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terça-feira, 26 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23461: Blogues da nossa blogosfera (169): O blogue de Alberto Hélder, antigo árbitro de futebol, e que fez a comissão de serviço militar em São Tomé e Príncipe (1964/66): destaque para as séries já concluídas: A Polícia Militar no Ultramar, Os Comandos nos três teatros de operações da guerra do ultramar; o Estado da Índia - 466 anos de história... E para a série em curso, As Companhias Móveis de Polícia

1. O blogue "Alberto Helder" foi criado em agosto de 2007,  por Alberto Hélder (nascido em Lisboa, em 1942). É um conhecido antigo árbitro de futebol.  Fez o serviço militar no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, como Soldado e depois 1.º Cabo de Transmissões de Infantaria, entre junho de 1964 a junho de 1966. 

"Blogar" é agora das suas paixões, depois de reformado. O seu blogue tem uma  exaustiva investigação sobre os Comandos na guerra do Ultramar (série iniciada em 15 de dezembro de 2019): sua composição orgânica, lista das principais operações, condecorações e louvores, mortos e feridos, incluindo os fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência, no caso do Batalhão de Comandos Africano, etc. (*)

Tem outras séries que podem interessar os nossos leitores tais como a Polícia Militar no Ultramar...

É de  referir, no entanto, que a "navegação" neste blogue blogue não é amigável, não havendo links de ligação entre os diferentes postes. É,  em todo o caso, um trabalho de grande mérito, que merece o nosso aplauso e apreço.(**)
 

2. Mensagem de Alberto Hélder, de 25  do corrente, às 18h56, e dirigida ao nosso camarada Virgílio Teixeira, com conhecimento ao nosso blogue:

Exmº Senhor
Virgílio Teixeira

Ilustre! Boa tarde.

Muito, mas muito feliz fiquei com a sua mensagem e as excelentes imagens, nalgumas delas com o tema que estou a trabalhar: a Polícia! (***)

Portanto, aqui fica o meu profundo e sentido agradecimento pela valiosa e importante colaboração no projeto “As Companhias Móveis de Polícia no Ultramar”.

Quanto ao título que adotei para o tributo àqueles que tudo deram em Goa, Damão e Diu, fui buscá-lo aos primórdios da sua designação pelos portugueses àquele território, lá bem longe… Não existe outra razão.

Devo dizer que tal empreendimento é dedicado ao meu irmão (Fernando Plácido Henrique dos Santos: 18.09.1939/04.11.2002), que foi um dos soldados prisioneiros, aquando da invasão de 18 de dezembro de 1961.

Quanto ao resto resta-me destacar o muito material que me enviou, assim as amáveis palavras que me dedica, que muito agradeço.

Entretanto, caso seja de interesse, divulgo a seguir os trabalhos que, até agora, publiquei no meu espaço na net, podendo aceder em:

A POLÍCIA MILITAR NO ULTRAMAR

130 episódios – de 15 de maio de 2107 a 4 de setembro de 2017

http://albertohelder.blogspot.com/2017/05/tributo-policia-militar-apresentacao-do.html

OUTRAS UNIDADES MILITARES QUE SERVIRAM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

32 episódios – de 29 de novembro de 2018 a 29 de janeiro de 2019

 http://albertohelder.blogspot.com/2018/11/unidades-militares-que-serviram-na.html


OS COMANDOS NOS TRÊS TEATROS DA GUERRA DO ULTRAMAR

201 episódios – de 15 de dezembro de 2019 a 28 de maio de 2021

 http://albertohelder.blogspot.com/2019/12/os-comandos-nos-tres-teatros-da-guerra.html


MILITARES FALECIDOS NO COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

1 episódio – em 3 de janeiro de 2021

http://albertohelder.blogspot.com/2021/01/militares-falecidos-na-entao-provincia.html


ESTADO DA ÍNDIA – 466 ANOS DE HISTÓRIA

66 episódios – de 27 de setembro de 2021 a 25 de junho de 2022

http://albertohelder.blogspot.com/2021/09/estado-da-india-466-anos-de-historia.html

Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22271: Blogues da nossa blogosfera (161): Os Comandos nos Três Teatros da Guerra do Ultramar (1961/75) (Alberto Helder)


Vd. também postes de:

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23456: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): (i) A 7.ª Companhia Móvel de Polícia atuava também fora de Bissau? (ii) Onde se situava, em Bissau, a sede ou o aquartelamento principal da PSP? (Alberto Helder)

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22271: Blogues da nossa blogosfera (161): Os Comandos nos Três Teatros da Guerra do Ultramar (1961/75) (Alberto Helder)

 
Imagem: Alberto Helder, com a devida vénia


1. Mensagem do nosso leitor,  camarada e "blogger", Alberto Helder.

 [O seu blogue, "Alberto Helder", foi criado em agosto de 2007; fez o serviço militar no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, como Soldado e depois 1.º Cabo de Transmissões de Infantaria, entre junho de 1964 a junho de 1966; tem exaustiva investigação sobre os Comandos na guerra do Ultramar (série iniciada em 15 de dezembro de 2019), a par da Polícia Militar (com 121 unidades): sua composição orgânica, lista das principais operações, condecorações e louvores, mortos e feridos, incluindo os fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência, no caso do Batalhão de Comandos  Africano; refira-se que a "navegação" no blogue não é amigável, não havendo links de ligação entre os diferentes postes; em todo o caso, é um trabalho de grande mérito, que merece o nosso aplauso e apreço.]  

Date: sexta, 28/05/2021 à(s) 02:57
Subject: Os Comandos nos  Teatros da Guerra do Ultramar 

Exmª Senhora ou Exmº Senhor

Com os melhores cumprimentos e com imensa satisfação que dou conta ter concluído, hoje, o projecto acima referido, após 530 dias do primeiro tema publicado, que ocorreu em 15 de dezembro de 2019. Este empreendimento estava previsto concretizar num espaço de cinco anos (1826 dias), mas, uma das consequências da crise epidemiológica que nos afeta gravemente, deu para reduzir substancialmente a planificação.

Entretanto, avanço já com os sinceros e profundos agradecimentos às entidades, seus responsáveis, representantes e colaboradores, dado que, sem a sua valiosa ajuda, importante e imprescindível não seria possível concretizar esta tarefa, inédita e histórica.

Eis os signatários: 

  • Associação de Comandos, Arquivo da Defesa Nacional, 
  • Arquivo Geral do Exército, 
  • Arquivo Histórico-Militar, 
  • Biblioteca da Defesa Nacional, 
  • Biblioteca do Exército, 
  • Biblioteca da Liga dos Combatentes, 
  • Câmara Municipal de Lamego, 
  • Câmara Municipal de Tarouca, 
  • CAVE-Centro de Audiovisuais do Exército, 
  • CECA-Comissão para o Estudo das Campanhas de África (Estado-Maior do Exército) (já extinta), 
  • Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, IP, 
  • CTOE-Centro de Tropas de Operações Especiais, 
  • Direção de Administração dos Recursos Humanos do Exército (Ordem do Exército), 
  • Direção de História e Cultura Militar, 
  • Hemeroteca Municipal de Lisboa, 
  • Liga dos Combatentes, 
  • Radio e Televisão de Portugal, SA, 
  • Regimento de Artilharia Antiaérea 1 
  • e Regimento de Comandos.

Naturalmente que o reconhecimento é extensivo a todos aqueles a quem contatei para saber mais e melhor, especialmente junto do saudoso, leal e sempre pronto e prestável Amigo José Manuel Pinto Gomes (27.05.1951/07.01.2021), colaborador da Associação de Comandos, que muito pugnou para que este projeto tivesse o desejado êxito, razão, porque todo este trabalho é-lhe dedicado, pelo merecimento e em sua memória. 

Contudo, a todos, sejam coletivos ou individuais, o meu bem haja, extensivo, como se compreende, aos 40.430 visitantes que fizeram o favor de ir acompanhando e visualizando o trabalho através do blog!

Foi, sem dúvida, para mim, uma agradável tarefa desenvolver esta iniciativa, a qual foi por mim idealizada, planeada, produzida e publicada, a tempo e horas e sem qualquer falha, no meu espaço na Net (http://albertohelder.blogspot.com/), e que se resume em: 

  • 25 séries; 
  • 201 episódios;
  • 2.483 imagens;
  • 10.588 militares mobilizados para África; 
  • 14.966 instruendos frequentaram os cursos da especialidade;
  • 425 óbitos; 
  • 530 condecorações para 412 galardoados;

 entre outros temas que marcaram a vivência dos Comandos naquele confronto.

Recordo que também fui o autor de dois outros trabalhos idênticos, isto é, relacionados com aquele conflito armado, como a coleção "A Polícia Militar no Ultramar", que abrangeu a sua participação em:

  • 131 episódios, referentes às 121 unidades que estiveram em: 
  • Angola (42), 
  • Cabo Verde (12), 
  • Guiné (16), 
  • Macau (8), 
  • Moçambique (21), 
  • São Tomé e Príncipe (15), 
  • e Timor (7); 
  • ilustrados com 2197 imagens; 
  • 11.071 os militares mobilizados para o Ultramar; 
  • 48 óbitos 
  • e 33.515 visualizações. 

Trabalho publicado no mesmo local de 15 de maio de 2017 a 10 de agosto de 2019.

E da colectânea "Outras Unidades que Serviram no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe", e "Militares Falecidos em São Tomé e Príncipe", entre 1961 e 1977, onde se destacaram: 

  • 34 episódios; 
  • 31 Unidades militares;
  • 34 imagens; 
  • 2.659 militares; 
  • 15 óbitos; 
  • e 5.948 visualizações. 

Também dado a conhecer no blog, de 29 de novembro de 2018 a 29 de janeiro de 2019.

 Há que dizer que estes desenvolvimentos não tiveram qualquer apoio monetário ou outro e, por mim, foram oferecidos, graciosamente, às 2 Associações das referidas forças militares, assim como os direitos de autor, se vierem a ser acionados. Uma delas já editou o trabalho em papel, tipo "Revista", publicando os contingentes que cumpriram a sua missão em São Tomé e Príncipe, Macau, Timor e Angola.

Para quem não sabe direi que, com 22 anos de idade, cumpri o serviço militar obrigatório no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, de junho de 1964 a junho de 1966, como Soldado/1.º Cabo de Transmissões de Infantaria,  experiência que me ajudou na execução destas tarefas, contribuindo, assim espero, para destacar e registar temas de relevante interesse para memória futura e para o conhecimento geral do que foi a Guerra do Ultramar.

Resta acrescentar a informação que a documentação que serviu de suporte ao tema "Os Comandos nos Três Teatros da Guerra do Ultramar", irá ser entregue na Associação de Comandos, cumprindo o prometido, para que as inúmeras fotocópias, dados e gráficos, assim com as largas centenas de fotografias e imagens, estejam disponíveis a quem desejar continuar a saga, com novas ideias e trabalhos sobre a vivência dos Comandos em terras de África.

Finalmente: o meu próximo passo, a aventura que se segue, a qual está prevista realizar em dois anos:

 "Estado da Índia, 463 anos de história".

Saudações de apreço, consideração e respeito.

 Alberto Helder

 ____________

Nota do editor:

Último poste da série > 9 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22266: Blogues da nossa blogosfera (160): Vida e morte do capitão Sebastião Roby (Braga, 1883 - Angola, 1915) (Excerto de "O sal da história", de Cristiana Vargas)

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21166: Tabanca Grande (499): Raul Castanha, ex-alf mil PM, CPM 3335 (Bissau, jan 1971 / jan 1973): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 813


 Raul Castanha, ex-afl mil PM, CPM 3335 (Bissau, 1971/73)



Raul Castanho (2017)
1. Mensagem do nosso leitor e camarada Raul Castanha:

Data .quarta, 8/07, 09:45
Assuntio - Blog

Muito bom dia.

Sigo e consulto com frequência o seu blog e gostaria de saber como é possível enviar eventualmente comentários sobre alguns temas.

Também fui militar na Guiné Bussau e tenho algum conhecimento sobre eventos desse tempo.

Os meus agradecimentos.

Raul J.L. Castanha

2. Resposta do nosso editor na volta do correio

Caro Raul:

Temos muito gosto em que colabore, com a sua experiência, militar e humana da guerra da Guiné (1961/74), nesta comunidade virtual de antigos combatentes... Tratando-se de um blogue, a edição de textos, fotos e outros documentos tem de ser feita através da "mediação dos editores"... Pode usar o meu mail profissional: luis.graca.prof@gmail.com

A inserção de comentários é totalmente livre e instantânea; veja, na coluna (estática) do lado esquerdo do blogue como é que se pode comentar e qual é a nossa "política editorial"...

Mas o mais simples é o camarada "dar a cara" e juntar-se aos 810 [, à data de hoje, 812,] membros da nossa Tabanca Grande (tertúlia): para o efeito, basta mandar 2 fotos pessoais, uma antiga e outra atual, com duas linhas de apresentação (nome, posto, arma, unidade, locais por onde passou no CTIG, duração da comissão de serviço, etc.).

Nestes 810 [, hoje 812,]  membros (10 % dos quais infelizmente já morreram) há camaradas das 3 armas, e incluem-se nesta lista tanto antigos milicianos e militares do recrutamento local, como sargentos e oficiais do quadro.

Com 16 anos, e mais de 12 milhões de visualizações, 21 mil postes, mais de 100 mil comentários, e um espólio documental notável (mais de 100 mil imagens...), o nosso blogue é também uma valiosa fonte de informação e conhecimento. A sua missão principal é partilhar memórias...Também procuramos construir "pontes lusófonas".

Mantenhas. Um alfabravo, Luís Graça.

3. Resposta do Raul Castanham com data de 9 do corrente:

Aqui vai a informação solicitada:

(I) Nome: Raul José Lima Castanha

(ii) Posto; Alferes Miliciano PM

(iii) Arma: Cavalaria

(iv) Unidade: RL2, Lisboa e CPM 3335, Guiné

(v) Esteve em Bissau com esporádicas deslocações a Mansoa e Bula

(vi) Comissão:  desde Jan71 a Jan73

Espero que seja conforme. Saudações.
Raul Castanha

4. Comentário do editor LG:

Caro Raul, como antigos camaradas que fomos, no CTIG, tratamo-nos por tu, de acordo aliás com os usos e costumes da Tabanca Grande: Ès bem vindo à nossa tertúlia. Vais ficar sentado à sombra do poilão (mágico, simbólico, fraterno, protetor...), no lugar nº 813.

És o primeiro representante da tua CPM 3335 a integrar, formalmente, a Tabanca Grande.  De resto, a única referência que temos, no nosso blogue, a um companhia de polícia militar é a CPM 2537, cujo pessoal embarcou, comigo e os meus camaradas da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969.

E se a memória não me atraiçoa,  creio mesmo que és  primeiro oficial (miliciano) de uma companhia de polícia militar a integrar a nossa Tabanca Grande, ao fim destes anos todos.

Vejo que a CPM 3335 tem página de grupo no Facebook. criada por ti em 2013, e que estamos a seguir. Tens também página pessoal no Facebook desde 2014...

E fico a saber, a teu respeito, porque é público, que:

(i) és da colheita de 1949 (18 de maio);

(ii) és "alfacinha";

(iii) foste analista (informático) num grande banco;

(iv) tiraste gestão estratégica no ISLA - Instituto Superior de Línguas e Administração;

(v) passaste pelo Colégio Militar (Curso de 1959/66);

e, (vi) na tropa, pela EPC - Escola Prática de Cavalaria, Santarém (2º turno / 1970).

Ficas miminamente apresentado aos amgos e camaradas da Guiné. Temos muita malta do teu tempo, no CTIG. A tua comissão correspondeu a um período muito rico de acontecimentos, sendo então governador-geral e comandante-chefe o general António Spínola (1968.1973). Por certo que te cruzaste  por ele mais vezes do que eu, que sou de 1969/71, e que estava do interior do território.

