Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Op Farol. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Op Farol. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27394: A nossa guerra... a Petromax (2): o destacamento da Ponta do Inglês (jan 65 /out 68), onde a iluminação do perímetro de arame farpado era feita com garrafas de cerveja cheias de querosene (António Vaz, 1936-2015)




Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Xime > Ponta do Inglês > O destacamento da Ponta do Inglês, um dos muitos "bu...rakos" onde viveu gente nossa , entre janeiro de 1965 e outubro de 1968. Teve um gerador que nunca chegiu a funcionar. Nem petromax tinha ! (*)

(...) "As garrafas de cerveja penduradas no arame farpado, cheias de combustível, tinham que ser continuamente acesas nas noites de chuva forte ou de vento. O risco que a malta corria nessas circunstâncias, sendo a única coisa iluminada na escuridão, tornando-se um alvo fácil era enorme, embora, que me lembre, nunca tenha havido flagelações nessas alturas. (...)

As garrafas também funcionavam como sistema de deteção e alerta: a aproximação de elementos IN do arame farpado, fazia-as tilintar... O sistema acabava por ser pouco fiável devido ao vento, à chuva e... aos macacos-cães.

Ilustração de Vera Vaz, filha do nosso camarasa António Vaz  (2012). 



António Vaz (1936-2015)
1.  Nunca será demais lembrar os "bu...rakos" onde vivemos, como toupeiras.

Um dos mais famigerados foi o da Ponta do Inglês, no subsetor do Xime (sector L1). O topónimo tem já perto de meia centena de referências no nosso blogue. Mesmo depois da retirada das NT, a Ponta do Inglês continuou a ser um nossos "ossos duros de roer". Havia sempre contacto com o IN, quando as NT progrediam na antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, há muito invadida pelo mato e interdita. No dia 26 de novembro, vai fazer 55 anos que a CART 2715 (Xime, 1970/72) e a CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) sofreram uma brutakl emboscada com 6 mortos e 9 feridos graves (Op Abencerragem Cadente) (mais um revés nas NT que não vem referido no livro da CECA, correspondente à atividade operacional de 1970/74)


Excerto de um poste nosso saudoso camarada 
António Vaz (1936-2015),ex-cap mil, CART 1746
 (Bissorã e Xime, jul 1967/jun 69) (fot0 de 2012,
à direita).
 



O destacamento da Ponta do Inglês
onde nem petromax havia

por António Vaz (1936-2015)


A Cart 1746 saiu de Bissorã a 7 de Janeiro de 1968,  seguindo de Bissau para o Xime via Bambadinca,  a bordo da barcaça Bor. 

Um Grupo de combate seguiu diretamente para a Ponta do Inglês onde rendeu o pessoal da CCAÇ 1550.

Este Pelotão da Cart 1746 era comandado pelo alf mil Gilberto Madail (hoje uma figura pública) que lá permaneceu cerca de 4 meses,  sendo substituído por outro,  comandado pelo alf mil João Guerra da Mata que lá esteve até 8 de otubro, data em que este destacamento foi abandonado (por ordem do comando-chefe).


Francisco Pinheiro
Torres de Meireles (1936-1965).
Era natural de Paredes. Tem nome de rua
no Porto.

A Ponta do Inglês foi ocupada e os abrigos construídos em dezembro de 1964 na Op Farol pela CCAÇ 508,  comandada pelo malogrado cap inf Pinheiro Torres de Meireles (1936-1965), morto em combate na Ponta Varela (**).


Este destacamento teve sempre uma triste sina porque não tinha meios senão para..
 estar. 

A dispersão de meios que encontrámos no sector L1 a isso conduzia. Nunca serviu de nada a não ser castigar, sem culpa formada, as guarnições que para lá eram enviadas.

Não controlavam nada na foz do Corubal e nada podiam fazer em conjunto com o pessoal do Xime para manter aberto o itinerário Ponta do Inglês / Xime porque a companhia do Xime ocupava também Samba Silate, Taibatá, Demba Taco 
e Galomaro. Assim o seu isolamento era, foi, 
praticamente total.

Os géneros só a Marinha os podia levar e o mesmo se pode dizer das munições, correio, tabaco, combustível, etc.

A chegada dos abastecimentos era motivo de alegria geral como se pode ver nas imagens que junto.

Por muito que o pessoal controlasse os gastos, a falta de quase tudo fazia-se sentir. Bem podia o comando da companhia pedir insistentemente pela vias normais a satisfação dos pedidos que não conseguíamos nada. 

