Cabo Verde > Ilha da Brava > 6 de novembro de 2012 > Estátua do grande poeta Eugénio Tavares (1867-1930)...
["Brava é uma ilha e concelho do Sotavento de Cabo Verde. A sua maior povoação é a vila de Nova Sintra. O único concelho da ilha tem cerca de sete mil habitantes. Com 67 km², Brava é a menor das ilhas habitadas de Cabo Verde, e tem uma densidade populacional de 101,49/km². A ilha tem uma escola, um liceu, uma igreja e uma praça, a Praça Eugénio Tavares". Fonte: Wikipédia]
Foto (e legenda): © João Graça (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Escolha do nosso editor Luís Graça, em homenagem ao país da morna e ao seu grande poeta (vd. no poste P20651 uma tradução para português de Portugal). É considerado também um protonacionalista, tendo sido obrigado a exilar-se, em 1900, nos EUA, donde regressa com a República (1910). Além de poeta, foi também um notável jornalista, contista e até dramaturgo. Escreveu em português e em crioulo cabo-verdiano. Popularizou a morna e a poesia em crioulo (foi ele que lhe deu estatuto de língua literária).
Força de Crecheu
por Eugénio Tavares (1861-1930)
Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor.
Se Deus ca tem medida,
Amor inda é maior...
Amor ainda é maior,
Maior que mar, que céu:
Mas, entre otos crecheu,
De meu inda é maior
Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu.
Ele é que é chabe
Que abrim nha céu...
Crecheu mas sabe
É quel
Maior que mar, que céu:
Mas, entre otos crecheu,
De meu inda é maior
Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu.
Ele é que é chabe
Que abrim nha céu...
Crecheu mas sabe
É quel
Qui q'rem
Se ja' n perdel,
Morte ja bem
Ó força de crecheu,
Abri'n nha asa em flor!
Dixa'n alcança ceu
Pa'n bá oja Nós Senhor,
Pa'n bá pedil semente
De amor coma es de meu
Pa'n bem da todo gente
Pa todo bá conché ceu!
Eugénio Tavares
Se ja' n perdel,
Morte ja bem
Ó força de crecheu,
Abri'n nha asa em flor!
Dixa'n alcança ceu
Pa'n bá oja Nós Senhor,
Pa'n bá pedil semente
De amor coma es de meu
Pa'n bem da todo gente
Pa todo bá conché ceu!
Eugénio Tavares
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Nota do editor:
Último poste da série > 30 de dezembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26328: A Nossa Poemateca (3): Adeus, irmão branco!, de Geraldo Bessa Victor (Luanda, 1917 - Lisboa, 1985) (escolha de Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74)
3 comentários:
Bom dia, Luís
É o "país da morna", mas também da "coladêra" e do "funaná". Cabo Verde!!!
Ano Novo Bom, apesar de... (tanta coisa que se anuncia).
Abraço
Alberto Branquinho
Obrigado, Alberto...Haveremos de chegar aos 26... Escolhe um poeta e um poema. Luis
Aí vai um do poeta Daniel Filipe, que é uma referência à diáspora caboverdiana.
ROMANCE DE TOMASINHO CARA-FEIA
Farto de sol e de areia
que é o mais que a terra dá
Tomasinho Cara-feia
vai prá pesca da baleia.
Quem sabe se tornará.
Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.
Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta.
Deixou para sempre a horta
que a longa seca matou.
Tomasinho Cara-feia
(outro nome, quem lho dá?)
farto de sol e de areia,
foi prá pesca da baleia.
- E nunca mais voltará.
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Nota: A palavra "nha" em crioulo se bem que signifique "minha" em relação a pessoas é "senhora".
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