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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26430: O segredo de... (49): António Medina (1939-2025) - Parte V: Comentários (2014): (I) Vasco Pires / Luís Graça / Manuel Carvalho / António Graça de Abreu / Joaquim Luís Fernandes / Júlio Costa Abreu / Manuel Luís Lomba / António Rosinha / António Medina / César Dias / Carlos Pinheiro / João Lemos



Guiné > Região do Cacheu > Zona Oeste > Sector 01 (Teixeira Pinto) > Jolmete > "Eu com o Dandi Djassi, futuro capitão de milícia, em pose para a foto".

Foto de Manuel Resende.  ex-alf mil, CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71.

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2012). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Major General Hélio Esteves Felgas (1920-2008): duas comissões na Guiné  (Bula, 1963/64; Mansoa, Tite, Bafatá, 1968/69); um dos militares portugueses da sua geração mais condecorados, autor de dezenas de livros e artigos sobre a "luta contra o terrorismo", a guerra ultramarina... Comparou a Guiné ao Vietname. Também considerava que a solução para a Guiné não era militar mas política... Foi, todavia, um crítico de Spínola que lhe terá roubado, entretanto, a ideia dos reordenamentos (aldeias estratégicas) (1). Um oficial intelectualmente brilhante mas controverso, dizem alguns dos seus pares, mais novos. (Foto gentilmente cedida ao nosso blogue pela filha, Dra. Helena Felgas, advogada, que era amiga do prof Jorge Cabral.)
 


1. Na altura, a "partilha do segredo" do António Medina (1939-2025) (*) provocou diversos comentários (**) que merecem ser aqui revistos, incluindo a resposta do autor (que infelizmente acaba de nos deixar no início deste ano). Também o Vasco Paris (1948.2016), camarada da diáspora lusófona já não está entre nós (morreu no Brasil).

Outro camarada da diáspora lusófona é o Júlio Costa Abreu, é contemporâneo dos acontecimentos tal como o Manuel Luís Lomba. Camnaradas de épocas diferentes, mas que conheceram o "chão manjaco": Manuel Carvalho, António Graça de Abreu, Joaquim Luís Fernandes e João Lemos, além do António Medina.


(i) Vasco Pires (1948-2016) (ex-alf mil. cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72),

"War is hell,"

"You cannot qualify war in harsher terms than I will. War is cruelty, and you cannot refine it; and those who brought war into our country deserve all the curses and maledictions a people can pour out. I know I had no hand in making this war, and I know I will make more sacrifices to-day than any of you to secure peace."


General William Tecumseh Sherman

Parabéns, Camarada, por conseguires exorcizar os teus "fantasmas".

terça-feira, 24 de junho de 2014 às 20:25:00 WEST 

 PS -  (...) Fiz a citação do major-general Sherman, por se tratar de um militar da terra de adoção do camarada Medina.

Citei-o também, por ser o autor da célebre frase "War is hell", repetida até hoje à exaustão.

Transcrevi a frase seguinte, por ter sido feita, por um militar considerado intransigente, num momento de decisão particularmente difícil - a evacuação e incêndio de Atlanta.

Quanto a juízos de valor,nada tenho contra quem os faz, contudo, eu tento não os fazer. (...)


(ii) Luís Graça, editor

Nunca é demais recordar uma das regras básicas do nosso blogue, sem a qual não pode haver "partlha de memórias e de afetos":

(...) "recusa da responsabilidade coletiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro" (...)


(iii) Manuel Carvalho Manuel Carvalho (ex-fur mil armas pesadas inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete e Quinhamel, 1968/70)


 
(...) Cerca de quatro anos depois junho de 68 a minha companhia 2366 chegou a Jolmete e aí permanecemos cerca de um ano. O Blog tem fotos minhas desse mesmo barracão que era o edifício com mais qualidade que existia em Jolmete.A pouca população que havia tinha sido recuperada no mato. O régulo atual de Jolmete julgo que é o Cajan Seidi. Por acaso não te lembras do nome desse régulo? (...)


(iv)  António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74):

Diz o António Medina:

"Não se trata de nenhuma minha criatividade ou ficção, mas sim a descrição verdadeira de factos sucedidos, contados a mim na altura por quem foi testemunha e participante de uma acção bastante degradante e vergonhosa."

Portanto o António Medina não assistiu aos "fuzilamentos", ouviu contar.

Não digo que não possam ter acontecido, todas as guerras são sujas, tudo é possível, até o assassínio de três majores e um alferes, mais dois guias, gente do meu CAOP 1, em 1970, militares desarmados que iam em negociações de paz, exactamente na estrada do Pelundo para o Jolmete.

Estive sete meses em Teixeira Pinto, em 1972/73, estive no Jolmete em 1972, jamais ouvi esta história. Eu sei que já haviam passado oito anos, mas "fuzilamentos" deste tipo costumam deixar lastro na memória das gentes.

Gostava que estes "fuzilamentos" fossem confirmados por mais pessoas que se possam pronunciar com verdade, com factos, não de ouvir contar. (...)
 

(v) Joaquim Luís Fernandes (ex- alf mil, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973, e Depósito de Adidos, Brá, 1974):
 
(...) Eu sou um sentimentalão! E se calhar muito ingénuo.

Ao ler esta narrativa sentia uns arrepios e um desgosto profundo e interrogava-me: Como terá sido possível tão medonho ato por parte de um corpo do exército português, formado e enquadrado por valores éticos,que condenariam em absoluto tal procedimento? Ou havia nesse tempo outra doutrina que eu desconheço?
E porque duvidar da verosimilhança da descrição do camarada António Medina?...

Tudo isto mexe comigo. Porque vivi aí os meus primeiros medos e pisei esse chão incerto e instável,sou remetido para as questões que tantas vezes coloquei a mim próprio: Porquê a antipatia que via espelhada nos rostos dos manjacos e a sua desconfiança e má vontade?

Teria a ver com a memória desses factos, ou eram memórias bem mais antigas, do tempo de Teixeira Pinto ou ainda mais antigas do tempo dos escravos do Cacheu?

Em 1973, em Teixeira Pinto, coabitávamos em paz aparente com a população local,(velhos, mulheres alguns jovens adolescentes e crianças) mas sentia que eramos "personas non gratas". Toleravam-nos enquanto os serviamos Diziam-me os meu soldados: "Eles fazem de nós seus criados".

Também ainda não consegui encaixar bem toda a tramoia dos assassinatos dos três majores, do alferes e dos acompanhantes, em 1970. Apesar de tudo o que li, ficaram-me vários hiatos sem explicação. Agora fico com mais esta dúvida: Será que um acontecimento não tem nada a ver com o outro? A minha intuição diz-me que sim. Pelo menos o local escolhido foi o mesmo. Porquê?... Esta história tem muito por contar! (...)


(vi) Júlio Costa Abreu (ex-1º cabo 'cmd', Grupo Centuriões, Cmds do CTIG, Brá, 1964/66)

(...) Ser ou não ser , e questão ter ou ter razão.

E de quem foi na culpa de terem fuzilado em Banbandinca depois do 25 de Abril tantos soldados Comandos, como por exemplo o Jamanca e muitos outros, ou será que depois de eles terem confiado nos novos donos da Guiné foi a paga que lhes deram? 

Isso também motivo para serem assassinados ?  E guerra realmente nunca foi limpa mas isso e normal.

Julio Abreu (
Crupo de Comandos Centurioes, ex-Guiné Portuguesa)


(vii) Manuel Luís Lomba (ex-fur mil cav, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66):

(...) Terei sido contemporâneo destas circunstância.Chegamos a Bissau (BCav 705) em 26/7/64 e a minha subunidade (CCav 703) foi de intervenção para Bula em Agosto, fez o seu baptismo de fogo em Naga e durante 20 dias reforçou a atividade operacional o BCaç 507, comandado pelo então tenente-coronel Hélio Felgas - que alinhava no mato.

Sem pretender sindicar a memória do camarada António Medina, acho algo de estranho. Aquele comandante exortava-nos à implacabilidade em relação à gente que nos recebesse à bala ou granada, mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações. Enfatizava o dilema das mesmas - colocados entre a tropa e os "terroristas". 

Havia bastantes presos, junto à casa da guarda que recebiam o rancho geral e não me apercebi de maus tratos. Isto dois meses após esses eventuais factos. Cercar tabancas e fazer capturas foi o nosso dia a dia nosso de cada dia operacional. 

Aconteceram atos lamentáveis? Com certeza. Mas o fuzilamento dos capturados diferido dois meses suscita melhores provas. Luís Cabral não refere esse evento no seu livro "Crónica da Libertação". E aquele foi o tempo da prisão de importantes paigcistas, como Rafael Barbosa, Fernando Fortes, sem esquecer os que vieram a conspirar e assassinar Amílcar Cabral que não foram eliminados. (...)


(viii) António Rosinha (ex-fur mil, Angola 1961/62, e topógrafoda TECNIL, Guiné-Bissau, 1987/93)

(...) Todos os crimes e fuzilamentos e atrocidades cometidos pelos tugas estão adaptados ao discurso anticolonial conveniente às autoridades revolucionárias que tomaram conta do poder em toda a África.

Isto desde o início da guerra em 1961, sempre se acreditou em tudo o que vinha de Argel, Moscovo e Brazaville e Conacry.

Desde os números arredondados tipo os 50 mártires do Pidjiquiti até aos milhares de turras da UPA lançados ao mar, pelos luxuosos PV2 da FAP, tudo está "provado" e "comprovado".

Só falta descobrir o segredo das valas comuns e da contagem dos respectivos cadáveres. (...)

quinta-feira, 26 de junho de 2014 às 13:51:00 WEST 
 
(ix) António Medina (1939-2025) (ex-fur mil,
OE, CART 527 /  (Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65).

 (...) 
Acabo de tomar conhecimento de comentários feitos por alguns camaradas, mostrando certa relutância em aceitar a narrativa dos factos acontecidos na área de Jolmete. Cada um tem o direito de aceitar ou discordar e até pedir provas mais concretas desde que estejam disponíveis.

Segundo a teoria aplicada pelo comandante do Batalhão de Bula , ver comentaário do camarada Manuel Lomba porque assim reza o seu segundo parágrafo:

” Aquele comandante exortava àimplacabilidade em relação às gentes que nos recebessem à bala  ou granada mas incitava-nos ao cuidado de poupar populações" ,

Ora, o que foi feito em Jolmete ?

Pouparam, sim, a vida das mulheres e crianças. Mas sem condescendência, como vingança, exterminaram os homens da tabanca,considerando o facto que talvez fossem coniventes com os autores da tal emboscada ou assim evitar o perigo de virem a pegar em armas. Foi uma ação bastante secreta como é obvio.

Se enquadra ou não na teoria operacional daquele comandante  ?

Sabemos que casos semelhantes aconteceram não só na Guiné mas também em Angola e Moçambique, em grupos ou a nível individual.

O camarada Manuel Carvalho se refere ter estado em Jolmete em 1968, quatro anos depois , assim como que a pouca população que havia em Jolmete tinha sido recuperada no mato. isto vai ou não ao encontro do que escrevi, da fuga da população que restou e se refugiou no mato?

Estava eu em Bissau como empregado do BNU quando em 1970 se deu o caso dos três majores, um alferes e outros na estrada de Jolmete. Não obstante fossem militares e em guerra, o caso consternou os civis da cidade de Bissau. Teria sido vingança do PAIGC sobre a tropa colonial ?  (...)
 

(x) César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71)

(...) Camaradas, não tenho dificuldade nenhuma em considerar veridica a narrativa do António Medina, já era diferente se estes episódios se tivessem passado durante a era de Spinula, tanto quanto me apercebi não era possivel uma situação destas, com ou sem PIDE. (...)
 
segunda-feira, 30 de junho de 2014 às 13:06:00 WEST 


(xi) Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70):

(...) Fiz a minha comissão na Guiné de outubro de 68 a novembro de 70. Desembarquei cá no dia da Operação Mar Verde.

 Ao longo daqueles 25 meses tive conhecimento de tanta coisa mas, como respondi ao inquérito, dessas cenas macabras nunca ouvi falar com consistência. Estava lá quando os 3 Majores e o Alferes foram selvaticamente assassinados nessa zona de Jolmete. Um horror. 

Mas estava lá também quando foi a evacuação de Madina de Boé quando morreram aquelas dezenas de militares na jangada que se virou. Mas uma coisa conclui hoje. O comandante de Bula falado no poste foi o mesmo que coordenou o abandono de Madina de Boé. E no ano seguinte levou uma Torre e Espada ao peito no Terreiro de Paço. Coincidências? Não sei. (...)


(xii) João Lemos  (ex-alf mil sapador, CCS/BART 6521/72, Pelundo, 1972/74)


(...) Pertenci à CCS do BART 6521/72, onde era alferes miliciano sapador. Estive no Pelundo desde 1972 até à entrega deste quartel, tal como os de Có e o de Jolmete, ao PAIGC, em 1974. Em Jolmete estava a 3ª Companhia do BART 6521/72. 

Fui muitas vezes a Jolmete, pois comandei muitas vezes as escoltas entre Jolmete e João Landim. Passei muitas vezes na “2ª bolanha”, onde foram assassinados os Majores, o Alferes e os dois guias negros em 1970.

 Cheguei portanto a esta zona 8 anos depois dos factos narrados pelo camarada António Medina. Convivi muito com Dandi Djassi que veio a ser fuzilado, tal como o “Sete”, pelo PAIGC, depois da saída das tropas portuguesas da Guiné Bissau. 

Dandi Djassi era de Jolmete, mas vivia no Pelundo, onde, juntamente com as milícias desta localidade, combatia o PAIGC ao lado das tropas portuguesas. 

Nunca ouvi falar dos factos narrados pelo camarada António Medina, mas, tal como diz o comentário anterior do camarada Cesar Dias, "não tenho dificuldade nenhuma em considerar verídica a narrativa do António Medina, já era diferente se estes episódios se tivessem passado durante a era de Spínola, tanto quanto me apercebi não era possível uma situação destas, com ou sem PIDE”. (...)

(Revisão / fixação de texto: LG)

___________

Notas do editor:

(**) Vd,. poste de 5 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18988: Blogues da nossa blogosfera (103): "Memórias de Jolmete", de Manuel Resende: Cajan Seidi, o atual régulo de Jolmete, neto de Cambanque Seidi, o régulo de Jol que, em 1964, foi uma das cerca de 20 vítimas de represálias das NT (Manuel Resende / Eduardo Moutinho Santos)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26352: O nosso blogue em números (102): A caminho dos 105 mil comentários: em 2024 publicámos mais postes mas menos comentários do que em 2023... Média por poste: 3,6.

 


Infografia: BlogueLuís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Prosseguindo a nossa "prestação de contas" relativamente à atividade bloguística do ano que agora findou (*) ...

 Em 2024 publicámos mais postes (n=1307) mas menos comentários (n=4670) do que no ano anterior...o que se reflete na média de comentários por poste: 3,6 (Gráfico nº 5).

O nosso recorde continua a ser os 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente... Mas nessa época o controlo do Spam não era tão rigoroso. Hoje há um despiste mais apertado do Spam por parte do nosso servidor, o Blogger. Isto quer dizer, então, que aqueles primeiros anos, de 2010 a 2013 não devem servir de referência.

Por outro lado, recorde-se, tivemos que reeintroduzir, com pena nossa,   em 13 de setembro passado,  a moderação ou triagem dos comentários (**), devido à ocorrência reiterada de casos de "ciberbullying", ameaças e insultos... 

Uma medida, temporária, esperamos nós. De qualquer modo, afetou a participação dos nossos leitores. Há várias queixas, de comentadores habituais, relativamente à dificuldade, por exemplo,  em comentar a partir do telemóvel.


2. Convém, entretanto, lembrar, mais uma vez, que estas "médias", como todas as médias estatísticas, podem ser "enganadoras": 
  • há postes sem um único comentário,
  • a maior parte tem um, dois ou três;
  • às vezes podem ter meia dúzia, ou até 10;
  • outros podem ter, muito excecionalmente, algumas dezenas. 

Tudo depende do tema, do conteúdo, do interesse, do autor, da ilustração fotográfica, etc.

Há, naturalmente, postes mais "polémicos" ou mais "interessantes" ou até mais "apaixonantes" do que outros. Tudo depende do assunto e da sua abordagem. Ou até do autor. Os postes,  com pontos de vista menos "consensuais",  podem originar mais comentários, às vezes "marginais" (ou sejam, à margem do assuntou tema principal).

Em todo o caso, ler e comentar dá muito trabalho... E nota-se, ao fim destes anos 20 anos a blogar (completados em 23/4/2024) todos temos que admitir que há um natural cansaço... E não é fácil arranjar novos autores, leitores  comentadores...

Por outro lado, quem aqui vem, com regularidade, dos quatro cantos do mundo, são antigos combatentes, uma geração em vias de extinção... Mas também gente (jornalistas, investigadores, estudantes, familiares de antigos combatentes, etc.) que se interessam pela guerra da Guiné. no período de 1961 a 1974... Há quem se interesse, também, pela geografia, economia, cartografia, antropologia, história, fotografia, literatura, etc., da Guiné (e, marginalmente, de outros países lusófonos: Cabo Verde, Angola, Moçambique, Timor, et.)

Merecem as nossas palmas (dos editores e dos autores) os nossos leitores que, além de lerem os postes, ainda têm "tempo e pachorra" para os comentar. Serão sempre bem vindos, desde que respeitem as regras editoriais.

3. Recorde-se que qualquer leitor (mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google), pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome e apelido (como é conhecido dentro ou fora da Tabanca Grande).

Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Não sou um robô"...

O ideal é, pois, usar a conta do Google (basta só criar uma conta, o que é gratuito): quase toda a gente, hoje em dia, tem um endereço de @gmail, por exemplo...

Os comentários dão mais vida, mais pica, mais cor, mais graça, mas também mais pluralismo, mais participação, mais autenticidade, mais verdade, mais representatividade, ao nosso blogue!...

E são a prova de que estamos vivos e somos capazes de conviver com as as memórias, as nossas emoções, as nossas contradições, os nossos lutos, os nossos fantasmas, as nossas limitações de informação e conhecimento, as nossas lacunas, etc.!...


O comentário não precisa de ser extenso e muito elaborado: às vezes basta uma linha, duas, três linhas; 
  • "Gosto do que escreveste";
  • "Concordo em grande parte";
  • "Também passei por isso";
  • "Olha, nunca vi, nem nunca ouvi falar";
  • "Respeito a tua opinião mas não concordo"...
  • "Discordo por isto e por aquilo", etc.

É bom recordar que há um limite de cerca de 4 mil carateres, incluindo espaços, por comentário, qualquer coisa como cerca de página e meia de texto, em formato A4; mas podem desdobrar-se os comentários,  publicando-se uma primeira parte e depois a continuação.De qualquer modo, o Blogger dá essa indicaão quando se excede o limite de carateres.

Por outro lado, uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

Por outro lado, alguns camaradas nossos continuam a queixar-se de perderem, às vezes, extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto, mais extensos,  em
 word ou txt, à parte e no fim, fazer "copy & paste"... O mesmo se aplicar ao correio eletrónico...

É mais seguro proceder deste modo (ficar sempre com uma cópia de mensagens ou comentários extensos).

Excecionalmente, pode haver um ou outro comentário que não é publicado, mas não se perde, indo parar à caixa do Spam. E nesse caso pode ser recuperado pelos editores.  Mas, com a reintrodução da moderação, já não há lugar a mensagens deste tipo, isto é,  Spam.

Em dia de Reis Magos, 6 de janeiro de 2025, fazemos os votos para que os nossos leitores continuem a aparecer a comentar os nossos postes.  

Os autores (e os editores) são os primeiros a agradecer o interesse dos comentadores. Ao fim destes anos todos estamos a caminho  dos 105 mil comentários, o que é obra!
___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26344: O nosso blogue em números (101): a nossa pequena Guiné-Bissau ficou, em 2024, no 10º lugar dos países que mais nos visitam...

(**) Vd. poste de 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários





Lisboa > Mosteiro de São Vicente de Fora > Fábulas de La Fontaine > 24 de maio de 2024 > Este antigo mosteiro é um dos sítios mais deslumbrantes de Lisboa, com uma coleção única no mundo inteiro, de 38 painéis de azulejos, ilustrando outras tantas fábulas de La Fonatine (das 200 que o autor escreveu para educação do príncipe). Uma delas é sobre os médicos. 


Fotos (e legenda): © Lu7ís Graça (2024).Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A. Comentar no nosso blogue é fácil ... Comentar (concordar, discordar, criticar, elogiar, complementar, acrescentar,  etc.), em amena cavaqueira, sob o sagrado poilão da nossa Tabanca Grande... é fácil. Ou deveria sê-lo...  

Há vinte anos que constatamos aqui que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, todos ou quase todos (os antigos combatentes da Guiné) cá cabendo com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar... A única coisa que nos pode separar não são as diferenças mas o conflito manifesto na exposição dessas diferenças sob a forma de opiniões, perceções, experiências, sentimentos, ideias, etc., levando à violência verbal e até ao ódio patológico... 

Razão por que, de tempos a tempos, temos de relembrar alguns pontos do Nosso Livro de Estilo (há gente que nunca o leu) (*)



1. As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o fundador, proprietário e editor do blogue, Luís Graça, bem como a sua equipa de coeditores e demais colaboradores permanentes.

2. Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maiúsculas ou caixa alta).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares...

3. Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado, após apreciação de um dos editores.  Infelizmente, e ao fim de 20 anos, tivemos que reintroduzir, temporariamente, a moderação ou triagem..

Se tiveres uma conta no Google deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo": é obrigatório no final da mensagem pôr o teu nome, e facultativamente a localidade onde vives; sendo ex-combatente do ultramar, podes indicar o Teatro de Operações onde estiveste, local ou locais, posto e unidade a que pertenceste. 

Não são permitidas abreviaturas de nomes, siglas, acrónimos, pseudónimos; e muito menos "falsos perfis" (os camaradas da Guiné têm a ombridade de "dar a cara", não se escondendo atrás do bagabaga do anonimato e da cobardia...). 

Se voltares ao blogue, poderás não encontrar logo a mensagem que lá deixaste, a qual precisa do OK do editor de serviço (que deve zelar pelas regras do jogo). Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.

4. Escreve com total liberdade e inteira responsabilidade, o que significa respeitar as boas regras de convívio que estão em vigor entre nós: por exemplo,


(i) não nos insultamos uns aos outros;

(ii) não usamos, em público, a 'linguagem de caserna';

(iii) somos capazes de conviver, civilizadamente, com as nossas diferenças (políticas, ideológicas, filosóficas, culturais, étnicas, estéticas, etc.);

(iv) somos capazes de lidar e de resolver conflitos 'sem puxar da G3';

(v) todos os camaradas têm direito ao bom nome, à privacidade, à proteção dos seus dados pessoais (incluindo o nome completo, a morada, o nº de telemóvel, o email, etc.);

(vi) não trazemos a "actualidade política" para o blogue, etc.

Os editores reservam-se, naturalmente, o direito de eliminar, "a posteriori", rápida e decididamente, todo e qualquer comentário que violar as normas legais (incluindo as do nosso servidor, Blogger/Google), bem como as nossas regras de bom senso e bom gosto que devem vigorar entre pessoas adultas e responsáveis, a começar pelos comentários ANÓNIMOS (por favor, põe sempre o teu nome e apelido por baixo), incluindo mensagens com:


(i) conteúdo racista, xenófobo, sexista, homofóbico, pornográfico, etc.;

(ii) carácter difamatório;

(iii) tom intimidatório ou provocatório;

(iv) acusações de natureza criminal;

(v) apelo à violência, física e/ou verbal;

(vi) linguagem inapropriada;

(vii) SPAM, publicidade comercial ou propaganda claramente político-ideológica, ou de cariz partidário;

(viii) comunicações do foro privado, sem autorização de uma das partes.

Excecionalmente, alguns comentários poderão transformar-se em postes se houver interesse mútuo (do autor e dos editores).

Os editores, 13 de setembro de 2024,

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terça-feira, 6 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25811: (De) Caras (216): "Da minha varanda continuo a ver o mundo" - II (e última) Parte (Valdemar Queiroz, DPOC, Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra)


Foto nº 11


Foto nº 12



Foto nº 13



Foto nº 14


Foto nº 15


Foto nº 16


Foto nº 17


Foto nº 18


Foto nº 19



Foto nº 20


Foto nº 21

Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colaride > Julho de 2024> "Da minha varanda continuo a ver o mundo"...  São vizinhos do Valdemar que ele conhece e que estima, e que eles também o conhecem e estimam... E nenhum deles é identificável... São fotos tiradas ao longe e de perfil...

Mas podemos comentar: 
  • De como o telemóvel se tornou o novo grande órgão do corpo humano no séc. XXI... 
  • Ou de como estam0s todos a ficar autistas sociais... 
  • Ou de como a Rua de Coloride está mais bonita... e colorida;
  • Ou de com0 esta é a varanda do afeto contra a solidão...

Leitor: complementa a(s) legenda(s)... Mesmo que a imagem possa valer mais do que mil palavras...


Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Valdemar Queiroz: (i) minhoto de Afife, Viana do Castelo, por criação, lisboeta por eleição (ou necessidade, teve que se fazer à estrada e ir ganhar a vida, começando a trabalhar na idade da puberdade); 

(ii) ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70 (aqui por obrigação, em foto, tirada em Contuboel, 1969): 


(iv) estivemos juntos no CIM de Contuboel de 2 de junho a 18 de julho de 1969; 

(v) ele foi um dos instrutores da recruta das 100 praças do recrutamento local, que fomos receber para fazer a guerra, a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, junho de 1969 / março de 1971);  
(vi)  tem mais de 180 referências no nosso blogue, de que é um leitor e comentador assíduo; 

(vii) é portador de uma DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), 
que o impede saír à rua...



1. Mais umas "fotos" tiradas pelo telemóvel do Valdemar Queiroz, o mais famoso (e bem humorado e resiliente e apaixonado pela vida) fotógrafo da Rua de Colaride, Agualva-Cacém, Sintra...

(...) "Eu, agarrado a oxigénio, cá estou na minha varanda a ver passar a nova vizinhança de cabo- verdianos e guineenses e um ou outro dos antigos vizinhos já muito raros. Anexo umas fotos tiradas da varanda e ver os vizinhos passar." (*) (...)

 
Lembremos o que aqui escreveu, há um ano atrás, o Valdemar, a respeito do "bairro" ou "urbanização" onde mora desde o início dos anos 70 (**):

(...) Vi nascer toda a urbanização da zona do prédio da minha casa. Passaram 50 anos, os casadinhos de fresco inauguraram os prédios da urbanização e com o andar dos anos os filhos foram crescendo e arranjaram outros locais para morar.

Os mais velhos, como eu, alguns ficaram, mas a maioria também saiu para outros lados. Agora, há cerca de 6-7 anos, os prédios começaram a ser habitados por outra gente, na maioria famílias de cabo-verdianos, mas também guineenses e angolanos.

E, agora, na rua só se vê gente de origem africana, talvez os de cá, já poucos, prefiram sair só de carro.

Eu, com o tempo mais quente, vou para a varanda e vejo passar gente que me faz lembrar a Guiné e sempre vou tirando umas chapas apanhando pessoas descontraídas." (...)

(...) Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972/73, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa, com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente as mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2.º andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'o vizinho está melhor?' (...)


Valdemar Queiroz


2. O poste anterior teve já cerca de um quarteirão de comentários (*)... Selecionámos alguns:


(i) Eduardo Estrela (Cacela):


Obrigado, Valdemar,  pela partilha das fotos do mundo que a tua Rua de Colaride encerra. Daqui de Cacela vai um abraço fraterno acompanhado com uma malga de verde tinto. A imaginação e o querer fazem milagres e este brinde ninguém nos tira.

4 de agosto de 2024 às 09:20



(ii) João Crisóstomo (Nova Iorque):


"A imaginação e o querer fazem milagres e este brinde ninguém nos tira." diz e bem o Eduardo Estrela.

Há indivíduos que, mesmo no meio de grandes adversidades, qual ouro purificado no cadinho, nos espantam pela força da sua coragem que a todos serve de motivação e inspiração. Tu és um destes gigantes, um poderoso farol num mar imenso a espalhar luz a navegantes perdidos que têm a sorte de estarem dentro do teu radar.

É reconfortante verificar a admiração de todos, eu, o Luis Graça, o Eduardo... todos aqueles a quem os teus comentários, as tuas fotos, a tua vida impressionam de tal maneira que quase sentimos inveja pelas qualidades sobre-humanas de que dás provas cada dia.

Se um dia eu puder não deixarei de voltar à tua rua; e se um abraço real não for possível, quero pelo menos mesmo à distancia"beber" ( como ainda recenrenmente o papa Francisco dizia) da tua força e do teu legado.


Por este teu exemplo te estamos incomensuravelmente gratos.

4 de agosto de 2024 às 11:17


(iii) Antº Rosinha:

Aquelas plantas de jardim, quase parecem cajueiros. Tudo muito parecido com Bissau, para não esquecer o antigamente. Boa saúde.

4 de agosto de 2024 às 11:35


(iv) Carlos Vinhal:


O nosso mundo pode ser tão grande quanto a nossa imaginação permita.
Caro Valdemar, não podes ir ao mundo, vem o mundo até ti.
Continuação de boa disposição e a melhor saúde possível.
Um abraço do meio minhoto Carlos Vinhal

4 de agosto de 2024 às 11:5


(v) António José Pereira da Costa


Força, Valdemar! Tás a fotografar umas coisas em grande!

4 de agosto de 2024 às 13:42


(vi) Manuel Luís Lomba:

Aceita as minhas felicitações: não só superas a tua debilidade física, como demonstras a sua resiliência psíquica, à combatente: ainda vês o mundo e... ainda atentas nos seres humanos "de anca larga" - Eça de Queiroz dixit - e nas suas curvaturas anatómicas.

Obrigado pelo teu exemplo. Aquele abraço e sombra e frescura.

4 de agosto de 2024 às 13:57


(vii) Virgínio Briote:

Caro Valdemar!

Passei por aqui para te dar um abraço. Quando vi Afife, veio-me logo à lembrança Viana, Caminha, a magnífica Cerveira, Valença... que terras e que gentes, meu Deus!

Abraço e desejos de ver novas da tua rua.

4 de agosto de 2024 às 14:36

(viii) Abílio Duarte:


Espero que estejas bem, dentro do possível.

Eu quando falo com a família e amigos, sobre os meus tempos de exilio na Guiné, recordo somente os bons momentos que passamos. Principalmente Contuboel... a instrução aos fulas, as idas ao banho no Geba, os nossos almoços no Transmontano em Bafatá, e em Sonaco, os nossos mergulhos na piscina da dita. A nossa amizade, já ultrapassou mais de 5 décadas, e cá vamos andando.

4 de agosto de 2024 às 15:13

(ix) Fernando Ribeiro:

O nosso amigo Valdemar é como o poilão, que em Angola é chamado mafumeira. Suporta os mais violentos temporais, raios e coriscos, furacões e chuvas diluvianas, e mesmo assim permanece sempre de pé. Tal como o poilão, o Valdemar pode ficar com cicatrizes, como a sua horrível DPOC, mas enfrenta as adversidades com uma invejável disposição. Que nunca falte a seiva ao Valdemar.

4 de agosto de 2024 às 15:41


(x) Cherno Baldé (Bissau);

Caro Valdemar Embaló,


Eguê, a minha avó paterna, bem que dizia: "a velhice é uma m...da". Hoje estás confinado à tua janela, roendo lembranças de Gabu e da tua linda e educada lavadeira ou daquele improvável golpe de judó em Canquelifã contra o teu amigo Duarte. A vida sempre nos guarda surpresas, e agora passas o dia a fotografar passantes, sem saber se um deles será ou não originário de Piche ou Guiró-Iero-Bocar.

Vê lá se me envias o teu contacto, que eu recomendo ao meu sobrinho para uma visita surpresa pois Agualva Cacém e toda a linha de Sintra é uma região que já conquistamos aos Mouros do Ribatejo.

4 de agosto de 2024 às 16:32

(xi) Valdemar Queiroz:

Das minhas traseiras, 1º andar, ainda vejo o Palácio da Pena por cima de uns prédios, mas na parte mais alta desta zona, a cerca de cem metros temos uma vista extraordinário sobre todo a baixo Cacém e a Serra de Sintra. Alto de Colaride, mesmo à frente da minha varanda, faz parte do maciço da Serra da Carregueira.

4 de agosto de 2024 às 18:24


(xii) Joaquim Costa:

Tenho andado arredado das redes sociais, mas felizmente ainda vim a tempo de te dar um abraço. Ainda mantenho de pé a promessa de levar a montanha a Maomé! Os meu netos alfacinhas cada vez mais me arrastam para essa cidade grande. A minha casa, agora, é demasiado grande para uma pessoa só.


És uma força da natureza. Um grande abraço deste Minhoto que te estima.


(xiii) Carvalho de Mampatá:


Sou um 'piriquito' à tua beira (de 72/74) mas atrevo-me a falar contigo por esta via, para te dizer, graças ao nosso blog, como admiro a tua força e a força da mensagem que nos deixas. Vivo cá para cima, num recanto ainda rural de Gondomar, longe desse mundo da periferia de Lisboa cada vez mais rico na diversidade cultural que eu muito aprecio e que tu nos dás o prazer de registar com primor.

Um grande abraço com votos de que melhores dessa aborrecida DPOC.


4 de agosto de 2024 às 20:05

(xiv) Hélder Sousa:


Também, se me permites, aqui deixo um pequeno comentário, na senda do muito que se encontra nos antecedentes.

É de louvar a tua persistência em não te deixares dominar pelas dificuldades e conseguires encontrar motivos de ocupação, física e principalmente mental. É assim mesmo que se devem encarar e enfrentar as adversidades, pois só assim elas ficam reduzidas a uma menor dimensão.


Observar a "fauna humana" que circula pelas tuas redondezas (e também a flora...), acompanhado por raciocínios mais ou menos especulativos sobre os seus destinos, as suas vivências, anseios, dificuldades, etc. é um exercício que manterá os teu neurónios em funcionamento e não te deixarão "afundar".


Continua assim. É bom para ti e também para nós que sempre podemos usufruir dos teus comentários, da tua perspicácia e, porque não, da tua resposta pronta para "enquadramentos menos sérios",

4 de agosto de 2024 às 23:07


(xv) Paulo Santiago:


Grande resiliente. Abraço forte

5 de agosto de 2024 às 01:10


(xvi) Francisco Baptista:


Que a medicina te ajude e que continues a ter essa a resistência e vontade de viver que continuas a demonstrar. Bem sei que as tuas limitações são muitas mas tu tens inteligência e sabedoria para viveres com o pouco que a vida te proporciona.


5 de agosto de 2024 às 10:29


(Seleção, edição de fotos, revisão / fixação de texto: LG)

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24809: As nossas geografias emocionais (14): Na fonte de Bafatá, nos anos 60, os almoços dançantes eram promovidos pela esposa do CMDT do Esq Rec Cav (Fernando Gouveia)


Fonte de Bafatá, 2010. Foto: © Fernando Gouveia

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, com data de 29 de Outubro de 2022:

Olá Carlos,
Espero que esteja tudo bem convosco.
Sobre a fonte de Bafata, num comentário, já esclareci algumas coisas. Para completar o assunto mando-te uma foto de 2010 que seria bom ser publicada.
Desde já te agradeço.

Um grande abraço.
Fernando

2. Comentário de Fernando Gouveia no P24805:

Camaradas,
Passo a esclarecer:

1 - Os ditos "almoços dançantes" eram promovidos pela esposa do Capitão do Esq. de Cav, Capitão Campos[1] do Esq. que esteve antes do que é mencionado, penso que de 1967 a 1969.
2 - Quanto à fonte, que em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque.
Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção.
3 - Tenho uma foto da fonte que tirei em 2010 e que vou fazer chegar ao Carlos Vinhal para publicação.

Abraços.
Fernando Gouveia

____________

Notas do editor:

[1] - O camarada Fernando Gouveia estará a refereir-se ao Cap Cav Carlos Fernando Valente de Ascenção Campos, CMDT do ERec 2350 que esteve em Bafatá e Piche entre Janeiro de 1968 e Novembro de 1969

Último poste da série de 30 de Outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24806: As nossas geografias emocionais (13): A fonte da Colina de Madina, 1945 (Manuel Coelho / Cherno Baldé / António Murta)

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24413: (De) caras (199): "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou de como mudou a minha rua, os meus vizinhos, os meus fregueses"... (Valdemar Queiroz e os seus comentadores)

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Contuboel > CIM de Contuboel > 1969 > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  O Valdemar Queiroz, nado em Afife, criado em Lisboa, foi instrutor desta rapaziada toda: aqui, com os recrutas Cherno Baldé, Sori (Jau ou Baldé) e Umaru Baldé (que, feita a recruta, irão depois para a CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12, a partir de 18 de junho de 1970). Estes mancebos aparentavam ter 16 ou menos anos de idade (!). Eram do recrutamento local e, originalmente, não falavam português.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colarider > Maio de 2023> "Da minha varanda também vejo o mundo... Ou uma nesga, o da da minha rua"

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Quando o Valdemar Queiroz casou e se mudou para Agualva-Cacém, há 50 anos, a Rua Colaride não era tão bonita e sobretudo era muito menos "colorida"...   

No país não havia mais do 28 mil estrangeiros com estatuto legal de residentes (20 mil, em 1960)... Os dados são da Pordata (ver aqui). Hoje são mais de 750 mil, segundo dados revelados recentemente pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). 

Na Rua de Colaride, há mais gente oriunda, por exemplo,  de Cabo Verde, Guiné, Angola, três antigas colónias portuguesas, que se tornaram independentes em 1974 e 1975... Muitos já terão a nacionalidade portuguesa...  

As fotos que o Valdemar vai tirando à varanda, com um "telemóvel fatela", não nos dizem tudo, mas dizem algumas coisas,dele, dos vizinhos e dos fregueses... E sobretudo deram origem a um curiosa e sobretudo rica e estimulante troca de comentários entre o Valdemar e os seus leitores...  Foram um "momento bonito" das nossas blogarias... Afinalo, blogar até faz bem à saúde...

Fica aqui um apanhado (*)... E, como diz o Valdemar, saúde da boa para todos/as, nomeadamente nesta semana de festas juninas e sardinha assada por todo o lado, da Lourinhã ao Porto... (Em Sintra, o concelho onde mora o Valdemar, o feriado municipal é no São Pedro. o santo que encerra o solstício do verão, e o ciclo festivo dos santos populares: "primeiro vem o santo António / depois o são João / e, por fim, o são Pedro / para a nossa reinação"  (diziam os putos no meu tempo, a saltar a fogueira...).


(i) Tabanca Grande Luís Graça:

(...) Uma rua, a rua de Colaride, Agualva-Cacém, que se tornou agora famosa: está no mapa e na blogosfera, por nela viver (e só poder assomar à janela...) um dos nossos amigos e camaradas, o Valdemar Queiroz... 

Vive sozinho em casa, e é portador de um doença crónica incapacitantte (o raio de DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica), mas não perdeu o gosto de viver e conviver, e muito menos o "humor de caserna"... 

Da sua janela vê o mundo... da sua rua. É um dos mais antigos moradores da rua Colaride, que está agora mais bonita do que em 1972/73, quando um andar custava 200 contos (52 mil / 46 mil euros, a preços de hoje...). 

Minhoto de nascimento, alfacinha por criação, avô de netos holandeses, aliás. neerlandeses.. Uma história de grande humanidade, um exemplo (tocante) para todos nós antigos combatentes, que somos representantes de uma "espécie" em vias de extinção... sem apelo nem agravo. (...)

16 de junho de 2023 às 11:17 

(...) A verdade é que os prédios da rua de Colaride, em Agualva-Cacém (...) não mostram sinais de terem grades e arame farpado, como infelizmente se vê nas cidades africanas que a gente conhece, como Bissau ou Luanda (onde a "nomenclatura" vive em condomínios de luxo)...

O prédio do nosso querido Valdemar "Embaló" pelo menos não tem, o que é bom sinal... E espero bem que nunca venha a ter...


(ii) Hélder Sousa:

Isto que o Valdemar nos presenteou pode ser observado sob vários aspetos.

O primeiro, imediato, é que me parece ser um "estudo fotográfico" da evolução do bairro onde mora, das ruas, dos habitantes, considerando que os originais se foram para outras paragens, que os habitantes agora são originários de Cabo Verde, Guiné e Angola, que já são habitantes de prédios e não de barracas ou moradias improvisadas, que são pessoas com empregos "normais", não maioritariamente na construção civil.

Considero que as povoações, os bairros, as ruas, são também, ou podem ser, "entidades vivas" com o seu quê de nascimento, crescimento, declínio e/ou substituição e que, por esse prisma, as fotos que fez (e faz) podem ser encaradas como um testemunho etnográfico.

Quanto às fotos em si mesmas, claro que o que imediatamente nos dá curiosidade é o nome estampado na T-shirt que encabeça a série, mas tudo então nos transporta para "outras paragens".

Outro aspeto que podemos considerar é mesmo o facto do Valdemar ser um "resistente", logo à cabeça como habitante do bairro (ainda e sempre, como os irredutíveis gauleses), e depois à situação de inferioridade induzida pela malvada DPOC que apesar de tudo não lhe tira a alegria de viver, o sentido crítico e até a ironia.(...)


(iii) Valdemar Queiroz:

As fotografias são tiradas por um telemovel fatela. Tivesse uma máquina como deve ser, dava para mostrar a envolvência dos fotografados.

Os arruamentos, zonas verdes e prédios têm um bom aspecto devido tratar-se de propriedade horizontal a grande maioria e como tal havido uma boa conservação.

Os prédios nasceram em 1972-1973, no caminho de uma vacaria e moinhos de vento, ainda quase todos para alugar, a receber casados de fresco vindos de Lisboa com a estação dos comboios a 10 minutos, e a meia hora do Rossio.

Levou alguns anos a ficar tudo arranjadinho como agora se vê, e os novos habitantes, principalmente a mulheres, fazem grande motivo de vaidade por viver no 2º. andar, que até dá para estender a roupa a secar. E até me dizem 'ó vizinho,  está melhor?' (...)



(iv) Eduardo Estrela:

Valdemar!!... Ver o mundo que os teus olhos abraçam desde a varanda da tua casa é muito melhor do que ir parar ao Hospital Amadora/Sintra.

Os teus exemplos de coragem e obstinação e a forma como verbalizas os momentos menos bons que a p... da DPOC te provoca, também nos transmite a nós força para encarar o futuro.(...)


Meu caro Valdemar: (...) Contudo, pelas fotos, bem nos enganas, pois julgo tiradas na varanda (espero que tenha varandas!) do Hotel Royal em Bissau! Conseguir tal proeza não é para quem quer, é para quem pode (onde é que eu ouvi isto?!). Gostei de te ver, a cores!

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes
(Que força é essa? Amigo) (...)

 14 de junho de 2023 às 18:30 


(vi) Fernando de Sousa Ribeiro:

Pronto, acho que já descobri onde mora o Valdemar Queiroz, com a ajuda das fotografias e do Street View da Google. É claro que não sei qual é o andar, nem sequer tenho a certeza sobre a porta do prédio dele, mas suponho que ele mora muito aproximadamente aqui:

 https://goo.gl/maps/ugtWqrMAFdbpf1oK7

O Valdemar não tem uma janela virada para o mar, mas merecia, porque parece ter os horizontes muito limitados. Mesmo nas traseiras, deve ter uma vista para o casario da Agualva-Cacém e pouco mais. Além disso, o ar lavado do mar far-lhe-ia bem, com toda a certeza.

A resiliência (como agora está na moda dizer) do Valdemar Queiroz é um exemplo de vida para todos nós. Aprendamos com ele. (...)

14 de junho de 2023 às 18:50 

(...) Não deve ter sido fácil convencer os donos dos automóveis que estacionavam aí à frente a deixá-los noutro lado, mas o ajardinamento desse espaço resultou em pleno. Ficou um recanto aparentemente muito aprazível, acrescido pela beleza dos jacarandás, sobretudo quando estão em flor. Só foi pena terem posto a nespereira tão afastada da varanda...

O J. Pimenta, o António Xavier de Lima e os outros construtores dos dormitórios da Grande Lisboa, como é a Agualva-Cacém, não se preocupavam com semelhantes "pormenores" tais como fazer espaços verdes e garagens para os moradores. Mesmo a urbanização de S. Marcos, do outro lado do IC 19, é uma selva de betão (pelo menos era no meu tempo), apesar de ser muito mais recente. Nada lhes escapa.

Um abraço e... saúde da boa (também posso dizer, não posso?)



(vii) Juvenal Amado:

As fotos da tua bem podem ser as da minha rua na Reboleira. Embora eu só more aqui de forma permanente há sete anos vi muitas transformações desta zona nos 20 anos que a frequento.
Africanos de varias procedências tanto dos PALOPES como francófonos e Há sete anos existiam Romanescos às cárradas que entretanto foram para outras paragens,

Olha camarada estimo a tua saúde e não sei o mar seria uma bênção pois também há mais humidade. (...)

14 de junho de 2023 às 22:26


(viii) Valdemar Queiroz:

Obrigado,  Juvenal. 
Eu nasci à beira mar, a cerca de um quilómetro, mas sem hábitos de gentes da borda d'água. Afife tinha/tem uma grande praia, mas nunca teve pescadores e gente do mar só as mulheres quando iam ao sargaço.

A rapaziada só ia à praia quando ajudava os banhistas no Verão, o mar era muito perigoso. Mesmo assim, não fora as proximidades do mar teria dificuldades em crescer dado o meu estado de raquitismo.

Em Lisboa, puxava-me ver os golfinhos no Tejo e ir para a praia da Linha de Cascais. Desde os 16/17 anos que fazia campismo selvagem na praia de Troia, e assim cresci mais um bocado mas não chegando ao 1,70 e ao desenvolvimento ósseo.

E até poder, cerca de 2008, sempre tive hábitos de "banhista" nas praias do sudoeste alentejano por mais de vinte anos. Que bom que era poder dar um mergulho numa onda e descansar na areia a fumar um cigarro (fdap de vício).

Abraço e saúde da boa

16 de junho de 2023 às 13:07 


(ix) Cherno Baldé:

Caro amigo Valdemar Embaló, conheci o teu Bairro da Agualva/Cacém onde viviam alguns conterrâneos em meados de 2001/02.

Nos subúrbios de Lisboa, por norma, quando a "africanização" dos Bairros começa a ganhar proporções, os "indígenas" tendem a fugir, é por isso que a integração é tão difícil na Europa e, concretamente, em Portugal que conheci melhor. Não pode haver integração sem convivência.

Ao Valdemar, sobrevivente de Canquelifa, Paunca e Guiro-Iero-Bocari (que poucos guineenses saberão localizar num mapa), eu sei que não faz muita diferença, pois a África e os africanos fazem parte das suas lembranças, boas e más. (...)


(x) Valdemar Queiroz:

Caro amigo Cherno Baldé: Tenho muitas fotografias destas, agora os meus vizinhos são cabo-verdianos, guineenses, angolanos. Os alentejanos, beirões e lisboetas que inauguraram esta zona do Colaride (Agualva) já partiram, os filhos e os da minha idade. Como subiu bastante o preço dos andares venderam por bom dinheiro o que lhes tinha custado 200 contos. Nos primeiros tempos pouca gente comprava os andares, eram quase todos alugados.

Então o Cherno Baldé cá pela minha rua? Lembro-me haver um fula a habitar num prédio próximo, que eu encontrava num café e havia sempre aquela do 'ta la finani?'. Coitado andava sempre a pedir para lhe pagar um café.

Mas em 2001-2002 ainda eu fumava, bebia do tintol e alinhava em boas almoçaradas.

A grande alteração do modo de habitação dos africanos foi devido aos seus filhos terem estudado e arranjarem empregos sem ser nas obras. A D. Alice, cabo-verdiana, que me trata da casa é dona do um andar no prédio em que mora a filha, e ela mora noutro andar próximo. Há tempos, quando eu lhe disse que agora há muitos africanos morar para cá, ela respondeu-me 'pois, agora a gente já não mora nas barracas'. (,,,)

15 de junho de 2023 às 01:37


(xi) Eduardo Estrela:

Bom dia,  Valdemar e malta da nossa colheita!!

A envolvência dos fotografados é feita através das imagens que recolheste. As pessoas interagem com as máquinas. Reparem nos cidadãos que aguardam o autocarro e o que está sentado nas escadas. Como diz o Cherno e bem, não pode haver integração sem convivência. Perdeu-se o bom hábito de falar com as pessoas olhos nos olhos.

Europeus, africanos, asiáticos, americanos e demais, praticam cada vez menos essa ancestral forma de comunicar. (...)

15 de junho de 2023 às 08:42

(xii) Valdemar Queiroz:

(...) Estrela, obrigado pelo comentário que como outros sempre com grande poder critico. Tenho muitas fotos tiradas com a ideia de 'sempre ao telemóvel'.

A mulher que está nas escadas à entrada do meu prédio mora na cave vem apanhar sol e falar ao telemóvel. As raparigas da paragem do autocarro são empregadas de supermercado e também apanharam o vício do 'vou já a caminho' sem necessidade dessa informação.

A necessidade dos africanos comunicar entre eles já não se pratica, vivem todos muito próximos e, tal como nós em vez de alentejanos ou beirões, são de várias ilhas ou regiões de África, talvez sem se conhecerem não ter hábito de conversa.

Noto em toda esta gente que agora vive por aqui um grande sentido de 'boa educação', com uma segunda geração a falar português em vez de crioulo e uma certa vaidade de morar ao nosso lado.

Há dias estava sentado próximo da porta de entrada e ouvi um estrondo na varanda, de seguida tocaram à campainha. Ouvi bola bola e abri a porta da escada com um 'venham cá acima'. Aparecerem dois miúdos 10-11 anos cabo-verdianos muito assustados, vão à varanda buscar a bola e tenham mais cuidado podiam ter partido um vidro, disse-lhes. Silenciosamente atravessaram um quarto regressando com a bola e voltaram-se para mim com um 'o senhor está doente, precisa de alguma coisa?'. Não os conhecia de lado nenhum, vinham da escola a caminho de casa.

Estrela, como deve estar a Carrapateira, Bordeira e a praia do Amado que durante vários anos visitava de férias no mês de Agosto e nunca mais lá irei.


(xiii) Eduardo Estrela

Vais!!!... Vais pelas tuas memórias e recordações. Viajamos quando queremos porque a mente nos permite que o façamos mesmo sem nos deslocarmos fisicamente.

Recorda a beleza que conhecesse, é muito mais enternecedor a do que a que resulta de aplicações financeiras e fraudulentas do denominado mercado.

Fiquei extremamente sensibilizado com a história dos putos de 10/11 anos.

Ainda há gente boa no mundo, com sensatez suficiente para serem solidários.
Temos obrigação de continuar a luta e participar de todas as maneiras possíveis na construção duma sociedade cada vez mais harmoniosa e racional.
Abraço fraterno e... "Saúde da Boa"


(xiv) Francisco Baptista:

Valdemar, amigo e camarada, vives na tua ilha e com as limitações que isso te traz, procuras superar as tuas limitações, fraternalmente com os vizinhos da tua rua e com os vizinhos que vais encontrando neste Blogue, és um resistente, um lutador, admiro-te muito.

Da tua varanda ou da tua janela podes contruir outras histórias. Vai dando notícias.
As tuas melhoras. (---=



(xv) Valdemar Queiroz:

(...) Que chatice, agora, e eu sem poder dar vencimento a tanto quererem saber de mim.

Já enviei a todas as TVs, outros orgãos de informação e revistas da especialidade, e até a gouchadas e cristinices, um comunicado de não querer ser conhecido mais do que já sou.

Já não tenho idade e saúde, para altos voos de mirone da varanda e guarda-nêsperas, e ganhar bom dinheiro. Chega-me o que faço, confessei, enquanto mirava um casal de pombinhos na intimidade, no beiral de um telhado.

Cá estou eu como habitualmente, a levar as coisas com boa disposição e não, por enquanto, a pensar na chatice que me havia de aparecer na parte final da corria da maratona da vida. E tenho estado bastante aflito, mas farto-me de rir com aquela do Paco Bandeira ser da família dos Bandeira e não da dos Niña ou dos Nassa.

Fernando Ribeiro, a seguir ao parque automóvel em frente dos prédios apareceu outra "praga" da época, o cultivo de couves e batatas em hortinhas por "agricultores" de outros prédios. (...)