facilitar a leitura, abaixo transcrevo, na íntegra, esse meu relato, sem pretensões jornalísticos nem de exercício literária, mas que é genuíno, acredita! Se corresponde à factualidade e aos sentimentos pessoais que, em tais circunstâncias, procurei então perscrutar em quem não conhecia, logo me dirás!



Guiné > Região de Tombali > Susetor de Guileje > 26 de março de 1970 > Resgaste do ten pilav Miguel Pessoa, cujo Fiat G-91 timha sido abatido na véspera por um míssil Strela (**). No resgate, dois bigrupos  da CCP 123 / BCP 12,  cap João Cordeiro era o comandante do 1.º bigrupo e o cap Norberto Bernardes do 2. bigrupo, que actuavam isolados. A outra força é o grupo "Os Vingadores", do Marcelino da Mata-

Os créditos fototográficos são  atribuídos ao gen ref Norberto Bernardes, que entre 11 de junho de 1972 e 17 de fevereiro de 1974,  prestou serviço na CCP123 / BCP12. Cortesia do Miguel Pessoa.


O MARCELINO DA MATA

(Carta enviada pelo Joaquim Pinto Carvalho em 28 de Março de 1973)

“Decerto não ouviste ainda falar dum tal Marcelino da Mata e do seu grupo de “Vingadores” – tal como são chamados aqui. É um grupo especial de combate que não atinge a vintena de homens. Não são “turras” ainda que fardem e se armem à maneira turra, utilizando mesmo emblemas do PAIGC.

Pois o Marcelino e o seu grupo estiveram entre nós alguns dias e, porque se foram embora esta manhã, já poderei falar-te deles. Para reconheceres as qualidades (?) desse grupo basta o seu nome - “OS VINGADORES”.

Nas veias corre-lhes a guerra em vez de sangue e não importam os objetivos. São chamados a actuar isoladamente quando as circunstâncias o exigem e só se sentem bem aí.

O Chefe tem nada menos que três cruzes de guerra e uma Torre Espada. É, entre nós, o combatente mais famoso, depois de Spínola, creio, tal como nas fileiras do PAICG, o Nino de quem se diz primo.

Não vou repetir-te as histórias que ele contou, mas relato a última saída que fizeram já durante a sua estadia aqui.

Chegou notícia de que um piloto de FIAT (bombardeiro a jacto) tinha desaparecido junto da fronteira com a República da Guiné, a algumas dezenas de quilómetros daqui. Uma companhia de “páras” andou durante várias horas à sua procura sem qualquer resultado. Na madrugada seguinte, este grupo saiu e ainda não era meio dia, já o haviam localizado e enviado para Bissau. Este é um outro aspecto da guerra.

Agora imagina o que seja um homem sozinho, numa região estrangeira (Rep. Guiné), desarmado, sofrendo ainda o susto que apanhou ao sentir o avião atingido e ao lançar-se de para-quedas.

Andou cerca de dois quilómetros na direcção do quartel e se os “páras” o não encontraram terá sido pela necessidade de se esconder em qualquer buraquinho logo que ouvisse o mínimo ruído de gente, pois dizem que os paraquedistas passaram a cerca de 100 metros dele, o que em plena mata é bastante.

Pois, “os Vingadores” conseguiram recuperá-lo. Esse piloto terá nascido uma segunda vez, não duvido. Estava deitado – e talvez já meio alucinado, quando o encontraram. Ao ver o grupo aproximar-se chamou-lhes todos os nomes possíveis e imagináveis, mandou-os para a merda e outras coisas mais, dado que seria difícil reconhecê-los. Quando o Marcelino que é alferes por promoção, o agarrou quando tentava fugir e lhe disse quem era deve ter sido um momento de loucura.

Esse piloto que deveria sentir-se já irremediavelmente perdido poderá seguir descansado para Bissau e reabilitar-se do temor e de toda a revolução psicológica que deverá ter experimentado dentro de si.


Foi-se um avião (que deve ter custado alguns milhares de contos), mas salvou-se uma vida que não se pode avaliar em dinheiro. É, sem dúvida, uma outra dimensão da guerra. Mesmo assim não terá saldado as muitas mortes que já devem ter feito nas operações em que entraram.

Mas, deixando em paz os vingadores…"





Original da carta enviada em março de 1973


Não sei se te surpreendi, nem sei se outros “camaradas”, ao tempo, fizeram igual… Há memórias que não podem ser esquecidas!

Fica um forte abraço, esperando que no meio desta “guerra” pandémica tudo vos esteja a correr bem.

Joaquim Pinto Carvalho

____________

Nota do editor da Tabanca do Centro:

O texto apresentado está conforme a carta enviada pelo Joaquim Pinto Carvalho em 28 de Março de 1973, que quisemos manter. Mas será conveniente prestar alguns esclarecimentos sobre o que aqui é descrito.

Na verdade não houve forças nossas no terreno a tentar recuperar o piloto no dia em que ele foi abatido. A primeira identificação do local em que ele se encontrava só ocorreu cerca das cinco da tarde, não havendo tempo disponível para efectuar o resgate (, com a  noite iria cair muito rapidamente).

No dia seguinte foram posicionados dois grupos na orla da mata referenciada - um com 25 pára-quedistas chefiados pelo Cap Norberto Bernardes e um segundo grupo com 25 pára-quedistas chefiados pelo Cap Cordeiro, que acompanhavam o grupo de Operações Especiais do Marcelino da Mata (14 elementos).

Foi aliás o primeiro grupo que localizou os destroços do avião e recuperou o pára-quedas e o capacete do piloto. Foi depois mandado parar e estabelecer a segurança, avançando então os grupos do Cap. Cordeiro e do Marcelino da Mata para resgatar o piloto, entretanto localizado.

Quanto ao possível estado alucinado do piloto, não exageremos... embora já começasse a ter os platinados a falhar... E os insultos que ele mandou ao pessoal parecem totalmente justificáveis, quando os primeiros elementos da equipa de resgate com que se depara são africanos equipados com fardas cubanas e armados com Kalashnikovs... (**)

O editor (que por sinal era o piloto em questão...)
_______________

Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 24 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21006: Blogues da nossa blogosfera (131): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (47): Palavras e poesia

(**) Vd. postes de:

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17303: FAP (101): Agora num expositor... Aventuras de um capacete... E não só... (Miguel Pessoa)



O Tenente Pilav Miguel Pessoa iria ser recuperado um dia depois de se ter ejectado do seu Fiat G-91 atingido por um míssil Strela


Com a devida vénia ao Blogue da Tabanca do Centro e ao nosso camarada Miguel Pessoa, Coronel Pilav Ref (ex-Tenente Pilav da BA 12, Guiné, 1972/74), reproduzimos o Poste 906 daquele Blogue:

AGORA NUM EXPOSITOR... AVENTURAS DE UM CAPACETE… 
E NÃO SÓ…

Miguel Pessoa

Há tempos foi publicado neste blogue um Poste (P866) da autoria do meu camarada Alberto Roxo da Cruz, em que ele relatava as peripécias que envolveram a sua ejecção e recuperação nas matas da Guiné. Dessa história - que naturalmente conhecia, pois eu também estava lá… - fixei uma frase ali escrita: “Aí, apercebi-me que tinha perdido o capacete, que estava com o francalete bem justo, assim como a máscara e a viseira colocadas. Quem quiser, que experimente retirar o capacete da cabeça, nestas circunstâncias. Nós tentámos essa experiência e ninguém conseguiu!”

A cena da perda do seu capacete na ejecção, essa desconhecia-a. Mas é em tudo igual ao que me tinha acontecido meses antes no Sul da Guiné, quando também tive que me apear dum Fiat G-91 em andamento… No meu caso não dá para relatar a minha descida em paraquedas pois não me lembro de nada entre o disparo da cadeira de ejecção e a recuperação da consciência uns minutos (?) depois da queda.

Esses pormenores já os relatei anteriormente no blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" (podem ver aqui) .

Sobre o capacete, posso assegurar que também eu tinha a máscara de oxigénio colocada, o francalete devidamente ajustado e a viseira em baixo. Mesmo assim, o facto é que o capacete se foi embora durante a ejecção, o que mostra a brutalidade desta medida de emergência…

O que não contei então é que, mais tarde, em conversas tidas com o Gen. Paraquedista Norberto Bernardes (meu camarada e amigo desde os tempos da Academia Militar em 1965) me foram relatadas as peripécias da recuperação desse meu capacete, encontrado no mato pelo grupo que ele comandava (então como Capitão), inclusive com recurso a um ramo para ver se o IN o teria armadilhado…

Bom, como quem procura tem prioridade, no fim desse dia o meu amigo Bernardes estava na posse do meu capacete… e do meu paraquedas, os dois em razoável estado de conservação.

Magnânimo, o Norberto Bernardes propôs-me decidir qual a peça que eu gostaria de recuperar, ficando ele com a outra. Optei por ficar com o paraquedas, que achava ser uma boa recordação; afinal, iria ter um capacete novo quando voltasse a voar. E assim se fez: Eu guardei o paraquedas e o Norberto Bernardes levou o capacete para a sua casa.

Passados uns bons anos, parece que tivemos ambos um rebate de consciência – Afinal, lá em casa as peças não tinham grande préstimo, seria mais interessante se estivessem expostas num local em que pudessem ser apreciadas por outras pessoas.

Foi assim que em determinada altura o Norberto Bernardes me informou que tinha oferecido o meu capacete para ser exposto no Museu da Base Escola de Tropas Paraquedistas, em Tancos.


Achei a ideia interessante e resolvi oferecer o meu paraquedas ao Museu do Ar, da Força Aérea, oferta essa que acabou por não se concretizar por “falta de espaço para exposição do material” (palavras do responsável, que me escuso de comentar…).

Desde há muitos anos, principalmente desde a data da minha recuperação, os Paraquedistas têm sido uma família para mim, com quem gosto de me dar e que sempre me recebem bem.

Foi por isso que em 2006 naturalmente resolvi oferecer o meu paraquedas ao Museu da Base Escola de Tropas Paraquedistas, onde hoje repousa na companhia do meu capacete, após uma longa separação de 33 anos, iniciada no longínquo ano de 1973…


Com um abraço especial ao Norberto Bernardes, um camarada por quem tenho grande amizade e consideração, lembrando também com saudade outro camarada que foi essencial na minha recuperação, o Cap. João Cordeiro, falecido num trágico acidente num salto de paraquedas, poucos meses mais tarde.

Miguel Pessoa
____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17183: FAP (100): Um DO no charco do Como, história inserta no livro "Nos, Enfermeiras Paraquedistas" (Miguel Pessoa / Giselda Pessoa)

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14854: Efemérides (194): No passado dia 20 de Junho, em São Miguel, foram inauguradas as obras de conservação e renovação do Museu Militar Militar dos Açores e impostas ao nosso camarada Carlos Cordeiro, a Medalha Comemorativa das Campanhas e a Medalha de Cobre de Comportamento Exemplar (José Câmara)

1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 8 de Julho de 2015:

Caros amigos,
No passado dia 20 de Junho, em São Miguel, foram inauguradas as obras de conservação e renovação do Museu Militar dos Açores, um novo pólo de atracão para o turismo e para os estudiosos de uma região que é riquíssima na sua história militar.

A efeméride, que contou com a presença da actual Secretária de Estado-Adjunta e da Defesa Nacional, a Sra. Dra. Berta Cabral, não passou despercebida aos muitos açorianos que viram o noticiário daquela noite. Infelizmente, como é hábito da RTP-Açores, pelo meio da notícia ficou perdido um acto muito significativo e dignificante, que a todos nos diz respeito. O nosso amigo Carlos Cordeiro, a par de outros, foi oficialmente condecorado com a Medalha das Campanhas do Ultramar e a Medalha de Cobre de Comportamento Exemplar.

A Medalha de Cobre de Comportamento Exemplar foi imposta pelo Sr. Contra-Almirante Coelho Cândido, Comandante da Zona Marítima dos Açores, e a das Campanhas (Angola, 1969-1971), pelo Sr. General Comando (Reformado), Luciano Garcia Lopes, um gesto de alto simbolismo e de cortesia militar, pois aquele oficial foi colega de Liceu e camarada na Academia Militar do malogrado irmão do Carlos Cordeiro, o Cap. Paraquedista João Cordeiro, tragicamente ceifado de vida num salto de pára-quedas, na Guiné

Para além disso, muito embora não tenha tido formação específica de comando, o Carlos Cordeiro foi convidado a ingressar na Associação de Comandos, força que integrou em Angola. Um exemplo de bem querer, que deveria ser seguido por outras instituições, incluindo as Associações da Liga de Combatentes.

A modéstia de Carlos Cordeiro nunca lhe permitiria trazer até nós o tumulto de sentimentos que o avassalaram ao sentir aquelas medalhas no peito, impostas que foram numa cerimónia simples, mas de alto gabarito social e militar.

Se há coisas neste mundo que me dão imensa alegria é aperceber-me que os meus amigos são devidamente reconhecidos por aquilo que fizeram, pelo exemplo que deram, pela dignidade como cumpriram. As medalhas não lhe foram dadas, são sim uma conquista pessoal, num tempo muito especial da sua juventude. Também sinto que devo reconhecer o nosso País que aos poucos se vai reconciliando com a sua História, de que o Carlos Cordeiro e nós que combatemos no Ultramar não envergonhámos.

Carlos, aquele dia foi teu. Dos teus familiares e amigos. Parabéns.

Se me é permitido, ao amigo, ao Prof. Doutor Carlos Cordeiro, um bem hajas pelo que tens feito por nós, pelos Açores e por Portugal.

Uma bela perspectiva entre o presente e um passado (na nossa memória sempre actual). Carlos Cordeiro e as duas militares, em posição de sentido, no acto da imposição das medalhas.
© Cortesia do Museu Militar dos Açores

A Medalha de Cobre de Comportamento Exemplar foi imposta pelo Sr. Contra-Almirante Coelho Cândido, Comandante da Zona Marítima dos Açores. 
© Cortesia do Museu Militar dos Açores

A Medalha das Campanhas (Angola, 1969-1971) foi imposta pelo Sr. General Comando (Reformado) Luciano Garcia Lopes, um gesto de alto simbolismo e de cortesia militar, ao bem visível comovido Carlos Cordeiro.
© Cortesia do Museu Militar dos Açores
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Nota do editor:

Último poste da série de 6 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14839: Efemérides (193): Lourinhã, 28 de junho de 2015: comemoração dos 10 anos do monumento aos combatentes do ultramar - Parte II: alocução do ten gen inf ref, lourinhanense, Jorge Silvério

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6733: Parabéns a você (132): Recordando outros aniversários (António Dâmaso)


1. Mensagem de António Dâmaso*, Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 12 de Julho de 2010:

Camarada Vinhal
Agradeço do coração as tuas palavras, também te desejo as maiores felicidades e sobretudo muita saúde.

Agora comprei uma "Tabanca nova" aqui para as bandas de Azeitão.

Um grande abraço
A Dâmaso


Aniversário

Já tínhamos entrado no mês de Julho, verifiquei que a lista dos aniversariantes tinha o dia 12 vago.

Lembrei-me de mandar para o Blogue a minha data de nascimento [12 de Julho de 1940], só para ver o que os meus amigos e camaradas Gisela e Miguel Pessoa me iam arranjar, fiquei com um palpite mas confesso que superaram as expectativas.

Nunca fui ligado a aniversários, mas 70 anos só se fazem uma vez, apesar de todas as mazelas e maleitas, não sinto o peso dos mesmos.

Agora que estava a pensar nos meus aniversários, vieram-me à memória alguns:

17.º Aniversário [, 1957] - Andava a trabalhar com o meu pai e irmãos, desenvolvia o trabalho de dois e tinha de palmilhar duas léguas de ida e volta para o trabalho todos os dias, tinha tido a gripe Asiática [, pandemia de 1957,], estava fraco lembrei-me de pela primeira vez fazer gazeta.

29.º Aniversario  [, 1969] - Estava na Guiné na primeira operação que fiz no Gabú, ficou-me marcado pela negativa porque no final do dia ao chegar a Bafatá, assisti à queda do Heli-canhão e à morte dos seus tripulantes.

30.º Aniversário [, 1970] - Estava em Moçambique no Cabo Delgado na Operação Nó Górdio.

33.º Aniversário [, 1973] - Estava na Guiné no inferno de Gadamael Porto.

70.º Aniversário [, 2010]- Este também me vai ficar na memória mas por melhores motivos.

Aos Editores do Blogue e todos que se lembraram de me dirigir uma palavra de conforto, o meu muito obrigado e desejo tudo de melhor para eles.

Seguem algumas fotos alusivas às datas, como alguém disse, palavras para quê.

17 anos, em 1957, o ano da pandemia de gripe asiática

29.º Aniversário na Guiné,  Gabú, em 1969

30.º Aniversário Moçambique na Operação Nó Górdio (12-07-70)

33.º Aniversário na Guiné em Gadamael Porto (12-07-73)

E para fornecer mais alguns elementos ao Casal Pessoa, vai uma foto do meu último salto na Guiné, fiz 30 segundos de queda livre e fui largado pelo Cap Pára João Costa Cordeiro, segundos antes do seu acidente fatal em 1974.

Salto para 30 segundos de queda-livre

Um abraço
A Dâmaso
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6719: Parabéns a você (129): António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP (Editores)

Vd. último poste da série de 13 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6724: Parabéns a você (131): 13JUL2010 - Rogério Ferreira, ex-Fur Mil da CCAÇ 2658/BCAÇ 2905 (Editores)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6638: Lista alfabética dos 24 capitães que morreram em campanha no CTIG, dos quais 10 em combate, todos comandantes de companhias operacionais (9 Cap QP, 1 Cap Mil) (Carlos Cordeiro)




Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 > 1967 > O Cap Art Manuel Carlos Conceição Guimarães, morto aos 29 anos. Terão morrido 24 capitães no TO da Guiné durante a guerra colonial (1963/74). Excluindo um capitão de 2ª linha e um outro, de quem faltam elementos de identificação, sabemos que desses 22, dezassete eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos.  Dez, todos comandantes de companhias operacionais, morreram em combate,  sendo 9 do quadro e 1 miliciano. (LG)

Foto: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.




1. Mensagem do nosso amigo e camarada Carlos Cordeiro (*):


Data: 24 de Junho de 2010 04:09

Assunto: Capitães que morreram em campanha na Guiné


Caros Luís e Carlos,

Junto uma lista dos capitães mortos em campanha na Guiné, entre 1963 e 1974. Tinha dois erros no comentário que inseri no P 6621 (**): em combate faleceram nove capitães do quadro, um miliciano e um de 2.ª linha e não como lá dizia (10 do quadro).

A totalidade é de 24 e não 23, pois não tinha incluído o Cap 2ª linha Abna na Onça, que, aliás, é por diversas vezes referido no blogue.

Não consegui obter qualquer elemento relativamente ao Cap Joaquim Simão e é provável que ele não conste do Monumento aos Mortos do Ultramar.

Temos, então, que faleceram 16 capitães do quadro e 6 milicianos (não incluídos o Abna nem o Simão). Destes 22, 17 eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos. Todos os que morreram em combate eram, naturalmente, comandantes de companhias operacionais.

O nosso blogue tem referências a 12 destes camaradas mortos em defesa da Pátria.

Gostaria de deixar claro que esta listagem pode conter muitas falhas. Segui, exclusivamente, os recursos da Internet. Baseei-me na lista da Liga dos Combatentes e, a seguir, procurei os restantes dados (miliciano, comandante de companhia operacional...) que encontrei, geralmente, no site http://ultramar.terraweb.bis/, nas listagens elaboradas pelo camarada José Martins. Como é evidente, este sistema não é absolutamente seguro e o José Martins tem alertado para o número significativo de militares mortos que não constam da lista da LC [, Liga dos Combatentes].

A formatação da listagem fica ao vosso critério. Optei pela ordem alfabética, mas talvez até fosse melhor ter optado pela data da morte.

Um grande abraço,
Carlos

2. Lista alfabética dos capitães que morreram no TO da Guiné (Nome / Posto e arma / Subunidade / Causa / Data / Observações) [Entre parênteses rectos, informação adicional introduzida pelo editor]

por Carlos Cordeiro (*)


ABNA NA ONÇA:  Cap 2.ª linha / Polícia  Admninistrativa, natural de Porto Gole / Cart 1661 / Combate  (v., entre outros, os postes P CCCXXV – I Série, de 30/11/2005, 5122, de 17/10/2009 e P4820, de 14/8/2009).

- ANTÓNIO ALBERTO JOYCE FONS: Cap Grad Cav / Cmdt CCav 3365 / Doença /  26 de Maio de 1972.

- ANTÓNIO LOPO MACHADO DO CARMO: Cap Cav  / Cmdt ECav 252 / Combate (CG 2.ª)  / 14 de Março de 1963.

- ARMANDO ALMEIDA TAVARES : Cap SGE / CCS BCaç 512 / Doença / 2 de Maio de 1965. [Natural de Portalegre].

- ARTUR CARNEIRO GERALDES NUNES:   Cap Inf / Cmdt CCaç 1788 / Combate / 16 de Fevereiro de 1968 (v. poste P3813, de 29/1/2009).

- CARLOS BORGES DE FIGUEIREDO : Cap Mil  Art / Cmdt CArt 2742  /   Acidente com arma de fogo / 2 de Abril de 1972 (v. P5938, de 6 de Março de 2010).

- DINIS ALBERTO DE ALMEIDA CORTE REAL: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 1422 /  Combate / 12 de Junho de 1966.

- FAUSTO MANTEIGAS DA FONSECA FERRAZ : Cap Mil Grad Art / Cmdt CArt 1613 /  Acidente com arma de fogo / 24 de Dezembro de 1966 (v. poste P4968, de 17/9/2009).

- FERNANDO ASSUNÇÃO SILVA : Cap Inf  / Cmdt CCaç 2796 / Combate  / 24 de Janeiro de 1971 (vd. poste  P3451, de 13/11/2008).

- FRANCISCO VASCO GONÇALVES DE MOURA BORGES : Cap Cav / Cmdt CCav 2721 / Combate / 2 de Julho de 1970.

- FRANCISCO XAVIER PINHEIRO TORRES DE MEIRELES : Cap Inf / CCAÇ 508 / Combate / 3 de Junho de 1965). [Natural de Paredes]

- HELDER PEREIRA DOS SANTOS GARCIA: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 3548 7 Doença / 27 de Dezembro de 1972.

- ILÍDIO FERNANDO RODRIGUES DA CRUZ CALHEIROS : Cap SM /QG / Doença / 25 de Março de 1970.

- JOÃO BACAR DJALÓ : Cap Comando  / Cmdt 1ª CCmds / Combate / 16 de Abril de 1971 (v. poste  P2569, de 21/2/2008).

- JOÃO CARDOSO DE CARVALHO REBELO VALENTE : Cap Pil Av / BA 12, Bissalanca / Doença 14 de Outubro de 1963.

- JOÃO MANUEL DA COSTA CORDEIRO : Cap Pára-quedista  / Cmdt CCP 123 / BCP 12 / Acidente / 22 de Maio de 1974 (v. poste P4216, de 19/4/2009).

- JOAQUIM MANUEL BARATA MENDES CORREIA : Cap Mil  Inf / Cmdt 1ª Companhia do BCaç 4610 / Acidente de viação / 18 de Março de 1974.

- JOAQUIM SIMÃO – Cap  / (?) / Doença / (?)  (Não descobri qualquer informação. Pela pesquisa que fiz, não me parece mesmo que o nome apareça no Monumento aos Mortos do Ultramar. O José Martins vai resolver o problema).

- JOSÉ CARVALHO DE ANDRADE: Cap Cav  / QG  / Afogamento [no Rio Mansoa] / 25 de Julho de 1970. [v. poste P 3335, de 20/10/2008].

- JOSÉ JERÓNIMO DA SILVA CRAVIDÃO : Cap Inf  / Cmdt CCaç 1585 / Combate / 4 de Junho de 1967.

- LUÍS FILIPE REI VILLAR: Cap Cav / Cmdt CCav 2538 / Combate / 18 de Fevereiro de 1970 (v., entre outros, poste P1908, de 1/7/2007).

- MANUEL CARLOS DA CONCEIÇÃO GUIMARÃES: Cap Art / Cmdt CArt 1690 / Combate / 21 de Agosto de 1967  (v. poste P1745, de 9/5/2007).

- RUI ANTÓNIO NUNO ROMERO : Cap Mil  Inf  / Cmdt CCac 1565  /  Acidente com arma de fogo / 10 de Julho de 1966 (v. poste P2335, de 8/12/2007).

- VICTOR MANUEL MENDES FERREIRA: Cap Eng SM / DSM / Acidente / 28 de Setembro de 19/74. [v. poste P2192, de 18/10/2007]

_________________

Notas de L.G.:

(*) Carlos Cordeiro: Membro da nossa Tabanca Grande; combatente em Angola, onde fez a sua comissão de serviço como Fur Mil At Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71; vive em Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, onde é professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores.

É irmão do infortunado Cap Pára-quedista João Manuel Costa Cordeiro, Cmdt CCP 123 / BCP (Guiné, 1972/74), morto em 22/5/1974, por acidente, em salto com pára-quedas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5055: Tabanca Grande (177): Carlos Cordeiro, ex-Fur Mil At Inf (Centro de Instrução de Comandos - Angola, 1969/71)

Caros camaradas e amigos tertulianos.
Há muito que venho trocando mensagens de trabalho, com o nosso camarada Carlos Cordeiro (*).

Os mais atentos devem lembrar-se que já se fez referência no nosso Blogue à sua qualidade de irmão do malogrado Cap Pára-quedista João da Costa Cordeiro (**), e tio do já nosso amigo Pedro Cordeiro, filho do Cap João Codeiro.

O nosso camarada Carlos Cordeiro, que teve já várias intervenções no Blogue, é um ex-combatente em Angola, onde fez a sua comissão como Fur Mil At Inf, no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71. É presentemente professor de História Contemporânea em Ponta Delgada e está a fazer um trabalho relacionado com as Unidades mobilizadas para o Ultramar pelos BII 17 e BII 18. Se se proporcionar poderemos ainda ver aqui publicado esse trabalho.