Cheguei a tentar meter uma cunha directamente na Marinha, mas as prioridades eram outras. Como alguns géneros recebidos da companhia que lá tínhamos rendido,  estavam deteriorados, a situação ainda foi pior. Esta situação originou, a pedido do alf Madail, o Fado da Fome,  que o Manuel Moreira ilustrou nas quadras populares da sua autoria.

O destacamento da Ponta do Inglês era a pequena distância da margem (direita) do Rio Corubal e tinha a forma quadrangular. A guarnição era formada por 1 GComb  / CA RT 1746 + 1 Esq/Pel Mort 1192 + Pel Mil 105.

O destacamento era formado por 4 abrigos principais nos vértices para o pessoal, para a mecânica e rádio. O combustível e as munições ficavam na parte mais perto do Corubal; na parte central sob uma árvore frondosa (poilão ?) um abrigo mais pequeno onde ficava o alferes, o enfermeiro e logo ao lado o forno do pão e uma cozinha, tudo muito rudimentar. 

Tinha o espaldão do morteiro 81 na parte central. Não tinha, ao contrário do Xime, paliçada e apenas duas fiadas de arame farpado.

Os abrigos eram de troncos de palmeira com as indispensáveis chapas de bidão, terra e não eram enterrados. Uma saída na direcção do rio e outra no lado oposto para as idas à água e à lenha. No destacamento havia um Unimog para estas tarefas.


Manuel Vieira Moreira
(1945-2024)
ex-1º cabo mec auto
A água era tirada a balde de um poço existente a cerca de 700 metros do arame farpado que também era utilizado pela população, totalmente controlada pelo IN, e pelo próprio IN, sem nunca este ter aproveitado as nossas idas à água e à lenha para nos incomodar e vice-versa


Escreveu  o Manuel Moreira (1945-2014)

O poço era um só,
Estava longe do abrigo,
Dava a água para nós
E também p’ro Inimigo.

Nunca percebi por que razão se fez o Destacamento, afastado do único poço com água potável... Uma proposta de sã convivência? O caso é que resultou.

O que se passou nos tempos infindáveis em que o gerador esteve avariado, assunto já abordado neste blogue, por quem o foi substituir, depois de aturados 
pedidos a Bissau sem que se resolvesse em tempo útil,   é inenarrável. (***)

As garrafas de cerveja penduradas no arame farpado, cheias de combustível,  tinham que ser continuamente acesas nas noites de chuva forte ou de vento. O risco que a “malta” corria nessas circunstâncias, sendo a única coisa iluminada na escuridão, tornando-se um alvo fácil era enorme, embora, que me lembre,  nunca tenha havido flagelações nessas alturas.

Flagelações houve muito poucas (seis),  sem grandes consequências, a água do poço nunca foi envenenada e mesmo sabendo que a resistência oferecida pelas NT, aquando dos ataques, fosse de nutrido fogo mantendo o IN em respeito, penso que este nunca empenhou efectivos suficientes e capazes para provocar danos consideráveis. 

No fundo o IN sabia que,  enquanto aquele pessoal ali estivesse enquistado, a tropa do Xime, com a dispersão acima referida, estaria muito menos apta a fazer operações complicadas.

As relações entre o pessoal podem considerar-se muito boas,  não havendo atitudes condenáveis, que até seriam possíveis num ambiente concentracionário como aquele. 

A convivência com a milícia logo de início se mostrou muito favorável porque, abastecendo-se de géneros junto das NT, passaram a pagar muito menos do que anteriormente,  porque os preços eram os mesmos que nos eram debitados sem alcavalas de qualquer espécie. 

Não me recordo da existência de familiares a viverem com o pessoal africano, mas segundo o testemunho do tabanqueiro Manuel Moreira, uma mulher deu à luz na época em que lá esteve e foi o 1.º cabo aux enf Cordeiro Rodrigues, o " Palmela", ajudado por ele que assistiram ao parto.

Com a falta de géneros tudo se aproveitava incluindo a caça, que se resumia a tiro de rajada para bandos de aves grandes, pernaltas (não sabemos quais) e se caiam nas redondezas eram o pitéu desse dia. 

As noites eram passadas como se calcula, com as sentinelas nos quatro cantos do quadrado e a malta a ver e a ouvir os rebentamentos que vinham da direcção de Jabadá, de Tite, Porto Gole e do Xime, claro. Pode ser sinistro mas não é difícil pensar que muitos diriam: 

− Antes eles do que nós!...

