Guiné > Bissau > Polícia Militar > 1971 > O
José Basílio Costa, alf mil, mais o sold cond auto Diamantino Romão, que é o
autor da foto. O nosso camarada José Basílio Costa tem
página no Facebook, é natural de Vila Nova de Famalicão, e vive em Santo Tirso. (Foto reproduzidas com a devida vénia, e um abraço aos dois e convite para se juntarem a este "batalhão" da Tabanca Grande; edição de L.G.).
1. Mensagem do
João Paulo Diniz [, ex-locutor do PIFAS, Com-Chefe, Bissau, 1972/74] , em resposta ao poste P12184 (*)
Caro Luis Graça,
Com a sinceridade de sempre, devo confessar que não me recordo da estória do nosso Zé Basílio (um abraço!) comigo (mas acho que me recordo da sua cara na foto...).
Da malta da PM [ Polícia Militar,] recordo-me do Raul Castanho, com quem tive o grande prazer de falar há meia dúzia de semanas após longa ausência.
E recordo ainda que, tal como ele, muitos camaradas passavam pelo Pifas para fazer companhia e tomar um copo, no pequeno bar de entrada, superiormente 'comandado' pelo Morais (que é feito de ti, amigo?).
Já agora: o Pifas não era só eu, mas sim uma equipa: dedicada, voluntariosa, com grande 'amor à camisola', com a perfeita consciência da importância das nossas emissões para animar todos os nossos camaradas das FA, independentemente dos locais onde se encotrassem na Guiné.
Posso contar uma coisa?
Um dia um tenente-coronel, comandante de um batalhão estacionado numa zona sensível, fez questão de visitar o Pifas, antes de regressar a Lisboa. E, após uma breve 'visita guiada', esse nosso camarada do Exército disse mais ou menos isto:
─ Querem saber? Para os meus homens, muitas vezes é mais importante uma hora de emissão do Pifas do que receberem uma carta da família!
Com todo o respeito, creio que a maior parte de nós pensou que o nosso tenente coronel já estaria 'apanhado pelo clima'... Mas as suas palavras foram bem sentidas!
Por estas e outras, permitam-me uma confissão: como profissional, o Pifas foi uma das mais belas experiências da minha carreira!
Grande abraço! JPD
2. Henrique Cerqueira [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74],
Na verdade, verdadinha, a malta na Guiné e que vinha do mato à cidade, não morria de amores pelos PM [, Polícia Militar]. E na realidade a malta dessa força punha-se a jeito para não ser muito "querida". Mas isso são águas passadas e, mais tarde, até fiquei cheio de orgulho quando o meu filho Miguel foi para a PE [, Polícia do Exército,] em Oeiras e por lá andou a fazer serviço na NATO.
Bom, eu até tenho um episódio engraçado, hoje claro, com os PM em Bissau.
Numa ida minha a Bissau, e ao me encontrar com amigos, era inevitável o apanhar uma "carraspana", tanto de comida como de bebida. Vai daí, e depois de muitas andanças pelos caminhos de Bissau, acabámos (eu e mais dois amigos) a simular que conduzíamos um automóvel pela avenida principal de Bissau. Isto de noite.
O inevitável aconteceu e lá apareceu o jipe da PM. Recordo-me que, mesmo com a carraspana (se calhar, já em curva descendente), a PM, após os habituais ameaços e outros afins, lá nos mandou embora. Só que eu, armado em engracadinho, disse:
─ Desculpem lá, senhores polícias, mas tenho que deixar aqui o carro porque não estou em condições de conduzir.
Comecei então a simular o fecho do carro e todos aqueles gestos que temos ao deixar um carro estacionado. Então nessa altura o Alferes mandou que nos metessemos no jipe e levou-nos para o QG que era onde estávamos "hospedados". Quando saímos do jipe, o aferes, alinhando na brincadeira, disse-nos que para a próxima não seríamos apanhados se tivessemos ligado as luzes do carro.
Boa, alferes! Os PM nem sempre eram tão arrogantes como às vezes queriam dar a entender.
Henrique Cerqueira
Saudações Lanceiras!... Caros camaradas da Tabanca Grande, os PM cumpriam ordens como certamente cada um de vós as cumpriu. A PM não era adorada pois, como autoridade militar,tinha de fazer cumprir a lei militar que, como todos nós sabemos, quando assim é, geralmente qualquer Policia nunca é bem vista ou acarinhada.
Mas, na história destes camaradas Lanceiros, também constam várias custódias (protecção) dadas a militares em sarilhos, entre variadissimas coisas.
Muito me orgulha ter sido sucessor destes homens mas, no meu tempo, envergando o distintivo da Policia do Exército [PE].
Um forte abraço Lanceiro para toda a Tabanca.
Nuno Esteves
Guiné > Região de Tombali >
Guileje > CART 1613 (1967/68)> Alguns dos quadros da companhia, vestidos com trajes fulas... Presume-se que fosse uma brincadeira de Carnaval... Dois militares parodiam a PM- Polícia Militar... O Cap Corvalho pode ser o terceiro a contar da esquerda, pelo menos é alguém que ostenta as divisas de capitão. "Aqui de certeza é o Corvacho, um bom amigo", garante-me o Nuno Rubim ... (LG).
Foto © Blogue
Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). (Do álbum do José Neto † , fotos reeditadas por Albano Costa). Direitos reservados.
4. Comentário de L.G.:
Histórias com a/os PM ? Encontros, desencontros... quem os não teve ? Cá e lá, em Bissau... (Nunca vi os PM fora de Bissau, a não ser "mascarados", em Guileje, no álbum fotográfico do nosso saudoso Zé Neto...).
Toca, por isso, a puxar da memória!... Hoje publicamos mais duas pequenas histórias, do nosso tempo de Guiné... O objetivo não é, de modo algum, desenterrar velhos machados de guerra, mas apenas relembrar tempos passados que... não voltam mais!
Como diz o povo, "quem vai à guerra, dá e leva!"... Em Bissau, à falta de guerra a valer, parece que fazíamos, às vezes, guerra uns aos outros... Numa ou noutra ocasião, perdemOS mesmo as estribeiras... E não houve PM que nos salvasse!...
Recorde-se, entre outras, as "guerras" entre páras, comandos e fuzos, as três tropas especiais..., a que se vieram juntar, mais tarde, os "comandos africanos" e os "fuzileiros especiais africanos"... Uma das dessas "guerras" (que provocaram mortos e feridos graves!), ficou conhecida como a "batalha de Bissau" (**)...
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Notas do editor:
(*) Vd,. poste de 21 de outubro de 2013 >
Guiné 63/74 - P12184: Facebook...ando (29): Uma cena, bem humorada, passada entre a ronda da PM e o locutor do PIFAS, João Paulo Diniz, Bissau, c. 1971 (José Basílio Costa, ex-alf mil, PM, hoje a residir em Santo Tirso)
(**) Sobre a "batalha de Bissau" (3 de junho de 1967) entre fuzileiros e paraquedistas, vd.:
11 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1515: Antologia (58): A batalha de Bissau em Janeiro de 1968: boinas verdes contra boinas negras... Saldo: 2 mortos (Carmo Vicente)
(...) Considero bastante conforme à verdade (com excepção da data, que foi o dia 3 de Junho de 1967 e não Janeiro de 1968, conforme a História oficial do BCP 12, da autoria do Tenente-Coronel Luís Martinho Grão) a versão apresentada pelo 1.º Sargento Carmo Vicente, inclusive no que respeita às responsabilidades dos graduados pára-quedistas, que pouco fizeram para evitar o infeliz desenlace duma jornada que devia ser lembrada apenas como desportiva. (...)
(...) Na noite de 3 de Junho de 1967, no final dum jogo que parecia ter decorrido de forma idêntica a tantos outros, entre o ASA – acrónimo de Atlético Sport Aviação, o clube dos militares da Força Aérea – e a equipa onde alinhavam os marinheiros, sucedeu o inesperado: estes, depois de trocarem insultos e provocações com os pára-quedistas, como era hábito, abandonaram o recinto desportivo, numa atitude pouco consentânea com os seus comportamentos recentes.
Os páras correram atrás deles pelas ruas da cidade, não imaginando que, algumas centenas de metros à frente, emboscado num prédio em construção, um grupo de fuzileiros armados com G-3 se preparava para os atacar a tiro. Custa a entender onde aqueles homens foram buscar ânimo para levar a cabo semelhante acto, mas a verdade é que foram capazes de abrir fogo à queima-roupa sobre camaradas de armas desarmados, matando de imediato o 1.º cabo Ismael Santos e o sold. Fernando Marques, para além de terem provocado ferimentos noutros soldados. (...)
(...) Segue-se a “batalha de Bissau” que ocorreu durante um campeonato de andebol de sete, entre a UDIB e a ASA Clube. Havia duas claques, a primeira, composta pelos civis e alguns marinheiros, era apoiada pelos fuzileiros e por todo o pessoal da Armada; e a segunda, inteiramente formada por militares da Força Aérea, com destaque para os pára-quedistas.
Segundo Carmo Vicente páras e fuzileiros eram amigos, mas na ocasião quiseram provocar-se mutuamente. Porquê, fica-se sem se saber. No BCP 12 todo o pessoal foi dispensado para poder assistir ao encontro e apoiar a equipa. Durante o encontro, boinas verdes e boinas negras apoiaram ruidosamente as suas equipas. Súbito, começaram os incidentes e cerca de 400 militares envolveram-se num corpo a corpo incontrolável, derrubaram-se as portas do recinto, a luta generalizou-se pelas ruas da cidade, tudo à cinturada, murro e pontapé.
Parecia que os fuzileiros batiam em retirada quando de um prédio em construção saíram seis fuzileiros armados de G3 e de granadas de mão, começando a disparar indiscriminadamente. Dois pára-quedistas ficaram ali mortos. Para Lisboa transmitiu-se às famílias que tinham morrido num acidente com armas de fogo (...).