Arábia Saudita > Mar Vemelho > Jeddah (ou Gidá) > 2023... Nas duas fotos de cima, a esposa do nosso camarada, Hai Yuan. médica.
(...) Gidá se chama o porto aonde o trato / De todo o Roxo Mar mais florescia, / De que tinha proveito grande e grato / O Soldão que esse Reino possuía. / Daqui aos Malabares, por contrato / Dos Infiéis, fermosa companhia / De grandes naus, pelo Índico Oceano, / Especiaria vem buscar cada ano. (...)
(Luís de Camões, "Os Lusíadas, canto IX, estrofe 3. Fonte: Luís de Camões: Diretório de Camonística)
Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mais um "postal" enviado pelo nosso incansável, (e)terno viajante António Graça de Abreu (aqui na foto à direita com a sua Hay Yuan),.
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1. Mais um "postal" enviado pelo nosso incansável, (e)terno viajante António Graça de Abreu (aqui na foto à direita com a sua Hay Yuan),.
(Publicado originalmente na sua página do Facebook em 2 de junho de 2025, 20:36, enviado no dia seguinte, 3/06/2025, 15:42.)
Na esteira das palavras de Claude Roy (1915-1997), grande senhor das letras francesas, concluo que já viajei por tantos países que sou capaz de falar estrangeiro na perfeição.
Nesta passagem por Jeddah, segunda maior cidade da Arábia Saudita com quase cinco milhões de habitantes, centro económico e logístico deste país, vou conversar com quem, em que língua, eu que do árabe tenho na memória uns lampejos de meia dúzia de palavras?
Debruçada sobre o Mar Vermelho, a cidade tem sido ao longo dos séculos um importante porto de comércio e a porta de entrada para muçulmanos vindos de todo o mundo que se dirigem à sagrada cidade de Meca, situada a apenas 88 quilómetros de distância. Chegam para cumprir um dos cinco pilares do Islão.
A importância de Jeddah está assim intimamente ligada a esse caminho terrestre, às estradas que daqui abrem para Meca. Todos os anos, todos os meses, todos os dias, milhões, centenas de milhares, milhares de muçulmanos procuram a divina Meca, a Kaaba, o imponente edifício no centro de Meca a rodear em marcha apressada ou mais lenta por sete vezes, circundar o cubo em pedra negra erigido em outras eras que se crê ter sido inicialmente levantado pelo profeta Abraão há três mil e oitocentos anos atrás, restaurado por Maomé no século VII e casa sagrada, desde sempre, onde reside o espírito de Alá, o Deus Supremo.
Hoje, o acesso a Meca está proibido a todos quantos não são muçulmanos.
Depois Jeddah espraia-se por quilómetros e quilómetros, a cidade cresceu aos poucos em cima da areia dos desertos, tendo hoje por horizonte, bem mais para leste, os 142 poços de petróleo que fazem destas terras inóspitas, abrasadas em calor, lugares onde vicejam algumas das maiores fortunas da terra.
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Último poste da série > 13 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26915: As nossas geografias emocionais (52): Welcome to New York (António Graça de Abreu, Cascais)
Jeddah, Arábia Saudita, 2012
por Antóni0 Graça de Abreu
Na esteira das palavras de Claude Roy (1915-1997), grande senhor das letras francesas, concluo que já viajei por tantos países que sou capaz de falar estrangeiro na perfeição.
Nesta passagem por Jeddah, segunda maior cidade da Arábia Saudita com quase cinco milhões de habitantes, centro económico e logístico deste país, vou conversar com quem, em que língua, eu que do árabe tenho na memória uns lampejos de meia dúzia de palavras?
Talvez seja melhor eu permanecer calado, e olhar simplesmente para Jeddah.
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Posição relativa de Jeddah no Mar Vermelho. Fonte: Wikipedia (com a devida vénia...) |
A importância de Jeddah está assim intimamente ligada a esse caminho terrestre, às estradas que daqui abrem para Meca. Todos os anos, todos os meses, todos os dias, milhões, centenas de milhares, milhares de muçulmanos procuram a divina Meca, a Kaaba, o imponente edifício no centro de Meca a rodear em marcha apressada ou mais lenta por sete vezes, circundar o cubo em pedra negra erigido em outras eras que se crê ter sido inicialmente levantado pelo profeta Abraão há três mil e oitocentos anos atrás, restaurado por Maomé no século VII e casa sagrada, desde sempre, onde reside o espírito de Alá, o Deus Supremo.
Hoje, o acesso a Meca está proibido a todos quantos não são muçulmanos.
Fiquemo-nos então pela Cidade Velha de Jeddah e pela Porta de Meca, tudo Património Mundial pela Unesco. Comecemos com a ruína bem conservada mas desinteressante do portão do burgo, aberto para Meca e logo depois avancemos para os antiquíssimos casarões com três ou quatro andares, alguns mal se sustentando em estacas para não cair.
Numa arquitectura não muito trabalhada são edifícios com varandas, sacadas e janelas de madeira, as portas abertas para permitir a entrada e visita rápida do turista de passagem, conforto no interior da casa, poucos móveis, tapetes, alfombras, tapeçarias cobrindo as paredes.
Na rua, os homens, quase todos vestem o thobe, uma túnica branca com um lenço na cabeça chamado shemagh, um turbante que tradicionalmente protege os sauditas, do vento, do calor e das areias do deserto.
As mulheres, que quase não vemos percorrendo as velhas ruelas, usam a abaya preta que as tapa da cabeça aos pés.
Depois Jeddah espraia-se por quilómetros e quilómetros, a cidade cresceu aos poucos em cima da areia dos desertos, tendo hoje por horizonte, bem mais para leste, os 142 poços de petróleo que fazem destas terras inóspitas, abrasadas em calor, lugares onde vicejam algumas das maiores fortunas da terra.
Que o diga o futebol e o nosso Cristiano Ronaldo, há anos a chutar a bola e a marcar muitos golos no campeonato da Arábia Saudita. E a encher merecidamente o bolso no seu Al-Nassr, de Riade, a capital do petróleo, da bola e dos ricaços.
Nassr, a equipa do Ronaldo significa “Vitória”. Estão a ver como eu, de tão viajado, quase falo todas as línguas?
António Graça de Abreu
António Graça de Abreu
(Revisão / fixação de texto, título: LG)
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Nota do editor: