sábado, 16 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20980: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (10): Feliz em África - I (em jeito de biografia)

1. Em mensagem do dia 27 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada ainda ao confinamento.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 9

Feliz em África (em jeito de biografia)

À medida que se aproximava o fim da comissão de serviço militar na Guiné, aumentava o sonho de me isolar numa ilha deserta. Era aquele sonho supremo de vir a ter uma cana de pesca, um amor e uma cabana. O cansaço, a saturação e os traumas da guerra, iam-se acumulando e provocando, cada vez mais, a necessidade dessa fase de grande repouso.


Todavia, quando regressados dessa ingrata missão, sentimos que os sonhos foram logo ultrapassados pelas aceitáveis realidades, pelo amor presente, pelas velhas amizades e por um envolvente nacional comodismo. No meu caso, não foi difícil assumir um emprego.
No entanto, mesmo a trabalhar e mantendo algum espírito de revolta e contestação (mesmo não sendo universitário), em Abril de 1969 juntei-me a amigos em Coimbra a apoiar a justa luta estudantil, tal como já o havia feito no ano anterior durante o período de férias durante a guerra na Guiné.

Em poucos meses somos acordados com as tristes realidades que continuam a prevalecer no nosso País. A leve esperança em Marcelo Caetano que, apesar do seu aparente fulgor, não nos convencia estar orientado para a mudança desejada. Portugal isolava-se cada vez mais, a guerra colonial continuava, os seus mortos e estropiados aumentavam e os trabalhadores fugidos também. Continuam a reinar os servidores do regime, seus bufos e seus lacaios. A Igreja Católica colabora, os ricos engordam e os pobres resignam-se. E continuam a imperar os medos, tabus e preconceitos.

As coisas não estão bem, mas também não há força nem grande disposição para lutar. Insatisfeito com a situação profissional surgida e seu impacto no ansiado desfecho amoroso, aproveito a visita do empresário Sr. Celestino, irmão da amiga Professora Patrocínio, que estudara com a minha Gilda, que nos incentivou e ajudou a irmos para Cabinda.

Pelo que ouvia falar sobre Angola e os angolanos, há muito que via ali a tal “ilha tropical”, de mar calmo, areias finas e coqueiros junto da água.

O sonho de ir para uma “ilha deserta” veio a concretizar-se

Vendi o carro à pressa, por baixo preço e parti de barco para Luanda. Embora “desacompanhado”, beneficiei de uma óptima viagem, em 1.ª classe, que muito me agradou. Lembro-me que numa das festas diárias a bordo, foquei a miúda mais linda que ia no barco. Ela também se afastou um pouco a meio da festa e veio encostar-se ao gradeamento, perto de mim, beneficiando também da agradável brisa do mar. Não resisti à tentação de lhe dirigir a palavra:
- Desculpe, a menina sente-se mal?
Ela voltou-se toda receptiva, posicionou-se mostrando todo o seu charme e a sua deslumbrante beleza, e respondeu:
- Sein, aum pocochaeinho.

Ainda trocámos algumas palavras, mas aquele sotaque madeirense saído de uma tal beleza, caiu-me que nem o tal “balde de água fria”.

Chegado a Luanda, aceitei a oferta de uma miúda que me levou para uma pensão familiar. Fui comer à Restinga e fui ao cinema. Quando cheguei ao quarto, revi tanta coisa boa que me atraía, que me parecia prender a ficar por ali. De repente, reajo e assumo: esquece, é hora de mudar de vida, vais para Cabinda e é lá que esperas receber muito brevemente a tua Mulher.

Com a Câmara Municipal ao fundo

O amigo Celestino que me levou para lá, era sócio do melhor Hotel de Cabinda e foi lá que ele me mandou aguardar. Por curiosidade, refiro que conheci ali o famoso Joselito, meu ídolo de infância, que passara por Cabinda em digressão artística.

Desde logo conheci, nos primeiros dias, os seus amigos, que eram das pessoas mais importantes de Cabinda.
Pensava ingressar na empresa Cabinda Gulf Oil Company. Porém, nessa mesma semana, a empresa despedira mais de 700 pessoas, em virtude de ter terminado a fase necessária à sua estruturação.

À esquerda, a fachada lateral direita do edifício da Câmara Municipal de Cabinda

Fui para a Câmara Municipal. No meu concurso, para Aspirante, entre outros documentos, tive que juntar a Caderneta Militar. Quando o secretário ma devolveu, após a minha admissão, teve o cuidado de realçar:
- O melhor documento que o Executivo valorizou foi a sua Caderneta Militar, com um louvor.