Como de costume, depois das tarefas de rotina, quando o calor era menos intenso, seguia-se o eterno futebol com bolas dadas pelo Movimento Nacional Feminino (MNF), de péssima qualidade, substituídas pelas tradicionais trapeiras. 


João Guerra da Mata

Num dos reabastecimentos que se fizeram conseguimos levar, para além de gado mais miúdo, algumas vacas que, como sabemos, na Guiné são de pequeno porte. 

Como o futebol também farta,  houve alguém que sugeriu tourear uma das vacas que ainda estava viva para tardios bifes.

Foi uma festa com as peripécias inerentes à Festa Brava e todos os dias “a las cinco en punto de la tarde” soltava-se a vaca e era um corrupio de faenas com cornadas… incompetentes. O tempo foi passando e já só restava um dos pobres animais para animar os fins da tarde. 

Como o reabastecimento nunca mais chegava e o atum com arroz já não se podia ver, e muito menos comer, o alf Mata teve de decidir entre o partido pró-tourada e o partido pró-bife. 

Não foi fácil, mas acabou por vencer este último. Convocou-se o soldado condutor J. Viveiro Cabeceiras que também era padeiro, magarefe e pau para toda a obra, que procedeu à matança. Começando a esquartejar a rês,  vai ter com o Alferes e informa-o que a vaca estava tísica, pulmões quase desfeitos. 

 
− Come-se a vaca ou não se come a vaca? 

Nova discussão e resolveu-se não aproveitar as vísceras e apenas o músculo. Assim se comeu carne assada sem problema de maior. Quando esta acabou voltou-se ao atum aos enlatados,  tudo coisas que já escasseavam mas o pessoal andava triste com a falta dos fins de tarde taurinos. Então o Cabeceiras foi ter com o alferes Mata e disse-lhe:

- Meu alferes, a malta anda tão triste que se quiser e autorizar eu faço de vaca pois guardei os... cornos.

E assim de conseguiram mais uns fins de tarde…

Felizmente com a redistribuição das Forças no terreno, iniciada pelo brig Spínola, foi a Ponta do Inglês evacuada sem problemas em 7 e 8 de Outubro de 1968, pondo-se fim ao disparate da sua existência. 

Há uma enorme falta de informação (para mim) sobre a evacuação da Ponta do Inglês; nem na história do BART 1904, nem na da CART 1746, apenas é mencionada a data em que se efectuou. 

Tenho ideia que,  para além do pelotão da CART  1746,  da secção  de Morteiros e do pelotáo de milícia,  estiveram na Ponta do Inglês pessoal de outras unidades a montar segurança (mas quais?) enquanto o pessoal carregava a barcaça Bor de todo o material e bagagem da rapaziada. Estivemos nas imediações da Ponta Varela a assegurar a passagem da Bor a caminho de Bambadinca. Foi uma operação, para mim sem nome, que envolveu mais meios que não recordo.

Segundo informação de oficiais do BART 1904, o brig Spínola com o respectivo séquito aterrou na Ponta do Inglês, já ia adiantado o carregamento da Bor, mandando evacuar a segurança, depois de se ter armadilhado o que estava determinado... Só depois reparou que já não havia segurança nenhuma e que ele e os outros oficiais que o acompanhavam tinham ficado, como hei-de dizer, abandonados na margem do Corubal com o pessoal do ou dos helis a chamá-los quando se aperceberam da situação.

O pelotão da Cart 1746 chegou ao Xime sem problemas e todos tivemos uma enorme alegria por voltarmos a estar juntos. ....E na verdade o que vos doi... É que não queremos ser heróis (Fausto).

António Vaz (2012) (****)

(Revisão / fixação de texto, título: LG)

_________

Notas do editor LG:

(*) Vd poste de 4 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27384: A nossa guerra... a petromax (1): Quem é que ainda se lembra dos candeiros a petróleo ? Em 1964, em Guileje, Gadamael, Ganturé, Sangonhá, Cacoca, Cameconde... Em 1967/68, em Ponate, Banjara, Cantacunda, Sare Banda, Ponta do Inglês...

(**) O que diz a CECA (2015):

(...) Em 19 e 20Jan65, realizou-se a operação "Farol",para ocupação e instalação dum aquartelamento na Ponta do Inglês. 

O ln emboscou as NT, sofreu baixas não estimadas e foram capturadas granadas de mão e de lança-granadas foguete. 

Em 20Jan, forças da CCaç 526 e CCav 678, durante um reconhecimento na área Ponta do Inglês - Buruntoni, destruíram um acampamento com 15 casas a cerca de 600 metros a sul da antiga tabanca da Ponta do Inglês, tendo capturado diversas munições; encontraram alguns abrigos no lado sul da Ponta do Inglês-Xime, no local da emboscada feita às NT em 19 e destruíram 2 casas a leste de Ponta do Inglês. (...)

Fonte: Excerto de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro I; 1.ª Edição; Lisboa (2014), pág  311.


Em comentário ao poste P7590 (****), o José Nunes, ex-1º cabo mec eletricidade, BENG 447, 1968/70; escreveu:

(...) "O aquartelamento da Ponta do Inglês estava operacional em abril de 1968, quando aí nos deslocámos pra montar o grupo gerador, ficava junto ao rio e não havia cais, o Unimogue avançou rio dentro até da LDP [Lancha de Desembarque Pequena] de onde se descarregou o gerados a pulso. 

A iluminação era feita [, até então,] com garrafas de cerveja com uma mecha, cheias de combustível, e as havia a servir de alarme, havia muitos macacos na zona que causavam problemas, ao agarrar o arame farpado da zona de protecção. Foi uma permanência de horas por causa das marés." (...)



domingo, 2 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23661: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (5): CCS / BCAÇ 697 (Fá Mandinga, 1964/66)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > Carta de Bambadinca (1955), escala 1/50 mil (1955) > Posição relativa de Fá Mandinga, a escassa meia dúzia de quilómetros de Bambadinca, na direção de Bafatá. Ficava ma margem esquerda do rio Geba Estreito. Durante anos foi sede batalhão. E, mais tarde, centro de instrução militar: no 1º semestre de 1970, foi lá que se formou a 1ª CCmds Africanos, comandada pelo cap graduado 'comando' João Bacar Jaló. Também foi sede do Pel Caç Nat 63, ao tempo do nosso "alfero Cabarl (19609/70), antes de ser transferiodo para Missirá.


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).

1. Temos escassas referências (meia dúzia) a este batalhão, o BCAÇ 697, e nenhum representante na Tabanca Grande. Foi esta unidade que ocupou a península da Ponta do Inglês, em 19 de janeiro de 1965, instalando ali uma companhia e depois um pelotão (*).

Era composta apenas por comando e CCS, sem subunidades orgânicas operacionais. Algumas companhias que atuaram sob as suas ordens ou estiveram integradas no seu dispositivo e manobra: CCAÇ 508, CCAÇ 526, CCAÇ 556, CCAÇ 818, CCAV 678, CCAÇ 1417, CCAV 1482, CCAÇ 1439... Não temos imagens do brasão e guião.


Batalhão de Caçadores n.º 697

Identificação: BCaç 697

Unidade Mob: RI 15 - Tomar

Cmdt: TCor Inf Mário Serra Dias da Costa Campos

2.° Cmdt: Maj Inf Abeilard Borges Teixeira Martins | Maj Inf João António Monteiro de Oliveira Leite

OInfOp/Adj: Cap Inf Fernando Luís Guimarães da Costa

Cmdt CCS: Cap SGE Diamantino Alves Gomes | Cap SGE Bento Marreiros

Divisa: 

Partida: Embarque em 15Ju164; desembarque em 2lJu164 | Regresso: Embarque em 27 Abr66

Síntese da Actividade Operacional


Era apenas composto de Comando e CCS. Não dispunha de subunidades operacionais orgânicas. (*)

Após breve permanência em Bissau com vista ao estudo e preparação da sua zona de acção, assumiu em 24Ago64 a responsabilidade do Sector H, então criado na zona Leste e retirado à área do BCaç 506, que a partir de 11Jan65, passou a ser designado por Sector LI, com a sede em Fá Mandinga e abrangendo os subsectores de Bambadinca e Xitole. 

Em 29Ag064, a sua zona de acção foi alargada do subsector de Enxalé, retirado à área do BArt 645. 

Em 16Abr65, foi ainda criado o subsector de Xime, com consequente remodelação dos subsectores.

Em 19Jan65, na sequência da operação Farol, procedeu à ocupação da região de Ponta do Inglês, onde foi instalada uma companhia a qual foi reduzida depois a um destacamento de nível pelotão, a partir de 16Abr65.(**)

Com as subunidades do sector e outras que lhe foram atribuídas de reforço, desenvolveu intensa actividade operacional, planeando, comandando e controlando diversas acções de patrulhamento, de reconhecimento e de recuperação das populações, instalando diversos destacamentos com forças das subunidades e das milícias.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 2 metralhadoras ligeiras, 13 pistolas-metralhadora e 28 espingardas e munições de armas ligeiras.

Em 26Abr66, foi rendido no sector pelo BCaç 1888, recolhendo seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa nº  69 - 2ª Div/4ª  Sec., do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp.  61/62.
____________

Notaa do editor:

(*) Último poste da série > 23 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23641: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (4): CCAÇ 2637, mobilizada pelo BII 18, Ponta Delgada, Açores (Teixeira Pinto, 1969/71), e a que pertenceu o fur mil enf Fernando Almeida Serrano, natural de Penamacor e futuro novo membro da Tabanca Grande

sábado, 2 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21726: Facebook...ando (58): Fotos do meu pai, já falecido, Jorge Nicociano Ferreira, ex-fur mil at cav, CCAV 678 (Bissau, Fá Mandinga, Ponta do Inglês, Bambadinca, Xime, 1964/ 66) (Rui Ferreira)


Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > CCAV 678 (1964/66) > O fur mil at cav Jorge Nicociano Ferreira, no Saltinho, junto à ponte sobre o Rio Corubal, general Craveiro Lopes. A legenda no verso diz: " 3 outubro de 1964_Ponte do Saltinho. Distam 3 km do fim da ponte à fronteira do Senegal. [.O autor queria dizer: "Guiné-Conacri"].

 
Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali  > Catió > CCAV 678 (1964/66)  > s/d > O fur mil at cav Jorge Nicociano Ferreira,  Lacónica legenda: "Escolta [a]  Catió".


Foto nº 3 > s/l > s/d > Cabo Verde (?) > Graduados (furriéis) da CCAV 678, entre os quais o Jorge Nicociano Ferreira... A foto não tem legenda e é de má qualidade. Sabe.se que a CCAC 678 esteve em comissão, em Cabo Verde, 8 de maio de 1964 e 18 de julho de 1964, e que nesta data embarcou para a Guiné.  A foto pode ter sido tirada em Cabo Verde... Os militares estão junto a um memorial. Não conseguimos identificar a unidade  (CCE 342 ?) nem a divisa. (Parece tratar-se de uma Companhia de Caçadores Especiais, e o número mais provável será o 342.)



Foto nº 4 > Porto > Bonfim > Cemitério do Prado do Repouso > 24 de dezembro de 2020 > Túmulo do capitão Francisco Xavier Pinheiro Torres de Meirelles, a um escasso metro e tal do túmulo onde repousam os restos mortais do ex-fur mil Jorge Nicociano Ferreira.

Fotos (e legendas): © Rui Ferreira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCAV 678 >  1965 > Festa de 1º. aniversário da CCAV 678, em Bambadinca. Na mesa dos oficiais e sargentos, o 1º de frente e da esquerda é o Fur Mil At Manuel Bastos Soares, autor destas fotografias, natural de Vila Nova de Gaia e residente na Maia, 

Foto (e legenda): © Manuel Bastos Soares (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Rui Ferreira, deixada na página do Facebook Tabanca Grande Luís Graça, em 31/12/2020, às 1h39:

Caro Luís Graça, sou filho de um ex-combatente na Guiné e já acompanho o vosso blog há uns anos. O meu pai, Jorge Nicociano Ferreira, foi furriel na CCav 678 e. nomes como Xime, Xitole, Ponta do Inglês, Bambadinca, Bafatá, entre outros, estiveram sempre presentes na minha infância. 

Recentemente encontrei fotos do meu pai e camaradas na Guiné, de uma paisagem na Ponta do Inglês, de uma avioneta que poderia ser a do intrépido Honório... Quase todas têm uma legenda e gostaria de as partilhar convosco. 

Sempre presente está também o capitão Francisco Meirelles, sobre quem o senhor Jorge Araújo escreveu um notável texto, já que está sepultado a pouco mais de um metro do túmulo do meu pai. A vida está recheada de ironias...

2. Resposta do nosso editor LG:

Obrigado, Rui, o prometido é devido, aqui tens o  fazer o poste que tu e o teu pai merecem. Obrigado por nos teres evocado a memória do teu pai e nosso camarada. Vejo que ele conheceu as mesmas estações do calvário que eu. Temos poucas referências no blogue, umas sete ou oito, à CCAV 678.  Mas um dos camaradas do teu pai é membro da nossa Tabanca Grande, o ex.fur mil Manuel Bastos Soares, que mora na Maia.  (*).

Publicamos, acima, uma foto dele, em Bambadinca, no 1º aniversário da companhia. Vê se o teu pai está lá, no grupo de furriéis. Se tiveres mais fotos, manda com melhor resolução, para o meu endereço de email: luis.graca.prof@gmail.com

O teu gesto de amor filial merece ser conhecido e reconhecido (**). Como dizemos, na nossa Tabanca Grande, os filhos dos nossos camaradas, nossos  filhos são. Um ano de esperança para ti e os teus.  LG



3. Ficha de unidade > Companhia de Cavalaria nº 678


Identificação;  CCav 678
Unidade Mob: RC 7 - Lisboa
Crndt: Cap Cav Juvenal Aníbal Semedo de Albuquerque
Cap Cav Inácio José Correia da Silva Tavares
Cap Art José Vítor Manuel da Silva Correia
Divisa: "Com os Nossos Fica a Palma da Victória"
Partida: Embarque em 18Jul64 (em Cabo Verde); desembarque em Bissau, em 18Jul64
Regresso: Embarque em 27Abr66


Síntese da Actividade Operacional

Em 18Ju164, foi transferida de Cabo Verde, onde se encontrava em comissão desde 08Mai64, para a Guiné, por troca com a CCaç 417.

Após um curto período de adaptação operacional realizado na região de Quinhamel com a CCaç 414, de 19 a 26Ju164, ficou colocada em Bissau, na dependência do BCaç 600, com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área.

Em 16Set64, foi substituída em Bissau pela CCaç 594, tendo seguido, em 25Set64, para Fá Mandinga, como subunidade de intervenção e reserva do BCaç 697 e destacando pelotões para Enxalé e Xitole, este de 25Set64 a 11Nov64, em reforço das guarnições locais.

Em 19Jan65, com a realização da operação Farol, ocupou a povoação de Ponta do Inglês, mantendo no entanto, um pelotão destacado em Enxalé.

Em 16Abr65, substituída em Ponta do Inglês por um pelotão da CCaç 508, assumiu a responsabilidade do subsector de Bambadinca, onde rendeu a CCaç 508, mantendo-se na zona de acção do BCaç 697, em acumulação com a função de intervenção e reserva do sector e mantendo ainda o pelotão destacado em Enxalé

Em 2Ago65, deslocou forças para Xime e Ponta do Inglês, a fim de substituir a CCaç 508 e ministrar o treino operacional à CCaç 1439 naquela zona de acção.

Em 10Set65, por troca com a CCaç 1439, assumiu a responsabilidade do subsector de Xime, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Enxalé, este deslocado em 28Jan66 para Quirafo.

Em 14Abr66, por troca com a CCav 1482, voltou a assumir, temporariamente, a função de intervenção e reserva do sector, sendo substituída, em 26Abr66, pela CCaç 1551 e recolhendo a Bissau para o embarque de regresso.

Observações:

Não tem História da Unidade. Tem Resumo de Factos e Feitos (Caixa n." 314 - 2: Div/4." Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pp. 498/499.


 
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > O ex-Fur Mil Op Esp Humberto Reis, da CCAÇ 12 (1969/71), junto ao memorial da CCAV 678, identificado por Luís Graça, e aqui confimado pelo Manuel Bastos Soares. (*)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3453: Brasões, guiões ou crachás (2): CCAV 678, 1964/66 (Manuel Bastos)

(...) Mensagem do nosso camarada Manuel Bastos Soares, ex-Fur Mil At da CCAV 678, Guiné 1964/66, com data de 7 de Novembro de 2008:

Caro Luís:

As minhas cordiais saudações.

Durante o dia de hoje, estive a visionar o teu blogue, e verifiquei que, no álbum das minhas fotos, inseriste uma outra, do e com o Humberto Reis, onde se vê os brasões de algumas das unidades que passaram por Bambadinca, e de entre eles, lá está o da minha CCAV 678, já com as cores comidas pelo tempo e pelo rigor do clima da Guiné.

Fiquei deveras sensibilizado, pelo que quero expressar-te o meu agradecimento. Não há dúvida nenhuma de aquele brasão é de facto o da CCAV 678, e a prova segue em anexo, de um slide que digitalizei do dito brasão.(...)

Vd. também poste de 7 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares  (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66)

(**) Último poste da série > 7 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21618: Facebook...ando (57): Confúcio e o confucionismo, ontem e hoje: visita ao templo de Pingyao, 2011 (António Graça de Abreu, ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)