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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26189: Fotos à procura de... uma legenda (188): é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização, diz o fotógrafo, Morais Silva, cap art, cmdt da CCAÇ 2796, Gadamael, em finais de 1971

 

Foto nº 20


Foto nº 20A


Foto nº 20B


Foto nº 20C

Guiné > Região de Tombali > s/l > 1971 > Vista aérea de um reordenamento, talvez entre Catió e Cufar.



Foto s/n (1)


Foto s/n (2)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1971 > Vista aérea do reordenamento de Gadamel e da pista de aviação (em 1), e com maior detalhe (em 2).

Fotos (e legendas): © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Carta de Bedanda (1956) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Bedanda, rio Cumbijã e, a sudoeste, Cufar, Mato Farroba, Ilhéu de Infandre e Príame (Catió).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Cor art ref Morais da Silva: (i) cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar (e depois, mais tarde, professor de investigação operacional na AM, durante cerca de 2 décadas); (ii) no CTIG, foi comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre jan 1971 e fev 1972; instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga;  adjunto do COP 6, em Mansabá;  (iii) fez parte do Grupo L34, na Op Viragem Histórica, no 25 de Abril de 1974; (iv) é membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 150 referências no blogue.



1. A foto nº 20 é mesmo a última das 4 fotos aéreas de que falta identificar a localização.  jlJá vimos que:

(i)  a nº 30 diz respeito a Cacine; 
(ii) as nºs 23 e 25 são de Catió; 
(iii) e a nº 29 é referente a Cabedu (*)...

O fotógrafo diz que a foto nº 20 pode ter sido tirada a um reordenamento dos arredores de Catió. As fotos nºs 23 e 25 não mostram a pista de aviação de Catió (que ficava a noroeste da vila e quartel de Catió).

Recorde-se que o cor art ref Morais Silva andava a "rearrumar" fotos do seu álbum da Guiné. Mas tinha umas tantas, sem legendas... E pediu-nos "ajuda"...

São vistas aéreas, tiradas de avioneta quando um dia, em finais de 1971, foi fazer uma visita de cortesia, camaradagem e amizade ao Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), cmdt da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72) (precocemente falecido, com o posto de maj gen ref).

Na altura, ele comandava, desde janeiro de 1971, a CCAÇ 2796, os "Gaviões", em Gafamael. Deixou ao cuidado dos seus homens o aquartelamento de Gadamael. A caminho de Catió tirou umas tantas fotos ("slides"), incluindo umas quatro ou cinco do quartel e reordenamento de Gadamael.

Reconstituindo o seu percurso de avioneta (DO 27 da FAP ou Cessna dos TAGP), já vimos que:

  • ele seguiu para sul, ao longo do rio Cacine;
  • sobrevoou Cacine (foto nº 30);
  • atravessou a península de Cubucaré (que é delimitada pelos rios Cacine e Cumbijã);
  •  tirou uma foto ao destacamento de Cabedu (nº 29);
  • e chegou finalmente a Catió (fotos nºs 23 e 25).

Recorde-se que, na altura, em finais de 1971, o PAIGC ainda estava fortemente implantado no Cantanhez. A reocupação da península de Cubucaré começa só em finais de 1972 (Op Grande Empresa), não havendo aqui, até então, reordenamentos feitos pela NT.

Onde terá sido, pois, tirada esta última foto (nº 20) ? Catió, Príame, ilhéu de Infandre, Mato Farroba, Cufar, na margem direita do rio Cumbijã ?

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 20 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26171: Fotos à procura de... uma legenda (187): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cabedu... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

Vd. postes anteriores:

18 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26163: Fotos à procura de... uma legenda (186): O "gavião" que perdeu, não a "pena", mas... as legendas das fotos nº 23 e 25 do seu álbum... Ele pergunta se será Catió (...falamos do cor art ref Morais Silva)

17 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26161: Fotos à procura de... uma legenda (185): O fotógrafo, o então cmdt da CCAÇ 2796, "Os Gaviões" (Gadamael, 1970/72), Morais Silva (hoje cor art ref) pergunta se seria Cacine... Vejam se o podem ajudar, que ele quer arrumar os "slides"...

16 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26159: Fotos à procura de... uma legenda (184): Vistas aéreas de guarnições militares, povoações, tabancas e reordenamentos da Região de Tombali (Morais Silva, cor art ref, ex-cmdt, CCAÇ 2796, Gadamael, 1970/72)

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Guiné 61/74 - P26175: Para bom observador, meia palavra basta (6): O fortim de Cabedu

 


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Península de Cubucaré, Cantanhez > Cabedu >  Restos (arqueológicos...) do antigo destacamento de Cabedu... O fortim.... 

Por aqui passaram, em 1963/56, os valorosos e esforçados militares portugueses da CCAÇ 555, comandados pelo cap inf António Ritto  (de seu nome completo, António José Brites Leitão Rito) e de que fazia parte o fur mil at inf Norberto Gomes da Costa, hoje mestre em história,  e membro da nossa Tabanca Grande.  (Vd. livro "Missão na Guiné, Cabedu, 1963-1965”, por António José Ritto e Norberto Gomes da Costa, com a colaboração de José Colaço. Linda-a-Vela, DG Edições, 2018) (*)

A CCAÇ 555, em 28dez63assumiu a responsabilidade do subsector de Cabedu, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 356 e depois do BCaç 619; d20 a 22set64, tomou parte na Op Tornado, a região do Cantanhez. Em 25set65, foi rendida pela CCaç 1427, por troca, recolhendo por escalões, até 11out65, a Bissau.

Foto (e legenda): © José Teixeira  (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e lehendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > c. 1966 > Foto do álbum do Tony Grilo, (Canadá): artilheiro, apontador de obus 8,8 (Bissau, Cabedu, Cacine, Cameconde,1966/68)-

A CCAÇ 1426, de 25set65 a 11out65, rendeu por troca, a CCaç 555, assumindo então a
responsabilidade do subsector de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 619 e depois do BCaç 1858, tendo tomado parte em diversas operações realizadas naquela área. Em 31mar67, foi rendida no subsector de Cabedú pela CArt 1614 e
recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
Foto (e legenda): © Tony Grilo (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e lehendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 

 Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > Vista aérea do aquartelamento e pista de aviação. Foto do ãlbum do Manuel José Janes,  "O Violas", membro da Tabanca Grande.

Em substituição da CCaç 1427, foi deslocada para Cabedú, em 30mar67, a CART 1614, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, e ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 1913. Em 6jan68, foi substituída, transitoriamente, pela CArt 1689 até à chegada  da CCaç 1788.

Fotos (e legendas): © Manuel José Janes / Jorge Araújo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné > Região de Tombali > Cabedu > CCAÇ 1427 (1965/67) > c. 1966 >  Vista aérea do aquartelameento e parte da pista que atravessava a tabanca ao meio.


A CArt 2476 / BART 2865  seguiu em 16fev69 para Catió a fim de render a CCaç 1788, assumindo, em 17fev69, a responsabilidade do respectivo subsector, com dois pelotões no destacamento de Cabedu e, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 6dez70, foi rendida no subsector de Catió pela CCaç 2792.

Esta útima assumiu, nessa data,  a responsabilidade do subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 2865 e depois do BCaç 2930, tendo sofrido várias flagelações aos aquartelamentos e executado patrulhamentos, emboscadas e contactos com as populações. Em 21go72, foi rendida no subsector de Catió pela CArt 6251/72, tendo-se deslocado por fracções, em 13ago72 e 23ago72, para Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
 
Fotos (e legendas): © Manuel José Janes / Jorge Araújo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


1. Não se sabe ao certo quando e por quem foi construído o fortim de Cabedu...Talvez pela a primeira companhia de quadrícula, a CCAÇ 555. Ou das seguintes:  CCAÇ 1427, CART 1614, CCAÇ 1788, CCAÇ 2792...

Temos que reler as memórias de Cabedu, do Norberto Gomes Costa. O Orlando Pinela,  que esteve lá, na CART 1614 (1966/68), não se lembra do fortim... Nem dos três espaldões dos obuses...

Será que a construção do fortim é data posterior a estas  primeiras três companhias ?

Mas o fortim ainda lá está ou estava, em 2008, quando o Zé Teixeira o fotografou, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje, em março desse ano. Foi expressamente a Cabedu, mais o nosso saudoso Pepito (e outros camaradas como o Zé Carioca), para inaugurar o fontenário (**).

Em 1971, quando o cap art, cmdt da CCAÇ 2696 (Gadamael, 1970/72), Morais da Silva, sobrevoou de avioneta Cabedu, a caminho de Catió, o fortim já lá estava, como o atesta a foto aérea que ele tirou, mas sem até hoje ter a certeza que estava a fotografar Cabedu (destacamento da CCAÇ 2792, com sede em Catió, cujo comandante, seu camarada,  ele ia visitar) (***)... 

Estava  já o fortim ou não estava, caro leitor, tu que és bom observador (****) ?!





Guiné > Região de Tombali > Península de Cubucaré > Cabedu > 1971 > Vista aérea da povoação, pista de aviação e destacamento das NT em finais do ano de 1971 >  O fortim vem assinalado a amarelo.

Foto: © Morais da Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Notas do editor:

segunda-feira, 29 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25790: Para bom observador, meia palavra basta (5): Complementar os dizeres do aviso... "É PR...MAR. | "N...NG."


 
Angola > Luanda > 1963 > Em primeiro plano, o fur mil 'comando' Mário Dias;  em segundo plano, da esquerda para a direita, o fur mil Artur Pereira Pires, o sold Adulai Jaló e o alf mil Justino Coelho Godinho (estes três últimos já falecidos). No aeroporto de Luanda à espera de transporte para o QG / CTIG. O primeiro grupo de Comandos do CTIG, sob o comando do alf mil Saraiva, participaria depois na Op Tridente (jan-mar de 1964). Foto cedida por Vassalo Miranda, ex-fur mil, Gr Cmds ‘Panteras’ (*).

Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. É verdade que, para meio observador, meia palavra basta (*) ? Se sim, aqui fica um passatempo de verão..

Caros leitores: depois de uma análise atenta da foto (e legenda) acima, ajudem a completar os dizeres do aviso afixado na parede que as pernas do  fur mil Artur Pereira Pires encobrem parcialmente:

"É PR...MAR | N...NG"

Dão-se... "alvíssaras"|

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 20 de junho de2024 > Guiné 61/74 - P25665: Para bom observador, meia palavra basta (4): Partidas e chegadas... no Cais da Rocha Conde de Óbidos (Fotos do álbum de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), comandnate da TAP reformado... e pai da "prquens (em 1964) Pula Cristina

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25665: Para bom observador, meia palavra basta (4): Partidas e chegadas... no Cais da Rocha Conde de Óbidos (Fotos do álbum de João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), comandnate da TAP reformado... e pai da "prquens (em 1964) Pula Cristina


Foto nº 1A



Foto nº 1


Foto nº 2



Fotoo nº 3


Foto nº 4



Foto nº 4 
 
Fotos do álbum do João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)

Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Esta sequência (Fotos nºs 1, 2, 3, 4 e 5)  mostra uma criancinha que vem à Gare Marítima Rocha  Conde de Óbidos (e não à Gare Marítima de Alcântara!) para se despedir do pai, que parte para a guerra (Foto nº 1). 

Vem pela mão do avô (Foto nº 1A). A criança era uma menina, Paula Cristina, fazia 2 aninhos nesse dia 8 de janeiro de 1964. Que prenda de aniversário, que crueldade, levarem-lhe o pai para a guerra, logo nesse dia... 

Seráque ela se lembvra ? É de todo improvável. Hoje, advogada, tem 62 anos.

O pai é o nosso amigo e camarada João Sacôto, ex-alf mil  da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66). Viria a trabalhar depois como Oficial de Circulação Aérea (OCA) na  Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC).  E seria, entretanto, piloto e comandante na TAP, tendo-se reformado em 1998. Fez anos há dias anos. E continua a viajar e a ter o ar de quem é feliz e gosta de viver. 

Membro da nossa Tabanca Grande desde 20/12/2011, é autor de uma notável série, o "Álbum Fotográfico de João Sacôto", donde selecionámos estas fotos...

Vemo-lo, na foto nº 3, a descansar à entrada de uma morança, na ilha de Infanda, setor de Catió. Seguramente a pensar na pequena  Paula Cristina, que deixara na metrópole e que só voltaria  a abraçar em agosto de 1965, nas férias... 

Regressa, por fim, a casa, embarcando no  T/T Uíge (Foto nº 4). Reune-se por fim com a família (Foto nº 5): a sua Paula Cristina já tinha 4 anos... (Será que ela ainda se recorda deste dia ? Pouco provável, com essa idade), 

Enfim, uma história com um final feliz, a avaliar,  de resto, pelos caminhos que o João Sacôto seguiu, e ele e os companheiros, oficiais millicianos da CCAÇ 617, aqui à mesa noT/T Uíge, no cruzeiro Bissau-Lisboa,  (Foto nº 4): da esquerda para a direita (legedenda de 2019):

 (i) alf mil Farinha (era arquiteto, já faleceu):

 (ii) alf mil Santarém (foi professor liceal na Guarda);

 (iii) alf mil Gonçalves (foi industrial de plásticos); 

(iv) alf mil Sacôto (foi comandante da TAP); 

(v) alf mil Monteiro, de outra unidade, que não a CCAÇ 617).... 

Recorde-se que a CCAÇ 617 / BCAÇ 619, partiu para o CTIG em 8/1/1964 e regressou a 9/2/1966, tendo sido comandada pelo cap inf António Marques Alexandre. Esteve em Bissau, Catió e Cachil.

No meio desta sequência, há demasiada informção que escapa a um observasor, mas não a um "bom observador... Por exemplo:

(i) quem é que assistia às partidas (e chegadas) de contingentes militares para o Ultramar ? Claro, as autoridades, civis e militares  (a começar, pela PSP, PM, PIDE,  força de segurança militar,  etc.),  e que ficavam estacionadas ou deambulando pelo cais;

(ii) o público, em geral,  era acantonado no primeiro andar da gare marítma,  no varandim, donde acenava para os soldados que iam embarcando;

(iii) o embarque era uma operação morosa: em geral, um oficial superior (um oficial general, em representação do ministro do exército)  passava revista às tropas em parada (na Av Brasília, paralela à Av. 24 de Julho); havia fanfarra e desfile das forças em parada; as individualidades militares em terra faziam continência (devia ser uma seca, pensavam uns e outros); havia um discurso de despedida; e depois os militares encaminhavam-se para o cais de embarque e iam subindo o portaló do navio enquanto acenavam  para os que ficavam em  terra; os familiares acenavam do varandim (e, alguns do cais, devidamente separados por grades de segurança); as escada de embarque da AGPL - Administração do Porto de Lisboa eram, entretanto,  retiradas com o auxílio de grua;

(iv) por fim, soltavam-se as  amarras e o navio zarpava, apitando três vezes; para trás ficava a ponte sobre o Tejo (inaugurada em 1967), o o Cristo Rei,  o casario da cidade;

(v) em geral, as partidas, eram de manhã,  e havia lenços  brancos e muitas lágrimas incontidas na pequena multidão que tinha o privilégio de se ir despedir de familiares e amigos (raramente se mostram grandes planos com as lágrimas da partida;  no regresso, a censura já deixava passar as lágrimas de alegria...); maior parte dos militares não tinha lá ninguém, que nesse tempo Lisboa era longe do Porto, de Bragança, de Beja ou de Faro...

(vi) na RTP Arquivos podem ver-se dezenas e dezenas de vídeos, a preto e branco, sem som, peças de reportagem que passavam no Noticiário Nacional...Ao longo da guerra, longa de 13/14 anos  (1961/75), estas cenas tornaram-se banais, mas eram quase sempre passadas no Cais d Rocha Conde de Óbidos (onde partiam e chegavam os navios das carreiras de África, incluindo os T/T, Transportes de Tropas), e não do Cais de Alcântara (reservadas aos navios transatlânticos, que faziam as carreiras das Américas);

(vii) por fim, parece que faltam aqui as senhoras do Movimento Nacional Femino (já deviam ter aparecido antes da pequenina Paula Cristina que, com o avô, acenava para o pai já embarcado): distribuíam cigarros, medalhinhas de Nra. Sra. de Fátima, sorrisos, e votos de coragem, ânimo, boa sorte e bom regresso...

Fica, para o "bom observador", a oportunidade de comentar o que muito bem entender (*).. Votos de saúde e longa vida para o nosso veterano João Sacôto.

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Nota do editor:

(*) 12 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...

Morteirete 60mm m/968 (FBP)

1.A Fábrica de Braço de Prata (FBP) foi um dos  estabelecimento fabris militares,  que deram um importante contributo, ao longo do séc. XX e sobretudo nos anos 50 e 60,  para a reestruturação e modernização da nossa indústria militar, e em particular para o esforço de guerra em África.(*)


A sua origem remonta a  1908, quando começou a funcionar como Fábrica de Projecteis de Artilharia. Estava dependente  do Arsenal do Exército e, após a extinção deste, passou para a tutela  do Ministério da Guerra, mas com gestão própria.

O seu nome,  Fábrica de Braço de Prata (FBP),   tinha a ver com a sua  localização no bairro de Braço de Prata, na zona oriental Lisboa, em Marvila, à beira Tejo, a sul Parque das Nações. 

Foi integrada, em 1980,  na INDEP - Indústrias Nacionais de Defesa, E.P.", e  em 1996, inserida no grupo EMPORDEP - Empresas Portuguesas de Defesa. Mais tarde, o seu equipamento será transferido para Moscavide.

Atualmente, nas antigas instalações administrativas da FBP, propridade da Câmara Municipal de Lisboa,   funciona "ad hoc" um centro cultural privado  (que inclui livrarias, salas de exposições, salas de cinema e teatro e sala de espectáculos musicais, e que usa a mesma designação - Fábrica de Braço de Prata).

Fachada principal da FMBP

 
Mas voltando à sua história fabril: além de munições para artilharia, a FBP   alargou  a sua produção para outros tipos de armamento. Passou a chamar-se  "Fábrica Militar de Munições, Armas e Veículos".  E de novo "Fábrica Militar de Braço de Prata" (FMBP) ou, simplesmente "Fábrica de Braço de Prata" (FBP).

Este e outros estabelecimentos fabris militares, beneficiaram da entrada de Portugal da NATO, assim como do Plano Marshal (1949-1950), e mais tarde da cooperação com a Alemanha, conseguindo meios fnanceiros para a montagem de  maquinaria e requalificação e formação do seu pessoal.

2. Com a guerra do ultramar / guerra colonial, a FBP irá produzir algumas centenas de milhares de espingardas automáticas (e nomeadamente a G3), morteiros, metralhadoras,  outros equipamentos militares, além de milhões de 
munições (para armas ligeiras e pesadas).  O principal cliente eram as nossas Forças Armadas, mas também exportava (e nomeadamente,  para a Alemanha).

De entre o equipamento FBP mais conhecido destaque-se:

(i) a pistola-metralhadora de 9 mm FBP ( projetada e fabricada pela FBP);
(ii) a espingarda automática de 7,62 mm G3 (fabricada sob licença);
(iii) a metralhadora de 7,62 m HK21 (fabricada também sob licença);
(iv)  o morteirete de 60 mm FBP  (projetado e fabricado pela FBP).

Alguns dados sobre pessoal e produção nacional (1973) (estimativa) (Origem: FMBP - Fábrica Militar Braço de Prata;  FNMAL - Fábrica Nacional de Munições de Armas Ligeiras)

  • Em 1969 o  pessoal da FMBP (dirigente, técnico, administrativo, auxiliar e fabril) atingia cerca de 2400;
  • Cartuchos 7.62mm (FNMAL) > 90 milhões:
  • Granadas de mão ofensivas m/62  (FMBP> 600 mil;
  • Granadas de mão defensivas m/63 (FMBP) > 300 mil;
  • Granadas para morteiro 60mm (FMBP) > 100 mil / 140 mil;
  • Granadas para morteiro 81mm (FMBP) >60 mil;
  • Granada deobus 10,6 cm (FMBP) > 30 mil.
Nº total de armas fornecidas pela FMBP às Forças Armadas (1962-1973):

  • Espingarda automática G3 > c. 300 mil (a partir de 1962);
  • Metralhadora HK 21 > c. 7300 (a partir de 1968);
  • Pistola metralhadora FBP m/963 >7230 (a partir de 1963);
  • Morteirete 60 mm > 810 (data de início, desconhecida);
  • Morteiro 60 mm > 732 (data de início, desconhecida);
  • Morteiro 81 mm >  210 (data de início, desconhecida).
Fonte: Tavares (2005), pp.  206/207 e 219 

Já agora ficamos a saber que para as granadas de LGFOG 8,9 cm, Portugal estava dependente da Bélgica > 20 mil em 1973 (. Portugal preparava-se para  dar início ao seu fabrico, em 1973, na FMBP). A produção nacional de granadas de morteio 60 e 81, por sua vez,  estava dependente da importação da espoleta... As granadas de morteiro 120 vinham de França... As granadas de obus 14 e da peça de artilharia 11,4 também eram importadas... (E em 1973 parece haver falta deste tipo de granadas, no CTIG, a avaliar por alguns testemunhos de camaradas nossos...)
 
Enfim, para saber mais sobre a nossa indústria de guerra, em geral, e os estababelecimentos fabris militares, em particular, vd. João Moreira Tavares, Indústria Militar Portuguesa no Tempo da Guerra (1961-1974), Casal de Cambra,  Caleidoscópio, 2006, 238 pp. 

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Nota do editor:

(*) Vd. postes da série > 


6 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25610: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (2): o que há em comum na estátua de Nicolau Lobato, herói nacional timorense, inaugurada em 2014, e a estátua aos combatentes do ultramar da freguesia de Atalaia, inaugurada um ano antes ?

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25610: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (2): o que há em comum na estátua de Nicolau Lobato, herói nacional timorense, inaugurada em 2014, e a estátua aos combatentes do ultramar da freguesia de Atalaia, inaugurada um ano antes ?

 



Timor-Leste > Dili > Aeroporto Internacional > Estátua de Nicolau Lobato (1946-1978), 1º ministro (de 28 de novembro a 7 de dezembro de 1975) e 2º presidente da República Democrática de Timor Leste (1977/78).  Ao tempo da admimistração portuguesa, o o Nicolau Lobato foi seminarista, e depois, como serviço militar obrigatório,  fur mil, vagomestre, do exército português, CCAÇ 15 (Caicoli, 1966/68).(*)


Fonte: Wikimedia Commons (com a devida vénia...).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Lourinhã >  Atalaia> 16 de junho de 2013 > Inauguração do monumento aos combatentes da 
freguesia de Atalaia > Vista parcial do monumento  (**)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mais um desafio, no âmbito da série  "Para Bom Observador, Meia Palavra Basta" (***)...  

Qual é a relação entre as duas imagens, a estátua, em bronze,  de Nicolau Lobato, herói nacional de Timor-Leste, inaugurada em 2014, e a estátua, também em bronze, inaugurada em 13 de junho de 2013, na Atalaia, Lourinhã, de homenagem aos combatentes daquela freguesia que passaram, durante a guerra do ultramar / guerra colonial, por 5 diferentes teatros de operações (Angola, Guiné, Índia, Moçambique e Timor) ?

Vários camaradas nossos, naturais do concelho da Lourinhã, fizeram a sua comissão de serviço militar em Timor, ao tempo da guerra do ultramar / guerra colonial. 

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25602: Viagem a Timor: maio/julho de 2016 (Rui Chamusco, ASTIL) - VI (e última) Parte: Regresso a Lisboa, via Singapura e Londres... E que Deus seja louvado!

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25605: Para Bom Observador, Meia Palavra Basta (1): Cunhete, em madeira, de granadas de morteirete 60mm, Guileje, c. 1969/70

 


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Pel Caç Nat 51 > c. jan 69/jan 70 > Foto nº 13 do álbum do Armindo Batata >  Um dos guineenses do Pelotão cozendo a bianda em fogão a petróleo. Detalhe: cunhete,  em madeira,  de granadas de morteirete 60 mm,  m/968 (FBP), c/ Acessórios... A servir de móvel, improvisado (*).?

Foto: © Armindo Batata / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Para Bom Observador, Meia Palavra Basta... A nova série, ao servir de passatempo para o verão que aí vem...E começamos com  esta curiosa foto do Armindo Batata: em Guileje, tal como noutros "resorts" turístico-militares do nosso tempo, improvisava-se, desenrascava-se, sobrevivia-se... Tudo se aproveitava, nada se deitava fora. Nomeadamente caixotes e cunhetes de munições, em madeira... Havia falta de mobiliário: cadeiras, bancos, mesas, secretárias, cacifos, estrados, etc.

Vendo a foto, pergunta-se: qual era a proveniência das granadas de morteirete 60 mm ?... Onde se fabricavam  ? 

 Era uma das nossas melhores armas no mato, em resposta a uma emboscada do IN: versátil, fácil de transportar, fácil de usar, eficiente, segura (contrariamente ao dilagrama), e terrivelmente eficaz, com um bom apontador... Nm precisava de prato: a ponta da bota, o joelho, o chão (desde que fosse duro)... bastavam para apoiar o cano!... E depois, era só metê-las, às "ameixas", no sítio certo...

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 5 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25604: História do Pel Caç Nat 51 (1966/74) - Parte I: Guileje, ao tempo da CART 2410 (jan 69/jan 70) (Armindo Batata)