1. O nosso Camarada José Eduardo Oliveira - JERO -, (ex-Fur Mil da CCAÇ 675, Binta, 1964/66), enviou-nos hoje a seguinte mensagem:
O Alferes Médico Martins Barata deu-me as devias instruções e em pouco tempo arranjei uma lista de militares com necessidade de cuidados de medicina dentária. À distância no tempo há que recordar que a visita a Farim era para arrancar dentes e não para os arranjar.
Salvo as devidas distâncias e com o devido respeito recordei-me desta história a quando de uma recente postagem sobre uma ida do então General Spínola ao estomatologista. No HM 241, em Bissau. Com o seu monóculo a ser confiado a um Médico durante o tempo da consulta dentária.
(Poste P7697, de 30.Janeiro.2011)
«É evidente que quem o tratou foi o Chefe, mas havia necessidade que alguém tomasse conta do monóculo e logo me tocou a mim. É engraçado que senti aquele receio de ser o fiel depositário de tão solene objecto. Mas consegui não o deixar cair!!!»
(Mário Bravo)
Por volta de Novembro ou Dezembro de 1965, quando já contávamos cerca de 18 meses de comissão, chegaram ordens via rádio a Binta, vindas da sede do Batalhão em Farim, para uma ida ao dentista.
(Mário Bravo)
IDA AO DENTISTA A FARIM
Por volta de Novembro ou Dezembro de 1965, quando já contávamos cerca de 18 meses de comissão, chegaram ordens via rádio a Binta, vindas da sede do Batalhão em Farim, para uma ida ao dentista.
Militares da “675” aguardam transporte para Operação “TIRA-DENTE”
O Alferes Médico Martins Barata deu-me as devias instruções e em pouco tempo arranjei uma lista de militares com necessidade de cuidados de medicina dentária. À distância no tempo há que recordar que a visita a Farim era para arrancar dentes e não para os arranjar.
Num dia de manhã a coluna dos militares com dentes “estragados” arrancou para Farim.
Sentados nos Unimogs, com a G-3 entre as pernas e com o lenço na boca. Era naqueles dias que quem seguia atrás da primeira viatura comia pó que se fartava.
Chegámos a Farim sem problemas de maior e como Furriel Enfermeiro recebi instruções para orientar a consulta .Ao ar livre, está claro. Duas cadeiras e duas filas, frente a um Alferes Médico e a um 1º.Cabo auxiliar de enfermagem. Cada “cliente” abria a boca, dizia qual era o dente ou os dentes estragados, levava uma injecção (anestesia) e vinha para o fim da fila. Passados uns minutos avançava para a extracção. Abre a boca, respira fundo e… alicate. Já está.
Meia dúzia de minutos depois do início das primeiras extracções, e como é comum na vida militar, alguém segredou ao parceiro do lado que o cabo é que era “bom”.
A fila que destinava ao médico ficou reduzida ao mínimo. Tentei perceber o que se passava e refazer a “fila” pró Alferes. Mas não consegui grande coisa.
A fila do Cabo engrossava e deve ter “facturado” o triplo das extracções em relação ao seu superior. Foram recomendados alguns cuidados de higiene aos desdentados e com a malta toda a cuspinhar sangue lá regressámos a Binta. O lenço verde deu um jeitão.
A fila do Cabo engrossava e deve ter “facturado” o triplo das extracções em relação ao seu superior. Foram recomendados alguns cuidados de higiene aos desdentados e com a malta toda a cuspinhar sangue lá regressámos a Binta. O lenço verde deu um jeitão.
O pó avermelhado da “estrada” é que foi difícil de suportar… mas a meio da tarde estávamos em “casa”.Sem problemas de maior. Além das dores na boca, está bem de ver.
Termino o registo desta operação “tira-dente” com um testemunho pessoal. Também então precisava de ter ido ao dentista… mas não fui.
Termino o registo desta operação “tira-dente” com um testemunho pessoal. Também então precisava de ter ido ao dentista… mas não fui.
Quando em Maio de 1966 regressei da Guiné andei cerca de 2 anos a tratar dos dentes. E tiveram que me extrair 11 (onze) dentes. Uma das extracções correu mal e tive uma alveolite. Como o próprio nome indica é uma infecção no alvéolo. Regressei ao dentista e ele mandou-me abrir a boca. Enquanto o diabo esfrega um olho fez-me uma raspagem. A frio, sem anestesia. Mais tarde explicou-me porquê. Mas naquele momento dei um berro que se deve ter ouvido dois andares acima do consultório. Dei um berro e um salto na cadeira.
Na “descida”… lembrei-me do Cabo. O de Farim. Porque é que não fui para a fila dele?
Na “descida”… lembrei-me do Cabo. O de Farim. Porque é que não fui para a fila dele?
Não me tinha doído tanto e tinha sido à borla…
Acabei por contar a história do Cabo-dentista de Farim ao Médico-dentista de Alcobaça.
E consegui, mais tarde, um desconto na esquelética. Que é uma das minhas recordações da Guiné. Onze dentes postiços. Seis em cima e cinco em baixo.
Bons velhos dentes, digo, tempos.
De Binta. Da Guiné.
E quanto partir… até posso cá deixar a esquelética.
Pró museu da minha Companhia. Da seis, sete, cinco.
Mas não tenho pressa nenhuma…
JERO
Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Fur Mil Enf da CCAÇ 675
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Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:
3 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7544: O Mural do Pai Natal da Nossa Tabanca Grande (34): Quem tem cu… tem continuação… (José Eduardo Oliveira - JERO)