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domingo, 25 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24429: Convívios (967): 52º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 22 de junho de 2023, juntando 45 comensais

Foto nº 1 > O régulo Manuel Resende com a grarrafa de uísque The Monks, oferta do  António Brito Ribeiro... Tem sido ele o grande animador destes convívios da Tabanca da Linha, dando continuidade ao trabalho dos saudosos Jorge Rosales (1939-2019) e José Manuel Matos Dinis (1948-2021), dois "salesianos do Estoril". Esta tertúlia de antigos combatentes é das mais antigas, foi criada em 2010 e reune-se com grande regularidade: este foi o 52º almoço-convívio. O Manuel Resende, inicialmente, era apenas o fotógrafo de serviço. Sucedeu ao Jorge Morales e ao José Manuel Matos Dinis no "comandante das tropas". E com agrado geral. O seu álbum fotográfico deste encontros é já uma valiosíssima base de dados... ATabanca da Linha tem 150 amigos no Faceboo9k, ou seja, tem 150 membros registados, nem todos infelizmente já vivos... Tem-se reunido nos últimos anos em Algés, no Caravela d'Ouro, numa sala (a do último andar, com magnífica vista para o Tejo) com capacidade para 80 pessoas. Em geral, âs 5ªs feiras, de seis em seis semanas.


Foto nº 2 >  Humberto Reis (Alfragide ) e António F. Marques (Cascais), dois veteranos da CCaç 12 (1969/71), e da Tabanca da Linha

Foto nº 3 > Manuel Macias (Linda-a-Velha) e um camarada que não conseguimos identificar


Foto nº 4 > Armando Pires (Carnaxidce) e Miguel Rocha (Linda-a-Velha)

Foto nº 5 > As esposas, Helena, do Mário Fitas (Estoril), e a Ilda, do Zé Carioca (Cascais)


Foto nº 6 > António Maria Silva (Cacém / Sintra) e Jorge Pinto (Sintra)


Foto nº  7 > Adolfo Cruz (Algés) e  João Rosa  (Lisboa)


Foto nº 8 > Manuel Joaquim (Agualva-Cacém) e  José Ferreira da Costa (convidado do Zé Rodrigues, de Sintra,  e esteve em Angola)


Foto nº 9 > Artur Ferreira Teles (amigo do Fitas e da mesma Companhia), Mário Fitas e Helena


Foto nº 10 >   Daniel Gonçalves e seu amigo ten cor António Andrade


Foto nº 11 : > Ilda, Zé Carioca e António Varanda 


Foto nº 12 >  Grupo: em segundo plano, o Diniz Sousa e Faro (S. Domingos de Rana) e o Fernando J. Estrela Soares (Algés)


Foto nº 13 > O régulo e fotógrafo Manuel Resende


Foto nº 14 > O régulo... e tesoureiro, Manuel Resende


Foto nº 15 > Restaurante: Arranjo floral


Foto nº 16 > Decoração do restaurante


Foto nº 17 > Dois generais da Força Aérea, Rui Balacó e José Nico.


Foto nº 18 > O José de Jesus (da Companhia do Manuel Resende), Jorge Canhão e António Brito Ribeiro, o "dono do botelha de uísque"...


Foto  nº 19 > Um minuto de silèncio em memória de Carronda Rodrigues (1948-2013)

53º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de junho  de 2023 >   Seleção de fotos

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do administrador da página do Facebook da; Magnífica Tabanca da Linha, com data de de 22 do corrente, 23h42:

Caros Amigos e Camaradas, ou como dizia o Mexia Alves,  "Camarigos", hoje, apesar da data de luto pelo nosso Magnífico Sr. Coronel Carronda Rodrigues, Comando, tivemos mais um convívio da Magnífica Tabanca da Linha, o nº 52. Era de esperar que não houvesse muita aderência devido ao tempo de férias, mas apesar destas contingências tivemos 45 convivas.

Fizemos um minuto de silêncio pelo nosso Magnífico que estava naquele preciso momento em cerimónias para a sua cremação.
 
Nem tudo são tristezas e a vida continua, e assim o nosso Magnífico António Brito Ribeiro presenteou-nos com uma garrafa de Wisky Monks, que veio da Guiné há 51 anos. Deu para cheirar a quem quis, pois o conteúdo era pouco. Evaporou-se, entretanto, mas estava lacrada.
 
Neste convívio tivemos três "piras":



Segundo opinião geral (não de todos) o arroz de garoupa estava bom.

Lá para Setembro faremos outro. Deem sugestões para a ementa. Os lombinhos de pescada com arroz de marisco creio que escorregam bem pelas nossas goelas e creio que todos gostam, até os meus netos quando lá vamos.



Lista dos inscritos até à véspera. Os participantes efetivos foram 45

__________

Notas do editor:

Último poste da série > 20 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24417: Convívios (966): Aquele que foi, historicamente, o último encontro da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), realizado em 5/11/2022, em Alenquer: os versos de despedida do Francisco Santos (o "Xico" do Montijo)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24255: 19º aniversário do nosso Blogue (1): Obrigado, Valdemar Queiroz, por nos comparares à tua priminha ("Com 19 anos a Tabanca Grande, até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72 m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar' ". Obrigado pelos vossos parabéns e incentivos, João Rodrigues Lobo, Carlos Vinhal, Alberto Branquinho, Miguel Rocha, José Botelho Colaço...


"A rapariga com brinco de pérola" (c. 1665)... Não é a "prima Lourdes" do nosso camarada Valdemar Queiroz, mas é capaz de não lhe ficar atrás... É uma das obras... primas do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675) e de toda a pintura ocidental, rivalizando com todas as "madonas" e "madames"... Óleo sobre tela (44,5 cm x 39 cm). Localização atual: Galeria Mauritshuis, Haia. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipedia.

1. Primeiros comentários ao poste P24242 (*)... Temos mais para reproduzir aqui. Queremos receber as vossas sugestões, críticas e comentários, sobre o nosso passado, presente e futuro enquanto blogue e Tabanca Grande... Serão publicados na "montra grande" do blogue, desde que cheguem até ao final da segunda semana do próximo mês de maio, sábado, 13. É também uma boa altura de os nossos tabanqueiros fazerem a sua "prova de vida", sairem do sofá e darem uma voltinha pela nossa "parada"...

(i) Tabanca Grande Luís Graça:

Obrigado, amigos e camaradas,  pelos vossos comentários relativamente à nossa efeméride.

Obrigado, Valdemar, por nos comparares à prima Lourdes (à francesa)... Lisonjeiro!... Mas ainda nos arranjas uma cena de ciúmes (ou até alguma acusação de assédio, que é bem pior para a nossa re...puta...ção!):

"Com 19 anos, a Tabanca Grande até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72 m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar'." (...)


23 de abril de 2023 às 17:27 

(ii) João Rodrigues Lobo:

Bom dia. Nesta fase da nossa vida em que "recordar é viver" que o espírito de sã camaradagem prevaleça entre todos. Abraços.

23 de abril de 2023 às 09:18

(iii) Carlos Vinhal;

Estão a dormir na forma ou quê?

Era este o grito de incitamento ou censura, quando, no serviço militar, denotavam(os) nos recrutas alguma indolência ou desatenção.

Pois é, cara tertúlia, isto é um incentivo, vamos lá dizer o que pensamos do nosso Blogue.

O passado e o presente estão assegurados, contudo, o futuro é muito incerto, e este espólio não se pode perder. Definitivamente estamos a ficar velhotes e não conseguiremos gerir o Blogue por muito mais tempo.

Ficamos desde já gratos pelas vossas críticas e sugestões, que podem deixar aqui sob a forma de comentário ou a enviar para os endereços de email habituais.

Aproveitem este domingo, um tanto triste, pelo menos aqui no norte, para refletirem e nos ajudarem a assegurar o futuro da nossa página.

Grande abraço, Carlos Vinhal

23 de abril de 2023 às 11:32

(iv) Alberto Branquinho:

Pois é, Carlos. Este foi o espaço onde acabei por conhecer muita gente que LÁ sofreu tanto ou mais que eu, onde reencontrei bastantes outros e onde tive oportunidade de mostrar alguma coisa relacionada (por vezes não) com ESSA experiência da Guiné. E ajudou (talvez tardiamente) a fazer a catárse.

Do facebook nada sei porque, quando dele tive conhecimento, me pareceu uma caserna onde se acoita gente demasiada e muito diversa e onde não há regras (ou parece não haver).

Abraço, Alberto Branquinho

23 de abril de 2023 às 11:32

(v) Miguel Rocha:

"Aquele abraço"!!!

Votos de saúde!

Miguel Rocha, o transmontano

3 de abril de 2023 às 12:07

(vi) José Botelho Colaço:

Parabéns: Graças ao blogue hoje estou um pouco documentado com histórias contadas e vividas na 1ª pessoa o que foi participar, viver e sofrer na guerra da Guiné, caso contrário teria ficado só pelo Cachil Ilha do Como, operação Tridente e um pouco de Bissau e Bafatá. 

Abraço amigo. Colaço.

23 de abril de 2023 às 13:24

(vii) Valdemar Queiroz:

O nosso Blogue faz 19 anos, ena, ena, está quase a entrar pra tropa. Pra tropa salvo seja, que é coisa que não nos falta.

Tal como a minha entrada pra tropa com 22 anos, também entrei tarde pra Tabanca Grande já ela estava construída com fortes traves mestras que foram aguentando estes belos momentos que vamos passando em convívio recordando os extraordinários tempos da guerra na Guiné.

Com 19 anos a Tabanca Grande, até parece a minha prima Lourdes, ruiva, de olhos azuis e com 1,72m e diziam-lhe 'temos aqui uma bela rapariga que nunca se vai gastar'.

Parabéns e saúde aos incansáveis progenitores e a toda a família da rapaziada que faz parte desta Grande Tabanca.

Um grande abraço, Valdemar Queiroz

23 de abril de 2023 às 13:49
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Nota do editor:

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23664: Casos: a verdade sobre... (29): os fotogramas do vídeo com a visita da delegação do Movimento Nacional Feminino a Cufar, no início de fevereiro de 1966 (Mário Fitas / Sílvia Espírito-Santo / António Murta / João Crisóstomo / Joaquim Mexia Alves / Miguel Rocha)

 




Guiné > Região de Tombali > Cufar > Fevereiro de 1966 > Delegação do MNF - Movimento Nacional Feminino,  que visitou Cufar...A Cecília Supico Pinto e a Renata Cunha e Costa  terão sido acompanhas por um ou mais senhoras da delegação de Bissau (aqui na foto.  A senhora do lado esquerdo, nos fotogramas de baixo, era a mulher do cap Costa Campos, Maria da Glória (França). O casal aparece, ao que jukgamos, no 1º fotograma do aldo esquerdo, aui em cima.

Fotogramas de vídeo, gentilmente cedidas pelo Mário Fitas, em 23/9/2022 


Fotos: © Mário Fitas (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de Sílvia Espírito-Santo, “Cecília Supico Pinto: o rosto do movimento nacional feminino”. Lisboa: A Esfera do Livro, 2008, 222 pp. 

1. M
ensagem enviada pelo nosso editor LG, com data de 23 de setembro último, à Sílvia Espirito-Santo, biógrafa  da Cecília Supico Pinto, fundadora e líder do MNF - Movimento Nacional Feminino:

Silvia: olá...Diga-me se reconhece a nossa Cilinha nestas fotos, tiradas no sul da Guiné, em fevereiro de 1966, em Cufar... Tinha então 45 anos... Nesse mesmo dia ela mais a Renata Cunha e Costa terão ido a Bedanda, onde o cap inf Aurélio Manuel Trindade (hoje tenente general reformado) era o comandante da 4ª CCAÇ (companhia de caçadores nativos, enquadrada por militares da Metrópole)...  

Estive ontem, em Algés, na Tabanca da Linha,  com o Mário Fitas, ex-fur mil de operações especiais, e voltamos a falar destas fotos, já aqui publicadas (ou outras oarecidas, fotogramas tirados de um filme de 8 mm, posteriormente digitalizado) (*)...

Pelas feições, não me parece de todo a presidente do MNF a senhora, de vestido cor de rosa,  que o Mário Fitas aponta como sendo a  Cecília Supico Pinto.

Na visita a Cufar as duas representantes do MNF estão acompanhadas da esposa  do capitão Costa Campos, comandante da CCAÇ 763, Maria da Glória (França). Será esta senhora e não a Cecília Supico Pinto que aparece nas fotos com vestido  cor de rosa ?... Preciso da reconfirmação do Mário Fitas, que conheceu bem a esposa do seu capitão.

Vou perguntar também ao Miguel Rocha, ao António Murta, ao João Crisóstomo  e ao Joaquim Mexia Alves que conheceram pessoalmente a nossa Cilinha (os três primeiros no TO da Guiné).

Boa saúde, bom trabalho. Luís Graça



2. Resposta da Sílvia Espírito-Santo, nesse mesmo dia, 23/09/2022, 22:10:

Olá,  Luís,
 
Tem razão, embora o estilo de roupa e penteado sejam os da época, nenhuma delas é a  Cecília Supico Pinto-.. Serão, com toda a certeza, senhoras da Delegação Provincial do MNF na Guiné.

Normalmente as mulheres dos altos quadros militares integravam o Movimento,  o que era bom e mau porque,  se por um lado conheciam de perto a realidade dos militares,  por outro o seu apoio era temporário uma vez que tinha a duração das comissões dos cônjuges. (Negritos nossos).
 
Sem esquecer as que usavam os galões dos maridos para se evidenciarem num meio predominantemente masculino, contribuindo apenas para os estereótipos que circulavam (e circulam ainda) sobre o MNF.

Abr amigo
Sílvia



Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) >  Domingo, 10 de março de 1974 > A visita da Cilinha, aqui a despedir-se de um dos oficiais, um alferes miliciano. 

Foto (e legenda): © António Murta  (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Resposta de António Murta,  23/09/2022, 23:19 


Olá, Luís Graça.

Espero que estejas já recuperado, ortopedicamente falando...

Sobre as fotos, e porque conheci a Cilinha muitos anos depois [em Nhala, 10 de março de 1974], estive a consultar o livro da Sílvia Espírito-Santo, onde vi fotografias da Cilinha com a Renata Cunha e Costa em Angola em 1964. Cheguei a uma conclusão que pode não ser a correcta:

(i) a senhora da primeira foto não me parece que seja a senhora das restantes, e não é a Cilinha quase de certeza porque se percebe no seu perfil um nariz e queixo arredondados, ao contrário da Cilinha: 

(ii) nas três fotos seguintes inclino-me para que seja mesmo a Cilinha, pelo nariz e queixo alongados e, até, pela sua postura.

Sem certezas, mas com um grande abraço,
António Murta.



Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Destacamento de Carenque > 1973 > A Cilinha, aqui de perfil,  a "cantar o fado"... perante um grupo de soldados... (Carenque ficava a norte da ilha de Pecixe, na margem direita do Rio Mansoa.)

Espantosa foto, de antologia, de António Tavares dos Santos [, presumivelmente, fur mil, 2.ª C/BCAÇ 4615 e CCaç 19. Guidaje, 1973/74]... Cortesia da página Arquivo Digital, alojada em Agrupamento de Escolas José Estêvão, Projeto Porf 2000, Aveiro e Cultura.



Guiné > s/l > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, falando para um grupo de militares; em segundo plano, um dos seus "braços direitos", também elemengo da comissão central do MNF, [Amélia] Renata [Henriques de Freitas] da Cunha e Costa .

Fotogramas do vídeo (6' 43'') da RTP Arquivos > 1966-02-01 > Cecília Supico Pinto visita Guiné (Com a devida vénia...)




Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966).

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Resposta de João Crisostomo, 24/09/2022, 00:42

Caros camaradas,

Fiquei confuso: na minha memória ela não era tão jovem como nestas fotos ele aparece… mas, pelo sim e pelo não, fui procurar nos nossos posts e encontrei nos posts Guine 61/74- P19831 e 22258 uma foto dela em Porto Gole em 1996 ( a sua primeira visita, creio). pela cara... estilo do cabelo…mas vejam e tirem as vossas conclusões.
 
Abraço, João Crisóstomo

5. Resposta de Joaquim Mexia Alves, 24/09/2022, 10:05

Bom dia a todos

Nenhuma das Senhoras, quanto a mim,  é Cecília Supico Pinto que conheci bem.

Parece-me sem dúvida Renata Cunha e Costa que também conheci bem.

Ainda falta muito a dizer sobre o MNF que fez obra meritória e foi bastante mal tratado pelos detractores habituais.

Abraços
Joaquim Mexia Alves


Guiné > Região de Cacheu > Olossato > CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) >  2 de maio de 1969  > O nosso camarada Miguel Rocha, ex-alf mil inf, na altura a fazer as funções de comandante da companhia,  na recepção à presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto  (1921-2011) (a menos de um mês do seu 48º aniversário natalício)... 

Foto (e legenda): © Miguel Rocha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


6. Resposta de Miguel José Ribeiro Rocha, 24/9/2022, 11:37

Bons dias a todos|

Decididamente nenhuma das três senhiras que aparecem nas fotos é a Cecília Supico Pinto.
A Dona Cecília tinha um rosto com traços mais angulosos e era de outra faixa etária. Quanto à senhora de vetsido rosa, é nitidamete mais nova e a sua face é muito mais arredondada.

Cumprimentos, Miguel



Fotograma nº 1


Fotograma nº 2


Fotograma nº 3


Fotograma nº 4


Fotograma nº 5

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763, Os Lassas"  (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Visita de uma delegação do MNF. Quem seria a senhora dos fotigramas nºs 3, 4 e 5 ? Não era seguramente a Cilinha...Tem um "look" demasiado jovem para poder  ser a Cilinha, então com 44 anos...

Fotos: © Mário Fitas (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

7. Comentário do editor LG:

Depois destes depoimentos, não é dífíil chegarmos à conclusão de que, de facto,  nenhumas das semhoras, dos fotogramas enviados pelo Mário Fitas, é a Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto. Houve aqui um lapso nas legendas, tanto por parte do Mário Fitas, como dos editores do blogue.

No início de fevereiro de 1966, a então presidente do Movimento Nacional Feminino (MNF) visitou a Guiné, pela primeira vez, acompanhada de Renata da Cunha e Costa. A RTP deu-lhe honras de telejornal.
 
Não sabemos, com detalhe, o percurso da visita... Mas sabemos que esteve na região de Tombali, em Cufar, em Catió e em Bedanda... Mas também, na região do Cacheu, em Binta, ou na região do Oio, em Porto Gole, por exemplo... 

Por ocasião da notícia da morte da ex-presidente do MNF (ocorrida em 25 de maio de 2011),  o Mário Fitas mandou-nos um conjunto de fotos (ou melhor fotogramas, extraídos de um filme de 8 mm), com a seguinte mensagem:

(...) Sem qualquer preconceito político, revelo aqui a minha admiração por uma mulher que soube conviver com os jovens soldados nos tempos da guerra (hoje velhos Combatentes).

Julgando ser de interesse para o Blogue e para a história do conflito na Guiné, anexo algumas fotos da D. Cecília Supico Pinto (com a esposa do Cap Costa Campos, comandante da CCAÇ 763) em Cufar, terra dos Lassas.

Em duas das fotos podemos vê-la acompanhada de D. Maria da Glória (França). (...)  (*).

Mais recentemente, em 23/9/2022,  o Mário enviou-nos mais imagens, do mesmo lote, as quatro que reproduzimos no início do poste em formato de pequena dimensão. 

Erradamente, publicámos, em 2011,  essas iamgens como sendo a da visita a Cufar da delegação oficial do MNF, pu seja, da Cecília Supico Pinto e da Renata Cunha e Costa, quando na realidade se trata de duas senhoras vindas de Bissau, e que estão acompanhadas da esposa do comandante de "Os Lassas", o cap Costa Campos, Maria da Glória (França) (é a primeira do lado esquerdo, nos fotogramas nºs 1 e 2).

Por outro lado, estranhávamos que a retratada nos fotogramas nºs 3, 4 e 5 fosse z Cecília Supico Pinto, "aos 44 anos, com um 'look' surpreendentemente jovem'... Na realidade não sabemos quem era esta jovem senhora, seguramente esposa de algum oficial em Bissau, da delegação provincial do MNF, e que terá acompanhado a Cecília Supico Pinto e a Renata Cunha e Costa.

Por ocasião do 9º Encontro da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/67), realizado em 2007, em Almeirim, comemorando os 40 anos do regresso de "Os Lassas", o Mário Fitas homenageou  também a  "senhora professora, enfermeira e companheira de guerra Maria da Glória (França)", agradecendo-lhe a "doação total à CCAÇ 763", razão porque, no seu entendimento, ela devia "ser considerada como parte integrante desta Companhia". Esta senhora vivia, pois, em Cufar, na altura da visita do MNF.

Recorde-se que o  Mário Fitas foi fur mil inf op esp, CCAÇ 763, "Os Lassas", Cufar, 1965/67. E tinha por nome de guerra "Mamadu"...É  autor de: (i)  "Do Alentejo à Guiné: putos, gandulos e guerra" (inédito, 2ª versão, 201o, 99 pp.); (ii)  "Pami N Dondo, a guerrilheira", ed. de autor, Estoril, 2005, 112 pp.

Esta passagem do primeiro livro, lida agora com mais atenção, pode ajudar a esclarecer algumas das nossas dúvidas:  

(...) Como reconhecimento do seu trabalho, os Lassas recebem dias depois a visita da Sra. Presidente do Movimento Nacional Feminino, Dª. Cecília Supico Pinto, acompanhada da Presidente da delegação de Bissau daquele movimento. 

Deixaram uma máquina de projectar filmes de 8 mm, uma viola e mais uns pacotes de cigarros. (...)

No Hospital Militar [, onde entretanto é internado para uma cirururgia à hérnia], ao princípio da tarde Mamadu  
["alter ego" do autor] acordou  (...)

Na tarde seguinte, apareceram umas senhoras simpáticas do MNF, a quem Mamadu informou gostar bastante de ler, e pe­diu se lhe arranjavam “A Besta Humana”, do Émile Zola. Muitas desculpas mas não conheciam a obra, no entanto iam tratar do assunto. Até hoje não teria sido lido, se o próprio não o tivesse comprado. (...)

Neste tempo todo, desleixou um pouco a correspondên­cia. Fragilizado, como pedinte, apenas mandou um bate-e
stradas (aerograma) à Tânia, muito simples e cauteloso, a solicitar se queria ser sua madrinha de guerra. Era uma forma hábil de contornar e chegar lá. Sem problemas, podia morrer mouro porque ao SPM. 2628 nada chegou, vindo de Terras do Lado do Norte. Madrinha não haveria.  (...) (**) (Negritos nossos).

O Mário Fitas ainda não sepronunciou este equívoco, mas já me prometeu arrajar cópia do vídeo donde foram extraídos estes fotogramas.... 

De qualquer modo, aqui fica, por mor da verdade, estes esclarecimentos quer do editor, quer da biógrafa da Cilinha, quer dos camaradas que a conheceram pessoalmente, a começar pelo Joaquim Mexia Alves, cuja mãe era dirigente do MNF de Leiria (***).  Agradeço a todos a colaboração, respondendo prontamente ao meu mail. Mas os nossos leitores também têm uma palavra a dizer.
___________

Notas do editor:


 
(***) Último poste da série > 25 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22570: Casos: a verdade sobre... (28): a CCAÇ 1546 e o Mareclino da Mata: uma mentira colossal (Domingos Gonçalves, ex-alf mil inf, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23603: Notas de leitura (1493): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte VIII: A visita de uma delegação do Movimento Nacional Feminino, em fevereiro de 1966: "O senhor capitão hoje está cheio de sorte, há meses que não via uma mulher branca, hoje vê duas"

 
Guiné > Região de Cacheu > CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) >  2 de maio de 1969  > O nosso camarada, membro da Tabanca Grande (e da Magnífica Tabanca da Linha), Miguel Rocha, ex-alf mil inf, na altura a fazer as funções de comandante da companhia,  aqui a "tabaquear o caso",  com a presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto  (1921-2011) (a menos de um mês do seu 48º aniversário natalício)... O nosso camarada "indaga da possibilidade de obter mais uns maços de tabaco para os rapazes da sua Companhia" (*)... Mas o caixote está quase vazio... e o que restava já tinha destino... Até o tabaquinho era rateado...

O caixote tem uma marca ou um logo, "INTAR", que hoje a maior parte dos nossos leitores já não é capaz de decifrar: INTAR - Empresa Industrial de Tabacos, SARL... Foi nacionalizada, juntamente com a Tabaqueira (grupo CUF): as  duas empresas tabaqueiras detinham praticamente a totalidade do mercado nacional de cigarros. Em 30 de junho de 1976,  foi criada a Tabaqueira - Empresa Industrial de Tabacos, EP (que já não existe, ou melhor é ums subsidriária de uma multinacional).

Esta cena (a da foto acima)  foi recordada pelo Miguel Rocha, em poste ainda recente (*). E nele acrescentou:

(...) "no ano do I Centenário do nascimento (30/05/1921) de Cecília S. Pinto, em sua memória, e com profundo respeito e admiração pela sua pessoa e sua obra, não esquecendo todas as outras Senhoras do MNF, muitas delas Mães de jovens mobilizados para as frentes de combate, venho aqui deixar meu testemunho de eterna gratidão pelo apoio dado aos combatentes na sua inegável qualidade de 'portadora de afectos' " (!) (...).(*)

Foto (e legenda): © Miguel Rocha (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné  > Região de Tombali > Nhala > 10 de março de 1974 > Visita da líder do  Movimento Nacional Feminino > A Cilinha, aqui já com 53 anos feitos, de óculos escuros, e sempre impecavelmente vestida e penteada,  olha directamente para a objectiva do fotógrafo.  Ela sabia que, ali no "cu de Judas", era o alvo de todas as atenções... Era uma mulher, branca, de personalidade forte, corajosa, elegante e vistosa sem ser bonita.  Em 1974, já tinha o "respaldo político" que tinha no tempo de Salazar...

A seu lado o comandante de batalhão de Aldeia Formosa, ten cor inf Carlos Alberto Simões Ramalheira, e o cap mil inf Domingos Afonso Braga da Cruz (1946-1987), cmdt da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72,  que estava em Nhala, tendo estado também em Aldeia Formosa e Cumbijã. (A 1ª Companhia passou por Buba e Mampatá; a 3ª estava em Aldeia Formosa.)

Foto (e legenda): © António Murta  (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Estas duas fotos, com uma diferença de cinco anos,  servem para ilustrar uma outra visita, do MNF, realizada en 1966,  três anos e oito anos antes (respetivamente),  ao capitão Cristo e aos seus bravos de Bedanda, e reconstituída no livro de memórias do cap inf Aurélio Manuel Trindade (n. 1933) ("Panteras à Solta", de Manuel Andrezo, ed. autor, 2010, pp.  340-342), de que temos publicado diversas notas de leitura (**)

A visita a Bedanda está descrita em  três páginas deliciosas que servem para comprovar que a Cilinha e o seu Movimento Nacional Feminino (MNF) estavam longe de ser consensuais e até queridos, aos olhos de muitos militares, não só milicianos (que eram os mais críticos), como  também de uma parte dos  oficiais do quadro permanente, sobretudo os mais jovens.

Os militares de Bedanda (onde estava a 4ª CCAÇ, companhia de guarnição normal da província)  é contemplada por uma rápida e inesperada  visita de duas senhoras do  MNE, que vêm de Bissau, de DO-27 (presume-se), acompanhadas de um alferes.  

O autor não a identifica, mas a protagonista desta história da visita (que  "acabou por não dignificar em nada o MNF", pág. 340), era seguramente a Cecília Supico Pinto (mais conhecida por "Cilinha" pelos "rapazes" que prestavam serviço no ultramar). 

A visita deve ter ocorrido em fevereiro de 1966, na época seca (a primeira vez que ela foi à Guiné,  à sua "Guinezinha") (***), e não em junho de 1966 (já na época das chuvas, como sugere o cap Cristo, traído  certamente pela memória, ao dizer que já tinha 11 meses de comissão). 

Na mesma altura, a CCAÇ 736, em Cufar (1965/66), comandanda pelo cap inf  (Carlos Alberto Wahnon Mourão da) Costa Campos recebeu a visita da  delelegação do MNF, constituída pela  Cecília Supico Pinto e  a Renata da Cunha e Costa, aqui documentada pelo nosso Mário Fitas, ex-fur mil op esp,  no poste P8371 (****)

O cap Cristo terá sido pouco "oficial e cavalheiro" no trato com as senhoras, dirão alguns... No livro é irónico, para não dizer sarcástico e até truculento, na descrição e apreciação que faz da visita (é certo que muitos anos depois, mais de 40 anos depois):

Primeiro "hipotecaram um avião" (sic), um recurso sempre escasso e dispendioso naquela época e, para mais, no sul da Guiné, e depois "os resultados da visita foram menos que nulos porque foram negativos". 

(...) Depois da visita ficaram convencidos de que as senhoras quiseram ver, com
os seus próprios olhos, uns macacos que levavam vida de cão, algures no sul da Guiné, sem as mínimas condições e péssima alimentação (...)  Negritos nossos].           

Num aquartelamento onde faltava tudo ou quase tudo, abastecido penosa e perigosamente uma vez por mês, por via fluvial, a visita das senhoras do MNE, de mãos vazias, podia parecer um insulto gratuito. E, para a tropa nativa, deveria ser algo de intrigante e exótico:

(...) Quanto a frescos, muito raramente os comiam. Combatiam os guerrilheiros, dia e noite, sendo mais os dias de contacto com a guerrilha do que o contrário. Não por acaso dizia-se que Bedanda era uma ilha cercada pela guerrilha. Na opinião dos oficiais da Companhia de Bedanda as senhoras queriam levar no seu palmarés, para contarem às amigas durante os chás-canastas, que tinham estado no sul da Guiné, numa Companhia onde o perigo era constante. Para elas isso era bom, para a tropa era um frete (...) (pág. 340).

"Frete": eis talvez o termo mais apropriado, para  caracterizar a atitude dos homens de Bedanda face à visita meteórica das duas senhoras do MNF. Esta opinião seria compartilhada por alguns comandantes de subunidades no mato, comandantes operacionais como o cap Cristo que davam o "litro e meio" e pouco ou nada recebiam em troca, dos  seus superiores hierárquicos (comando de setor, comando de agrupamento e senhores de Bissau). 

O cap Cristo, pessoa civilizada e militar aprumado, mas frontal, cumpriu naturalmente os seus deveres de hospitalidade, "oferecendo-lhes o que tínham: cerveja, uísque e conservas",  sem esquecer a  água... que era ingerível. Em contrapartida, elas nada tinham para ofecerer, para além das palmadinhas nas costas, dos sorrisos postiços e da exibição... da cor da pele:

(...) A visita tinha sido mal planeada. Uma visita deste tipo deve ser acompanhada de algumas lembranças, bolas de futebol, por exemplo, ou rádios, jogos de damas, isqueiros, cartas, algo que possa servir para atenuar o isolamento destes homens. Nada disso foi oferecido à Companhia pela delegação do MNF. 

As ofertas foram exclusivamente bate-estradas [aerogramas, na gíria da tropa, LG] que divididos pelo efectivo, davam três exemplares a cada militar. Era muito pouco para uma visita que se supunha ter por finalidade dar alguma alegria e apoio aos militares. O capitão pediu outros materiais ao MNF que nunca foram recebidos (...) [Negritos nossos] . 

No decurso da visita, o cap Cristo verificou que "uma das senhoras era mais extrovertida do que a outra. Falava muito com toda a gente, e na sala de oficiais sentou-se em cima duma mesa com as pernas a baloiçar e a saia um pouco subida, parte das coxas à mostra" (...) (pág. 340).  

Este diálogo entre os dois (a senhora só pode ser a Cilinha que, nessa altura, em fevereiro de 1966, já tinha 45 anos), reconstituído muitos anos depois, merece ser transcrito (pág. 341). É um belo naco de prosa castrense:

(...) "- Senhor capitão, há quanto tempo está aqui?

─ Onze meses, minha senhora. [Ele queria dizer sete meses, desde julho de 1965, fez mal as contas. LG ]

─ Já foi à metrópole depois de ter chegado à Guiné?

─ Ainda não. Quando cheguei vim logo para Bedanda e daqui só tenho saído para o mato. Nem a Bissau fui.

─ Então hoje está cheio de sorte.

─Não sei porquê. Só se for por ter visitas. Para quem está isolado da civilização como nós estamos, as visitas são sempre bem-vindas e dão-nos muito prazer e alegria.

─ Era disso que eu estava a falar. E as de hoje são visitas especiais. Desde há onze meses que não via uma branca e hoje teve oportunidade de ver duas.

─ É verdade minha senhora. Nesse ponto tem razão. Já não via uma mulher branca há onze meses e daqui a pouco nem sei como elas são. Hoje vejo duas brancas e duma delas vejo as pernas até às coxas. Mas como deve calcular, isso é muito pouco. Quem está aqui no mato, na situação em que nós estamos, precisa e merecia mais do que ver brancas. E a esse respeito, como sabe, estamos a zero.

─ O senhor capitão é muito exigente.

─ Não, minha senhora. Primeiro não exijo nada, nem sequer a vossa visita. Segundo, tenho trinta anos e sempre ouvi dizer que um homem é um homem e um bicho um bicho. Além disso não sou de pau. Tenho as minhas necessidades como todos os homens e o instinto mais apurado pelas dificuldades por que tenho passado no que a nossa conversa subentende.

─ Compreendo a sua situação mas mais nada posso fazer.

─ De qualquer maneira muito obrigado pela intenção e pela boa vontade.

─ Senhor capitão, está na hora de me ir embora e acredite que deixo Bedanda com pena, e também sofro com a vida de isolamento que vocês aqui levam. Tudo o que puder fazer por vocês, farei. Gostaria, se me permitisse, de me despedir dos seus soldados à moda do MNF. (...)


A despedida da líder do MNE, perante a companhia formada na parada,  foi, para surpresa de todos, feita com um valente assobio à cabreiro da Serra da Estrela:

(...) ─ Pedi ao vosso capitão para me despedir de vocês. Gostei de estar aqui convosco, estas horas, tenho pena de não poder estar mais tempo. Daqui a pouco é noite e o avião não pode levantar voo. Tenho que estar hoje em Bissau. Sei que são uma boa tropa, valentes combatentes. Estou contente por isso e deixo-vos a minha solidariedade, amizade e respeito, bem como a de todas as mulheres portuguesas que se sentem felizes por saberem, que mesmo em más condições, os soldados portugueses cumprem com eficiência as suas missões. Se me permitirem vou-me despedir “à MNF”. (...)

E o autor não deixa o leitor com água no bico, descreve o modo da despedida com detalhe e sentido de humor:

(...) Ao dizer isto, a senhora leva dois dedos à boca e solta um assobio que faria inveja a muitos pastores. Toda a companhia ficou sem saber com reagir. Esperavam tudo menos os assobio. Conseguiu surpreender. O mais surpreendido parecia ser o capitão que olhou para a senhora com uma cara de basbaque que metia aflição (...) Negritos nossos]

A seguir, o capitão  e os restantes oficiais  acompanharam as senhoras até à pista, como mandavam as boas regras da etiqueta militar. Embasbacados, "ele e os alferes ficaram na pista até o avião desaparecer no horizonte". (...) (pág. 342).

Caros leitores, digam lá se não é um texto de antologia? Parabéns ao autor. Não estamos habituados a esta lhaneza e desassombro na escrita, por parte dos militares da sua geração, oriundos da Escola do Exército... Tiro-lhe o quico, meu general!...


Guiné > s/l > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, então com 44 anos, na sua primeira viagem à sua "Guinezinha",  falando para um grupo de militares; em segundo plano, um dos seus "braços direitos", também elemento da comissão central do MNF,  [Amélia] Renata [Henriques de Freitas] da Cunha e Costa.  

Fotograma do vídeo (6' 43'') da RTP Arquivos > 1966-02-01 > Cecília Supico Pinto visita Guiné (Com a devida vénia...)
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Notas do editor:



Último poste da série > 9 de setembrro de  2022 >  Guiné 61/74 - P23601: Notas de leitura (1492): "Diário Pueril de Guerra", por Sérgio de Sousa; Editoral Escritor, 1999 (1) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22828: Notas de leitura (1401): "Adeus... até ao meu regresso": livro de memórias fotográficas de 56 antigos combatentes, naturais de Vila Real, incluindo o Miguel Rocha, ex-alf mil inf, CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70) - Parte I

 

Feliz capa do livro "Memórias fotográficas da guerra colonial: Angola, Guiné, Moçambique, 1961-1974". editado pelo Grupo Vila-Realense de Ex-Combatentes do Ex-Ultramar. Coordenação: Carlos Almeida e Duarte Carvalho. Vila Real, 2021, 191 pp. Foto da capa: Guiné, 1966, coleção de José Ferreira Barros.


1. Chegou-nos, pelo correio, um exemplar desta obra, com dedicatória, oferta do nosso camarada Miguel Rocha, membro da Tabanca Grande desde 21/11/2019, natural de Vila Real, a residir em Oeiras: 

"Para o amigo Luís Graça com um abraço do transmontano Miguel Rocha, 12/12/20212". (Às vezes, ele brinca com a região da sua naturalidade, dizendo-me: "Olha, é o Rocha, o transmontano, não o alentejano"!... Na Tabcanca da Linha, onde o conheci, eu achava que ele era alentejano,  por ser amigo, vizinho e companheiro de mesa do Manuel Macias, que, esse, sim, é da Aldeia Nova de São Bento, Serpa...)


O Miguel é um dos 56 ex-combatentes, naturais de Vila Real, que passaram pelos teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambqiue, entre 1961 e 1974, e quiseram agora partilhar as fotos dos seus álbuns, numa bonita iniciativa que, se não é inédita, tem  grande mérito e pode até servir de exemplo (contagiante) para outros grupos.

O pretexto são os 60 anos do início da guerra do ultramar / guerra colonial e o objetivo desta obra é singelo, mas nem por isso digno de realce: dar a conhecer "retalhos do nosso dia-a-dia" destes homens, uma valiosa contribuição, afinal, para a"pequena história" que tem de (ou deve...) ir a par da "grande história" com a H... 

É uma homenagem também aos 15 vila-realenses que perderam a vida neste conflito, e cuja memória é lembrada, todos os anos, a 1 de dezembro, por este grupo de ex-combatentes.

Grato ao Miguel e demais camaradas que congregaram esforços para a materialização deste projeto, deixo aqui alguns excertos da obra, numa primeira nota de leitura.

Mandei há dias ao Duarte Carvalho a seguninte mensagem:

 "Duarte, parabéns pelo vosso trabalho (e em especial pelo teu). O Miguel Rocha já teve a gentileza de oferecer ao blogue um exemplar do vosso livro e vamos dar-lhe o devido destaque, com menção da lista de autores, e ficha técnica, e reprodução de algumas fotos (uma de cada TO).

Peço desculpa por não ter publicado, em tempo oportuno, o teu convite . Houve um lapso na gestão do correio. Mas farei referência à cerimónia. Vejo que fazes falta aqui no nosso blogue e na nossa Tabanca Grande. Aceita o convite para te juntares a esta comunidade virtual, dos amigos e camaradas da Guiné, e onde já estão camaradas transmontanos como o MIguel e outros,


Em 24 de novembro passado, o Duarte Carvalho mandara-nos a notícia (e o convite) do lançamento da obra:

"Dia 1 de Dezembro de 2021 pelas 15h30 nos claustros do antigo Governo Civil de Vila Real. Apresentação do álbum de fotografias “ADEUS…ATÉ AO MEU REGRESSO”. Memórias fotográficas de 56 Vila-Realenses que participaram na Guerra Colonial (1961/1974). Apresentador: Eduardo Varandas."

Sublinhe-se, com apreço, o apoio a esta obra (ou o patrocínio), dado por diversas instutuições e empresas locais: Câmara Municipal de Vila Real, Junta de Freguesia de Vila Real, Liga dos Combatentes - Núcleo de Vila Real, CIMAGOM, realcópia, CA - Crédito Agrícola e Adega Vila Real.

Reprodução do preâmbulo:






Guiné- Bissau > 1968-70 > Coleção Miguel Rocha:  Dois irmãos na Guiné, Carlos Jorge Ribeiro Rocha, e Miguel José Ribeiro Rocha. Foto Iris (Bissau), outubro de 1969.


Guiné> 1968-70 > Coleção Miguel Rocha: s/d, s/l >  O Miguel 


Guiné > 1968-70 > Coleção Miguel Rocha: s/d, s/l >  O Miguel é o primeiro da esquerda  

O Miguel Rocha foi alf mil inf, CCAÇ 2367/BCAÇ 2845, "Os Vampiros" (Olossato, Teixeira Pinto e Cacheu, 1968/70).  O irmão Carlos esteve no sul, na região de Tombali, em Aldeia Formosa (1969/71), segundo informação (telefónica) do mano. Vive em Vila Real.

(Pág. 87)