Quem havia de dizer que aquilo que eu mais tinha desvalorizado na guerra, me viesse a ajudar? Todos os militares devem lembrar-se que na sua maioria os louvores eram injustos (na sua justificação e na sua distribuição). E então voltei a lembrar-me daquele discurso público do meu Capitão, incentivando os militares:
- “Ainda vamos ver o nosso Furriel Silva de Cruz de Guerra ao peito”.
Ao que eu, sem a educação devida, respondi:
- “Não meu Capitão, eu não quero ser Cantoneiro. Nunca serei Funcionário Público”.

Primeira patuscada em Cabinda, ao norte, junto a um lago. Funcionários da Câmara Municipal com Administrador local.


Em Cabinda passei dos melhores anos da minha vida. A progressão profissional na Câmara Municipal foi notória. Minha mulher chegou e foi ensinar para a Escola Secundária. Nasceu o primeiro filho e com ele uma estabilidade emocional inigualável.

O meu filho identificou-se cedo com “barman”

Petiscando com o meu sogro, em dia de caça, no norte de Cabinda

Fomos à caça para o norte de Cabinda. Elefantes? Só lhes vimos as marcas. Mas deu para ver que o meu sogro era bom atirador. Aqui, abateu uma abetarda.

Com os sogros junto à praia das Missões (Dez 1971)

Passaram-se os primeiros dois anos sem ler, ouvir e pensar em guerra ou em política. A cabeça rejeitava tudo. Apenas mantinha alguma ligação ao desporto.
Afinal a desejada “ilha” existia mesmo! E os coqueiros também! Passava o tempo livre junto do mar e sempre com a cana de pesca.
Criámos o clube da Câmara, promovemos o desporto e desenvolvemos boas amizades.


Pratiquei futebol de salão e fui Campeão na Pesca. Fomos disputar o título de Angola, num concurso na praia da Caotinha, entre Lobito e Benguela. Fui “pescado” para a delegação da Direcção Geral dos Desportos, onde também colaborei nas suas organizações.

Como amante da Sétima Arte, ia quase diariamente ao cinema. E, quando frequentei uma acção de formação de Cinema Amador, fui convidado a integrar a equipa de Cinema do Rádio Clube de Cabinda. Como seu representante, participei no Congresso/Festival do Cinema, realizado em Moçâmedes (1972).

Os anfitriões de Moçâmedes levaram-nos ao Deserto do Kalahri

Quanto mais tempo passava, mais feliz me sentia em Cabinda. E nós íamos vivendo melhor e mais folgadamente.

Meu cunhado Eugénio (militante de esquerda) foi preso para Caxias. Meus sogros, que já nos haviam visitado, viviam isolados e tristes. Foi nessa altura que pensámos na alegria que eles sentiriam se voltassem a ver o neto Zé Tó, com 9 meses (nosso filho).
E a verdade é que essa alegria resultou. E como a criança ainda não fora baptizada, toca de organizar esse evento com o padre de Espinho, nosso amigo.

Porém, à medida que íamos passando o tempo sem ele, fomos sentindo uma angústia crescente, que culminou com a sua vinda, mais de 3 meses depois. Os reflexos emocionais sentidos, ainda hoje se manifestam, sempre que pensamos na “inconsciência daquela aventura”.

Quando o Zé Tó chegou não aceitou o colo dos pais.

Continuaram aqueles anos espectaculares. Basta referir que eu não sentia necessidades de gozar férias. Cheguei ao ponto de confessar, tal como dizia o amigo empreiteiro, Sr. Claudino:
- Ah, não! Não preciso de ir lá, ao puto (Portugal), porque não me esqueci de nada.

José Ferreira
(Silva da Cart 1689)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20932: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (9): “Operação Confinamento II"

Guiné 61/74 - P20979: Os nossos seres, saberes e lazeres (392): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Outubro de 2019:

Queridos amigos,
A Campânia, nome da região napolitana, tem uma poderosa herança da magma Grécia, inicialmente aqui falou-se grego, obviamente com a constituição da República Romana o latim ganhou foros de cidade. O amante da antiguidade clássica tem à sua disposição três sítios arqueológicos de elevadíssimo valor: Pompeia, o mais gigantesco dos sítios, com fórum, mercado, banhos, teatro, casas riquíssimas e uma atração muito especial que são os vestígios bem explícitos dos lupanares; Pestum, a antiga Poseidonia, fundada por colonos gregos de Sibaris, os entusiastas por arqueologia têm aqui templos magníficos e uma figura de referência, um fresco conhecido por um mergulhador; e a antiga Herakleion, de que estamos a falar. Mostram-se inicialmente imagens tiradas do alto, pela simples razão de que o local da antiga Herculano está bem abaixo do nível da cidade moderna.
É esta sumptuosidade de casas, traçado das ruas, frescos e marcas impressionantes da vivência quotidiana que aqui se pretende mostrar.

Um abraço do
Mário


Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (4)

Beja Santos

Não tendo a importância nem a magnificência de Pompeia, Herculano era uma cidade muito próspera. O traçado da cidade que as cinzas da erupção do Vesúvio soterraram em 79 d.C. foi planificado na primeira metade do século IV a.C., conheceu renovação urbanística durante a época de Augusto, sobretudo o teatro, a basílica, o aqueduto e até os templos, as termas e o ginásio. Herculano sofreu um terramoto devastador em 62 d.C., o Imperador Vespasiano contribuiu para a reconstrução. A superfície dentro das muralhas seria aproximadamente de vinte hectares e os habitantes quatro mil. As imagens que se vão mostrar têm a ver com as escavações a céu aberto de uma área modesta, não chega a cinco hectares. O que significa que o visitante não tem acesso a edifícios muito importantes, até porque uma parte deles já se encontra fora do parque arqueológico. A erupção do Vesúvio alterou profundamente toda a área, as águas eram muito próximas de Herculano, agora estão a centenas de metros. Em termos topográficos, como qualquer outra urbe romana, a estrutura da cidade organizava-se em eixos principais conhecidos por decumanos e com ruas transversais conhecidas por cardos. É um dos dados do génio arquitetónico romano e que perduraram na civilização europeia. Quem hoje percorrer Tomar verifica que o seu casco histórico, aprovado pelo infante D. Henrique, tem estrutura similar.




Entra-se no parque arqueológico num ponto ermo, o que permite tentar algumas panorâmicas, recordando sempre que é uma área menor aquela que está escavada. E antes de investir na visita ao que as escavações permitem ver, visitou-se uma exposição de peças encontradas e preservadas, o tema dominante eram os objetos de luxo da cidade romana, como vamos ver, optou-se por mostrar ourivesaria, moedas e belíssimos mosaicos.






As escavações de Herculano começaram em 1738, usou-se a técnica das galerias subterrâneas até que em 1828 começaram as escavações a céu aberto. O milagre de encontrar tantos sinais do que era a vida em Herculano deve-se aos cerca de dezasseis metros de materiais resultantes da erupção que conservaram não só o traçado da cidade como edifícios, azulejos e artefactos de toda a ordem. Após sucessivas escavações, vieram à luz do dia restos orgânicos num número impressionante, até uma embarcação foi descoberta em 1982 na velha praia. Os andares superiores dos edifícios permitem compreender cabalmente como eram os volumes dos mesmos e as técnicas de construção utilizadas.





Quem tem gosto por ver de perto os sinais de uma civilização do período da antiguidade clássica, encontrará aqui motivos de regozijo. Fez-se uma réplica dos esqueletos humanos que se descobriram em 1980 e que são o testemunho da erupção do ano 79 d.C. Eram habitantes de Herculano que fugiam para a praia com os seus objetos mais valiosos, mas não suportaram a elevada temperatura das nuvens ardentes emanadas do vulcão. Foi nesta zona que se encontrou uma embarcação romana de nove metros de comprimento. É inequívoco que a costa estava muito perto. Felizmente que o visitante tem ao seu dispor um pequeno guia que lhe é entregue à entrada e que lhe dá a possibilidade de identificar as termas suburbanas, a área sagrada, os templos, casas senhoriais, os locais da compra de comida, o ginásio, casas com portais ou átrios, oficinas, lojas, por toda a parte temos vestígios de estabelecimentos onde se vendiam bebidas e comida quente, já que os romanos almoçavam fora de casa.



Com o entusiasmo desta apresentação, o viandante dá conta que há muito mais em Herculano, falta ainda falar de certas casas, estabelecimentos e templos de grande beleza.
Fica para a próxima.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20956: Os nossos seres, saberes e lazeres (391): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P20978: FAP (120): Ainda o trágico acidente com o T6 - 1795. em Canquelifá, de que resultou a morte do fur mil pil Moutinho (Valdemar Queiroz / Abílio Duarte / Cândido Cunha, CART 2479 / CART 11, 1969/70)


Guiné > Região de Gabu > Canquelifá > Dezembro 9169 >  O Abílio Duarte examinando os restos do T6

Foto (e legenda): © Ab+ilio Duarte  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P20973 (*):

Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

É interessante verificar como se pode 'arranjar um abatido em combate', até parecia uma informação do PAIGC.

Eu, com o meu 4.º Pelotão cheguei a Canquelifá em 14 ou 15/12/1969. Fomo-nos juntar a outro Pelotão da nossa CART 11 reforçando a CART 2439 na defesa de Canquelifá que tinha sido fortemente atacada na semana anterior.

Quando lá cheguei já tinha acontecido [, em 4/12/1969,]  o desastre com o T6 que resultou a morte do piloto Moutinho. Não me recordo de nenhuma conversa sobre o que aconteceu.

Recordo-me muitas vezes de Canquelifá por causa do meu amigo, já falecido, ex-fur.mil. Aurélio Duarte e da bonita tabanca com uma placa à entrada desejando 'Bem-Vindo às Termas de Canquelifá,  com o desenho do repuxo e tudo.


Abílio Duarte, foto abaixo: ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); está reformado como bancário do BNU - Banco Nacional Ultramarino]

Como já referi anteriormente, conheci este malogrado camarada, no dia do seu último aniversário e véspera do acidente.

Esteve connosco na nossa Messe, em Nova Lamego (Quartel de Baixo), onde o meu camarada Furriel Mecânico Pais de Sousa, era seu amigo.

Em relação aos comentários de agora, tenho a dizer o seguinte. Ele estava aquartelado no edifício do Batalhão, uns quarteirões mais acima, do nosso local. Não me apercebi que ele estivesse alcoolizado. Não acredito.

Os T-6, tinham ficado em Nova Lamego, toda a noite, e saiu no dia seguinte para Canquelifà, reabasteceu e voltou a levantar voo, tendo tido uma avaria, tentou regressar à pista e o avião despenhou-se, tendo ficado todo calcinado.

A outra versão que leio agora, estranho muito, pois estive em Canquelifá, por vários períodos (15 dias) em reforço da guarnição, e nunca ouvi comentar, que ele tenha sido atingido pelo inimigo.

Portanto, e até provas em contrário, para mim ele teve um problema no avião e não conseguiu aterrar em condições. Em anexo mostro uma foto onde eu estou vendo o T-6 destruído, e por lá ficou por muito tempo.


Espinho > Silvalde > Fevereiro de 1969 > CART 2479 / CART 11 > IAO, Instrução de Aperfeiçoamento Operacional > Uma "foto histórica" um "ninho" de lacraus, designação do pessoal da futura CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche) > O Cândido Cunha é o nº 3... Os restantes (cujas cabeças são visíveis); o Ferreira (vaguemestre) (10), o Abílio Pinto (11), o Manuel Macias (6), Pechincha (que era de operações especiais) (7) e o Abílio Duarte (5).

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine.]


Cândido Cunha [, vd. foto acima]

O último voo do "T-6 1795" em Canquelifá

A causa da queda do T-6 em 4/12/1969, foi que, ao levantar voo ainda a baixa altitude, o nosso querido e malogrado piloto Alberto Moutinho, ao notar uma pequena falha e perda de potência no motor da aeronave, ao invés de tentar ganhar velocidade mantendo a altitude que já de si era perigosamente baixa, puxou para si o manche e, logo a aeronave caiu como uma pedra sobre uma tabanca, tendo uma velhota, que dela tinha saído, escapado por escassos metros.

Fomos dos primeiros a chegar ao avião envolto em chamas e vimos vários camaradas tentando partir a carlinga tentando retirar o querido e malogrado piloto. Entre eles o cozinheiro da 2439.

Copos, anti-aéreas e outras divagações, não. Por favor!

Abílio Duarte

Desconfiava que naquela altura havia lá gente da nossa Companhia, mas não tinha a certeza, se tu assististe à tragédia, é porque eu ainda não andava contigo e estava no 1º Pelotão, pois como sabes acabamos o nosso degredo no 3.º Pelotão.

Eu ainda hoje não consegui descobrir, porque é que passei do 1.º para o 3.º. Uma vez perguntei ao nosso falecido Capitão o porquê, e ele muito alentejano me disse "é a guerra Duarte... é a guerra".

Abraço, velho Lacrau. Por onde nós andamos... e ainda vamos por aí, depois de caganeiras, paludismos e toda a merda que havia, estamos agora em casa de prevenção. As voltas que a vida dá.

PS - Meu Caro Coronel Miliciano Lukas Titio, gostei que aparecesses aqui neste nosso blogue. Como diz o Valdemar, tu estiveste lá, nos piores dias da nossa CART 11, em Canquelifá. Bem hajas, abraço.


2. Segundo António Martins Matos [, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74[, "na zona de Canquelifá nunca houve AAA. Houve Strelas, mas isso já foi em 1974."

O António J. Pererira da Costa, por seu turno, confirma:

"Concordo com a afirmação do António Martins Matos. Nessa altura, o PAIGC dispunha de ZSU-23-4, mas só no Quitafine (próximo de Cacine). Creio que já não seriam muitas. A FAP tinha-as destruído uma a uma (cap pilav Jesus Vasquez e outros)." (*)
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Nota do editor:

(*) Vd. último poste da série > 14 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20972: FAP (119): O último voo do "T-6 1795" e a morte do Fur Mil Pil Alberto Soares Moutinho, em 4/12/1969. O acidente dever-se-á a pouco depois da descolagem o avião ter embatido com a ponta da asa numa árvore, despenhando-se de seguida (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

Vd. também poste de 13 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20968: FAP (118): O último voo do «T-6 1795» em Canquelifá, e a morte do fur mil pil Alberto Soares Moutinho, em 4/12/1969 (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P20977: Parabéns a você (1802): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20973: Parabéns a você (1801): António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo CAR da CART 3493 (Guiné, 1972/74)

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20976: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (12): Mais umas dicas do "Chef" Joseph Belo, da Suécia tão exótica quanto erótica...


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3 > Sandochas suecas de camarão (Fotos 1, 2, 3)


Foti nº 4 > Sandocha de rena


Foto nº 5 > Sandoha de Alce


Foto nº 6 > Sandocha de Urso

Fotos gentilmente cedidas por J. Belo [e editadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]José Belo:


1. Depois de dois meses  de confinamento,   por causa da maldita pandemia de COVID-19, com a malta farta de comer pizas e conservas de atum,  já sabe bem experimentar outros sabores, como os da exótica (mas também erótica) Suécia... 

Eu, por mim, confesso-me: gosto mais da comidinha cá da nossa terra, mas à falta de melhor, também ia uma sandocha de alce... Em contrapartida, nesta "quarentena cinéfila", já vi ou revi os filmes todos do Ingmar Bergmam, de fio a pavio, e de trás para a frente... O último foi o "Mónica e o desejo" (em sueco, "Sommaren med Monika", um verão com Mónica), um filme de 1953, que passava nos nossos cineclubes, à porta fechada, e se tornou um filme de culto: na puritana Suécia do pós.guerra, e no estrangeiro, gerou polémica  pelas cenas de nu feminino  integral... Bergmam e a sua "piquena" Harriet Andersson,contribuiram em muito para a criar o mito  da Suécia como um "paraíso sexual"... Mas quem vê Bergmam não vê apenas a Suécia, vê a humanidade toda, nas suas misérias e grandezas... Setenta anos depois, este filme, com magnífica fotografia a preto e branco, continua a ser uma das obras-primas do mestre Bergmam.. Uma de muitas!...

Fiquemos então  aqui com as sugestões gastronómicas do Joseph Belo, o nosso régulo da Tabanca da Lapónia...

Pura alquimia, a que se faz na Tabanca da Lapónia:
vodca multidestilado que sai puríssimo, a 96%...
2. Recorde-se quem é o nosso luso-lapão, que, mesmo confinado, não deixa por mãos alheias  os seus predicados de "chef"... (Devo dizer que nunca fechou o restaurante da Tabanca da Lapónia, nem muito menos arrumou o seu alambique de cobre onde  se faz o melhor  vodca do círculo polar ártico):

José Belo:

(i) ex-alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70;

(ii) manteve-se no ativo, no exército português, durante uma década;

(iii) está reformado como capitão de infantaria do exército português:

(iv) jurista, vive entre Estocolmo, Suécia, nem como nas imediações de Abisco, Kiruna, Lapónia, no círculo polar ártico, já próximo da fronteira com a Finlândia, mas também Key-West, Florida, EUA;

(v) é o único régulo da tabanca de um homem só, a Tabanca da Lapónia (, mas sempre bem acompanhado das suas renas, dos seus cães. dos seus alces e dos seus ursos);

(vi) "last but not the least",,, achamos que ele "é mais carneiro do que peixeiro", a avaliar pelas fotos de filetes de rena, alce e urso que nos mandou...
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Guiné 61/74 - P20975: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (2): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Abril de 2020:

Queridos amigos,
O fundibulário escreve uma primeira carta de agradecimento àquela intérprete que aceitou, com a maior das naturalidades, ser co-participante numa tentativa de romance, estavam distanciados, e ele escrevia-lhe para lhe contar a sua vida passada, durante o primeiro encontro ela manifestou a maior das surpresas quando ele lhe disse que tinha combatido na Guiné.
Como tudo isto é ficção, e porque se trata de um arremedo de romance, nada de significativo ficará de pé, houve que recuperar imagens do blogue, e importa confessar que se deu estremecimento ao visualizá-las, aconteceu qualquer coisa de tremendo na viagem pelo tempo, houve mesmo ressurreição de mortos e quem está vivo permanece mais vivo no meu coração, pois aquele tempo e aquele lugar tornaram-se indefetíveis de quem sou hoje.
E vamos continuar este arremedo, se me permitem.

Um abraço do
Mário


Esboços para um romance – II (Mário Beja Santos):
Rua do Eclipse (2): A funda que arremessa para o fundo da memória

Mário Beja Santos

Annette, não tenho palavras para lhe agradecer a sua disponibilidade em ajudar-me a preparar um arremedo de romance, algo que não tenho perfeitamente definido no espírito, como lhe disse no almoço, supus que teria interesse, passadas estas décadas, contar as memórias de uma vivência na guerra da Guiné. A sua disponibilidade tocou-me ainda mais quando se prontificou a ler as minhas recordações, no tal contexto forjado de que éramos duas pessoas que mantinham uma relação apaixonada mas estavam forçados à distância, com encontros presenciais esporádicos, nessa ficção. Ela por ser intérprete, a saltitar por vários países, ele obrigado a ganhar a vida e a dar apoio a três filhos já crescidos, dois com rendimentos precários e um ainda a estudar; foi ela, de nacionalidade belga, que instou ao amoroso português detalhes da sua vida, em encontros anteriores, e revelou o seu assombro quando ele lhe disse que era um antigo combatente numa guerra colonial; e ficou de pé o compromisso de ele lhe dar os tópicos, e se possível as imagens dessa guerra, ela limitara-se a ler, muitos anos antes, uma obra sobre Amílcar Cabral, e ficara impressionada com o vigor do seu pensamento, acrescido o facto de ele ter sido o construtor de uma nação… Annette, volto a Bruxelas no fim deste mês, até perto do Natal haverá reuniões sobre o impacto do euro, sabe melhor do que eu que a partir de 1 de janeiro de 2002 viveremos com a moeda única, a Comissão Europeia pretende que ao longo dos dois próximos anos se delineie uma estratégia de comunicação. Encontrei algumas imagens avulsas que lhe envio, mas começo por lhe dar o pano de fundo desta guerra, que teve condições singulares distintas das guerras que travámos em Angola e Moçambique.

A presença portuguesa neste local da Costa Ocidental de África foi episódica entre os séculos XV e XIX, havia umas praças, uns fortins, uns presídios, comércio de escravos numa base de grande concorrência com espanhóis, franceses, ingleses e holandeses. Chamava-se a esta área a Senegâmbia, que se foi reduzindo até que, depois da Conferência de Berlim, finalizada em fevereiro de 1885, começou uma certa ocupação num espaço muito parecido àquele que negociámos com os franceses em 1886, entregou-se uma região do Norte, que deixou muita mágoa, o Casamansa, e definiram-se fronteiras com as quais se descobriu que afinal tínhamos andado na orla, nalguns pontos dos rios mais propícios ao comércio, e recebíamos um interior completamente desconhecido. A reação dos autóctones foi em muitos casos violenta, já tinha sido antes na definição das fronteiras com os franceses, esta região da Guiné era administrada por Cabo Verde, houve nos anos 1870 um verdadeiro desastre, um massacre numa localidade chamada Bolor, num território (chamado “chão”) de uma etnia, os Felupes. Um dos aspetos mais aliciantes desta colónia é o mosaico étnico, nos dias de hoje conheceu fortes mudanças mas mantém os seus aspetos essenciais desde as grandes alterações demográficas do século XIX, depois das guerras entre as etnias Fula e Beafada. O território está encravado entre duas antigas colónias francesas, uma independente em 1958 e outra dois anos depois, a Guiné Conacri e o Senegal. Amílcar Cabral preparou jovens quadros que tinham feito formação sobretudo na China, isto a partir de 1961, a subversão foi desencadeada no segundo semestre de 1962, e a guerra propriamente dita iniciou-se em janeiro de 1963. A visão de Amílcar Cabral colheu de surpresa os meios militares portugueses, esperavam algo parecido ao que se tinha passado em Angola, nada disso aconteceu. A superfície da colónia era de pouco mais de 36 mil quilómetros quadrados, eu depois mostro à Annette o mapa para ver os aspetos peculiares da região, tropical e húmida, com inúmeros braços de mar, com marés aparatosas, há momentos, na baixa-mar, em que a Guiné cresce, na preia-mar mingua, passa de 36 mil para 28 mil quilómetros. Há a tal diversidade de etnias, muitas delas são animistas, as restantes são predominantemente islamizadas, o cristianismo só recentemente é que passou de um dígito para dois. Logo em 1963, a guerrilha começou a estabelecer-se em pontos nevrálgicos do Sul, acoitava-se em matas densas, mesmo a aviação não era capaz de distinguir os santuários da guerrilha, do ar só se viam os trilhos, muitas vezes a fazer uma teia impressionante; estendeu-se ao Centro-Norte e criou sérios sobressaltos na região Leste. E nunca mais parou de crescer, depois de, em 1964, ter havido uma pronunciada demarcação entre todos aqueles que preferiram passar para a guerrilha ou ficar sobre a proteção portuguesa, isto tudo a par de um drama que eu também vivi, as populações sobre duplo controlo.

Cheguei à Guiné em finais de julho de 1968, dois meses antes houvera substituição de Governador e Comandante-Chefe, quem chegara, de nome Spínola, já Oficial-General, era tratado como o homem providencial, preocupava-se muito com os problemas dos soldados, visitava diariamente de manhã os aquartelamentos, descia em locais onde se estava a combater, recebia as tropas recém-chegadas à Guiné com discursos calorosos, afastava oficiais superiores com o pretexto de que eram incompetentes. E prometia profundas alterações no posicionamento no terreno. Desembarco com dois baús carregados de livros, discos e gira-discos, uma mala e dois sacos com outros haveres. Fui em rendição individual. Mais tarde explicarei a Annette o que sucedera antes, eu tinha regressado de Ponta Delgada, Açores, para formar batalhão numa localidade perto de Lisboa, Amadora, houve um sério conflito com o meu comandante de companhia, era um homem que dizia abertamente que um preto aguenta perfeitamente um interrogatório com trezentas agulhas no corpo e então dá-nos as informações de que precisamos, contestei as práticas, foi uma escalada que levou ao meu afastamento, fui apurado de “ideologicamente inapto para a guerra de contraguerrilha, mormente no Ultramar Português”. Aguardei a minha sorte, o meu destino, foi-me ditado poucos dias depois de eu ter chegado, ia para o Cuor, um regulado frente a Bambadinca, portanto já no Leste, teria a responsabilidade de um Pelotão de Caçadores Nativos e dois Pelotões de Milícias, em duas localidades, Missirá e Finete, ambas com população civil, não sabiam dizer-me ao certo mas tudo somado andaria pelas 400 pessoas, ou talvez menos.

É essa a narrativa que eu vou contar a Annette, com todos os pormenores de que me lembro, guardei uma boa parte da correspondência que recebi, a então minha namorada conservou centenas de aerogramas, outros familiares, sobretudo a minha mãe e a minha irmã, ofereceram-me o correio que lhes enviei, inclusivamente as imagens. Perdeu-se uma boa parte do espólio, houve uma potente flagelação em Missirá, na noite de 19 de março de 1969, arderam dois terços das habitações, iria então começar aquele que ainda hoje considero que foi o maior desafio da minha vida, voltar a pôr Missirá de pé. Hoje não a canso mais, mostro-lhe só algumas imagens, depois conto-lhe quando voltarmos a conversar, se acaso for possível já no fim de outubro, dar-lhe-ei mais detalhes quanto aos preparativos da minha ida para a Guiné, falaremos os dois com estas fotografias na mão. Não tenho palavras pelo que está a fazer por mim, alguém que lhe bateu à porta da cabine de interpretação e que lhe pediu para almoçarem juntos e que lhe contou uma história de um possível romance que só seria escrito com a imprescindível colaboração de alguém com o seu perfil. E parece que acertei em cheio. Receba toda a gratidão e o reconhecimento do Paulo Guilherme Morais Ferreira.


Annette, eu vivia nesta casa (diz-se morança), não dá para perceber a vastidão do desastre que ocorreu em 19 de março de 1969, felizmente, pode ver do lado esquerdo, ficou de pé o edifício dos nossos abastecimentos, ao fundo vê também uma cozinha que ardeu e mais longe o abrigo onde estavam as nossas guarnições. Estou a escrever este comentário, caminho para os 55 anos, e parece que foi ontem que tudo isto aconteceu.


Algures, em meados de 1969, tive que ir a Bissau depor num julgamento de um soldado de milícia que deixara fugir um prisioneiro. Dois dos meus camaradas de Missirá estavam de férias, alguém nos tirou a fotografia, a Annette não vai acreditar na história que lhe irei contar acerca do 1.º Cabo Barbosa, à esquerda, lamentavelmente esqueci o nome de quem está vestido à civil, porventura amigo de um deles, à minha esquerda está o António Fernando Ribeiro Teixeira, o 1.º Cabo de Transmissões, tenho por ele uma gratidão desmedida. Neste tempo, estava em plena forma, rodado de uma viagem diária de 25 quilómetros, entre Missirá e Mato de Cão, depois explico-lhe o porquê destas viagens diárias, como elas eram cruciais para o abastecimento das tropas da chamada Região Leste.


Cedo, o meu relacionamento com a população civil ganhou intimidades. Arranjou-se professor para além do padre que tinha a sua escola corânica, de nome Lânsana Soncó, adorava convites que lhe fazia para bebermos chá Príncipe com pãozinho quente e cubos de marmelada. Uma destas crianças, o segundo menino a partir da direita, é tratado como meu irmão, é já sexagenário, vive em Portugal, daqui não pode sair, depois de dois enfartes do miocárdio. É o filho mais novo do régulo Malam Soncó. O mais crescido da foto, acocorado, é Tumblo, vive em Bissau, teve um AVC, recuperou ligeiramente, estou neste momento a vê-lo, tal como se vê na fotografia, a caminhar a meu lado, a caminho de Finete, com uma espingarda Mauser a tiracolo. Eu depois falo à Annette destas crianças, há muito para contar.



Quebá Sissé, conhecido por “Doutor”, o cozinheiro de Missirá. Fotografia do início do março de 1969, todo aquele fundo irá desaparecer, dias depois, como lhe disse. Ao fundo, do lado direito, pode ver o nosso balneário, uma estrutura indescritível, aquelas chapas rasgavam a carne a qualquer descuidado. Do lado esquerdo, vemos crianças que ajudavam na confeção das refeições, assistia-lhes o tal direito de ficarem com as sobras. Um dia, vi uma criança a esfregar as mãos no interior de uma panela e a levar ao nariz. Achei aquilo insólito e perguntei o que é que havia de especial, respondeu-me que havia ali restos do esparguete da refeição, nunca tinha comido esparguete e achava aquele cheiro muito bom.


A Mesquita de Missirá, onde fui várias vezes rezar. O local é o mesmo, a estrutura é nova, do meu tempo, e obra nossa, é a construção ao lado, a escola, não estava fechada, as crianças precisavam de luz, com a independência ter-lhe-ão dado outro aproveitamento. Envio esta fotografia à Annette para dar conta do profundo respeito com que tratávamos os muçulmanos, neste Cuor, fundamentalmente em Missirá, eram todos muçulmanos.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20953: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (1): A funda que arremessa para o fundo da memória

Guiné 61/74 - P20974: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XXXVIII: Pedro Rodrigo Branco Morais Santos (Vila Nova de Gaia, 1942 - Moçambique, 1971)





1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à direita], membro da nossa Tabanca Grande [, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972 ]
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