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domingo, 20 de abril de 2025

Guiné 61/74 - P26705: História de vida (60): A esloveno-americana Vilma Kracun, n. 1947, membro nº 900 da nossa Tabanca Grande (João Crisóstomo, grão-tabanqueiro nº 432)




Foto nº 1 > Vilma Kracun Crisóstomo e João Crisóstomo,   na Parada alusiva ao Dia de Portugal em Mineola, NY, 10 de junho de 2018: Fonte: www.lusoamericano.com~

 


Foto nº 2 > A Vilma, nascida em 1947: aqui com a irmã mais nova


Foto nº 3 > A primitiva casa de família


Foto nº 4 > O Castelo de Brestanica



Foto nº 5 > Em Paris, aprendendo piano


Foto nº 6 > Vilma  (á direita) com a Jacinta, irmã do João e, no meio  a cunhada dele  (primeiro casamento).


Foto nº 7 > Enfermeira em Paris


Fotos (e legendas): ©  João Crisóstomo (2025) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 
1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, casado com a Vilma Kracun Crisóstomo, nossa grã-tabanqueira nº 900 (*):


Data - terça, 4/03/2025, 18:40
Assunto -  Vilma
 
Caro Luís Graça

Aqui estão algumas fotos que poderão ser aproveitadas ( ou não, que a qualidade deixa muito a desejar). E um texto que poderás aproveitar ou não. Segue, que pelo menos tu e a Alice gostarão o de ler.

Fotos têm sempre mais valor se a elas pudermos associar alguma coisa de interesse. E isto aplica-se bem ao caso da Vilma. A única razão para eu enviar a foto nº 2 é que esta é a única que tenho de quando ela era ainda menina e moça. 

Bandeira da Eslovénia
(com três cores: branco, azul e vermelho)

A Vilma, nascida em 1947,  na Eslovénia (ainda então Federação da Jugoslávia, 1945-1991), é a mais velha das duas, sendo a outra criança a sua irmã mais nova, nascida em 1955.

Estas fotos referem-se sobretudo à Vilma, antes de eu a conhecer. A última foi tirada no dia em que nos reencontramos, já depois de eu a ter convencido a vir comigo para os Estados Unidos (foto nº 1).

Nem sei como hei-de começar, pelo que vou escrever conforme as lembranças do que ela me contou me vierem.

O castelo nesta foto nº  4 é o Grad Rajhenburg, ou "Brestanica Castel", que tem muito a ver com a Vilma e sua família. Está situado num monte nas margens do Rio Sava, como se pode ver na foto, onde se vê ao fundo, mesmo junto ao rio, ao longo do rio, o caminho de ferro que serve e atravessa a Eslovénia e alguns outros dos países que formavam a Jugoslávia antes do seu desmembramento.

Um dia, logo na primeira vez que fui à Eslovénia, ao olhar de longe para aquele imponente castelo, que como todos os outros na Eslovénia é muito diferente dos nossos, pois mais parece uma mansão fortificada, eu mesmo de longe, notei que o castelo tinha sido recentemente restaurado, o que ela confirmou acrescentando que as janelas do castelo ainda tinham as mesmas cores com que o pai dela tinha reparado e pintado. Fiquei curioso e pedi-lhe que me contasse essa história de ter sido o pai dela que tinha reparado e pintado aquelas janelas.

Depois dos alemães terem invadido a Eslovénia, contou-me ela, eles fizeram deste castelo um ponto de receção e redistribuição de prisioneiros de todas as espécies: uns prisioneiros eram “aproveitados’ como trabalhadores forçados em projectos relacionados com a guerra e outros eram levados para os campos de concentração dos quais geralmente não chegavam mais a sair.

O pai da Vilma foi prisioneiro neste castelo. Não o foi porque fosse político ou judeu, mas simplesmente porque,  para um indivíduo desonesto e sem consciência que devia dinheiro ao seu pai, acusar o pai dela de ser antinazi foi o meio mais fácil de não ter de pagar o que lhe devia.

Valeu ao pai dela o facto de ser muito trabalhador e artista exímio de muitas profissões. Os seus muitos e variados talentos foram logo descobertos pelos alemães nazis que o começaram a aproveitar para tudo, desde trabalhos de alvenaria, carpintaria, pintura, limpezas, ajudante de cozinha e tudo o que fosse preciso fazer. 

O pai da Vilma logo compreendeu que o seu destino e o continuar naquele castelo/prisão dependiam de ele ser considerado preciso ou não. E porque era de natureza bonacheirão pouco a pouco cativou a boa vontade de toda a gente. Quando ia haver uma chamada para fazerem a escolha de quem saia ou ficava, havia sempre alguém que o avisava com antecedência e por vezes eram os próprios alemães que o escondiam, e nesse dia era dado como “desaparecido”. Para reaparecer no dia seguinte, explicando a sua ausência a um trabalho pessoal que um militar mais alto em hierarquia lhe mandou fazer. E de que ninguém se arriscava a duvidar. E assim, dadas as suas habilidades de que todos abusavam, mas que ninguém queria perder, ele conseguiu nunca chegar a ser escolhido para "outros destinos’.

Foi durante uma visita ao castelo que deparei com uma foto que já me era familiar, mas que eu não esperava encontrar em lugar proeminente dentro do castelo. É uma foto da antiga casa da Vilma (foto nº 3), antes de lhes terem dado, nos tempos do Presidente Tito, a casa que ainda agora é a sua casa.

Os seus pais quando vieram para Brestanica encontraram esta casa vazia que logo arrendaram e mais tarde compraram. Anos mais tarde a cidade resolveu limpar e alargar o Rio Sava, o maior rio da Eslovénia,  um dos afluentes do rio Danúbio. Isto exigiu a demolição de várias casas entre elas a sua casa, nas margens deste rio,  que teve de ser expropriada e demolida. E foi nesta altura que lhes deram então a casa onde ainda agora habitam.

A razão que leva esta foto a estar no museu é a sua história e usos que teve, antes do pai dela aí se instalar: devido à sua situação esta casa tinha servido de uma espécie de grande azenha: as águas do rio foram desviadas para passar nesta casa, onde estavam turbinas que forneciam a energia eléctrica para o castelo e para os monges trapistas, situados atras do castelo, e que possuíam grandes extensões de cultivo agrícola, especialmente de uvas e frutas.

A Vilma ficou traumatizada com as histórias que lhe contaram sobre os tempos em que os nazis ocuparam a sua terra natal. E quando na "high-school” (liceu) lhe foi dado a escolher entre Françês e Alemão como uma segunda língua ela, ao contrário da maioria, recusou-se a aprender alemão.

Quando houve uma oportunidade resolveu ir para Paris,  onde trabalhava como “nanny” ao mesmo tempo que frequentava a Sorbonne. Houve uma senhora amiga que descobriu que a Vilma tinha dotes para piano e começou a ajudá-la e a encorajar a Vilma nesse sentido. O piano na foto  (nº 5), que ela de entusiasmada comprou, foi tirada nesta altura. Problemas de saúde obrigaram-na a desistir, embora ainda hoje ela goste de assistir a concertos de piano e sinta pena de não ser ela a dedilhar o teclado em vez de ser simples espectadora.

Foi em Paris, frequentando a "Alliance Française”, que a Vilma encontrou e se fez amiga duma portuguesa, que também frequentava a Alliance. Pelas datas eu devia estar a frequentar também a Alliance, onde vim a conhecer esta portuguesa com quem eu viria a casar em Londres, mas nunca ouvi falar da Vilma. Foi em Londres que a vim a conhecer pois foi esta portuguesa, minha futura esposa, que a ajudou a encontrar um trabalho de "Au Pair Girl"  (ou "nanny") em Londres onde podia, repetindo o que fez em Paris, trabalhar e aprender a falar inglês. E foi em Londres que eu vim a conhecer a Vilma.

Graça à amizade que nutriam encontravam-se frequentemente e eu, fazendo companhia à minha namorada, encontrava-a de vez em quando. A sua companhia era agradável, mas nada mais do que isso, exceto que a minha esposa a convidou a ser a sua madrinha de casamento. 

Passados alguns meses de casados, nós decidimos ir para o Brasil. O apartamento onde vivíamos passou a ser o apartamento para a minha irmã mais nova, que eu tinha convencido a vir também para Londres para aperfeiçoar o  inglês, para a irmã de minha esposa que tinha feito o mesmo e para a Vilma. A foto (com as três jovens) (nº 6) foi tirada nessa altura, -- já eu e a minha esposa estávamos a viver no Rio de Janeiro.

Passados dois anos decidiram ir cada uma para sua terra e foi nesta altura que a minha esposa perdeu contacto com a Vilma. Começamos a procurá-la e, mesmo depois de eu e minha esposa nos termos separado, eu continuei a procurá-la. Para mim era até uma razão de me manter em contacto com outros amigos que a conheciam de Londres. 

Ela tinha voltado para Paris, onde tirou curso e trabalhou como enfermeira (foto nº 7),  primeiro num hospital e depois em regime particular, com o seu próprio escritório, juntamente com outra enfermeira. Teve pena de ter perdido a sua agenda com os endereços dos seus amigos, mas a vida de muito trabalho e a companhia da sua irmã mais velha que depois da morte do marido tinha vindo para Paris viver com ela,  não lhe permitiam muito tempo para pensar neles.

Entretanto eu continuava procurando velhos amigos/as cujo contacto tinha perdido. Lembro três que reencontrei ao fim de 17 anos, 23 anos e 11 anos sem saber nada deles.

O caso da Vilma foi mais difícil: demorou quarenta anos. Quando me disseram do seu paradeiro aproveitei a minha ida a Paris para visitar um amigo também reencontrado ao fim de 23 anos e que estava muito doente e de quem eu tinha receio que não recuperasse mais, para lhe telefonar. Marcamos um encontro na casa desse meu amigo. E o inesperado aconteceu: amor à segunda vista. O resto já foi contado, creio, que esta abençoada Tabanca não nos deixou mais (**). E agora acaba de dar as boas-vindas à minha Vilma como Tabanqueira de pleno direito.

Bem hajam todos. É um prazer e grande honra para nós.(***)

Vamos estar em Portugal no mês de maio. Oxalá nesse mês se proporcionem ocasiões de ver e dar abraços aos nossos camaradas:
 
(i) em 25 de maio (Convento do Varatojo, Torres Vedras);

(ii) e em 29  de maio (Tabanca da Linha, Algés).

 Até lá, um apertado abraço do “sénior” camarada João; e da "periquita" Vilma Crisóstomo.

_________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26544: Tabanca Grande (569): Vilma Crisóstomo, esposa do nosso camarada João Crisóstomo, que se senta no lugar n.º 900 sob o nosso "poilão sagrado"

domingo, 2 de março de 2025

Guiné 61/74 - P26544: Tabanca Grande (569): Vilma Crisóstomo, esposa do nosso camarada João Crisóstomo, que se senta no lugar n.º 900 sob o nosso "poilão sagrado"


1. Mensagem de ontem, 1 de Março de 2025, dia de aniversário da nossa nova Amiga Grã-Tabanqueira Vilma Crisóstomo, do nosso editor Luís Graça:

Ao lado de um grande homem está uma grande mulher.  A história de amor do João e da Vilma foi aqui partilhada no blogue, em 2013[1], e a Vilma já há muito que faz parte da Tabanca Grande. A nossa melhor prenda (minha, do Carlos e do João) é mandar-lhe a seguinte mensagem:..

"Dear Vilma, on your birthday our best gift is to tell you that from today onwards you will be a member of our Tabanca Grande, please sit in your seat number 900, under our Poilão, the great, symbolic, fraternal, and sacred tree, where we all fit with everything that unites us and even with what can separate us. If João is the leader of the Tabanca of the Lusophone Diaspora, you are his pillar: behind a great man (and best friend) there is always a great woman (and best friend), even more so a beautiful woman, born in a lovely European country like Slovenia. Good health and long life, you deserve everything."

Tradução para português:

"Querida Vilma, em dia de aniversário a nossa melhor prenda é dizer-te que a partir de hoje passas a ser membro da nossa Tabanca Grande, por favor senta-te no lugar n.º 900, à sombra do nosso Poilão, a nossa grande árvore, simbólica, fraterna, sagrada, onde cabemos todos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos pode separar. Se o João é o régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, tu és a sua trave-mestra: ao lado de um grande homem (e bom amigo) há sempre uma grande mulher (e boa amiga), ainda para mais uma mulher bonita, nascida num país europeu adorável como a Eslovénia. Muita saúde e longa vida, que tu mereces tudo."


2. Comentário do coeditor CV:

De há muito que a nossa Grâ-Tabanqueira Vilma Crisóstomo faz parte do léxico da Tabanca Grande. Podemos dizer que, onde está o João, está a Vilma, seja em convívios dos companheiros da Guiné, do marido, seja nas mais variadas actividades sociais e culturais onde o João está presente. Este nosso estimado camarada, sabemos, esteve e está envolvido em inúmeras iniciativas, podemos dizer a nível mundial, sendo as mais notáveis, o Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor Leste e o Dia da Consciência. A primeira causa pressionou a oponião pública e política internaciona a favor da independência daquele antigo território português e a segunda na perpetuação da memória do herói nacional que foi Aristides Sousa Mendes. 
Seja onde e como for, a Vilma está sempre presente com o seu cativante sorriso.

Temos, portanto, muita honra em receber entre nós, velhos combatentes, esta simpática senhora que não nos é desconhecida de todo porque esteve já presente, no dia 25 de Maio de 2019, em Monte Real, no XIV Encontro da Tabanca Grande.

XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > 25 de Maio de 2019 > O casal João e Vilma 

_____________

Notas do editor:

[1]- Vd. post de 23 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11448: Os nossos seres, saberes e lazeres (51): WE HAVE IT!!!.... Um linda história de amor, um reencontro ao fim de 40 anos, um casamento em Nova Iorque... E agora, que sejam felizes para sempre, meus queridos João (Crisóstomo) e Vilma (Kracum)! (Tabanca Grande)
e
29 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11499: Os nossos seres, saberes e lazeres (52): João e Vilma Crisóstomo, "just married", são notícia no New York Times e no LusoAmericano

Último post da série de 25 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26527: Tabanca Grande (568): Homenagem ao capitão e cavaleiro Leite Rodrigues (Aveiro, 1945 - Matosinhos, 2025), ex-alf mil cav, CCAV 1748 (1967/69), membro da Tabanca de Matosinhos: passa a sentar-se, simbolicamente, no lugar n.º 899, sob o nosso poilão, a título póstumo

sábado, 31 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25899: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (9): O amor mora em Queens: Vilma (esloveno-americana) e João (luso-americano) (Recorte do jornal "Dnevnik", 5 de julho de 2024)


 



Ljubezen v Queensu: Vilma in João | Love in Queens: Vilma and João | O amor mora em Queens: Vilma & João


1. Recorte (e fotos) do jornal "Dnevnik" , Liubliana, Eslovénia, 5 de julho de 2024. Artigo de Nik Erik Neubauer, que acompanhou o casal Crisóstomo, Vilma e João, desde a sua casa, em Queens, Nova IOrque, em viagem de férias, até à terra da Vilma, Brestanica, na Eslovénia, aproveitando o ensejo para contar o seu feliz reencontro há 13 anos atrás. Amigos desde 1971, João e Vilma estiveram sem notícias um do outro até 2011. Casaram-se em 2013.  Com a ajuda do Google Translate, traduzimos e adaptámos a versão inglesa do artigo (gentilmente disponibilizado pelo João). E que reproduzimos aqui, com a devida vénia. (LG)


I met Vilma Kračun and João Crisóstomo over coffee in the community space of the Slovenian church in Manhattan. When I introduce myself and tell them what I'm doing in New York, João tells me: "Today you will have lunch with us!"

Conheci   a Vilma Kračun e o João Crisóstomo  a tomar um café,  no espaço comunitário da igreja eslovena em Manhattan. Quando me apresentei e contei-lhes o que estava a  fazer em Nova York, o João disse-me logo: "Hoje você vai almoçar conosco!" (*)

 In a few minutes we are already driving to their house in Queens, and at the same time I get a short tour of the sights of Manhattan. I am most amazed by the tall and narrow skyscrapers, 

Em poucos minutos já estávamos a ir de carro para a  casa deles em Queens, e ao mesmo tempo que eu  ia fazendo  uma visita guiada aos pontos turísticos de Manhattan. O que mais me impressionava eram os altos e estreitos.arranha-céus 

Vilma laughs and says: "We call them cigarettes!". They tell me that they drive everywhere by car, because they feel that the subway is not adapted for elderly people, but at the same time, according to them, it can also be dangerous and you never know who you will run into.

A Vilma ri-se e diz-me: “Chamamo-lhes cigarros!”. Dizem-me que vão para todo o lado de carro, porque acham que o metro não é apropriado  para gente  idosa, e ao mesmo tempo, segundo eles, também pode ser perigoso,  nunca se sabendo com quem se vai deparar nos corredores.

When I enter their house, which somewhow reminds me of terraced houses in Koseze, I am surrounded by walls full of photos, documents, handwritten notes and newspaper articles from all over the world. Their love story went around the world and was published in many media.

Quando entro na casa deles, que de alguma forma me lembra as casas geminadas de Koseze, vejo-me cercado por paredes cheias de fotos, documentos, notas manuscritas en recortes de  artigos de jornais de todo o mundo. A sua história de amor deu a volta ao mundo e foi publicada em muitos meios de comunicação.

The couple met in 1971 and then reunited four decades later in 2011. They had met in London, where Vilma was working as an au pair and he as a waiter, after which they lost touch when João moved to New York. Together with his then-partner, he tried to find a lost friendship until 1997, when he and his then-wife broke . And from then on he continued to do it alone. He sent letters to her address, but they always bounced back.

O casal conheceu-se em 1971 e reencontrou-se quatro décadas depois, em 2011. Eles timha-se conhecido  em Londres, onde Vilma trabalhava como "au pair gitl"  e ele como porteiro de hotel, após o que perderam o contato um do ouytro quando o  João se mudou para Nova York.  Junto com sua então companheira, mãe dos seus filhos, ele tentou reencontrar uma amiga perdida até 1997, altura em que  se separaram, ele e a sua  esposa. E a partir daí ele continuou à procura da Vilma, mas agira sozinho. Enviou cartas para o endereço dela, mas foram sempre devolvidas.

He also tried to use all his many acquaintances to reunite with Vilma. He continued looking for her when he worked as a butler for people from high circles of American society, including Jacqueline Kennedy Onassis. He also tried to contact Vilma through a friend, Ramos Costa who was then the Portuguese Ambassador in Yugoslavia, but this was also unsuccessful, as Vilma had moved to Paris in the meantime. On Valentine's Day, in 2011, his then sister-in-law, who lived in Toronto, called him and told him that she had found Vilma on Facebook.

Ele também tentou usar a sua rede de contactos pessoais e sociais  para descobrir  a Vilma. Ele continuou a procurá-la quando trabalhava como mordomo para pessoas de alta sociedade americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis. Tentou também contactar a Vilma através de um amigo, Ramos Costa, então embaixador de Portugal na Jugoslávia, mas também não teve sucesso, uma vez a Vilma tinmha-se entretanto mudado para Paris. No Dia dos Namorados, em 2011, uma cunhada do João, que morava em Toronto, ligou-lhe econtou que havia encontrado a Vilma no Facebook.

João immediately called her and Vilma answered him in the middle of the night at two in the morning. In the following weeks and months, they spent hours and hours on the phone, talking and getting to know each other. A year later, João came to Vilma in Paris. "When he arrived, I felt as if I had known him all my life. He hugged me as tightly as the Portuguese do and I thought my heart would burst from all the emotions." 

João ligou-lhe  imediatamente. A Vilma atendeu a chamada, eram duas da madrugada...  Nas semanas e meses seguintes, eles passaram horas e horas ao telefone, conversando e conhecendo-se melhior. Um ano depois, o João veio ter com a Vilma a Paris. "Quando ele chegou, senti como se o conhecesse desde sempre. Ele abraçou-me com tanta força como os portugueseso fazem, e pensei que o meu coração fosse explodir de t
anta emoção." 

Vilma had already started to fall in love with Joao during all the conversations on the phone, while he primarily wanted to find his good friend: "I don't like to lose friendships, which are our greatest treasure in life. But when we hugged then it was really like love at first sight." On the two-hours journey to a border town in Switzerland, they also told each other in person everything that they had not been able to do over the phone before. Soon after, they moved to New York and got married.

Vilma já havia começado a apaixonar-se  pelo João ldurante as primeiras  conversas mantidas ao telefone, enquanto ele queria principalmente encontrar a sua boa amigo: "Não gosto de perder amizades, que são o nosso maior tesouro na vida. Mas quando nos abraçámos então foi realmente amor à primeira vista." Na viagem de duas horas até uma cidade fronteiriça na Suíça, eles também contaram um ao outro pessoalmente tudo o que antes não tinham conseguido fazer por telefone. Logo depois, mudaram-se para Nova York e casaram-se.


João's unyielding character is also manifested in many humanitarian purposes. He was involved and influential in preventing the construction of a dam in Portugal that would have caused the destruction of Stone Age drawings in the Portuguese town of Vila Nova de Foz Côa. In 1998, UNESCO listed the area as a World Heritage Site. Rupert Murdock, an Australian businessman and media magnate, for whom he occasionally worked as a butler helped him, by recommending him to the editor of the “Times of London” one of the many publications he owned. For his role in rallying the international media to this campaign to save the Fozcoa Engravings he was thanked for his efforts by the then Prime Minister of Portugal, today's Secretary General of the United Nations, António Guterres.

O carácter determinado  do João também se manifesta em muitos propósitos de cariz humanitário. Teve envolvimento e influência na campanha contra  a construção de uma barragem em Portugal que teria causado a destruição de gravuras da Idade da Pedra em Vila Nova de Foz Côa. Em 1998, a UNESCO classificou  a área como Patrimônio Mundial. Rupert Murdock, empresário australiano e magnata da comunicação social, para quem trabalhou ocasionalmente como mordomo, ajudou-o, recomendando-o ao editor do “Times of London”, uma das muitas publicações que possuía. Pelo seu papel na mobilização dos meios de comunicação internacionais para esta campanha para salvar as Gravuras de Foz Coa, foi objeto de apreço e gratidão   pelo então Primeiro-Ministro de Portugal, hoje Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

He also played an important role in the independence of East Timor, by his contacts with Patrick Kennedy, Bill Clinton and Nelson Mandela and other leaders and key people in world affairs.

 Desempenhou também um papel importante na independência de Timor-Leste, através dos seus contactos com Patrick Kennedy, Bill Clinton e Nelson Mandela e outros líderes e pessoas-chave na política internacional. 

He was also influential in his contacts with the international media, the US Senate and the Clinton administration. His desire to help, whenever he felt his involvement could be useful, led him to collect signatures of support for the release of three American hostages from Colombia in 2008. He is always tireless in his efforts, forced sometimes due to time zones differences to stay up all night on the landline to contact influential people from around the world.

Ele também foi influente nos seus contatos com os órgãos de comunicação a níve internacional,.  o Senado dos EUA e a administração Clinton. A sua vontade de ajudar, sempre que sentiu que o seu envolvimento poderia ser útil, levou-o a recolher assinaturas de apoio à libertação de três reféns americanos da Colômbia em 2008. É sempre incansável nos seus esforços, obrigado às vezes, devido a diferenças de fuso horário, a ficar acordado a noite toda, ao telefone fixo,  para entrar em contato com pessoas influentes de todo o mundo. 


At the moment João and and Vilma are on a visit to Slovenia, visiting her hometown in Brestanica.

They will soon go to Portugal, where a ceremony will be held on July 19 when the former home of the portuguese diplomat Aristides de Sousa Mendes, after long repairs and reconstruction will be reopened by the President of Portugal .


This new renovated home, now transformed into a Museum will be the new headquarters of the Day of Conscience.

Neste momento João e Vilma estão de visita à Eslovênia, visitando  da Vilma cidade natal, Brestanica. (**)

Irão em breve para Portugal, onde será realizada uma cerimónia no dia 19 de julho, quando a antiga casa do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, após um longo restauro e  reconstrução, será reaberta pelo Presidente de Portugal. (***)

Esta nova casa renovada, agora transformada em Museu, será a nova sede do Dia da Consciência. 

The “Day of Conscience” was first publicly remembered in 2004 by João Crisóstomo with dozens of events in 21 countries around the world to commemorate the day ( 17 of June 1940) when Aristides de Sousa Mendes, against the express orders of Lisbon, but in accordance with his conscience, began issuing as many visas as he could, many thousands of them, to Jews and other refugees during the Second World War.

O “Dia da Consciência” foi recordado publicamente pela primeira vez em 2004 por João Crisóstomo com dezenas de eventos em 21 países de todo o mundo para comemorar o dia (17 de Junho de 1940) em que Aristides de Sousa Mendes, contra as ordens expressas de Lisboa, mas em de acordo com a sua consciência, começou a emitir tantos vistos quanto pôde, muitos milhares deles, para judeus e outros refugiados durante a Segunda Guerra Mundial. 

During His General Audience on June 17 2020 Pope Francis, following long and perseverant efforts by João Crisóstomo, founder of this project, recognized the great humanitarian diplomat Aristides de Sousa Mendes and the “Day of Conscience”.

Durante a Audiência Geral de 17 de junho de 2020, o Papa Francisco, após longos e perseverantes esforços de João Crisóstomo, fundador deste projeto, reconheceu o grande diplomata humanista Aristides de Sousa Mendes e o “Dia da Consciência”.


(Tradução, adaptação, revisão/fixação de texto, tíitulo, itálicos e negritos: LG)
 (Com a devida vénia...)
___________

Notas do editor:


(*) Últimos cinco poste da série >
29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25893: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (8): Mensagem enviada ao Blogue pelo ex-Alf Mil Rogério Parreira do BENG 447 (Guiné, 1968/70)


29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25891: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (7): ... E vamos lá estar, no Porto, na Casa da Música: Orquestra Médica Ibérica, Concerto solidário, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00

27 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25888: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (6): Lançamento do livro "A Pesca da Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores", de Arsénio Chaves Puim, dia 29, 4ª feira, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto.

26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25884: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (5): Tabanca do Algarve, com o con inf ref Manuel Figueiras (Tavira e CCS/BCAÇ 2852), o Humberto Reis (CCAÇ 12), e dois camaradas do TO de Moçambique (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

15 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25843: Verão 2024: Olá, nós por cá todos bem (4), um bom livro, de sabor camiliano, o último do Joaquim Costa, para se ler na praia, no pinhal ou na esplanada, de trás para a frente e de frente para trá


(**) Vd. postes de

25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo
26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25883: Tabanca da Diáspora Lusófona (25): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - II (e última) Parte (Rui Chamusco / João Crisóstomo)


(***) Vd. poste de 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (442): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25883: Tabanca da Diáspora Lusófona (25): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - II (e última) Parte (Rui Chamusco / João Crisóstomo)


Foto nº 1



Foto nº 6



Foto nº 3



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Foto nº 7



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Foto nº 10



Foto nº 11





Foto nº 12B


Foto nº 13


Foto nº 14



Foto nº 15


Foto nº 16

Fotos (e legendas): © Rui Chamusco / João Crisóstomo0 (2024) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Visita à Eslovénia em julho de 2024 - Peripécias




por Rui Chamusco (texto e fotos)
e João Crisóstomo (legendagem das fotos) (*)



Julho 2, terça feira


João, Vilma e Rui estão de malas aviadas para a viagem de ida rumo à Eslovénia. Depois de várias insistências destes amigos para os acompanhar a esta visita às terras originais da Vilma, convenceram-me (a mim, Rui) a acompanhá-los mais nesta aventura, da qual tomarei nota das coisas mais singulares que forem acontecendo.


"Bagagem do Papa"


Se assim não fosse, quem sabe se não teríamos perdido a correspondência no aeroporto de Munique.

Conta-me que um certo homem, muito virtuoso e convencido do bem que fez neste mundo, se lembrou de morrer e passar para o outro lado. Foi, e bateu á porta do céu a fim de receber a sua recompensa. São Pedro abriu a porta e perguntou: " O que é que tu queres?" Ao que o santo homem respondeu: "Portei-me bem na terra, agora quero entrar no céu." E o São Pedro lhe disse: "Hoje não entra ninguém porque está para chegar Sua Santidade o Papa. Volta de novo lá para baixo." E o bom homem lá teve de regressar á terra.

Entretanto, o bom homem começou a pensar em dar a volta ao assunto, melhor dito a São Pedro. Arranjou duas malas grandes, uma em cada mão, e foi de novo bater á porta do céu. Mal São Pedro lhe abriu a porta, ele gritou: "Bagagem do Papa!" Ao que São Pedro acrescentou: "Entra! Entra!"...

O João e a Vilma tinham requisitado uma cadeira de rodas para o João, devido à sua dificuldade de locomoção, e assim foi. A mala do João tinha apensa a etiqueta desta deficiência. O apoio prestado seria para o João e a Vilma como acompanhante, sendo eu excluído da companhia.

Foi então que me agarrei á mala do João e assim fui passando todas as portas e usufruindo todas as benesses adjacentes, sendo sempre os primeiros a entrar nos aviões.


Julho 3, quarta feira - Sal em vez de açúcar


Hoje, ao pequeno almoço, salvei o João de tomar "café abatanado com sal".

Tanto o João gosta de açúcar branco granulado que era desta vez que iria ficar todo salgado. Quando o chamei à atenção pôs o produto no dedo e provou, confirmou e disse: " Pois é!... Ainda bem que me avisaste". Sabendo nós quanto o João gosta de açúcar, com certeza que desta vez ele se converteria numa "pilha de sal".

Primeiras impressões


Este primeiro dia foi passado em visita ao castelo Rajhenburg (Grad Rajhenburg), que outrora foi monastério de monges trapistas, que deixaram bem vincada a sua presença nesta região pela sua forma de vida com o lema "ora et labora" (reza e trabalha).

O museu que nele podemos visitar dá-nos conta das atividades que realizavam neste monastério. Não menos importante foi o momento que passámos na esplanada, com vistas deslumbrantes, acompanhados de um bom sumo de maçã local.

Bem longe daqui fomos almoçar um "burgher de la maison" como nunca vi na minha vida: tudo natural, saboroso e vistoso, que um estômago normal não consegue acabar. Forças recuperadas, seguimos para Kostanjevica visitar a "Galeria Bozidar Jakac", onde a cultura e a arte se fundem com a natureza e a espiritualidade.

Um antigo mosteiro cisterciense da idade média que, a partir de 1974, abriga esta grande exposição de arte. Para além da imponência do edifício, é impressionante a explicação de arte moderna e contemporânea expressa sobretudo em madeira que se estende pelos campos circundantes, onde a arte e a natureza estão de braços dados.

Nada mais reconfortante que um bom gelado para selar este belo dia.


Julho 4, quinta feira - Liubliana, a capital


Hoje fomos rumo à capital, a terceira cidade da Europa mais amiga do ambiente, com muitos espaços verdes e muito bem organizada. É uma cidade aberta, circundada pelo rio Ljubljanica que faz dela uma ilha com grandes atrações.

Bastantes turistas passeando e visitando os sítios mais ícones, alguns utilizando o Bus turístico entre os quais estamos nós, e que nos leva aos principais locais previamente anunciados. Entretanto, sentimos o pulsar do coração da cidade que, â semelhança de Paris, apresenta a "ponte nova" bem mais ornamentada com grande variedade de quincalharia (aloquetes, porta-chaves, pins, emblemas, etc) que desperta continuadamente a curiosidade dos transeuntes.

Ficou na retina a visita à igreja franciscana na praça principal, onde se podem observar as pinturas em todo o corpo da igreja e principalmente do teto. Mas os meus olhos ficaram presos no esplendor do órgão de tubos que o coro do edifício suporta. Não ouvi o seu sonido mas deve ser esplendoroso o seu tocar.


Julho 5, sexta feira - De montanha em montanha.

Logo de manhã, aí vamos nós a caminho da primeira: .....?

Nada de diferente, até pararmos junto a uma árvore Bohor que o João e a Vilma depressa identificaram porque, há cinco anos nela gravaram os seus nomes, a data e um grande coração. Verificaram que tudo ainda estava em ordem, e adicionaram nova inscrição com a data de hoje, que foi selada com um beijo amoroso como documenta a foto que lhes tirei.

Um pouco mais abaixo fizemos paragem num chalet (café), que na entrada, do lado direito ostenta uma placa que data de 1944, e que assinala a reunião dos "partizans" antes da II. Grande Guerra.

Voltamos a casa para almoçar, partindo depois para a segunda montanha, bastante longe da anterior, a montanha de Svenica.

Muitas voltas, muitas curvas, muito arvoredo, muitas belas paisagens. Quão difícil e sinuoso é o caminho que leva ao céu!...

Também aqui, àentrada do café, está uma placa que assinala a presença de vários militares e "partizans " e onde o general Tito, e outras grandes patentes, tomaram as decisões e posições relativas a II Guerra Mundial

Que paisagem deslumbrante, ornamentada em terra por caminheiros estafados, e nos ares por voadores de parapente...


Julho 6, sábado 06.07 - Convívio da família Kracun


A família da Vilma (os que puderam e quiseram) resolveu encontrar-se hoje, na casa de um sobrinho que habita numa das montanhas próximas daqui, Bretanica, filho da mana Mariana, a mais velha das cinco mulheres Kracun.


O pai foi mineiro nas minas de carvão de pedra das quais já só existem vestígios de carris e vagões muito bem tratados para memória futura e coletiva desta atividade local. A mãe foi cozinheira e doméstica . Tiveram filhas (5) e, como diz a Vilma, o pai ficou radiante quando vieram ao mundo os primeiros meninos (rapazes). Por aqui ficaram a irmã mais velha Mariana e a irmã Zvonka. As outras procuraram outras andanças.

É uma família muito bem disposta, onde o sorriso, a simpatia e o bom acolhimento estão sempre presentes, e que encara as dificuldades da vida sempre com otimismo e sentido de humor. Por exemplo a irmã Mariana que no dia em que nós chegamos teve uma queda em que partiu a omoplata e ficou com vários hematomas na cabeça e outras partes do corpo, não para de sorrir por vezes até à gargalhada.

O convívio decorreu muito bem, em ambiente deveras familiar. E, até eu que era intruso, me senti á vontade neste meio. Foi um dia bem passado, onde arranjamos novos amigos e conhecimentos.


Obrigado, família Kracun.


Julho 07 - Domingo, toca-se o sino


Sinos, igrejas e castelos são coisas que aqui não faltam. Logo de manhã, ainda atarantado de levantar, os meus ouvidos são acossados pelo tocar escangalhado dos sinos da igreja de Bretanica que, em meu entendimento, serão de latão e não de bronze.

Por minha causa, a Vilma e o João atrasaram a missa em que pretendiam assistir. Em vez das 7 horas apontaram para as 10, até porque o pároco da terra celebrava os 50 anos de sacerdote. Muita gente, muita cerimônia, muitos padres, muitos paroquianos e muito tempo a aguentar.

E nós, que nem tínhamos a "veste nupcial" ( eu e o João estávamos em calções) começamos a sentir-nos deslocados e a ter de estar sempre em pé, algo insuportável sobretudo para o João. Foi então que, num ápice, decidimos abandonar o local rumo a outra igreja que, por sorte, estava em função, pois ouvia cantar cá de fora o Aleluia gregoriano. Foi o melhor que fizemos, pois pudemos participar numa missa com um ritual simples, agradável e com boa cantoria, coisa que muito me aprouve.

Depois foi o almoço e a visita mais um castelo.


Julho 8, seguna feira - Mais uma visita: mais um castelo

Foi o último a ser visitado. Belas paisagens, grandes horizontes. Não muito diferentes dos outros nas suas valências atuais, deixadas ao turismo, à hospedagem, aos eventos festivos nomeadamente concertos e refeições de casamento.

Desta região é o general Tito que durante bastantes anos foi o caudilho da Jugoslávia.


Julho 09, terça feira  - Há mar e mar... Há ir e voltar

Dia de regresso a Portugal.

Embora sem necessidade, levantamo-nos todos muito cedo. E vai daí, como ainda faltava muito tempo para o início da partida, o João convidou-me para irmos beber um café ao sítio que ele já bem conhecia, não muito longe daqui. No regresso a casa a pé, por um atalho, o João mostrou-me com nostalgia os cantinhos recatados aonde mais a Vilma davam beijos e abraços durante a lua de mel.

E pronto. Toca a arrumar as malas e a fazer as despedidas, porque é chegada a hora da partida, primeiro de carro até Zagreb (Croácia) e depois até Frankfurt e Lisboa.

Considerações:


(i) Sou um privilegiado por ter usufruído esta semana de vida na Eslovénia. No princípio renitente em aceitar o convite do João e da Vilma, mas, devido à pertinência do João, acabei por aceitar. E ainda bem. Foi uma oportunidade única de conhecer este belo país dos Balcãs.

(ii) A Eslovénia é um país verde onde a natureza é rainha. As montanhas e os vales verdejantes serpenteados por rios e ribeiras dão-lhe características únicas, muito semelhantes às paisagens de suíças mais conhecidas.

(iii) O nível de vida é bom. As pessoas são simples e amáveis, sem arrogância nem vaidades.

(iv) É um país muito arrumadinho, com hábitos de cidadania exemplares. Sem lixo nas ruas ou outras transgressões significantes. Um país seguro aonde se não tem medo de andar na rua. A emigração aqui em insignificante. Os albaneses estão em maior número e dedicam-se essencialmente à construção.

(v)  Agradeço de coração ao João e à Vilma e a toda a família Kracun  o acolhimento e a atenção de que fui alvo. Não mais esquecerei, e estou certo que a nossa amizade ficou ainda mais fortalecida.

Um Xi de coração para todos. Rui Chamusco.


E algumas fotos da visita do Rui Chamusco (e nossa também) à Eslovénia

por João Crisóstomo


Fotos nºs 1, 2, 3 e  4 > as primeiras quarto fotos são sobre dois castelos de Brestaniça, terra natal da Vilma. 

Na primeira foto pode-se ver o castelo principal no topo da montanha; abaixo um edifício que é a estação de caminho de ferro e do lado direito um outro castelo, bem mais pequeno que tem recebido pouca atenção e visível falta de manutenção.

Os castelos da Eslovénia ( ver fotos nºs 1, 6 e 7) são bem diferentes dos nossos castelos portugueses. Em Portugal chamar-lhes-iamos "mansões fortificadas”, a que algumas das nossas “pousadas" se assemelham.

O primeiro, no topo é um dos castelos mais conhecidos e bem cuidados da Eslovénia e que está muito relacionado com a Vilma. Este foi utilizado pelos Nazis durante a guerra como uma prisão onde ficavam os prisioneiros, antes de serem enviados para outros destinos, na maioria dos casos para os campos de concentração e extermínio.

O pai da Vilma esteve nele como prisioneiro, mas como era um homem habilidoso, especialmente como carpinteiro ( as janelas do castelo foram na maioria feitas ou reparadas por ele) cujas boas maneiras lhe granjeavam boa vontade mesmo dos alemães. Nas ocasiões em os prisioneiros iam ser distribuídos e enviados para outros destinos, os mesmos alemães avisavam-no e deixavam que ele se escondesse. E porque precisavam dele assim sucedeu até que a guerra acabou.

Ao visitarmos o castelo de repente dei com uma foto igual a uma que temos em nossa casa em Nova Iorque: é que esta foi durante temps a casa da Vilma que estava situada na margem do Rui Saba e onde ficavam as turbinas que durante muitos anos produziram electricidade para o castelo.

As fotos nºs 8, 9, 10 e 11 foram tiradas na bonita cidade de Liubliana, capital da Eslovénia. Parece-me que pela sua beleza se explicam por si mesmas, sendo as fotos j e k da igreja franciscana, que pela sua beleza é uma das coisas a não perder em qualquer visita.


Fotos nº 12A e B : foi coincidência e surpreza: no dia seguinte à nossa chegada recebi um email dum fotógrafo/jornalista amigo da Vilma que tinha ido a Nova Iorque há uns meses atrás (e que até foi a nossa casa ); queria "mais algumas informações”... Quando lhe disse que acabávamos de chegar,  combinamos encontrarmo-nos na capital, onde já tínhamos intenção de ir; e no dia seguinte saiu um artigo sobre a sua visita a nossa casa em Queens com bonitas fotos num dos diários da Eslovénia. Vale a pena estar casado com uma eslovena como a Vilma…

Fotos nºs 13,  14 e 15:   foram tiradas durante algumas passeatas: a foto nº 13  mostra o nosso reencontro com a nossa árvore especial na Eslovénia… a foto seguinte (14)  foi tirada numa passada ao longo dum pequeno lago perto da casa da Vilma, lugar de repouso, picnics, restaurante e passeatas. E a outra, duma placa , marca e lembra um primeiro encontro de Tito com outros dirigentes locais de preparação para o que seria a resistência aos Nazis (Foto n º 15.

A última foto (nº 16) é um “reconhecimento”: de volta a Portugal o Rui retomou s suas funções de chefe e o mordomo presente, cujo trabalho neste dia foi o de "descasca-batatas",  não teve qualquer hesitação em lhe conceder classificação condizente.


Mais um abraço, que nunca serão demasiados.


João Crisóstomo

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Nota do editor:

(*) Último poste da série 25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo)

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23408: Tabanca da Diáspora Lusófona (19): Oh, home, sweet home!... De novo em casa, depois de um périplo de dois meses por Portugal, Inglaterra e Eslovénia (João Crisóstomo, Queens, Nova Iorque)


Foto nº 1 > Inglaterra >Stonehenge > 20/5/2022 > João e Vilma


Foto nº 2 > Inglaterra > Londres > Piccadilly Circus >
 18/5/2022> João e Vilma


Foto nº 3 > Inglaterra > Londres > 18/5/2022>
 "Depois do valente trambolhão da Vilma , 
escadas abaixo, neste ‘London bus', 
não houve vontade de mais fotos… e voltamos a Portugal"


Foto nº 4 >  Eslovénia  >  > 18/5/2022> Vilma no seu "jardim secreto", algures numa das montanhas da sua bela e querida terra natal


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 190 referências no blogue, conhecido luso-americano a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social (tendo-se batido por causas como Foz Côa, Aristides Sousa Mendes e Timor Leste), régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - segunda, 27/06/2022, 00:23

Assunto - Home, sweet home!

Caríssimo:
 
Acabo de chegar dum encontro da “Academia de Bacalhau de Long island” (comemorando mais um aniversário) e lá fizemos os tradicionais brindes “Gavião do Panacho” (*)… Ao transmitir-lhes o abraço que o Rui Chamusco me instruiu esta manhã para fazer, eles decidiram dar uma pequena ajuda para a Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste… Gente boa!

Chegámos bem, vindos da Eslovénia, depois de dois atrasos (menores): um Zagreb, minutos antes de nós deslocarmos eles fecharam tudo para uma aterragem de emergência, usando a pista que o nosso avião ia usar para deslocar. Avisaram-nos etc. etc., ao mesmo tempo que nos informaram ter tudo corrido bem sem acidentes para passageiros e tripulação. É tudo o que sei, nem sei sequer que avião foi. 

Depois em Lisboa, em trânsito , chegando atrasados, foi uma corrida para apanhar o avião para Nova Iorque. E ao fim e ao cabo não era preciso pois outros aviões chegaram atrasados e eles esperaram… Chegámos um pouco atrasados a Nova Iorque mas chegámos direitinhos.
 
Tínhamos um amigo nosso à nossa espera e estamos em casa. Oh, home, sweet home! Como é bom entrar no nosso próprio buraquinho! (Depois de dois meses fora, passando por Portugal, Inglaterra e Eslovénia, périplo de que te mando mais algumas fotos.)

Mando-te os contactos que me pediste do ex-fur mil da CCAÇ 1439, Joaquim Teixeira, bem como do "Mafra",  Manuel Leitão, e do filho, Pedro Leitão (**). Não encontrei o nome do "Mafra"  na  lista de essoal da CCaç 1439. Dizes tu que ele era de um Pelotão de Morteiros... E já é tarde para ligar para ele. Mas amanhã eu ligo.

Estou, estamos, cansados… vou-me mesmo deitar que a idade agora já exige destas coisas…
Abraços e beijos à Alice. E sempre na esperança de que vocês nos façam a surpresa de nos anunciarem a vossa visita…

João e Vilma

2. Em mensagem anterior, de 16 de junho de 2022, 19h02, o João (ainda na Eslovénia com a Vilma)  tinha-nos dito, entre coisas, o seguinte:

(...) Nós estamos bem, e quase de volta a nova Iorque. Entre as voltas que temos dado neste país de sonho fomos visitar o nosso "Secret Garden”. Fica numas montanhas a 973 metros de altitude. Em 2017, por brincadeira deixamos a nossa passagem marcada numa árvore (sei que é coisa de garotos, mas deu-nos para aquilo…) e no ano seguinte marcamos a nossa passagem outra vez. Depois veio a pandemia etc.,  e no ano passado eu não pude acompanhar a Vilma. E este ano fomos ver se o nosso “memo” ainda lá estava… e estava , como podes ver pela foto.

Aproveito para juntar um apendice ao livro LAMETA. Este é um corolário à Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Como sabes a situação da falta de professores credenciados ainda não encontrou solução e continuamos a lutar com quantas forças temos e todos os meios que se nos apresentam. Neste apêndice falo também do “Dia da Consciência”, celebrado amanhã , 17 de junho, data que felizmente não tem sido esquecida.
 
Um grande abraço , já com com muitas saudades, J
oão e Vilma. (...) (***)

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Notas do editor: