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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26352: O nosso blogue em números (102): A caminho dos 105 mil comentários: em 2024 publicámos mais postes mas menos comentários do que em 2023... Média por poste: 3,6.

 


Infografia: BlogueLuís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Prosseguindo a nossa "prestação de contas" relativamente à atividade bloguística do ano que agora findou (*) ...

 Em 2024 publicámos mais postes (n=1307) mas menos comentários (n=4670) do que no ano anterior...o que se reflete na média de comentários por poste: 3,6 (Gráfico nº 5).

O nosso recorde continua a ser os 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente... Mas nessa época o controlo do Spam não era tão rigoroso. Hoje há um despiste mais apertado do Spam por parte do nosso servidor, o Blogger. Isto quer dizer, então, que aqueles primeiros anos, de 2010 a 2013 não devem servir de referência.

Por outro lado, recorde-se, tivemos que reeintroduzir, com pena nossa,   em 13 de setembro passado,  a moderação ou triagem dos comentários (**), devido à ocorrência reiterada de casos de "ciberbullying", ameaças e insultos... 

Uma medida, temporária, esperamos nós. De qualquer modo, afetou a participação dos nossos leitores. Há várias queixas, de comentadores habituais, relativamente à dificuldade, por exemplo,  em comentar a partir do telemóvel.


2. Convém, entretanto, lembrar, mais uma vez, que estas "médias", como todas as médias estatísticas, podem ser "enganadoras": 
  • há postes sem um único comentário,
  • a maior parte tem um, dois ou três;
  • às vezes podem ter meia dúzia, ou até 10;
  • outros podem ter, muito excecionalmente, algumas dezenas. 

Tudo depende do tema, do conteúdo, do interesse, do autor, da ilustração fotográfica, etc.

Há, naturalmente, postes mais "polémicos" ou mais "interessantes" ou até mais "apaixonantes" do que outros. Tudo depende do assunto e da sua abordagem. Ou até do autor. Os postes,  com pontos de vista menos "consensuais",  podem originar mais comentários, às vezes "marginais" (ou sejam, à margem do assuntou tema principal).

Em todo o caso, ler e comentar dá muito trabalho... E nota-se, ao fim destes anos 20 anos a blogar (completados em 23/4/2024) todos temos que admitir que há um natural cansaço... E não é fácil arranjar novos autores, leitores  comentadores...

Por outro lado, quem aqui vem, com regularidade, dos quatro cantos do mundo, são antigos combatentes, uma geração em vias de extinção... Mas também gente (jornalistas, investigadores, estudantes, familiares de antigos combatentes, etc.) que se interessam pela guerra da Guiné. no período de 1961 a 1974... Há quem se interesse, também, pela geografia, economia, cartografia, antropologia, história, fotografia, literatura, etc., da Guiné (e, marginalmente, de outros países lusófonos: Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor, et.)

Merecem as nossas palmas (dos editores e dos autores) os nossos leitores que, além de lerem os postes, ainda têm "tempo e pachorra" para os comentar. Serão sempre bem vindos, desde que respeitem as regras editoriais.

3. Recorde-se que qualquer leitor (mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google), pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome e apelido (como é conhecido dentro ou fora da Tabanca Grande).

Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Não sou um robô"...

O ideal é, pois, usar a conta do Google (basta só criar uma conta, o que é gratuito): quase toda a gente, hoje em dia, tem um endereço de @gmail, por exemplo...

Os comentários dão mais vida, mais pica, mais cor, mais graça, mas também mais pluralismo, mais participação, mais autenticidade, mais verdade, mais representatividade, ao nosso blogue!...

E são a prova de que estamos vivos e somos capazes de conviver com as as memórias, as nossas emoções, as nossas contradições, os nossos lutos, os nossos fantasmas, as nossas limitações de informação e conhecimento, as nossas lacunas, etc.!...


O comentário não precisa de ser extenso e muito elaborado: às vezes basta uma linha, duas, três linhas; 
  • "Gosto do que escreveste";
  • "Concordo em grande parte";
  • "Também passei por isso";
  • "Olha, nunca vi, nem nunca ouvi falar";
  • "Respeito a tua opinião mas não concordo"...
  • "Discordo por isto e por aquilo", etc.

É bom recordar que há um limite de cerca de 4 mil carateres, incluindo espaços, por comentário, qualquer coisa como cerca de página e meia de texto, em formato A4; mas podem desdobrar-se os comentários,  publicando-se uma primeira parte e depois a continuação.De qualquer modo, o Blogger dá essa indicaão quando se excede o limite de carateres.

Por outro lado, uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

Por outro lado, alguns camaradas nossos continuam a queixar-se de perderem, às vezes, extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto, mais extensos,  em
 word ou txt, à parte e no fim, fazer "copy & paste"... O mesmo se aplicar ao correio eletrónico...

É mais seguro proceder deste modo (ficar sempre com uma cópia de mensagens ou comentários extensos).

Excecionalmente, pode haver um ou outro comentário que não é publicado, mas não se perde, indo parar à caixa do Spam. E nesse caso pode ser recuperado pelos editores.  Mas, com a reintrodução da moderação, já não há lugar a mensagens deste tipo, isto é,  Spam.

Em dia de Reis Magos, 6 de janeiro de 2025, fazemos os votos para que os nossos leitores continuem a aparecer a comentar os nossos postes.  

Os autores (e os editores) são os primeiros a agradecer o interesse dos comentadores. Ao fim destes anos todos estamos a caminho  dos 105 mil comentários, o que é obra!
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26344: O nosso blogue em números (101): a nossa pequena Guiné-Bissau ficou, em 2024, no 10º lugar dos países que mais nos visitam...

(**) Vd. poste de 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários





Lisboa > Mosteiro de São Vicente de Fora > Fábulas de La Fontaine > 24 de maio de 2024 > Este antigo mosteiro é um dos sítios mais deslumbrantes de Lisboa, com uma coleção única no mundo inteiro, de 38 painéis de azulejos, ilustrando outras tantas fábulas de La Fonatine (das 200 que o autor escreveu para educação do príncipe). Uma delas é sobre os médicos. 


Fotos (e legenda): © Lu7ís Graça (2024).Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A. Comentar no nosso blogue é fácil ... Comentar (concordar, discordar, criticar, elogiar, complementar, acrescentar,  etc.), em amena cavaqueira, sob o sagrado poilão da nossa Tabanca Grande... é fácil. Ou deveria sê-lo...  

Há vinte anos que constatamos aqui que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, todos ou quase todos (os antigos combatentes da Guiné) cá cabendo com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar... A única coisa que nos pode separar não são as diferenças mas o conflito manifesto na exposição dessas diferenças sob a forma de opiniões, perceções, experiências, sentimentos, ideias, etc., levando à violência verbal e até ao ódio patológico... 

Razão por que, de tempos a tempos, temos de relembrar alguns pontos do Nosso Livro de Estilo (há gente que nunca o leu) (*)



1. As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o fundador, proprietário e editor do blogue, Luís Graça, bem como a sua equipa de coeditores e demais colaboradores permanentes.

2. Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maiúsculas ou caixa alta).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares...

3. Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado, após apreciação de um dos editores.  Infelizmente, e ao fim de 20 anos, tivemos que reintroduzir, temporariamente, a moderação ou triagem..

Se tiveres uma conta no Google deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo": é obrigatório no final da mensagem pôr o teu nome, e facultativamente a localidade onde vives; sendo ex-combatente do ultramar, podes indicar o Teatro de Operações onde estiveste, local ou locais, posto e unidade a que pertenceste. 

Não são permitidas abreviaturas de nomes, siglas, acrónimos, pseudónimos; e muito menos "falsos perfis" (os camaradas da Guiné têm a ombridade de "dar a cara", não se escondendo atrás do bagabaga do anonimato e da cobardia...). 

Se voltares ao blogue, poderás não encontrar logo a mensagem que lá deixaste, a qual precisa do OK do editor de serviço (que deve zelar pelas regras do jogo). Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.

4. Escreve com total liberdade e inteira responsabilidade, o que significa respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós: por exemplo,


(i) não nos insultamos uns aos outros;

(ii) não usamos, em público, a 'linguagem de caserna';

(iii) somos capazes de conviver, civilizadamente, com as nossas diferenças (políticas, ideológicas, filosóficas, culturais, étnicas, estéticas, etc.);

(iv) somos capazes de lidar e de resolver conflitos 'sem puxar da G3';

(v) todos os camaradas têm direito ao bom nome, à privacidade, à proteção dos seus dados pessoais (incluindo o nome completo, a morada, o nº de telemóvel, o email, etc.);

(vi) não trazemos a "actualidade política" para o blogue, etc.

Os editores reservam-se, naturalmente, o direito de eliminar, "a posteriori", rápida e decididamente, todo e qualquer comentário que violar as normas legais (incluindo as do nosso servidor, Blogger/Google), bem como as nossas regras de bom senso e bom gosto que devem vigorar entre pessoas adultas e responsáveis, a começar pelos comentários ANÓNIMOS (por favor, põe sempre o teu nome e apelido por baixo), incluindo mensagens com:


(i) conteúdo racista, xenófobo, sexista, homofóbico, pornográfico, etc.;

(ii) carácter difamatório;

(iii) tom intimidatório ou provocatório;

(iv) acusações de natureza criminal;

(v) apelo à violência, física e/ou verbal;

(vi) linguagem inapropriada;

(vii) SPAM, publicidade comercial ou propaganda claramente político-ideológica, ou de cariz partidário;

(viii) comunicações do foro privado, sem autorização de uma das partes.

Excecionalmente, alguns comentários poderão transformar-se em postes se houver interesse mútuo (do autor e dos editores).

Os editores, 13 de setembro de 2024,

____________

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25811: (De) Caras (216): "Da minha varanda continuo a ver o mundo" - II (e última) Parte (Valdemar Queiroz, DPOC, Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra)


Foto nº 11


Foto nº 12



Foto nº 13



Foto nº 14


Foto nº 15


Foto nº 16


Foto nº 17


Foto nº 18


Foto nº 19



Foto nº 20


Foto nº 21

Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colaride > Julho de 2024> "Da minha varanda continuo a ver o mundo"...  São vizinhos do Valdemar que ele conhece e que estima, e que eles também o conhecem e estimam... E nenhum deles é identificável... São fotos tiradas ao longe e de perfil...

Mas podemos comentar: 
  • De como o telemóvel se tornou o novo grande órgão do corpo humano no séc. XXI... 
  • Ou de como estam0s todos a ficar autistas sociais... 
  • Ou de como a Rua de Coloride está mais bonita... e colorida;
  • Ou de com0 esta é a varanda do afeto contra a solidão...

Leitor: complementa a(s) legenda(s)... Mesmo que a imagem possa valer mais do que mil palavras...


Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Valdemar Queiroz: (i) minhoto de Afife, Viana do Castelo, por criação, lisboeta por eleição (ou necessidade, teve que se fazer à estrada e ir ganhar a vida, começando a trabalhar na idade da puberdade); 

(ii) ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70 (aqui por obrigação, em foto, tirada em Contuboel, 1969): 


(iv) estivemos juntos no CIM de Contuboel de 2 de junho a 18 de julho de 1969; 

(v) ele foi um dos instrutores da recruta das 100 praças do recrutamento local, que fomos receber para fazer a guerra, a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, junho de 1969 / março de 1971);  
(vi)  tem mais de 180 referências no nosso blogue, de que é um leitor e comentador assíduo; 

(vii) é portador de uma DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), 
que o impede saír à rua...



1. Mais umas "fotos" tiradas pelo telemóvel do Valdemar Queiroz, o mais famoso (e bem humorado e resiliente e apaixonado pela vida) fotógrafo da Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra...

(...) "Eu, agarrado a oxigénio, cá estou na minha varanda a ver passar a nova vizinhança de cabo- verdianos e guineenses e um ou outro dos antigos vizinhos já muito raros. Anexo umas fotos tiradas da varanda e ver os vizinhos passar." (*) (...)

 
Lembremos o que aqui escreveu, há um ano atrás, o Valdemar, a respeito do "bairro" ou "urbanização" onde mora desde o início dos anos 70 (**):

(...) Vi nascer toda a urbanização da zona do prédio da minha casa. Passaram 50 anos, os casadinhos de fresco inauguraram os prédios da urbanização e com o andar dos anos os filhos foram crescendo e arranjaram outros locais para morar.

Os mais velhos, como eu, alguns ficaram, mas a maioria também saiu para outros lados. Agora, há cerca de 6-7 anos, os prédios começaram a ser habitados por outra gente, na maioria famílias de cabo-verdianos, mas também guineenses e angolanos.

E, agora, na rua só se vê gente de origem africana, talvez os de cá, já poucos, prefiram sair só de carro.

Eu, com o tempo mais quente, vou para a varanda e vejo passar gente que me faz lembrar a Guiné e sempre vou tirando umas chapas apanhando pessoas descontraídas." (...)

(...) Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972/73, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa, com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente as mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2.º andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'o vizinho está melhor?' (...)


Valdemar Queiroz


2. O poste anterior teve já cerca de um quarteirão de comentários (*)... Selecionámos alguns:


(i) Eduardo Estrela (Cacela):


Obrigado, Valdemar,  pela partilha das fotos do mundo que a tua Rua de Colaride encerra. Daqui de Cacela vai um abraço fraterno acompanhado com uma malga de verde tinto. A imaginação e o querer fazem milagres e este brinde ninguém nos tira.

4 de agosto de 2024 às 09:20



(ii) João Crisóstomo (Nova Iorque):


"A imaginação e o querer fazem milagres e este brinde ninguém nos tira." diz e bem o Eduardo Estrela.

Há indivíduos que, mesmo no meio de grandes adversidades, qual ouro purificado no cadinho, nos espantam pela força da sua coragem que a todos serve de motivação e inspiração. Tu és um destes gigantes, um poderoso farol num mar imenso a espalhar luz a navegantes perdidos que têm a sorte de estarem dentro do teu radar.

É reconfortante verificar a admiração de todos, eu, o Luis Graça, o Eduardo... todos aqueles a quem os teus comentários, as tuas fotos, a tua vida impressionam de tal maneira que quase sentimos inveja pelas qualidades sobre-humanas de que dás provas cada dia.

Se um dia eu puder não deixarei de voltar à tua rua; e se um abraço real não for possível, quero pelo menos mesmo à distancia"beber" ( como ainda recenrenmente o papa Francisco dizia) da tua força e do teu legado.


Por este teu exemplo te estamos incomensuravelmente gratos.

4 de agosto de 2024 às 11:17


(iii) Antº Rosinha:

Aquelas plantas de jardim, quase parecem cajueiros. Tudo muito parecido com Bissau, para não esquecer o antigamente. Boa saúde.

4 de agosto de 2024 às 11:35


(iv) Carlos Vinhal:


O nosso mundo pode ser tão grande quanto a nossa imaginação permita.
Caro Valdemar, não podes ir ao mundo, vem o mundo até ti.
Continuação de boa disposição e a melhor saúde possível.
Um abraço do meio minhoto Carlos Vinhal

4 de agosto de 2024 às 11:5


(v) António José Pereira da Costa


Força, Valdemar! Tás a fotografar umas coisas em grande!

4 de agosto de 2024 às 13:42


(vi) Manuel Luís Lomba:

Aceita as minhas felicitações: não só superas a tua debilidade física, como demonstras a sua resiliência psíquica, à combatente: ainda vês o mundo e... ainda atentas nos seres humanos "de anca larga" - Eça de Queiroz dixit - e nas suas curvaturas anatómicas.

Obrigado pelo teu exemplo. Aquele abraço e sombra e frescura.

4 de agosto de 2024 às 13:57


(vii) Virgínio Briote:

Caro Valdemar!

Passei por aqui para te dar um abraço. Quando vi Afife, veio-me logo à lembrança Viana, Caminha, a magnífica Cerveira, Valença... que terras e que gentes, meu Deus!

Abraço e desejos de ver novas da tua rua.

4 de agosto de 2024 às 14:36

(viii) Abílio Duarte:


Espero que estejas bem, dentro do possível.

Eu quando falo com a família e amigos, sobre os meus tempos de exilio na Guiné, recordo somente os bons momentos que passamos. Principalmente Contuboel... a instrução aos fulas, as idas ao banho no Geba, os nossos almoços no Transmontano em Bafatá, e em Sonaco, os nossos mergulhos na piscina da dita. A nossa amizade, já ultrapassou mais de 5 décadas, e cá vamos andando.

4 de agosto de 2024 às 15:13

(ix) Fernando Ribeiro:

O nosso amigo Valdemar é como o poilão, que em Angola é chamado mafumeira. Suporta os mais violentos temporais, raios e coriscos, furacões e chuvas diluvianas, e mesmo assim permanece sempre de pé. Tal como o poilão, o Valdemar pode ficar com cicatrizes, como a sua horrível DPOC, mas enfrenta as adversidades com uma invejável disposição. Que nunca falte a seiva ao Valdemar.

4 de agosto de 2024 às 15:41


(x) Cherno Baldé (Bissau);

Caro Valdemar Embaló,


Eguê, a minha avó paterna, bem que dizia: "a velhice é uma m...da". Hoje estás confinado à tua janela, roendo lembranças de Gabu e da tua linda e educada lavadeira ou daquele improvável golpe de judó em Canquelifã contra o teu amigo Duarte. A vida sempre nos guarda surpresas, e agora passas o dia a fotografar passantes, sem saber se um deles será ou não originário de Piche ou Guiró-Iero-Bocar.

Vê lá se me envias o teu contacto, que eu recomendo ao meu sobrinho para uma visita surpresa pois Agualva Cacém e toda a linha de Sintra é uma região que já conquistamos aos Mouros do Ribatejo.

4 de agosto de 2024 às 16:32

(xi) Valdemar Queiroz:

Das minhas traseiras, 1º andar, ainda vejo o Palácio da Pena por cima de uns prédios, mas na parte mais alta desta zona, a cerca de cem metros temos uma vista extraordinário sobre todo a baixo Cacém e a Serra de Sintra. Alto de Colaride, mesmo à frente da minha varanda, faz parte do maciço da Serra da Carregueira.

4 de agosto de 2024 às 18:24


(xii) Joaquim Costa:

Tenho andado arredado das redes sociais, mas felizmente ainda vim a tempo de te dar um abraço. Ainda mantenho de pé a promessa de levar a montanha a Maomé! Os meu netos alfacinhas cada vez mais me arrastam para essa cidade grande. A minha casa, agora, é demasiado grande para uma pessoa só.


És uma força da natureza. Um grande abraço deste Minhoto que te estima.


(xiii) Carvalho de Mampatá:


Sou um 'piriquito' à tua beira (de 72/74) mas atrevo-me a falar contigo por esta via, para te dizer, graças ao nosso blog, como admiro a tua força e a força da mensagem que nos deixas. Vivo cá para cima, num recanto ainda rural de Gondomar, longe desse mundo da periferia de Lisboa cada vez mais rico na diversidade cultural que eu muito aprecio e que tu nos dás o prazer de registar com primor.

Um grande abraço com votos de que melhores dessa aborrecida DPOC.


4 de agosto de 2024 às 20:05

(xiv) Hélder Sousa:


Também, se me permites, aqui deixo um pequeno comentário, na senda do muito que se encontra nos antecedentes.

É de louvar a tua persistência em não te deixares dominar pelas dificuldades e conseguires encontrar motivos de ocupação, física e principalmente mental. É assim mesmo que se devem encarar e enfrentar as adversidades, pois só assim elas ficam reduzidas a uma menor dimensão.


Observar a "fauna humana" que circula pelas tuas redondezas (e também a flora...), acompanhado por raciocínios mais ou menos especulativos sobre os seus destinos, as suas vivências, anseios, dificuldades, etc. é um exercício que manterá os teu neurónios em funcionamento e não te deixarão "afundar".


Continua assim. É bom para ti e também para nós que sempre podemos usufruir dos teus comentários, da tua perspicácia e, porque não, da tua resposta pronta para "enquadramentos menos sérios",

4 de agosto de 2024 às 23:07


(xv) Paulo Santiago:


Grande resiliente. Abraço forte

5 de agosto de 2024 às 01:10


(xvi) Francisco Baptista:


Que a medicina te ajude e que continues a ter essa a resistência e vontade de viver que continuas a demonstrar. Bem sei que as tuas limitações são muitas mas tu tens inteligência e sabedoria para viveres com o pouco que a vida te proporciona.


5 de agosto de 2024 às 10:29


(Seleção, edição de fotos, revisão / fixação de texto: LG)

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24809: As nossas geografias emocionais (14): Na fonte de Bafatá, nos anos 60, os almoços dançantes eram promovidos pela esposa do CMDT do Esq Rec Cav (Fernando Gouveia)


Fonte de Bafatá, 2010. Foto: © Fernando Gouveia

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, com data de 29 de Outubro de 2022:

Olá Carlos,
Espero que esteja tudo bem convosco.
Sobre a fonte de Bafata, num comentário, já esclareci algumas coisas. Para completar o assunto mando-te uma foto de 2010 que seria bom ser publicada.
Desde já te agradeço.

Um grande abraço.
Fernando

2. Comentário de Fernando Gouveia no P24805:

Camaradas,
Passo a esclarecer:

1 - Os ditos "almoços dançantes" eram promovidos pela esposa do Capitão do Esq. de Cav, Capitão Campos[1] do Esq. que esteve antes do que é mencionado, penso que de 1967 a 1969.
2 - Quanto à fonte, que em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque.
Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção.
3 - Tenho uma foto da fonte que tirei em 2010 e que vou fazer chegar ao Carlos Vinhal para publicação.

Abraços.
Fernando Gouveia

____________

Notas do editor:

[1] - O camarada Fernando Gouveia estará a refereir-se ao Cap Cav Carlos Fernando Valente de Ascenção Campos, CMDT do ERec 2350 que esteve em Bafatá e Piche entre Janeiro de 1968 e Novembro de 1969

Último poste da série de 30 de Outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24806: As nossas geografias emocionais (13): A fonte da Colina de Madina, 1945 (Manuel Coelho / Cherno Baldé / António Murta)

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24413: (De) caras (199): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou de como mudou a minha rua, os meus vizinhos, os meus fregueses"... (Valdemar Queiroz e os seus comentadores)

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM de Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  O Valdemar Queiroz, nado em Afife, criado em Lisboa, foi instrutor desta rapaziada toda: aqui, com os recrutas Cherno Baldé, Sori (Jau ou Baldé) e Umaru Baldé (que, feita a recruta, irão depois para a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12, a partir de 18 de junho de 1970). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local e, originalmente, não falavam português.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colarider > Maio de 2023> "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Quando o Valdemar Queiroz casou e se mudou para Agualva-Cacém, há 50 anos, a Rua Colaride não era tão bonita e sobretudo era muito menos "colorida"...   

No país não havia mais do 28 mil estrangeiros com estatuto legal de residentes (20 mil, em 1960)... Os dados são da Pordata (ver aqui). Hoje são mais de 750 mil, segundo dados revelados recentemente pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). 

Na Rua de Colaride, há mais gente oriunda, por exemplo,  de Cabo Verde, Guiné, Angola, três antigas colónias portuguesas, que se tornaram independentes em 1974 e 1975... Muitos já terão a nacionalidade portuguesa...  

As fotos que o Valdemar vai tirando à varanda, com um "telemóvel fatela", não nos dizem tudo, mas dizem algumas coisas,dele, dos vizinhos e dos fregueses... E sobretudo deram origem a um curiosa e sobretudo rica e estimulante troca de comentários entre o Valdemar e os seus leitores...  Foram um "momento bonito" das nossas blogarias... Afinalo, blogar até faz bem à saúde...

Fica aqui um apanhado (*)... E, como diz o Valdemar, saúde da boa para todos/as, nomeadamente nesta semana de festas juninas e sardinha assada por todo o lado, da Lourinhã ao Porto... (Em Sintra, o concelho onde mora o Valdemar, o feriado municipal é no São Pedro. o santo que encerra o solstício do verão, e o ciclo festivo dos santos populares: "primeiro vem o santo António / depois o são João / e, por fim, o são Pedro / para a nossa reinação"  (diziam os putos no meu tempo, a saltar a fogueira...).


(i) Tabanca Grande Luís Graça:

(...) Uma rua, a rua de Colaride, Agualva-Cacém, que se tornou agora famosa: está no mapa e na blogosfera, por nela viver (e só poder assomar à janela...) um dos nossos amigos e camaradas, o Valdemar Queiroz... 

Vive sozinho em casa, e é portador de um doença crónica incapacitantte (o raio de DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), mas não perdeu o gosto de viver e conviver, e muito menos o "humor de caserna"... 

Da sua janela vê o mundo... da sua rua. É um dos mais antigos moradores da rua Colaride, que está agora mais bonita do que em 1972/73, quando um andar custava 200 contos (52 m8il / 46 mil euros, a preços de hoje...). 

Minhoto de nascimento, alfacinha por criação, avô de netos holandeses, aliás. neerlandeses.. Uma história de grande humanidade, um exemplo (tocante) para todos nós antigos combatentes, que somos representantes de uma "espécie" em vias de extinção... sem apelo nem agravo. (...)

16 de junho de 2023 às 11:17 

(...) A verdade é que os prédios da rua de Colaride, em Agualva-Cacém (...) não mostram sinais de terem grades e arame farpado, como infelizmente se vê nas cidades africanas que a gente conhece, como Bissau ou Luanda (onde a "nomenclatura" vive em condomínios de luxo)...

O prédio do nosso querido Valdemar "Embaló" pelo menos não tem, o que é bom sinal... E espero bem que nunca venha a ter...


(ii) Hélder Sousa:

Isto que o Valdemar nos presenteou pode ser observado sob vários aspetos.

O primeiro, imediato, é que me parece ser um "estudo fotográfico" da evolução do bairro onde mora, das ruas, dos habitantes, considerando que os originais se foram para outras paragens, que os habitantes agora são originários de Cabo Verde, Guiné e Angola, que já são habitantes de prédios e não de barracas ou moradias improvisadas, que são pessoas com empregos "normais", não maioritariamente na construção civil.

Considero que as povoações, os bairros, as ruas, são também, ou podem ser, "entidades vivas" com o seu quê de nascimento, crescimento, declínio e/ou substituição e que, por esse prisma, as fotos que fez (e faz) podem ser encaradas como um testemunho etnográfico.

Quanto às fotos em si mesmas, claro que o que imediatamente nos dá curiosidade é o nome estampado na T-shirt que encabeça a série, mas tudo então nos transporta para "outras paragens".

Outro aspeto que podemos considerar é mesmo o facto do Valdemar ser um "resistente", logo à cabeça como habitante do bairro (ainda e sempre, como os irredutíveis gauleses), e depois à situação de inferioridade induzida pela malvada DPOC que apesar de tudo não lhe tira a alegria de viver, o sentido crítico e até a ironia.(...)


(iii) Valdemar Queiroz:

As fotografias são tiradas por um telemovel fatela. Tivesse uma máquina como deve ser, dava para mostrar a envolvência dos fotografados.

Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972-1973, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente a mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2º. andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'ó vizinho,  está melhor?' (...)



(iv) Eduardo Estrela:

Valdemar!!... Ver o mundo que os teus olhos abraçam desde a varanda da tua casa é muito melhor do que ir parar ao Hospital Amadora/Sintra.

Os teus exemplos de coragem e obstinação e a forma como verbalizas os momentos menos bons que a p... da DPOC te provoca, também nos transmite a nós força para encarar o futuro.(...)


Meu caro Valdemar: (...) Contudo, pelas fotos, bem nos enganas, pois julgo tiradas na varanda (espero que tenha varandas!) do Hotel Royal em Bissau! Conseguir tal proeza não é para quem quer, é para quem pode (onde é que eu ouvi isto?!). Gostei de te ver, a cores!

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes
(Que força é essa? Amigo) (...)

 14 de junho de 2023 às 18:30 


(vi) Fernando de Sousa Ribeiro:

Pronto, acho que já descobri onde mora o Valdemar Queiroz, com a ajuda das fotografias e do Street View da Google. É claro que não sei qual é o andar, nem sequer tenho a certeza sobre a porta do prédio dele, mas suponho que ele mora muito aproximadamente aqui:

 https://goo.gl/maps/ugtWqrMAFdbpf1oK7

O Valdemar não tem uma janela virada para o mar, mas merecia, porque parece ter os horizontes muito limitados. Mesmo nas traseiras, deve ter uma vista para o casario da Agualva-Cacém e pouco mais. Além disso, o ar lavado do mar far-lhe-ia bem, com toda a certeza.

A resiliência (como agora está na moda dizer) do Valdemar Queiroz é um exemplo de vida para todos nós. Aprendamos com ele. (...)

14 de junho de 2023 às 18:50 

(...) Não deve ter sido fácil convencer os donos dos automóveis que estacionavam aí à frente a deixá-los noutro lado, mas o ajardinamento desse espaço resultou em pleno. Ficou um recanto aparentemente muito aprazível, acrescido pela beleza dos jacarandás, sobretudo quando estão em flor. Só foi pena terem posto a nespereira tão afastada da varanda...

O J. Pimenta, o António Xavier de Lima e os outros construtores dos dormitórios da Grande Lisboa, como é a Agualva-Cacém, não se preocupavam com semelhantes "pormenores" tais como fazer espaços verdes e garagens para os moradores. Mesmo a urbanização de S. Marcos, do outro lado do IC 19, é uma selva de betão (pelo menos era no meu tempo), apesar de ser muito mais recente. Nada lhes escapa.

Um abraço e... saúde da boa (também posso dizer, não posso?)



(vii) Juvenal Amado:

As fotos da tua bem podem ser as da minha rua na Reboleira. Embora eu só more aqui de forma permanente há sete anos vi muitas transformações desta zona nos 20 anos que a frequento.
Africanos de varias procedências tanto dos PALOPES como francófonos e Há sete anos existiam Romanescos às cárradas que entretanto foram para outras paragens,

Olha camarada estimo a tua saúde e não sei o mar seria uma bênção pois também há mais humidade. (...)

14 de junho de 2023 às 22:26


(viii) Valdemar Queiroz:

Obrigado,  Juvenal. 
Eu nasci à beira mar, a cerca de um quilómetro, mas sem hábitos de gentes da borda d'água. Afife tinha/tem uma grande praia, mas nunca teve pescadores e gente do mar só as mulheres quando iam ao sargaço.

A rapaziada só ia à praia quando ajudava os banhistas no Verão, o mar era muito perigoso. Mesmo assim, não fora as proximidades do mar teria dificuldades em crescer dado o meu estado de raquitismo.

Em Lisboa, puxava-me ver os golfinhos no Tejo e ir para a praia da Linha de Cascais. Desde os 16/17 anos que fazia campismo selvagem na praia de Troia, e assim cresci mais um bocado mas não chegando ao 1,70 e ao desenvolvimento ósseo.

E até poder, cerca de 2008, sempre tive hábitos de "banhista" nas praias do sudoeste alentejano por mais de vinte anos. Que bom que era poder dar um mergulho numa onda e descansar na areia a fumar um cigarro (fdap de vício).

Abraço e saúde da boa

16 de junho de 2023 às 13:07 


(ix) Cherno Baldé:

Caro amigo Valdemar Embaló, conheci o teu Bairro da Agualva/Cacém onde viviam alguns conterrâneos em meados de 2001/02.

Nos subúrbios de Lisboa, por norma, quando a "africanização" dos Bairros começa a ganhar proporções, os "indígenas" tendem a fugir, é por isso que a integração é tão difícil na Europa e, concretamente, em Portugal que conheci melhor. Não pode haver integração sem convivência.

Ao Valdemar, sobrevivente de Canquelifa, Paunca e Guiro-Iero-Bocari (que poucos guineenses saberão localizar num mapa), eu sei que não faz muita diferença, pois a África e os africanos fazem parte das suas lembranças, boas e más. (...)


(x) Valdemar Queiroz:

Caro amigo Cherno Baldé: Tenho muitas fotografias destas, agora os meus vizinhos são cabo-verdianos, guineenses, angolanos. Os alentejanos, beirões e lisboetas que inauguraram esta zona do Colaride (Agualva) já partiram, os filhos e os da minha idade. Como subiu bastante o preço dos andares venderam por bom dinheiro o que lhes tinha custado 200 contos. Nos primeiros tempos pouca gente comprava os andares, eram quase todos alugados.

Então o Cherno Baldé cá pela minha rua? Lembro-me haver um fula a habitar num prédio próximo, que eu encontrava num café e havia sempre aquela do 'ta la finani?'. Coitado andava sempre a pedir para lhe pagar um café.

Mas em 2001-2002 ainda eu fumava, bebia do tintol e alinhava em boas almoçaradas.

A grande alteração do modo de habitação dos africanos foi devido aos seus filhos terem estudado e arranjarem empregos sem ser nas obras. A D. Alice, cabo-verdiana, que me trata da casa é dona do um andar no prédio em que mora a filha, e ela mora noutro andar próximo. Há tempos, quando eu lhe disse que agora há muitos africanos morar para cá, ela respondeu-me 'pois, agora a gente já não mora nas barracas'. (,,,)

15 de junho de 2023 às 01:37


(xi) Eduardo Estrela:

Bom dia,  Valdemar e malta da nossa colheita!!

A envolvência dos fotografados é feita através das imagens que recolheste. As pessoas interagem com as máquinas. Reparem nos cidadãos que aguardam o autocarro e o que está sentado nas escadas. Como diz o Cherno e bem, não pode haver integração sem convivência. Perdeu-se o bom hábito de falar com as pessoas olhos nos olhos.

Europeus, africanos, asiáticos, americanos e demais, praticam cada vez menos essa ancestral forma de comunicar. (...)

15 de junho de 2023 às 08:42

(xii) Valdemar Queiroz:

(...) Estrela, obrigado pelo comentário que como outros sempre com grande poder critico. Tenho muitas fotos tiradas com a ideia de 'sempre ao telemóvel'.

A mulher que está nas escadas à entrada do meu prédio mora na cave vem apanhar sol e falar ao telemóvel. As raparigas da paragem do autocarro são empregadas de supermercado e também apanharam o vício do 'vou já a caminho' sem necessidade dessa informação.

A necessidade dos africanos comunicar entre eles já não se pratica, vivem todos muito próximos e, tal como nós em vez de alentejanos ou beirões, são de várias ilhas ou regiões de África, talvez sem se conhecerem não ter hábito de conversa.

Noto em toda esta gente que agora vive por aqui um grande sentido de 'boa educação', com uma segunda geração a falar português em vez de crioulo e uma certa vaidade de morar ao nosso lado.

Há dias estava sentado próximo da porta de entrada e ouvi um estrondo na varanda, de seguida tocaram à campainha. Ouvi bola bola e abri a porta da escada com um 'venham cá acima'. Aparecerem dois miúdos 10-11 anos cabo-verdianos muito assustados, vão à varanda buscar a bola e tenham mais cuidado podiam ter partido um vidro, disse-lhes. Silenciosamente atravessaram um quarto regressando com a bola e voltaram-se para mim com um 'o senhor está doente, precisa de alguma coisa?'. Não os conhecia de lado nenhum, vinham da escola a caminho de casa.

Estrela, como deve estar a Carrapateira, Bordeira e a praia do Amado que durante vários anos visitava de férias no mês de Agosto e nunca mais lá irei.


(xiii) Eduardo Estrela

Vais!!!... Vais pelas tuas memórias e recordações. Viajamos quando queremos porque a mente nos permite que o façamos mesmo sem nos deslocarmos fisicamente.

Recorda a beleza que conhecesse, é muito mais enternecedor a do que a que resulta de aplicações financeiras e fraudulentas do denominado mercado.

Fiquei extremamente sensibilizado com a história dos putos de 10/11 anos.

Ainda há gente boa no mundo, com sensatez suficiente para serem solidários.
Temos obrigação de continuar a luta e participar de todas as maneiras possíveis na construção duma sociedade cada vez mais harmoniosa e racional.
Abraço fraterno e... "Saúde da Boa"


(xiv) Francisco Baptista:

Valdemar, amigo e camarada, vives na tua ilha e com as limitações que isso te traz, procuras superar as tuas limitações, fraternalmente com os vizinhos da tua rua e com os vizinhos que vais encontrando neste Blogue, és um resistente, um lutador, admiro-te muito.

Da tua varanda ou da tua janela podes contruir outras histórias. Vai dando notícias.
As tuas melhoras. (---=



(xv) Valdemar Queiroz:

(...) Que chatice, agora, e eu sem poder dar vencimento a tanto quererem saber de mim.

Já enviei a todas as TVs, outros orgãos de informação e revistas da especialidade, e até a gouchadas e cristinices, um comunicado de não querer ser conhecido mais do que já sou.

Já não tenho idade e saúde, para altos voos de mirone da varanda e guarda-nêsperas, e ganhar bom dinheiro. Chega-me o que faço, confessei, enquanto mirava um casal de pombinhos na intimidade, no beiral de um telhado.

Cá estou eu como habitualmente, a levar as coisas com boa disposição e não, por enquanto, a pensar na chatice que me havia de aparecer na parte final da corria da maratona da vida. E tenho estado bastante aflito, mas farto-me de rir com aquela do Paco Bandeira ser da família dos Bandeira e não da dos Niña ou dos Nassa.

Fernando Ribeiro, a seguir ao parque automóvel em frente dos prédios apareceu outra "praga" da época, o cultivo de couves e batatas em hortinhas por "agricultores" de outros prédios. (...)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24042: (Ex)citações (420): As caçadas por meios aéreos só ao alcance de alguns (Gil Moutinho, ex-Fur Mil Pil)

1. Comentário do nosso camarada Gil Moutinho (ex-Fur Mil Pil, BA 12, Bissalanca, 1972/73) deixado no Poste 24030(*), que aqui publicamos, acompanhado de fotos enviadas posteriormente ao blogue:

Francisco Batista,
Fizeste-me recordar a minha infância em que tudo que descreves é tal e qual o que se fazia aqui na casa. Ainda tenho a dita faca "porqueira", 30 a 40 centímetros com duplo gume, também um funil zincado com um entalhe no bordo para a minha mãe empurrar a carne com o polegar dentro da tripa.

Na Guiné havia fama que em Binta (ou será Barro?) havia um local que preparava um leitão assado de truz. Numa missão (chamada de sector) de transporte geral de DO que me calhou, de periodicidade semanal, calhou ir a esse sítio e tendo encomendado o petisco, na volta perto do almoço, trouxe para a base e convidei dois outros comanditas e papamos o dito.
Apanhei uma gastroenterite que me pôs off durante uma semana. Aqui, só ao fim de bastantes anos recomecei a comer esse petisco.

Também, quando queríamos fazer alguma tainada, íamos à caça com um helicanhão e alvejávamos com muito cuidado para só estragar meia carcaça. O atirador tinha que tentar acertar a cerca de 2 metros de distância, pois eram balas explosivas, e daquele lado era para deitar fora cheio de estilhaços.

Durante a instrução em Tancos, também tínhamos um método eficaz para caçar perdizes. Íamos para os lados da Chamusca, Arripiado, onde as perseguíamos com o helicóptero e, quando já estavam exaustas de tantos voos rasantes fazerem, descíamos do aparelho e apanhávamo-las à mão. Era um método infalível e sem gasto de munições.

Recém chegado à Guiné, numa das famosas tainadas
Nova Lamego > Chegados de uma operação de caça à gazela
____________

Notas do editor:

(*) - Vd. poste de 2 de Fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24030: (In)citações (229): A matança do porco... do nosso contentamento (Francisco Baptista / Alberto Branquinho / Joaquim Costa / José Belo / Luís Graça / Valdemar Queiroz)

Último poste da série de 30 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23749: (Ex)citações (419): O termo "Brassa" como os Balantas se auto-denominam, na verdade, trata-se da denominação histórica de uma grande área geográfica que correspondia à província mandinga de Braço, B'raço ou Brassu (Cherno Baldé)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24030: (In)citações (229): A matança do porco... do nosso contentamento (Francisco Baptista / Alberto Branquinho / Joaquim Costa / José Belo / Luís Graça / Valdemar Queiroz)

Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > "Depois da caçada há que preparar o bicho, tal qual uma matança de porco numa das nossas aldeias".


Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250 (1972/74) > "É hora de levantar cada um a sua parte e comer em família, cada um em sua tabanca [morança]".

Fotos (legendas): © José Manuel Lopes (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O texto, de cinco estrelas, que escreveu o Francisco Baptista sobre a matança do porco em Brunhoso, na terra fria transmontana, já mereceu uma boa mão cheia de comentários... Reporta-nos para as memórias, os sabores, os paladares, as brincadeiras,  a ruralidade, as festividades cíclicas, as geografias emocionais da nossa infância, enfim, para um Portugal que não existe mais e donde saiu um milhão de homens para fazer a guerra em África (1961/74), e que eram capazes de vender, não digo a G3, mas pelo menos a alma ao diabo,  por um salpicão, umas chouriças ou um naco de presunto do fumeiro da santa terrinha... (que isso, sim, é que era pecado, para os nossos amigos e leais fulas, respeitadores da lei de Maomé).

Na Guiné os animistas como os balantas criavam uns porquinhos que, com relutância, vendiam à tropa,  às vezes eram atropelados pelo "burrinho" (o Unimog 411), que entrava pela tabanca dentro sem respeitar os "sinais de trânsito" e as orientações da "psícola" do Spínola,,, Outras vezes, havia uns corajosos e sortudos caçadores que lá apanhavam, no mato,  fora do arame farpado, um porco selvagem ou javali... 

Nesses dias havia festa no quartel, como documentam as fotos que acima reproduzimos... (E a propósito, não me lembro de ter comido carne de porco, da "pocilga do vagomestre", mas tenho que admitir que havia vagomestres engenhososos, criativos e nossos amigos que criavam uns porquinhos, com as sobras do rancho...).

Vale a pena, entretanto,  selecionar alguns dos comentários ao poste P24026 (*)

(i) Valdemar Queiroz:

Que apetitoso texto. Com cheiro a porco chamuscado e às tripas que tiravam da barriga ainda a fumar. Só faltou ouvir o porco guinchar antes, durante e no fim da matança.

Em criança de 9 anos, lembro-me de ter ido a uma matança do porco na casa da tia Rosa Verde. Pelo guinchar de outras paragens, o matador devia estar a chegar.

Eram só mulheres a tratar da matança, apenas dois homens a agarrar e atar o porco em cima do carro das "piscas". A minha avó era do grupo que tratava da lavagem das tripas, e eu ia com ela à foz do rio junto ao mar lava-las com areia(?) e limões.

Depois era toda a gente a encher chouriços e os rapazes e raparigas desapareciam nas brincadeiras.

Que pena eu não saber escrever como o Francisco Baptista. (...)

31 de janeiro de 2023 às 23:14  

(ii) Francisco Baptista:

Camarada e amigo Valdemar Queiroz, tu escreves bons comentários também saberás escrever bons textos.

Os porcos grunhem, não guincham, confesso que, à distância de muitos anos, esse grunhir queixoso me incomoda mais do que no tempo real em que acontecia, talvez porque com mais idade, com outra experiência de vida e mais conhecimentos, me tenha dado  conta que há a inteligência humana dos bípedes como nós e a inteligência animal. Talvez os porcos,  ao serem puxados com uma corda e ao depararem com tantos homens,  adivinhassem que era o fim da boa vida e das comezainas. 

Lembro-me da minha mãe que durante muitos anos matou as galinhas e os perus e, com mais idade, deixou de o fazer. Enfim com a idade ficamos mais humanos e passamos a ficar mais próximos e a compreender melhor os animais.

Continuo a gostar da carne de porco, ainda ontem comi um bom cozido dessa carne.

1 de fevereiro de 2023 às 11:07

(iii)  Luís Graça;

Francisco, é um texto de valor etnográfico. É bom poder voltar a ler os teus escritos. Este Portugal, da matança do porco, do fumeiro, da salgadeira..., já não existe mais. Há anos que deixámos de matar o porco em Candoz, no Norte... Mas faz parte das minhas memórias de infância, quando eu, menino e moço, ia à aldeia da minha mãe, Nadrupe, a 3 km da vila da Lourinhã, ma Estremadura, para participar na "festa" da matança do porco... Era sempre por esta altura, no inverno. Ao pé do mar, não se fazem presuntos, mas havia também um bom fumeiro, à base de chouriços.

(,,,) "Lembras-te da matança do porco, do facalhão com que matavam o porco, o alvoroço do povo, de forquilha e sachola na mão, os gritos do porco, o sangue aos borbotões, parirás com dor, os uivos do louco, e comerás o pão com o suor do teu rosto, a agonia do porco, a casa farta, o sarrabulho, o terror da morte, o cruel fatalismo dos provérbios populares, hoje com saúde, amanhã no ataúde, os corpos a sangrar de saúde, filho sem dor, mãe sem amor, a lição de anatomia, se queres conhecer o teu corpo, mata o teu porco, a lição de medicina, o que faz bem ao braço, faz mal ao baço, as partidas que os grandes pregavam à pequenada, a bexiga do porco, alegria de pequenos e graúdos, transformada em bola de futebol por menos de uma hora. Que, afinal, a vida tem uma porta só, a morte tem cem." (...)

1 de fevereiro de 2023 às 12:12

(iv) Joaquim Costa:

Em minha casa todos os anos se matava o porco. Era dia de muitas emoções para mim. O frenesim começava de manhã cedo com os preparativos e terminava ao fim da tarde com a chegada do especialista, com o seu facão para aplicar o golpe de misericórdia no sítio certo de forma a evitar o sofrimento do bicho. Este parecia que adivinhava o que vinha aí,  já que desde muito cedo mantinha um comportamento anormal. O caminho do calvário (corredor da morte) da pocilga até à rudimentar mesa onde era atado, esperneava, grunhia e gritava (...). . Era uma cena macabra. Ainda o bicho ofegava e já era chamuscado com tochas de palha a arder.

Depois era o lavar das tripas, fazer os enchidos e proceder à salga... Mas o que mais me impressionava era a matança da galinha, com a minha mãe cortando a cabeço à pobre ave (que esperneava sem cabeça) que durante meses era tratava com zelo e carinho.

Mas verdadeiramente arrepiante era a matança do coelho com as pancadas dadas no cachaço do fofinho animal. Fugia daquela cena arrepiante, razão pela qual nunca comi coelho na minha vida. 

Felizmente hoje a matança é … mais fofinha ! ?

1 de fevereiro de 2023 às 12:14



(v) Alberto Branquinho

Ó Francisco! Gostei muito do teu texto. Fez-me voltar à infância.

Na minha santa terrinha, que não é muito longe da tua (o Douro separa-nos), aos pulmões não chamam "boches", mas "bofes" e ao teu "piche" chama-se "alpechim" (origem árabe, vê tu, em terra de judeus...).

E com o auxílio de "fachas" de palha a arder não tiravam as unhas ao bicho para dar à garotada? Que as coloca no nariz e berrava: "Cheira a "carrapé"!

E não faziam cruzes no sangue com palhinhas para "coalhar" mais depressa?

O "unto", homem, o "unto"! É capaz de ser por causa disso que o pessoal não tem colesterol... Ou tem?

A matança, pois! Há uns poucos anos assisti a uma (clandestina), mas a pressa de matar (?!) era tanta, com medo de aparecer a fiscalização...

 1 de fevereiro de 2023 às 16:33

(vi) José Belo (... from Key West, Florida, USA):

Fantástico poder de observação. Minuciosos detalhes que transformam uma recordação em algo de vivo e actual.

Será…”todo um mundo que desapareceu “?

Ou antes páginas viradas de um mesmo livro?! Páginas (as viradas e as por virar) que mais não são que um “continuum” existencial?!

Encontram-se no interior do livro o passado, o presente e o futuro?! Entramos neles de acordo com a página,ou capítulo que (de momento) abrimos?!

E,mais uma vez, estou-te grato por teres folheado o teu “livro”.