Tudo isto para dizer que convidei este nosso camarada para o grupo dos nossos amigos, tendo ele aceitado com gosto.

Assim passo a publicar a troca de mensagens entre nós.


1. Mensagem de Carlos Cordeiro, com data de 4 de Outubro de 2009:

Em fins de Novembro irá ter lugar, na Universidade dos Açores, um colóquio internacional intitulado "Representação de África e dos Africanos na História da Cultura (Séculos XVI-XXI".

Estou a preparar uma comunicação, que terá por fonte essencial o blogue "Luís Graça e Camaradas da Guiné", que venho a acompanhar, como leitor muito assíduo, há já alguns meses. Além das questões afectivas (que o meu amigo conhece) que me ligam ao blogue, trata-se também de, como profissional (professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores), considerar o blogue como uma fonte importantíssima para a abordagem científica de diversos aspectos da Guerra do Ultramar, no caso, da Guiné. Tenho já algumas ideias bem assentes de como desenvolver a comunicação, mas agora terei que pôr mãos à obra com mais afinco, pois o tempo passa depressa.

É por isso mesmo que recorro à boa vontade do amigo para me auxiliar num aspecto: gostaria de apresentar dados estatísticos sobre os "camaradas e amigos" que participam no blogue (data da comissão, posto, miliciano, do quadro), mas não encontro maneira de lá chegar. Haverá algum modo de, através de busca automática no blogue, conseguir estes dados? Estive a ver nos marcadores para tentar descobrir algum que me abrisse os postes de apresentação dos bloguistas, mas não vi nada.
Será que o meu amigo me pode ajudar com alguma dica que me facilite a busca?

Um abraço amigo do
Carlos Cordeiro


2. A minha resposta com data de hoje:

Caro Carlos
Será isto que quer?
Já agora aproveito para o convidar a fazer parte dos amigos do nosso Blogue.

Não sendo ex-combatente da Guiné, é no entanto um ex-combatente da guerra colonial, e um acontecimento infeliz acaba por o ligar anós.

Para não andar a procurar a nossa correspondência antiga, lembre-me o seu posto, Unidade e anos de permanência em Angola.

Com um abraço do camarada e amigo
Carlos Vinhal


3. Resposta imediata do nosso novo amigo Carlos Cordeiro:

Obrigadíssimo, meu caro Carlos. Era mesmo isto. Aliás, fico com a papinha toda feita!!! Depois perguntarei como fazer a indicação dos créditos.

Tenho também a informação das companhias dos BII 17 e 18 que foram para a Guiné (na totalidade, 25). Parece-me que vai ficar um trabalho interessante, ainda que reconheça que, dado o seu carácter científico, digamos assim, possa não vir a ser de leitura interessante. Veremos.

Quanto a ser amigo do blogue, é, sem dúvida, uma grande honra que aceito com imenso gosto. Era, como sabe, amigo, ainda que informal. Agora ficarei formalmente, o que me alegra muito.

Tenho divulgado o blogue a amigos que estiveram na Guiné. Ainda a semana passada falei com o Alferes (João Carlos Carreiro - CCAÇ 2444 (*)) que comandava o grupo de combate dos tais três açorianos que morreram no mesmo dia da grande desgraça dos afogamentos. Pedi-lhe para entrar e se tornar membro de pleno direito do blogue, mas ele ainda não entrou. Vou novamente falar com ele, pois diz-me que tem muito material, sobretudo fotos.

Na Universidade dos Açores só temos no activo quatro camaradas que fizeram a guerra do ultramar: um, o Tomás (que foi ao encontro nacional e há vários postes sobre ele); um professor que é leitor habitual, mas que nunca se inscreveu (72-74, na região de Oio); um que esteve em Moçambique e eu. Isto, no fundo, quer dizer alguma coisa: estamos cada vez mais na reforma!

Carlos Cordeiro
ex-Fur Mil Atirador de Infantaria.
CIC (Centro de Instrução de Comandos),
Angola (sede, em Luanda).
Comissão: Abril de 69 a Abril de 71.

Muito obrigado por tudo.
Um abraço camarada e amigo do
Carlos


4. Comentário de CV:

Caro Carlos Cordeiro.
Muito obrigado por aceitar o nosso convite para fazer parte do núcleo de amigos do nosso Blogue, que reservamos para as pessoas que de algum modo se identificam connosco, não sendo ex-combatentes da Guiné.

