Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta morna. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta morna. Mostrar todas as mensagens

domingo, 16 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27429: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (14): a dupla "sodade", de Manuel Lema Santos (1942-2025) e de Cesária Évora, "Cize (1941-2011)


Foto nº 1 > Cabo Verde > Sáo Vicente > Mindelo> c. 16/17/18 de Março de 1968 > Cesária Évora, aos 26 anos. Festa privada para os cadetes do 11º CFORN, de visita ao Mindelo.


Foto nº 2 >Cabo Verde > Sáo Vicente > Mindelo> c. 16/17/18 de Março de 1968 >  Atuação de Cesária Évora, "Cize", para os cadetes do 11º CFORN (Curso de Formaçáo de Oficiais da Reserva Naval). Já cantava descalça.


Foto nº 3 >Cabo Verde > Sáo Vicente > Mindelo> c. 16/17/18 de Março de 1968 >   A "Cize" com os seus músicos.



Foto nº 4 >Cabo Verde > São  Vicente > Mindelo> c. 16/17/18 de Março de 1968 > Com Cesária Évora, então com 26 anos. Da esquerda para a direita, Henrique Oliveira Pires, António Campos Teixeira, José Manuel Vieira de Sá e José António Trindade Leitão, todos do 11.º CFORN (Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval)

Fotos (e legendas): ©. Manuel Lema Santos  (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Manuel Lema Santos (1942-2025).  Foto de LG (2012).

1. O nosso camarada Manuel Lema Santos (1942-2025), que hoje se despede da Terra da Alegria (*), era um apaixonado por Cabo Verde, a sua gente e a sua música, nomeadamente, a da "diva dos pés descalços",  Cesária Évora (1941-2011).  Essa era uma faceta que eu ignorava completamente.

Tinha família em Cabo Verde, pelo lado da mãe das suas filhas, sobrinha do poeta Jorge Barbosa (1902-1971). E ele próprio tem doces memórias daquela terra, como se pode ler nestes excertos de dois postes que publicou no seu blogue, "Reserva Naval", em 2018. 

São também uma genuína e sincera homenagem à grande cantora e mulher grande do Mindelo e um tributo à nossa Marinha e às guarnições das LFG - Lanchas de Fiscalização Grande que, durante anos, ali aportaram, vindas da Guiné, para trabalhos de reparação e manutenção. É uma homenagem a Cabo Verde, nos 50 anos da sua independência. E é sobretudo uma homenagem a um camarada da Reserva Nacional  que a morte, aos 83 anos, vem privar do nosso convívio.

Excertos de Blogue Reserva Naval > 28 de setembro de 2018 > Cabo Verde, 1968 - Cesária Évora com a Reserva Naval no Mindelo 

(...) Também como outros camaradas, cadete da Reserva Naval, incógnito, tive apenas um primeiro contacto efêmero com as gentes, hábitos e música de Cabo Verde, no decorrer da viagem de instrução do 8.º CEORN – Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval, efectuado nas fragatas «Diogo Cão» e «Corte Real» que, na segunda quinzena de Abril de 1966, aportaram àquelas ilhas. Eram comandadas, respectivamente, pelos CFR Peixoto Correia e CFR Pinheiro de Azevedo, vindo este último a exercer mais tarde as funções de Primeiro-Ministro, após o 25 de Abril.

Era tradicional organizarem-se festas, convívios ou recepções por ocasião da visita de navios da Marinha Portuguesa a Cabo Verde. Recordo esses momentos quer na ilha de S.Vicente, no Grémio do Mindelo,  quer na ilha de Santiago, na cidade da Praia, com visitas guiadas às ilhas a que não faltou uma passagem pelo Tarrafal.

Mais tarde, no decorrer dos anos de 1966 a 1968, voltei ali nas deslocações que, aproximadamente de seis em seis meses, a LFG «Orion», tal como todas as outras lanchas do mesmo tipo, faziam da Guiné a Cabo Verde, por imposição de trabalhos de conservação e manutenção nos estaleiros navais da ilha de S. Vicente.

Quando ali aportavam mantinham-se ali estacionadas cerca de um mês em cada uma das vezes que o faziam. Então, já casado e com família próxima ali estabelecida, sempre fui naquelas casas recebido e tratado com carinho e atenção especiais que aqui gratamente recordo e, entre guarnição e familiares ou amigos, nunca me senti acossado por qualquer sentimento de solidão ou insularidade.

Tudo fez parte de uma etapa da minha vida de que recordo, entre muitas outras pessoas, um tio da mãe das minhas filhas, o poeta Jorge Barbosa cujo nome mais tarde foi atribuído à Escola Secundária do Mindelo, e um sem número de familiares e amigos que partilharam comigo mesa e convívio.

Na nostalgia de quem lembra de forma gratificante estas memórias, ficaram na “sodade di nha tempo ido” as sempre eternas mornas e coladeras que Cesária Évora tão bem interpretou e legou como herança cultural de um Povo. Algumas gravações, sempre escassas, guardo-as há muito comigo.

Como outros cursos, também o 11.º CFORN – Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, em 1968, ali rumou na viagem de instrução de final de curso, nas mesmas Fragatas «Diogo Cão» e «Corte Real», desta vez comandadas respectivamente pelos CFR Eurico Serradas Duarte e CFR Mário Dias Martins. 

Teve lugar entre os dias 4 e 29 de Março de 1968, saindo de Lisboa e aportando a Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Horta, S. Vicente de Cabo Verde, Funchal e Porto Santo, antes de entrar de novo em Lisboa.

Tendo Cesária Évora nascido em 1941, no mês de Agosto, em Março de 1968 contava ainda 26 anos. A partir da chegada a Lisboa no dia 29 daquele mês, vamos ter em conta que no regresso da viagem de instrução as fragatas não foram a Porto Santo. Rumaram directamente para Lisboa, dois dias de viagem, com saída do Funchal num final de tarde.

 Fazendo contas "às arrecuas",  concluir-se-á que a saída do Funchal se efectuou no dia 27. Deduzindo o tempo de permanência na Madeira de 2 a 3 dias e mais outros 3 a 4 para ali chegarem de Cabo Verde, ficará o dia 19 de Março como provável dia de saída de S. Vicente.

Sem a pretensão de total rigor, quer na data quer na informação, nos dois ou três dias anteriores, terá decorrido uma festa-convívio que incluiu a actuação de Cesária Évora e de alguns elementos que, com "Cize", formavam o conjunto musical que a acompanhava.

Ainda que com meios empíricos, improvisados na hora, a sessão foi gravada, como é visível numa das fotos (a nº 1), mas da sua guarda e eventual conservação no tempo nada se sabe de concreto. Muito provavelmente, perdurará ainda esquecida num baú de recordações pertencente a algum dos muitos participantes na viagem.

Depois da chegada a Lisboa, do Juramento de Bandeira daquele 11.º CFORN e já como oficiais da Reserva Naval:

  • Henrique Oliveira Pires foi destacado para a Guiné como comandante da LFP «Canopus»;
  • António Campos Teixeira,  para o Grupo n.º 1 de Escolas da Armada:
  •  José Manuel Vieira de Sá,  para Angola como comandante da LFP «Fomalhaut»;
  • e José António da Trindade Leitão, para o Grupo n.º 2 de Escolas da Armada.

Como curiosidade adicional, foi o último ano em que aquelas duas unidades navais efectuaram viagens de instrução a Cabo Verde. A Fragata «Diogo Cão» foi abatida ao efectivo dos navios da Armada em 21Out68 e Fragata  «Corte Real» em 19Nov68.

Fontes:
Texto, fotos de arquivo, edição e arranjo de imagem do autor do blogue com fotos cedidas por elementos do 11.º CFORN


Manuel Lema Santos
1º Ten RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto


Excertos de Blogue Reserva Naval > 24 de setembro de 2018 >  Cabo Verde, Mindelo - Cesária Évora, "Cize", desaparecimento aos 70 anos.



Cesária Évora (1941-2011)


(...) 

Nascida no Mindelo a 27 de Agosto de 1941, Cesária Évora desde muito cedo que encarnou o espírito da genuína música tradicional das ilhas cabo-verdianas.

A afinidade com o Mar, o Mindelo na ilha de S.Vicente e as inúmeras arribadas de navios àquele porto transformaram muitos marinheiros em testemunhos desse talento mais que cinquentenário, sempre manifestado de forma singela, popular e simpática, mas arrebatadoramente livre numa expressão melancólica e magoada.

Mindelo, as noites de fresca aragem marítima, os banhos madrugada dentro na Baía das Gatas, as idas com os mergulhadores apanhar lagostas, o convívio com um povo culto, são e alegre, as manhãs na praia da Matiota e tantas vivências mais, foram retemperadoras para muitos "marujos" que, vindos da Guiné, aportavam ao cais de S. Vicente para fabricos, integrados nas guarnições das LFG-Lanchas de Fiscalização Grandes.

Também muitos Oficiais, Sargentos e Praças, quer dos Quadros Permanentes quer da Reserva Naval, que ali prestaram serviço ou em viagem de instrução, em unidades navais ainda cadetes, a quem tantas vezes foi dada a oportunidade de partilha daquele fraterno ambiente de convívio, participam certamente deste sentimento, já que Cesária Évora por diversas vezes actuou de forma quase privada, “a pedido”, 
com a simplicidade que se lhe conhecia.

Naquele dia de Dezembro  (**) ficaram especialmente tristes todos os que estiveram em Cabo Verde, tenha sido numa fugaz passagem ou em mais prolongadas estadas. Toda a força e vida de Cesária Évora, expressa em anos de embaixadora mundial da morna e diva dos pés descalços de Cabo Verde não foi suficiente para a manter entre nós.

De nada valeu o apoio médico, carinho de familiares, amigos e admiradores. Nascida no Mindelo a 27 de agosto de 1941, deixou o nosso convívio com 70 anos.

Ficou mais pobre Cabo Verde (***), privado de um património histórico cultural e musical de eleição. Mesmo todos os que, como nós, com ela conviveram e tiveram o privilégio de partilhar a sua presença e voz ao vivo, mesmo que só pontualmente, sentiram a perda.

Cize, como era conhecida, ficará para sempre entre nós, recordada nas mornas coadas entre memórias em cálidas noites de Cabo Verde e do Mindelo, do Grémio à Baía da Gatas, num talento reconhecido mundialmente ao mais elevado nível de consagração.

E que saudade... (****)

Manuel Lema Santos
1º Ten RN, 8.º CEORN, 1965/1972
1966/1968 - LFG "Orion" Guiné, Oficial Imediato
1968/1970 - CNC/BNL, Ajudante de Ordens do Comandante Naval
1970/1972 - Estado-Maior da Armada, Oficial Adjunto

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, edição e numeração das imagens: LG. O MLS náo seguia o acordo ortográfico em vigor. Respeitámos a sua vontade.)

___________________

Notas do editor LG:

(*) Vd. poste de 15 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27427: In Memoriam (560): Manuel Lema Santos (1942 - 2025) , ex-1º tenente da Reserva Naval, 1965-1972; ex-Imediato no NRP Orion, Guiné, 1966/68... O velório é amanhã ,dia 16, das 10h00 às 17h30, no Centro Funerário de Cascais

(**) A Cize morreu a 17 de dezembro de 2011, aos 70 anos, na terra que a viu nascer.

(***) Último poste da série > 15 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27424: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (13): Mindelo, agosto de 1935: o que mostra e o que omite o filme de San Payo, de 1936 ("1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente") - Comentários -. ParteI (Adriano Lima, cor inf ref)

(****) A escolha deste tema é do próprio MLS:  Ver aqui a letra em crioulo.

Sodade

Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé

(bis)

Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau

Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Ken mostrá-be es kaminhu lonje?
Es kaminhu pa Santumé

(bis)

Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau

Si bo skrevê-m, N ta skrevê-be
Si bo skesê-m, N ta skesê-be ate dia ki bo voltá
Si bo skrevê-m, N ta skrevê-be
Si bo skesê-m, N ta skesê-be ate dia ki bo voltá

Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau
Sodade, sodade
Sodade des nha térra Saniklau

(bis)

Composição: Amândio Cabral / Louis Morais.

Fonte: Com a devida vénia, Letras

sábado, 15 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27424: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (13): Mindelo, agosto de 1935: o que mostra e o que omite o filme de San Payo, de 1936 ("1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente") - Comentários -. ParteI (Adriano Lima, cor inf ref)



Cabo Verde > São Vicente > Mindelo > c. 1943 > A cidade, a baía do Porto Grande e o Monte Cara ao fundo.  Ao centro,  em segundo plano, o edifício de maior volumetria é o Liceu Gil Eanes (Infante Dom Hienrique, até 1937), por onde passou a elite do Mindelo e onde estudou Amílcar Cabral (que ali completou o 7º ano do liceu, em 1944, seguindo depois para Lisboa onde se licenciou em engenharia agronómica, no Instituto Superior de Agronomia
). Mas por lá passaram também os nossos camaradas Adriano Lima e Carlos Filipe Gonçalves, que agora se reencontram através do nosso blogue. E viveram na mesma rua! O Adriano Lima só voltou a sua terra 40 anos depois. E o Carlos vive ha muito na Praia (desde que regressou da Guiné -Bissau em 1975).

Cortesia de Adriano Miranda Lima / Blogue Praia de Bote (2012). Informação complementar de Adriano Miranda Lima: Foto de origem desconhecida mas que parece ser da Foto Melo ou do José Vitória. Legenda: LG.



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Outubro de 1941 > "O belo porto de mar de São Vicente; ao centro o ilhéu que se confunde com um barco [o ilhéu dos Pássaros]"... Foto (e legenda) do álbum de Luís Henriques, ex-1º cabo at inf, 3ª Companhia do 1º Batalhão do RI5, unidade mais tarde integrada no RI 23 (São Vicente, Cabo Verde), 1941/43). Origem: provavelmente Foto Melo.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.




1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Agosto de 1935 > O jovem professor Marcello Caetano, diretor cultural do Cruzeiro, discursando na câmara municipal. Visto de perfil, à esquerda. Ao meio, o fundador dos Sokols de Cabo Verde, Júlio Bento Oliveira (1905-1984), parente do Adriano Lima. Está de farda branca (a de comandante dos Sokols).





 1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Agosto de 1935 > A miudagem disputando as moedas deitadas para o meio da rua pelos turistas do "Moçambique"... Um espectáculo degradante, aos olhos de hoje, mas que fazia parte do "folclore" de "Soncent". A ilha, do Barlavento, a segunda mais populosa do arquipélago, continua a perder hoje o concurso dos seus melhores filhos para a Praia (a capital política) e para emigração. Apesar do desenvolmento socioeconómico da ilha e do resto do arquipélago.

Cortesia de Cinemateca Digital, documentário "I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente", realizado em 1936 por San Payo. Disponível aqui:

http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraid=1378&type=Video


(Seleção e edição de imagens, numeração, legendagem, revisão / fixação de texto, título, negritos: LG)

1. Comentários, por email, aos postes P27409 e P27416 (*), enviados por Adriano Lima  (cor inf ref, membro da Tabanca Grande nº 560, desde 2/12/2012; natural de Mindelo, Ilha de Sáo Vicente, Cabo Verde, reside em Tomar; fez comissões de serviço em Angola e Moçambique):

Data - quarta, 12/11/2025, 22:58 

Caro Luís.

Agradeço ter sido um dos destinatários deste mail.

Não respondi mais cedo porque andei a tentar abrir o filme, coisa que me escapava de todo. Só agora o consegui, mas sem o respectivo som. Tentei de todas as formas, mas sem sucesso.

Mas, vá lá, vi o filme. Quanto aos músicos, não consigo identificar nenhum deles. Foi pena que a ausência de som me tenha impedido de ao menos ouvir as músicas tocadas.

Abraço amigo.
Adriano

2. Resposta do editor LG:

Data - 13/11/2025, 09:42

Adriano, é mesmo "sem som". Os documentários na época não tinham som . O som síncrono ainda era tecnicamente complicado.

Olha, divulga pela Praia do Bote. Um abraço para o  Joaquim Saial e colaboradores. Ab, Luís
PS. - Descobri um texto teu,  fabuloso,  sobre a Fazenda Tentativa, Angola. Vou cita-lo mais a frente.

3. Novo comentário Adriano Lima: 

Data - 13/11/2025, 17:01 

Luís, boa tarde.

Sim, desconfiava que o filme não tinha som, mas precisava confirmar. Vale pelas imagens e pelo estilo narrativo, que nos retratam o Estado Novo na sua genuinidade. A visita destes excursionistas foi uma decisão simpática e compreensível, exemplo que estava longe do pensamento de Salazar, que nunca pôs os pés no Ultramar.

Os meus olhos centraram-se na miséria bem patente nos jovens e crianças com vestes esfarrapadas e descalças, com os miúdos mais novos completamente nus, em disputa para apanhar umas moedas que os visitantes lhes terão atirado junto ao Mercado Municipal. 

Claro que 1935 estava ainda sob os efeitos da crise mundial de 1929, que afectou drasticamente todo o mundo, mesmo os países ricos. Mas era endémica a pobreza em Cabo Verde, pois lembro-me de ver na minha infância quadros idênticos ao observado, com crianças (rapazes) completamente nuas nos atredores de Mindelo. 

Mais tarde, já na minha adolescência/juventude, o panorama melhorou um pouco, pois crianças nuas eram já raras. Em todo o caso, bem antes do meu tempo as autoridades terão proibido a ida de crianças nuas à cidade, que em crioulo se diz "morada". 

No filme vêem-se também miúdos desnudados em botes, que asssediavam os navios que chegavam. Era hábito atirar moedas para o mar para eles as irem apanhar no fundo. Desde muito cedo faziam pela vida no meio da baía.

As coisas mudaram bastante e hoje, aliás desde há muito, e já não se vêem pessoas com roupas rotas ou remendadas ou descalças.


Francisco Xavier da Criuz
(B.Leza) (1905-1958)

Voltei a mirar os músicos e não consegui reconhecer nenhum (eu só nasceria 10 anos depois deste acontecimento). Era já célebre o músico e compositor B. Leza (Francisco Xavier da Cruz), que em 1935 tinha 30 anos, mas não sei se é alguns dos músicos. À época também eram já célebres o Mochim d' Monte e o Manuel Querena, ambos violinistas. Serão alguns dos que estão no filme? O B. Leza é este da foto (à direita).

Ah, no filme reconheço o que foi o fundador dos Sokols de Cabo Verde, Júlio Bento Oliveira, meu parente. Está de farda branca (a de comandante dos Sokols) e ao lado de Marcelo Caetano quando este discursa na recepção da Câmara. 

Creio ter também identificado o industrial Manuel de Matos 
na recepção dada aos visitantes numa propriedade rural num lugar chamado Ribeira do Julião.
 
Já não me lembrava desse texto, "Sentimentos Retroactivos", que escrevi em 2016. Obrigado pela tua apreciação.

Vou enviar o mail ao Joaquim Saial.
Abraço amigo

Adriano

(Revisão / fixação de texto,negritos: LG)

__________________

Nota do editor LG:

(*) Últimos postes da série :

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27416: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (12): o 1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente: Mindelo, agosto de 1935 - II ( e última) Parte



Fotograma nº  17 e 17A > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > O grupo musical que animou o bailo liceu Infante Dom Henrique. São seis jovens midelenses (presume-se): duas rebecas, duas violas, um cavaquinho, percussão... 


Fotograma nº 18  > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Espero que o nosso grande especialista em música de Cabo Verde, o mindelense Carlos Filipe Gonçalves,nos ajude a completar as legendas...


Fotograma nº 19  > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 >  Interior do liceu Infante Dom Henrique (Gil Eanes, a partir de 1938)... Uma das figuras de referência deste importantíssimo estabelecimento de ensino e polo de desenvolvimento cultural foi o professor e escritor Baltazar Lopes 
 da Silva ( São Nicolau, 1907 — Lisboa, 1989). Fou um dos fundadores, em 1936.  da revista "Claridade". E é autor de uma das obras-primas da literatúra em língua portuguesa, "Chiquinho" (1947).




Fotograma nº 20 e 20A > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Agosto de 1935 > Damas e cavalheiros dançando a rigor a morna (1)


Fotograma nº 21 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Fachada do mercado municipal que é dos anos 20


Fotograma nº 22 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Monumento a Sacadura Cabral e Gago Coutinho (1922) (1)



Fotograma nº 23 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 >Monumento a Sacadura Cabral e Gago Coutinho (1922) (2)

 

Fotograma nº 24 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Uma vendedor5a de rua com a bnandeirinha portuguesa.



Fotograma nº 25 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Dois polícias locais junto ao quiosque da Praça Nova



Fotograma nº 26 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Aspeto parcial da Praça Nova.. Ao fundo o coreto.


Fotograma nº 27 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Outra vista da Baía Grande e, ao fundo, o sempre presente Monte Cara.




Fotograma nº 28 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Uma ida ao interior, para visitar uma pequena exploração agrícola apresentada no filme como um verdadeiro oásis


Fotograma nº 29 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > Marecllo Caetano em primeiro plano, vestido a rigor, de fato completo... Visita ao "oásis"... As senhoras ficaram na cidade a tomar chá... SEgundo oo nosso camarada mindelense Adriano Lima o sítio é na Ribeira do Julião.



Fotograma nº 30 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentario de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >   Mindelo > Agosto de 1935 > O "ponteiro", diríamos na Guiné.. O domo do "oásis#"



Fotograma nº 31 > "1º Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente, documentário de San Payo (1936) > Cabo Verde > Ilha de São Vicente >  Ribeira do Julião > Agosto de 1935 > Jovens da comitiva, tomando notas e fotografando...Dois deles envergam chapéus colonais... O preto parece que estava na moda: vejam-se as camisas (negras ou pretas) e as calças (brancas) dos jovens do lado direito. 


Cortesia de Cinemateca Digital, documentário "I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente", realizado em 1936 por San Payo. Disponível aqui:


(Seleção e edição de imagens, numeração, legendagem, revisão / fixação de texto, título, negritos: LG)


1. Estas imagens foram obtidas de fotogramas do filme do realizador (e fotógrafo)  San Payo (Por, 1936, 91' 13'', em formato 35 mm, a preto & branco, sem som). O detentor dos direitos é a Cinemateca Portuguesa. Mas o filme já é, presumo, do domínio público. E merece ser conhecido dos nossos amigos e camaradas mindelenses. 

E não só. Merece ser conhecido de todos nós, amigos e camaradas da Guiné. Para já ajudam- nos a seguir a seguir a rota deste l Cruzeiro de Férias as Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola).

Sobre a ilha de São Vicente e em especial o Mindelo, gostariamos que os nossos amigos e camaradas que são naturais do Mindelo ou que lá vivem ou que conhecem o Mindelo, se pronunciassem: o Carlos Gilipe Gonçalves. o Adriano Lima, o Manuel Amante da Rosa, a Lia Medina, o Nelson Herbert... (São membros da Tabanca Grande.)

O filme tem 15 minutos dedicados a Cabo Verde, São Vicente e Santiago. Durante algumas horas os nossos "excursionistas" (sic) visitaram o Mindelo (de 7 a 15') e a Praia (de 15' a 23'), com breves incursões pelo interior.

Selecionámos alguns fotogramas desta visita de cerca de 200 "turistas coloniais" (mais de 1/3 eram jovens estudantes, finalistas do liceu). O diretor cultural do cruzeiro era o então professor Marcello Caetano, que viria a ser, em plena II Guerra Mundial, o comissário nacional da Mocidade Portugueesa (1940-1944) e a seguir Ministro das Colónias (1944-1947), e já na altura apontado como delfim de Salazar.

Nunca fui ao Mindelo. Fiz apenas uma paragem técnica, no avião da TAP, na ilha do Sal.  Tenho pena. E sobretudo penitencio-me de nunca ter lá levado o meu pai, expedicionário em 1941/43, Luís Henriques (1920-2012). É também em homenagem a ele e ao seu amor a "Soncent" que edito estas imagens, que me deram uma trabalheira a visionar, selecionar, editar, legendar...

PS - Vejo, pela consulta do "Diário de Lisboa", que o paquete "Moçambique" regressou a Lisboa, em 3/10/1935. É, portanto,a data do términmus do cruzeiro, um sucesso segundoos seus organizadores.

______________________

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26331: A Nossa Poemateca (4): Força de Crecheu, de Eugénio Tavares (1861 - 1930) (escolha de Luís Graça)


Cabo Verde > Ilha da Brava > 6 de novembro de 2012 > Estátua do grande poeta Eugénio Tavares (1867-1930)...

["Brava é uma ilha e concelho do Sotavento de Cabo Verde. A sua maior povoação é a vila de Nova Sintra. O único concelho da ilha tem cerca de sete mil habitantes. Com 67 km², Brava é a menor das ilhas habitadas de Cabo Verde, e tem uma densidade populacional de 101,49/km². A ilha tem uma escola, um liceu, uma igreja e uma praça, a Praça Eugénio Tavares". Fonte: Wikipédia]


Foto (e legenda): © João Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Escolha do nosso editor Luís Graça, em homenagem ao país da morna e ao seu grande poeta (vd. no poste P20651 uma tradução para português de Portugal). É considerado também um protonacionalista, tendo sido obrigado a exilar-se, em 1900, nos EUA, donde regressa com a República (1910). Além de poeta, foi também um notável jornalista,  contista e até dramaturgo. Escreveu em português e em crioulo cabo-verdiano. Popularizou a morna e a poesia em crioulo (foi ele que lhe deu estatuto de língua literária).

Força de Crecheu

por Eugénio Tavares (1861-1930)



Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor.
Se Deus ca tem medida,
Amor inda é maior...
Amor ainda é maior,
Maior que mar, que céu:

Mas, entre otos crecheu,
De meu inda é maior

Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu.
Ele é que é chabe
Que abrim nha céu...
Crecheu mas sabe
É quel 
Qui q'rem
Se ja' n  perdel,
Morte ja bem

Ó força de crecheu,
Abri'n  nha asa em flor!
Dixa'n  alcança ceu
Pa'n bá oja Nós Senhor,
Pa'n bá pedil semente
De amor coma es de meu
Pa'n bem da todo gente
Pa todo bá conché ceu!

Eugénio Tavares


Fonte: Eugénio Tavares: poesia, contos, teatro. Recolha, org. e pref. Félix Monteiro; org. e introd. Isabel Lobo. Praia : Instituto Caboverdiano do Livro e doo Disco, 1996, pp. 111/112.
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 30 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26328: A Nossa Poemateca (3): Adeus, irmão branco!, de Geraldo Bessa Victor (Luanda, 1917 - Lisboa, 1985) (escolha de Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74)

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20658: Agenda cultural (741): "Bá D'al na Rádio: memórias da Rádio Barlavento", livro do nosso camarada Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, nº 790, mindelense, jornalista e radialista, a viver na Praia, Santiago, Cabo Verde



Cartaz do evento. Cortesia de Carlos Filipe Gonçalves




1. Mensagem, de ontem,  do nosso camarada Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/FTIG,  Santa Luzia, Bissau, 1973/74, radialista, jornalista, escritor, estudioso da morna e de outras formas da música de Cabo Verde, membro da Tabanca Grande, nº 790 
(*):

Luís:

Desculpa, esta falha, pois tenho estado muito activo… foi o lançamento do livro sobre a Rádio Barlavento, em 31 de janeior, agora estou a braços com o próximo livro para abril ou maio, "Capitulos da Morna", este devia sair em dezembro por altura da consagração, mas atrasou-se… E claro, o livro sobre a Guiné está parado… mas brevemente te darei noticias deste outro trabalho…

Aqui vão o dados, que me pediste, sobre o livro que lancei recentemente na cidade da Praia. Se precisares de mais algum dado pede, se tiveres perguntas estou ao dispor. Segue também o cartaz, uma sinopse do livro e uma pequena nota biográfica sobre mim, bem como algumas opiniões sobre a obra.

Um forte abraço

Carlos Gonçalves

Jornalista aposentado

_____________


Título: Bá D’al na Rádio – Memórias da Rádio Barlavento

Autor: Carlos Filipe Gonçalves

Editora : Livraria Pedro Cardoso – Bairro da Fazenda, Cidade da Praia, Cabo Verde.


O titulo é em crioulo, significa literalmente: Vai dar isso na rádio. Ou seja, vai difundir isso na rádio.

Trata-se uma frase jocos que surgiu depois da invasão / ssalto da Rádio Barlavento, na Ilha de S. Vicente, em Dezembro de 1974, em pleno período «revolucionário» após o 25 de Abril. É que o assalto ou «tomada da rádio», foi justificada, por uma «soit disant» democratização/pluralismo de acesso, o que na verdade não se verifica, porque todos os elementos contrários à «Unidade entre a Guiné e Cabo-Verde» foram presos poucos dias depois...


Teve início então uma avalanche de «comunicados revolucionários» depois das reuniões do comités do PAIGC, que eram enviados à rádio! Surgiu então esta frase jocosa, a criticar esta situação… Começou deste modo o «regime de Partido Único»…


Resumo: Carlos Filipe Gonçalves, que começou a trabalhar na Rádio Barlavento aos 16 anos, conta as recordações dele, de colegas e amigos que lá trabalharam, descreve o contexto social da época e traça o percurso histórico que culmina no assalto e encerramento daquela rádio e do Grémio Recreativo Mindelo em 1974: um acerto de contas numa luta de classes latente desde inícios do século XX que terminou com a nacionalização dos órgãos de comunicação social e um monopólio/situação dominante do Estado que vigora até ao presente.


2. Sobre o autor:

Carlos Filipe Fernandes da Silva Gonçalves, jornalista, músico:

(i) nasceu em Mindelo, S. Vicente em 12 de Outubro de 1950;

(ii) começa aos 16 anos a trabalhar na Rádio Barlavento, como discotecário, na realidade esteve a seu cargo por cerca de quatro anos a programação musical daquela estação emissora;

(iii) em 1971 deixa S. Vicente para cumprir o serviço militar em Portugal; foi mobilizado em 1973 para a Guiné, colocado em Bissau;

(iv) depois do 25 de Abril de 1974 toma contacto com amigos cabo-verdianos do PAIGC recém-chegados a Bissau, disponibiliza-se para dar o seu «contributo» como se dizia na época;

(v) trabalha como chefe da programação na Radio Libertação (entretanto deslocada para Bissau) transformada pouco depois em Radiodifusão Nacional da Guiné Bissau;

(vi) depois da Independência regressa a Cabo Verde, onde trabalha como chefe da programação na Radio Voz di Povo na Praia, também transformada logo depois em Emissora Oficial de Cabo Verde.;

(vii) a partir de 1980 estudou em Paris, no Instituto Nacional do Audiovisual;

(viii)  chefe de programação (1984/86) e director da Radio Nacional de Cabo Verde (1986/91); concebeu e criou a Rádio Comercial, que começou a emitir em 1999 e da qual foi director até 2013.

3. Sobre a obra (**):

Memórias muito interessantes e inclusivas pois que se estendem a nós, outros que também, vivenciámos esse tempo... Bem documentada a história de uma instituição (Rádio Barlavento) muito importante na vida destas ilhas de partidas de emigrantes, de separação inter-ilhas, da condição de ilhéu, em suma o que foi a Rádio. 

Tem um excelente capítulo sobre o nascimento e as condições vividas pela Radio Barlavento. Sobre o Grémio, fundamentos da instituição e o ambiente social à época, está muito interessante e bem conseguido. E ainda, excelentes contribuições, para a história da música da grande cidade musical que foi Mindelo! O autor tem um estilo coloquial, de leitura aprazível e que prende o leitor.

Ondina Ferreira

Leitura simplesmente deliciosa. As ideias estão muito claras e bem enquadradas.

Luís Guimarães Santos

Globalmente Carlos Gonçalves,  é a tua história, tua vivência da Rádio, sobretudo Rádio Barlavento, pelo que, o que posso dizer é que está bem contada e fiquei a conhecer sobretudo o teu percurso.

João Matos

Muitas memórias e escrita fluída.

Manuel Brito Semedo

(…) Pertinente o trabalho de investigação que estás a fazer para o livro sobre a Rádio Barlavento! (…) É bom reviver os bons momentos que vêm desse tempo, em que sobressaía a autêntica amizade!

Jorge Guimarães Santos

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de dezembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20416: O que é feito de ti, camarada (8): Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, com o nº 790; jornalista aposentado, vive na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde... Está a escrever dois livros, um sobre a história da morna; outro sobre as suas memórias dos anos de 1973/75... E precisa de duas fotos: uma do QG em Santa Luzia, e outra da messe de sargentos no QG...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20651: (Ex)citações (363); em dia de namorados, qual é a morna mais romântica de todos os tempos ? Segundo o "Expresso das Ilhas", é "A Força de Cretceu", a força do amor, poema do grande poeta da Brava, Eugénio Tavares, que nasceu (1867) e morreu (1930) em Nova Sintra



Cabo Verde > Ilha da Brava > 6 de novembro de 2012 >  Estátua do grande poeta Eugénio Tavares (1867-1930)...   


["Brava é uma ilha e concelho do Sotavento de Cabo Verde. A sua maior povoação é a vila de Nova Sintra. O único concelho da ilha tem cerca de sete mil habitantes. Com 67 km², Brava é a menor das ilhas habitadas de Cabo Verde, e tem uma densidade populacional de 101,49/km². A ilha tem uma escola, um liceu, uma igreja e uma praça, a Praça Eugénio Tavares". Fonte: Wikipédia]


Foto (e legenda): © João Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O "Expresso das Ilhas", na sua edição "on line", de hoje, dia dos namorados, fez um a pequena inquirição junto de um conjunto de personalidades cabo-verdianas do mundo da música e da literatura, sobre a morna mais romântica de todos os tempos...

(...) "Morna, música rainha de Cabo Verde e Património Imaterial da Humanidade, é a expressão musical da alma um povo. E é uma expressão, por natureza, romântica. Mas dentro de toda a variedade de mornas, há composições que se salientam, pela ode que fazem ao Amor e aos amores.

"Para marcar este dia de São Valentim, inquirimos algumas pessoas directa ou indirectamente ligadas à música e poesia: Qual é a morna mais romântica de sempre?

"Com tantas e tantas composições de excelência e referência que Morna gravou ao longo do tempo, a resposta não é muito fácil. Mas há algum consenso e um Top 3" (...)


(...) "Força di Cretcheu" de Eugénio Tavares é, indiscutivelmente, a morna rainha entre as mornas românticas.

"Foi a escolha de músicos, cantores e compositores como Betú, Teté Alhinho, Tibau, Alberto Koenig, Tó Tavares, e também do antropólogo, especialista em Eugénio Tavares, Manuel Brito-Semedo.

"Seis, em oito entrevistados, colocaram-na no top das mornas românticas." (...)


2. Já quanto às interpretações, o consenso é menor, as opiniões dividindo-se entre Sãozinha Fonseca, Celina Pereira e Gardénia (, esta última, nascida na ilha da Brava tal como o poeta, está a viver nos Estados Unidos)... 

Diz Tibau: “Apesar de não ser fácil a escolha de uma versão mais bonita, escolho a na voz da Gardénia Benros, arranjos do grande Paulino Vieira."

No You Tube, há um vídeo onde se pode escutar escutar esta grande artista cabo-verdiana, interpretando "A Força de Cretceu".


A letra, fomos recuperá-la aqui, no portal da Fundação Eugénio Tavares, e reproduzimo-la, com a devida vénia... [a Fundação Eugénio Tavares tem sede em Sintra, Portugal]. 


Julgamos que não é preciso tradução para português, não obstante o fraco traquejo do crioulo cabo-verdiano... por parte da generalidade dos nossos leitores.


A Força de Cretcheu

Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor
Se Deus ca tem medida
Amor inda é maior.
Maior que mar, que céu
Mas, entre tudo cretcheu
De meu inda é maior

Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu
Ele é que é tchabe
Que abrim nha céu.
Cretcheu más sabe
É quel qui crem
Ai sim perdel
Morte dja bem

Ó força de cretcheu,
Que abrim nha asa em flôr
Dixam bá alcança céu
Pa'n bá odja Nôs Senhor
Pa'n bá pedil semente
De amor cuma ês di meu
Pa'n bem dá tudo djente
Pa tudo bá conché céu

Eugénio Tavares



[Fonte: EugenioTavares.org. Reproduzido com a devida vénia...]


3. Mas há aqui uma tradução, para português, de Grace Roças ( a quem agradecemos a ajudinha...). Eu arrisquei fazer pequenas 'melhorias', a pensar nos leitores portugueses...

A Força do Amor

Não tem nada nesta vida
maior do que o amor.
Se Deus não tem medida,
o amor ainda é maior.
Maior que o mar e o céu.
Mas de entre todos os amores,
o meu ainda é maior.

Amor gostoso
é  aquele que é o meu,
ele é a chave 
que abre o meu céu.
Amor gostoso
é aquele que eu quero.
Ah, se eu o perder, 
Morrerei.

Ó força do amor 
abre a minha asa em flor,
deixa-me alcançar o céu
para eu ver o Nosso Senhor,
para eu pedir a semente 
do amor bem igual ao meu,
para eu dar a toda gente,
para todos conhecerem o céu.

 

sábado, 14 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20450: (De)Caras (145): Maria Barba (1900-1975), a primeira embaixadora da morna, muito antes de Bana e de Cesária (Manuel Amante da Rosa / Onda Kryolu / Otília Leitão)


Nha Maria Barba, com um dos netos ao colo, em Bissau, c. anos 50, na sua casa em Bissau, na Rua Eng Sá Carneiro (hoje, Rua Eduardo Mondlane)... Nos anos 60/70, em frente da casa ficava a messe de sargentos da FAP.

Foto (e legenda): © Nelson Herbert (2019). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Manuel Amante da Rosa,  embaixador da República de Cabo Verde, que terminou há um ano a sua missão em Itália (e Malta),  mandou-nos a seguinte mensagem em resposta a um email dirigido a Carlos Felipe Gonçalves (*), com conhecimento a vários amigos e camaradas, nomeadamente de Cabo Verde que pertencem também, doravante , à Tabanca da Diáspora Lusófona, cujo régulo, designado, assumido e empossado, é o nosso querido amigo e camarada luso-americano João Crisóstomo.


Date: quinta, 12/12/2019 à(s) 14:32
Subject: A morna imortal "Maria Barba"

Luís:

Muito feliz por vos ver juntos. O meu Amigo Kalú, meu antigo Camarada na Chefia dos Serviços de Intendência no QG [, em Bissau,], é uma figura ímpar na Rádio de Cabo Verde. 

[Em resposta ao teu pedido,] retirei este trecho sobre a Maria Barba num posto do Facebook [Onda kryolu,  12/12/2019]


2. Muito antes do Bana e da Cesária, Maria  Barba foi a primeira embaixadora da morna  

por Onda Kryolu

Foi ela que, pela primeira vez, terá cantado a morna fora das ilhas, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na Primeira Exposição Colonial Portuguesa. (**)

Seis anos mais tarde, em 1940, terá cantado e encantado na Exposição do Mundo Português em Lisboa, tendo o sucesso sido tal que foi parabenizada  pelo próprio Presidente de Portugal, Marechal Carmona.


Seu nome? Maria da Purificação Pinheiro. Ou simplesmente Maria Barba [ foto de 1934 em Portugal, (à direita)].

Maria Barba fica na história como co-autora da letra de uma das mais simples e das mais belas mornas jamais ouvidas, uma morna que leva o seu nome e até hoje cantada por muitas  das mais nobres vozes do arquipélago.

Mas quem é essa mulher que não se conhecia o rosto mas cujo nome merece figurar no Livro de Ouro da história da morna?

Neste dia em que comemoramos a elevação da morna à categoria de Património Imaterial do Mundo vale a pena recordar sua vida, prestando homenagem a essa "pioneira" da internacionalização da morna e que foi, também, uma das maiores "cantadeiras de frente de todos os tempos" e uma das maiores intérpretes do seu tempo daquela que tornaria a "musica rainha de nos terra " e hoje uma das relíquias da humanidade.

Maria Barba nasceu, provavelmente, em 1900, na Povoação Velha, Boavista, ali mesmo no berço da morna... Criancinha começou a cantar, rezando a  a história que ela tinha que ser colocada de pé sobre uma cadeira. Cresceu, e sua fama de grande cantadeira também cresceu por toda a ilha e não só, sendo   sua presença requisitada em tudo quanto era festa e  cerimónia  oficial das entidades coloniais da ilha da Boavista dos anos 30.

Foi justamente numa festa oficial de despedida, na Povoação Velha, que o Tenente Serra, na hora da partida,  a terá pedido para cantar mais uma morna a que  Maria Barba simplesmente improvisou : "Senhor Tenente um ca podê canta más ".

Vida sofrida

Maria Barba casou cedo, com um rapaz de Santa Catarina, ilha de Santiago, que nunca foi aceite pela sua família. O casamento não deu certo e o marido voltou para a ilha de Santiago, ficando ela  com duas  filhas para criar (Clarise e Aldonsa ).

É talvez para estar junto das filhas e da mãe que era "fraca"  (o pai  era morto e não "malondre",  como Bana foi o primeiro a cantar)  talvez seja para estar junto da família que Maria Barba recusou  o convite de empresários musicais para ficar em Portugal, preferindo voltar, em 1940, para a sua Boavista natal onde  aliás só encontrou fome e desolação (era  mais uma das terríveis estiagens).  

No mesmo ano (1940)  pegou nas suas filhas e  embarcou  para  Bissau a bordo do navio Manito Bento (o mesmo que levava contratados para S.Tomé ).  Em Bissau Maria Barba "luta ku vida " durante 34 anos, sempre a cantar a morna e outras melodias da sua ilha,   sempre  divulgando a música da sua terra natal em serenatas e cerimónias oficiais, quase sempre acompanhado por Zezinho Caxote, um outro cabo-verdiano radicado em Bissau. Foi em Bissau que morreu aos 70 anos no dia 02 de Julho de 1975 ( nas vésperas da independência de Cabo Verde).


3. A filha de Maria Barba,  Clarisse Pinheiro, a viver em Portugal (, fazemos votos para que ainda seja viva!), é citada por Otília Leitão num "Postal de Lisboa", publicado no jornal "A Semana", de 20 de março de 2008, cujo URL já não está disponível na Net. Aqui vão alguns excertos que publicamos em 2014 (***)

A Semana > Opinião > Otília Leitão > Postal de Lisboa, 20 Março 2008:

(...) Clarisse [Pinheiro, a viver em Portugal] fala com emoção de sua “mãe Bárbara” ou da “Maria Barba”, a autora da morna com o seu nome, que a voz do grande Bana imortalizou. É uma das mais belas e mágicas músicas que eu, como muitas outras pessoas que conheço, interiorizei como uma grande paixão do oficial de cavalaria e engenheiro civil, Serra, obrigado a partir para Lisboa. Afinal, era uma desgarrada de despedida e saudade porque o amor era pela Victória, sua amiga, de quem o Tenente que habitava numa rocha, teve duas filhas que vivem actualmente na América. (...)

Os protagonistas que deram alma a esta morna cantada também por outras vozes da modernidade, já morreram. Ele em Lisboa. Ela, no dizer de Clarisse, uma “moça bonita” da Boa Vista que tinha a particularidade de ser “tão expressiva na alegria como na tristeza”, morreu, na Guiné-Bissau, ao fim de 34 anos, em 1974, no raiar da Independência. (...)

(...) Desde criança, Maria Bárbara cantava tão bem que era habitual vê-la em cima de uma cadeira, de vestido domingueiro, animando festas e convívios, conta Clarisse. “Eu era ainda bébé, nem tinha dentes, quando a minha mãe veio cantar ao Palácio de Cristal no Porto [, em 1934], e foi recebida e cumprimentada por Craveiro Lopes”,  diz a filha,  reportando-se a 1940 quando Maria Barba, em representação da colónia de Cabo Verde, participou na grande Exposição do Mundo Português. 

Pese embora a insistência de alguns empresários para que a sua mãe ficasse em Portugal, ela escolheu regressar à Boa Vista. Pouco depois parte para a Guiné.

Por causa da letra de “Maria Barba” - a morna mais antiga que faz uma referência a Lisboa e a primeira que foi gravada na sua versão integral e a duas vozes (Luís de Matos e Maria Alice) no CD “Lisboa nos Cantares Cabo-verdianos” - não resisti a uma provocação: “Oh Clarisse! Quantas paixões silenciosas, por diversos motivos, não existiram?!”. Mas Clarisse foi convicta: “Não! Ele [, o tenente Serra,]  era casado com a Victória! Essa era a sua paixão!” e sorriu. 

É seguramente uma Morna de despedida e saudade de alguém muito estimado, mas que tem uma postura típica do período colonial em que Lisboa, a cidade que Hans Christian Andersen já em 1866 considerava “luminosa e bela”. Era o "Eldorado", de onde se esperava que viesse a salvação de todos os males do arquipélago.

Clarisse Pinheiro desmistifica a minha ilusão doce e diz-me que Maria Barba quer satisfazer o pedido do Tenente Serra em cantar mais nessa festa de despedida. Contudo tem uma tarefa a cumprir: ”Tinha que ir fazer uma matança de gafanhotos”, uma praga que afectava as culturas e que obrigava a que cada família cedesse uma pessoa para o fazer. Como o pai já tinha falecido e a mãe era “fraca”,  ela era a representante da família.

Testemunhos de vários artistas boavistenses, como António “Sancha” Neves e Noel Fortes, referem a existência de várias versões desta Morna do final do século passado, da qual a Maria Barba aproveitou a melodia para improvisar. A versão do grupo Djalunca da Boa Vista parece ser a mais fiel à letra original (...).

Clarisse Pinheiro que ouviu muitas vezes sua mãe cantar, disse que Bana se encontrou com Maria Barba na Guiné, onde ouviu pela primeira vez na rádio a sua morna. “Não há registo, não há direitos de autor, nunca foi reposta essa verdade”, observa a filha mais nova de Maria Barba que apenas conheceu Bana em Portugal, num espectáculo na FIL, movida por esse "animus" que lhe fora transmitido pela mãe. No entanto, explicou, "foi um cumprimento fugaz e banal, esfumando-se a expectativa de qualquer eventual reconhecimento", disse.

Clarisse nasceu em Santa Catarina, Santiago, em 1932, de um parto solitário,  executado pela sua própria “mãe Barba” e testemunhado pela sua irmã Aldônça, então com dois anos. Divergências entre o casal, ligadas ao facto da sua mãe, ainda menor, ter sido raptada pelo marido, e de um casamento mal visto pela família, fizeram Maria Bárbara regressar à Boa Vista, dias depois, de barco. Ainda em 1940, e porque a crise da segunda guerra mundial se fazia sentir no aumento do custo de vida, as três, aconselhadas por um tio escrivão, rumaram à Guiné num barco de Manito Bento que, antes de chegar ao destino, se perdeu pela Gâmbia. (..)
Tinha 16 anos quando sua irmã, que vivia em Bafatá, casou com um bisneto do governador Honório Barreto, e viveu na Guiné-Bissau até 1980. Geria uma farmácia do seu companheiro que conheceu na pele as perseguições da PIDE (polícia política do regime colonial). Actualmente, Fernando Lima, com 80 anos, é apenas seu amigo. Ali conheceu Amilcar Cabral, entre outras destacadas personalidades que recorriam aos seus serviços. 

“O pai de Aristides Pereira (primeiro presidente de Cabo Verde independente) era padre e baptizou os meus filhos”, recorda. Clarisse não conhece Cabo Verde. Apenas aqui voltou em 1957, aos 25 anos para descobrir no Tarrafal, seu pai, que entretanto já tinha onze filhos... Nunca mais voltou e as suas referências reportam-se essencialmente à Guiné-Bissau. 

Não resistindo à continuada degradação da sua vida, num período pós-revolucionário, fixou-se em Portugal onde estão também dois filhos e quatro netos, sem que alguma vez se tenha desligado desta triologia feminina: a mãe e as duas irmãs. (..,)

[Excertos reproduzidos com a devida vénia]
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20328: Meu pai, meu velho, meu camarada (59): "Maria Bárbara, canta mais uma morna... / S’nhôr Tenente, ‘m câ pôdê cantá más... Uma morna imortal, numa homenagem à Morna, em vias de ser oficialmente consagrada como "património cultural imaterial da humanidade"

Vd. também 5 de dezembro de 019 > Guiné 61/74 - P20416: O que é feito de ti, camarada (8): Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, com o nº 790; jornalista aposentado, vive na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde... Está a escrever dois livros, um sobre a história da morna; outro sobre as suas memórias dos anos de 1973/75... E precisa de duas fotos: uma do QG em Santa Luzia, e outra da messe de sargentos no QG...

(**) Vd. último poste da série "De)Caras"  > 14 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20343: (De)Caras )115): "Nha Maria Barba" ou Maria da Purificação Pinheiro (Boavista, 1900 - Bissau, 1975): expoente máximo da morna e da morabeza da Boavista, esteve no Porto, no Palácio de Cristal, em 1934, na 1ª Exposição Colonial Portuguesa: notas de leitura de um trabalho de pesquisa biográfica, feita por Antonio Germano Lima, da Universidade de Cabo Verde

Vd. também:

12 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20443: E as nossas palmas vão para... (20): A morna, património imaterial da humanidade

11 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20332: Historiografia da Presença Portuguesa em África (184): O modelo (Maria Barba) e o fotógrafo (José Bacelar Bebiano)... A propósito de uma morna "imortal"...Resta saber quem era o "senhor tenente Serra"...evocado na letra "Mária Bárbara, canta mais uma morna... / S’nhôr Tenente, ‘m câ pôdê cantá más...

(***) Vd. poste de 9 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13713: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (6): Homenagem a Mário Lima e Aguinaldo de Almeida, já falecidos, meus colegas do BNU, em Bissau (António Medina, ex-fur mil inf, CART 527, Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu, Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65; natural de Santo Antão, Cabo Verde, vive hoje nos EUA)