Banda desenhada infantil "Portuguese in Sri Lanka: part two: their exploits" (em inglês). Texto. Hashana Bandara; ilustração: Saman Kalubowila. (Sumitha Publishers. s/d., s/l. 24 pp.) Fonte: Poth Pancha, Panadura, Sri Lanla: uma livraria "on line" para crianças com menos de 12 anos (Imagem reproduzida com a devida vénia...)
A primeira estrofe de "Os Lusíadas" do Luís Vaz de Camões, cujos 500 anos do seu nascimento estamos a comemorar, começa justamente por fazer uma referència ao antigo Ceilãpo, a Taprobana, dos gregos e dos romanpos: "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram". (JA/LG)
Foto nº 1 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Aeroporto de Colombo, a capital (uma cidade fundada pelos portugueses, no séc. XVI). O atual Sri Lanka tornou-se indepente, pacificamente, em 1948: estava desde o séc. XVIII sob o domínio da coroa britànica.
Foto nº 2 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Sigiriya, na região Norte
Foto nº 3 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Jipe das picadas na região de Sirigiya
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Foto nº 4 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Elefante na região de Sigiriya, na região Norte
Foto nº 5 > Ceilão > 20 de dezembro de 2024 > Mais elefantes na região de Sigiriya
Foto nº 6 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A picada dos elefantes
Foto nº 7 e 7A > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Canoas de passeio para os turistas
Foto nº 8 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Mesa com vários alimentos para o almoço, em casa rural
Foto nº 9 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Cozinha, onde se confeccionam os alimentos (A Maria João à esquerda.)
Foto nº 10 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > Espaço exterior ao local onde se tomam as refeições
Foto nº 11 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > "Bolanha" de arroz
Foto nº 12 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A estação de comboios de Badulla (1)
Foto nº 13 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A estação de comboios de Badulla (2)
Foto nº 14 > Ceilão >20 de dezembro de 2024 > A estaçáo de comboios de Badulla (3)
Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"...
1. A escassas semanas de completar 520 anos do início da conquista e ocupação do então Ceilão pelos portugueses, aproveitamos as férias da atividade académica para visitar este país do sul da Ásia, no Oceano Índico, tendo Colombo por capital. (População estimada; 22 milhões de habitantes; superfície: 65,6 mil km2.)
Este é um destino muito procurado pelos estrangeiros residentes nos Emiratos Árabes Unidos (EAU).
Neste contexto e de modo a simbolizar o período das Festas Natalícias, envio algumas "rabanadas recheadas de história", sobre a presença dos lusitanos nesta região, em particular na agora República Democrática Socialista do Sri Lanka, seguida de imagens desta minha nova "comissão de serviço".
Segundo consta na literatura consultada (Enciclopédia de História Inglesa), o primeiro português a alcançar esta ilha, foi o capitão-mor Lourenço de Almeida (Martim, c. 1480 - Chuil, Índia. 1508), único filho varão de Francisco de Almeia (Lisboa, c. 1450 - Baía de Saldanha, costa sul-ocidental da África do Sul, 1 de março de 1530).(Foi o primeiro vice-rei da Índia Portuguesa, 1505-1509).
Lourenço de Almeida tornou-se capitão-mor, ao serviço do pai, e em 1505 foi incumbido, por ele, da missão de interceptar uma frota moutra, carregada de especiarais, que navegava pelo Oceano Índico. Por motivo de uma tempestadae, a sua embarcação saiu da rota pretendida, acabando por aportar no Ceilão, na cidade de Galle, na costa sul. (Ceilão, também conhecida por Taprobana, na antiguidade clássica e na idade média.)
O capitão-mor Lourenço de Almeida procurou manter relações conmerciais amistosas e cordiais com o rei de Cota, Dharmaparakrama Nahu - a quem inclusive chegou a oferecer proteção militar em troca de de um tributo anual, pago em canela (uma especiaria de alto calor comercial na Europa de então).
Este foi o primeiro passo dado rumo à consolidação do predomínio comercial e político lusitano naquela região, tendo culminado em 1518 quando o rei de Cota outorga aos portugueses a autorizaçáo para erigir um forte na cidade portuária de Colombo, bem como um rol de concessões especiais que lhes conferiam o direito de ezxercer actividades na ilha.
O Ceilão passou, assim, a integrar a esfera de influência colonial de Lisboa, tendo aí permanecido até meados do séc. XVII.
Após a construção do forte na cidade portuária de Colombo, os portugueses estenderam gradualmente o seu controlo sobre as áreas costeiras, nomeadammnete a Norte. Em 1592, após guerras intermitentes com os portugueses, o rei mudou a capital do seu reino para a cidade interior de Kandy, um local que ele considerou mais seguro contra ataques.
Em 1619, sucumbindo aos ataques dos portugueses, chegaria ao fim a existência independente do Reino de Jaffna.
Durante o reinado de Rajasinghe II (1629-1687), exploradores holandeses chegaram à ilha. Em 1638, o rei assinou um tratado com Companhia Holandesa das Índias Orientais para se livrar dos portugueses, que governavam a maior parte das áreas costeiras.
A guerra holandesa-portuguesa que se seguiu, resultou numa vitória holandesa. Colombo cairia nas mãos dos holandese em 1656.
Foi exatemente por Colombo que começámos, depois de termos aterrdo no Aerporto Internacional Bandarnaike, criado em 1944, em plena II Guerra Mundial, como uma base aérea da Real Força Aérea do Reino Unido. A conversão para aeroporto civil foi completada em 1967.
De seguida apresentaremos algumas das imagens mais emblemátias desta nossa nova "comissão de serviço" (Ver fotos acima.)
(Continua)
(Revisão / fixação de texto, seleção e edição das fotos, título: LG)
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Nota do editor:
Último poste da série > 22 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26067: Tabanca dos Emiratos (12): "Prova de vida" (Jorge Araújo)
8 comentários:
Vem muito a propósito este recorte de imprensa que nos mandou ontem o Beja Santos:
Caixa de entrada
Mário António Beja Santos
sexta, 3/01/2025, 18:48
Assunto - Nós e os outros
(...) Um povo que se habituou a viver de ajudas externas e de dívida pública, cuja produtividade a trabalhar está na cauda da Europa, dá-se ao luxo de torcer o nariz aos desgraçados que vêm para aqui fazer o trabalho que os portugueses não querem fazer, vivendo em condições em que nenhum português gostaria de viver e enfrentando condições laborais que nenhum sindicato aceitaria para os nossos. Dizem que não gostam dos asiáticos porque não têm a nossa religião, como se isto fosse a Arábia Saudita. Ou porque não comem a nossa comida, como se fôssemos judeus ortodoxos. Ou porque não falam a nossa língua, como se fosse fácil para nós falar a deles. Mas quando um deles atravessa a cidade de motoreta ou a pedalar de bicicleta, ao frio ou ao calor, para nos trazer a casa um sushi ou um pato à Pequim, o que nos interessa a língua que falam ou o cozido à portuguesa?" (...)
- Miguel Sousa Tavares, Depressão de ano novo, Expresso, 2.JAN 2025
A primeira gravura mostra-nos uma força militar portuguesa do séc. XVI (com a presença de Camões?) deslocando-se sob a bandeira militar portuguesa da República...
Alberto Branquinho
É interessante reparar que no cartaz de banda desenhada juvenil, os jovens desenharam os soldados portugueses do séc. XVI com a bandeira da republicana do séc. XX.
Outro pormenor é a que propósito os portugueses haviam de "baptizar" a capital com o nome de Colombo, em 1505, sabendo que o mesmo estava ao serviço dos reis de Castela.
Valdemar Queiroz
É aqui um delicioso anacronismo, a "troca" de bandeiras... , muito bem topado pelo Alberto Branquinho... Por outro lado, em 1505/1506 o Luís Vaz de Camões ainda estava por nascer...É mais provável que a figura em grande plano, a cavalo, seja o Dom Lourenço de Almeida (1480-1508), conhecido na corte como o "diabo louro", devida à cor do cabeçlo, elevada estatura e bravura...Morreu heroiscamente na batalha de Chui (1508), sendo vingado pelo pai, Dom Fernando de Almeida (antecedeu o Afonso de Albuquerque, como vice-rei da Índia) na batalga de Dio...
Releiam-se as épicas estrofes de "Os Lusíadas" (Canto X, estrofes, de 27 a 35) (negritos nossos),com referência aos feitos dos Almeidas, pai e filho (os dois precomente falecidos, um em combate e outro num naufrágio):
(...) 26
«Mas eis outro (cantava) intitulado
Vem com nome real e traz consigo
O filho, que no mar será ilustrado,
Tanto como qualquer Romano antigo.
Ambos darão com braço forte, armado,
A Quíloa fértil, áspero castigo,
Fazendo nela Rei leal e humano,
Deitado fora o pérfido tirano.
27
«Também farão Mombaça, que se arreia
De casas sumptuosas e edifícios,
Co ferro e fogo seu queimada e feia,
Em pago dos passados malefícios.
Despois, na costa da Índia, andando cheia
De lenhos inimigos e artificios
Contra os Lusos, com velas e com remos
O mancebo Lourenço fará extremos.
28
«Das grandes naus do Samorim potente,
Que encherão todo o mar, co a férrea pela,
Que sai com trovão do cobre ardente,
Fará pedaços leme, masto, vela.
Despois, lançando arpéus ousadamente
Na capitaina imiga, dentro nela
Saltando o fará só com lança e espada
De quatrocentos Mouros despejada.
29
«Mas de Deus a escondida providência
(Que ela só sabe o bem de que se serve)
O porá onde esforço nem prudência
Poderá haver que a vida lhe reserve.
Em Chaúl onde em sangue e resistência
O mar todo com fogo e ferro ferve,
Lhe farão que com vida se não saia
As armadas de Egipto e de Cambaia.
30
«Ali o poder de muitos inimigos
(Que o grande esforço só com força rende),
Os ventos que faltaram, e os perigos
Do mar, que sobejaram, tudo o ofende.
Aqui ressurjam todos os Antigos,
A ver o nobre ardor que aqui se aprende:
Outro Ceva verão, que, espedaçado,
Não sabe ser rendido nem domado.
31
«Com toda ũa coxa fora, que em pedaços
Lhe leva um cego tiro que passara,
Se serve inda dos animosos braços
E do grão coração que lhe ficara.
Até que outro pelouro quebra os laços
Com que co alma o corpo se liara:
Ela, solta, voou da prisão fora
Onde súbito se acha vencedora.
32
«Vai-te, alma, em paz, da guerra turbulenta,
Na qual tu mereceste paz serena!
Que o corpo, que em pedaços se apresenta,
Quem o gerou, vingança já lhe ordena:
Que eu ouço retumbar a grão tormenta,
Que vem já dar a dura e eterna pena,
De esperas, basiliscos e trabucos,
A Cambaicos cruéis e Mamelucos.
33
«Eis vem o pai com ânimo estupendo,
Trazendo fúria e mágoa por antolhos,
Com que o paterno amor lhe está movendo
Fogo no coração, água nos olhos.
A nobre ira lhe vinha prometendo
Que o sangue fará dar pelos giolhos
Nas inimigas naus; senti-lo-á o Nilo,
Podê-lo-á o Indo ver e o Gange ouvi-lo.
34
«Qual o touro cioso, que se ensaia
Pera a crua peleja, os cornos tenta
No tronco dum carvalho ou alta faia
E, o ar ferindo, as forças experimenta:
Tal, antes que no seio de Cambaia
Entre Francisco irado, na opulenta
Cidade de Dabul a espada afia,
Abaxando-lhe a túmida ousadia.
35
«E logo, entrando fero na enseada
De Dio, ilustre em cercos e batalhas,
Fará espalhar a fraca e grande armada
De Calecu, que remos tem por malhas.
A de Melique Iaz, acautelada,
Cos pelouros que tu, Vulcano, espalhas,
Fará ir ver o frio e fundo assento,
Secreto leito do húmido elemento." (...)
E Bandara / Bandarra (o do autor do texto da banda desenhada) não será um apelido dos "Burghers Portugueses" ?
(...) Os burghers portugueses são um grupo étnico do Seri Lanca, de ascendência portuguesa e cingalesa. São católicos e falam a língua indo-portuguesa do Sri Lanka, um crioulo baseado no português.(...)
E também há holandeses...
Se a memória não me falha, Ceilão anteriormente chamado Serendip, foi onde o escritor Wallace … (inglês ?) escreveu um livro ( de fantasias) intitulado Os Três Príncipes de Serendip.
Daqui teve origem a palavra serendipity (serendipidade) cerca do ano 1750, que significa uma descoberta inesperada por um acaso feliz.
Cerca de 1983, um comandante da Marinha Portuguesa ao flanar no Hyde Park, descobriu por acaso um dos nónios originais de Pedro Nunes, pelo que a palavra serendipidade passou a fazer parte do dicionário português.
Desculpem qualquer imprecisão mas a minha memória não é infalível.
Um abraço,
Ernestino Caniço
Serendipity (1st edition– January 1, 1965)
by J. Wallace Hamilton
https://www.amazon.com/Serendipity-James-Wallace-Hamilton/dp/B0007E1YS6
Portugueses... no Sri Lanka, hoje, na vésperas do Natal de 2024... Aliãs, ele e ela, uma ternura de casal... Mais de meio milénio depois do bravo Dom Lourenço de Almeida (1480-1508), que morreu jovem em combate, como tantos outros...(incluindo os da nossa geração que fizeram as guerras da descolonização: Angola, Índia, Guiné, Moçambique,Timor....).
O Jorge já não leva a cruz nem a espada, apenas o telemóvel (com câmara fotográfica)... E será que encontrou algum dos descendentes de portugueses, os "burghers", de apelido Perera, Pereira, Abreu, Salgado, Fonseca, Fernando, Rodrigo, Silva... Bandara... ?
Para saber mais: Crioulo português do Seri Lanca
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