O seu caso é muito particular, porque sentiu como ninguém a dor provocada pela perda de um entequerido, irmão neste caso, vítima do infortúnio, causa não directa de uma acção guerra, mas na guerra, no TO da Guiné.

Ao tentar ser-lhe útil, mais não fiz que retribuir a sua colaboração neste blogue, fazendo os seus comentários e dando as suas achegas sempre oportunas.

Poderá, como é lógico, servir-se do nosso espólio para fins didáticos, cuja paga será só mencionar a fonte. Julgo que em casos particulares, poderá contactar directamente o(s) camarada(s) em causa, que com toda a certeza colaborarão.

O mentor desta página, Luís Graça, directamente ou delegando, estará disponível para esclarecimentos adicionais.

Resta-me mandar-lhe o tradicional abraço de boas-vindas da tertúlia, desta feita para o meio do Oceano onde se encontra, mais propriamente na bonita Ilha de S. Miguel. Já sabe que tem a incumbência de dar um abraço, da minha parte, ao meu Primeiro Rita, amigo para sempre depois de com ele conviver na CART 2732.

Ilha de S. Miguel - Furnas

Foto: © Carlos Vinhal (2006). Direitos reservados.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4853: Dando a mão à palmatória (23): Verdadeira causa da morte de três camaradas açorianos da CCAÇ 2444 (Carlos Cordeiro/Carlos Vinhal)

(**) Sobre as causas da morte do Cap Pára-quedista João Costa Cordeiro, vd. postes:

19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4216: Comentários que merecem ser postes (4): Homenagem à memória do Capitão Pára-quedista João Costa Cordeiro (João Seabra)

16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)

17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4700: Meu pai, meu velho, meu camarada (7): Cap Pára João Costa Cordeiro: Um homem de carácter (António Santos / Carlos Matos Gomes)

17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4703: Meu pai, meu velho, meu camarada (8): Sobre o Capitão-Pára João Costa Cordeiro (Manuel Peredo)

18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4705: Meu pai, meu velho, meu camarada (9): Testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (João Seabra)

18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4706: Meu pai, meu velho, meu camarada (10): Depoimento e fotos sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (Miguel Pessoa)

24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4731: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): Mensagem do filho do Cap-Pára João Costa Cordeiro (Pedro Miguel Pereira Cordeiro)

Vd. último poste da série de 1 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5039: Tabanca Grande (176): José Manuel Pechorro, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 19, Guidaje (1971/73)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4731: Meu pai, meu velho, meu camarada (11): Mensagem do filho do Cap-Pára João Costa Cordeiro (Pedro Miguel Pereira Cordeiro)


1. O filho do nosso camarada Capitão Pára João Costa Cordeiro, falecido na Guiné, Pedro Miguel Pereira Cordeiro, deixou a seguinte mensagem no poste P4694, sob a forma de comentário:


Caros Senhores,

Agradeço os vossos testemunhos, garanto que, algures num futuro próximo, também acrescentarei (se o moderador aprovar) algumas fotos e documentos relativos à comissão de meu Pai na Guiné.

Ao Doutor Rebocho,

Se não me engano, nalguma foto aparece o (então Sarg.) Doutor Rebocho, lembro-me vagamente de ao ver fotos da Guiné com minha Mãe, esta referir um qq incidente com um Sargento que aparecia numa foto...

A António Santos,
Tenho bem presente a verdadeira paixão de meu Pai pelos saltos de pára-quedas, abundam, nos álbuns de família, imensos saltos, alguns em competições em França e na Rodésia, isto apesar das 2 comissões. Lembro-me, mesmo em miúdo na Guiné de, a seguir ao almoço, ele "cravar" os seus amigos pilotos para ir dar um salto.

Ao Cor. Matos Gomes,
Tenho algumas fotos dos tempos da Academia, incluindo mesmo algumas das competições de Atletismo e uma de um gesso ao tórax resultante duma queda na ginástica. Sei que a sua pronúncia Micaelense lhe valeu a alcunha "Duze", do que não sabia era desse envolvimento em reuniões.
Agradeço imenso o depoimento.

P.S.: Caro Luís Graça, gostaria apenas de lhe pedir para corrigir o marcador de "Cap Pára João Pedro Cordeiro", para "Cap Pára João Costa Cordeiro". É que o Pedro sou eu, não meu Pai que era Manuel de 2º nome...

Um forte abraço a todos,
Pedro Cordeiro
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Notas de M.R.:

(**) Vd. últimos postes desta série relacionados em: