Mostrar mensagens com a etiqueta Salvador Nogueira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Salvador Nogueira. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10022: Memória dos lugares (186): Ainda sobre a "célebre ponte, em betão, inacabada", na estrada Cachungo-Cacheu, ao km 6 (Jorge Picado)



Guiné> Fortim e Ponte Alferes Nunes entre Teixeira Pinto e Bachile, sobre o Rio Costa (Pelundo). c. 1968/69.  Era uma ponte em madeira. Foto do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro, CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã,1968/70). (*)

Foto: © Albino Silva (2007). Todos os direitos reservados.



 Guiné-Bissau > Região do Cacheu > 2012 > A controversa ponte (inacabada, em betão) no lado direito da estrada Canchungo - Bachilé- Cacheu, ao km 6. Foto do eng agr Carlos Schwarz, Pepito.


Guiné-Bissau > Região do Cacheu > 2012 > A 600 metros, ao lado da antiga  ponte (inacabada, em betão), na estrada Canchungo - Bachilé - Cacheu, ao km 6, há uma nova ponte em ferro, construída pelos portugueses.  Foto do eng agr Carlos Schwarz, Pepito. (**)


Fotos: © Carlos Schwarz (Pepito) (2012). Todos os direitos reservados.



A. Mensagem de 21 de março último, enviado pelo Jorge Picado:

Caro Luís

Não ficaria de bem com a minha consciência se não esclarecesse alguns pontos acerca da "célebre Ponte Alferes Nunes em Betão", já que julgo ter sido eu o "pai da criança".

Assim, procurei o mais sinteticamente que me foi possível escrever o que se segue, que confrontarás com aquilo que o Carlos Silva j escreveu.

Abraços
Jorge Picado


1 – Ora bem, ao fim de tantos anos passado, sobre aqueles idos de 1971, sem qualquer apontamento escrito ou foto desses dias que possa precisar os fragmentos que se pescam dessas lembranças, acabamos por andar "às voltas" a tentar concretizar algo, se é que lá chegaremos, em que fui um dos "culpados", ao escrever num comentário ao poste P4350, sobre uma interrogação que o "Chefe da Tabanca" Luís Graça tinha feito sobre a Ponte Alferes Nunes.

Escrevi então em 16 de maio de 2009:


 "Muito sinceramente, eu que lá passei algumas vezes, que andei apeado pelo 'areal' até à célebre e verdadeira Ponte Alferes Nunes, em cimento e de um só arco, 'plantada'  em seco, por baixo da qual não corria uma gota de água…"

2 – O problema reside nas afirmações "verdadeira Ponte Alferes Nunes" e "um só arco".

3 – É pena que não possamos ter testemunhos de ex-camaradas que por lá andaram antes e mesmo no meu tempo ou posteriormente, como por exemplo o soldado (?) condutor do jeep que me transportava nesse dia e foi o responsável por me mostrar o dito cujo "exemplar da ponte" e fornecedor da informação que pelos vistos circularia no meio,  ou seja: "que aquilo tinha sido construído por um tal Alferes Nunes, daí o nome dado aquela passagem do rio, onde depois tinham construído aquela em madeira que se usava. Por a de cimento não servir, os naturais 'gozavam'  com a esperteza dos tugas" (...)

4 – Neste momento há as seguintes referências:

a) a minha, que me deixou espantado, não esqueci e tentei muitos anos depois tirar conclusões;

b) a do meu conterrâneo e condiscípulo, ex-alf eng do BENG de 1967/68 (***), que quando lá foi preparar a montagem de uma ponte metálica, por secções, feita nesse mesmo BENG para substituir a de madeira que tinha sido destruída pelo PAIGC, correria talvez o 2.º semestre de 1967 e viu da estrada aquela a que me referi e que ele também atribuía ao tal Alferes Nunes, por ouvir dizer;

c) um depoimento, que colhi acidentalmente, de um familiar do falecido oficial do Exército, cor Alcides José Sacramento Marques, oriundo de família de Ílhavo, que foi Cmdt da CCaç 74 (desembarque em Bissau em  18 de março de 1961) e também um dos Cmdt da 4.ª CCaç (Africana), que tinha referido … ter sido construída na Guiné uma Ponte, num rio que tinham aterrado e, no final, não terem desaterrado o rio… Claro que refutei a parte relativa ao "aterramento do rio", uma vez que admiti tratar-se da ponte que tinha visto;

d) a indicação do José Câmara, partindo do Fortim da Ponte: "de facto, para quem estava na ponte virado para o Bachile, e a uns metros acrescentados para a direita havia uma ruína daquilo que parecia ter sido uma ponte. Aí o rio era pouco largo e pouco profundo";

e) o testemunho do Paulo Basto, que disse ter visto ainda "essa ponte" em 1993, mas não a ter fotografado. Coloquei agora as aspas, uma vez que não sabemos se o camarada se refere a esta que o Pepito enviou.

5 - Transcrevo algo que escrevi quando ainda não tinha qualquer contacto com antigos camaradas, em fins de 2004 ou princípios de 2005 e apenas possuía como meios auxiliares, fotocópias das folhas da Carta (idênticas às do Blogue) de TEIXEIRA PINTO e PELUNDO e as reminiscências daquele episódio, um dos tais que não esqueci, talvez pela "irrealidade daquele cenário".

 "Antes de mais quero aqui dar conhecimento da 'célebre' Ponte de Alferes Nunes… Saindo de T. Pinto pela estrada para o Cacheu, meia dúzia de km à frente, se tanto, cruzava-se o Rio Costa (Pelundo),  numa ansa deste rio que quase formava um círculo completamente fechado, tal a proximidade das margens. Zona de bolanha, naturalmente, e formando o rio vários meandros, o terreno do lado S – lado de T. Pinto – tinha no entanto aí uma grande mancha de areias, até muito claras, o que não era muito normal por aquelas paragens. Assim, o tal Alf Nunes, já que não dmito ser este nome o de algum oficial da Arma de Engenharia que mandou ou executou os estudos para a construção de tal ponte, deve ter entendido que ficava mais económico e mais fácil construí-la em seco, isto é, no areal entre as tais duas pontas da ansa, em lugar de o fazer em pleno leito do rio. Depois era só unir essas pontas com um novo canal, ao mesmo tempo que se tapava o leito 'velho', eliminando-se a ansa. 


Este meu pensamento é lógico, uma vez que isto foi feito antes de se iniciar a revolta que deu origem à guerra de libertação e, nessa época, o trabalho nativo praticamente não representava quase qualquer custo. Era por assim dizer trabalho "escravo". Os nativos seriam "recrutados" pelo Administrador – de acordo com as regras da época – e
como pagamento receberiam umas malgas de arroz… só que veio a guerra e não pode concluir-se tal tarefa.


Resultado: Deixou-se como herança um "monumento" de cimento na forma duma ponte com um arco, no meio da areia e a poucos metros dum rio e, uma mão cheia de razões que foram logo exploradas pelo PAIGC, para mostrar aos indígenas a falta de inteligência dos "tugas" colonizadores, o que creio ser uma grande injustiça. 

Na época em que isto aconteceu, talvez ainda não fosse usual o procedimento de construção deste tipo de obras como descrevi, e que admito ter sido esse o entendimento do responsável por tal obra. Mas passados poucos anos começou-se a ver no nosso País – possivelmente por já ser muito antigo nos países mais evoluídos – esta maneira de construir pontes. Aterrar zonas do rio para aí trabalhar mais comodamente na construção dessas obras.

Logo nos primeiros dias depois de "aterrar" no CAOP, foi-me mostrado este "monumento".
Fui lá de jeep, andei por aquele areal a pé. Passei por debaixo da ponte, não o fazendo por cima por faltarem uns degraus para se poder subir. Deambulei pelas margens do rio e, quando prossegui para fazer a travessia, recusei-me a fazê-lo em cima do jeep, perante a
estupefacção do respectivo soldado condutor. 
Atravessei o rio, sim, mas percorrendo a ponte existente a pé, desculpando-me que queria admirar o percurso e observar o próprio rio.

6 – Foi portanto partindo daqueles pressupostos que marquei na Carta Militar e, já muito posteriormente em imagem Google, a possível localização dessa ponte.

7 – Fiz deduções e tirei conclusões partindo de premissas, em parte, não correctas, já que agora se sabe quem foi o Alferes Nunes – militar morto naquela zona nas Campanhas de Pacificação de Teixeira Pinto – portanto não tendo nada a ver com a construção da dita ponte em betão e a "obra", que estamos procurando identificar, foi construída antes
(quantos anos?) do início da Guerra e muito provavelmente pelos respectivos Serviços Provinciais de então. (****)

Abraços

Jorge Picado 


_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6029: Memória dos lugares (76): Prestei o meu serviço na Guiné (Albino Silva)

(...) Prestei meu Serviço na Guiné, desde Maio de 1968 a Abril de 1970, e pertenci ao BCaç 2845, sediado em Teixeira Pinto. Pertenci à CCS, Armados para a Paz. (...). Considero bastante positivo o meu desempenho como Soldado Maqueiro (...). Passados treze meses de Guiné comecei a alinhar com os Sapadores da Companhia, na guarda à Ponte Alferes Nunes,  entre Teixeira Pinto e o Bachile, sobre o Rio Costa. Havia no lado esquerdo da Ponte um Fortim com 6 metros de altura, com cobertura com chapas zincadas onduladas, como se aquilo protegesse alguma coisa em caso de ataque.
A Ponte, de madeira, tinha sido reconstruída porque a primeira, também em madeira, tinha sido destruída. Nesse serviço nunca tive qualquer receio porque também estávamos bem armados e nunca tinha havido nada de anormal. Sei que após o Batalhão deixar a Guiné, algum tempo depois, a Ponte foi reconstruída novamente, desta feita em ferro, como aliás já a vi em fotos de outros camaradas. Entre a Ponte Alferes Nunes e o Bachile participei em picagens de estrada com um Pelotão da CCaç 2313, quando se faziam escoltas de reabastecimento ao Bachile, onde estava um Pelotão da Companhia 2368 do meu Batalhão. (...)


(**) Vd. poste e comentários diversos (António J. P. Costa, Carlos Silva, José Câmara, Jorge Picado, Salvador Nogueira) 
> 19 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9625: Memória dos lugares (178): Sobre a ponte da estrada Canchungo - Cacheu, ao Km 6 (Carlos Schwarz/Pepito)

(...) Em mail de 21 de março de 2012, que nos enviou, o Carlos Silva escreve o seguinte:

Amigos: Reitero o que disse na minha análise que vos enviei. A ponte "exótica", cognominada pelo Luís, para mim não tem nada a ver com a designada Pte Alf Nunes. A razão da sua construção, não sei. Só investigando os arquivos da mesma, que não sei onde param. O José Câmara, que já me respondeu à minha análise, também concorda com a mesma, face aos argumentos deduzidos e que são fáceis de compreender. Vd. resposta em baixo a azul. Com um abraço amigo. Carlos Silva (...).


(...) Mail de 20 de março de 2012, enviado pelo José Câmara:

Caro amigo Luís Graça,

Segundo a Carta Cartográfica de Teixeira Pinto (nosso tempo na Guiné) o rio era conhecido por Costa (Pelundo). Seria bom manter essa distinção para não confundir com a zona do Pelundo, sede de um Batalhão.

A ideia de desviar o curso do rio nem era assim tão disparatada. [como já referi, em minha opinião não exitiu qualquer ideia de desciar o rio] Vejamos no mesmo Mapa.

O rio naquela área tem a configuração de um polvo estrangulado. A ponte fantasma está localizada precisamente no estrangulamento [não está, como refere o Pepito e como resulta do recorte enviado pelo SNogueira e como já evidenciei o erro do Jorge Picado ao assinalar a posição da Pte no estrangulamento] e a Ponte Alferes Nunes no alto da cabeça. Tudo isso é bem visível nas fotos e no Mapa que estamos a seguir. [não é - ou melhor é em relação à análise que faço, no dito post que enviei... publiquem para todos verem e terem a possibilidade de chegarem à mesma conclusão]

No estrangulamento o rio era visível dos dois lados da estrada. Por isso mesmo não é de admirar que algum engenheiro tenha antecipado a possibilidade de um rompimento natural das margens e tenha tentado antecipar o evento desviando artificialmente o leito do rio. [ pois, mas a ponte não está situada no estranguamento, mas mto longe, portanto essa tese não passa de meras especulações].

Como sabemos, qualquer que tenha sido a ideia, o projecto foi posto de parte e a estrada nova aproveitou na íntegra o traçado da antiga picada (estrada) entre Teixeira Pinto e o Bachile. Só a partir daí foi alterado o traçado, na tal zona da Mata dos Madeiros.

O Carlos Silva certamente que irá clarificar tudo isso. [Como já referi ao Zé, o trabalho não vai clarificar nada. Pois apenas vai versar sobre a evolução história da Pte Alf Nunes, no entando poderemos fazer uma alusão a esta ponte exótica]

Um abraço amigo, José Câmara (...)

Outros mails que são contributos importantes para este dossiê:

(...) Salvador Nogueira, 19 de março de 2012:

Luis, se o P9625 trata da ponte de que te falei 'há anos' e que seria uma raridade
porque nem passava o rio por baixo, nem passava a estrada por cima,
então existe - vi-a do ar, claramente off side e com esta configuração aproximada
mas nunca consegui saber onde foi.

Quando se diz 'afamada ponte' é por essa inusitada razão, por não passar o rio por baixo nem a estrada por cima?

Se puderes confirmar, agradeço.Salvador


(...) Salvador Nogueira, 19 de março de 2012: 

Luís, aqui tens a localização da ponte sobre o Rio Pelundo, referida no P9625 e que, agora visto melhor e na carta, não sei se é a de que te falei. Julgo que a que vi era mais a sul e com menos pilares... já não sei mas seria curioso que na Guiné houvesse mais que uma ponte sem rio por baixo e estrada por cima! Naquela terra valia tudo...



Foto aérea do Google Earth. Infografia de SNogueira




Guiné > Região do Cacheu > Carta de Teixeira Pinto (1953) > Escala 1/50 mil > Pormenor: troço da estrada Teixeira Pinto/Bachilé... A meio, atravessando o Rio Costa (Pelundo),  há uma ponte (que devia ser a original ponte Alferes Nunes).



(...) Pepito, 20 de março de 2012:


Luis: Ouvi ao meu pai contar que esta ponte (que nunca chegou a ser usada) seria para substituir a outra de que te enviei foto e que na altura da independência era de madeira e muito rudimentar. Sucede que só depois de estar construída é que os engenheiros descobriram que a mesma ficava a uma cota mais elevada, quando tentaram desviar o rio para passar debaixo dela... e a água se recusou a subir...enfim, perversões da natureza.
abraços
pepito

(...) José Câmara, 20 de março de 2012:

Caro amigo Luís Graça,

Segundo a Carta Cartográfica de Teixeira Pinto (nosso tempo na Guiné) o rio era conhecido por Costa (Pelundo). Seria bom manter essa distinção para não confundir com a zona do Pelundo, sede de um Batalhão.

A ideia de desviar o curso do rio nem era assim tão disparatada. Vejamos no mesmo Mapa.

O rio naquela área tem a configuração de um polvo estrangulado. A ponte fantasma está localizada precisamente no estrangulamento e a Ponte Alferes Nunes no alto da cabeça. Tudo isso é bem visível nas fotos e no Mapa que estamos a seguir.

No estrangulamento o rio era visível dos dois lados da estrada. Por isso mesmo não é de admirar que algum engenheiro tenha antecipado a possibilidade de um rompimento natural das margens e tenha tentado antecipar o evento desviando artificialmente o leito do rio.

Como sabemos, qualquer que tenha sido a ideia, o projecto foi posto de parte e a estrada nova aproveitou na íntegra o traçado da antiga picada (estrada) entre Teixeira Pinto e o Bachile. Só a partir daí foi alterado o traçado, na tal zona da Mata dos Madeiros.

O Carlos Silva certamente que irá clarificar tudo isso.

Um abraço amigo, José Câmara (...)



domingo, 10 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10020: Memória dos lugares (185): Gadamael: Ainda sobre a sigla ASCO (Cherno Baldé)



 O nosso leitor e camarada pára, Salvador Nogueira, que passou pelo BCP 12, em 1969, no poste P7179 apontou-nos para a seguinte curiosidade ("curiosidade mais que uma achega para desvendar a inscrição"): (...) "Elisée Turpin [ um dos fundadores do PAIGC,] terá sido antes empregado na Sociedade Comercial Oeste Africana -Société Commerciale de l'Ouest Africain- cujo acrónimo SCOA é um curioso anagrama de ASCO!"...


1. Mensagem do Cherno Baldé, com data de 4 do corrente;

Assunto: Ainda sobre a sigla ASCO

 

Caro Luís e Carlos Vinhal:

Num recente poste sobre Gadamael,  do Carlos Vinhal e Manuel Vaz, este último perguntava-me sobre a sigla "ASCO", presente numa das antigas casas/casernas da localidade. É claro que não sei. [Em rigor, a sigla é A.S.C.O., e não  ASCO].



Acontece que nos dias que seguiram, encontrei, casualmente, no mercado de Bandim em Bissau, a marca "ASCO" numa pequena caixa contendo um filtro de gasóleo, "made in Thailand" com a referência "ASCO-Genuine parts".

Depois, procurando na Net, através do Google, encontrei o nome de "ASCO Industries SA", uma companhia privada belga, fundada em 1954, pelos irmãos Émile e Roger Boas e actualmente com sede em Weiveldlaan, Zaventem, Bélgica e com ramificações no Canada e outros países.


Selo de 1,20 francos, da Costa do Marfim, um das oito colónias que integrava a AOF - África Ocidental Francesa. Cortesia do sítio Education à l'Environnement


A confirmar-se a minha hipótese de base, esta empresa familiar poderia, no início, estar ligada à comercialização e/ou exploração de produtos agrícolas nas colónias francesas da região da AOF [, Afrique Occidentale Française / África Ocidental Francesa], incluindo o território da actual Guiné-Bissau. Todavia, não consegui chegar a verificação e a prova dos factos enunciados. Pode ser mais uma pista para a pesquisa.

Um grande abraço,

Cherno Baldé

__________________

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6984: (Ex)citações (97): Tinha 22 anos e ainda sonhava... quando levei o prisioneiro Malan Mané a jantar comigo no café do Sr. Regala, em Galomaro (Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil Heli AL III, BA 12, Bissalanca, 1968/70)

1. Mensagem, com data de 12 do corrente,  de Jorge Félix [, foto à esquerda, retirada com a devida vénia da sua conta no Facebook]

Assunto - Malan Mané, P6953 (*)

Caro Luís:

Na linha profilática que o teu/nosso Blogue tem prestado aos ex-combatentes da Guiné, e porque sou visado no P6953 e comentários associados a ele, gostaria de destacar o seguinte:

As frases,  "há gente que nunca mais faz dezassete anos"  e "pode acontecer que tenhas visto tudo isso em outra circunstância ou pode acontecer que haja outro Malan Mané", não têm sentido algum, mas eu entendo-as.

Aceita, Salvador Nogueira, que, não sendo importante, fui eu que transportei o Malan da Zops para Galomaro. (Um privilégio que não era para todos.. como se pode ler no cabeçalho do mesmo poste).

Acredita, Salvador, que estamos a falar do mesmo. Acredita que o que escreveu o "poeta",  foi dito por Malan, num jantar que o Comandante dos Páras permitiu que tivesse no "café do Sr Regala", no dia em que vocês o apanharam. Outras coisas foram faladas entre mim e Malan, que nunca irias acreditar. Pouco se falou de guerra. (**)

Claro que a autorização para Malan Mané ir jantar comigo e a conversa que daí decorreu não pode estar no relatório a que te referes, no PS da tua última nota  (PS - podes consultar o relatório da op e podes falar com o Sarg Sofio que toda a gente conhece em Constância - servia-te de passeio e matavas saudades da área,  uma vez que não já há nem BA3, nem RCP, nem gente que te conheça, nem nada) .

Como deves concordar (?!), não dá para perder tempo com a tua sugestão.

Não me "zanguei" com as tuas "tiradas". Já estou velho mas conservo o "romantismo" que transportava naqueles tempos. Posto isto, dou por terminado o diferendo que as histórias do Malam Mané criaram, e por tal não voltarei a responder por mais simpático ou violento que venhas a ser.

Caro Luís , se não fui explícito, não publiques. Vou pôr o meu nome, não para ser mais conhecido, mas para o associar ao texto.

Abraço
Jorge Félix
_______________


Notas de L.G.:


(*) Vd.poste de 8 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6953: Estórias avulsas (94): A captura do incaracterístico guerrilheiro Malan Mané, no decurso da Op Nada Consta (Salvador Nogueira)

(...) [ Comentário de Jorge Félix, 9 Set 2010]

"Para publicar havia de ser a minha narrativa da captura do Malan Mané - mais circunstanciada!, lembras-te do croquis que te enviei? - mas só se alguém aparecesse de novo a divagar sobre o assunto de longe e a sonhar alto. Houve até um poeta que descrevia o piloto a soprar a mata com o rotor do héli e a gritar para avisar a tropa - azar, era eu... e li. E agora?- de que havia uns gajos emboscados... Há gente que nunca mais faz dezassete anos" (...)

Li e não percebi!!! (Ou melhor, parece que sei o que querem...!)

Sou o Félix, o ex-piloto que também viu o Malan Mané com o RPG2 que não quis disparar.

O mesmo que "poeticamente" aterrou o héli junto do Malan.

O mesmo que viu o Malan ser apanhado à mão.

O Félix que transportou o Malan para Galomaro.

O mesmo, Félix, que levou o Malan à casa do Sr Regala a jantar, como prenda de não ter disparado.

O mesmo que escutou Malan explicar, no mesmo "restaurante", que não disparou pois teve medo de ser visto porque o "rotor soprava a mata".

Na altura teria 22 anos, e ainda sonhava.


Hoje, passados estes anos, todos ter que ler o que li, ou não entendi nada, o que será possivel, resultado dos 63 que já carrego, ou..., meus caros Amigos, ía apagar tudo pois estava a passar para o terreno em que ía ser indelicado. Vou ficar por aqui.

Vai ficar o que está escrito, talvez o autor do poste, que não sei quem é, possa ler . Quero lhe dizer que felizmente estou tratado de todas as feridas da guerra (penso que sim). De outra maneira, ao ler o que escreveu, "tudo é mentira sobre a captura de Malam excepto o que eu sei", poderia pôr em causa as minhas capacidades mentais.

Isto de escrever umas merdas, e terminar com uma tirada inteligente, tem muito que se lhe diga.

Caro companheiro de luta, já todos fizemos os 17 há muitos anos. Acredito que muitos queriam continuar naquele tempo, pois naquele tempo continuam a viver, com a sua verdade una e imortal.


Sem mais, abraço a todos.

Jorge Félix

ex-alf piloto aviador

Guiné 68/69/70


(...) [ Resposta de SNogueira, 10 Set 2010]

Caro Félix, pode acontecer que tenhas visto tudo isso em outra circunstância ou pode acontecer que haja outro Malan Mané.

Asseguro-te que a captura, vista do chão e a curta distância, foi feita como descrevi - o guerrilheiro levantou-se com as mãos no ar e nunca mais tocou na arma; não me lembro da sua evacuação mas fica seguro de que lhe confiscámos o RPG2.

Também não imagino o que ele possa ter dito a quem o interpelou depois de evacuado mas fica seguro de que a informação que deu no local foi escassa e em pouco alterou o nosso planeamento - era um homem muito simples e nós, a minha tropa, não éramos propensos a grandes divagações...

SNogueira

(...) [Novo comentário de SNogueira, 10 Set 2010]

(PS - podes consultar o relatório da op e podes falar com o Sarg Sofio que toda a gente conhece em Constância - servia-te de passeio e matavas saudades da área uma vez que não já há nem BA3, nem RCP, nem gente que te conheça, nem nada... Lamento este desencontro de memórias e de opiniões)

(**) Vd. postes de:

7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)

26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2683: Estórias de Dulombi (Rui Felício, CCAÇ 2405) (9): O Jorge Félix e o Prisioneiro

(...) Depois de vários anos sem notícias do Jorge Félix, tive a felicidade de o reencontrar há dias através de e-mail que ele me enviou. Soube do meu endereço, por meio do teu blogue que tem lido...

Relembrou-me uma história curiosa que se passou em Galomaro numa operação militar em que ele esteve envolvido e da qual resultou um prisioneiro do PAIGC que pernoitou na sede da CCAÇ 2405. (...)

O JORGE FELIX E O PRISIONEIRO (Ou a psicossocial no seu melhor... )
por Rui Felício


(...) (i) PREÂMBULO


(...) O episódio que vou contar poderia ter resultado em catástrofe, como mais adiante se compreenderá, mas o que permanece na memória, é de facto a situação picaresca que, passado o perigo, a seguir se desenvolveu.

Antes do relato dos factos, é importante dar a conhecer a personalidade do Jorge Félix. Sem ela, esta história não teria o sal e a pimenta que a maneira de ser dele lhe conferem.

(ii) A PERSONALIDADE DO JORGE FÉLIX

O Jorge Félix, a quem ainda hoje me ligam laços de grande amizade, foi piloto de helicópteros da Força Aérea em Bissau nos anos de 1968 a 1970.

Para além do seu elevado profissionalismo, capacidade técnica e conhecimento do território, que o tornaram, na opinião generalizada, como um dos melhores, senão o melhor piloto de helicópteros que terão passado pela guerra da Guiné, reunia e ainda reúne, invulgares qualidades difíceis de encontrar todas concentradas numa mesma pessoa.

Aquelas que mais apreciei foram e ainda são, apesar dos anos passados, um apurado sentido de humor, uma jovial e permanente boa disposição que alastrava a quantos o rodeavam, um permanente lenço de seda colorido em volta do pescoço que era a sua imagem de marca e uma aptidão especial para rapidamente aprender a dominar as técnicas das mais variadas especialidades.

Refiro-me ao domínio da fotografia e da imagem, da música e, sobretudo, dos corações femininos! Dizem que destroçou vários na sua passagem por Bissau, Bafatá, Galomaro e sei lá quantas mais terras da Guiné...

(iii) A OPERAÇÃO MILITAR

Mas vamos à história de cuja parte final fui testemunha. A parte inicial foi-me descrita pelo próprio Jorge Felix e confirmada pelos paraquedistas intervenientes.

Num certo dia de Agosto de 1969, o Jorge Félix transportou no seu helicóptero um grupo de pára-quedistas que iam fazer um assalto, a uma base do PAIGC, identificada pelos serviços de informações militares da Guiné, como estando localizada no [subsector de Mansambo, Sector L1, Zona Leste].

Ao procurar local para a aterragem perto do objectivo, em plena mata, o Jorge Felix foi descendo o helicóptero e, a uns 5 metros do chão, a deslocação de ar, provocada pelo movimento das pás do aparelho, afastou uma série de ramos de arbustos deixando a descoberto um guerrilheiro do PAIGC que ali se havia emboscado.

O homem estava armado com um [ RPG2,], e a granada colocada, apontando para o helicóptero, o que naturalmente deixou em pânico o piloto e os tripulantes. Na verdade, se o gatilho tivesse sido premido, era o destruição do helicóptero e de algumas vidas, senão todas, daqueles que o tripulavam.

O Jorge Félix que foi quem primeiro avistou o guerrilheiro, gritou aos pára-quedistas que de imediato saltaram do Heli e aprisionaram o homem sem necessidade de dispararem um único tiro, desarmando-o acto contínuo.

Pelos vistos, o susto e a surpresa dele foram tão grandes, ao avistar inesperadamente o helicóptero sobre a sua cabeça, que lhe devem ter paralisado os movimentos e o raciocínio... para sorte dos militares que enchiam o aparelho...

(iv) O REGRESSO A GALOMARO

Mas vamos à história de cuja parte final fui testemunha. (...) [Para saber o resto, clicar aqui]

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6953: Estórias avulsas (41): A captura do incaracterístico guerrilheiro Malan Mané, no decurso da Op Nada Consta (Salvador Nogueira)



A Guiné "by air"... Um privilégio que não era para todos... O custo/hora de um helicóptero era equivalente ao vencimento (mensal) de dois alferes milicianos, cerca de 15 contos, no princípio de 1969... Foto do ex-Fur Mil Ap Inf Arlindo Teixeira Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) que deve ter apanhado uma boleia até Bissau...

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


A. O nosso leitor SNog [Salvador Nogueiera,], no seu "auto-exílio" na província, é avesso a publicidade, e raramente me autoriza a publicar as mensagens que trocamos há já uns bons tempos (*). 

Em 30 de Julho de 2009, veio à baila a Op Nada Consta, em que ele participou como oficial pára-quedista do BCP 12, quando passou pelo TO da Guiné, em 1969. Mandou-me então a narrativa da captura do "incaracterístico" roqueteiro Malan Mané, que haveria mais tarde de ser ferido ao meu lado, na Op Pato Rufia, em 7 de Setembro de 1969... Nessa altura o SNog não me autorizou a sua divulgação, por razões que só ele conhece, e que entende não explicitar (nem eu sequer lhas perguntei).

Mais recentemente (7 de Julho de 2010) o SNog terá mudado de ideias, ao escrever-me o seguinte, depois de me dar o nega a um pedido de publicação de uma outra mensagem dele (com referência ao seu CV militar):

"Para publicar havia de ser a minha narrativa da captura do Malan Mané - mais circunstanciada!, lembras-te do croquis que te enviei? - mas só se alguém aparecesse de novo a divagar sobre o assunto de longe e a sonhar alto. Houve até um poeta que descrevia o piloto a soprar a mata com o rotor do héli e a gritar para avisar a tropa - azar, era eu... e li. E agora?- de que havia uns gajos emboscados... Há gente que nunca mais faz dezassete anos" (...).

Meu caro SNog (só nos conhecemos por mail...) está na altura de desencantar a tua narrativa, agora que alguém quis ressuscitar o pobre do Malan Mané (o Torcato Mendonça jura que o viu vivo, em Bissau, uns meses depois de ter quase morrido lá para os lados do Poindon, na região do Xime)... Entende isto como um pequeno contributo teu para alimentar a nosso projecto (partilhado) de reconstituição das memórias da guerra de África. Como dizem os economistas da nossa praça, não há almoços... nem blogues grátis. De resto, estavas-me a dever essa história (*)... Ela aqui vai, com um Alfa Bravo do Luís.


B. Estórias avulsas (***) > A captura do incaracterístico Malan Mané,

narrativa de SNog


1 - A história da captura do incaracterístico, até falarem tanto dele, Malan Mané... tratou-se de um guerrilheiro esfarrapado que escolheu, em vez de fazer o disparo, levantar-se com as mãos no ar da posição em que se encontrava, atrás de um RPG2 com o cão armado e que à voz ‘anda cá, pá!’ se aproximou apavorado. Era também um de três ou quatro (?), dos quais o terceiro terá fugido.

O do RPG2, este de quem se fala, ocupava a posição mais internada na mata, no extremo da linha de emboscados; do seguinte só encontrámos a cama de capim e o da extremidade mais próxima da orla, atrás de uma Degtyarev RPD, foi abatido.

Do terceiro elemento, nesta ordem, estranhamente não me lembro – não foi capturado nem abatido; terá também fugido ou ‘sonhei-o’ pois fui inspeccionar a instalação deles e creio ter visto 4 camas... adiante! Será todavia o único detalhe com algum significado que tenho consciência de olvidar. O capturado foi ainda interrogado imediatamente, no local, retardando o avanço.

No desencadear da acção, a minha equipa foi a primeira a ser colocada e avançou, a dar espaço no trilho, após a segunda colocação, a da equipa do Sarg Sofio; terá sido aproximadamente à aterragem do terceiro helicóptero que se deu o episódio que descrevo.

Se considerarmos os cerca de cinco metros entre cada homem instalado e sabendo que o Sofio se aproximou de mim para coordenação, estariamos então a uns 25 ou 30 metros da orla, segundo o esquema seguinte que,




por si só, corrige várias divagações que por aí se têm lido acerca do incidente (**).

2. (A propósito de Mamadu Indjai). O chefe de bi-grupo Sanpunhe –assim identificado pelo Malan Mané - apareceu juntamente com outro guerrilheiro perante mim no decorrer da operação, numa ocasião em que mandei parar e fui investigar um palpite dentro do mato, à nossa direita; uns vinte ou trinta metros fora do trilho apareceram dois elementos que vinham ao mesmo e que deram connosco – o Sanpunhe foi abatido cara-a-cara por disparos que fiz e/ou pelo disparo do RPG7 do homem que me acompanhava; o segundo guerrilheiro pisgou-se... (***)

Resultados: herdei uma pulseira que ainda tenho e uma Kalashnikov com que fiz toda a operação da Guiné. Compreenda-se... era difícil resistir ao ronco, apesar de então já ter estado em Angola e em Moçambique.


Texto e infogravura: Salvador Nogueira (2009). Todos os direitos reservados


[ Fixação / revisão de texto / título: L.G.]
______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5464: O Nosso Livro de Visitas (74): O blogue não deve ser a Praça da Figueira (Salvador Nogueira, BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1969)

(**) Vd. poste de 7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)

(***) Recorde-se que a Op Nada Consta foi uma operação conjunta do COP 7 (Bafatá), da CART 2339 (Mansambo, Subsector do Sector L1), da CCAÇ 12 e do Pel Caç Nat 53 (subunidades de intervenção ao serviço do Comando do BCAÇ 2852, 1968/70, sediado em Bambadinca).

No sítio do BCP 12 (comandado do pelo Ten Cor PQ Fausto Pereira Marques, de 4 de Junho de 1968 a 5 de Dezembro de 1969), pode ler-se o seguinte sobre a sua actividade operacional no TO da Guiné:


(...) A actividade operacional do BCP 12 ao longo da sua permanência na Guiné foi intensa, conduzindo a resultados reveladores da sua aptidão para combate.

Nos primeiros anos os Pára-quedistas foram empregues fundamentalmente em operações independentes no âmbito da Força Aérea, a qual tinha meios próprios de reconhecimento, ataque ao solo e transporte das suas forças Pára-quedistas.

Os grupos de combate eram normalmente empregues em operações que exigiam grande mobilidade e rapidez de actuação. Quando um grupo de guerrilheiros era detectado ou actuava contra aquartelamentos das unidades do Exército, as forças Pára-quedistas eram colocadas no terreno, através de helicópteros, ou noutros casos, dada a geografia própria da Guiné, através de lanchas da Armada. As forças Pára-quedistas eram usadas por períodos de tempo limitado mas de grande empenhamento.

Para além de operações independentes no âmbito da FAP, os Páras participaram também em operações conjuntas com forças do Exército ou da Armada. Destas destaca-se a operação PARAFUZO, efectuada na ilha de Caiar em Março de 1967, com forças dos Destacamentos de Fuzileiros Especiais nº 4 e 7. Da acção resultou a captura de 20 elementos inimigos.

A partir de meados de 1968 e com o General António Spínola como novo Comandante-Chefe na Guiné, o modo de emprego dos Pára-quedistas foi alterado.

As Companhias [121, 122 e 123] do BCP passaram a integrar os então criados Comandos Operacionais (COP) com outras forças militares, sob o comando de um oficial superior. Muitas vezes oficiais Pára-quedistas desempenharam essas funções. As forças eram então empenhadas, durante largos períodos, conjuntamente com as Unidades de quadrícula do Exército. As companhias do BCP 12 foram assim muitas vezes atribuídas de reforço às unidades instaladas junto às fronteiras com o Senegal e a Guiné-Conakry.


Foram inúmeras as operações desencadeadas neste período: a operação JUPITER, com 4 períodos no corredor de Guileje, no âmbito do COP 2, a operação TITÃO com o COP 6, a operação AQUILES I, com o CAOP 1, a operação TALIÃO, com o COP 7, entre tantas outras, com bons resultados.

Merece particular destaque a operação JOVE, realizada em Novembro de 1969 com forças das CCP 121 e 122. No dia 18 de Novembro a CCP 122 capturou o Capitão Pedro Rodriguez Peralta, do Exército Cubano, comprovando a ingerência de forças militares estrangeiras na guerra na Guiné.

Apesar das CCP continuarem a ser atribuídas aos COP que se iam activando consoante as necessidades, o Comando do BCP esforçou-se por continuar a levar a cabo algumas operações independentes, actuando como força de intervenção em exploração de informações obtidas e seria neste tipo de operações que se obtiveram alguns dos melhores resultados do Batalhão.

Apesar dos esforços a situação na Guiné continua a degradar-se. A pressão que os guerrilheiros vinham exercendo sobre os aquartelamentos no Sul do território começou a dar resultados. 

Em Maio de 1973 os guerrilheiros desencadeiam fortes ataques a Guileje obrigando mesmo ao abandono do aquartelamento dos militares do Exército. Nas proximidades, Gadamael Porto fica em posição delicada com flagelações frequentes de armas pesadas. 

A 2 de Junho as CCP 122 e CCP 123 são enviadas para Gadamael, seguindo-se no dia 13 a CCP 121. O próprio comandante do BCP 12, Tenente-Coronel Araújo e Sá tinha assumido o comando das forças que com a guarnição do Exército constituiram o COP 5. A posição de Gadamael Porto é organizada defensivamente com abrigos, trincheiras e espaldões, simultaneamente são desencadeadas acções ofensivas sobre os guerrilheiros. A resistência e a determinação das Tropas Pára-quedistas acabaram por surtir efeito e o ímpeto inimigo foi quebrado - Gadamael Porto não caiu. 

A 7 de Julho as CCP 121 e 122 regressam a Bissau e a 17 é a vez da CCP 123, a operação DINOSSAURO PRETO tinha terminado. (...).

(Destaque a vermelho, do editor, L.G.)

Um dos álbuns fotográficos de pessoal do BCP 12 pode ver visualizado aqui.

(****) Último poste desta série > 4 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 – P6933: Estórias avulsas (93): Uma história da minha guerra (António Barbosa)