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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25061: Notas de leitura (1657): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (7) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Janeiro de 2024:

Queridos amigos,
No rescaldo da Operação Tridente (1964) o então Comandante-chefe, Brigadeiro Louro de Sousa, decidira a criação de um destacamento numa das pontas da ilha do Como, Cachil. A vida deste destacamento tornou-se intolerável, tais e tantas eram as incursões dos grupos do PAIGC, cuja propaganda fazia alarde daquele "campo fortificado" de onde não se podia sair. O Comandante-chefe Schulz propôs ao Coronel Abecasis uma operação que levasse à erradicação das forças do PAIGC, a Operação Samurai. Foram mobilizados bastantes meios, sabia-se que o PAIGC dispunha de um sistema defensivo forte, como se veio a comprovar, mas os bombardeamentos deixaram os guerrilheiros moralmente em baixo. O que aqui se descreve são os preparativos dos meios aéreos que nela intervieram.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (7)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Capítulo 2: Eles não conseguiram parar a nossa luta


Continuando a dar informações quanto ao armamento de que o PAIGC estava dotado em termos de sistema de defesa antiaérea, na continuação da Operação Estoque, a Força Aérea voltou duas noites depois, dois C-47 aproximaram-se da aldeia de Cassebeche, perto do Sul da ponta da Península de Quitafine. Apesar de o céu estar enevoado, o bombardeiro improvisado foi capaz de localizar e atacar o PAIGC, a despeito da reação antiaérea. Os dois C-47 largaram com sucesso bombas de 800 libras, vieram depois os Fiat e também encontraram uma reação no sistema de defesa antiaéreo, os alvos eram Cassebeche, Cabonepo, Cassacá e Camissorá. Um dos Fiat, pilotado pelo comandante dos Tigres, Tenente Egídio Lopes, regressou da sua missão atingido, era a primeira vez que um Fiat sofria danos em combate na Guiné. Devido à deterioração das condições atmosféricas, incluindo uma cobertura de nuvens até 900 pés, suspenderam-se as operações de dia, em 10 de agosto, mas naquela noite vieram os C-47 e bombardearam Cassebeche e a ilha de Canefaque, apesar da reação do PAIGC. No dia seguinte, os Fiat atacaram quatro outros locais antiaéreos, um Fiat foi forçado a aterragem de emergência no aeródromo de Cufar. A Operação Estoque terminou pelas 12 horas do dia 12 de agosto.

As aeronaves da Zona Aérea tinham feito 34 missões de combate e largaram 6800 libras de bombas e granadas incendiárias contra as posições do sistema antiaéreo do PAIGC, destruindo pelo menos uma metralhadora antiaérea. Mas o mais importante é que os ataques provocaram uma “desorientação moral” entre os guerrilheiros, como observou mais tarde o Coronel Abecasis: “Se não tínhamos destruído o sistema antiaéreo no Quitafine, tínhamos pelo menos provocado uma grande paralisação.”

Esta avaliação revelou-se prematura, uma vez que as chamadas zonas libertadas do Sul e as rotas de infiltração prosseguiram as suas ações; entretanto, o Grupo Operacional 1201 e os Tigres tinham aprendido uma série de lições relativamente ao emprego do Fiat. A Operação Estoque demonstrara a ineficácia dos foguetes de 2,75 polegadas contra as posições inimigas, as equipas do Fiat foram obrigadas a desenvolver outro tipo de perfis de fogo contra alvos precisos.

Apesar dos reversos temporários no Quitafine, o PAIGC continuava a desafiar a FAP noutros locais do Sul da Guiné, próximo da ilha do Como. Do final de agosto e até ao início de novembro de 1966, a guerrilha organizou uma sucessão de grandes ataques contra a guarnição portuguesa que estava no destacamento do Cachil, “o único, último e meio desmoronado bastião das nossas forças na ilha do Como Norte”, como observou o Coronel Abecasis. As forças da guerrilha também intensificaram a sua atividade antiaérea na região, quase derrubando um DO-27 numa missão de reconhecimento diurno. Temendo uma ofensiva da guerrilha mais forte com o intuito de expulsar as tropas portuguesas no Como, Schulz instruiu a Zona Aérea para planear uma resposta, destinada a “forçar o Inimigo a mudar de atitude.”

Para tal, o Coronel Abecasis e a sua equipa gizaram a Operação Samurai que mais tarde o comandante da Zona Aérea descreveu como “a operação mais ousada no teatro da Guiné.”

A Operação Samurai foi totalmente concebida como uma operação da Força Aérea, realizada em duas fases, com um empreendimento da Zona Aérea, primeiro, e depois um batalhão de paraquedistas no terreno. Na primeira fase, a aviação deveria fazer um esforço para atingir o sistema antiaéreo durante 3 dias, começando em 13 de novembro de 1966, para tirar benefício ou vantagem da Lua Nova, envolvia o Grupo Operacional 1201 com a sua frota de 8 Fiats, três C-47 e todos os operacionais T-6 e Alouette III, era a etapa inicial destinada a quebrar a resistência antiaérea. As Operações Resgate e Estoque tinham revelado a necessidade de precisão ao atacar estes alvos, sobretudo o ataque inicial com os C-47. A Operação Samurai devia utilizar o seu material bélico a menos de 4 mil pés, o que era suscetível de os deixar com um considerável risco. Estes ataques incluíam os acampamentos do PAIGC nas localidades de Cauane, Cachide, Cassacá e Caiar, bem como as rotas de abastecimento e de infiltração.

A segunda fase da Operação Samurai envolvia vários helicópteros que largavam as forças paraquedistas nos respetivos objetivos, a missão fundamental destas operações era de busca e destruição na ilha do Como. Estabeleceu-se em Cufar um apoio aéreo para auxiliar a ofensiva terrestre com coordenação em Bissalanca e com um posto de comando avançado em Catió. As aeronaves de serviço para apoiar os paraquedistas incluíam um par de Fiat em alerta terrestre em Bissalanca, um par de T-6 em alerta de 15 em 15 minutos em Cufar, havendo um DO-27 e um Alouette III em Cufar para eventuais evacuações. Ao longo de todas as fases de operação, um PCV DO-27 sobrevoou continuamente a área do objetivo, havia dois T-6 adicionais e um helicanhão em alerta. As aeronaves portuguesas foram também encarregas de operações noturnas de bombardeamento no centro do Como e operações de intervenção diurna noutros lugares da ilha, durante a operação. Assim que se deu por concluída a segunda fase, esperava-se que o Exército assumisse a responsabilidade pela reocupação do Como e pela erradicação de qualquer vestígio da presença do PAIGC. A Operação Samurai foi precedida por um esforço de reconhecimento de uma semana, a partir de 4 de novembro, abrangendo especialmente o Sul e o Oeste da ilha. Os Fiat voaram em missões de reconhecimento fotográfico de baixo nível, usando as suas câmaras de 70 mm para detetar alvos e ameaças, estas câmaras estavam dotadas de imagens de “claridade surpreendente”, segundo o Coronel Abecasis.

Os acampamentos dos rebeldes em São Nicolau e Cauane foram reconhecidos com especial atenção pelo Fiat, enquanto os DO-27 voavam exaustivamente para pesquisar potenciais locais para pouso de helicópteros. Centenas de fotografias aéreas, incluindo imagens panorâmicas e estereoscópicas foram entregues ao recém-criado Centro de Campanha de Exploração Fotográfica em Bissalanca para identificação e análise de alvos em preparação para a próxima ofensiva terrestre. O esforço deste reconhecimento operacional foi elogiado pelo Comando da Zona Aérea por ter produzido informação de “valor extraordinário”. A operação contra os sistemas de defesa antiaérea do PAIGC começou pelas 22 horas do dia 13 de novembro, com bombardeiros noturnos C-47 a atingir a defesa antiaérea do PAIGC. Houve resposta à volta da base Cauane, mas era um fogo defensivo de pouca intensidade, nada comparado com o que se tinha visto nas Operações Resgate e Estoque. O primeiro bombardeamento transportava bombas de 15 e 50 kg, bem como granadas de iluminação de magnésio. Ao longo dos três dias seguintes, os Fiat e T-6 procuraram obter informações para as tropas paraquedistas. De acordo com relatórios das tropas portuguesas e dos prisioneiros do PAIGC, a ação aérea resultou na morte de 6 militantes e 20 desaparecidos, na destruição de “todos os objetivos militares” identificados durante o reconhecimento aéreo e os prisioneiros confessaram ter havido uma grande desmoralização como resultado do bombardeamento noturno.
Objetivos da Operação Estoque, agosto de 1966 (Matthew M. Hurley)
Aviões Fiat dispondo de rockets durante a Operação Estoque (Coleção José Nico)
Comandante dos Tigres, tenente Egídio Lopes (Coleção Egídio Lopes)
Operação Samurai, novembro de 1966 (Matthew M. Hurley, adaptado do relatório da Operação Samurai)

(continua)

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Notas do editor:

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Último post da série de 8 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25050: Notas de leitura (1656): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (3) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25038: Notas de leitura (1655): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (6) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Dezembro de 2023:

Queridos amigos,
Os autores observam a evolução da situação político-militar entre 1966 e 1967, do lado português renascera a motivação com a chegada do helicanhão e do Alouette III, para suporte das operações de superfície, do lado do PAIGC remodelaram a estratégia introduzindo sistemas antiaéreos, nomeadamente na península do Quitafine; a propaganda do PAIGC brandia nos areópagos internacionais de ter autoridade em metade do território, um hábil mantra propagandístico, de muito difícil contestação, quer forças especiais quer as forças em quadrícula quando atingiam um objetivo podiam destruir os meios existentes mas tinham rapidamente que retirar, a guerrilha montava dispositivos que iam de emboscadas ao uso de morteiros. Para o Comando-Chefe e para a Força Aérea havia problemas delicados como os que foram postos pela Operação Estoque, bombardear horas a fio os tais lugares que dispunham de sistemas de defesa antiaérea punham problemas humanitários, o bombardeamento podia-se saldar numa autêntica carnificina da população civil, daí terem-se lançado panfletos a pedir a esta população que se deslocasse do local. Evidentemente que o fator surpresa ficou comprometido.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (6)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Capítulo 2: Eles não conseguiram parar a nossa luta


Recapitulando a evolução dos acontecimentos de 1966 para 1967, observam os autores que do lado português se ganhara confiança com a chegada do Alouette III, do Fiat e da possibilidade de utilizar na atividade operacional o helicanhão. Do lado do PAIGC, e após o tremendo susto provocado pela entrada em cena do helicanhão, Amílcar Cabral readaptou a estratégia do PAIGC, a guerra expandiu-se, apareceu na propaganda do PAIGC um conjunto de territórios tratados como zonas libertadas, onde o partido nacionalista alegadamente dominava e governava através de políticas rudimentares abarcando a economia, a saúde, a educação, apareceram mesmo os chamados armazéns do povo. Já em 1966, o PAIGC reivindicava a libertação de mais de metade do território, uma estatística veementemente contestada pelas autoridades portuguesas, mas de difícil refutação, as próprias forças portuguesas sabiam perfeitamente que mesmo quando desalojavam ou destruíam instalações precárias dos guerrilheiros, milícias e populações, mal abandonavam os locais esses mesmo guerrilheiros, milícias e populações regressavam, alterando o seu posicionamento, procurando assim também enganar os meios aéreos e não serem atingidos por bombardeamentos.

Seja como for, estas zonas ditas libertadas representavam uma componente essencial do PAIGC na sua estratégia mais ampla, divulgada como o progresso militar e a capacidade administrativa política que legitimava o movimento de libertação. Amílcar Cabral afirmava: “Nas nossas regiões libertadas temos agora os ingredientes de um Estado. O nosso povo tem uma personalidade política e vida económica e cultural, é o povo que governa o povo.” A natureza desta mensagem dava confiança a quem estava sob a égide do PAIGC, começaram a surgir filmes e reportagens que se publicavam e mostravam em diferentes países, e toda esta dinâmica encorajava o apoio de benfeitores estrangeiros, foi a alavanca para o sucesso do PAIGC a longo prazo.

A única forma de Portugal refutar ou procurar contrariar a propaganda do PAIGC quanto a reivindicações de domínio territorial tinha de se exprimir através da ocupação militar, criando destacamentos de diferentes dimensões e intervindo militarmente, na tentativa de desmantelar as posições do PAIGC. Em 1966, as forças portuguesas tinham adotado uma estratégia predominantemente “posicional”, fortificando as guarnições não só nas principais povoações como criando ou reforçando destacamentos e povoações em autodefesa, procurando intimidar a guerrilha por meio de emboscadas ou minas, ou contrariando emboscadas e minas por parte do PAIGC. Como explicou o Chefe de Estado-Maior do Exército, General Câmara Pina, durante uma visita em Abril à Guiné: “Para nós, é fundamental neste momento garantir a segurança das populações; é por isso que empregamos as nossas forças em missões mais estáticas, independentemente da utilização operacional das forças especiais.”

Um jornalista britânico que visitou na época a Guiné teve uma leitura menos positiva da situação, escrevendo que as forças terrestres portuguesas estavam acantonadas e sitiadas em 60 vilas, povoações e quartéis fortificados, só a reagir às ações do PAIGC, deixando à Força Aérea a iniciativa para projetar rapidamente a presença portuguesa em áreas dominadas pelos rebeldes.

Surgiu, entretanto, uma capacidade antiaérea do PAIGC, particularmente nas chamadas zonas libertadas do Sul. Cabral e outros líderes partidários tinham prometido defender e alargar estas áreas libertadas a todo o custo, e uma vez que os portugueses optaram por atacá-los principalmente pelo ar, os guerrilheiros do PAIGC teriam de lhes resistir. E, para esse efeito, concentraram os seus meios e atividade de defesa antiaérea em certos pontos do Sul, onde o PAIGC estava mais entrincheirado. De 1963 a 1965, quase dois terços de todos os incidentes antiaéreos relatados ocorreram no Setor Sul. Houve uma ofensiva aérea de três dias para neutralizar posições antiaéreas na região do Cantanhez (Operação Resgate, de 17 a 20 de dezembro de 1965), esta operação foi a primeira centrada em procurar neutralizar as defesas antiaéreas do PAIGC, o sucesso foi relativo, não foi destruído o poder dos guerrilheiros. Ao longo da primeira metade de 1966, os insurgentes continuaram a expandir e consolidar a sua presença nas penínsulas do Cantanhez e do Quitafine. O Quitafine teve grande importância para a guerrilha, assegurava transporte costeiro e fluvial, área influente para corredores de ligação à República da Guiné, por isso estava no topo das prioridades para a defesa antiaérea do PAIGC.

O Coronel Abecasis observou que os militantes de Cabral começavam a desafiar a FAP com arrogante ousadia, a Operação Resgate provocara danos a várias aeronaves portuguesas que sobrevoavam a região. As posições antiaéreas do PAIGC também ameaçavam as operações aéreas portuguesas de apoio às guarnições de Cacine e Cacoca. No total, os disparos antiaéreos relatados pela FAP aumentaram de 103, durante 1965, para 110, em 1966, e novamente dois terços ocorreram na zona Sul da Guiné. Ao mesmo tempo que acelerava o ritmo da atividade antiaérea, o PAIGC melhorava o seu arsenal. Inicialmente, havia guerrilheiros com armas ligeiras, em meados de 1964 os insurgentes estavam equipados com metralhadoras antiaéreas (AAMGs) de 7,6 mm e 12,7 mm, depois o Bloco Comunista nos anos seguintes fez a entrega de canhões antiaéreos de 14,5 mm da série ZPU, de design soviético: o ZPU-1, de cano único, e o ZPU-2, de cano duplo, e o ZPU-4, de quatro canos, o que veio ampliar significativamente o alcance da defesa aérea do PAIGC.

Este sistema da defesa antiaérea funcionava sobre rodados, limitava-se em grande parte para operações bem-definidas, usavam-se estradas ou trilhos no Sul. A ameaça antiaérea aumentou em termos de alcance e sofisticação com um aumento correspondente de risco para as aeronaves da FAP (ver o quadro n.º 4 e o gráfico dos incidentes relatados).

A Zona Aérea lançou uma série de operações para mitigar a ameaça no Sul da Guiné, começando com a Operação Estoque, em agosto de 1966, destinada a destruir ou desmantelar a organização do PAIGC na península do Quitafine. A operação foi concebida como um ataque de 12 horas em duas fases. Na primeira fase, que durou das 19 até à meia-noite de 9 de agosto, C-47 modificados com bombardeiros noturnos tentaram neutralizar as posições antiaéreas do PAIGC, a iniciativa era considerada essencial para uma segunda etapa, como a que consistiu principalmente numa operação de reconhecimento na superfície e missões de intermissão nos corredores de abastecimento e infiltração a partir da República da Guiné. Participaram também na operação da Força Aérea, além dos C-47 e dos T-6, os recém-chegados Fiat. O Quitafine era uma área que albergava significativa população civil e tanto Schulz como Abecasis reconheceram que bombardeamentos indiscriminados podiam resultar em inaceitáveis carnificinas, dando aos sobreviventes uma razão convincente para apoiar a guerrilha. Estoque foi precedida, tal como ocorrera em 1964 na Operação Tridente, do lançamento de folhetos no dia 7 de agosto, aconselhando os não combatentes a desocupar aquela área. Como observou mais tarde Abecasis, o principio da surpresa foi sacrificado por razões humanitárias.

Distribuição e atividade das forças do PAIGC entre maio de 1966 e fevereiro de 1967 (Matthew M. Hurley)
Atividade militar do PAIGC/FAP entre 1963 e 1966 (ataques de morteiro e bazuca, emboscadas, minas e ações defensivas), segundo Matthew M. Hurley
Os sinistrados portugueses em 1966 (mortos e feridos) totalizaram 1266, incluindo ações em combate e acidentes (Coleção José Matos)
Uma escola do PAIGC em zonas libertadas na região norte (Coleção Roel Coutinho)
Tabela com o sistema antiaéreo do PAIGC entre 1963 e 1970
Família na zona libertada de Cubucaré a segurar vestígios de uma bomba de napalm lançadas pela Força Aérea Portuguesa (Coleção Mikko Pyhälä)
Fogo antiaéreo do PAIGC referindo incidentes entre 1963 e 1967 (Matthew M. Hurley)

(continua)
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Notas do editor:

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Último post da série de 1 DE JANEIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25027: Notas de leitura (1654): Notas do diário de um franciscano no pós-Independência da Guiné-Bissau (2) (Mário Beja Santos)