Espero que te sintas bem,  entre antigos camaradas dos três ramos das Forças Armadas que passaram pelo TO da Guiné (1961/74). E que possas partilhar algunas das tuas histórias e memórias desse tempo e dos lugares que melhor conheceste (Bissau, Mansoa, Bula).

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Nota do editor:

Último poste da série >  13 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21164: Tabanca Grande (498): Manuel Rei Vilar, líder do projeto Kasumai, irmão do saudoso cap cav Luís Rei Vilar (Cascais, 1941 - Suzana, 1970)...Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 812

terça-feira, 2 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19643: Consultório militar do José Martins (40): A primeira Unidade de Polícia Militar destacada para o Ultramar

 

 
1. Em mensagem de hoje, 2 de Abril de 2019, o nosso camarada e "consultor militar", José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) enviou-nos um trabalho sobre a primeira Unidade de Polícia Militar destacada para o Ultramar.






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Nota do editor

Último poste da série de14 de fevereiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19495: Consultório militar do José Martins (39): Ficha do Batalhão de Caçadores 619 (Catió, 1964/66)

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16526: Notas de leitura (883): “Vozes de Abril na Descolonização”, a organização é de Ana Mouta Faria e Jorge Martins, edição do CEHC – Centro de Estudos de História Contemporânea do Instituto Universitário de Lisboa, 2014 - Testemunho de Carlos de Matos Gomes (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Setembro de 2016:

Queridos amigos,
Desconhecia inteiramente esta edição, e li de um só fôlego o testemunho do Coronel Carlos de Matos Gomes, o escritor Carlos Vale Ferraz, considero o seu romance "Nó Cego", a maior jóia da literatura da guerra colonial.
O escritor embarcou num projeto universitário que pretendia clarificar a emergência dos núcleos ultramarinos que derrubou o Estado Novo. Numa posição privilegiada, fazendo parte do núcleo fundador do MFA da Guiné, vai recebendo e passando as informações pertinentes sobre a contestação, pondo a nu a situação da Guiné onde a ausência de solução política estava em vias de comprometer a tão debilitada organização das Forças Armadas na colónia. Conta meticulosamente e vamos depois ouvi-lo sobre a situação político militar e as primeiras negociações com o PAIGC.

Um abraço do
Mário


A descolonização da Guiné: testemunho de Carlos de Matos Gomes (1)

Beja Santos

A obra intitula-se “Vozes de Abril na Descolonização”, a organização é de Ana Mouta Faria e Jorge Martins e os entrevistados dos três teatros de operações foram Carlos de Matos Gomes, José Villalobos Filipe e Nuno Lousada, edição do CEHC – Centro de Estudos de História Contemporânea do Instituto Universitário de Lisboa, 2014. O objetivo da obra é de contribuir para o conhecimento sobre a descolonização portuguesa na sua fase final, e resulta de um projeto de investigação sobre a participação dos militares portugueses na descolonização. De forma preambular, os dois organizadores abordam a génese do MFA nas colónias portuguesas de África, pretendiam-se iluminar a emergência dos núcleos ultramarinos do MFA, conhecer-lhes as suas convicções e valores, a forma como sentiam a pressão político-militar dos movimentos de libertação. Historiam a sequência dominante de factos que incendiaram a consciencialização dos militares: o anúncio da realização do Congresso dos Combatentes, que se realizou em 1973, evento que não escondia a necessidade de continuar a legitimar a continuação da guerra; a contestação desencadeada em torno dos Decretos Leis 353/73, de 13 de Julho e 409/73, de 20 de Julho, destinados a suprir a carência de oficiais profissionais, através do acesso a uma rápida carreira proporcionada a milicianos com serviço de guerra; a rede do Movimento dos Capitães estava organizada em final de 1973; e a situação particular do MFA da Guiné que tinha inclusivamente montado um esquema revolucionário, caso falhasse o golpe militar na metrópole; segue-se o processo da institucionalização do MFA, a partir de 1974, que não cabe aqui analisar.

Primeiro a estatura militar do entrevistado. Fez uma primeira comissão no Norte de Moçambique, no Niassa, era alferes e tinha 20 anos; fez o curso de Comandos como Adjunto na 21ª Companhia de Comandos, Companhia que foi transferida de Angola para Moçambique, combateu na área do Cabo Delgado-Mueda; ofereceu-se como voluntário para os Comandos Africanos da Guiné; faz parte do núcleo fundador do MFA da Guiné e aí vive as primícias da descolonização. Reflete sobre o projeto político de Spínola, a preparação recebida na Academia Militar, o seu grau de preparação política, declara ter pertencido à esquerda da esquerda do COPCON, com o 25 de Novembro acabou aí a sua atividade política.

Segundo, Carlos de Matos Gomes descreve as impressões da Guiné à chegada e durante a sua comissão. Impressionou-o a manta de retalhos étnica, a ausência de coerência entre etnias, quando ali chegou a guerra tinha evoluído de tal modo que se sabia ter de encontrar com caráter de urgência uma resposta política na ausência de um dispositivo militar à altura das novas estratégias do PAIGC, designadamente as grandes operações destinadas a desarticular a quadrícula e reduzir o moral das tropas a fanicos. Fala das Operações onde interveio, realça a Ametista Real e Neve Gelada, para tirar Canquelifá do sufoco. E comenta:
“A partir dessa altura, quando o Batalhão de Comandos intervinha já era em situações de tal forma críticas, que normalmente levávamos o batalhão inteiro, e fazíamos como se faz por normal nestas situações, utilizávamos duas unidades em primeira linha, mantínhamos uma em reserva, e depois íamos manobrando estas três unidades. Isto representava, claramente, o agravamento da situação militar em dois anos, e passarmos de operações com 50 homens para operações com 400, 500”.

Terceiro, pronuncia-se sobre a génese e estruturação do MFA. A partir de um grupo de amigos como Jorge Golias, José Manuel Barroso, Jorge Alves e Duran Clemente pôde ter-se um desempenho importante na contestação ao Congresso dos Combatentes. Spínola e o seu círculo restrito criticaram profundamente a iniciativa do congresso, o Governador procurava estabelecer algum tipo de negociação com Amílcar Cabral, depois de uma iniciativa Marcello Caetano determinou o fim de quaisquer conversações com o chefe da guerrilha. É o período em que as relações entre Spínola e Marcello Caetano se azedam, impedido de negociar, Spínola pede o fim da sua comissão e regressa com praticamente todo o seu staff. Tudo isto coincide com a contestação da legislação que favorecia a chegada de milicianos ao posto de capitães, a contestação que se está a formar na Guiné já não conta com os spinolistas. O grupo expande-se, continua a reunir em lugares militares como a biblioteca do CTIG ou no Agrupamento de Transmissões. O grupo fazia uma leitura pessimista da situação militar:
“As unidades que estavam a chegar à Guiné eram cada vez piores. Havia uma degradação clara do potencial militar. Unidades pior treinadas, pior comandadas, desmoralizadas. Houve unidades que chegaram lá, foram colocadas nas suas zonas de ação e tiveram de ser retiradas para ser reinstruídas e reenquadradas, comandantes de batalhão a quem teve de ser retirado o comando. Nós sabíamos que o aparelho militar português estava a esboroar-se e não tinha capacidade de resposta”.
Nesta fase dá-se uma ligação natural entre o movimento da Guiné e o movimento de Portugal. Chegou a ser equacionado, na Guiné, a possibilidade de lançar um golpe mais cedo do que veio a acontecer, com a tomada dos aviões do aeroporto:
“Havia um dia – que era a quarta-feira – em que iam a Bissau o Boeing da TAP e o da Força Aérea e equacionámos que se um dia a situação se agravasse a tal ponto que nós não tivéssemos controlo, tínhamos aí o poder para evacuar os nossos, as mulheres e os mais frágeis, para Cabo Verde e depois a seguir iríamos negociar. Isto esteve montado numa reunião em casa do 2.º Comandante do Batalhão de Paraquedistas, o Major Mensurado”.
Dá conta da trama montada nos contactos com a metrópole, Angola e Moçambique, trocam-se informações e envolve-se cada vez mais gente. E assim se chega aos acontecimentos do 26 de Abril em Bissau, estão prontos para intervir o Batalhão de Comandos Africanos, o Batalhão de Paraquedistas, o conjunto de pilotos (havia um piloto de helicóptero que estava destinado a evacuar o Governador) e a Companhia da Polícia Militar. “Controlávamos todas as informações e todas as comunicações através do Agrupamento de Transmissões e controlávamos, também, uma rede muito importante de contacto através da rede de ligação da artilharia, porque a artilharia na Guiné estava espalhada pelo território. Nós tínhamos o aparelho militar na mão”.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 23 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16517: Notas de leitura (882): “Cabo Verde e Guiné-Bissau, As Relações entre a Sociedade Civil e o Estado”, por Ricardino Jacinto Dumas Teixeira, Editora UFPE, Recife, 2015 (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16493: (De)Caras (45): Conversa com Jerónimo de Sousa, Soldado Condutor Auto da Companhia Polícia Militar 2537 (Bissau, 1969/71) (Mário Beja Santos)


O nosso ex-camarada de armas (e hoje secretário-geral e deputado do PCP)  Jerónimo de Sousa foi capa da revista "Visão", na sua  edição nº 1216, de 22 de junho de 2016


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Abril de 2016:

Queridos amigos,
Quando li a reportagem sobre Jerónimo de Sousa e vi referência ao mato da Guiné, atirei-me à leitura. Havia para ali exageros inaceitáveis: a Bambadinca bombardeada, uma ida absolutamente incompreensível de uma seção reforçada da PM para Demba Tacobá, missão apresentada como num dos locais mais desolados da colónia, próximo da fronteira do Senegal.
Trocámos correspondência, gostei do desportivismo do secretário-geral do PCP, propôs uma conversa esclarecedora do que realmente se passara. Gostei daquela hora de convívio. Subsistem mistérios, um deles a natureza da missão, Demba Tacobá, para quem se recorda era uma tabanca em autodefesa num território em que naquele tempo ainda se circulava com absoluta segurança, sou testemunha, Jerónimo de Sousa nunca conseguiu apurar quem os atirou e porquê para castigo de abrir valas e pôr arame-farpado. Falámos da roupa aos pedaços, 47 dias com o mesmo fardamento, lembrei-lhe as micoses, as virilhas cortadas, enfim, rendi-me à versão que me deu.
Foi uma despedida cordial, por alguma razão somos camaradas da Guiné, e para sempre.

Um abraço do
Mário


Jerónimo de Sousa, Companhia da Polícia Militar 2537, 3.º Pelotão, Guiné

Beja Santos

A revista Visão, na sua última edição de Julho de 2016, publicou uma reportagem sobre o secretário-geral do PCP, referindo tratar-se de uma viagem, entre outras paragens, aos esteiros do Tejo, ao mato da Guiné, à infância em Pirescoxe e às primeiras gloriosas reuniões que os históricos do PCP. Interessou-me logo esta relação entre os matos da Guiné e o líder comunista. Li, e fiquei bem perplexo. O Soldado Condutor da Polícia Militar, Jerónimo de Sousa, fez comissão militar na Guiné entre 1969 e 1971. Depõe na entrevista que um dia o comandante o acordou de madrugada e o mandou apresentar no aeroporto com mais elementos de uma secção reforçada, foram 47 dias para um dos locais mais desolados da colónia, próximo da fronteira do Senegal. Reza o texto:  
“Aterraram em Bambadinca, recentemente arrasada por 80 morteiradas”.

Li emudecido, Bambadinca foi flagelada em finais de Maio de 1969, praticamente sem consequências, e num outro ataque, poucos anos mais tarde, os foguetões foram todos parar ao rio Geba. Teriam feito uma viagem num Dakota e em Bambadinca mandaram-nos para uma localidade Demba Tacobá, perto de Dulombi. Foi-lhes dito:

“O PAICG apanha aqui a malta à mão. Se querem dormir, cavem abrigos montem segurança. Se querem comida, comprem na aldeia mais próxima. De vez em quando passaremos por cá. Vocês são homens fortes, são da Polícia Militar, passem bem”.

Regressaram a Bissau mês e meio depois, com a mesma roupa que tinham levado, já desfeita, e um alferes enlouquecido.

Aturdido com esta baralha informativa, escrevi ao deputado Jerónimo de Sousa, tentei aclarar que povoação era aquela próxima do Senegal e junto a Bambadinca, que arrasamento fora aquele, como sobrevivera com a mesma roupa no pelo 47 dias a fio. Trocámos correspondência, o secretário-geral do PCP revelou-se bem-humorado e pronto a cavaquear. Marcou-me entrevista para a Soeiro Gomes, e durante uma hora voltámos à Guiné.

Ainda hoje não sabe os motivos que levaram o comandante a enviá-los à pressa para Demba Tacobá. Como se falava de Demba Tacobá, procurei esclarecer se não havia confusão com Demba Taco, perto de Amedalai e de Taibatá e Moricanhe, já a apontar para o Corubal. Não, era mesma Demba Tacobá, uma localidade em que tiveram de abrir valas, viver em moranças numa localidade que nem de arame-farpado dispunha. Lembrava-se de uma criança ramelosa, não tinham levado maqueiro mas havia um saco de primeiros-socorros, lavou os olhos à criança, removeu o pus, e horas depois a criança aparecia-lhe com uns ovinhos nas mãos, era o seu agradecimento. Tratou-se de uma experiência terrível, o alferes entrou em perturbação, dava tiros a despropósito, chegava junto dos militares e rasgava-lhes as cartas de jogar, apanharam paludismo, de Bambadinca o alferes foi transferido para o HM 241 e posteriormente evacuado. Regressaram e foram levados. O mais importante foi a seguir. Estabeleceu um pacto com aqueles homens com quem viveu em Demba Tacobá, tinham aprendido as vicissitudes do viver do mato, andar a angariar alimentos para a subsistência, nem rações de combate lhes deram, compraram um panela por 500 pesos, galinha, cabrito, arroz e alguns legumes, era tudo negociado na localidade. Tinham aprendido a dureza do isolamento.

O pacto era simples: a partir daquele dia não se iria lixar nem mais um soldado. Assim foi durante semanas, o comando não gostou dos relatórios, queria resultados, detenções de gente de bota mal engraxada, barba por fazer, camisa aberta, cabeça descoberta, ou havia resultados ou voltariam a ser metidos no mato. Não desarmaram, iniciaram caça a oficiais e sargentos com tal intensidade que o comando percebeu o fundo da questão.

Jerónimo de Sousa passou a ver de maneira muito diferente a condição militar e lembrou-me uma história. Um dia, a desoras, apanharam um oficial médico totalmente embriagado. Toca de começar um auto de detenção. O tenente-médico gritava:

- “Prendam-me! Prendam-me já! Prefiro a prisão a voltar para o hospital e cortar corpos, não vos passa pela cabeça o sofrimento que vai por aquelas salas de operações e também não vos passa pela cabeça que eu tinha acabado de montar consultório, que amo a minha mulher, que tenho filhos crianças, que um dia me convocaram e para aqui me atiraram. Prendam-me! Estou saturado da minha dor e do sofrimento que tenho que viver na sala de operações”.

Havia ainda um assunto na manga, os tais 47 dias com a roupa a desfazer-se, recordei-lhe brandamente que três dias com aquele roupinha suada, empoeirada e emporcalhada dava direito a feridas e comichões, respondeu que iam conseguindo umas lavagens de tempos a tempos, fingi que acreditava piamente em tudo quanto estava a ouvir, não há corpo humano que resista a tanta falta de higiene.

Tinha-se passado uma hora de conversa, Jerónimo de Sousa avisou-me que ia partir para a Madeira daí a pouco. Perguntei-lhe se tinha fotos daquele tempo, disse que tinha para ali uma foto mal-amanhada e que me ia mandar durante a tarde, o que aconteceu. Avisei-o que a conversa havida ia para o blogue e que ele ainda está a tempo de se inscrever. Sorriu com gentileza, a Guiné fica muito longe mas foi determinante para ele passar a ver a condição humana com outros olhos.

Jerónimo de Sousa na Guiné
Foto: © Jerónimo de Sousa / Mário Beja Santos (2016). Todos os direitos reservados 
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16430: (De)Caras (43): Os "periquitos" da Tabanca da Linha: almoço-convívio de 21 de julho de 2016, no restaurante "Caravela de Ouro", em Algés, Oeiras (Manuel Resende)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14905: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (10): Não, nunca percebi para que serviam os CTT no CTIG... Notícias de Alhandra, da minha família, por ocasião da tragédia, as grandes inundações, de 25 para 26 de novembro de 1967, que atingiram a Grande Lisboa, recebi-as através de telegrama militar... (Mário Gaspar, ex-fur mil at art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)






As notícias, mesmo censuradas, da tragédia que se abateu sobre a grande Lisboa na noite de 25 para 26 de novembro de 1967... Capas do Diário de Lisboa. Cortesia da Fundação Mário Soares > Fundo:  DRR - Documentos Ruelle Ramos



1. "Bate-estradas" do Mário Gaspar (*)


[ Mário Gaspar, foto atual à direita; ex-fur mil at art, minas e armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68; e, como ele gosta de lembrar, Lapidador Principal de Primeira de Diamantes, reformado; e ainda cofundador e dirigente da associaçºao APOIAR]:



 Data: 18 de julho de 2015 às 01:04

Assunto: Os CTT para Telefonar

Comrades:

Nos dias 19 e 20 de Novembro de 1967, participei na "Operação Raiana. Missão: Executar um golpe de mão ao acampamento de Boror. Não se chegou a descobrir o objectivo. No dia 26 de Novembro, dormindo na cama ao lado do Furriel Mecânico José Manuel Guerreiro Justo, e tendo este comprado um rádio onde ouvíamos somente Guiné Conacri, mexendo por mero acaso nos botões, oiço uma rádio portuguesa, dando notícias da nossa terra.

Contente, mas logo amargurado quando tenho conhecimento não existirem notícias animadoras. Pelo contrário acontecera uma tragédia, as inundações da Grande Lisboa, com indicações de muitos mortos e feridos e o dramatismo de algumas povoações terem sido tragadas pelas enxurradas e inundações (**).

Tudo se iniciara por volta das 19 horas. Parecia mais tratar-se de um milagre, estar a escutar, e com nitidez notícias de Portugal, nós escondidos naquele recanto no sul da Guiné – ouvi falar em Alhandra – povoação em que vivia, portanto terra onde viviam os meus pais e igualmente um irmão. Falavam para além de Lisboa escutava os nomes das vilas, entre outras de Odivelas, Loures, Alenquer, Vila Franca de Xira, Povos, e muito mais.

Parecia estar a ser atacado pelo PAIGC. Então escutava o nome de Alhandra. Recordava os anos passados, em que as cheias levavam água ao interior da vila. Cheguei a andar de botins altos e alguns barcos percorrem as ruas mais encostadas ao Tejo. Durante anos acostumei-me à ideia de ver todas as portas dos rés-chão tapadas com tábuas seguras com lama. Falava-se em enxurradas de lama que soterraram terras.

Fiquei atordoado, e resolvi falar com o Comandante da Companhia o Capitão Miliciano de Infantaria Manuel Francisco Fernandes de Mansilha. Fiquei admiradíssimo depois de contar o que se passava, tendo dito não ter notícias da família e saber que Alhandra tinha alguns mortos, o Capitão disse para ir com ele e enviámos um telegrama para os meus pais. Desconhecia essa possibilidade. Mas foi verdade.

Depois de sofrer,  recebo então um Telegrama onde a minha mãe dizia para estar sossegado por a água não ter chegado a atingir a casa. Na Praça 7 de Março em Alhandra está marcada a altura das águas neste dia fatídico para inúmeros portugueses. Portanto a minha casa, embora não tenha chegado ao 1.º andar, esteve muito perto. Curioso, nunca perguntei como a minha mãe se deslocou aos Correios,  se era uma zona inundadíssima. Recebi o tal telegrama, desta vez o sistema funcionou. O rádio de plástico do meu amigo algarvio, de Loulé,e Furriel Miliciano Justo, foi justo em informar-me desta tragédia. Ainda o ouvimos, mas depois voltam músicas de Guiné Conacri e muitas mornas e coladeras.

Notícias? O correio atrasado. Muito atrasado sem justificação. Isolados, com o mato à vista, paliçadas, abrigos e arame farpado. Telefonar? Telefonava na esquina da morança do Mamadu? Ou no Baldé? O meu telefone era a cerveja, falava dela, falava com ela e palava por causa dela. O que ingeri devia dar inundação se o seu líquido colocado numa piscina Olímpica.

Tive azar e sorte também. O azar é para esquecer, a sorte foi ter dinheiro para gozar licença na minha terra. Gozei mesmo, gastei bem, não me arrependo. Para mim a licença de Setembro/ Outubro de 1967 foi uma coroa de glória. Já estava em guerra, sabia o que ela era. Para mim era a despedida. Aproveitei aqueles 35 dias como os derradeiros dias da minha vida. Chegado a Bissau, escrevi quando se falava já naquela que seria a "Operação Revistar", para alguém – possuo essa carta mas não lhe toco mais – pois escrevi isto: – "Estou farto de Bissau, aqui só se fala em guerra". O que significa que antes desejava a guerra do que falar dela. Fui, entrei em Gadamael numa avioneta, mas nem vi os Correios, nem muito menos o telefone. O único privilégio que gozei, nos domingos ia até o Posto Rádio saber notícias do futebol em Alhandra. Na Aldeia Formosa estava o meu amigo Cordeiro, era radiotelegrafista e sabia o resultado do Alhandra.

Acho que fomos muito maltratados por não haver vontade de dar uma resposta adequada a nós que estávamos desterrados nos confins do mundo, antes, no cu do mundo. Muito pouca vontade, depois com a agravante de sermos obrigados ir buscar o Correio a Sangonhá para nos castigarem com patrulhas, quando nas vésperas tínhamos patrulhado a zona. Éramos uns imbecis e com a agravante de não termos a equivalência à tropa de elite – "Os Especiais". Olha porra! Mas sou também "Especial", "Tropa Especial", até tinha uma treta que se lia: – "Minas e Armadilhas".

Lembro-me dos Correios de Bissau, existia de facto a possibilidade de se pernoitar na cama de uma das suas funcionárias. No guiché assustei-me e desisti dessa noite entre lençóis. Foram poucos os dias de Bissau. E mesmo na cidade nunca fiz um telefonema. Fui ameaçado de castigo. Em Setembro de 1967 um Senhor Coronel disse-me após dois ou três dias seguidos no Café Benfica, estava fardado:
– Onde está, em que quartel?

Respondi-lhe que estava "no mato, em Gadamael Porto". Insistiu:
– Quem é o seu Comandante de Companhia?

Como não havia telefone em Gadamael, só respondi que era o Capitão Mansilha. Respondeu conhecê-lo e enviou cumprimentos. E se não fosse da Companhia… Estava tramado. Logo de seguida, na Agência de Viagens Sagres, estava eu e o meu amigo Jorge a tratar da documentação para entrarmos de licença, era no dia seguinte. Entraram três Capitães, passado algum tempo, berrou um deles:
– Os nossos Furriéis desconhecem os postos! Não cumprimentam? – Respondi:
– Então bom dia!

O meu amigo Jorge, a uns dias de concluir a comissão, após o almoço de despedida, trazia um garrafão de 5 litros de verde. Mesmo defronte do Hotel Portugal, completamente embriagado, agarra nas divisas e pisa-as. Aparece a Polícia Militar, comandada por um Furriel Miliciano. Segue na nossa direcção. Olho para o Jorge e para o Furriel da PM e digo-lhe:
– Vai-te embora, nada vistes, vira as costas.

Olha para mim… Respondo:
– Olha para a esquerda! – E à esquerda, e na esplanada, toda a CART 1659 se colocou de pé. A PM desandou. Não usávamos o telefone, que no mato não existia.

Cumprimentos aos Camaradas Combatentes.

Mário Vitorino Gaspar

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(**) Vd. entre outros recortes de imprensa:

DN - Diário de Notícias > 25 de novembro de 2007 

Nunca choveu tanto como em 67
por KÁTIA CATULO

(...) Cheias de 1967 - Memória. Mais de 700 pessoas terão morrido nas cheias que, no dia 25 de Novembro de 1967, apanharam desprevenidas as populações que viviam na região da Grande Lisboa. DN ouviu os relatos dos sobreviventes que têm memórias tão vivas como há 40 anos.

Cinco horas de chuvas torrenciais mergulharam a Grande Lisboa na maior inundação que a região alguma vez conheceu. Faz hoje 40 anos que as cheias de 1967 provocaram mais de 700 mortos e cerca de 1100 desalojados em Lisboa, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira e Alenquer. A enxurrada matou famílias inteiras, arrastou carros, árvores e animais e destruiu pontes, estradas e casas.

A chuva atingiu entre as 19.00 e a meia- -noite do dia 25 de Novembro as zonas baixas dos quatro concelhos da Grande Lisboa, mas só na manhã seguinte é que os portugueses se depararam com a verdadeira dimensão da tragédia. Urmeira, Póvoa de Santo Adrião, Frielas - povoações da bacia do rio Trancão-, e a Quinta dos Silvados, em Odivelas, foram os aglomerados urbanos mais atingidos. As casas eram de madeira e centenas de moradores foram engolidos pelas águas.

Lisboa, por seu turno, ficou irreconhecível. A Avenida de Ceuta, em Alcântara, esteve submersa e o mar de lama desceu até à Avenida da Índia. A água entrou em todas as bifurcações, subiu e desceu escadarias, derrubou as portas de tabernas, lojas e rés-do-chão, arrastando mesas, cadeiras, bilhas de gás, contentores e bidões da estação ferroviária.

Perto das 23.00 a chuva caiu ainda com mais força e as enxurradas atingiram um carro que circulava na Rua de Alcântara, encurralando os três ocupantes. O repórter do DN que na altura acompanhou as inundações, em Alcântara, conta que um soldado mergulhou nas águas e conseguiu retirar os três passageiros, minutos antes de o carro ser arrastado. Interrupções no trânsito sucederam-se desde a Avenida 24 de Julho ao Campo Pequeno, da zona do aeroporto da Portela à Avenida Almirante Reis, da Baixa a Santa Apolónia. Na Praça de Espanha e na Avenida da Liberdade, só se passava de barco e, na estação de caminhos-de-ferro, centenas de pessoas ficaram retidas nas carruagens porque a água submergiu as linhas.

O regime salazarista tentou minimizar os impactos das chuvas, mas as suas repercussões atravessaram fronteiras e desencadearam um movimento de solidariedade internacional. Chegaram donativos dos governos britânico e italiano, do Principado do Mónaco e até o chefe do Estado francês, o general De Gaulle, contribuiu com uma "dádiva pessoal" de 30 mil francos (900 euros, no câmbio da época). O apoio em meios sanitários veio de França, Suíça e sobretudo de Espanha, que ofereceu mil doses de vacina contra a febre tifóide. (...)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12189: Os meus (des)encontros com a PM - Polícia Militar (1): João Paulo Diniz (ex-locutor de rádio (PFA, Com-Chefe, Bissau, 1970/72); Henrique Cerqueira (ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74)



Guiné > Bissau > Polícia Militar > 1971 > O José Basílio Costa, alf mil, mais o sold cond auto Diamantino Romão, que é o autor da foto. O nosso camarada José Basílio Costa tem página no Facebook, é natural de Vila Nova de Famalicão, e vive em Santo Tirso. (Foto reproduzidas com a devida vénia, e um abraço aos dois e convite para se juntarem a este "batalhão" da Tabanca Grande; edição de L.G.).


1. Mensagem do João Paulo Diniz [, ex-locutor do PIFAS, Com-Chefe, Bissau, 1972/74] , em resposta ao poste P12184 (*)

Caro Luis Graça,

Com a sinceridade de sempre, devo confessar que não me recordo da estória do nosso Zé Basílio (um abraço!) comigo (mas acho que me recordo da sua cara na foto...). 

Da malta da PM [ Polícia Militar,] recordo-me do Raul Castanho, com quem tive o grande prazer de falar há meia dúzia de semanas após longa ausência. 

E recordo ainda que, tal como ele, muitos camaradas passavam pelo Pifas para fazer companhia e tomar um copo, no pequeno bar de entrada, superiormente 'comandado' pelo Morais (que é feito de ti, amigo?).

Já agora: o Pifas não era só eu, mas sim uma equipa: dedicada, voluntariosa, com grande 'amor à camisola', com a perfeita consciência da importância das nossas emissões para animar todos os nossos camaradas das FA, independentemente dos locais onde se encotrassem na Guiné.

Posso contar uma coisa?

Um dia um tenente-coronel, comandante de um batalhão estacionado numa zona sensível, fez questão de visitar o Pifas, antes de regressar a Lisboa. E, após uma breve 'visita guiada', esse nosso camarada do Exército disse mais ou menos isto: 
Querem saber? Para os meus homens, muitas vezes é mais importante uma hora de emissão do Pifas do que receberem uma carta da família!

Com todo o respeito, creio que a maior parte de nós pensou que o nosso tenente coronel já estaria 'apanhado pelo clima'... Mas as suas palavras foram bem sentidas!

Por estas e outras, permitam-me uma confissão: como profissional, o Pifas foi uma das mais belas experiências da minha carreira!

Grande abraço! JPD

2. Henrique Cerqueira [, ex-fur mil, 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74],

Na verdade, verdadinha,  a malta na Guiné e que vinha do mato à cidade,  não morria de amores pelos PM [, Polícia Militar].  E na realidade a malta dessa força punha-se a jeito para não ser muito "querida". Mas isso são águas passadas e,  mais tarde,  até fiquei cheio de orgulho quando o meu filho Miguel foi para a PE [, Polícia do Exército,] em Oeiras e por lá andou a fazer serviço na NATO.
Bom,  eu até tenho um episódio engraçado, hoje claro, com os PM em Bissau.

Numa ida minha a Bissau,  e ao me encontrar com amigos, era inevitável o apanhar uma "carraspana", tanto de comida como de bebida. Vai daí,  e depois de muitas andanças pelos caminhos de Bissau,  acabámos (eu e mais dois amigos) a simular que conduzíamos um automóvel pela avenida principal de Bissau. Isto de noite. 

O inevitável aconteceu e lá apareceu o jipe da PM. Recordo-me que,  mesmo com a carraspana (se calhar,  já em curva descendente), a PM,  após os habituais ameaços e outros afins,  lá nos mandou embora. Só que eu,  armado em engracadinho,  disse:
Desculpem lá,  senhores polícias,  mas tenho que deixar aqui o carro porque não estou em condições de conduzir.

Comecei então a simular o fecho do carro e todos aqueles gestos que temos ao deixar um carro estacionado. Então nessa altura o Alferes mandou que nos metessemos no jipe e levou-nos para o QG que era onde estávamos "hospedados". Quando saímos do jipe,  o aferes,  alinhando na brincadeira,  disse-nos  que para a próxima não seríamos apanhados se tivessemos ligado as luzes do carro. 

Boa, alferes! Os PM nem sempre eram tão arrogantes como às vezes queriam dar a  entender.

Henrique Cerqueira

3. Nuno Esteves [, nosso estimado leitor, ex-Polícia do Exército, ex-Lanceiro, ex-Soldado PE do 1º Turno 94, do Regimento de Lanceiros nº 2, hoje a trabalhar em segurança privada]
Saudações Lanceiras!... Caros camaradas da Tabanca Grande, os PM cumpriam ordens como certamente cada um de vós as cumpriu. A PM não era adorada pois,  como autoridade militar,tinha de fazer cumprir a lei militar que,  como todos nós sabemos, quando assim é, geralmente qualquer Policia nunca é bem vista ou acarinhada.

Mas,  na história destes camaradas Lanceiros, também constam várias custódias (protecção) dadas a militares em sarilhos, entre variadissimas coisas.

Muito me orgulha ter sido sucessor destes homens mas,  no meu tempo, envergando o distintivo da Policia do Exército [PE].

Um forte abraço Lanceiro para toda a Tabanca.

Nuno Esteves


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68)> Alguns dos quadros da companhia, vestidos com trajes fulas... Presume-se que fosse uma brincadeira de Carnaval... Dois militares parodiam a PM- Polícia Militar... O Cap Corvalho pode ser o terceiro a contar da esquerda, pelo menos é alguém que ostenta as divisas de capitão. "Aqui de certeza é o Corvacho, um bom amigo", garante-me o Nuno Rubim ... (LG).

Foto  © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). (Do álbum do José Neto † ,  fotos reeditadas por Albano Costa). Direitos reservados.

4. Comentário de L.G.:

Histórias com a/os PM ? Encontros, desencontros... quem os não teve ? Cá e lá, em Bissau... (Nunca vi os PM fora de Bissau, a não ser "mascarados", em Guileje, no álbum fotográfico do nosso  saudoso Zé Neto...).

Toca, por isso, a puxar da memória!... Hoje publicamos mais duas pequenas histórias, do nosso tempo de Guiné... O objetivo não é, de modo algum,  desenterrar velhos machados de guerra, mas apenas relembrar tempos passados que... não voltam mais!

Como diz o povo, "quem vai à guerra, dá e leva!"... Em Bissau, à falta de guerra a valer, parece que fazíamos,  às vezes, guerra uns aos outros... Numa ou noutra ocasião, perdemOS mesmo as estribeiras... E não houve PM que nos salvasse!...

Recorde-se, entre outras, as "guerras" entre páras, comandos e fuzos, as três tropas especiais..., a que se vieram juntar, mais tarde, os "comandos africanos" e os "fuzileiros especiais africanos"... Uma das dessas "guerras" (que provocaram mortos e feridos graves!), ficou conhecida como a "batalha de Bissau" (**)...

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Notas do editor:

(*) Vd,. poste de 21 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12184: Facebook...ando (29): Uma cena, bem humorada, passada entre a ronda da PM e o locutor do PIFAS, João Paulo Diniz, Bissau, c. 1971 (José Basílio Costa, ex-alf mil, PM, hoje a residir em Santo Tirso)

(**) Sobre a "batalha de Bissau" (3 de junho de 1967) entre fuzileiros e paraquedistas, vd.:


11 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1515: Antologia (58): A batalha de Bissau em Janeiro de 1968: boinas verdes contra boinas negras... Saldo: 2 mortos (Carmo Vicente)



(...) Considero bastante conforme à verdade (com excepção da data, que foi o dia 3 de Junho de 1967 e não Janeiro de 1968, conforme a História oficial do BCP 12, da autoria do Tenente-Coronel Luís Martinho Grão) a versão apresentada pelo 1.º Sargento Carmo Vicente, inclusive no que respeita às responsabilidades dos graduados pára-quedistas, que pouco fizeram para evitar o infeliz desenlace duma jornada que devia ser lembrada apenas como desportiva. (...) 

(...) Na noite de 3 de Junho de 1967, no final dum jogo que parecia ter decorrido de forma idêntica a tantos outros, entre o ASA – acrónimo de Atlético Sport Aviação, o clube dos militares da Força Aérea – e a equipa onde alinhavam os marinheiros, sucedeu o inesperado: estes, depois de trocarem insultos e provocações com os pára-quedistas, como era hábito, abandonaram o recinto desportivo, numa atitude pouco consentânea com os seus comportamentos recentes.

Os páras correram atrás deles pelas ruas da cidade, não imaginando que, algumas centenas de metros à frente, emboscado num prédio em construção, um grupo de fuzileiros armados com G-3 se preparava para os atacar a tiro. Custa a entender onde aqueles homens foram buscar ânimo para levar a cabo semelhante acto, mas a verdade é que foram capazes de abrir fogo à queima-roupa sobre camaradas de armas desarmados, matando de imediato o 1.º cabo Ismael Santos e o sold. Fernando Marques, para além de terem provocado ferimentos noutros soldados. (...) 


(...) Segue-se a “batalha de Bissau” que ocorreu durante um campeonato de andebol de sete, entre a UDIB e a ASA Clube. Havia duas claques, a primeira, composta pelos civis e alguns marinheiros, era apoiada pelos fuzileiros e por todo o pessoal da Armada; e a segunda, inteiramente formada por militares da Força Aérea, com destaque para os pára-quedistas. 

Segundo Carmo Vicente páras e fuzileiros eram amigos, mas na ocasião quiseram provocar-se mutuamente. Porquê, fica-se sem se saber. No BCP 12 todo o pessoal foi dispensado para poder assistir ao encontro e apoiar a equipa. Durante o encontro, boinas verdes e boinas negras apoiaram ruidosamente as suas equipas. Súbito, começaram os incidentes e cerca de 400 militares envolveram-se num corpo a corpo incontrolável, derrubaram-se as portas do recinto, a luta generalizou-se pelas ruas da cidade, tudo à cinturada, murro e pontapé. 

Parecia que os fuzileiros batiam em retirada quando de um prédio em construção saíram seis fuzileiros armados de G3 e de granadas de mão, começando a disparar indiscriminadamente. Dois pára-quedistas ficaram ali mortos. Para Lisboa transmitiu-se às famílias que tinham morrido num acidente com armas de fogo (...).

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12184: Facebook...ando (29): Uma cena, bem humorada, passada entre a ronda da PM e o locutor do PIFAS, João Paulo Diniz, Bissau, c. 1971 (José Basílio Costa, ex-alf mil, PM, hoje a residir em Santo Tirso)




Guiné > Bissau > Polícia Militar > 1971 > O José Basílio Costa, alf mil, mais o sold cond auto Diamantino Romão, que é o autor das fotos. O nosso camarada José Basílio Costa tem página no Facebook, é natural de Vila Nova de Famalicão, e vive em Santo Tirso. (Fotos reproduzidas com a devida vénia, e um abraço aos dois; edição de L.G.).


1. Tirando provavelmente o meu amigo e conterrâneo Eduardo Jorge Ferreira, que foi alf mil da Polícia Aérea ((BA12, Bissalanca, 1973/74), não temos ninguém dessa especialidade que era... a Polícia Militar.

Posso estar a pecar por omissão, mas não tenho ideia de, na nossa Tabanca Grande, no nosso blogue (não me refiro ao Facebook) haver um PM (leia-se: não,  primeiro ministro, mas, sim, polícia militar). Porquê, não sei. De qualquer modo, eles também não eram muitos. Devia haver, no máximo,  uma companhia, no CTIG, em comissão.

Sei pouco sobre eles, sei que eram oriundos da arma de cavalaria e e eram também selecionados em função da altura. Tinham que ser mais altos do que a maioria dos militares do exército, para poderem exercer as suas funções de autoridade. . Julgo que também havia uma Polícia Naval, em Bissau. Em 1976, a PM passou a designar-se por PE (Polícia do Exército).

Descobri há dias que, no dia 24/5/1969, embarquei no N/M Niassa com uma companhia militar, a CPM 2347,  a que pertencia o atual secretário geral do PCP - Partido Comunista Português, o Jerónimo de Sousa (que era 1º cabo, segundo julgo saber).  Naturalmente, não me lembro dele nem de ninguém dos seus camaradas da CPM 2347. Nem das poucas vezes que estive em Bissau tive quaisquer contactos diretos com a PM.  Verdade seja dita, e sem qualquer intenção de ofensa (, o que seria contrário ao espírito do nosso blogue), acho que os PM, no tempo da guerra colonial, cá e lá, não eram muito populares junto da tropa fandanga... Pode ser impressão minha, ams entende-se: eles eram uma autoridade policial...

Lendo entretanto a nossa página no Facebook, dou de caras com uma história, bem humorada, passada com o nosso João Paulo Diniz, ex-locutor do PIFAS (Com-Chefe, Bissau, 1970/72) e uma ronda da PM. A história é contada pelo José Basílio Costa, ex-alf mil, da Polícia Militar, em comentário de 19 do corrente. Para que não se perca o episódio e chegue a outras audiências, vamos reproduzi-lo aqui.

Fica também o convite, ao José Basílio Costa, nosso amigo do Facebook, para integrar, de pleno direito, a nossa Tabanca Grande. Basta-nos dizer que sim, e concordar com as 10 regras de convívio, em vigor no nosso blogue (mas não aplicáveis à página do Facebook, Tabanca Grande Luís Graça, que serve outros propósitos). (**)

2. Uma cena passada entre a ronda da PM e o locutor do PIFAS João Paulo Diniz, Bissau, c. 1971


por José Basílio Costa


O PIFAS...Grande programa com o João Paulo
Diniz [, foto à direita]... que agora está na Antena 1, salvo erro! 

A propósito deste locutor vou contar uma pequena história que se passou com ele. Uma noite, já passava da uma hora da noite, estava eu de serviço de ronda pela cidade e vimos, não muito longe do edifício do PIFAS,  o vulto de um militar a caminhar pela rua fora. 

Aproximámo-nos e disse-me o Vidigal, que era o meu soldado ordenança:
Meu alferes vai ali um militar fardado e sem boina e já passa da hora de recolher!

Quando nos aproximámos, eu perguntei-lhe que se identificasse, o que ele fez prontamente e justificou-se que trabalhava no PIFAS, onde era locutor, tinha acabado o serviço e dirigia-se a pé para o Quartel de Santa Luzia.

Eu, que não o conhecia pessoalmente, todavia no meio da conversa, reconheci logo a sua voz pelo seu timbre pessoal, mas não me "descosi" e disse-lhe: 
 ─  Acompanhe-nos,  por favor,  até ao Quartel! 

Ele ficou muito preocupado , perguntando se tinha feito alguma coisa de mal ou se tinha infringido alguma regra, e eu repeti : 
─  Acompanhe-nos ao Quartel. 

Aflito, perguntou se ia ficar detido na Amura toda a noite, que lhe estava a complicar a vida,  pois no dia seguinte tinha que se levantar cedo para voltar à Rádio, etc. etc. Entretanto eu disse baixinho ao Lança Ramalho, meu condutor: 
─ Vamos levá-lo a Santa  Luzia, mas primeiro passa pelo Palácio do Spínola,  para o despistar. 

Qual não foi o seu espanto de alívio, quando finalmente, e  depois de algumas voltinhas, o levámos ao seu quartel de Santa Luzia, onde o entregámos sem qualquer participação, até porque o homem estava plenamente justificado. Ficou todo contente e agradeceu-nos a boleia. E então,  como estavamos próximo do fim de ano,  disse-lhe que tería eu e nós todos muito gosto que ele aparecesse na Amura,  na passagem de ano para festejar, o que ele cumpriu. 

Não sei se te recordas,  Raúl (*), que ele esteve connosco numa passagem de ano no quartel da Amura?! (**)

________________

Notas do editor:

(*) Raul Castanha [, também ex-alf mil, da PM, a viver em Alcobaça], que tinha escrito, no nosso Facebook, em 19 do corrente:

"Tomei a liberdade de 'roubar' este grande amigo de um artigo publicado na Tabanca Grande Luís Graça onde entre outros está o meu amigo João Paulo Diniz.

Foi durante muitos anos um adorno presente em minha casa. Depois quando os miúdos nascerem desapareceu. Saudades do PIFAS. Quem se lembra dele?


O Diamantino Romão também comentou:

" Lembro perfeitamente do Pifas e do meu amigo João Paulo Diniz, onde tive oportunidade de estar no estúdio ao vivo com o meu alferes Castanha e o Lourenço. Rrecordo com saudade aquela ótima musica que era passada, tive o prazer de viajar com o João, de Bissau a Lisboa, e vice versa (férias de 1 mês vim conhecer a minha filha com 1 ano, bons tempos)"... [O Diamantino Romão tem página no Facebook, a que não conseguimos aceder].

domingo, 15 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12042: Convívios (531): 5º Encontro de Gerações de Lanceiros Policia Militar/Policia do Exército, Regimento de Lanceiros nº 2 – 26 de Outubro de 2013 (Nuno Esteves)

1. Recebemos do nosso Amigo e visitante, Nuno Esteves, ex-Soldado PE do 1º Turno 94, o pedido de divulgação do seguinte programa festivo. 


6.º Encontro de Gerações de Lanceiros 
Polícia Militar (PM) / Polícia do Exército (PE) 


Caros Camaradas, a exemplo dos Encontros que temos realizado, venho solicitar mais uma vez, a vossa colaboração no sentido de ser divulgado na vossa Tabanca Grande, mais um Encontro de Lanceiros PM/PE a realizar-se desta vez na Casa Mãe: o Regimento de Lanceiros nº 2. 

O programa do Evento será composto por: 
Parte Cultural (organização da Associação de Lanceiros)
Visita opcional ao Mosteiro dos Jerónimos 
09h45 
Concentração em frente ao Mosteiro dos Jerónimos
(Para quem optar fazer a visita)
10h00 às 12h30
Visita guiada com a colaboração da srª Lina Oliveira 
Preços das entradas no Mosteiro dos Jerónimos.
Bilhete Individual: 7 €
Bilhete especial:50%
Idade igual/ superior a 65 anos (mediante comprovativo) 
portadores de deficiência 
Bilhete de Família
50% de desconto para os filhos menores (15-18 anos) desde que 
acompanhados por um dos pais.
Cartão Jovem: 60%

Programa no Regimento
11h00-11h30 
Concentração junto à Porta de Armas do Regimento. 
Missa pelos camaradas falecidos
(carece de confirmação)
Homenagem aos camaradas falecidos 
(deposição de coroa de flores no Monumento aos Mortos)
Visita ao Núcleo Museológico/Regimento
13h00-13h30
Inicio do almoço convivio no Refeitório das Legendas 

Ementa do Almoço
Aperitivos
Martini ou Favaios,sumo.
Entradas
Pastéis de Bacalhau,Croquetes,Rissóis.
Bebidas
Vinho Branco e Tinto,Sumo de laranja,Água.
Sopa
Caldo Verde
Prato
Bifinhos com cogumelos e Arroz.
Dieta (a)
Pescada cozida ou Bife de Perú grelhado com arroz.
Sobremesas
Pudim de ovos caseiro ou Arroz Doce
Fruta da época
café.
Bolo alusivo ao Evento.

(a) Quem desejar dieta,terá de informar a Organização num prazo máximo de 20 dias antes da data do Encontro.

Preço
Por pessoa-22 € 
Crianças até aos 6 anos-Grátis
Crianças dos 6 aos 12 anos-5 €

Contactos para confirmação de presença e nº de acompanhantes (o Encontro é extensivo a familiares)

Contactos
Luis Páscoa
Nuno Esteves 

Prazo máximo de confirmação de presença (*)
30 de Setembro de 2013

(*) A presença só será efectivamente confirmada após transferência bancária de metade do valor total para o NIB 0036.0310.99100010381.29 do Montepio Geral,solicita-se que guardem o talão multibanco para apresentarem no dia do Encontro.O restante valor em falta, terá de ser efectuado no dia do Encontro.O participante,deverá indicar o nº de pessoas que o acompanham e no caso de crianças,indicar a idade das mesmas.

Um forte abraço para toda a Tabanca. 

Com os melhores cumprimentos e com um forte abraço Lanceiro para todos.
Nuno Esteves
ex-Soldado PE
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Nota de MR: 

Vd. último poste da série em: