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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27221: Notas de leitura (1838): "Uma Outra Perspectiva", por Rui Sérgio; 5livros.pt, 2023 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Agosto de 2024:

Queridos amigos,
Quando leio as narrativas do escritor Rui Sérgio, que foi alferes-médico num batalhão sediado em Galomaro, interrogo-me sobre o que aconteceu no Leste da Guiné desde agosto de 1970, altura em que regressei a casa, e os acontecimentos que ele descreve vividos predominantemente em 1973 e 1974. A partir de novembro de 1969, passei à intervenção em Bambadinca exclusivamente com um pelotão de caçadores nativos. Íamos corriqueiramente cumprir missões através de cimento, transporte de doentes a locais como Galomaro (então sede de companhia), Madina Bonco, Afiá, Madina Xaquili e outros pontos que Rui Sérgio aqui refere como autênticas operações, isto enquanto nós percorríamos estas regiões com num Unimog 411, ao nível de secção, impensável recorrer à picagem da estrada. Cumpríamos a coordenação das colunas que se organizavam a partir de Bambadinca até ao Saltinho, exatamente nos mesmos termos que Rui Sérgio descreve, só com a distinção que não parávamos em Mansambo, embora a tropa local picasse a estrada e ficasse em vigilância até à nossa passagem no regresso a Bambadinca. Muito provavelmente, o desaparecimento dos destacamentos de Béli e Madina de Boé deixaram o Boé mais permeável às investidas das forças do PAIGC. O régulo do Cossé, Mamadu Sanhá, tenente de 2.ª linha, dizia a quem o queria ouvir que ninguém do PAIGC se atrevia a molestar a vida dos habitantes do Cossé, isto até agosto de 1970. Vemos agora o batalhão em Galomaro, escusam de me dizer que a guerra não se tinha acentuadamente agravado no Leste.

Um abraço do
Mário



Há lembranças que aquele alferes médico não quer deixar apagar

Mário Beja Santos

É o mais recente livro de Rui Sérgio, intitula-se Uma Outra Perspetiva, 5Livros, 2023. São lembranças avulsas, por vezes releva o olho clínico, há queixumes e não menos azedumes, mas aquela natureza, as solidariedades, a sua atividade como alferes-médico colaram-se-lhe à pele, escreve como ninguém sobre a Guiné, mesmo quando aqui e ali se repete ou regressa à mesma história com outro pormenor. E momentos há em que narrador e leitor coincidem no olhar.

Logo as pragas, lembra uma praga de sapinhos, as viaturas a esborrachá-los, os gafanhotos, predadores terríveis, nuvens que quase encobrem o Sol; e os morcegos, a sair dos telhados do quartel, aos milhares, à noite era vê-los a comer os insetos, ótimo, eram menos picadas sobre nós. E recorda o Santos, maqueiro, que o chamou para ver o centro de saúde militar em Galomaro, centenas senão milhares de morcegos dependurados de cabeça para baixo nas traves do telhado, à procura de alimento, talvez insetos ou gafanhotos ou aranhas voadoras.

Não esquece as expedições ao Saltinho, de Galomaro a Bafatá, daqui a Bambadinca, aqui organizava-se uma grande coluna, pelo trajeto, que incluía Mansambo, a Ponte dos Fulas, Xitole e depois Saltinho, com inversão de marcha para evitar emboscadas e minas, ao longo do trajeto gente dos diferentes aquartelamentos ficavam e guardavam a passagem da coluna.

E vem o testemunho do profissional, a assistência médica no mato, ele fala na evacuação Yank (nós conhecíamo-la por Y), o alferes-médico e o cabo-enfermeiro seguiam no helicóptero como soros e mala de medicamentos. Rende uma homenagem aos anjos do céu, as enfermeiras paraquedistas. Volta a recordar Bacar, dava-lhe apoio no centro de saúde civil, ficara sinistrado numa mina antipessoal, era um intérprete de um médico, transmitia a sintomatologia do doente, filtrava a lista de doentes de acordo com as etnias. De igual modo, volta a lembrar o comandante Braima, um Futa-Fula alto e esguio, muito respeitado pelos seus pares (pisteiros e milícias).

O alferes-médico tinha em Galomaro a seu cargo a missão do sono e no pequeno hospital tratava tuberculosos e leprosos. Enuncia o tratamento dos leprosos, as dosagens, as manifestações, o que tomavam os tuberculosos, quais os seus sintomas e fala da vacinação das crianças.

Há também a lembrança do Sr. Regalla, proprietário do restaurante Pescaria em Galomaro. Um dia o alferes-médico perguntou-lhe se era do PAIGC, o Sr. Regalla contestou, era cabo-verdiano, o alferes-médico ripostou: “Sr. Regalla, disseram-me que tem um filho que se chama Agnello que se encontra na Suécia, em Upsalla, na produção de livros escolares do PAIGC.” O Sr. Regalla disse que era tudo mentira, o alferes-médico confirmou posteriormente ser tudo verdade.

As recordações não param, a onda do macaréu a subir o rio Geba, os ataques de abelhas, o fanado, os acontecimentos de Guidaje e Guileje, as suas recordações chegam à Marinha e aos Fuzileiros, manifesta-lhes gratidão, alude à importância dos botes pneumáticos utilizados pelos Fuzileiros, os zebros, retorna aos agradecimentos à Marinha, pelo seu papel fundamental na logística no transporte através dos rios em lanchas de diverso porte, recorda um acontecimento que envolveu um parente seu:
“O patrulhamento do Cacheu através das lanchas de fiscalização grandes como a Hidra, comandada em 1973 por um meu primo direito, o 1.º Tenente Jaime Luís Vieira Coelho eram fiscalizações com certo risco, como aconteceu em 20 de maio de 1973, em que houve um ataque à lancha com rebentamentos e incêndio no convés do navio, imediatamente apagado. Ataque na curva de Jugali. Houve feridos provocados pelos rebentamentos com RPG 2 e 7 e que atingiram os cunhetes de munições da peça de artilharia Bofors do Levante.”
As suas recordações retornam às colunas de abastecimento ao Saltinho, local que ele considera paradisíaco, a água revolta dos rápidos centros rochedos, o marulhar das águas e o seu espelhado refletindo o Sol, sentiam-se acobertados de paz e sensação do repouso do guerreiro.

Uma boa parte da sua narrativa prende-se com a crítica que faz à descolonização, aos fuzilamentos da tropa africana, mostra-se favorável à criação de um exército europeu e à exploração que os chineses fazem das riquezas florestais, mais propriamente as madeiras exóticas da Guiné-Bissau.

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Nota do editor

Último post da série de 12 de Setambro de 2025 > Guiné 61/74 - P27212: Notas de leitura (1837): Para melhor entender o início da presença portuguesa na Senegâmbia (século XV) – 11 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27220: In Memoriam (559): Isabel Bandeira de Melo (Rilvas) (1935-2025): uma mulher pioneira em vários domínios, interditos às mulheres, a começar pelo paraquedismo... Foi a "madrinha" das enfermeiras paraquedistas (1961).






Isabel Rilva (1936-2025): uma mulher portuguesa antes do seu tempo: não foi militar, não foi paraquedista, não foi à guerra, mas ajudou outras mulheres (as enfermeiras paraquedistas) a abrir, pela primeira vez, as portas da caserna...e entrar no teatro de operações.

Fonte: Fotogaleria da realizadora de cinema, Marta Pessoa, autora do documentário "Quem Vai à Guerra" (Portugal, 2011), página do Facebook


1. A triste notícia chegou-nos por mensagem do Miguel Pessoa e confirmada às  9h45 na página do Facebook de Miguel Machado, antigo oficial paraquedista e estudioso da história do paraquedismo em Portugal:

Isabel Bandeira de Melo (Rilvas), filha dos condes de Rilvas. carinhosamente apelidada pelos paraquedistas e pelas enfermeiras paraquedistas por Isabelinha, faleceu ontem,  14 de setembro de 2025, aos noventa anos de idade. Nascera em 8 de janeiro de 1935.

Tinha festejado, a 4 de janeiro último,   o seu 90º aniversário  com salto em queda livre, um salto tandem, a uma altura de cerca de 3 mil metros, a partir do aeródromo de Tancos, numa aeronave do Para Clube os Boinas Verdes, segundo notícia de Mário Rui Fonseca, publicada no jornal Médio Tejo, em 7 de janeiro de 2025.
 
Temos quatro referências à Isabel Rilvas. A Maria Aminda já aqui, em poste de 2011,  veio justamente lembrar o papel pioneiro que a Isabel Rilvas teve na criação do corpo de enfermeiras paraquedistas em 1961,  dizendo no seu discurso,  por ocasião do 50º aniversário do 1º curso de enfermeiras parquedistas,  o seguinte (**):

(...) Convêm também relembrar, neste processo, a importância da Sr.ª. Dª Isabel Bandeira de Mello, conhecida entre nós por Isabelinha Rilvas, à época a primeira Paraquedista da Península Ibérica, em ceder ao Tenente-Coronel Kaúlza de Arriaga, a documentação relativa aos treinos que executavam as “Enfermeiras do Ar”, pertencentes à Cruz Vermelha Francesa.

A Isabelinha, como colega e amiga da maioria das candidatas que integraram esse primeiro curso, teve também a sua quota-parte de influência, na decisão em aceitarem esse desafio.

Pela primeira vez iam ser treinadas em Portugal, mulheres para Paraquedistas. A sua preparação teve início a 6 de junho de 1961 e terminou a 8 de agosto, com a conquista da tão almejada boina verde e brevê, que lhes conferiram o título pelo qual passaram a ser designadas, “ As Enfermeiras Paraquedistas”.

Para se chegar a esse dia, foi preciso percorrer um duro e difícil caminho; vencer barreiras a que não estávamos habituadas, ultrapassar receios e preconceitos, superar debilidades físicas, momentos de fadiga, desânimo e medo do fracasso. Porém entrámos determinadas e convictas de que poderíamos chegar ao fim. Aceitámos voluntariamente esse grande desafio, de trocar a nossa vida rotineira, tranquila e profissionalmente estável, por outra que imaginávamos ser mais agitada, mas da qual não sabíamos como iria decorrer. Éramos jovens, e como tal generosas e aventureiras. (...)


2. A Tabanca Grande partilha, com a família e os/as amigos/as da Isabel Rilvas, a dor pela sua perda. Registe-se, entretanto, a mensagem, acabada de enviar pelo Miguel Pessoa: 

Transcrevo a mensagem que recebi da AFAP (Associação da Força Aérea Portuguesa):

"É com muita tristeza que a AFAP faz saber do falecimento da D. Isabel Rilvas, uma das pioneiras na aviação e no paraquedismo, e nossa sócia extraordinária. A nossa “Isabelinha” conseguiu o seu brevet (aos 19 anos) em 1954 em aviões e planadores; em 1956 tornou-se na primeira mulher paraquedista da Península Ibérica; e em 1981 obteve a licença de voo em balão de ar quente nos Estados Unidos.

O seu falecimento é realmente uma grande perda para a aviação portuguesa.

Informamos os/as nossos/as associados/as que o féretro vai hoje (15SET2025) às 17h30 para a Igreja da Força Aérea (São Domingos de Benfica), e amanhã (16SET2025) o funeral seguirá às 14h00 para o Cemitério dos Prazeres.

Até sempre, Isabelinha!

A AFAP expressa os seus sentidos pêsames à família e amigos!"



Isabel Rilvas


(com a devida vénia..)


3. Algumas notas biográficas desta mulher que, nunca tendo sido militar nem enfermeira paraquedista, teve uma vida notável e foi pioneira num domínio interdito às mulheres portuguesas, a aviação e o paraquedismo:
  • começou a aprender a pilotar aviões na Escola de Aviação Civil do Aero Club de Portugal (Sintra),em 1953, apadrinhada pelo director das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), Pedro Avilez (para fazer o curso teve sempre a companhia de Chica,  uma empregada da familia que fez o papel de dama de companhia dela, tais eram os preconceitos da época);
  • em 1954, com 19 anos, tirou o brevê de pilotagem de aviões ligeiros (e posteriormente obteve as licenças equivalentes na África do Sul, Espanha, Itália e Estados Unidos da América, países onde viveu enquanto mulher do embaixador Leonardo Mathias); 
  • tirou também o brevê de voo à vela;
  • em 1955, ao ir com o pai ver um festival aéreo no aeroporto Le Bourget, entrou em contacto com as Enfermeiras Paraquedistas Socorristas do Ar, da Cruz Vermelha francesa. e tem a ideia de criar um grupo de enfermeiras semelhante em Portugal:
  • em 1955, é segunda mulher portuguesa a obter o brevê C que permite pilotar planadores;
  •  em França frequenta o curso de Instrutor Paraquedista no Solo no Centro de Paraquedismo de Biscarrosse onde é aluna da socorrista do ar Jacqueline Domerge; 
  • obtém, em 1956, brevê de 1.º grau de paraquedismo civil e no ano seguinte o de 2.º grau;  foi então a primeira mulher portuguesa (e ibérica) a saltar de paraquedas, no contexto civil; 
  •  para poder manter as suas licenças de paraquedista, Isabel tinha de completar um número específico de saltos, mas foi confrontada com a inexistência de locais onde fosse possível fazê-lo em Portugal; por isso, pediu à Força Aérea que a autorizasse a saltar na base militar de Tancos, local de treino dos soldados paraquedistas; obteve uma licença provisória para saltar no país; foi-lhe também concedida autorização para o fazer com os paraquedistas militares; o seu primeiro salto em Tancos teve lugar em 18 de janeiro de 1959, aos aos 24 anos;
  • fez o curso de instrutora de paraquedismo, completando 25 saltos;
  • em 3 de maio de 1959, convidada pelo Aeroclube de Luanda, saltou em queda-livre em Angola, perante luandenses maravilhados; repetiu a proeza em 17 de maio em Lourenço Marques, fascinando uma multidão de moçambicanos;
  • efectuou saltos de paraquedas de diversos tipos de aviões, entre eles: Stampe, Junkers JU52, Dakota, Tiger Moth, Dragon Rapid e Noratlas;
  • bateu o recorde português de voo sem motor: permaneceu no ar por 11 horas e 15 minutos em Alverca, em julho de 1960;
  • foi a primeira mulher a fazer acrobacias aéreas da Península Ibérica, tendo entrado em várias competições de festivais da modalidade, pilotando vários tipos de aviões;
  • foi a grande impulsionadora da criação do Corpo de Enfermeiras Paraquedistas Portuguesas em 1961 (o 1º curso começou em 6 de junho e terminou em 8 de agosto, na Base de Tancos; das candidatas iniciais, foram selecionadas 11, e só 6 concluíram e receberam o brevê, sendo conhecidas como as “Seis Marias”, como lembru a nossa amiga e camarada Maria Arminda);
  • conseguiu concretizar o seu sonho em 1961, quando Kaúlza de Arriaga, face aos desafios e exigências do inicio da guerra colonial em Angol,  apresentou a ideia a Salazar que, com ressalvas, autorizou a criação do grupo de enfermeiras;
  • em 1981, obteve uma licença de voo em balão de ar quente, nos EUA, sendo a primeira portuguesa a fazê-lo; de regresso a Portugal tentou junto da Direcção-Geral da Aeronáutica Civil obter uma equivalência, uma licença portuguesa, mas foi impossível, por não haver legislação para balões de ar-quente, nem sequer balões;
  • em 2017, foi condecoarada, pelo Presidente da República, com o grau de Grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique, 


(**) Vd. poste 5 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8998: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (28): Comemoração dos 50 anos dos cursos de 1961 das Tropas Pára-quedistas (Rosa Serra / Maria Arminda)

domingo, 31 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27170: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/69) (9): O perfume da Enfermeira Paraquedista

1. Mensagem do nosso camarada do Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834 (Tite e Fulacunda, 1968/69), com data de 28 de Agosto de 2025:


O PERFUME DA ENFERMEIRA PARAQUEDISTA

Após uma longa e difícil caminhada chegámos perto de Nova Sintra ao local onde devíamos encontrar-nos com um pelotão de nativos, vindos não sei de onde para, em conjunto, fazermos um golpe de mão e destruir um acampamento IN.

 Como estávamos cansados e com fome, aproveitámos estar à beira de um rio para refrescar os pés e comer a ração de combate. Via rádio, fomos informados de que o pelotão de nativos estava perto e que o encontro estava iminente. O senhor coronel Hélio Felgas tinha ideias geniais. Assim chegou a brigadeiro. Por acaso, alguém olhou para oeste e deparou com um grupo de soldados pretos que caminhavam na nossa direção sem que, ao que parece, ainda não nos terem visto. Finalmente, pensámos. Alguém lhes chamou a atenção para a nossa localização que não distava mais de vinte metros. Recordo que estávamos escondidos nas margens do rio e em pose de descanso. Até as armas estavam a descansar.

E eu vi que um dos soldados nativos nos apontava uma arma. Um canhão sem recuo. E disparou na nossa direção, seguindo-se um tiroteio feio, feito com toda a espécie de armas. 

Quando me apercebi de que afinal eram "turras", corri para a bazuca do Melo, que nem teve tempo de a pegar, até porque estava descalço, e apontei aquela arma terrivelmente mortífera. Como já estava carregada, estava sempre, foi só apontar e disparar.

Quem conhece a bazuca sabe que o cano nunca aponta para onde deve ser dirigido o tiro. Por vezes a sua direção fica deslocada do local para onde se aponta pelo diópter. Disparei. E vi cair o meu guia, um soldado de segunda linha, por ser preto, seguido de mais quatro soldados. 

Só percebi que o meu tiro tinha rebentado à saída do cano quando vi que um ramo de mangueira estava cortado, caído no chão. Afinal a granada de bazuca rebentou à saída do cano. Quem te manda utilizar uma arma para a qual não tinhas prática suficiente? 

E, ingloriamente, matei o meu guia que ficou decepado, feri os restantes, sendo o mais grave o soldado Palricas. Lembro-me de ele me ter dito: "Ai, Caldeira, que me mataste". 

Mas não. Ficou gravemente ferido, mas recuperou no hospital e acabou a comissão. Faleceu há dias, devido a problemas cardíacos.

Após a confusão, chamados os helis para evacuações, havia que proceder à segurança para poiso das aeronaves e encaminhar aqueles feridos. Um deles, não me lembro de quem, ainda não estava devidamente tratado e pensado, o que levou a enfermeira perguntar-me qual o seu estado. O barulho das hélices era enorme, porque, por precaução, não pararam. Eu não entendia. Então ela rodeou o meu pescoço com o seu braço. Aproximou a cara da minha e perguntou de novo. O seu perfume era tão agradável que eu desejei que ela voltasse. Mas não voltou. E eu que trazia barba de vários dias, sarro que chegava em cima da pele e exalaria um odor pestilento!
Localização de Nova Sintra
Infogravura: © Luís Graça & Camaradas da Guiné - Carta da Província da Guiné: Escala 1/500.000


Afinal, o que era Nova Sintra? Vou tentar esclarecer: Era o cruzamento de três caminhos, no meio do nada, rodeado de mata e longe de tudo. Sem água potável e longe das fontes de reabastecimento. Feudo dos nacionalistas. Mas seria um lugar estratégico por dali irradiarem os caminhos para Tite, Fulacunda e São João-Bolama. 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27132: (De) Caras (238): Rosa Serra, no "postal do dia" de Luís Osório (Comentários de Luís Graça e Jaime Silva)







Rosa Serra, ex-ten grad enf paraquedista, (Guiné, Angola e Moçambique, 1969/73). Fotos do seu álbum / Fonte: Página do Facebook "Quem Vai à Guerra" (com a devida vénia...)


1. Achámos uma delícia este "postal do dia" do Luís Osório, conhecido escritor, jornalista e radialista,sobre a nossa querida Rosa Serra (tem cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue; é membro da Tabanca Grande desde 25/5/2010.



Só Entre Nós > A paraquedista secreta da Força Aérea Portuguesa



(Nota de LG: No espaço de uma semana teve mais de 500 comentários e cerca de mil partilhas, o que é absolutamente notável...

Sobre o autor: (i) Luís Osório (nascido em 1971) tem onze livros publicados, o mais recente dos quais A Última Lição de Manuel Sobrinho Simões (Contraponto, 2024):

(ii) é cronista diário na Antena 1, onde assina o Postal do Dia:

(iii) escreve todos os dias nas redes sociais, onde tem muitos milhares de seguidores;

(iv) foi diretor de jornais e de uma estação de rádio;

(v) ganhou prémios como criativo e autor de programas de televisão;

(vi) é consultor político e empresarial;

(vii) a partir do livro Ficheiros Secretos – Histórias Nunca Contadas da Política e da Sociedade Portuguesas, que transpôs para palco com um monólogo de grande sucesso, percorreu o país e esgotou salas emblemáticas, como o Teatro Tivoli, em Lisboa, e a Casa da Música, no Porto. (Fonte: Wook).


Muitos foram os homens que se apaixonaram por Rosa Serra. Era tempo de guerra, não havia espaço para avanços amorosos, mas os militares quando a viam “aterrar” com o seu paraquedas na selva da Guiné, Angola ou Moçambique, ficavam de boca à banda.

Rosa foi uma das mais respeitáveis enfermeiras da Força Aérea Portuguesa. Em meados da década de 1960, pouco tempo antes de se finar, Salazar dera, após insistência de alguns generais, autorização para que as mulheres pudessem vestir farda. Crescia o número de feridos por evacuar, todos os esforços eram poucos.

Rosa desejava conhecer Lisboa. Nascera em Famalicão e foi essa vontade, mais do que outra coisa, que a levou a inscrever-se no curso de paraquedistas em Tancos.

Antes de ir para a Guiné tratou de cegos e estropiados em Angra do Heroísmo, lugar de recuo.

Raramente vacilava e não tremia em terra, no ar, a amputar pernas e braços ou a desembaraçar-se de tiros cruzados.

Evacuou soldados nos lugares mais difíceis e, quando passava, não havia quem conseguisse deixar de olhar. Recebeu dois louvores que nunca foram anunciados – as mulheres não podiam ter relevância em trabalhos de homem. Por isso, foi esquecida.

Ela e várias outras paraquedistas. Durante o Estado Novo poucos sabiam da sua existência. Na democracia a ninguém interessava que se soubesse. Só vários anos depois a sua história foi contada, só há poucos dias a Câmara de Famalicão, e muito bem, lhe ofereceu a mais alta distinção da cidade. Valeu a pena, Rosa.

LO

Crónica publicada hoje no Jornal de Notícias | Todos os dias úteis no JN

(Reproduzido no blogue com a devida vénia | Revisão /fixação de texto, títiulo, LG)




(Fonte: página do Facebook
de Fernando Miranda,
com a devida vénia


Rosa Serra: foto do seu álbum


2. Comentário do nosso editor LG: 

Bonita homenagem à nossa querida Rosa Serra (havia mais duas Rosas, a Exposto, já falecida, e a Mendes) entre o corpo de enfermeiras paraquedistas que foram mobilizadas para a guerra colonial, ao todo 44; formaram-se 46, 2 acabaram por "não ir à guerra"...). 

O postal  do Luís Osório pode estar a romantizar um pouco a atuação das nossas enfermeiras paraquedistas... É verdade que, sendo as únicas mulheres nossas camaradas, e para mais brancas (não havia negras...) , causava sempre alguma "turvação" á sua chegada aos quartéis do mato... Sobretudo, quando faziam uma pausa no seu trabalho sanitário. Fui testemunha disso em Bambadinca. 

É verdade, partiram corações (sobretudo da malta da FAP, a começar pelos nossos bravos paraquedistas, com quem  algumas depois viriam a casar...). Mas as enfermeiras no mato, em Angola, Guiné e Moçambique, não "aterravam de paraquedas"... Faziam evacuações de helicóptero. Desde 1961, o ano em que "os anjos que vinham do céu" apareceram. Em Angola. Em meados de 1961. 

A Rosa não tremia em terra, nem no ar, é verdade.  Mas não era seguramente a amputar pernas e braços. Na Guiné, levava os feridos graves, no helicóptero Alouette III,  direitinho ao HM 241. Aí, sim, competia aos cirurgiões militares amputar  pernas e braços que não se podiam "salvar". A missão da Rosa e das demais enfermeiras paraquedistas era salvar vidas, levar camaradas nossos  ( mas também civis), muitas vezes politraumatizados, até ao "heliporto de salvação", que era o do hospital. Neste caso, o HM 241, em Bissau.

O Luís Osório, que felizmente não fez a guerra (nem tinha idade para isso), não pode saber tudo... Um abraço para ele e para as nossas antigas camaradas de armas (as únicas que tivemos).

3. Comentário de Jaime Bonifácio  da Silva 


Caro Luís Osório, para que a memória de quem serviu a “nossa Pátria” em tempos de “uma guerra sem sentido”, como disse o Presidente da República, general Ramalho , estou-lhe reconhecido e grato pelo facto de trazer à nossa memória o exemplo de um grupo de jovens mulheres, as enfermeiras paraquedistas, que serviram a nossa pátria em tempo de guerra, no teatro de operações. 

Tive a felicidade (infelizmente em tempo de guerra) de conviver diariamente com a enfermeira alferes paraquedista Rosa Serra no Batalhão de Caçadores Paraquedistas (BCP 21) em Angola. 

Dela , e de mais duas camaradas enfermeiras, guardo a memória de uma dedicação e entrega sem paralelo. 

Em 6 de abril de 2016 a Câmara Municipal de Fafe, no âmbito da efeméride Fafe - Terra Justa, fez uma merecida homenagem às enfermeiras paraquedistas. 

Por favor, consultem a bibliografia disponível sobre a sua história, nomeadamente o livro " Nós, as enfermeiras paraquedistas" (2a, ed, 2014),  coordenado pela tenente graduada enfermeira paraquedista Rosa Serra, sobre a origem e percurso deste grupo de mulheres  em tempo de guerra (e que, como elas dizem, "fomos gente que cuidámos de gente"!).

Obrigado,  Luís Osório. Jaime Silva.


(Revisão / fixação de texto, link: LG)

_________________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 2 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27079: (De)Caras (237): Ercília Ribeiro Pedro, ex-enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962), reconhecida pela Maria Arminda em foto de grupo, tirada no Brasil, em 2012, e pertença do álbum do cor art ref Morais da Silva

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27109: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (13): Lista das enfermeiras paraquedistas que foram mobilizadas para os TO de Angola, Guiné e Moçambique, entre 1961 e 1974 (Fernando Miranda, ex-enfermeiro, Hospital da Força Aérea)

1. O Fernando Miranda, de alcunha "Marquês de Oeiras",  é nosso amigo do Facebook. Trabalhou, como enfermeiro, no Hospital da Força Aérea. Formou-se na ESEL - Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Pólo Calouste Gulbenkian. É natural de Portalegre. Vive em Oeiras. Faz anos a 4 de julho.  Considera-se um veterano da FAP.  Deve estar, pois, reformado. 

Tem uma relação privilegiada com as antigas enfermeiras paraquedistas, cuja história conhece bem e cujo percurso, em parte, acompanhou (Por exemplo, trabalhou com a infortunada Maria Celeste Costa.) Tem também o melhor álbum fotográfico destas nossas camaradas que na época pertenciam á Força Aérea.

Com a devida vénia, apresentamos nesta série uma postagem dele, datada de 19 de setembro de 2020. Foi a primeira e única vez que vimos uma listagem nominal das nossas queridas camaradas (nome e posto em que foram graduadas). O nosso obrigado ao Fernando. 
 


 LISTA DAS ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS

Tudo farei para não esquecer estas camaradas e colegas, que me ajudaram a crescer como enfermeiro, como homem e me acompanharam em momentos menos bons da minha vida, e ainda hoje me acompanham. Nunca as esquecerei, nem as que já partiram, todas têm um lugar no meu coração.
Quero deixar aqui um Muito Obrigado público.

Mulheres Valorosas:

Nunca deveremos esquecer as mulheres valorosas que nos deram sempre o seu apoio incondicional. Trata-se das enfermeiras paraquedistas. 

As enfermeiras paraquedistas que participaram na Guerra de África são:

  • Capitão Enf Pqdt, Eugénia Espírito Santo (***)
  • Capitão Enf Pqdt, Francis Matias
  • Capitão Enf Pqdt, Maria de Lurdes Lobão
  • Capitão Enf Pqdt, Maria do Céu Esteves (***)
  • Capitão Enf Pqdt, Maria Ivone Reis (***)
  • Capitão Enf Pqdt, Maria Manuela França (*)
  • Capitão Enf Pqdt, Maria Natália Xavier
  • Capitão Enf Pqdt, Maria Rosa Mendes
  • Capitão Enf Pqdt, Mariana Gomes
  • Tenente Enf Pqdt, Antonieta Ribeiro
  • Tenente Enf Pqdt, Aura Teles
  • Tenente Enf Pqdt, Maria Arminda Santos
  • Tenente Enf Pqdt, Maria Zulmira André (*) 
  • Tenente Enf Pqdt, Maria Nazaré M. Andrade (*) 
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Amélia Reis Galvão (*) 
  • Alferes Enf Pqdt, Delfina Natividade Oliveira (*) 
  • Alferes Enf Pqdt, Ana Gertrudes Serrabulho
  • Alferes Enf Pqdt, Ana Maria Lemos
  • Alferes Enf Pqdt, Armandina Alferes Salgado
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Augusta Faustino Vieira
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Bernardo Vasconcelos
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Celeste Palma
  • Alferes Enf Pqdt, Maria de La Salete Lalli
  • Alferes Enf Pqdt,  Maria de Lurdes Gravato
  • Alferes Enf Pqdt, Maria de Lurdes Mota
  • Alferes Enf Pqdt, Maria do Céu Policarpo
  • Alferes Enf Pqdt, Maria do Céu Matos Chaves
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Gracinda Rato
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Rosa Exposto Olivença (***)
  • Alferes Enf Pqdt, Maria Rosa Serra
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Dulce Baldroegas F. Rasgado
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Ercília da Conceição Pedro
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Júlia de Jesus Lemos (*)
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Maria Amália Reimão (*)
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Maria Aurelina Semedo (***)
  • 1º Sargento Enf Pqdt, Maria Cristina Silva
  • 2º Sargento Enf Pqdt, Giselda Pessoa
  • 2º Sargento Enf Pqdt, Maria da Piedade Gouveia (*)
  • 2º Sargento Enf Pqdt, Maria Emília Sousa
  • 2º Sargento Enf Pqdt, Maria Celeste Costa (**) 
  • Furriel Enf Pqdt, Maria de Lurdes Gomes
  • Furriel Enf Pqdt, Maria Natércia Neves
  • Furriel Enf Pqdt, Maria Soledade Guerreiro (*)
  • Furriel Enf Pqdt, Octávia Fontes
  • Furriel Enf Pqdt, Silvina Pacheco.

Nota do autor: (*) Falecida; (**) Falecida em combate; sempre no meu coração.

Nota do editor LG: (***) falecida em data posterior.

2. Resumindo:
  • 9 graduadas em capitão
  • 5 em tenente;
  • 16 em alferes;
  • 6 em 1º sargento;
  • 4 em 2º sargento;
  • 5 em furriel.
Total=45

A nº 46 foi a cap enf pqdt Maria Lurdes Lobão, do último (9º) curso (1974). Já não chegou a ir ao Ultramar, razão por que não consta da lista do Fernando Miranda.

10 das acima listadas já tinham falecido até 19/9/2020; outras já faleceram, entretanto, nestes últimos 5 anos (***): 
  • Maria Aurelina Semedo (1940 - 2023)
  • Maria Ivone Reis (1929-2022);
  • Mario Céu Pedro Esteves (1940-2022);
  • Maria Rosa Exposto Olivença (1940-2021);
  • Eugénia Espírito Santo  (1935-2025).
De um total de enfermeiras paraquedistas formadas em 9 cursos, de 1961 a 1974, e que foram ao ultrramar (n=45), já morreram 15 (33,3%).

(Revisão/ fixação de texto: LG)
_______________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 3 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27084: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (12): Ercília Ribeiro Pedro, ex-srgt grad enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962)

domingo, 3 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27084: Nunca Tantos Deveram Tanto a Tão Poucas (12): Ercília Ribeiro Pedro, ex-srgt grad enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962)

 



Ercília Conceição Silva Ribeiro Pedro, ex-srgt graduada enfermeira paraquedista do 2º curso (1962). Esteve em Angola, em 1962, integrada no BCP 21. Casou em Luanda com um militar paraquedista, Ribeiro Pedro.

Foto: Página do Facebook "Quem Vai à Guerra" (documentário de 2011, da realizadora Marta Pessoa) (Com a devida vénia.)



Brasil > 2012 > Grupo de militares portugueses e suas esposas, em visita a diversos estabelecimentos do exército brasileiro, no qual se incluiu o cor art e docente da Academia Militar, Morais da Silva. Foto reproduzida com a devida autorização do autor. A senhora assinalada com círculo a vermelho foi identificada pela Maria Arminda Santos como sendo a Ercília Ribeiro Pedro (*).

Foto (e legenda): © António Luís Morais da Silva (2012 ). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]



Ercília (Fonte: página do Facebook
de Fernando Miranda,
com a devida vénia

1. Durante a guerra de África, guerra do ultramar ou guerra colonial, formaram-se 46 enfermeiras paraquedistas, depois graduadas em alferes ou sargentos... Num total de 9 cursos,  o último  já em 1974 (que apenas formou uma enfermeira, que já não chegou a ser mobilizada). Só nos primeiros quatro cursos, de 1961 a 1964, formaram-se 58,7% dos efetivos (n=27) (*).

A Ercílio Ribeiro Pedro é do 2º curso (1962).  Sabemos pouco sobre a sua biografia. O nome completo, de casada, é Ercília Conceição Silva Ribeiro Pedro. Provavelmente foi curta a sua "carreira" como enfermeira paraquedista. Logo em 1962 foi mobilizada para Angola e era a  única mulher, militar, no seio do BCP 21. 

Foi o teatro de operações que mais a marcou, Angola, não tendo estado em mais nenhum outro, presumimos nós, porque  entretanto se casou, em Luanda, com um paraquedista, Ribeiro Pedro. 

Recorde-se que as enfermeiras paraquedistas, ao tempo, e pelo menos até 1963. tinham que ser solteiras ou viúvas sem filhos, tal como as restantes enfermeiras. Admitimos a hipótese que a Ercilia tenha continuado a trabalhar como enfermeira do Hospital Militar da Força Aérea.

No livro coletivo "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit., Rosa Serra) (Porto, Fronteira do Caos Editores, 2014, 2ª ed., 439 pp.), a Ercília tem 3 contribuições memorialísticas, todas relativas à sua comissão em Angola, integrada no BCP 21:

  • Viagem para um destino exótico (pp. 164-1760);
  • Um jovem alferes sem interesse pela vida (pp.  276-278);
  • Uma ida ao "cabaret" (pp. 361/363).


2. Do citado livro, reproduzimos, com a devida vénia, o depoimento da Ercília, inserido no cap XII, "Olhando para trás"... 

A minha inscrição na Força Aérea como enfermeira paraquedista veio alterar e condicionar  todo o resto da minha vida. E sempre para o Bem...

Este foi um tempo de sonho, onde valores que muito prezo como o da Amizade e da Solidariedade,  estiveram sempre presentes. Mas nessa etapa da minha vida também houve dificuldades,  sobretudo quando sofri a dureza da formação, em Tancos, e quando experimentei, pela primeira vez, em Angola, o quão amarga é por vezes a profissão de enfermeira no tratamento de feridos de guerra.

Mas essaas dificuldades e amarguras foram a têmpera para moldar e reforçar o meu ânimo, por forma a poder mais tarde enfrentar obstáculos, contrariedades e riscos difíceis de imaginar, mas que passaram a ser as constantes da minha vida.

Posso afirmnar, sem qualquer dúvida, que foi este período militar das Tropas Paraquedistas que me fortaleceu como ser humano e como enfermeira.

Costumo dizer, por brincadeira,  que cumpri o meu serviço militar obrigatório nas Tropas Paraquedistas. Depois, namorei e casei com um militar paraquedista, e fiz questão que o enlace ocorresse na igreja de Nossa Senhora  do Carmo, em Luanda, onde  ia rezar pelos "meus  doentes e pelos meus feridos", quando era "alferes enfermeira paraquedista".

Terminada a guerra do Ultramar, e sendo os meus filhos já adultos e independentes, imbuída do espírito altruista e de missão que criara nas Tropas Paraquedistas,  decidi abraçar  o voluntariado, fazendo missões humanitárias integradas em várias ONG...

Estive no meio de várias guerras: no Iraque,  durante a guerra do Golfo; depois na Guiné (Boé) e em Angola no tempo da guerra civil, e em Timor e Moçambique.

Em todas estas missões passei frequentemente por situações de grande risco e tive de assumnir  pesadas responsabilidades. Mas sempre  me saí muito bem... Consegui lidar com essas situações pondo  em prática o que tinha aprendido e vivido na Força Aérea como enfermeira paraquedista em África,

E assim decorreu uma vida - a minha vida... Hoje, quando a recordo, posso afirmar que tenho muito orgulho do meu passado.

Ercília

Excerto de: "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit., Rosa Serra), 2ª ed.  (Porto, Fronteira do Caos Editores, 2014), pp. 393/394. (**)

(Revisão / fixação de texto: LG)

_____________________

Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 2 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27079: (De)Caras (237): Ercília Ribeiro Pedro, ex-enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962), reconhecida pela Maria Arminda em foto de grupo, tirada no Brasil, em 2012, e pertença do álbum do cor art ref Morais da Silva

sábado, 2 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27079: (De)Caras (237): Ercília Ribeiro Pedro, ex-enfermeira paraquedista, do 2º curso (1962), reconhecida pela Maria Arminda em foto de grupo, tirada no Brasil, em 2012, e pertença do álbum do cor art ref Morais da Silva



Brasil > 2012 > Grupo de militares portugueses e suas esposas, em visita a diversos estabelecimentos do exército brasileiro, no qual se incluiu o cor art e docente da Academia Militar, Morais da Silva. Foto reproduzida com a devida autorização do autor. (*)

Foto (e legenda): © António Luís Morais da Silva  (2012 ). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada e amigo, cor art ref Morais da Silva (*):

Data - quarta, 30/07/2025, 22:41
Assunto - Help!

Caro Luís

Em 2012 fiz parte de uma caravana de militares e família que deambulou 15 dias pelo Brasil.

Na foto esta senhora que assinalei e cujo nome esqueci, viajava com o marido, militar paraquedista. Será a enfermeira Maria Arminda,  nossa camarada no blog?

Tive a infelicidade de, em Porto Alegre, dar uma valente “marrada” numa porta de vidro do McDonald’s e daí marchar para o hospital militar acompanhado e amparado por esta senhora que a minha memória teima recordar (?) como enfermeira paraquedista… Será?

Abraço
Morais da Silva

2. Comentário do nosso editor LG:

Não reconheço a Maria Arminda Santos nesta foto de grupo. A única cara que não me é estranha, é a do militar que está à direita da senhora assinalada pelo Morais da Silva.

Submeti a foto em causa à apreciação da Arminda. Eis a resposta que meu deu, no próprio dia: 


Ercília Ribeiro Pedro (2011). Fotograma do filme "Quem Vai à Guerra", de Marta Pessoa. 

Fonte: Página do Facebook "Quem Vai à Guerra" (com a devida vénia...)


Data - 31/07/2025, 16:23

Luís,

Só agora vi o email. A minha colega é a Ercília Ribeiro Pedro, casada com um oficial, Ribeiro Pedro. Ela também foi paraquedista do segundo curso,  se não estou em erro, e ambos ainda estão vivos.

Um abraço,
M Arminda


3. Resposta do Morais da Silva ao mail da Maria Arminda Santos:

Data - 31/07/2025, 16:58

Boa tarde.

Muito obrigado.

Como ex-Cmdt de Gadamael 70-72,  tive que, infelizmente, ter muitas vezes a ajuda preciosa das equipas piloto-enfermeira pqdt. Foram e continuam a ser merecedoras da estima de todos os ex-combatentes.

Para a minha camarada Maria Arminda o obrigado do velho capitão. Para o Luís o abração costumado.

Morais Silva


4. Nova mensagem do editor LG, para a Maria Arminda, c/c Morais Silva

Data - 31/07/2025, 17:48 

Obrigado, Arminda. É uma boa ajuda para o nosso cor art ref, Antonio Luís Morais da Silva, também nosso camarada da Guiné (*).

A Ercília é, de facto, do 2º curso (1962) (escreveu-me em tempo o Miguel Pessoa), curso que formou 5 enfermeiras pqdt.  Esteve em Angola como alferes graduada enfermeira pqdt. Casou em Luanda com o Ribeiro Pedro, paraquedista. Segundo ela diz no vosso livro,  "Nós, as Enfermeiras Paraquedistas"... (2014, pag. 394) integrou depois várias ONG, como voluntária e apanhou várias guerras (do Iraque, guerra do Golfo, a Angola, guerra civil, passando pela Guiné-Bissau, Timor e Moçambique (**).

Boa continuação da fisioterapia (a minha está a correr, na expectativa da próxima cirurgia: a minha prótese da anca ainda meia solta, já tem 12/13 anos)...

Um alfabravo, Luís
__________________

5. Resposta da Maria Arminda:

Data - 31/07/2025, 18:06

Obrigada pelas notícias. Confirmo as informações sobre a Ercília e do seu trabalho. Ao lado, de bigode. é hoje o major-general paraquedista, Hugo Borges [ex-tenente pqdt, e 2.º cmdt, CCP 121 / BCP 12, um dos bravos de Guidaje, na batalha de Guidaje, em 23/5/1973].

Um abraço
M Arminda
_______________

Notas do editor LG:

(*) Morais Silva:


(i) foi cadete-aluno n.º 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas);

(ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1.ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga; adjunto do COP 6, em Mansabá;

(iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974;

(iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 150 referências no blogue.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Guiné 61/74 - P27072: Felizmente ainda há verão em 2025 (3): recordando o meu esforçado, voluntarioso, amável , efémero e... clandestino professor de pilotagem do DO-27, o "Pombinho", que veio expressamente do Brasil para assistir ao lançamento do nosso livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas", em 26/11/2014, no Estado Maior da Força Aérea, em Alfragide (Maria Arminda Santos, Setúbal)

 




Foto nº 1A e 1


Foto nº 2

Amadora > Alfragide > Auditório do Estado‑Maior da Força Aérea > 26 de novembro de 2014 > Sessão de lançamento do livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas", coordenado por Rosa Serra e prefaciado por Adriano Moreira, cerimónia presidida pelo Vice‑Chefe do Estado‑Maior da Força Aérea, Tenente‑General Rui Mora de Oliveira. 

O livro foi publicado em 2014 pela editora Fronteira do Caos (Porto). Contudo, a apresentação oficial teve lugar no dia 26 de novembro de 2014, em Alfragide. 

Nas fotos, a Maria Arminda, um das coautoras, e o comandante Pombo, que veio expressamente do Brasil para assistir a este evento...(É nosso grão-tabanqueiro nº 752.)  

Na foto nº 2 vê-se em segundo plano o major general pqdt Avelar de Sousa (que esteve na Guiné, no BCP 12, como comandante da CCP 123, 1970/71,  tendo sido mais tarde  ajudante de campo, entre 1976 e 1981, do gen Ramalho Eanes, 1º presidente da república eleito democraticamente no pós 25 de abril.)


Fotos (e legenda): © Maria Arminda Santos  (2025). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Maria Atminda Santos
 (n. 1937)

1. A Maria Arminda a quem telefonei esta manhã por causa do seu efémero "professor" de pilotagem do DO-27, o "Pombinho" (*), e que estava a fazer a sua fisioterapia (acaba de ser submetida, com êxito, a uma artroplastia total da anca...), teve a gentileza, logo que chegou a casa, de me mandar  duas fotos do capitão piloto reformado, José Luís Pombo Rodrigues (1934 - 2017), um nome lendário da nossa FAP e da Base Aérea de Bissalanca, Bissau, Guiné... 

Ele foi o seu esforçado, voluntarioso e amável, se bem que efémero, professor de pilotagem de DO-27, nos idos anos de 1963...Um  segredo bem guardado, até 2014,  por ela (e pela Zu, a Zulmira, que Deus já lá tem). Infelizmente, o número de aulas (teóricas e práticas) foi curto, e depois cada um foi à sua vida... 

Em 2014, o "Pombinho" veio expressamente do Brasil, onde vivia, para assistir, em 2014, à sessão de lançamento do livro "Nós, as enfermeiras paraquedistas" (ed. lit. Rosa Serra) (Porto, Fronteira do Caos,  2014).


2. Mensagem da Maria Arminda Santos:

Data - 30/7/2025 | 11:25
Assunto - "Pombinho"

Olá, Luís. Obrigada por esta bela recordação do meu amigo e estimado "Pombinho". Não foi por muito tempo que nos deu aulas.

Foi pena  não termos podido completar a instrução. Agora é muito tarde e o "Pombinho" já partiu. Um amigo que jamais poderei esquecer.

Veio do Brasil ao lançamento do nosso livro. Que esteja em paz bem como a minha amiga e colega Zulmira. Eu cá vou fazendo a caminhada!... até completar o meu ciclo de vida.
 
Vou ver se aqui consigo pôr a última foto que tenho com o Pombo Rodrigues (Pombinho).

Guiné 61/74 - P27070: Humor de caserna (208): As duas gloriosas malucas das máquinas voadoras, a Zulmira e a Maria Arminda, enfermeiras pqdt a quem o "Pombinho" meteu na cabeça que haveriam de aprender a pilotar o Dornier DO-27


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério... Uma DO-27 na pista... 

Era uma aeronave que  adorávamos  quando nos trazia de Bissau os frescos e a mala do correio ou, no regresso, nos dava boleia até Bissau, para apanharmos o avião da TAP e ir de férias... 

Era uma aeronave preciosa nas evacuações (dos nossos feridos ou doentes, militares e  civis)... 

Era um "pássaro" lindo a voar nos céus da Guiné, quando ainda não havia o Strela...

Em contrapartida, tínhamos-lhe, nós, os "infantes",  a "tropa-macaca", um "ódio de morte" (sic) quando se transformava em PCV (posto de comando volante) e o tenente-coronel, comandante do batalhão, ou o segundo comandante,  ou o major de operações,  ia ao lado do piloto, a "policiar" a nossa progressão no mato... e a denunciar a nossa posição no terreno!

Quando nos "apanhavam" e ficavam à nossa vertical, era ver os infantes (incluindo os nossos "queridos nharros") a falar, grosso, à moda do Norte, com expressões que eram capazes de fazer corar a Maria Turra:

"Cabr*es..., filhos da p*ta..., vão lá gozar pró car*lho..., daqui a um bocado estamos a embrulhar e a levar nos c*rnos!...".

Também os nossos comandantes operacionais (capitães QP ou milicianos) não gostavam nada do "abelhudo" do PCV, em operações no mato...

Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > s/l > c. 1972/74 > O comandante Pombo aos comandos de um Cessna dos  TAGP (Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa) (era uma aeronave muito melhor, equipada com instrumentos de navegação,  do que a DO-27)

Foto (e legenda): © Álvaro Basto (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1º srgt Pombo, piloto de F-86-F Sabre,
BA 5, Monte Real, 1961.
Cortesia de José Cabeleira (2011)
1. É uma história, mal conhecdia, mas bem humorada (*). Deve-se ter passado na primeira comissão da Maria Arminda, em 1962/63, no TO da Guiné: ela passou primeiro por Angola (1961/62), depois Guiné (1962/63) e novamente na Guiné (1965/66)... E nesse intervalo, em 1963/64, terá estado em Tancos a formar novas enfermeiras paraquedistas. (Pelo telefone, confirmou que a história passa-se em 1963; pedi-lhe desculpa, estava ela a fazer fisioterapia...)

Por sua vez, o outro interveniente nesta hstória, é o saudoso cap pil José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017),  o  Comandante Pombo dos TAGP do meu tempo (1969),  um orgulhoso sobrevivente da “Operação Atlas”, a primeira (e única) travessia Monte Real – Bissalanca, feita pela Esquadra 51/201 (BA 5), constituída por aviões F-86F “Sabre”, realizada em agosto de 1961… 

Era ele então um jovem 1º sargento
piloto... O "Pombinho", como lhe chamavam 
a Zulmira e a Maria Arminda. Terá feito 4 comissões na Guiné. Esteve na FAP, e nos TAGP, acabando por ser piloto particular, ao serviço de Luís Cabral e depois do 'Nino' Vieira, até partir para outras paragens (Congo ex-Belga, Brasil...). Regressou a Pátria para morrer...

O Comandante Pombo tem 25 referências no nosso blogue. Conheci-o pessoalmente num  dos nossos convívios da Magnífica Tabanca da Linha. Entrou para a Tabanca Grande, a título póstumo, em 5 de setembro de 2017.


As duas gloriosas malucas das máquinas voadoras,   a Zulmira e a Maria Arminha, enfermeiras pqdt,  a quem  o "Pombinho"   meteu na cabeça que haveriam de aprender a pilotar o Dornier  DO-27

por Maria Arminda

(...) Em nenhum dos muitos locais onde trabalhei (incluindo hospitais), senti um ambiente de tão forte coesão e solidariedade entre todos os que me rodeavam, e em que a palavra "amizade" tivesse uma expressão tão forte e fosse tão marcante para a vida, como o ambiente em que vivi na Guiné. 

(...) Quando os nossos camaradas homens nos viam "em baixo", inventavam processos para nos animar e fazer esquecer as agruras "daquela vida". E nós assim íamos sobrevivendo e cumprindo as nossas missões 

Naqueles nossos momentos "baixos", eles inventavam as mais diversas formas de nos levantar o "astral"... Como, por exemplo, ensinarem -nos a pilotar!



Maria Zulmira André Pereira
(1931-2010)
Naquele tempo, na Base Aérea nº 12, havia um piloto de jatos, que eu penso ainda eram os F-86, de sua graça Pombo Rodrigues, a quem nós chamávamos de Pombinho. 

Ele era como um irmão, muito nosso amigo,  e então meteu na cabeça que a Zu (como tratávamos a Zulmira) e eu, iríamos aprender a pilotar o avião Dornier DO-27., que ele tão bem pilotava, e em que nós fazíamos as evacuações.

Combinou connosco que, sempre que ele estivesse de alerta ao transporte de feridos e saísse com uma de nós as duas, começaria a dar-nos a instrução, mesmo nos DO-27 só com  um só manche, caso não estivesse operacional o que lá havia com dois comandos, que ele procurava sempre utilizar nesses dias da nossa "instrução.

Se bem o pensou, melhor o fez, e a nossa aprendizagem começou com algumas aulas teóricas, primeiro no bar dos pilotos, depois no interior do avião, mas no solo, e depois já no ar, em aulas práticas, nas idas aos locais para onde éramos chamadas, e apenas nas idas, porque no regresso, como se  depreende, a nossa ocupação já era outra.

"A juventude é ousada e por vezes louca", por isso as aulas continuaram por algum tempo, e penso que só os três é que sabíamos destes factos. 

Eu cheguei a levar o avião da Base até à pista de Farim, no DO que tinha os dois manches, e ele disse-me que tinha sido eu a tocar com as rodas no chão, o que não acreditei.

No entanto, ele punha tanta força e empenhamento na nossa "instrução", que me fez ter confiança e esperança de poder vir um dia a saber pilotar aquele avião. Pena foi que daí a algum tempo, eu tivesse sido mandada paar Tancos, a fim de acompanhar um curso para formação de novas enfermeiras "páras".

As minhas lições de pilotagem foram aí, entáo, interrompidas e, infelizmente, para sempre. (...)

Fonte: Excertos de "Nós, enfermeiras paraquedistas", 2ª ed., org. Rosa Serra, prefácio do Prof. Adriano Moreira (Porto: Fronteira do Caos, 2014), pp. 374-376  (com a devida vénia...).

(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)
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