Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Enfermeiras paraquedistas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Enfermeiras paraquedistas. Mostrar todas as mensagens

sábado, 2 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27079: (De)Caras (237): Ercília Ribeiro Pedro, ex-enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962), reconhecida pela Maria Arminda em foto de grupo, tirada no Brasil, em 2012, e pertença do álbum do cor art ref Morais da Silva



Brasil > 2012 > Grupo de militares portugueses e suas esposas, em visita a diversos estabelecimentos do exército brasileiro, no qual se incluiu o cor art e docente da Academia Militar, Morais da Silva. Foto reproduzida com a devida autorização do autor. (*)

Foto (e legenda): © António Luís Morais da Silva  (2012 ). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, cor art ref Morais da Silva (*):

Data - quarta, 30/07/2025, 22:41
Assunto - Help!

Caro Luís

Em 2012 fiz parte de uma caravana de militares e família que deambulou 15 dias pelo Brasil.

Na foto esta senhora que assinalei e cujo nome esqueci, viajava com o marido, militar paraquedista. Será a enfermeira Maria Arminda,  nossa camarada no blog?

Tive a infelicidade de, em Porto Alegre, dar uma valente “marrada” numa porta de vidro do McDonald’s e daí marchar para o hospital militar acompanhado e amparado por esta senhora que a minha memória teima recordar (?) como enfermeira paraquedista… Será?

Abraço
Morais da Silva

2. Comentário do nosso editor LG:

Não reconheço a Maria Arminda Santos nesta foto de grupo. A única cara que não me é estranha, é a do militar que está à direita da senhora assinalada pelo Morais da Silva.

Submeti a foto em causa à apreciação da Arminda. Eis a resposta que meu deu, no próprio dia: 


Ercília Ribeiro Pedro (2011). Fotograma do filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa. 

Fonte: Página do Facebook "Quem Vai à Guerra" (com a devida vénia...)


Data - 31/07/2025, 16:23

Luís,

Só agora vi o email. A minha colega é a Ercília Ribeiro Pedro, casada com um oficial, Ribeiro Pedro. Ela também foi paraquedista do segundo curso,  se não estou em erro, e ambos ainda estão vivos.

Um abraço,
M Arminda


3. Resposta do Morais da Silva ao mail da Maria Arminda Santos:

Data - 31/07/2025, 16:58

Boa tarde.

Muito obrigado.

Como ex-Cmdt de Gadamael 70-72,  tive que, infelizmente, ter muitas vezes a ajuda preciosa das equipas piloto-enfermeira pqdt. Foram e continuam a ser merecedoras da estima de todos os ex-combatentes.

Para a minha camarada Maria Arminda o obrigado do velho capitão. Para o Luís o abração costumado.

Morais Silva


4. Nova mensagem do editor LG, para a Maria Arminda, c/c Morais Silva

Data - 31/07/2025, 17:48 

Obrigado, Arminda. É uma boa ajuda para o nosso cor art ref, Antonio Luís Morais da Silva, também nosso camarada da Guiné (*).

A Ercília é, de facto, do 2º curso (1962) (escreveu-me em tempo o Miguel Pessoa), curso que formou 5 enfermeiras pqdt.  Esteve em Angola como alferes graduada enfermeira pqdt. Casou em Luanda com o Ribeiro Pedro, paraquedista. Segundo ela diz no vosso livro,  "Nós, as Enfermeiras Paraquedistas"... (2014, pag. 394) integrou depois várias ONG, como voluntária e apanhou várias guerras (do Iraque, guerra do Golfo, a Angola, guerra civil, passando pela Guiné-Bissau, Timor e Moçambique (**).

Boa continuação da fisioterapia (a minha está a correr, na expectativa da próxima cirurgia: a minha prótese da anca ainda meia solta, já tem 12/13 anos)...

Um alfabravo, Luís
__________________

5. Resposta da Maria Arminda:

Data - 31/07/2025, 18:06

Obrigada pelas notícias. Confirmo as informações sobre a Ercília e do seu trabalho. Ao lado, de bigode. é hoje o major-general paraquedista, Hugo Borges [ex-tenente pqdt, e 2.º cmdt, CCP 121 / BCP 12, um dos bravos de Guidaje, na batalha de Guidaje, em 23/5/1973].

Um abraço
M Arminda
_______________

Notas do editor LG:

(*) Morais Silva:


(i) foi cadete-aluno n.º 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas);

(ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1.ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga; adjunto do COP 6, em Mansabá;

(iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974;

(iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 150 referências no blogue.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27072: Felizmente ainda há verão em 2025 (3): recordando o meu esforçado, voluntarioso, amável , efémero e... clandestino professor de pilotagem do DO-27, o "Pombinho", que veio expressamente do Brasil para assistir ao lançamento do nosso livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas", em 26/11/2014, no Estado Maior da Força Aérea, em Alfragide (Maria Arminda Santos, Setúbal)

 




Foto nº 1A e 1


Foto nº 2

Amadora > Alfragide > Auditório do Estado‑Maior da Força Aérea > 26 de novembro de 2014 > Sessão de lançamento do livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", coordenado por Rosa Serra e prefaciado por Adriano Moreira, cerimónia presidida pelo Vice‑Chefe do Estado‑Maior da Força Aérea, Tenente‑General Rui Mora de Oliveira. 

O livro foi publicado em 2014 pela editora Fronteira do Caos (Porto). Contudo, a apresentação oficial teve lugar no dia 26 de novembro de 2014, em Alfragide. 

Nas fotos, a Maria Arminda, um das coautoras, e o comandante Pombo, que veio expressamente do Brasil para assistir a este evento...(É nosso grão-tabanqueiro nº 752.)  

Na foto nº 2 vê-se em segundo plano o major general pqdt Avelar de Sousa (que esteve na Guiné, no BCP 12, como comandante da CCP 123, 1970/71,  tendo sido mais tarde  ajudante de campo, entre 1976 e 1981, do gen Ramalho Eanes, 1º presidente da república eleito democraticamente no pós 25 de abril.)


Fotos (e legenda): © Maria Arminda Santos  (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Maria Atminda Santos
 (n. 1937)

1. A Maria Arminda a quem telefonei esta manhã por causa do seu efémero "professor" de pilotagem do DO-27, o "Pombinho" (*), e que estava a fazer a sua fisioterapia (acaba de ser submetida, com êxito, a uma artroplastia total da anca...), teve a gentileza, logo que chegou a casa, de me mandar  duas fotos do capitão piloto reformado, José Luís Pombo Rodrigues (1934 - 2017), um nome lendário da nossa FAP e da Base Aérea de Bissalanca, Bissau, Guiné... 

Ele foi o seu esforçado, voluntarioso e amável, se bem que efémero, professor de pilotagem de DO-27, nos idos anos de 1963...Um  segredo bem guardado, até 2014,  por ela (e pela Zu, a Zulmira, que Deus já lá tem). Infelizmente, o número de aulas (teóricas e práticas) foi curto, e depois cada um foi à sua vida... 

Em 2014, o "Pombinho" veio expressamente do Brasil, onde vivia, para assistir, em 2014, à sessão de lançamento do livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit. Rosa Serra) (Porto, Fronteira do Caos,  2014).


2. Mensagem da Maria Arminda Santos:

Data - 30/7/2025 | 11:25
Assunto - "Pombinho"

Olá, Luís. Obrigada por esta bela recordação do meu amigo e estimado "Pombinho". Não foi por muito tempo que nos deu aulas.

Foi pena  não termos podido completar a instrução. Agora é muito tarde e o "Pombinho" já partiu. Um amigo que jamais poderei esquecer.

Veio do Brasil ao lançamento do nosso livro. Que esteja em paz bem como a minha amiga e colega Zulmira. Eu cá vou fazendo a caminhada!... até completar o meu ciclo de vida.
 
Vou ver se aqui consigo pôr a última foto que tenho com o Pombo Rodrigues (Pombinho).

Guiné 61/74 - P27070: Humor de caserna (208): As duas gloriosas malucas das máquinas voadoras, a Zulmira e a Maria Arminda, enfermeiras pqdt a quem o "Pombinho" meteu na cabeça que haveriam de aprender a pilotar o Dornier DO-27


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério... Uma DO-27 na pista... 

Era uma aeronave que  adorávamos  quando nos trazia de Bissau os frescos e a mala do correio ou, no regresso, nos dava boleia até Bissau, para apanharmos o avião da TAP e ir de férias... 

Era uma aeronave preciosa nas evacuações (dos nossos feridos ou doentes, militares e  civis)... 

Era um "pássaro" lindo a voar nos céus da Guiné, quando ainda não havia o Strela...

Em contrapartida, tínhamos-lhe, nós, os "infantes",  a "tropa-macaca", um "ódio de morte" (sic) quando se transformava em PCV (posto de comando volante) e o tenente-coronel, comandante do batalhão, ou o segundo comandante,  ou o major de operações,  ia ao lado do piloto, a "policiar" a nossa progressão no mato... e a denunciar a nossa posição no terreno!

Quando nos "apanhavam" e ficavam à nossa vertical, era ver os infantes (incluindo os nossos "queridos nharros") a falar, grosso, à moda do Norte, com expressões que eram capazes de fazer corar a Maria Turra:

"Cabr*es..., filhos da p*ta..., vão lá gozar pró car*lho..., daqui a um bocado estamos a embrulhar e a levar nos c*rnos!...".

Também os nossos comandantes operacionais (capitães QP ou milicianos) não gostavam nada do "abelhudo" do PCV, em operações no mato...

Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > s/l > c. 1972/74 > O comandante Pombo aos comandos de um Cessna dos  TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) (era uma aeronave muito melhor, equipada com instrumentos de navegação,  do que a DO-27)

Foto (e legenda): © Álvaro Basto (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1º srgt Pombo, piloto de F-86-F Sabre,
BA 5, Monte Real, 1961.
Cortesia de José Cabeleira (2011)
1. É uma história, mal conhecdia, mas bem humorada (*). Deve-se ter passado na primeira comissão da Maria Arminda, em 1962/63, no TO da Guiné: ela passou primeiro por Angola (1961/62), depois Guiné (1962/63) e novamente na Guiné (1965/66)... E nesse intervalo, em 1963/64, terá estado em Tancos a formar novas enfermeiras paraquedistas. (Pelo telefone, confirmou que a história passa-se em 1963; pedi-lhe desculpa, estava ela a fazer fisioterapia...)

Por sua vez, o outro interveniente nesta hstória, é o saudoso cap pil José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017),  o  Comandante Pombo dos TAGP do meu tempo (1969),  um orgulhoso sobrevivente da “Operação Atlas”, a primeira (e única) travessia Monte Real – Bissalanca, feita pela Esquadra 51/201 (BA 5), constituída por aviões F-86F “Sabre”, realizada em agosto de 1961… 

Era ele então um jovem 1º sargento
piloto... O "Pombinho", como lhe chamavam 
a Zulmira e a Maria Arminda. Terá feito 4 comissões na Guiné. Esteve na FAP, e nos TAGP, acabando por ser piloto particular, ao serviço de Luís Cabral e depois do 'Nino' Vieira, até partir para outras paragens (Congo ex-Belga, Brasil...). Regressou a Pátria para morrer...

O Comandante Pombo tem 25 referências no nosso blogue. Conheci-o pessoalmente num  dos nossos convívios da Magnífica Tabanca da Linha. Entrou para a Tabanca Grande, a título póstumo, em 5 de setembro de 2017.


As duas gloriosas malucas das máquinas voadoras,   a Zulmira e a Maria Arminha, enfermeiras pqdt,  a quem  o "Pombinho"   meteu na cabeça que haveriam de aprender a pilotar o Dornier  DO-27

por Maria Arminda

(...) Em nenhum dos muitos locais onde trabalhei (incluindo hospitais), senti um ambiente de tão forte coesão e solidariedade entre todos os que me rodeavam, e em que a palavra "amizade" tivesse uma expressão tão forte e fosse tão marcante para a vida, como o ambiente em que vivi na Guiné. 

(...) Quando os nossos camaradas homens nos viam "em baixo", inventavam processos para nos animar e fazer esquecer as agruras "daquela vida". E nós assim íamos sobrevivendo e cumprindo as nossas missões 

Naqueles nossos momentos "baixos", eles inventavam as mais diversas formas de nos levantar o "astral"... Como, por exemplo, ensinarem -nos a pilotar!



Maria Zulmira André Pereira
(1931-2010)
Naquele tempo, na Base Aérea nº 12, havia um piloto de jatos, que eu penso ainda eram os F-86, de sua graça Pombo Rodrigues, a quem nós chamávamos de Pombinho. 

Ele era como um irmão, muito nosso amigo,  e então meteu na cabeça que a Zu (como tratávamos a Zulmira) e eu, iríamos aprender a pilotar o avião Dornier DO-27., que ele tão bem pilotava, e em que nós fazíamos as evacuações.

Combinou connosco que, sempre que ele estivesse de alerta ao transporte de feridos e saísse com uma de nós as duas, começaria a dar-nos a instrução, mesmo nos DO-27 só com  um só manche, caso não estivesse operacional o que lá havia com dois comandos, que ele procurava sempre utilizar nesses dias da nossa "instrução.

Se bem o pensou, melhor o fez, e a nossa aprendizagem começou com algumas aulas teóricas, primeiro no bar dos pilotos, depois no interior do avião, mas no solo, e depois já no ar, em aulas práticas, nas idas aos locais para onde éramos chamadas, e apenas nas idas, porque no regresso, como se  depreende, a nossa ocupação já era outra.

"A juventude é ousada e por vezes louca", por isso as aulas continuaram por algum tempo, e penso que só os três é que sabíamos destes factos. 

Eu cheguei a levar o avião da Base até à pista de Farim, no DO que tinha os dois manches, e ele disse-me que tinha sido eu a tocar com as rodas no chão, o que não acreditei.

No entanto, ele punha tanta força e empenhamento na nossa "instrução", que me fez ter confiança e esperança de poder vir um dia a saber pilotar aquele avião. Pena foi que daí a algum tempo, eu tivesse sido mandada paar Tancos, a fim de acompanhar um curso para formação de novas enfermeiras "páras".

As minhas lições de pilotagem foram aí, entáo, interrompidas e, infelizmente, para sempre. (...)

Fonte: Excertos de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 374-376  (com a devida vénia...).

(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)
________________

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27029: E as nossas palmas vão para... (27): Rosa Serra, ex-tenente graduada enfermeira paraquedista (Guiné, Angola e Moçambique, 1969/73), homenageada na sua terra natal, Famalicão, no passado dia 9 de julho de 2025

 







Vila Nova de Famalicão > 9 de Julho de 2025 > "40 anos de Cidade" > Sessão solene evocativa do 40º aniversário do Dia da Cidade > Atribuição da medalha de mérito municipal a uma série de munícipes e instiutuições famalicenses, incluinso a nossa grã-tabanqueira Rosa Serra. 

Fotos da págima do facebook do Município de Famalicão, com a devida vénia. (Seleção e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné 


1. Reprodução do discurso de agradecimento da Rosa Serra, ex-tenente ghraduada enfermeira paraquedista (Guiné, Angola e Moçambique, 1969/73):


Famalicão 9 de julho de 2025

 Boa a tarde a todos os presentes nesta cerimónia.

Permitam-me, primeiro, que comece por me dirigir ao Senhor presidente da Câmara, Professor Doutor Mário de Sousa Passos, para, na sua pessoa, agradecer ao município de Famalicão o facto de me incluir no grupo de munícipes, homenageados, hoje.

A todos vós o meu muito obrigado por reconhecerem que a minha participação, como enfermeira paraquedista na Guiné, Angola e Moçambique, durante a Guerra Colonial, entre 1969 e 1973, merece, 52 anos depois, a estima das gentes da minha terra.

Minhas senhoras e meus senhores, gostaria de enquadrar este meu muito breve percurso de vida no qual “prestei cuidados de saúde em zonas de combate", dirigindo-me às gerações, aqui presentes, nascidas após a Revolução de 25 de abril que instaurou a democracia em Portugal e colocou fim à Guerra Colonial.

Nasci na Vila de Ribeirão. Os meus pais criaram seis filhos e, apesar das dificuldades, tiveram a coragem de me pôr a estudar num tempo em que o destino das raparigas, após terminarem a escola primária, era o campo ou a fábrica, casarem e ter filhos. Eu tive a sorte de frequentar, primeiro, o Externato Camilo Castelo e, depois, prosseguir os estudos no Porto, com a ajuda de familiares de meus pais e frequentar o Curso de Enfermagem que terminei no Hospital de Santo António no Porto.

A minha entrada nas Tropas Paraquedista dá-se no final do Curso de Enfermagem, numa altura em que a Força Aérea estava a recrutar voluntárias para frequentarem o Curso de Enfermeiras Paraquedistas. Nunca me passou pela cabeça oferecer-me, mas a minha amiga e colega enfermeira Rosa Mota desafiou-me e, apesar de lhe dizer que não estava interessada, tanto mais que não me estava a ver a saltar da porta de um avião em pleno voo e ficar suspensa no ar num paraquedas.

No entanto, sem me dizer nada e à minha revelia, a minha amiga Rosa Mota inscreveu-me para prestar provas em Tancos, no Regimento de Caçadores Paraquedistas. Lá fomos as duas, fizemos as provas, em tudo igual às dos homens, e ficámos apuradas.

A partir dessa data, fiquei a pertencer, para sempre, ao grupo daquelas 46 jovens enfermeiras Paraquedistas, formadas entre 1961 e 1974.

Durante este nosso percurso ao serviço das Forças Armadas Portuguesas e das populações civis, lembro a morte trágica da enfermeira furriel graduada Maria Celeste Costa, na Guiné, ao ser atingida pela hélice de um avião DO 27 quando se preparava para embarcar para uma evacuação na zona de combate e a sargento graduada Maria Cristina Silva, ferida por tiro inimigo na região de Mueda, em missão de evacuação de feridos em combate.

Este, foi o grupo das primeiras mulheres em Portugal a entrar em quartéis, com postos militares e grau de dificuldade na instrução do Curso de Paraquedismo iguais à dos homens.

Quando terminei o Curso de Paraquedismo fui mobilizada para a Guiné em 1969. Seguiu-se Angola em 1970 e cumpri a última comissão e serviço no Norte de Moçambique, em Mueda, entre 1972 e 73.

Esta foi, seguramente, a zona operacional mais difícil onde tive de exercer a minha atividade como enfermeira. As duas enfermeiras, aí destacadas, para além do apoio às Forças Armadas portuguesas, socorriam, também, a população civil africana que apareciam na enfermaria improvisada, dentro do arame farpado do nosso quartel, para serem tratadas, incluindo, sabíamos nós, alguns elementos da FRELIMO doentes e, que, obviamente, sem serem identificados, eram tratados com a mesma dignidade de outro ser humano. Nós sabíamos que eram, mas nunca os denunciámos à PIDE.

Para terminar, amigas e amigos aqui presentes, e sobre a crueza daquela Guerra, permitam-me que vos leia o que escrevi em 2016 quando fui convidada pela Câmara Municipal de Fafe a dar o meu testemunho no âmbito do evento solidário “Terra Justa”, durante o qual se homenageou o corpo das Enfermeiras Paraquedistas pelo seu contributo humano e solidário prestado durante a Guerra Colonial.

Disse, então:

“Em Mueda existia uma placa que dizia: “Bem vindos a Mueda, Terra da Guerra. Aqui trabalha-se, Luta-se e Morre-se.”

E era bem verdade, morriam muitos! Eu, muitas vezes, olhava para as Companhias do Exército formadas antes das viaturas reiniciarem a progressão pela picada rumo ao objetivo da operação de combate, olhava para as caras daqueles jovens, alguns, ainda, com cara de meninos, e dava comigo a pensar: Daqui a pouco alguém me chamará para embarcar no Helicóptero para socorrer alguns destes jovens em consequência das emboscadas ou rebentamentos de minas.

Era quase sempre assim. Algumas vezes acontecia que, uma vez chegado ao local do combate ou do rebentamento de minas, já nada havia a fazer. Alturas houve em que me entregaram o corpo desfeito em pedaços embrulhado na capa impermeável!

Tudo irreconhecível. Horrível! Só quem viu!...

Finalizo: eu e as minhas camaradas enfermeiras sempre nos assumimos como gente que viveu a dor dos outros, gente igual a tanta gente. Gente que tratou gente,

Muito obrigado

Rosa Serra

__________________

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26792: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (11): Três fotos para a história... O pequeno/ grande passo das seis Marias (1º Curso de Enfermeiras Paraquedistas, Tancos, 6 de julho-8 de agosto de 1961)


Foto nº 1 


Foto nº 2


Foto nº 3

Foto (e legenda): © Maria Arminda Santos (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Maria Atminda Santos
 (n. 1937)

1. São três fotos para a História...Foi um grande passo para elas, as primeiras seis enfermeiras paraquedistas portuguesas, aprovadas (num total de 11 selecionadas) no 1º curso, em Tancos , de 6 de julho a 8 de agosto de 1961,
 e um pequeno passo para a  História das mulheres portuguesas do séc. XX  (Vd. poste anterior, P26790) (*).

Fotos e legendas fornecidas pela Maria Arminda Santos, tenente graduada enfermeira paraquedista reformada (deixou a carreira militar antes do 25 de Abril, ainda em 1970; nasceu em 1937, em Póvoa da Galega, Mafra; vive em Setúbal):



Maria Zulmira André Pereira
(1931-2010)

Foto nº 1 > "Zulmira com a Diretora da Escola de Enfermagem  das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, Irmã Emaús"
 [A instituição que o Subsecretário de Estado da Aeronáutica, ten-cor Kaulza de Arriaga, escolheu para fazer a seleção das primeiras 11 candidatas ao 1º curso de enfermeiras- paraquedistas; esta foto com a Madre Superiora das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria foi tirada "antes do primeiro salto"; é uma fotografia soberba,  de antologia: a Irmã Emaús está incutir a coragem à sua "pupila", neste caso a Zulmira, infelizmente já falecida, em 2010].


Foto nº 2 >  "Vê-se que também estou eufórica" [A Arminda parecia-nos ser a segunda, e "a mais contida",  na foto da revista "Ilustração Portuguesa" (*), mas afinal é a terceira, a seguir à Ivone Reis].

Foto nº 3 >  "Enquanto se aguardava pela feitura das fardas, fomos em tipo estágio para a urgência do Hospital de São José e aí com as nossas fardas das respetivas Escolas. Todas iguais menos eu que fui a única da Escola de São Vicente de Paulo, atualmente integrada na Universidade Católica". 
[Se assim é, quanto a nós a Arminda  é a última da ponta direita.].

Não é possível saber a quem atribuir os créditos fotográficos. Podem ser fotos do SDFA - Serviço de Documentação da Força Aérea Portuguesa. Ou da imprensa da época. Pertencem ao álbum da  Maria Arminda, a quem agradecemos a gentileza. Foram reeditadas por nós. (LG)
_____________

Nota do editor LG:


10 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26787: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (10): Quando a "última" foi a "primeira"... A cap enf pqdt Maria de Lurdes Lobão, que fez história: em 16 de março de 1990, foi a primeira mulher a fazer de oficial de dia num estabelecimento militar, a Escola de Serviço de Saúde Militar (ESSM)

29 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26742: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (9): Giselda Pessoa: foi o CTIG (1972/74) que a marcou para o resto da vida

26 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26618: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (8): Grande coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade, a da Rosa Exposto!

13 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26578: Nunca tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (7): Cristina Silva, ten grad enf pqdt, a única das 46 que foi ferida em combate

12 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26575: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (6): Homenagem às enfermeiras paraquedistas em livro recente sobre a "História da Enfermagem em Portugal"... Por sua vez, reproduzimos excerto de um depoimento de Aura Teles sobre a morte da fur grad enfermeira pqdt Maria Celeste Ferreira da Costa (Tarouca, 1945 - Bissalanca, 1973)

15 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26497: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (5): Em Mueda, no planalto dos Macondes, num dos piores cenários da guerra em Moçambique - Parte I (enf pqdt Maria de Lourdes Gomes)

7 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26470: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (4): "Meu amor, se depender de mim não morres aqui"... Palavras que me ficaram para a vida (Carlos Parente, natural de Viana do Castelo, ex-sold at inf, CCAÇ 1787)

domingo, 11 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26790: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (11): Enfermeiras & paraquedistas!... Que desaforo, terão pensado os "velhos do Restelo" do "Estado Velho", em 8 de agosto de 1961...











Ilustração Portuguesa, nº 1021, Ano 55, 29 de setembro de 1961. (Diretor: Guilherme Pereira da Rosa; propriedade da Sociedade Nacional de Tipografia). Preço: 1$00. Cortesia de Hemeroteca Digital / Câmara Municipal de Lisboa


1.  Foi um acontecimento social, militar, político e até religioso, que deu direito a títulos de caixa alta na imprensa portuguesa da época. 

O então Secretário de Estado da Aeronáutica, o ten-cor eng Kaúlza de Arriaga,  tinha conseguido a competente e devida autorização de Salazar para criar o Quadro de Enfermeiras Paraquedistas integrado no pessoal da Força Aérea, equiparado a militar.  A guerra em Angola (1961) a isso obrigava...

Recrutadas nos hospitais civis, as candidatas a enfermeiras paraquedistas deviam cumprir os seguintes requisitos: 

(i) nacionalidade portuguesa;
(ii) idade entre os 19 e os 30 anos;
(iii) curso de auxiliar de enfermagem ou curso geral de enfermagem;
(iv) solteiras ou viúvas sem filhos;
(v) sem cadastro;
(vi) com boa formação moral.

Mas em nenhum diploma legal desse tempo se fala em "enfermeiras paraquedistas"!... O que não deixa de ser curioso...

Alargou-se o quadro de pessoal de  tropas paraquedistas  (batalhão, criado em 1955, mais tarde regimento), para elas poderem caber em 1961, mas só se fala em "enfermeiros" (sic)... quando a profissão era (e continua a ser) maioritariamente  feminina (vd. Decreto-Lei nº 42073, de 31/12/1958, Dec-Lei nº 42792, de 31/12/1959, e  Dec-Lei nº43663. de 5/6/1961;  Portaria n.° 18462., de 5/5/1961.

Assim, o
 Dec-Lei nº43663. de 5/6/1961, vem definir quem era o "pessoal equiparado a militar pára-quedista":

  • 1 major ou capitão graduado médico
  • 2 capitães ou subalternos graduados médicos
  • 1 capitão graduado médico veterinário
  • 1 subalterno graduado médico veterinário
  • 1 tenente graduado enfermeiro
  • 5 alferes graduados enfermeiros
  • 5 sargentos graduados enfermeiros.

Não se percebe por que razão é que na altura não se abriram as portas do batalhão de caçadores paraquedistas também às mulheres médicas, mas tão só às  enfermeiras... 

A  primeira seleção foi feita pela Escola das Franciscanas Missionárias de Maria (criada em 1950, hoje Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias), em Lisboa.  Era então diretora (e professora), a irmã Emaús, a madre superiora da congregação em Portugal.

Pode-se dizer que foram escolhidas a dedo as primeiras 11 candidatas (ou "convidadas"),  as quais frequentaram depois o 1º curso de enfermeiras-paraquedistas, a convite da FAP.  Só chegaram ao fim e receberam o brevet (ou brevê)  e a boina verde seis delas, ultrapassadas as provas de aptidão, médicas, psicotécnicas, físicas e militares. Ficaram conhecidas como as "seis Marias", graduadas em alferes  (e uma em sargento) (vd. aqui vídeo da RTP Ensina, de 2009):

  • Ivone  (†)
  • Arminda
  • Nazaré (†)
  • Lourdes ("Lurdinhas") (graduada em sargento)
  • Céu (Policarpo)
  • Zulmira  (†)

O 1º curso de enfermeiras paraquedistas iniciou-se em 6 de julho de 1961, em Tancos, no Regimento de Caçadores Paraquedistas, e terminou a 8 de agosto, com a imposição do brevê e da boina verde (a cinco das seis: a Maria da Nazaré, por se ter magoado num salto, só terminaria o curso uma semana depois).

As fotos que publicamos acima  são da cerimónia do dia 8 de agosto de 1961. As mulheres portuguesas estavam a fazer história nesse dia!... Os jornais da época deram larga cobertura ao acontecimento, alguns ainda elevados de preconceitos ( para não falar em misoginia, estupidez, ignorância ou sensacionalismo,  como chamar-lhe "monjas do ar"):

  • Monjas do ar: cinco  jovens enfermeiras conquistaram ontem em Tancos o "brevet" de pára-quedistas" (Diário de Notícias, 9 de agosto de 1961);
  • As primeiras mulheres pára-quedistas portuguesas (O Século, 9 de agosto de 1961);
  • Enfermeiras pára-quedistas lançadas em Tancos receberam o "brevet" e vão seguir para Angola (Diário de Lisboa, 8 de agosto de 1961)


A revista Ilustração Portuguesa, propriedade da empresa que publicava O Século. escolheu este acontecimento para a capa edição nº 1021 (em 1961 só se publicaram dois números, este, e o nº 1020, de 29 março; a revista era semanal, I e II Séries, de 1903 a 1930; depois passou a editar 2 números por ano,  de 1931 a 1980, para garantia legal do título).

PS -  A Maria Arminda seria a terceira de quatro, a contar da esquerda, na foto de topo (inicialmente parecia-nos a segunda)... Ora a  segunda é a  Maria Ivone Reis, já falecida. Da quarta, no lado direito, não se vê a cara. Legendagem com a ajuda da Maria Arminda,  a decana das enfermeiras-paraquedistas e que honra a Tabanca Grande com a sua afável presença e ativa colaboração.

___________________

Nota do editor:

Último poste da série > 10 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26787: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (10): Quando a "última" foi a "primeira"... A cap enf pqdt Maria de Lurdes Lobão, que fez história: em 16 de março de 1990, foi a primeira mulher a fazer de oficial de dia num estabelecimento militar, a Escola de Serviço de Saúde Militar (ESSM)

sábado, 10 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26787: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (10): Quando a "última" foi a "primeira"... A cap enf pqdt Maria de Lurdes Lobão, que fez história: em 16 de março de 1990, foi a primeira mulher a fazer de oficial de dia num estabelecimento militar, a Escola de Serviço de Saúde Militar (ESSM)

 



Cap enf pqdt Maria Lurdes Lobão, do último (9º) curso (1974).
(Cortesia de Fernando Miranda). Edição: LG (2025)


1. Foi a última das 46 enfermeiras paraquedistas. É do 9º (e último) curso (julho de 1974), que só formou uma, ela própria... Já não chegou a ir ao ultramar... Mas ficou na FAP... E em 1990 estava na Escola de Serviços de Saúde Militar (ESSM), com o posto de capitão. 

Conta aqui um episódio que pode parecer "anedótico", mas que a fez entrar, pelo menos,  na história da vida militar e quiçá na história da mulher portuguesa : terá sido a primeira mulher a fazer o serviço de oficial de dia, em 16 de março de 1990, dezasseis anos depois do 25 de Aril de 1974!

É natural de Vila Real, transmontana, portanto. Vive em Lisboa. Tem página no Facebook (Maria Lurdes Lobão).


Foto da página do Facebook da Maria Lurdes Lobão (Com a devida vénia...),
 Edição:  LG (2025)

A criação do corpo de enfermeiras paraquedistas remonta a 1 de junho 1961 (início do 1º curso, onde ingressou, entre outras, a nossa grã-tabanqueira Maria Arminda Santos, hoje tenente, reformada). 

Fizeram-se 9 cursos e formaram-se 46 enfermeiras paraquedistas. Tal como os capelães, eram graduadas (em sargentos ou alferes, conforme as qualificações profissionais de origem: Curso de Auxiliar de Enfermagem e Curso Geral de Enfermagem, respetivamente). Elas são as pioneiras. O ingresso nas mulheres nas Forças Armadas Portugueses, através do serviço militar voluntário, vai ser um processo lento. A Força Aérea foi o primeiro ramo a admitir mulheres, em 1988, através da criação de vagas para mulheres no serviço militar voluntário. O Exército e a Marinha seguiram-se em 1992.



Excerto de:
"Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pãg, 437  (com a devida vénia)






Excerto de:
"Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 340/341  (com a devida vénia)




2. Perguntámos à IA: 

"É verdade que a Capitão Enfermeira Paraquedista Maria de Lurdes (ou Lourdes)  Lobão foi a primeira mulher a exercer funções de oficial de dia num estabelecimento militar, neste caso, na  então Escola de Serviços de Saúde Militar (ESSM), em Lisboa, no dia 16 de março de 1990 ?"

O nosso "Big Brother", que  tem a mania que sabe tudo (ou somos nós que lhe atribuímos ingenuamente a omnisciência...), não conseguiu responder a essa pergunta concreta. Tanta a Gemini IA / Google como a Perplexiti IA e o ChatGPT disseram-nos mais ou menos isto:;

(i) com base nos resultados de pesquisa fornecidos, não há confirmação documental ou referência explícita que comprove que a Capitão Enfermeira Paraquedista Maria de Lurdes (ou Lourdes)  Lobão foi a primeira mulher a exercer funções de oficial de dia na então Escola de Serviços de Saúde Militar (ESSM), em Lisboa, no dia 16 de março de 1990;

(ii) os resultados consultados abordam genericamente a presença e o papel pioneiro das enfermeiras paraquedistas nas Forças Armadas Portuguesas, destacando que desde 1961 algumas mulheres ocuparam funções militares, especialmente na área da saúde militar e como paraquedistas;

(iii) todavia, não foi identificado nenhum documento ou referência específica ao feito mencionado, nem ao nome de Maria de Lourdes (ou Lourdes)  Lobão associado a essa função ou data em particular.

Portanto, com a informação disponível, não é possível confirmar a veracidade da afirmação sobre Maria de Lurdes (ou Lourdes) Lobão e o seu papel pioneiro na ESSM em 16 de março de 1990. Caso existam fontes adicionais ou documentação interna das Forças Armadas, estas não foram localizadas nos resultados apresentados.

3. Comentário do editor LG: 

Não pudemos explorar o "Diário de Lisboa", disponível "on line", porquanto faltam dois  números da coleção (posteriores à data em causa, 16 de março de 1990, logo por azar  os dos dias 17 e 18; o jornal. de resto, será extinto nesse ano, a última edição foi a de 30 de novembro de 1990; começou a publicar-se em 1921.

Achamos, todavia,  que o depoimento da nossa camarada Maria Lurdes Lobão é fidedigno e consistente. E ninguém lhe tira dos louros desse dia (histórico) para as mulheres portuguesas que só ao fim de muitos séculos é que começavam a entrar no "androceu" (por analogia com o "gineceu", a parte da casa reservada às mulheres na Grécia antiga...).  

É, além disso, e sobretudo,  uma história bem humorada e bem contada. Parabéns, Lurdes Lobão, saúde e longa vida!... LG
______________

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26781: In Memoriam (547): Maria Rosa Exposto, ex-alf enf pqdt (Bragança, 1940 - Portalegre, 2021), pertencia ao 4º curso (1964) e passou pelo CTIG... Rosa, que descanses em paz!


Guiné > Bissau > Av Marginal > s/d< (c. 1966) > A Rosa Exposto, é a primeira do lado esquerdo.; ao centro a Maria Arminda, e à direita, a Maria do Céu Matos Chaves.  Foto: Cortesia de Fernando Miranda (2025).





Infografia:  Aristides Santos (2025) . Reproduzido da página do Facerbook do Fernando Miranda (trabalhou no Hospital da Força Aérea, com o enfermeiro,  e tem o melhor álbum fotográfico sobre as enfermeiras paraquedistas). (Com a devida vénia...)



1. Confirmámos a notícia, que já circulava há vários meses (pelo menos desde outubro passado), entre os antigos camaradas  da FAP, da morte da ex-alf enf pqdt Maria Rosa Exposto Olivença, por postagem do Fernando Miranda, ontem, dia 8 de maio:

(...) É com muito pesar que participo o falecimento no dia 21 de junho de 2021, no Hospital de Portalegre, por doença prolongada, a nossa camarada alf enf paraquedista Maria Rosa Exposto. 

A nossa camarada era residente em Marvão e esposa do nosso camarada cap paraquedista José Barata Olivença, pioneiro do curso de Espanha. Foi cremada. (...)

2.  Era natural de Bragança. E estava viúva. Tinha um filho, Francisco Olivença  (que  confirmou a morte e relatou as circunstâncias penosas do seu internamento, ainda com as restriçóes da Covida.19).  Tinha 80 anos (nasceu a 2 de outubro de 1940). 

Há vários anos que as suas antigas camaradas e amigas, Maria Arminda e Rosa Serra, não sabiam nada dela. Sabiam apenas que vivia para os lados de Portalegre.  A Arminda (que esteve com ela em 1966, na Guiné) recorda-a como uma colega bem disposta. 

Era do 4º curso (1964). Participou no livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2014) (**).  Ela terminava, em 2014, o seu depoimento, com um agradecimento à FAP pela oportunidade que lhe deu de se realizar como ser humano e como enfermeira, e com palavras de grande nobreza para com aqueles com quem trabalhou e conviveu: "Nunca vos esqueci nem esquecerei!" (**)...

Nunca  a conhecemos pessoalmente. Mas, connosco, com os amigos e camaradas da Guiné, ela também não fica na vala comum do esquecimento.  Os camaradas e amigos da Guiné, aqui reunidos no nosso blogue. também a não vão esquecer.

Não nos cansamos de lembrar que  as ex-enfermeiras paraquedistas são as únicas mulheres a quem, "de jure" e "de facto", podemos chamar camaradas. no sentido puro e duro da etimologia da palavra... 

Rosa, que descanses em paz! Um abraço solidário para o teu filho Francisco.

PS - Tinha até agora apenas 3 referências no nosso blogue (**).
 
_____________________


Notas do editor;


26 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26618: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (8): Grande coragem, sangue frio, inteligência emocional, autocontrolo, empatia, serenidade, a da Rosa Exposto!..