sábado, 9 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21753: Manuscrito(s) (Luís Graça) (196): Parabéns, Cristina Silva, filha do Jacinto Cristina, um dos bravos da Ponte Caium... Que as filhas dos nossos camaradas, também nossas filhas são...

 

Ferreira do Alentejo > c. 1973 > Cristina Silva, quando pequenina, folheando o álbum fotográfico do seu pai. Jacinto Cristina, na altura um dos bravosque guardava a Ponte de Caium... 

Como eu costumo lembrar, o  Jacinto Cristina (Sold At Inf, CCAÇ 3546, 1972/74), membro da nossa Tabanca Grande, industrial de panificação, reformado, a viver em Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, foi, como muitos de n+os,  um "sem-abrigo na Guiné", viveu um ano e tal em cima de um tabuleiro da Ponte de Caium, com o motteiro 81, de que era municiador a seu lado... 

Além disso, também foi, por força da necessidade,  o padeiro do destacamento... E tinha esta menina linda à sua espera, tal como a sua Goretti (entretanto, infelizmente  falecida há mais de três anos). 

A Cristina, engenheira, mãe da Sara, esposa do meu amigo e médico do trabalho, o funchalense  dr. Rui Silva, é empresária na região autónoma da Madeira, sócia da empresa Ergoram Lda. 

Faz hoje anos. Para além de ser uma amiga de família, de há muitos anos, tem igualmente um lugar sentado, à sombra do nosso poilão. Foi uma das primeiras filhas de camaradas nossos a abrir o seu coração no nosso blogue.

 Deizei-lhe, na sua página do Facebook, estes versinhos singelos (*), com que eu e a Alice nos qusemos associar, à distância  à sua festa de aniversário. Um chicoração para ela. Um alfabravo para o nosso camarada Jacinto Cristina de quem a filha disse, aqui há uns anos atrás: "O meu pai é o meu herói" (*)



Cristina Silva, foto de perfil 
(com a devida vénia...)


Parabéns, Cristina!

A q’rida amiga Cristina,

Nascida a nove de janeiro,

Volta hoje a ser menina,

Lembra-lhe o seu companheiro.

 

Lembra-lhe o seu companheiro,

Que adora aniversários:

“Por amor, não por dinheiro,

Tornámo-nos empresários”.

 

Volta hoje a ser menina,

Com saudades do Alentejo,

“Ficaste-me na retina,

Foi aí que te roubei um beijo.”

 

Nascida a nove de janeiro,

Vive agora no Funchal:

“Quem do amor é prisioneiro,

Em parte nenhuma está mal”.

 

A q’rida amiga Cristina,

De uma princesa é mãe,

Tinha a sina de ser rainha,

… E nossa amiga também!

 

Alfragide, 9 de janeiro de 2021

Um dia feliz, e um Ano Novo melhor que o Velho

Muita saúde e longa vida,  que a Cristina merece tudo!

Alice & Luis

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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 12 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14601: Blogoterapia (269): O meu pai é o meu herói (Cristina Silva, filha do Jacinto Cristina, o "padeiro da ponte Caium", ex-sold CCAÇ 3546. Piche, 1972/74)

(**) Último poste da série > 2 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21604: Manuscrito(s) (Luís Graça) (195): In Memoriam: Eduardo Lourenço (1923-2020), pensador maior da nossa história, da nossa cultura, da nossa identidade como povo

Guiné 61/74 - P21752: (In)citações (175): Saudade (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), autor do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", com data de 7 de Janeiro de 2021:


Saudade

Francisco Baptista

Ontem, Dia de Reis segundo o calendário católico, foi um dia nefasto, com notícias que nos abalaram um pouco a todos. A primeira foi sobre o alarmante número de infectados em Portugal, com o covid-19 que atingiu o seu máximo, com mais de dez mil pessoas afectadas por essa moléstia.

Já em 2021, ouvi na RTP que numa grande votação online, organizada pela Porto Editora, a saudade foi eleita a palavra do ano de 2020. O locutor da estação de televisão entre o anúncio da votação e o seu resultado fez um intervalo com outras notícias diferentes, desafiando os ouvintes a pensar no resultado. O meu voto foi também para a saudade apesar de ter pensado também no covid 19 e na pandemia, as segundas e terceiras mais votadas. Ao escolhermos por maioria a saudade, essa palavra que é dor, melancolia, memória, nostalgia, distância, tristeza, mas que também é poesia, amor, pátria, amizade, fraternidade, escolhemos a esperança na vida que os portugueses sempre tiveram apesar das maiores adversidades. A Saudade tem múltiplos significados e definições que variam de acordo com a sensibilidade e a experiência de vida de cada um.

Carolina Michaelis, a célebre escritora, filóloga e pedagoga definiu-a assim:
[Saudade é a] lembrança de se haver gozado em tempos passados, que não voltam mais; a pena de não gozar no presente, ou de só gozar na lembrança; e o desejo e a esperança de no futuro tornar ao estado antigo de felicidade.”]

Eu, em viagem de família em Veneza, num encontro ocasional num restaurante com dois portugueses um jovem e uma senhora, dias depois, lembrando a conversa calorosa que tivemos, descrevi desta forma a saudade numa crónica:
"Os portugueses da diáspora que inventaram a palavra saudade evocam-na como quem procura o afecto e o calor da Pátria. Há nela um sentimento doce porque nos faz recordar bons momentos passados com pessoas que estimamos muito. Há nela um sentimento amargo, que nos magoa pela distância que interpõe entre uns e outros, que só se acalma nos reencontros possíveis entre abraços e beijos, nessa proximidade física que os portugueses como povos latinos adoram."

Todos temos a nossa saudade. Uma palavra complexa que sendo amarga ou doce nos ajuda a viver.

A segunda má notícia de ontem, divulgada pelos meios de comunicação de toda a Terra foi a invasão do Capitólio americano por uma horda de milhares de fanáticos, às ordens desse bárbaro e imbecil Donald Trump. Os Estados Unidos da América são uma grande democracia, que se tornou também uma nação imperial, sem perder muitos princípios básicos da democracia que copiou dos ingleses e da Revolução Francesa. Com muitos defeitos como a escravidão, o genocídio de nações indias, a descriminação racial e situações de prepotência e exploração a nível internacional, algumas foi corrijindo, outras sem remédio, continua a ser a maior democracia dos tempos modernos. Que o Império Americano não se auto-destrua como o Império Romano que ele quis imitar e que na sua fase decadente teve imperadores imbecis e idiotas como Calígula e Nero. Não sabemos o que podemos esperar dos impérios Russo ou Chinês, já que eles nunca tiveram raízes democráticas.
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21679: (In)citações (174): Apesar de agnóstico, ainda conservo, na cabeceira, um crucifico-talismã que alguém deixou na tabanca onde eu pernoitava: Ká pudi larga mezinho qui pudi salvar kurpu (Luís Mourato Oliveira, o último comandante do Pel Caç Nat 52, Mato Cão e Missirá, 1973/74)

Guiné 61/74 - P21751: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte VIII: atividade operacional: março/abril de 1967: destaque para a Op White Label: golpe de mão ao acampamento de Cã Quebo, no Oio, que dispunha de abrigos de cimento


Guiné > Região do Oio > Carta de Farim (1954) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Gã Quebo, a oeste de Mansabá, em plena região do Oio. ( A região do Oio está dividida em 5 setores: Bissorã, Farim, Mansabá, Mansoa e Nhacra).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)
 


 

Brasão da 3ª Companhia de Comandos (1966/68)




1. Começámos a publicar, em 17/11/2020, uma versão da História da 3ª Companhia de Comandos (Lamego e Guiné, 1966/68), a primeira, de origem metropolitana, a operar no CTIG. (Hão de seguir-se lhe, até 1974, mais as seguintes: 5ª, 16ª, 26ª, 27ª, 35ª, 38ª e 4041ª CCmds.)

O documento mimeografado, de 42 pp., que nos chegou às mãos,  é da autoria de João Borges, ex-fur mil comando, já falecido (em 2005). Trata-se de um exemplar oferecido ao seu amigo José Lino Oliveira, com a seguinte dedicatória: 

"Quanto mais falamos na guerra, mais desejamos a paz. Do amigo João Borges". 

Uma cópia foi entregue ao nosso blogue para publicação. (*)

[O José Lino [Padrão de] Oliveira foi fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, MansoaCumeré e Brá, 12-7-1974 / 15-10-1974, a mesma unidade a que pertenceu o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; é membro da nossa Tabanca Grande desde 31/12/2012; tem dezena e meia de referências no nosso blogue; vive em Paramos, Espinho]



História da 3ª Companhia de Comandos 
(1966/68) (*)

3ª CCmds
(Guiné, 1966/68) / João Borges
Parte VIII (pp. 21-22)






(Sobre a posição relativa de Gã Quebo, na região do Oio, vd. infografia acima)

Vd. postes anteriores:

27 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21699: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte VI: atividade operacional: Susana (Arame), Jababá (Flaque-Cibe e Bissilão), novembro de 1966

20 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21667: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte V: atividade operacional: Jugudul (Ansonhe e Ponta Bará), Tite (Jorge), outubro de 1966

16 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21650: História da 3ª Companhia de Comandos (1966/68) (João Borges, 1943-2005) - Parte IV: atividade operacional: Tite (Nova Sintra, Flaque Cibe, Jabadá, Jufá), setembro de 1966

Guiné 61/74 - P21750: Os nossos seres, saberes e lazeres (432): Andar a um certo vapor na Linha do Oeste (1): Hoje em Óbidos (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Setembro de 2020:

Queridos amigos,
A pandemia a todos incitou a fazer férias cá dentro, tentou-se a diversidade e o resguardo com muitas cautelas, no grupo incluía-se uma criança de nove anos. Assentou-se num ponto de partida, com poder irradiante, Óbidos, foi um sucesso em encontros e descobertas, até uma tarde de saudades daquela Foz do Arelho que se conheceu ainda nos anos 1950, uma quase aldeia, com passeios de burro, de bateira atravessando a Lagoa para diferentes pontos, ver-se-á adiante a radical transformação que ocorreu, para ser sincero só na Lapinha é que se encontrou vestígios desse mundo antigo, retocado e beneficiado. Há que reconhecer que o Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha, está muitíssimo cuidado e entrar no Museu José Malhoa ou na Igreja de Nossa Senhora do Pópulo é muito mais do que um dever. O calor era muito, fazia-se o itinerário às parcelas, para que a vista não esmorecesse com as pernas moídas e o corpo suado. Tempos para recordar, depois mudou-se de azimute, seguiu-se para o Pinhal Interior e Serra da Estrela, tudo será contado a seu tempo, ou quase.

Abraço do
Mário


Andar a um certo vapor na Linha do Oeste: Hoje em Óbidos (1)

Mário Beja Santos

Partimos para Óbidos com a declarada vontade de aqui ter poiso irradiante para vários locais de grande estimação, caso de Peniche, Caldas da Rainha e Foz do Arelho. À cautela, inclui-se na bagagem o livro Linha do Oest, Óbidos e Monumentos Artísticos Circundantes, coordenação de Benedita Pestana, Assírio & Alvim, 1998. Trata-se de uma linha ferroviária que constituiu o último grande troço da rede ferroviária nacional construído na segunda metade do século XIX. Partia de Lisboa para Torres Vedras, seguia por Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Marinha Grande, Leiria e Figueira da Foz. Encontrava em Alfarelos a Linha do Norte. Mas foi a propósito desta Linha do Oeste que se lançou um projeto coletivo de olhares sobre o património abrangendo Óbidos, Bombarral, o Mosteiro de Alcobaça, Atouguia da Baleia e outros locais circundantes. Se arribámos a Óbidos, essa preciosa vila muralhada, com belas igrejas, um palácio quinhentista e uma urbanização cuidada, havia que lhe conceder a primeira manhã de itinerância. Entre os séculos XII e XVI a vila teve o seu papel preponderante, só lhe veio a ser subtraído pelas Caldas da Rainha, a estância termal tornou pálida a sua estrela. História ligada à fundação da nacionalidade, mesmo com as Caldas a bater-lhe o pé manteve um património histórico-cultural incontornável, na dita Linha do Oeste não tem rival, mesmo depois da concorrência das Caldas retomou o esplendor, há hoje imenso turismo que vem à procura de um mundo antigo e de uma arte espetacular como seja o túmulo de D. João de Noronha ou a pintura de Josefa d’Óbidos.

Linha do Oeste, estação Algueirão Mem-Martins, 1953

Percorrendo a Rua Direita, depara-se-nos, aí a meio caminho, o Pelourinho, tendo uma importante igreja ao fundo. Deste livro da Linha do Oeste retiram-se algumas memórias do pintor Filipe Rocha da Silva, que aqui viveu a sua juventude, durante as férias. Recorda a miséria de quem andava descalço, usa alguns estrangeiros que aqui arribaram e diz: “Viver em Óbidos era um pouco um conto de fadas, uma fatalidade como a de pertencer a uma família real. A verdade é que desde então Óbidos se desertificou de habitantes e se povoou de lojas de artesanato e restaurantes, para além do zimmer, bem entendido. Tornou-se uma vila de serviços pouco diversificados. Por vezes interrogo-me sobre qual é o nexo entre um sítio como Óbidos, que se visita, e um objeto qualquer que se compra, dito de artesanato. As aldeias vizinhas, entretanto, foram-se enchendo de gente e ganhando poder e animação, como se a pesada estrutura arquitetónica da Vila-mãe dissuadisse as pessoas de lá se instalarem. O que sucedeu nos séculos anteriores em relação às Caldas e ao Bombarral, pode vir a repetir-se como as Gaieiras e a Usseira. E Óbidos restringe-se ao seu habitual papel: Centro que deve ser histórico e de lazer”.


Mais adiante, o pintor não esconde o seu entusiasmo: “A cerca do Castelo e a face adjacente das muralhas voltadas para a Várzea da Rainha são uma região notável, que deverá ser defendida a todo o custo, pois trata-se de uma espécie de bolsa ecológica mais ou menos intocada pelo boom turístico, e que funciona como um pulmão que faz que o resto seja mais equilibrado e suportado”. É um texto eivado de saudade e de uma contida melancolia, um olhar imenso sobre a Lagoa de Óbidos, lembra a chegada do pintor Eduardo Malta em cuja casa onde viveu funciona hoje um museu com uma interessante polivalência.
E por ali se circunda, anotando cuidados na boa conservação, dando muita atenção a pormenores, deixa-se para depois os pratos de substância, como a pintura e a escultura, já se saliva por ir visitar o Retábulo de Santa Catarina, na Igreja de Santa Maria de Óbidos, obra da magistral Josefa, nem sequer mesmo entrar no Museu Municipal onde há belíssimas telas de Belchior de Matos, Diogo Teixeira e até do pai da magistral Josefa, Baltasar Gomes Figueira. É uma viagem solta, sem guia, entregues à pura curiosidade, daquela que permite entrar em construções monumentais que hoje são livrarias, e que estão na base de um festival que percorre fronteiras.

E é nesta deambulação sem azimute que chego à Livraria Artes & Letras e me confronto com Luís Gomes que na década de 1980 me cuidou do arranjo gráfico e ilustrou uma publicação minha sobre a camada de ozono. Quando eu trabalhava no Ministério da Qualidade de Vida, sito na Rua do Século, aproveitava a hora do almoço para bisbilhotices culturais. O Luís, ali no Largo da Misericórdia, pontificava uma loja de livros antigos e antiguidades de vários continentes. Pressionado pelo disparo das rendas, veio para Óbidos e mantém nos mais elevados níveis de bom gosto o seu negócio. Quis surpreender-me, levou-me a uma tipografia imemorial onde a mulher produz as suas obras, que assombro, que rico depósito da história da imprensa e da tipografia.

A surpresa foi só minha, estava esquecido que no Largo da Misericórdia, em frente à Santa-Casa e à Igreja de São Roque já o Luís alardeava o seu bom gosto mostrando o que de melhor há na arte Bijagó e mesmo Nalu. A título meramente exemplificativo, embeveça-se o leitor com três peças dignas de museu. A surpresa foi total, a de rever o Luís na sua costumada caverna de Ali Babá, a de regressar à Guiné inesperadamente neste primeiro dia da Linha do Oeste. Bem feita!

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21725: Os nossos seres, saberes e lazeres (431): De Trancoso para Santa Maria de Salzedas (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21749: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Burumtuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte I


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 5 


Foto nº 2


Foto nº 1

Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 3 (1973/74) 

Fotos (e legendas): © António Marreiros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem do nosso  camarada António Marreiros [ a viver há quase meio século  no Canadá (Victoria, BC, British  Columbia), ex- alferes miliciano em rendição individual na Companhia CCaç 3544, "Os Roncos", Burumtuma, 1972, e, meses depois, transferido para Bigene, CCaç 3, até Agosto 1974], enviando-nos cinco fotos do seu álbum, com as respetivas legendas:



António Marreiros, 1973,
 rio Cacheu


Data - quinta, 7/01, 19:45 (há 23 horas
Assunto - Álbum fotográfico 


Foto nº 1 > Sou eu, A Marreiros, no quarto que partilhava
 com outro alferes.

Foto nº 2  >  Não me lembro quem chegou no avião [, o "Bafatá", da TAGP], mas no grupo temos o Alf Guimarães e no meio o [tenente] coronel de cavalaria [António Valadares] Correia de Campos [, comandante do COP 3 e um dos bravcos de Guidaje] e o Capitão que mais tarde foi ferido...

Foto nº 3 > Natal de 73, lembro-me das caras mas só dois nomes ficaram: os alferes Guimarães e Pacheco, este  de  camuflado. (Foi ele que andou perdido no mato durante o cerco de Guidage... Por onde andará hoje?)

Foto nº 4 > Cais fluvial de Ganturé, no rio Cacheu,  a uns escassos quilómetros  kms de Bigene´

Foto nº 5 > Uma missão na lancha [LDM] que nos desembarcou numa bolanha do Cacheu

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21748: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (34): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Dezembro de 2020:

Queridos amigos,
O casal está em férias, escolheram de mútuo acordo dois dias em território flamengo e um dia numa bela cidade holandesa, Groningen. Como em qualquer outro casal do mundo, não se podem esconder tensões familiares, Annette sofre algumas pressões e desabafa com o seu amado, ela tem muitos receios, de o perder, chega mesmo a dizer que é uma mulher com poucos atrativos e que ele se cansará dela, ao arrepio do que verdadeiramente se passa, andam de mão dada, beijam-se e afagam-se em plena rua, são dois cinquentões em ebulição, tanta coisa mudara nas suas vidas naquele virar do século. Ela nunca esquece o seu dever que são as memórias da Guiné, e ele adverte-a, que se prepare para os duríssimos meses que aí vêm, entre junho e novembro, flagelações em Missirá e Finete, patrulhamentos violentos, o colapso psíquico de um furriel altamente estimado, as chuvas inclementes, alguém que lhe chamará "branco assassino" e depois a mina anticarro. E, corolário de todas as desgraças, ser forçado a abandonar o Cuor.

Um abraço do
Mário


Esboços para um romance – II (Mário Beja Santos):
Rua do Eclipse (34): A funda que arremessa para o fundo da memória


Mário Beja Santos

[Notas da viagem de fevereiro de 2001, do punho de Paulo Guilherme]
O voo aterrou pontualmente em Zaventem, não havia necessidade de passarmos por Bruxelas para deixar coisas na Rua do Eclipse, Annette estava radiante, ainda no parqueamento referiu-me como tudo estava organizado para aqueles escassos três dias na região da Flandres e a visita meteórica a Groningen. Seguimos a autoestrada para Antuérpia, Annette reservara alojamento numa pequena estalagem nos arredores de Lier, visitaríamos a pequena bonita cidade, alugaríamos bicicletas para percorrer a Campina, no dia seguinte. Estava esfusiante, mas notei-lhe tensão, por vezes as sílabas precipitavam-se e o olhar ligeiramente endurecia. Perguntei-lhe se estava fatigada, que não, como é que era possível estar fatigada comigo a seu lado? Mas que sim, houvera uma pequena discussão familiar com a filha, na noite anterior, viera jantar e ao telefone avisara a mãe que precisavam de conversar. Se eu achasse bem, desabafava já durante a viagem, disse prontamente que sim. Noémie caminhava para os 30 anos, conhecera vários acidentes amorosos, esta relação com Gaspar parecia duradoura, Gaspar trabalhava como luminotécnico com companhias de teatro, rendimentos incertos, ausências prolongadas, era um grupo que percorria a Valónia, regiões de França e a Suíça francesa. Gaspar falava em filhos, Noémie, sempre dada à prudência, recordou-lhe que o seu vencimento no Ministério das Obras Públicas era relativamente modesto (especialista em Geografia e Planeamento Urbano), a mãe ajudava-a, o pai simbolicamente, contraíra novo casamento e tinha filhos a caminho da adolescência, não seria melhor começar por juntar dinheiro para comprar uma casa, ter uma entrada e contrair um empréstimo? Gaspar disparatara, ela queria todas as comodidades e jogava pelo seguro, era como se lhe tivesse a atirar à cara a sua própria modéstia de rendimentos, se ela não se sentia bem com a situação dele e com os sonhos dele que lhe dissesse abertamente. Noémie perguntava-se se não podia ter uma ajuda maior por parte da mãe, Annette respondera-lhe calmamente que ela também ajudava Matthieu, a sua companheira, Isa, vivia de dar umas poucas aulas e de fazer umas serigrafias, como mãe não podia tirar a um para dar a outra, recordara à filha que dentro de dez anos iria ficar reformada com uma pensão do Estado e escassos investimentos, planeava organizar a sua vida com o companheiro português, por essa altura. A filha perdera a cabeça, chamara-lhe egoísta, só pensava na sua felicidade, nas suas conveniências, a relação com o português parecia perfeita, mas tinha muitos pontos de interrogação pela frente, saíra porta fora sem antes ter dito à mãe que os filhos contam primeiro.

Nesta altura da narrativa, Annette parou o carro numa berma e desatou a chorar. Procurei acalmá-la, dizendo coisas com sentido e outras não tanto, que tudo indicava que esta geração ia ter trabalho precário, pior remunerado que o nosso, que a vida em casal era completamente diferente da nossa geração, a mulher agora escrutinava as despesas domésticas e os extras de cada um, havia ainda homens que não estavam preparados para esta dimensão da igualdade, deixavam-se os filhos para mais tarde… E contava-se como nunca no passado, com a ajuda dos pais, exatamente o contrário da nossa geração, havia que gerir estas novas situações com uma certa abertura. Vendo a expressão congestionada de Annette, já à entrada de Lier disse-lhe para irmos tomar um café, beijei-a carinhosamente e pedi-lhe para vivermos estes escassos dias numa intensa felicidade e que era meu dever apoiá-la numa boa relação com a filha, e com o filho também, ainda não sabíamos como ia ser a nossa velhice, se na Bélgica se em Portugal, o fundamental era que os nossos quatro filhos, em circunstância alguma, sentissem que estavam a ser preteridos, mas que também, em circunstância alguma, quisessem usar os pais e os seus modos de vida para nos envenenar a relação.

O albergue era muito acolhedor, na verdade, deixámos os nossos trastes, antes de sair do quarto abracei-a muito carinhosamente, novo corrupio de lágrimas, depois recompôs-se, chegara a Zaventem com o dia nublado, havia agora uma brecha nos céus, uma temperatura tépida, procurámos um pequeno restaurante, que sorte, sopa de rabo de boi e frango de estragão, tomámos um bom café, com os dias curtos de fevereiro lançámo-nos à descoberta de Lier e a procurar informações para o dia seguinte na Campina. O semblante de Annette ia-se iluminando, dava-me a mão a todo o instante, beijávamo-nos em plena rua, os passantes não escondiam a curiosidade, era seguramente um casal em lua-de-mel, o templo religioso de Saint Gommaire é um prodígio, por ali deambulámos sem pressa, percorremos o casco histórico, estávamos fascinados. Preparámos o aluguer das bicicletas para o dia seguinte, Annette voltou a falar no terceiro dia das férias, sugeria que não perdêssemos tempo com Eindhoven, já que eu fazia tanto gosto em voltar a Groningen, havia que visitar o museu antigo que eu conhecera na década de 1980, quando fizera programas de televisão e Wim Bosbom, o meu colega holandês, que me convidara para vir buscar filmes a Hilversum e me acompanhara a Groningen, ainda hoje recordava a sumptuosidade da arte flamenga que ali se exibia. Concordei com tudo. Foram dias inolvidáveis. Os nossos corpos encontravam-se com cada vez mais facilidade, tomávamos esta aceitação como a certeza plena de um amor feliz, sem contrições, cheios de promessas. Em dado momento, talvez ainda frágil pela discussão havida com a filha, Annette disse ter medo que eu não suportaria viver cerca de dez anos entre cá e lá, o ónus recaía sempre sobre mim, ela era intérprete, estava sempre à mercê de um programa que era apresentado às sextas-feiras para a semana seguinte, ao longo da sua vida assistira a afastamentos de colegas que se tinham mostrado remitentes por trabalhar com tantos condicionalismos, ela não se podia dar ao luxo, a não ser no período de férias grandes, de fazer a sua própria gestão do tempo, como reagiria eu se deixasse de ter tantas reuniões em Bruxelas, amá-la-ia tanto que viria aqui todos os meses?. “Annette, cheguei a uma idade em que não é desejável brincar com os sentimentos, os teus e os meus. Esta história dos filhos, os teus e os meus, há de esclarecer-se, para bem de todos, não estamos reféns das vicissitudes das suas vidas, a nossa também conta. Não prescindo de me realizar, nunca sonhei em ser um velho a andar de pantufas em casa ou ir para o jardim jogar dominó, quero ser-me útil e aos outros, envolver-me em causas. Tu contas incondicionalmente comigo, não temas o futuro, o meu amor por ti enche-me de alegria, por favor, não voltes aos teus medos”.

Passeámos pela Campina, por vezes parávamos para beber uma cerveja, foi um dia de encanto. E adorei voltar a Groningen. Arrumávamos as malas para regressar a Bruxelas quando Annette me perguntou sobre os papéis da Guiné. Respondi-lhe serenamente que se preparasse, como já a tinha advertido, para meses duríssimos, entre junho e novembro. E queria que ela soubesse que parti do Cuor com uma mágoa sem fim, pode parecer absurdo, era como se estivesse a ser afastado de casa, a uma migração forçada, ainda por cima saía do Cuor como um Soncó, aceitara o pedido do régulo Malam, passara a fazer parte da família, cheguei a Bambadinca em estado de luto. E disse Annette que o meu regresso a Missirá vinte anos depois fora um mar de lágrimas, viera-me à mente tudo o que ali vivera e que os cinco sentidos podiam reproduzir em gritos de tanto sofrimento, tanta miséria diante dos meus olhos, e aquela confiança absoluta dada pelos meus bravos soldados.

Annette ouvia-me em silêncio e em silêncio viajámos para Bruxelas.

(continua)

A Lier medieval

Vitral da Igreja de Saint Gommaire, Lier

Lier

La Campine

Groningen, Países Baixos

Museu de Groningen, atual

Antigo edifício do Museu de Groningen

Tudo mudara na relação da bolanha de Finete e a cambança do Geba para Bambadinca. Com a independência, fechou-se a picada que atravessava os arrozais, quem viaja de Finete para Bambadinca ou vice-versa usa a estrada alcatroada. O porto de Bambadinca morreu, o abandono destruiu tudo, restam os pescadores que mourejam no Geba estreito, tanto descem até perto de Ponta Varela como sobem em direção à foz do Gambiel
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21722: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (33): A funda que arremessa para o fundo da memória

Guiné 61/74 - P21747: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (80): busto do capitão Teixeira Pinto, em Bissau, c. 1943 (Armando Tavares da Silva)


Guiné > Bissau > c. 1943 > Busto do cap Teixeira Pinto. Fonte: "Guiné Portuguesa. Album Fotográfico", 1943. Fotografias de Amândio Lopes. Cortesia de Armando Tavares da Silva


 1. Do nosso amigo Armando Tavares da Silva, membro da nossa Tabanca Grande, com 45 referências no nosso blogue:

 [(i) engenheiro, historiador, prof catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra;  (ii) "Prémio Fundação Calouste Gulbenkian, História da Presença de Portugal no Mundo", atribuído pelo seu livro “A Presença Portuguesa na Guiné — História Política e Militar — 1878-1926”;  (iii) presidente da Secção Luís de Camões da Sociedade de Geografia de Lisboa]

Date: quinta, 7/01/2021 à(s) 16:05
Subject: Teixeira Pinto

Caro Luís,

Envio-te em anexo uma foto de um busto de Teixeira Pinto que existiu (existe?) em Bissau. Podes enviá-la por mim à Ana Lúcia Mendes (P 21738) (*) com cumprimentos e desejo de bom trabalho - talvez lhe interesse.

É reprodução da que vem em "Guiné Portuguesa. Album Fotográfico", 1943. Fotografias de Amândio Lopes.

Sobre Teixeira Pinto existe um livro: "João Teixeira Pinto. Uma vida dedicada ao Ultramar", de Carlos Vieira da Rocha, Lisboa, 1971. Tem prefácio de António de Spínola.

Abraço

Armando



Esta imagem é de 1947, 28 ou 29 de janeiro, ao tempo do governador Sarmento Rodrigues, e aquando da visita, à Guiné, do subsecretário de Estado das Colónias. (**)

Recorte da edição do "Diário de Lisboa, nº 8685, ano 26, sábado, 1 de fevereiro de 1947, diretor: Joaquim Manso (Fonte: Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos > Pasta: 05780.044.11036 (com a devida vénia...) .


2. Comentário do editor LG:

Obrigado, Armando. Vou reencaminhar para a nossa doutoranda. Esse busto do Teixeira Pinto, já existia, de facto, em 1947, aquando da visita  do subscretário de Estado das Colónias (de 27/1 a 24/2/1947).  Já não devia existir ao tempo em que conheci Bissau (1969/71),

Quem será o autor do busto ? E em que data terá sido inaugurado o monumento ? Deve ser de 1940, não ? Também não sei qual era exatamente a sua localização.  Talvez se consiga saber pela indentificação do edifício que ficava por detrás. A mim, parece-me ser o edifício da Administração Civil, perto da Catedral de Bissau, na Av da República (,hoje, Av Amílcar Cabral).

O monumento deve ter sido removido mais tarde, substituído pela estátua, da autoria do professor de Belas Artes, o escultor Euclides Vaz (1916-1991), ilhavense. (Foi também professor de outro ilhavense, o nosso amigo comum, o arquiteto José António Paradela.)

O nosso camarada Carlos Silva, que conhece bem o território, de antes e depois da independência,  também põe à nossa disposição (e à disposição da nosssa doutoranda) um vídeo sobre a estatuária colonial portuguesa na Guiné e as suas "andanças" desde 1974 (. Vd. a sua página, Jumbembem, no You Tube). 

A estátua desmantelada do "capitão-diabo",
agora na fortaleza do Cacheu. Fotograma
do vídeo do Carlos Silva,
"Guiné-Bisssau, Estatuária" 
(2020) (7' 01")
A estátua do Teixeira ficava no Alto do Crim, parque municipal (, atual Largo da Assembleia Municipal); a estátua, em bronze, desmantelada, encontra-se ou encontrava-se há uns anos, ao ar livre, no forte do Cacheu, que funciona,  infeliz e vergonhosamente,  como uma espécie de caixote do lixo da presença histórica dos portugueses na Guiné; e é pena, porque, quer queiramos ou não, temos uma história comum, e só podemos ganhar, uns e outros, os portugueses e os guineenses, se soubermos construir pontes ligando o passado, o presente e o futuro, Está na altura de fazermos as pazes com o passado... E o passado deve ser explicado aos nossos filhos e netos. Essa pedagogia histórica está por fazer.

Obrigado aos dois,ao Armando e ao Carlos,  pela pronta colaboração na resposta ao pedido da doutoranda Ana Lúcia Mendes (*).

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(**) Vd. poste de 9 de abril de  2017 > Guiné 61/74 - P17224: Historiografia da presença portuguesa em África (73): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte II: Prosseguem as inaugurações, em 29 e 30 de janeiro... Nessa época havia uma linha área, a Linha Imperial, entre Lisboa e Lourenço Marques....

Vd. também 19 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17155: Historiografia da presença portuguesa em África (72): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte I: A consagração do governador geral, o comandante Sarmento Rodrigues, como homem reformador e empreendedor (Reportagem de Norberto Lopes, "Diário de Lisboa", 27/1/1947)

Guiné 61/74 - P21746: Histórias... com abracelos do Carlos Arnaut (ex-alf mil, 16º Pel Art, Binar, Cabuca, Dara, 1970/72)(3): Lições de artilharia para infantes..., sob a forma de piadas do passado


Foto nº 2 
 

Foto nº 1


Foto (e legenda): © Carlos Arnaut (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Carlos Arnaut,  membro nº 817 da nossa 
Tabanca Grande, ex-alf mil art, cmdt do 16º Pel Art (Binar, Cabuca,  
Dara, 1970/72):

Data - 7 jan 2021 12h03
Assunto - Paródias do passado (*)


Camarigo Luís, em primeiro lugar quero desejar a todos os Tabanqueiros votos sinceros de um 2021 que finalmente nos liberte desta opressão Covidiana.


Tendo vindo a seguir com atenção as estatísticas referentes à vida do blogue, deixa-me agradecer-te, e aos co-editores, o trabalho tão meritório que tens vindo a desenvolver de uma forma apaixonada, mas rigorosa, na defesa das nossas memórias.

No meu currículo não referi que sou filho de militar, Coronel de Artilharia falecido há alguns anos, com várias comissões em Angola, país onde ele prestou serviço pela primeira vez de 1949 a 1954 [António M. Arnaut]. 

Cheguei ao colo da minha mãe, os primeiros anos da minha vida foram assim passados entre Luanda e Sá da Bandeira, hoje Lubango. Regressei nos anos sessenta, o meu pai foi mobilizado em 63, tendo estudado em Luanda até 65 quando ele terminou aquela comissão como Ten Cor.

Foi pura coincidência o facto de eu ter vivido a minha guerra como artilheiro, tanto mais que logo que entrei para a recruta o intimei a não interferir, fosse de que maneira fosse,  no meu percurso militar, tendo essa coincidência dado origem após o meu regresso a divertidas e acesas discussões sobre a rapidez e eficácia da nova geração de artilheiros, ao conseguir, por exemplo, pôr à noite granadas no ar em menos de três minutos. 


Todo este arrazoado visa sobretudo contrariar a tendência de queda das participações no blogue, pelo que me lembrei de contribuir com dois menus que vigoraram em duas confraternizações distintas entre artilheiros, meu pai e camaradas seus contemporâneos.


A imaginação posta ao serviço da ementa terá especial significado para os meus camaradas da Arma de Artilharia, dada a especificidade da linguagem.


A primeira tertúlia, realizada na extinta Cooperativa Militar, infelizmente não foi datada (Foto nº 2), tendo a segunda ocorrido em Março de 81 (, foto nº 1).


Se entenderem que este modesto contributo vale a pena ser publicado, o meu velhote, lá onde estará, ainda se vai rir, (**)


Abracelo grande, conto voltar em breve.


Carlos Arnaut
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Guiné 61/74 - P21745: Parabéns a você (1921): António Murta, ex-Alf Mil Inf MA da 2.ª Comp/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21742: Parabéns a você (1920): Mário Lourenço, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista da CCAV 2639 (Binar, Bula, Ponta Consolação e Capunga, 1969/71)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21744: O nosso blogue em números (69): No mundo globalizado, fomos vistos em muitos países, com natural destaque para Portugal (41%), EUA (25%) e Brasil (6%)...Cabo Verde e a Guiné-Bissau, infelizmente, ainda não aparecem no Top 20... São dois pequenos países, de resto com taxas de penetração da Internet desiguais: 63,3% e 12,7%, respetivamente



Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)


.  Gráfico nº 10 - Principais localizações dos nossos visitantes (em 10,6 milhões de visualizações de páginas, 2010-2020)

 
Gráficos nº 9 e 10 - Principais localizações dos nossos visitantes (leia-se: visualizações de páginas, entre maio de 2010 e o final de 2020): no Top  10, o destaque vai para Portugal (com  cerca 41% do total), seguido dos Estados Unidos da Amércia (25%) e o Brasil com 6%... Enfim, quando  comparamos estes dois gráficos com os do ano passado (*), a estrutura mantem-se no essencial 

Infografia: Blogger (2021) (com a devida vénia)


1. É caso para dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande"... 

A principal origem dos que visitam o nosso blogue, quase dois terços, é Portugal (41%) e os EUA (25%) Gráfico nº 9)

Segue-se, à distância, o Brasil (6%), a França (5%) e a Alemanha (4%). E ainda com mais de 1%, o Reino Unido e a Rússia.

Este perfil não se tem alterado desde 2014, ano em que o Brasil perdeu o 2º segundo lugar para os EUA. (**)

No mundo globalizado em que vivemos, somos vistos em muitos lados (Gráfico nº 10): seguem-se por ordem  decrescente (com menos de 1%) (,entre parêntesis indicam-se os números absolutos, em milhares) os seguintes países:

Polónia (87,6)
Espanha (71,9)
Ucrânia (60,9)
Região Desconhecida (58,5)
Canadá (50,8)
China (50, 6)
Itália (38,3)
Hong Kong (35,9)
Emiratos Árabes Unidos (26,3)
Paises Baixos (22,7)
México (19,9)
Suécia (19,1)
Outros (1,28 milhões).


Nesta lista dos Top 20, não aparece infelizmente mais nenhum membro da CPLP, e nomeadamente a Guiné-Bissau e Cabo-Verde, onde temos gente da Tabanca Grande. São, de resto,  dois países onde o grau de penetração da Internte é muito desigual:

(i) Guiné-Bissau: 12,7% da população, em finais de 2019,  usava a Internet. (População total, estimada em 2020: 1,998 milhões);

(ii) Cabo Verde: 63,3%, em finais de 2019, usava a Internet. (População estimada em 2020: 556 mil)

Fonte: Internet World Stats > Africa [consut em 7/1/2021)

(Continua) 
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Notas do editor:

(*) Vd, poste de 10 de janeiro de  2020 >   Guiné 61/74 - P20543: O nosso blogue em números (65): Quem nos visita vem sobretudo de Portugal (41%) mas também dos EUA (24%) e do Brasil (6%), usa o Chrome (38%) como navegador, e o Windows (77%) como sistema operativo...

(**) Último poste da série > 6 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21740: O nosso blogue em números (68): em 2020, no "annus horribilis" da pandemia de Covid-19, tivemos uma média de 4,5 comentários por poste (num total de 5410 comentários em 1202 postes)