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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8575: BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): Balanço da actividade não-operacional, em banda desenhada... (Santos Oliveira)


Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) > Cópia da capa da brochura da da História da Unidade (*)


Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (1965/67) >  Resumo, ilustrado, da actividade não operacional do batalhão, entre Abril de 1965 e Abril de 1967.

Fotos: © Santos Oliveira (2008). Todos os direitos reservados.


Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967)  > Campanha do arroz:  Transporte, de 300 toneladas  (Abril de 1965) a 3236 (Abrild e 1967)



Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Acção psicossocial: (i) Cuidados de saúde: De 4472 consultas a 11722; (ii) Ensino: De 1 a 6 escolas escolas (em Enxudé, Ilha das Galinhas, Jabadá, Fulacunda, Empada e Tite); de 62 a 800 alunos matriculados




Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Construções militares: 11 (Abril de 1965); 28 (Abril de 1967); Abastecimebnto de água: 10, 2 mil metros cúbicos (Abrild e 1965); 55,5 mil metros cúbicos (Abril de 1967)... O quartel de Tite era considerado um dos melhores senão o melhor da Província...




Guiné > Região de Quínara > Tite > Região de BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > Construção de estradas e caminhos: mais 22,5 km no final da comissão; Assistência religiosa: construção de uma mesquita (muçulmana) (em Tite, onde só havia uma igreja, católica).



Guiné > Região de Quínara > Tite > BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967) > População apresentada às autoridades portuguesas: 3435 (Abril de 1965);  9955 (Abril de 1967): Campanha da mancarra: Transporte:  57 toneladas em Abril  de 1967. (**)

Excerto da História da Unidade (**):







[ Edição e legendas: L.G.]
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2504: BCAÇ 1860 (1965/67), o 3º Batalhão em Tite (Santos Oliveira)

(**)  Fonte: História da unidade, conforme documentos digitalizados pelo nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66), enviados  por mail em 2008... 

A banda desenhada parece estar assinada, mas essa eventual assinatura é ilegível...  Diga-se, de passagem, que  se trata de uma notável ilustração, feita por camarada talentoso, um trabalho tecnicamente difícil, pois era gravado e reproduzido em "stencil"...

Lista, organizada pelo Santos Oliveira, das sub-unidades do BCAÇ 1860 (Tite,  Abril de 1965/Abril de 1967)> Sub-unidade, sub-sector, período, comandante

(i) CArt 565, Fulacunda, antec /10Ago65, Cap Reis Gonçalves;

(ii) CCav 677, S. João, antec. 20Abr66, Cap Pato Anselmo, Alf Ranito, Cap Fonseca;

(iii) CCaç 797, Interv, 29Abr65/16Mai66, Cap Soares Fabião;

(iv) CCaç 1420, Fulacunda, 11Ago65/08Jan66, Cap Caria, Alf Serigado, Cap Moura; [Recorde-se que a esta infortunada companhia pertenceu, como alferes, o nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira];

(v) CCaç 1424, S. João, 11Set65/25Nov65, Cap Pinto; [Companhia que também foi comandada pelo querido amigo e camarada Nuno Rubim, de Junho a Dezezembro de 1966];

(vi) CCaç 1423, Fulacunda e Empada, 30Out66/23Dez66, Cap Pita Alves;

(vii) CCaç 1487, Fulacunda, 08Jan66/15Jan67, Cap Osório;

(viii) CCaç 1549, Interv, 26Abr66, Cap Brito;

(ix) CCaç 1566, S. João e Jabadá, 19Mai66, Cap Pala e Alf Brandão;

(x) CCaç 1567, Fulacunda, 01Fev67, Cap Colmonero;

(xi) CCaç 1587, Empada, 27Nov66, Cap Borges;

(xii) CCaç 1591, Fulacunda (treino operacional), 18Ago66/01Out66, Ten Cadete;

(xii) CArt 1613, S. João (treino op), 03Dez66/15Jan67, Cap Ferraz e Cap Corvacho; [ A esta companhia pertenceu, entre outros, o nosso saudoso  Zé Neto (1929-2007), o primeiro membro da Tabanca Grande a quem a morte levou];

(xiii) CCaç 1624, Fulacunda, 05Dez66, Cap Pereira;

(xiv) Pel Mort 912, Jabadá, antec /26Out65, Alf Rodrigues;

(xv) Pel Caç 955, Jabadá, antec/13Mai66, Alfs Lopes, Viana Carreira, Sales, Mira;

(xvi) Pel AM Daimler 807, Tite, antec/13Mai66, Alf Guimarães;

(xvii) Pel Art 8, Fulacunda, 10Fev66/03Mar66, Alf Machado;

(xviii) Pel Caç 56, Fulacunda e S. João, 31Out66, Alf Dias Batista;

(xix) Pel Mort 1039, Jabadá e Tite, 26Out65, Alf Carvalho;

(xx) Pel AM Daimler 1131, Tite, 12Ago66, Alf Antunes;

(xxi) Companhia de  Milícia 6, Empada, antec, Alf 2ª Mamadi Sambu e Dava Cassamá;

(xxii) Companhia de  Milícia 7, Tite, 05Ago65, Alf 2ª Djaló;

Estas sub-unidades foram atribuídas ao BCaç 1860 durante a permanência em Sector (desde Abr65).


[Imediatamente após a sua chegada à Guiné, o BACÇ 1860 entrou em Sector. Foi-he atribuído o Sector S1, integrado no Agrupamento Sul. Principais localidades: Tite, Fulacunda, S. João e Jabadá. Em Outubro de 1966 é atribuído ao Batalhão o Sub-Sector de Empada, enquadrando as penínsulas de Darsalame e Pobreza. Concomitantemente, passa a pertencer ao BCAÇ 1860 a CCAÇ 1423, aquartelada em Empada.]

sábado, 19 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4977: Convívios (165): Almoço/Convívio: BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807 - Como/Cufar/Tite 1964/66 - (Santos Oliveira)

1. Mensagem do nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf/RANGER, esteve no Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66:



CONVÍVIO

BCAÇ 237/599,
PEL MORT 912
e
PEL AM DAIMLER 807

Camaradas,

Como havia sido programado, realizou-se ontem, 5 de Setembro o GOLPE DE MÃO ao Restaurante FLOR DO PARAÍSO, em Arcozelo - V.N. de Gaia.

O empenho e valentia dos Veteranos, que pertenceram aos Batalhões 237/599, Pel.de Morteiros 912, CCav 677 e outros, é documentado por imagens da Divisão de Fotografia e Cinema, da Unidade.


No final da Operação, ficou apurado que os objectivos foram integralmente cumpridos, tendo as Tropas regressado, em Paz, aos acantonamentos habituais.



Assinado
Pel'O Comandante









Foto da esquerda: O Santos Oliveira , a solicitação do Cor Gama, a fazer as descrições da Guerra na Ilha do Como. A atenção é manifesta no Furr Mil Machado(PelRecInf) e Cor Gama, Foto da direita: 1º Cabo Catarino(CCS), SrgtºMilº Santos Oliveira(PM912) e Cor Gama(2ºCMDT)










Foto da esquerda: Furr.Milº Rodrigues(CCav677),Alf.Milº Rodrigues (PM912) e Alf.MilºAlmeida (PRecInfª), Foto da direita: Furr's Mil.Machado(PRecInf), Franklin(CCav677) e Furr Liberato(CCS)













Foto da esquerda: Foto da Família, Foto da direita: Filho de Camarada atento aos ditos entre o Cor Gama e o Srgt Santos Oliveira












Aspecto de duas das mesas da confraternização












Foto da esquerda: O Coronel Dias da Gama (2º Comandante do BC599) no uso da Palavra

Fotos: © Santos Oliveira (2009). Direitos reservados.
Santos Oliveira
2º Sarg Mil AP Inf/RANGER do Pel Mort 912,
__________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

17 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4972: Convívios (162): Ex-combatentes da Guiné do Concelho de Godomar, no dia 5 de Outubro

domingo, 26 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4741: Convívios (155): Pessoal dos BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807 - Como/Cufar/Tite 1964/66 - (Santos Oliveira)


1. Mensagem do nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, esteve no Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66:


CONVÍVIO

BCAÇ 237/599, PEL MORT 912 e PEL AM DAIMLER 807

ORDEM DE OPERAÇÕES - 05SET09

Por ordem do Comando de Sector de TITE, são convocados todos os Veteranos, que pertenceram a estes Batalhões e Pelotões Independentes, para um GOLPE DE MÃO a levar a cabo no Restaurante FLOR DO PARAÍSO (Estrada Nacional 109 5087-Tel.227 531), em Arcozelo - V.N. de Gaia.

A hora de início da Acção, será conforme a seguinte ORDEM DE OPERAÇÕES.

Concentração das Forças junto á Santa Maria Adelaide, Arcozelo, Vila Nova de Gaia.

NOME DE CÓDIGO:

CONVÍVIO/2009

EQUIPAMENTO:

- Cantil (atestado de boa disposição);
- Armas (braços para apertar os velhos Camaradas);
- Mão firme (para segurar o Talher);
- Histórias para serem contadas ou recontadas.

INÍCIO DA ACÇÃO:

- 11h00 – Concentração na Santa Maria Adelaide;
- 12h30 – Saída com destino ao OBJECTIVO;
- 13h00 – Início do GOLPE DE MÃO;
- hh/mm – Final da ACÇÃO até ao ano de 2010.

CUSTO DA OPERAÇÃO:

- 25€/Militar ou Acompanhante Adulto e 15 € / Criança.

INSCRIÇÕES:

- até ao dia 25 de Agosto de 2009.

CONTACTOS:

- Manuel Paiva (Pedreiras) - tel.: 220808693 / tlm.: 938526228
- José Oliveira (Sinqueiral) - Tel.227823806 / Tlm.: 918180724
- Santos Oliveira – Tel.: 227112117, ou, santosoliveira912@gmail.com
____________
Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


quinta-feira, 11 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4512: Fauna & flora (23): “Por pouco não nos caçamos a nós próprios… em Cufar” (Santos Oliveira)





1. O nosso Camarada Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, enviou-nos a seguinte mensagem com data de 11 de Junho de 2009:



Camaradas,


Hoje vou-vos contar como num verdadeiro dia de caça, por pouco não nos caçamos a nós mesmos, em Cufar.

Embora eu tenha sido um dos intervenientes activos nesta Aventura, entendo que devia ser o Mário Fitas a contar este pequeno episódio em que, os Caçadores, estiveram em vias de ser caçados pelos seus “pares”.

Cerca de Março/Abril de 65, um Grupo constituído pelo Santos Oliveira, do PMort. 912, pelo Fur. Milº Alves, chefe da Equipa do Destacamento da CEngª 447, pelo Srgº da Sec AM Daimler e um outro Furriel (que não lembro o nome – seria o Fitas?) com um conjunto de mais 14 Cabos e Soldados, “destinamo-nos a ir á caça aos patos” (ou ao que quer que fosse comestível).

Ao lado e quase na extensão da Pista, havia uma bolanha, há muito abandonada, que mais se assemelhava a uma lagoa.

Deixei instruções ao Pessoal dos Morteiros; o Srgt AM Daimler deixou aos seus e para ali seguimos, não tanto com o sentido de caçar mas de desanuviar um pouco o ambiente que sempre se vive num Quartel, na sua quase totalidade constituído de abrigos subterrâneos, sem camas, mosquiteiros ou outras benesses, mas com o Ar Condicionado ligado quer de dia, quer de noite, tal como a Natureza nos proporcionava com as suas cambiantes.

Se apanhássemos algo que desse para mastigar, tanto melhor, já que a massa e o feijão-frade seriam certamente o prato base.

Foi um andar sem paragens, vagarosamente, para fazer render o tempo. Falava-se de tudo: das saudades, dos projectos, das ansiedades, dos desejos…

Pelo regresso, mais ou menos pelo bordo da lagoa, capim ainda macio, já a subir rapidamente e com um bom meio metro de altura, que convidava a um rebolar refrescante.

Num repente, sem aviso prévio, os Praças que nos seguiam a uns 30/40 metros, desataram a disparar as G3, de rajada, na direcção de nós quatro.

Lançamo-nos de imediato para ao chão, gritando ordens de suspensão de fogo, e rastejando como nunca, continuávamos a ver os ricochetes a lamber a parte superior do Capim e isso trazia-nos á lembrança a possibilidade aterradora de sermos massacrados pelos nossos.

Quase como começou (uma eternidade depois) tudo acabou, pudera, cada um dos soldados havia acabado de disparar os seus 5 carregadores! Mais não tinham!

Só que, agora o alarido era tremendo.

O que terá acontecido, interrogávamo-nos?

Quase de imediato ficou tudo esclarecido.

Uma Grande Gibóia, a quem devemos ter incomodado o sossego da sua sesta, ou caça, depois que passarmos (os quatro), ergueu-se um metro acima do Capim a lamentar-se haver perdido a perninha de qualquer um de nós.

A reacção dos Militares, foi espontânea, embora impensada; é que estávamos na linha do seu enfiamento de tiro. Não havia por onde sair com a rapidez necessária.

Uns 400 metros adiante, no início da Pista e entrada do Quartel, já nos aguardava, praticamente, tudo o que sobrava da CCaç763 e Adidos.

Por mim, ainda hoje sinto o gelo daquela pele, nas costas do meu dedo indicador.

Foi um Ronco de tirar fotografias ao, e com, o Bicho. Para mim, ou comigo, não!

O mais impressionante foi ver a arte como, com a minha faca, os elementos do Pelotão Nativo, cortavam finíssimas tiras e comiam crua aquela carne rosada e linda, mas que eu, meus amigos, ainda não estava à data, nunca estive durante todos estes anos e jamais estarei preparado, para tal experiência.

Estou a escrever “isto”, mas literalmente com pele de galinha.

Uma galinha seria decerto uma boa refeição a disputar: por nós e… pela esbelta e arrepiante Gibóia.

Ehrr, fiquei enjoado, agoniado, ou... já nem me apetece Galinha!

Cufar-Esquadra de Morteiros com Guia Nat.,sobre o abrigo, sem cama e mosquiteiro, mas com Ar Condicionado (Conforme o Tempo). Abr65.


Cufar-Giboia-Pose de Elementos da CCAÇ. 763, onde ressaltam Os Fur.Milº Juvenal (já falecido) e o Mário Fitas. Eu, nem para a pose!..

Fotos: © Santos Oliveira (2009). Direitos reservados

Abraços,
Santos Oliveira
___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4401: Quartel de Tite: Levantamento documental (Santos Oliveira)


Quartel de TITE 

O nosso Camarada Fernando Santos Oliveira, que foi 2.º Sarg. Milº de Armas Pesadas de Inf.ª, esteve em Como, Cufar e Tite entre 1964/66, enviou-nos para publicação um completo estudo documental sobre o aquartelamento de Tite, constituído por uma planta e várias fotografias, que aqui apresentamos.  

O Santos Oliveira está em crer, que o levantamento apresentado na planta do quartel, é da autoria do Furriel Mil.º SAM José Soares, da CCS do BCaç 1860, que foi comandado pelo Ten. Cor. Costa Almeida. 



Planta do quartel de Tite onde se pode ver a evolução das novas construções (ABR65 a ABR66) 


Quartel de Tite (Vista do Google) 


Tite -Vila e Quartel (Vista do Google) 

Tite - Vila, Quartel, Pista de aviação, Estrada para o Enxudé e Canal do Enxudé 
(Vista do Google) 

Tite - Foia - Enxudé - Jabadá - etc. (Vista do Google) 

Tite - Vista aérea 1 

Tite - Vista aérea 2 

Estrada do Enxudé 

Nativos do Enxudé 

(Fotos: © Santos Oliveira (23 de Maio de 2009) Direitos reservados.) 

(Santos Oliveira) 


__________ 

Nota de MR: 

(*) Vd. último poste do autor em: 

terça-feira, 21 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4227: O meu Furriel parece um passador (Santos Oliveira)

1. Mensagem de Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, com data de 16 de Abril de 2009:


“O MEU FURRIEL PARECE UM PASSADOR!”

Foi Publicada, a 15DEZ2007, Post 2352 (1) esta descrição: “A 16 de Novembro de 1964, avistei dois charutos estampados no escuro do céu, de forma difusa, que aparentavam dois cigarros acesos atirados ao ar, desde o fundo do aquartelamento. A recriação, mais ou menos fiel dos Fortes de defesa contra os Índios, em que a paliçada era construída de troncos de Palmeira, que, como se sabe, são moles e duram cerca de três meses; aquelas tinham mais que isso. Portanto, eram apenas uma defesa psicológica.

Acordei. A Rádio Portugal Livre (a) havia sido extremamente suave e comedida no seu estilo linguístico.
-Fogo! Rápido!”
Considerando que, em média o tempo de percurso da saída do Morteiro, até o atingir o objectivo, naquelas circunstâncias, seriam uns escassos 36 segundos, corri até aos dois Postos de Sentinela, do lado da Mata, e onde se situavam duas das três “Bredas” a fim de dar o alarme; como era consabido, as Armas Ligeiras do IN, só se iniciavam simultaneamente com os rebentamentos das Granadas de Morteiro. Na altura, nem pensei se iria, ou não, dar tempo.
Duma coisa estava seguro: quando aquelas granadas rebentassem, o IN já não teria mais tempo para apontar os seus Morteiros, já que, quando tal aconteceu, já estavam a caminho, em objectivos diferentes, umas 9 a 12 Granadas dos nossos Morteiros.

Na verdade, nunca comentei e nunca o neguei a quem afirma terem caído duas Granadas dentro do Quartel (apenas omiti) aquelas traziam a direcção correcta e na verdade, caíram cerca de um terço do espaço da Parada (Parada?). Desconheço se traziam o destino do Gerador, que era uma peça visível desde a Mata e que estava um tanto ao lado dos locais de impacto…
Eu fui apanhado, em plena correria de regresso ao meu Posto, fui projectado para trás, uns bons dez metros. Meio atordoado levantei-me e não senti nada de especial a não ser o característico zumbido nos ouvidos, provocado pela proximidade do rebentamento.
Naquela escuridão e debaixo da chuvinha molha tolos, tudo continuou conforme já foi descrito no Post.
Entretanto, por rotina, após cada ataque, como muito bem refere o Camarada Carvalho no seu Comentário ao Post 3544 (2) e que foi, posteriormente, destacado no Post 3566 (3).

“…Este era o furriel que depois de cada ataque vinha saber de posto em posto, como estávamos e dizia-nos que já tinha terminado tudo, que esta já se tinha passado e outras coisas. Tinha sempre uma palavra que nunca ouvimos dos nossos alferes ou furriéis.”

Eu segui os Caminhos habituais de "revista às Tropas”. De lanterna na mão (a tradicional garrafa de cerveja com petróleo e uma mecha a arder) fiz a pergunta sacramental:
-Por aqui, está tudo bem?

Por resposta, um ar de perplexidade e espanto e o dedo do meu interlocutor apontado para mim com uma expressão que não mais esquecerei:
- O meu Furriel parece um passador!

Olhei-me, passou-me o filme da Granada a rebentar na minha frente e aí, sim, senti a DOR dos estilhaços e a RAIVA de nem sequer haver sentido nada naquelas longas duas horas e meia.

Acho que o Ten Médico Rogério (CCaç 557) demorou mais umas quantas horas a retirar os múltiplos estilhaços da minha carne cauterizada e com pouco derramamento de sangue.
Ficou estabelecido, por minha vontade, que não seria registado Ferido em Combate e assim se fez. Das Cicatrizes, ficou a cicatriz moral, outra do corte (5cm) provocado por estilhaço de dimensões razoáveis e que se ficou pelo fémur (foto actual) e o corte do tendão que me impossibilita o movimento da falangeta no dedo mínimo da mão direita. Das restantes, talvez existam alguns fragmentos no meu corpo, mas que não se têm manifestado muito incómodos pelo que não lhes dou outra importância.
Para mim, na altura, a decisão que tomei, teve duas vertentes deveras importantes:

1.º - Providenciar por manter o desconhecimento, por parte do IN do acertar dos tiros efectuados (hipótese remota, mas, temporalmente provável), logo
2.º - Se transpirasse a notícia de ferido, iria dar no mesmo ponto de acerto do Tiro de Morteiros em acções futuras.

Este, o outro testemunho que faltava acrescentar àquele relato e que muitos Camaradas reclamavam fosse divulgado.

Apenas uma nota final: o EP do PAIGC estava em Formação e as Armas Pesadas no seu todo, já tinham como Instrutores/Combatentes os Militares Cubanos. Uma fuga de informação, nesta circunstância, teria sido fatal para as NT.
Como referi no Post, estas são apenas amostras com as consequências de se ser Bando, por Ordem Expressa de SEXA o CEM e GOVERNADOR, Brigadeiro Arnaldo Schults, que superiormente (por Ordem Directa, pessoal e verbal) determinou tal procedimento.

Abraço a todos, do
Santos Oliveira

Cicatriz do estilhaço no Joelho

Cicatriz do estilhaço no Joelho
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Notas de CV:

(1) 15 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2352: Ilha do Como: os bravos de um Pelotão de Morteiros, o 912, que nunca existiu... (Santos Oliveira)

(2) 30 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3544: O segredo de... (2): Santos Oliveira: Encontros imediatos de III grau com o IN

(3) 5 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3566: Blogoterapia (80): Um elogio vindo da Bélgica (Soldado Carvalho / Santos Oliveira)

sábado, 11 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4173: Humor de caserna (10): Como se caçavam Maçaricos em 1964 (Santos Oliveira)

1. Mensagem de Santos Oliveira (*), ex-2.º Srgt Mil Armas Pesadas, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, com data de 8 de Dezembro de 2008:

Caros Luís e Companhia
Cá vai uma história inocente (dum ingénuo) do que aconteceu no dia da minha apresentação em Tite (20SET64).


COMO SE CAÇAVAM MAÇARICOS EM 1964

A Guerra do Ultramar veio criar a necessidade de, aos Militares para lá deslocados, um fardamento adequado ao clima, de caqui amarelo-torrado.
Os que haviam seguido pelos anos de 1961 ainda sofreram as agruras da regulamentar farda utilizada no Contingente Metropolitano, inadequada, de fazenda cerdosa, grossa, de cor cinzenta (quentíssima cá, como seria por lá???...).

Estes foram os verdadeiros criadores do termo e apelido que nos era atribuído, pela semelhança de cores com a do MAÇARICO, um tipo de ave, muito comum na Guiné.
Com a evolução e renovação do tal fardamento inadequado, todos ficaram amarelos, pelo que somente aos novatos e inexperientes no Ultramar eram apelidados com tal epíteto.

Feito este preâmbulo para se perceber que a minha chegada (a de qualquer Maçarico) era sempre aproveitada para fazer render umas quantas cervejas fresquinhas.

Acabado de me apresentar, tive, de seguida uma calorosa recepção de uma boa dezena de prestáveis rufias, camaradas Furriéis e Sargentos, Milicianos e do Quadro, que, solidariamente, me rodearam (e eu sentia-me como que confortado com tanta atenção); perguntavam coisas de cá, queixavam-se, do calor, do sol que era tanto forte, que até fritava sardinhas dentro dum capacete.

Céptico, ia mantendo aquela conversa e referia que jamais iria colocar o capacete, porque se o usasse perderia toda a mobilidade e destreza. Eles contrapunham outros argumentos sobre regulamentos, segurança, etc.etc.

Voltavam ao calor, ao sol que até fritava sardinhas…

- Queres apostar que se em cinco minutos as sardinhas não fritarem, pagamos cerveja a todo o teu Pelotão que está lá em baixo (no Enxudé). Se fritarem, pagas tu a cada um de nós, diziam.

Lembrava-me da educação da minha Mãe quando dizia:

- Meu filho, quando tiveres certeza de alguma coisa, teima e teima; mas nada de apostas. Aposta é jogo.

Mas a juventude dos meus 23 anos...

Aceitei.
De imediato e em chusma, conduziram-me ao do Parque das viaturas onde havia muitos bidões. Retiraram a protecção interior dum capacete que colocaram em cima de um deles, apareceu, sei lá de onde, uma lata de sardinhas (das que faziam parte da Ração de Combate), lançaram o conteúdo dentro do capacete e marcaram o tempo.

Não é que o azeite borbulhava como quando se frita?

Quantos, como eu, já teriam sido caçados? Seguramente os que por lá aportaram em Rendição Individual e foram imensos.

Claro que me custou largar aqueles escudos da Metrópole para pagar a minha ingenuidade.

E eu, MAÇARICO, me confesso: fui assim caçado pelos velhinhos dos BCaç 237/599.
Santos Oliveira
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4169: O trauma da notícia da mobilização (9): Afinal, sou necessário sem me sentir voluntário (Santos Oliveira)

Vd. último poste da série de 22 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4066: Humor de caserna (9): Quando os alentejanos de Jumbembem viram cair-lhes os tomates... a seus pés (Artur Conceição)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4169: O trauma da notícia da mobilização (9): Afinal, sou necessário sem me sentir voluntário (Santos Oliveira)

1. Em 7 de Abril, o nosso camarada Santos Oliveira, ex-2.º Srgt Mil Armas Pesadas, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66, enviou este trabalho para o nosso Blogue, para a série, O trauma da notícia da mobilização.

Caros Camaradas

Jamais revelei o facto da minha Mobilização, por evidenciar um certo narcisismo Militar, que, na verdade não existia, nem nunca existiu e, além disso, ter escrito o pensamento da época (1). É bem verdade que gostava das FA, que o tal sentimento esteve sempre patente nas minhas acções, mas, igualmente nas minhas discordâncias manifestas, acerca do modo como as Chefias procediam relativamente aos Civis Armados de quem dependiam para a prossecução dos objectivos e construção do Edifício que suportava o seu Estatuto. Não aceitei os diversos convites porque, de mim, exigiam uma total entrega e no fim apenas restaria um sentimento de ter sido usado ou recebido o descarte e os restos. Definitivamente, eu não era um deles. Tenho uma vivência Humanista e os homens devem ser tratados como Homens.

Por isso, sabe-se lá porque os meus Registos são ambíguos, omissos, incompletos e, ou, deturpados, porque muito pouco bate certo. Assim, aqui começa a minha revolta e o comprovar dos meus (pré)sentimentos.

Vejamos: a 10AGO64, fui promovido, fiquei orgulhoso e desapontado. Orgulhoso, por ter sido promovido; desapontado porque ia encalhar no GACA3, até ao final do Serviço Militar.

No final desse mesmo mês, abri a correspondência Oficial (2) (abria sempre e em primeiro lugar a das Mobilizações) e deparei com a minha própria Mobilização. Deu-me um baque que não sei definir se de alegria ou tristeza. O filme do que ia suceder a seguir, passou-me pela mente numa velocidade vertiginosa (2).

Assim, O trauma da notícia da mobilização, que já estava interiorizado (cf.: “O STRESS DE GUERRA EXISTE A PARTIR DA POSSIBILIDADE DE SE TER DE ENTRAR NELA E PARA CADA INDIVÍDUO QUE ESTEJA NAS CONDIÇÕES EXIGÍVEIS. NÃO É NECESSÁRIO, OBRIGATÓRIAMENTE, TER-SE PARTICIPADO”) não o foi como tal.
Recordo ter escrito sob a forma poética as duas situações e em datas bem próximas:

(1) - Na Promoção

Agora, assim, Promovido,
eu sei que fui Distinguido…
Tanto treino, tanto saber,
esforço, conhecimento
para, em Reserva de Estado,
o Exército estabelecer
que estou, no GACA, encalhado.
Coerente, mas fiel,
voluntário não serei!
Com isso, eu viverei!
Só me falta entendimento
porque me querem de lado!...
Mafra, Lamego e Tancos
foi mui duro, sem igual.
Queriam-me Oficial
Fiquei-me por Furriel.

AGO64


(2) – MOBILIZAÇÃO

… Afinal, sou necessário
sem me sentir voluntário!
Fui preparado, bem sei!
O medo que me assaltou
foi conhecer o que sou,
temer não estar preparado
para lutar, lado a lado,
com Heróis com provas dadas
em suor e sangue e lama…
… Vai custar, mais, outra guerra
de dizer, á Mãe que eu amo,
que vou deixar esta terra,
ou então muito me engano,
mas é a Pátria que chama
e é com veneração
que lhe dou meu coração.

30AGO64

Abraços
Santos Oliveira

Original dos poemas, escrito em papel vegetal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de

Vd. último poste da série de 3 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4134: O trauma da notícia da mobilização (8): Amado, volta já para o Quartel (Juvenal Amado)