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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24022: In Memoriam (467): Francisco Justino Silva (1948-2023), médico, ortopedista, ex-alf mil, CART 3492 / BART 3873, Xitole, e Pel Caç Nat 51, Jumbembem (1971/73) cerimónias fúnebres, hoje, em Porto Salvo, na igreja local, com velório a partir das 16h00; missa de corpo presente às 14h00 de 3.ª feira, seguindo o funeral para o cemitério de Carnaxide

 
Dr. Francisco Silva (1948-2023), médico, cirurgião 0rtopedista, nosso amigo e camarada, ex-alf mil at inf, CART 3492 / BART 3873 , Xitole, e cmdt do Pel Caç Nat 51, Jumbembem, 1971 /1973. Foto de Manuel Resende (s/d) com a devida vénia.


1. Chegou-nos a triste notícia ao meio da tarde de ontem, por intermédico de um amigo comum, o Zé Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos, numa mensagem que também era de parabéns pelo meu aniversário: morreu o meu/nosso amigo e camarada Francisco Justino Silva, vítíma de doença prolongada. 

Deixa viúva a nossa querida amiga Elisabete (que frequentava os convívios da Tabanca da Linha e também o Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real: o Francisco esteve em 10 e a Elisabete em 7.  O casal  fez igualmente uma viagem de saudade, à Guiné-Bissau, em 2013,  com onZé Teixeira e  a esposa.

O casal tem dois filhos e três netos. A filha é também médica, em Santiago do Cacém. O Francisco nasceu na Madeira, onde chegou a trabalhar no início da sua carreira. Mas a sua "casa e escola"  foi o serviço de ortopedia do Hospital de Santa Maria e depois o Hospital Amadora-Sintra, onde operou alguns de nós, seus camaradas Trabalhou sobre a direcção do lourinhanense dr. Francisco Mateus, hoje reformado. (Tratava-o por "Xiquinho", confidenciou-me ele, a quem transmiti hoje a triste notícia; já trabalhavam juntos dese Santa Maria, e foram juntos para o Amadora-Sintra, onde o Francisco foi abrir o serviço (ou um dos serviços) de ortopedia, creio que Ortopedia B.

O Francisco tinha-se reformado, do SNS,  ainda há poucos anos  (creio que em 2017). Mas continuou a trabalhar no seu consultório e num hospital privado, até que a saúde o impediu de vez. Vivia em Porto Salvo, Oeiras.

A Elisabete teve a gentileza de nos telefonar, a mim e a Alice, por volta das 22h00.  As cerimónias fúnebres terão lugar hoje, em Porto Salvo, na igreja local: velório a partir das  16h00; missa de corpo presente às 14h00 de terça-feira, seguindo o funeral para o cemitério de Carnaxide.(*)

Fazia anos a 14 de junho. Recordo-me de um soneto que lhe fiz em 2017, por ocasião do seu 69.º aniversário. Em cima da hora, e nesta hora muito triste, faço-lhe, em meu nome pessoal, e da Alice, e da toda a nossa Tabanca Grande, esta pequena homenagem, reditando os versos que lhe escrevi e republicando fotos de alguns dos nossos agradáveis momentos de convívio e também da viagem à Guiné -Bissau em 2013, publicadas no nosso blogue  (mantendo as legendas da altura). 

Para a Elisabete e a restante família, vai o nosso mais caloroso e fraterno chicoração. Até sempre, Francisco! Iremos lembrar-te sempre como um homem bom, afável e  simples, e um dedicado médico, um amigo do seu amigo, um camarada do seu camarada. LG

Ao nosso querido Francisco!

por Luís Graça
(grato ao seu ortopedista, amigo e camarada)


Veio da terra da Laurissilva,
É camarada, amigo, solidário,
O afável doutor Francisco Silva
Tem hoje o seu dia de aniversário.

Mas não pensem que é dia de gazeta,
Ortopedista é sempre um guerreiro,
A idade, para ele, é uma treta,
Parabéns ao nosso grã-tabanqueiro.

Reformado está, mas não arrumado,
Tem mãos de artista e ainda opera,
Não gosta de ver ninguém aleijado.

Pela sua Maria e queridos filhos,
Tinha a Guiné em lista de espera,
Pois voltou, percorrendo os velhos trilhos!

14 de junho de 2017 (**)

Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da esquerda para a direita, Jorge Rosales, JERO ("o último monge de Alcobaça") e Francisco Silva. (Três saudosos amigos e camaradas,  de cujo convívio  a morte já nos privou; também três presenças frequentes em Monte Real, nos nossos encontros anuais.)

Foto: © Miguel Pessoa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Leiria >  Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) >  XI Encontro Nacional da Tabanca Grande >  16 de abril de 2016 >  "Ó camarada doutor Francisco Silva, aqui só para nós... Então, o meu amigo é de Porto Salvo, Oeiras, e ainda não se dignou dar-nos a honra da sua presença à mesa da Magnífica Tabanca da Linha?!" (pergunta  o régulo Jorge Rosales, para o Francisco Silva que, na Guiné, tinha fama de durão, e que acaba de se reformar, tendo um brilhante currículo como ortopedista no Serviço Nacional de Saúde, e nomeadamente no Hospital Amadora-Sintra, onde operou por duas vezes, o nosso editor-mor, a um joanete e à anca...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Lisboa > Belém > Monumento aos Combatentes do Ultramar > XXV Encontro Nacional  dos Antigos Combatentes  > 10 de junho de 2019 > Sob o olhar atento do Carlos Silva, régulo da Tabanca dos Melros, o Francisco Justino Silva, hoje ortopedista (foto à  esquerda),  membro da nossa Tabanca Grande desde 26 de abril de 2010 (***), relembra os tempos em que foi substituir, em Jumbembem, em circunstâncias trágicas, o comandante do Pel Caç Nat 51: o seu interlocutor, um antigo milícia do seu tempo  (à direita, na imagem), estava lá, nesse fatídico dia 16 de julho de 1973, em que foi cobardemente morto a tiro de G3 o alf mil op esp / ranger, Nuno Gonçalves Costa. (Era natural de Arcos de Valdevez. A sua morte foi atribuída a "acidente com arma de fogo", forma eufemística das Forças Armadas classificarem não só os casos de acidente devidos a arma de fogo, como os de homicídio e suicídio.)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Lisboa > Belém > XXIII Encontro Nacional de Combatentes > 10 de junho de 2016 > O Francisco Silva era presença frequente no 10 de Junho. Aqui  ao lado do Silvério Lobo (que veio de Matosinhos),

Foto (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Lisboa > Belém > Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 >  O Virgínio Briote e o Francisco Silva.

Foto (e legenda): © Luís Graça (20'0). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 48.º Convívio > 19 de maio de 2022 > Caras lindas que não se viam por aqui há mais de 2 anos: primeiro veio a pandemia, depois vieram as  mazelas do corpo e da alma... A nossa Eisabete Silva, por exemplo, quem diz que em 2013 andava pelos matos e bolanhas da Guiné-Bissau, toda fresca, com o marido,  o nosso dr. Francisco Silva, cirurgião ortopedista, e que depois passou por um grave problema de saúde, felizmente já  superados ?!... Está de volta aos convívios da Tabanca da Linha e com ótima cara... Que bom, ver-te, Elisabete!    (Já agora, a Tabanca Grande que ela trabalhou na Pedrogão desde os 20 e tevê como colegas, por exemplo , o António  Levezinho, a Isabel Levezinho, o Fernando Calado... E por certo  o Pinto Carvalho de que ela não se lembra bem.)

Magnífica Tabanca da Linha > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 48.º Convívio > 19 de maio de 2022 > Que bom, rever-te, Francisco!... Temos andado desencontrados, mas cada um à volta dos seus  problemas de saúde... e lambendo, como o cão do balanta, as suas feridas.  Dizem-me que não tens atendido os telefonemas de ninguém... Grande madeirense, amigo e camarada, as tuas melhoras!... Olha, eu acabo de fazer uma artoplastia total ao joelho esquerdo, no Hospital Ortopédico de Sant'Ana, na Parede... Agora são dois meses de fisiatria...

Fotos: © Manuel Resende (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Guiné-Bissau >  Região de Bafatá > Xitole > 1 de maio de  2013 > "O Francisco Silva  mais um antigo guerrilheiro do PAIGC, procurando localizar pontos de guerra comuns". [Companheiro de viagem do Zé Teixeira, em 2013 (**), o Francisco, hoje cirurgião, esteve no Xitole, como alf mil, ao tempo da CART 3492 / BART 3873 (1971/73), antes de ir comandar o Pel Caç Nat 51, Jumbembem, em meados de 1973]


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xitole > 1 de maio de 2013 > O Aliu do Xitole  (antigo menino da messe dos sargentos)  e o Francisco Silva... O Aliu reconheceu de imediato o "alfero paraquedista” , o “Sirva”. E logo o grupo ficou em amena cavaqueira com o Aliu a falar do “alfero Sirva”, "manga de bom pessoal". (Sempre ele, calmo e sereno, observador de ouvido atento, como no tempo em que comandava os seus soldados perdidos na selva da guerra.)

Fotos (e legendas): © José Teixeira (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Leiria > Monte Real > IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > 14 de junho de 2014 > O Francisco Silva, ortopedista no Hospital Fernando da Fonseca, que operou recentemente o nosso editor Luís Graça bem como o camarada Humberto Reis, tinha um segredo  bem guardado até à hora do almoço... Fazia anos, deixou a família em casa, deu um salto a Monte Real e voltou a casa, em Porto Salvo, Oeiras, para acabar o resto com a esposa, Elisabete, os filhos e os netos... Cantámos-lhe os "parabéns a você... Da esquerda para a direita, o  João Martins, o Humberto Reis, o Xico Alen (já falecido em 2022), o Francico Silva e a Alice Carneiro.

Recorde-se aqui o percurso militar do Francisco: madeirense, ofereceu-se como voluntário aos 19 anos, em 1968 para os paraquedistas... Acabou na Guiné como alf mil at inf, esteve no Xitole, ao tempo da CART 3492 / BART 3873 (1971/73), antes de ir comandar o Pel Caç Nat 51, Jumbembem, em meados de 1973, Depois de regressar à metrópole, fez o curso de medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. 


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Iemberem > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > Em primeiro plano, ao meio, o Dr. Francisco Silva, madeirense, ortopedista no Hospital Fernando da Fonseca, Amadora-Sintra, médico do nosso camarada Hugo Guerra. À sua esquerda, a Maria Alice e à direita Salifo Camará, 87 anos, régulo de Cadique Nalu e Lautchandé, antigo Combatente da Liberdade da Pátria, venwrado como "rei dos nalus" (também ja falecido). Foto tirada por ocasião da visita ao centro de saúde materno-infantil de Iemberem. O Francisco Silva viajou de jipe, com mais camaradas, na viagem à Guiné, de ida e volta, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008),

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23800: Memória dos lugares (445): O Xitole que eu conheci em 1971/72, no tempo da CART 3492 / BART 3873 e do "tio" Jamil Nasser (Joaquim Mexia Alves)


Foto nº 1



Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 6 de abril de 1972  > Um almoço de chabéu que o Jamil (fotos nºs 1 e 4)  me ofereceu no dia dos meus anos,  precisamente no alpendre da frente da sua casa (Fotos nºs 2 e 3). .Foram convidados o Capitão Godinho e a sua mulher, bem como os alferes da companhia a que se juntou , por ter vindo em coluna do Saltinho,  o alf Armandino (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo  [em 17 de abril de 1972]. Está sentado na ponta da mesa, juntamemte  com  o Chefe de Posto (Foto nº  2 e 4, aqui junto ao cap Godinho)..

Fotos (e legendas):  © Joaquim Mexia Alves  (2022). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves.  Nessas colunas logísticas integravam-se viaturas civis de diversos comerciantes da zona leste. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).


Foto (e legenda):  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp / ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real):

Data - 21 nov 2022 10:09

Assunto . - Xitole: Serração do sr. Henrique Martinho, amigo do Jamil, que deixou a Guiné em 1962 (*)

Caro Luís

Como sabes o Jamil e eu tínhamos uma forte relação de amizade. Tratava-o muitas vezes por Tio Jamil! (**)

Enquanto estive no Xitole, praticamente todos os dias ia a casa do Jamil ao fim da tarde e, sentados no seu alpendre, bebíamos whisky com água Perrier acompanhado de bocados de tomate só com sal.

Ele ouvia as notícias em árabe e comentava comigo o que se ia passando no seu Libano.

Tenho para mim que a casa que na foto tem o alpendre em ruínas, era a casa do Jamil, só que essa vista é de lado ou seja é do lado que dava para o quartel e assim o David Guimarães terá razão.

A frente da casa tinha a continuação desse alpendre e dava para a estrada que vinha de Bambadinca.

Do outro lado da estrada, mais ou menos em frente da casa, e um pouco afastado da estrada, ficava o armazém de venda do Jamil, que poderia muito bem ter sido a tal serração de que fala Maria Augusta Martinho Antunes.

Anexo fotos de um almoço de chabéu que o Jamil me ofereceu no dia dos meus anos em 6 de abril de 1972, precisamente no alpendre da frente da sua casa. Foram convidados o Capitão e a sua mulher, bem como os Alferes da Companhia a que se juntou por ter vindo em coluna do Saltinho o Alf Armandino, (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo, sentado na ponta da mesa, e também o Chefe de Posto.

A minha amizade com o Jamil era tal que numas férias da Guiné em Lisboa, por coincidência ele estava também em Lisboa, (ficava num hotel encostado ao então cinema Tivoli, Hotel Condestável?), e então fomos almoçar juntos, se bem me lembro.

Depois perdi completamente o rasto ao Jamil Nasser, mas a sua amizade e a sua companhia foram um bálsamo naqueles primeiros meses de Guiné.

Podes, obviamente, servir-te deste email para o que quiseres.

A foto nº 4 somos o Jamil e eu no dia do almoço.

Um abraço para ti e para todos do
Joaquim Mexia Alves

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23799: Memória dos lugares (444): Xitole, onde cresci desde bebé até 1957, quando vim para a metrópole estuda... O meu pai, Henrique Martinho, tinha lá uma serração, e era amigo do comerciante libanês Nasser Jamil... (Maria Augusta Martinho Antunes)

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15355: Direito à indignação (13): "Estou a escrever este texto atabalhoado e a sentir raiva pela forma manipuladora da síntese das baixas do meu batalhão" (António Duarte, ex- fur mil, CART 3493 / BART 3873, e CCAÇ 12, 1971/74)

1. Mensagem de António Duarte


[ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].Data: 11 de novembro de 2015 às 18:41



Assunto:  Guiné 63/74 - P15349: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXVII: Alguns números sobre a atividade operacional e a ação psicossocial: 32 mortos (IN), 4 prisioneiros, 113 moranças e 8 toneladas de arroz destruidas ao IN; 132 elementos pop recuperados, 1 mesquita e 9 escolas construídas, 4 reordenamentos iniciados, 2 tabancas reocupadas...


Boa noita, Luís

Perguntas-me se o BART 3873 só teve, efetivamente, dois mortos em combate, sendo um deles milícia....

Esta "manipulação" dos números é curiosa. Efetivamente convinha apresentar um baixo número de mortos em combate.

Então vejamos: da CART 3493, que inicialmente esteve em Mansambo e depois foi para Cobumba, situação que melhor conheço, por ser a minha primeira companhia, há quatro baixas.

O alf António Jorge [Cristóvão] Abrantes, deslocado para as companhias africanas, foi nomeado comandante de um pelotão independente. Fruto de uma discussão com um soldado africano,  foi "varrido" com uma rajada de G3. Era de Viseu e filho de um oficial do quadro, suponho oriundo de sargento. Aconteceu em [18 de] setembro de 72.

Em outubro de 73, morrem em Cobumba dois elementos. Um soldado que não me recordo o nome e o furriel Francisco Galiano,  de Évora, vítimas do rebentamento de uma mina anticarro, levantada de manhã e que por acidente rebentou na arrecadação. A versão oficial era que a mina teria dispositivos retardadores. Provavelmente treta. O rebentamento ocorreu porque alguém fez algo que não devia. 

Por último já em janeiro de 74, morre o furriel Manuel João Roque Trindade ,em Bissau, vítima de uma manobra pouca prudente com uma camioneta, por parte de um condutor. Estava a companhia nessa altura a fazer segurança nos arredores de Bissau. Curiosamente foi ele que levantou a mina que estoirou em outubro e matou dois camaradas. Era de operações especiais, do 1º turno de 71, corajoso, generoso e o campeão dos levantamentos de minas (pessoais e anticarro).

Enfim, sabemos que a estatística é uma ciência "elástica" que dá para tudo. O correto era fazer uma síntese,  arrumando as baixas do batalhão com as causas associadas e assim tudo seria mais transparente.

Destas quatro mortes, só uma é por acidente de viação, mas claramente em serviço. 

Por estas e por outras é que se ouvia dizer aos habitantes portugueses das colónias, sobretudo em Angola, que a maior parte dos mortos era por acidente. Parece redutor, mas convinha manter este perfil.

Quanto à companhia que inicialmente foi para o Xime, a CART 3494 (do Jorge Araújo e do Sousa de Castro), tiveram quatro mortos, que me lembre. O furriel Bento, vítima de emboscada em Ponta Coli, em abril de 72 e mais três soldados afogados no Geba, salvo erro em agosto de 72, aparentemente devido a ordens mal dadas pelo comandante da operação. O Araújo sabe bem a história, já que a viveu ao vivo e a cores.

Penso que a companhia do Xitole, a CART 3492,  teria tido também pelo menos um morto, com acidente de arma de fogo, num destacamento numa ponte onde se passava nas colunas ao Xitole/Saltinho [, Ponte dos Fulas]. A confirmar com alguém da companhia.

Quanto a feridos graves, a CART 3493 teve quatro amputações de pé/perna. Um furriel, dois cabos e um soldado. Feridos ligeiros, teve bastantes, devido a minas anticarro, rebentadas sobretudo em Cobumba.

De facto a história só pode ser escrita daqui a mais 50 anos. Estou a escrever este texto atabalhoado e a sentir raiva, pela forma manipuladora, da síntese das baixas de um batalhão. A minha pena é que daqui a 50 anos não estou cá, para finalmente saber a "verdade"... que eu/nós vivi/vivemos.

De facto das baixas que aqui relato, só uma foi diretamente com o fogo do IN. Mas,  e as outras? Morreram a tomar banho na piscina? A praticar desporto?... Se fosse crente diria "Valha-nos Deus". Os políticos são todos muito parecidos, sejam os do tempo do António, sejam os de agora.

É em alturas como esta que vejo uma das grandes utilidades do teu/nosso blogue. Os homens da história vão ter material para trabalhar e encontrar uma das verdades. Qual, não sei. A minha? A tua? A nossa?

Abraços
António Duarte (Cart 3493 e Ccaç 12 dez 71 a jan de 74)




Mapa referente à distribuição geográfica inicial do contingente do BART 3873 (1972/74), na zona leste, setor L1: Bambadinca (comando e CCS), Xime e Enxalé (CART 3494), Mansambo (CART 3493) e Xitole (CART 3492). Detalhe da carta da província da Guiné, escala 1/500 mil (1961)

Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015).

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12692: Direito à indignação (12): Por favor, respeitem a verdade dos factos... E, sobretudo, respeitem, os mortos e os vivos… de um lado e do outro da guerra! (Ernesto Duarte)

sábado, 18 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14894: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXV: fevereiro de 1973: três meses depois do fim da comissão, faz-se a sobreposição com os "piras" do BCAÇ 4616/73, o "batalhão liquidatário" (mar / ago 1974)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor do Xime > A temível ponta Varela (foto nº1), a margem esquerda do Rio Geba, nas proximidades do Xime (foto nº 2) e a LGD nº 105 a aproximar-se do porto fluvial do Xime.

Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).(*)

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].


O destaque do mês de fevereiro de 1974 (pp. 85/88) vai para:

(i) Fim da comissão do BART 3873 em finais de outubro de 1973;  chega o BCAÇ 4616/73, três meses depois (!)  para  o substituir: período de sobreposição;

(ii) duas flagelações ao destacamento do Mato Cão (, guarnecido pelo Pel Caç Nat 52), cuja missão é assegurar a proteção da navegação no Geba Estreito (entre o Xime e Bambadinca);

(iii) flagelação ao destacamento do Rio Pulom, setor do Xitole, com pronta e eficaz resposta da CART 3942 (Xitole);

(iv) a segurança à coluna logística Bambadinca / Xitole tem contacto com o IN. no subsetor do Xitole;

(v) ataque ao barco civil "Rajá", em Ponta Varela, subsetor do Xime, com RPG e armas automáticas;

(vi) a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21 falham objetivo na Op Pró Ronco 2, que era atingir as Pontas Luís Dias e João da Silva, na margem direita o Rio Corubal;

sábado, 19 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13414: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte II: Mobilizada pelo RAP 2, a unidade era composta maioritariamente por pessoal do norte (Minho e Douro) e centro (Beiras)



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74) > O nosso histórico grã-tabanqueiro (o nº 2) é o Sousa de Castro, na foto o 2º a contar da esquerda...

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados


Parte II > Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG




´~



Fonte: Excertos da História da Unidade - Cap I, pp. 1-5. Sublinhados a vermelho, estão os nomes de alguns dos camaradas do BART 3873 que integram a nossa Tabanca Grande. Uma cópia digitalizada, em formato pdf, da história do BART foi-nos gentilmente posta à disposição pelo António Daurte.


Observações:  

Seria moroso, pesado e fastidioso editar e publicar as longas listas de todo o pessoal do BART 3873... São cerca de 15 páginas... Nesta relação, acima publicada,  não figuram, por exemplo,   os soldados e os 1ºs cabos, alguns dos quais honram e engrandecem, com a sua presença, a  nossa Tabanca Grande. 

Citando de memória, é o caso do nosso histórico grã-tabanqueiro Sousa de Castro, o nosso tertuliano nº 2, que tem quase 90 referências (ou marcadores) no blogue (II série), e que foi 1º º cabo radiotelegrafista, da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1971/74). Tem sido um grande entusiasta do nosso blogue e tem trazido camaradas seus para se juntarem à nossa Tabanca Grande.

Estranhament não encontro o nome do Sousa de Castro na lista dos 1ºs cabos da CART 3494. Mas pdoe erros na transcrição dos nomes: é o caso do fur mil José Luís Carvalhido da Ponte que aparece, na história da unidade, com o apelido Carvalheira Ponte. Corrigi, na lista acima publicada.

Outro nome que é justo referir, porque tem estado ativo no nosso blogue, é o António Eduardo Ferreira (ex-1.º cabo condutor auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74).

Outro grã-tabanqueiro que, estranhamente, não consta da lista dos sargentos da CART 3494, é do Jorge Araújo [ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974]. Atenção: a lista de pessoal reporta-se à data de embarque. Todos os meses havia, normalmente, nos batalhões, entradas e saídas...Ou melhor dizendo; "pessoal aumentado, transferido ou abatido"... Para além do "pessoal adido com carater eventual ou permanente"...

 Quem também, por alguns meses (de agosto a novembro de 1972), por esta companhia foi o nosso António José Pereira da Costarecorde-se que ele foi alf art na CART 1692/BART 1914,Cacine, 1968/69; e cap art cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74.

Também o Francisco Silva (hoje cirurgião, ortopedista, foi ele que me fez a artroplastia total da anca) não consta da lista dos alferes milicianos da CART 3492. Recorde-se que ele tamb+em esteve no Xitole, ao tempo da CART 3942 / BART 3873(1971/73), antes de ir comandar o Pel Caç Nat 51, Jumbembem, em meados de 1973,

Há mais camaradas do BART 3873 que fazem parte da nossa Tabanca Grande, nomeadamente trazidos pela mão do Sousa de Castro: por ex. o alf mil António José Serradas Pereira (entrou para a CART 3494, em  setembro de 1972). Preciso de tempo para consultar os nossos arquivos. As minhas desculpas pelas omissões. (Espero que o Sousa de Castro e o Carlos Vinhal me ajudem a identificar as omissões...).

Entretanto, em abril de 1973, a CART 3493 foi transferida para Cobumba, COP 4, deixando Mansambo. A CART 3494 trocou o Xime por Mansambo. Por sua vez, a CCAÇ 12, companhia de intervenção do CAOP 2, é transferida para o Xime, em março de 1973.

Simples curiosidade, em junho de 1973, a CART 3493 é aumentada com o alf mil cav Miguel  V. de S. Champalimaud, nome já aqui  citado no nosso blogue, pelo António Graça de Abreu, como sendo sobrinho do empresário Champalimaud.

Quanto aos médicos que passaram pelo batalhão, identifiquei os seguintes:

(i) Em junho de 1972, adido à CCS, alf mil médico Jorge Luís Caetano;

(ii) Em outubro de 1972, adido à CCS, alf mil médico José António Oliveira Miranda;

(iii) Em fevereiro de 1974, adido à CCAS, alf mil médico Adriano Paim de Lima Andrade (que veio substituir o José António Oliveira Miranda,colocado no HM 241, em Bissau).

Em princípio, o BART 3873, não tínha médicos à data do embarque.




Fonte: Excertos da História da Unidade - Cap I, pp. 18-19

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Nota do editor: