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domingo, 31 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25024: Manuscrito(s) (Luís Graça) (242): De que nos servem os "anjos da guarda" se os que estão de serviço ao presépio deixam roubar o Menino Jesus em Vila Nova de Cerveira ? Não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que o roubei...






Vila Nova de Cerveira > 28 de dezembro de 2023 > Presépio, sem o Menino Jesus,  junto á igreja matriz local, também conhecida por igreja de São Cipriano (na foto acima, vista do Jardim Mestre José Rodrigues, Escultor, 1936-2016)

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


1. Viajando, "amuletado" e tristonho, pelo Alto Minho, na semana de dilúvio pós-natalícia, achei-me de repente numa praça, vazia,  de Vila Nova de Cerveira onde se erguia, na parede exterior da igreja matriz local, um presépio à escala humana. 

De máquina fotográfica a tiracolo, ali largado, sem grandes ideias nem expetativas, na rua principal da "Vila das Artes", despertou-me o presépio  a curiosidade de turista estúpido em férias... e fui lá espreitar. 

Tirei meia dúzia de  chapas. E só agora, de regresso a casa, na Madalena, Vila Nova de Gaia, ao visionar as fotografias que tirei na minha Nikon D-5300, comprada em Tóquio mas "made in Thailand", é que dou conta que a figura principal deste teatro sagrado estava ausente.  Na primeira foto, que publico acima, é bem visível  que o Menino Jesus não está no seu berço improvisado com as palhinhas da manjedoura do burro e da vaca,,,,

Pensei logo: algum engraçado da terra terá levado para casa, de noite, a imagem do Menino Jesus, para desgosto, no dia seguinte de manhã, da "canalha", do padre, da comissão fabriqueira, das beatas e do vereador do pelouro do turismo... (E até do burro, de orelhas espetadas,  sem esquecer  o pobre Baltazar que veio de longe, quiçá da Guiné, para trazer ao novo  Rei dos Reis a mirra, símbolo da imortalidade.)

Brincadeira, reinação, vandalismo, malvadez ?!...  Parece que todos os anos há cenas destas em Espanha. Roubam e sequestram o Menino Jesus, na Catalunha, por pirraça, bravata ou até com a intenção, já criminosa,  de pedir um resgate... E agora com as redes sociais, estas cenas são rapidamente imitadas...

Não sei se  foi o caso em Vila Nova de Cerveira, pacatíssima terra raiana onde vi poucos indígenas, e os raros de que  me aperecebi, em noite fria e chuvosa, num tasco, eram vizinhos galegos, em geral famílias, alegres e ruidosas,  que vieram  ao lado de cá do rio Minho para "tapear"... (Já não há o escudo nem a peseta, mas o raio do euro vale mais na margem direita do rio, pelo que os comes & bebes na margem esquerda são mais baratos.)

Fiquei deveras intrigado e até preocupado. Será que as autoridades lá da terra  (religiosas, autárquicas e policiais)  já deram conta do misterioso desparecimento do Menino Jesus, que era pressuposto estar nas  suas palhinhas deitado, e fortemente guardado por um "securitas" celestial  ?  

E se alguma beata, pela frincha da janela, me viu rondar o presépio e até tirar fotografias, com o meu ar estranho, suspeito e até louco ? Para mais com duas muletas, barba e cabelo comprido, não é difícil à PJ fazer-me um rápido-robô e depois ir, com mandato judicial na mão,  bater-me à porta da rua dom Afonso Henriques, na Madalena, onde procurei abrigo provisório por estes dias tristes, em fim de ano amargo como foi o de 2023... 

"Estou feito ao bife!"...  e ainda passo as festas do Ano Novo com termo de residência e identidade ou até pulseira eletrónica,,,  Enfim, não foi nada que não me tenha passado pela minha pobre cabeça!...Ou então foi algum pesadelo securitário que tive esta noite, fruto das pesadas digestões da quadra natalícia.... 

Daí apressar-me agora, a escassas duas horas do fim do ano,  para, publicamente, neste blogue de antigos combatentes da Guiné, protestar a minha inocência... Dormi em 28 e 29 de dezembro de 2023 num hotel por ali perto,  junto ao rio Minho, não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que roubei o Menino Jesus do Presépio da "Vila das Artes"...  

Só me resta desejar um noite descansada para aqueles que, na nossa terra e na nossa democracia, zelam pela nossa segurança, próxima, mediata e remota... E que para o ano sejam tão bons ou melhores zeladores  e guardiões  que o "anjo da guarda da minha companhia" que, na minha infância , me guardava  "de noite e de dia". Ámen.  

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25003: Manuscrito(s) (Luís Graça) (241): o meu primeiro Natal no Norte, em 1976

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25014: Natal 71, documentário de Margarida Cardoso (1999, 52 min)


NATAL 71 de Margarida Cardoso (1999) – excerto

(Reproduzido com a devida vénia...)

Ficha técnica:

Documentário : Natal 71 (1999) | 52 min

Realização: · Margarida Cardoso

Argumento: · Margarida Cardoso

Editado em DVD pelo jornal Público e pela Midas Filmes

Sinopse: 

(...) "Natal 71 é o nome de um disco oferecido aos militares em guerra no Ultramar português nesse mesmo ano.

Cancioneiro do Niassa é o nome que foi dado a uma cassete áudio, gravada clandestinamente por militares ao longo dos anos de guerra, em Moçambique.

Era o tempo em que Portugal era um grande império colonial pelo menos era o que eu lia nos livros da escola - e para que assim continuasse, o meu pai e grande parte da sua geração combateu nessa guerra, que durou treze anos.

Hoje transportamos, em silêncio, essas memórias. Olho para trás e tento ver.

Em casa do meu pai encontrei algumas fotografias, a cassete e o disco.

A cassete é uma voz de revolta, o disco é uma peça de propaganda nacionalista. São memórias de uma ditadura fascista. Memórias de um país fechado do resto do mundo, pobre e ignorante, adormecido por uma propaganda melosa e primária que nos tentava esconder todos os conflitos, e que nos impedia de pensar e de reconhecer a natureza repressiva do regime em que vivíamos. (...)

Fonte: Margarida Cardoso] (-) Fonte: CINEPT - Cinema Português (com a devida vénia...)

Guiné 61/74 - P25013: Facebook...ando (48): No tempo em que passva na televisão o "Natal do Soldado" (A. Marques Lopes, autor de "Cabra Cega", livro de memórias, 2015, 582 pp.)


A. Marques Lopes, 2015. Foto: LG

Com 268 referências no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, o  A. Marques Lopes é um histórico da Tabanca Grande, foi um dos primeiros dez a entrar, em 14 de maio de 2005, já lá vão quase 19 anos... 

Foi, além disso, um dos nossos mais ativos colaboradores, como autor, nos primeiros anos do blogue. Foi alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1967/68) e CCAÇ 3 (Barro, 1968/69), cor DAF reformado... Vive em Matosinhos, embora seja natural de Lisboa. 

Da sua página do Facebook repescámos uma postagem com quase dois anos ( 5 de fevereiro de 2022), sobre o "Natal do Soldado"- Republicamo-la aqui como forma de "prova de vida". Julgamos tratar-se de um excerto  do seu livro de memórias, "Cabra Cega" (2015).  Não o temos aqui à mão para poder confirmar esaa hipótese.  De qualquer modo, aqui vai, com a devida vénia ao autor, e votos de melhor  saúde e melhor ano novo de 2024. 

 
O Natal do Soldado

por A. Marques Lopes


Vi na televisão o “Natal do Soldado” e achei ridícula a repetição do “nós por cá todos bem” e “um ano novo cheio de prosperidades”, até me deu para rir com os que queriam um ano cheio de propriedades. Riram todos lá em casa também. 

O pai garantia que os que regressavam da guerra diziam que não tinham tido lá Natal nenhum, que as gajas do Movimento Nacional Feminino é que vinham com essa treta. 

No Natal, diziam-no os que tinham lá estado, recebiam um maço de cigarros, uma carteira de plástico, das de vinte e cinco tostões, e uma ou duas sandes. Para tanto folclore era ridículo, de facto. Mas essas gajas e os mandões todos andam à grande e à francesa de automóvel, explicava o pai. Pensei que havia de ter tempo para saber se era assim.

O pai, por estar já há muitos anos em Lisboa, perdeu um bocado do sotaque alentejano mas usava as mesmas expressões lá da terra e eu achava-lhe piada por isso.
– Esses filhos dum cabrão deviam era ver esta miséria que a gente come.

E espetava o garfo na massa com grão onde se escondia uma lasca de bacalhau.
Assomaram umas lágrimas aos olhos da mãe.

– A culpa é da guerra, e eu ando apoquentada porque os meus filhos ainda vão lá parar.

O pai ficou sério e baixou a cabeça para meter uma garfada à boca. O irmão não dizia nada, porque sempre que falava era sempre sobre o Tarujense, onde era guarda-redes, ou sobre as partidas de bilhar que disputava no salão do Jardim Cinema. A guerra não lhe dizia nada. Era mais novo dois anos e ainda não lhe dava para pensar nisso.

– Felizmente o Antero já está livre disso.

A irmã não sorriu mas tinha os olhos brilhantes de satisfação. Era verdade que o namorado dela, mais velho que eu uns três anos, já tinha feito a tropa como escriturário no Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, em Campo de Ourique. Já saíra sem ir para o Ultramar.

O pai abanou a cabeça.

–  Não sei, rapariga, não sei.

Ela ficou séria e os olhos sem brilho:

– O que é que o pai quer dizer com isso?

– Sabes lá ele se não vai lá parar. Se esta porra continuar vai como os outros. A miséria já existia antes da guerra e a guerra é para a miséria continuar porque interessa aos ricos. Eles é que mandam e querem que ela continue.

A mãe pôs as mãos ao peito.

–  Credo, homem, não digas isso que ainda me afliges mais.

Mas ele não ligou.

– Vocês já são crescidos mas parece que não se lembram da miséria que têm passado desde que nasceram.

– Mas agora estamos melhor, até temos uma casa só para nós.

O meu irmão abrira o bico, mas levou logo.

– Uma casa uma merda. Nem a porra duma retrete temos quando nos vamos agachar. E estás aqui porque tu e os teus irmãos trabalham em vez de andarem na escola, e eu nunca tive férias porque vou no verão trabalhar com tractores lá prós montes daquele cabrão de Ervidel. Se não fosse isso ainda estavas numa parte de casa. (...)




Capa do livro "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo do nosso camarada A. Marques Lopes) (Lisboa, Chiado Editora, 2015, 582 pp. ISBN: 978-989-51-3510-3, Colecção: Bíos, Género: Biografia).
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25008: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (23): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Janeiro e Fevereiro de 1971



"A MINHA IDA À GUERRA"

23 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO II - ACTIVIDADES NO TO DA GUINÉ

João Moreira



MÊSES DE JANEIRO E FEVEREIRO 1971

Foto/Postal de Natal para a família
Avioneta que danificou uma asa ao aterrar no Olossato.
Avioneta a ser metida dentro do Noratlas, em Fevereiro de 1971.
Avião Noratlas que foi ao Olossato buscar a avioneta.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24984: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (22): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo II - Actividades no TO da Guiné - Dezembro de 1970

domingo, 10 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24938: Estórias do Zé Teixeira (61): Crónica de uma tarde, em sábado de Festas Natalícias (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 9 de Dezembro de 2023:

Olá Carlos e Luís
Espero que este sábado esteja a correr bem - é Natal.
Junto uma crónica do que me aconteceu hoje ao sair da Tabanca de Matosinhos depois do nosso almoço de Natal.
Se entenderdes que merece ser publicada, estai à vontade.

Aproveito para dar a infausta notícia da morte da Zélia Neno, a ex-esposa do falecido Xico Allen.

Um Grande abraço e continuação de bom fim de semana.

José Teixeira


Crónica de uma tarde, em sábado de Festas Natalícias

Não sei se a culpa foi do “pisca” que se recusou a acender, se foi do automóvel que usualmente por defeito, costuma não trazer “piscas” ou… talvez os seus condutores não se lembrem que os “piscas” são para usar sempre que necessário. Talvez tenha sido o homem que orgulhosamente, pensou que os “piscas” são para os outros usarem… Talvez não tenha acontecido nada disto.

O certo é que, deparei com dois carros parados, com os piscas apagados, atravessados na autoestrada, ao sair da cidade e dois homens engalfinhados na relva húmida da berma. Uma outra viatura, tinha parado. Vi dois/três homens a aproximarem-se e parei. Saltei da viatura e juntei-me ao grupo, com os meus respeitáveis setenta e tantos anos, e conseguimos afastá-los.

As línguas soltaram-se e espalhavam brasas por todo o lado:
- Seu filho deste… olha o pisca… (e mais uma tentativa de aproximação).
- O pisca, o carvalho, seu fils de…

Ora agora, insultas tu, ora agora, insulto eu, num vai e vem de palavras, que não constam no dicionário por serem ocas e vazias de sentido, mas que ferem e incendeiam o ego… e matam… se matam!

- Olha que eu, …seu (ver no dicionário) – e mais uma tentativa de chegar a roupa ao pelo do outro… mais uma corridinha… mais uma barreira. – O pisca está lá é para se usar! Seu…

Logo de seguida trava-se uma investida do outro, que está muito nervoso. Leva tudo à frente, mas… é melhor parar e dar mais duas de língua.
Qual deles está com mais medo? Não sei. Estranhamente, eu sinto-me sereno, como quando estava na Guiné, depois de apanhar com as primeiras, que me atiravam para o chão.

- Calma! Calma! Vamos ficar por aqui! Não estrague a sua vida… entre para o carro… vá, vá-se embora... despreze quem não respeita a Lei.

…E havia no meio de tudo isto havia um “pisca” de um dos carros que não tinha acendido na devida altura. Pelo andar da contenda, creio que o proprietário continuava sem saber que o “pisca” estava lá nos comandos da viatura para ele utilizar.

No meio de tudo isto, havia dois carros parados no meio da estrada, sem se tocarem, a olhar espantados para tudo isto, a apreciarem este espetáculo.
E o raio dos “piscas” continuavam apagados.

O mais gratificante para mim, foi sentir a gratidão de um dos contendores, que ajudei a acalmar. Ao partir, já mais sereno, olhou-me nos olhos e disse: OBRIGADO.

Entrei no meu carro. Dei dois murros no volante e deixei-me invadir pela comoção.

9 de dezembro, depois de um almoço de Feliz Natal na Tabanca de Matosinhos.
José Teixeira

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23602: Estórias do Zé Teixeira (60): O Senhor Augusto - Parte III (Conclusão) (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23927: Boas festas 2022/2023 (11): Mensagens dos nossos camaradas e amigos: Jorge Paes da Cunha Freire, da CART 1612; Fernando de Jesus Sousa (DFA), ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 e José Manuel Cancela, ex-Sold Ap Met da CCAÇ 2382

BOAS FESTAS DOS NOSSOS CAMARADAS


1. Mensagem natalícia do nosso camarada Jorge Paes da Cunha Freire da CART 1612:

Começo por desejar um Feliz Natal a todos!
Desde há um tempo deixei de receber o emails diários, que apreciava muito, embora quase não interagisse. Agradeço que voltem a mandar-me os e-mails!

Um abraço a todos!
Jorge Freire,
CArt 1612


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2. Mensagem natalícia do nosso camarada Fernando de Jesus Sousa, DFA, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 6 (Bedanda, 1970/71):

Boa tarde meu bom amigo Carlos.
Espero que o teu Natal, bem como todo o pessoal da tertúlia, tenha sido excelente, com paz, saúde e amor.
O meu agradecimento a todos que me deram os parabéns.
O meu abraço de respeito e amizade, sejam felizes e que a saúde vos acompanhe.

Bom Ano 2023.
Fernando Sousa


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3. Mensagem natalícia do nosso camarada José Manuel Cancela, ex-Soldado Apont Met da CCAÇ 2382 (Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Buba, 1968/70):

A todos os camarigos da Tabanca Grande desejo um feliz Natal,e um novo ano com muita saúde e alegria...

José Manuel Cancela


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4. Comentário do editor

Com a certeza de partilhar o sentimento dos editores e colaboradores deste Blogue, deixo em nome de toda a equipa os votos de um excelente 2023 para a tertúlia e seus familiares, assim como para os nossos leitores em geral.
Em 2023 continuaremos a nossa missão de manter este blogue activo, contando para o efeito com a colaboração da tertúlia.
C.V.
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23913: Boas festas 2022/2023 (10): Mensagem dos nossos amigos nova-iorquinos Vilma e João Crisóstomo

sábado, 24 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23912: Boas festas 2022/2023 (9): Mensagens dos nossos camaradas e amigos: Hélder V. Sousa, ex-Fur Mil TRMS; Joaquim Costa, ex-Fur Mil API; José Câmara, ex-Fur Mil Inf; João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil e Idálio Reis, ex-Alf Mil Inf

BOAS FESTAS DOS NOSSOS CAMARADAS


1. Mensagem natalícia do nosso camarada Hélder Sousa, (ex-Fur Mil TRMS, TSF - Piche e Bissau, 1970/72)

Meus caros amigos e camaradas (e outros)
Com estas expressões acima, procuro que as mesmas sejam inclusivas para os "amigos" de diversos graus, ou seja de profundidade de interação, desde os superficiais aos mais profícuos, e também para os "camaradas", sejam os das Transmissões, os de Piche, os de Bissau, os que de mais perto ou de menos perto comungam pontos de vista próximos.
Claro que nesta época de grandes desejos de felicidade, e tendo em conta o meu cognome de "conciliador-mor" pressurosamente colocado faz tempo, não poderia deixar de incluir nestas palavras "os outros", aqueles que não se enquadram nas duas categorias anteriores.
Em épocas recentes acabava sempre por fazer um ou outro "escrito" marcado pela dor do falecimento da minha mãe no dia do Natal de 2012. Agora, passados 10 anos, embora ao chegar "a data" ainda mexa comigo, já consigo o distanciamento suficiente para vos desejar umas "Festas Felizes", ou seja, um "Bom Natal", comemorando o nascimento de Jesus que, embora parecendo um acontecimento intrínseco apenas à Fé Católica, na realidade se trata de algo que veio dar ao Mundo uma nova esperança de vida e de relacionamento entre pessoas, e também um "Feliz Ano Novo", embora se saiba que se trata apenas de um simples desejo, já que tudo indica que não será bem assim.

Então... para todos, "Festas Felizes"!
Hélder Sousa


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2. Mensagem natalícia do nosso camarada Joaquim Costa, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Inf da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74):


Para o Administrador, Editores e toda a "comandita" do nosso Blogue, um SANTO NATAL e um entrada à P**** em 2023.

São os votos deste sempre Periquito
Joaquim Costa



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3. Mensagem natalícia do nosso camarada José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73):

Caro amigo,
Que o Natal seja passado com muita paz e saúde, sem dúvida a melhor prenda que o Menino nos pode trazer, no seio da família.
Boas Festas e Bons Anos.

Abraço transatlântico.
José Câmara


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4. Mensagem natalícia do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais (BENG 447, 1968/71):
Bom dia,
Venho desejar-te os melhores votos de Feliz Natal por email pois perdi o meu telemóvel com todos os contactos.
Continuo porém a acompanhar e ler todos os dias o "nosso" blog.

Até breve,
Um abraço
João Rodrigues Lobo


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5. Mensagem natalícia do nosso camarada Idálio Reis, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835 (Gandembel, Ponte Balana e Nova Lamego, 1968/69):

Festas Natalícias felizes e um próximo Ano vivido em pleno no seio de toda a família.

Calorosamente,
Idálio Reis

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23908: Boas Festas 2022/23 (8): Relembrando a nossa partida para o CTIG, em 22/12/1971, recordando os mortos e desejando melhores dias para os vivos (António Duarte, ex-fur mil at inf, CART 3493/BART 3873, e CCAÇ 12, Mansambo, Bambadinca e Xitole, 1972/74)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23906: Boas festas 2022/2023 (7): Mensagens dos nossos camaradas e amigos: Joaquim Fernandes Alves, ex-Fur Mil Art; Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf; Antóno Ramalho, ex-Fur Mil Cav; Valdemar Queiroz, ex-Fur Mil Art e Ramiro Jesus, ex-Fur Mil CMD

BOAS FESTAS DOS NOSSOS CAMARADAS


1. Mensagem natalícia do nosso camarada Joaquim Fernandes Alves, ex-Fur Mil da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:

Boa tarde
Carlos Vinhal, Luís Graça e todos os colaboradores, do blogue muito particularmente e em geral a todos os que fazem parte do mesmo.
FELIZ NATAL em companhia dos nossos familiares e amigos e um ANO 2023 mais alegre.

Um ABRAÇÃO para todos
Joaquim F. Alves
(ZORBA CArt 1659)


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2. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70):

Prenda de Natal: o meu primeiro livro online.
Grato pelos comentários

Envio o link para aceder ao pdf:
https://maisribatejo.pt/wp-content/uploads/2022/12/Livro-Leituras-Inextinguiveis.pdf

Mário Beja Santos



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3. Mensagem do nosso camarada António Ramalho (ex-Fur Mil At Cav da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71):

Boas Festas para todos os meus amigos e familiares.

Um abraço
António Ramalho




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© Presépio José da Silva

4. Mensagem do nosso camarada Valdemar Queiroz, ex-Fur Mil Art da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70):

Boa tarde, caros amigos/camaradas.
Desejo-vos, e a vossas famílias, FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO 2023 com alguma prosperidade e saúde da boa.

Um grande abraço
Valdemar Queiroz


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5. Mensagem do nosso camarada Ramiro Jesus (ex-Fur Mil Comando da 35.ª CComandos, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73):

Bom dia, companheiros/camaradas darmas.
Aproveito para desejar-vos a vós e respectivas famílias, um óptimo Natal, votos também extensivos a todos os outros membros da Tabanca e desejar a todos que o ano 2023 seja o mais venturoso possível e que, ao menos, seja comedido no "ataque" ao grupo, pois já basta o normal deslizar do tempo para nos confrontar.

Boas Festas
Ramiro Jesus

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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23898: Boas festas 2022/2023 (6): As Mães e os anos da guerra... Feliz Natal, queridos companheiros (Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23860: Convívios (949): Almoço de Natal da Tabanca de Matosinhos, dia 14 de Dezembro de 2022, no restaurante Espigueiro, em Matosinhos, a partir das 12 horas (José Teixeira)


1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) com data de 8 de Dezembro de 2022:

Bem-vindo ao almoço de Natal na Tabanca de Matosinhos.

Quarta feira dia 14 de Dezembro na Tabanca de Matosinhos.

Podes vir acompanhado e traz uma pequena prenda para dar a alguém. Levarás de volta uma recordação deste dia que alguém trouxe para ti.

Um grande abraço

Pela Tertúlia da Tabanca de Matosinhos
Zé Teixeira

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE NOVEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23805: Convívios (948): 82.º Encontro da Tabanca do Centro, a levar a efeito no próximo dia 30 de Novembro no Restaurante "Tertúlia do Manel", Cortes, Leiria

sábado, 26 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23817: In Memoriam (463): Rui Alexandrino Ferreira (1943-2022)... Um excerto do livro "Quebo" (2014): Recordando os tristes acontecimentos que ensombraram Aldeia Formosa, na noite de Consoada de 1971, "se não a pior, uma das mais trágicas da minha vida"


Rui Alexandrino Ferreira (Angola, Sá da Bandeira, 
h0je Lubango, 1943 - Viseu, 2022) (*)





Guiné > Região de Tombali Aldeia Formosa > CCAÇ 18 (jan 197/set 72) > 1971 > Os primeiros foguetões 122 a serem capturados aos guerrilheiros do PAIGC. No foto, ao centro Cap Mil Rui Ferreira, comandante da CCAÇ 18, com dois dos seus homens, guineenses: o furriel mil Aristóteles Tomé Pires Nunes  e o furriel  mil Carlos Solai Só. Foto, com a devida vénia, reproduzida de "Quebo: nos confins da Guiné", Coimbra, Palimage, 2014, pág. 107. 




Capa do livro "Quebo: Nos confins da Guiné" (Coimbra, Palimage, 2014, 364 pp.).
Um exemplar deste segundo livro do Eui Alexandrino Ferreira, foi-me gentilmente ofertado pelo Manuel Gonçalves, ex-alf mil mec auto, CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73), Reproduzo aqui a sua dedicatória: "Tendo estado em Aldeia Formosa com o autor, quero partilhar com o meu ilustríssimo amigo Luís Graça alguma dessa vivência. Manuel Gonçalves, s/d  [2022] ".



1. Em homenagem ao nosso ten cor inf ref Rui Alexandrino Ferreira (1943-2022), deixamos aqui a sua versão sobre os tristes acontecimentos que ensombraram Aldeia Formosa, na noite de Consoada de 1971,  sob a forma de confrontos armados, opondo militares, guineenses, da CCAÇ 18, a camaradas, metropolitanos da CCS e da CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, jul 1971 / set 1973).  O Rui Alexandrino Ferreira estava então na sua segunda comissão no CTIG, desta vez a comandar a CCAÇ 18 (de janeiro de 1971 e setembro de 1972).

Trata-se de um excerto do seu livro "Quebo: Nos confins da Guiné" (Coimbra, Palimage, 2014). Com a devida vénia aos herdeiros do autor e à editora, a Palimage. É também uma homenagem à sua esposa, a quem dedica (a ela e às filhas) este livro, com palavras  de enorme ternura e humanidade que merecem ficar aqui registadas no nosso blogue:

"Este livro  (...) é principamente dedicado à minha esposa, que continua a ser dos meus sonhos o mais lindo, pro quem tive a ousadia de pedir a Deus: "Senhor! Cuida bem dela. Dá-lhe uma velhice calma e sem abrolhos, que a compense da imensidão de sacrifícios que por mim temfeito. Quando a tiveres de a chamar a Ti, não o faças sem primeiro o teres feito a mim, pois  sem ela nem o mundo seria o mesmo, nem a  minha vida teria qualquer sentido" (pág. 19).

Chama-se a atenção para o facto de haver outras versões dos acontecimentos a seguir relatados: vd. por exemplo, o testemunho do soldado do pelotão de morteiros que estva a altura em Aldeia Formosa, Joaquim dos Reis Martins ("Quebo: nos confins da Guiné", op cit, 2014,  cap 12º, ponto 10.5. A Revolta dos Militares Nativos, pp. 330-335); ou ainda a versão do nosso camarada Manuel Gonçalves, já aqui citado (**). 



Capítulo décimo primeiro – A noite dos horrores, ou o conflito armado entre metropolitanos e africanos e ainda a morte de Virgolino Ribeiro Spencer (pp. 197 – 202)


Por Rui Alexandrino Ferreira 



(...) Se durante a permanência do [BCAÇ] 2892, a coexistência entre brancos e africanos decorreu de forma natural, (…) dentro do aquartelamento e da povoação [de Aldeia Formosa] (…), com a chegada do [BCAÇ] 3852 tudo se tinha modificado.

(…) Sucedia que entre os fulas, para publicamemte mostrarem a grande amizade que os unia, estes se passeavam de mão dada. Tal facto foi originando alguns piropos da parte dos soldados metropolitanos, que foram agravando com o correr do tempo.

Longe de qualquer prática homossexual, que aliás não foi detetada nenhuma, na CCAÇ 18, durante todo o tempo em que lá estive (…). Os militares do [BCAÇ] 3852 pareciam, a este respeito, estar desinformados, pouco mentalizados, como se fosse coisa de que nunca tivessem ouvido falar.

Foram-se assim agravando as relações. E, se não me custa aceitar que havia alguns militares da [CCAÇ] 18, que estariam mais perto dos ideais do PAIGC, e atentos a uma oportunidade para lançar uma confusão, tal não me parece ter sido esse o presente caso.

Confusão que acabou por acontecer na noite da consoada de 1971. Foi seguramente, se não a pior, uma das mais trágicas da minha vida.

E tudo começou por uma violenta discussão entre africanos e metropolitanos no bar do Cabo Verdiano, envolvendo o campeonato de futebol da primeira divisão. Do Benfica ao Sporting (…), foi subindo de tom e passou para o futebol de Aldeia Formosa, onde tinha recentemente terminado o campeonato inter-unidades.

E assim, normalmente, acabava por vir a lume a minha própria pessoa. Não sendo efetivamente um elemento muito disciplinado, usando e abusando da força que então tinha, era extremamente corajoso, lutador e, sem ser violento, impunha o físico, nunca tirava o pé do sítio onde metia e raramente perdia um confronto a dois.

Tendo sido injustamente expulso durante um desafio por um furriel árbitro que, na busca de protagonismo, não encontrara melhor solução que me pôr fora de campo, ordenei então à equipa da 18 que abandonasse o terreno, pois o futebol para nós tinha acabado naquele momento.

Foi um alvoroço. Chamado às preces
 [ou à pressa ?]    o comandante [ten cor inf António Afonso Fernandes Barata], [este ] ordenou-me que fizesse reentrar o pessoal no campo, ao que lhe respondi que nem pensar.

− Então mando-os eu entrar – retorquiu.

−Essa é que eu gostava de ver, entrar um que fosse, depois de eu ter dito para o não fazerem.

− Então, eu prego-lhe uma porrada.

− E eu preocupado com isso, seguramente viu daqui para melhor, porque não há nada mais perigoso em matéria operacional do que uma companhia africana. E venha quem os ature.

− Mau…, então vamos conversar. O que é o senhor quer ?

− Mande substituir o árbitro.

E assim foi feito (…).

Do futebol se passaram às malévolas insinuações, se julgaram ações, se estabeleceram suposições, numa alusão a eventuais práticas homossexuais, metendo pelo meio o uso dos balandraus, alguns ricamente costurados, que os fulas usavam em ocasiões especiais, mas que efetivamente mais pareciam vestimenta de mulher.

E tudo acabou num confronto físico, quando um soldado africano enfiou pela cabeça abaixo de um soldado africano uma cadeira. Criadas fixaram assim as condições para o pandemónio que se seguiu.

Impotente para reagir fisicamente, dada a diferença de arcaboiço, o soldado africano foi a casa buscar a arma. Os soldados metropolitanos refugiaram-se no quartel e os africanos instalaram-se numa casa fronteiriça a este, de onde desencadearam o ataque.

A notícia chegou como uma bomba à tabanca da [CCAÇ ] 18 [fora do quartel, onde ficavam o comandante e os demais graduados da companhia].

− Nosso capitão, o pessoal está todo aos tiros uns aos outros.

(…) Desatmado, usando, tal como me encontrava, as calças do camuflado e uma t-shirt branca, dirigi-me rapidamente ao local do conflito.

Já então o tiroteio era verdadeiramente infernal. Os soldados metropolitanos tinham começado a responder de dentro para fora do quartel. Tendo feito rapidamente um balanço à situação, só havia um solução: terminar imediatamente com a troca de tiros, antes que a situação ficasse incontrolável.

Identificando-me e ordenando, tão alto quanto consegui, que pusessem fim ao tiroteio, avancei direto à casa onde se encontravam entrincheirados os soldados da 18.

Os tiros passaram por mim zumbindo, dilagramas iam rebentando um pouco por todo o lado. E fosse por intervenção divina, por interferência de Nossa Senhora de Fátima que protege os portugueses quando estes se encontram em más situações, ou pela intervenção que era conferida pelo amuleto que me fora dado pelo Cherno Rachid Jaló, não sofri nem a mais ligeira beliscadura.

Continuando a avançar em direção à casa, consegui que os meus soldados a abandonassem e assim se findou o tiroteio. No rescaldo, e num balanço final, tinha um dos majores um dos lados da cara completamente esfacelado, por se ter mandado abaixo do jipe que estava a ser atacado.

Mais grave, estava o Virgolino Ribeiro Spencer, um dois furriéis da 18, que transitava de boleia na motorizada do Ganga, outro furriel da mesma 18, que era avançado de centro da seleção da Guiné (…)[com família no Pilão]… [E a propósito do Pilão], ainda estava bem presente na mente de todos a morte de quatro elementos da polícia militar, vítimas de uma granada que lhes meteram dentro do jipe.

Virgolino Ribeiro Spencer foi inacreditavelmente atingido por uma bala que, tendo feito ricochete no farolim, o foi apanhar naquele exíguo pedaço do seu corpo, que não estava protegido pelo corpo do Ganga. (…)

Evacuado para Bissau, na madrugado do dia seguinte, morreu um dia depois [na realidade, umas três semanas depois, em 15 de janeiro de 1972]. Para o seu velório e enterro, Spínola mandou-me buscar a Aldeia Formosa.

Foi mais uma noite de profundo desgaste psíquico, físico e mental. Com o calor que se fazia sentir, o corpo já tinha começado a decompor-se. A família, num cantochão, misto de prece e oração, lamentava em conjunto a sua morte. Toda a noite, sem descanso, sem tréguas, sem intervalos. De madrugada, [eu] tinha os nervos arrasados. O enterro constituiu mais uma provação.

Mas voltando a Aldeia Formosa e à noite das facas longas, findo o tiroteio e após ter passado pela enfermaria, dirige-me à sala de operações onde se encontrava reunido o comando do batalhão. O comandante propôs-me então que se esquecesse o que se tinha passado, não informando Bissau do sucedido.

Ao que lhe respondi que não precisava ele de se preocupar em prestar qualquer esclarecimento, pois a essa hora já por toda a cidade de Bissau se sabia o que se tinha passado, com base no agente da PIDE, em Aldeia Formosa.

− E mais, temos de nos preparar para amanhã receber a visita de Spínola.

E assim foi. Formadas as unidades, Spínola determinou que os comandantes das companhias fizessem sair os cabecilhas. E quando viu que os elementos da 18, que tinha mandado sair, estava um cabo com uma cruz de guerra (que ostensivamente colocara), dirigiu-se-me dizendo que não era forma de tratar um herói nacional. Ao que eu respondi:

−Que em matéria de cruzes de guerra, ele ainda ficava a perder comigo.

A verdade é que Spínola estava absolutamente determinado a arranjar alguém que arcasse com as culpas e, se eu não lhe tenho respondido com a mesma arrogância, ele tinha-me passado por cima.

Embarcados os elementos que tinham sido dados como cabecilhas, Spínola regressou a Bissau.

De seguida, mandou quês e apresentasse em Bissau o comandante do [BCAÇ] 3852 e enviou, para Aldeia Formosa, o brigadeiro Ramires, comandante do CTIG, que, tendo como escrivão o major Carlos Azeredo, elaborou o auto respetivo. (Aliás, Carlos Azeredo conhecia muito bem Aldeia Formosa, pois tinha aí comandado um COP).

Ouvidos exaustivamente todos os possíveis intervenientes, foi o comandante punido. Salvo erro, com 12 dias de prisão disciplinar, findos os quais, foi mandado regressar à Metrópole.

No rescaldo, a vida regressou a uma efetiva normalidade, melhoram as relações entre militares, e eu sentia que o grosso que tinha que fazer naquela comissão já estava feito.

[Seleção / Revisão e fixação de texto / Parênteses retos / Negritos , para efeitos de publicação deste poste:  LG]

2. Comentário adicional do editor LG:

Chama-se a atenção para o facto de haver outras versões dos acontecimentos acima relatados, que podem divergir, nalguns aspetos circunstanciais ou até essenciais, da versão do Rui Alexandrino Ferreira. Costuma dizer-se que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Neste caso, ver por exemplo:

(i)  o testemunho do soldado do pelotão de morteiros que estava a altura em Aldeia Formosa, fotógrafo amador, e amigo do coamndante da CCAÇ 18, de seu nome Joaquim dos Reis Martins: ele próprio doou sangue para fazer uma transfusão ao furriel Spencer, assistido de imediato pelos quatro médicos do batalhão, por sorte todos reunidos nesse dia festivo em Aldeia Formosa: levado de helicóptero para o HM 241, logo no dia seguinte de manhã,   foi recuperando dos ferimentos de bala; mas terá morrido de uma hepatite no hospital (in "Quebo: nos confins da Guiné", op cit, 2014,  cap 12º, ponto 10.5. A Revolta dos Militares Nativos, pp. 330-335).

(ii) ou ainda a versão do nosso camarada Manuel Gonçalves, já aqui citado (**):. 

(...) Oficialmente, o exército considerou a  (...) morte   [do furriel mil Spencer] como "acidente". Na realidade, ele terá sido assassinado, quando circulava pela tabanca com a sua motorizada. Era um guineense, de origem cabo-verdiana,  sendo natural de Nª Sra. Natividade, Pecixe, Cacheu.

Era o único militar, ao que parece, que possuía uma motorizada  [o alf mil João Marcelino, da CCS, também tinha uma Honda, não sei se nessa altura, se mais tarde... LG] . 

Para o Manuel Gonçalves, terá sido morto mais provavelmnete morto por alguém da sua própria companhia. a CCAÇ 18,  As praças da CCAÇ 18 viviam na tabanca, estando por isso armados.

A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18,  a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.

Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spencer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois. (...)

Há outras referêcncias a estes acontecimentos da noite de Natal de 1971 em depoimentos prestados no livro do Rui Ferreira por militares que o conheceram e que com ele conviveram em Aldeia Formosa, quer pertencentes à CCAÇ 18 quer ao BCAÇ 3852. Não vamos, por ora, citá-los. Os seus depoimentos são importantes para se melhor conhecer o homem e o militar que foi o Rui Alexandrino Ferreira.

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Notas do editor:

(*) Último poste da sérue > 24 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23813: In Memoriam (462): Rui Alexandrino Ferreira (ex-Sá da Bandeira, Lubango, 1943 - Viseu, 2022), ten cor inf ref, ex-alf mil inf, CCAÇ 1420 (Fulacunda, 1965/67); ex- cap mil, CCAÇ 18 (Aldeia Formosa, 1970/72); autor de 3 livros de memórias: Rumo a Fulacunda (2000), Quebo (2014) e A Caminho de Viseu (2017)

(**) Vd. poste de 12 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19006: (De) Caras (120): A morte do fur mil, da CCAÇ 18, Virgolino Ribeiro Spencer, em Aldeia Formosa, em 15 de janeiro de 1972... Acidente ou homicídio na Consoada de Natal de 1971 ? A versão do Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS/ BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73).

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23752: Fotos à procura de...uma legenda (166): Que garrafa de... "bioxene" segura na mão o nosso camarada João Silva (1950-2022) e os demais elementos do grupo, na foto do Natal de 1973, no CIM de Bolama ? (Valdemar Queiroz / Fernando de Sousa Ribeiro)

Guiné > Ilha de Bolama > CIM de Bolama > Natal de 1973 > O João Silva, em primeiro plano, à esquerda, segurando na mão  uma garrafa que, ao nosso editor, pareceu de espumante, mas não devia ser...


Guiné > Ilha de Bolama > CIM de Bolama > Natal de 1973 >  Já agora quem seria este capitão matulão, em segundo plano, do lado direito?



Guiné > Ilha de Bolama > CIM de Bolama > Natal de1973 >  "Foto de grupo, cada militar segura uma garrafa de espumante que, se presume, foi-lhe oferecida"... (Detalhe)

Fotos (e legendas): © João Candeias da Silva / António Duarte (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Dois comentários, ao poste P23750 (*),  de leitores que estão sempre atentos ao detalhe e que, neste caso, não viram garrafas de espumante nenhumas...  

Vamos aceitar o desafio do nosso querido camarada Valdemar Queiroz que, além de leitor compulsivo do nosso blogue, é catedrátrico em matéria de passatempos do tipo "Descubra a  Diferença"... (Sabemos que o nosso blogue tem-lhe dado... anos de vida, a ele que, sofrendo de uma DPOC, vive sozinho trancado em casa, e que em matéria de "bioxene", já bebeu os DOC todos que tinha a beber, diz ele, com o seu proverbial bom humor de caserna).

(i) Valdemar Queiroz

Bem, no tempo que passei no CIM de Contuboel não tínhamos praia mas tínhamos rio. Também não nos foi oferecido garrafas de bioxene com fitinhas de Natal, mas foram igualmente tempos que nem parecia que estávamos na guerra da Guiné, como nestas fotos se pode observar.

E a propósito de garrafas de bioxene com fitinha de Natal que aparecem na fotografia, não parecem ser de espumante que seriam maiores e de rolha bem diferente, e nota-se não serem todas da mesma marca.

Vale uma carica a quem descobrir de que bioxene se trata, 'bora lá. (**)
(ii) Fernando de Sousa Ribeiro:

Ao olhar de lince do Valdemar não escapa nada. As garrafas parecem ser de "espumante" JB, Drambuie, VAT69, etc.



quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22833: Blogues da nossa blogosfera (167): "Os pães e os peixes", conto de Joaquim Mexia Alves no Blogue da Tabanca do Centro



OS PÃES E OS PEIXES

Ali estava na sua sala, sentado, completamente só na noite de Natal, pois os filhos estavam longe e desinteressados da sua vida, a mulher já tinha falecido e a vida madrasta tinha-o deixado apenas nos níveis de sobrevivência, sendo aquela casa o único bem que ainda possuía, não sabia por quanto tempo. Levantou-se e foi à cozinha ver o que haveria para comer na Ceia de Natal. Riu-se interiormente ao pensar em Ceia de Natal, ele que não tinha nada, ter uma qualquer refeição que se assemelhasse sequer a uma ceia, quanto mais a uma Ceia de Natal!

Abriu a caixa do pão e viu que tinha dois pãezitos (já um pouco duros) e numa caixa no frigorifico vazio, um carapau frito que já nem sabia de quando era.

Riu-se novamente, mas agora ruidosamente e disse alto, sabendo que ninguém o ouviria: Agora o que me fazia falta era Jesus Cristo para abençoar estes pães e este peixe e, assim, com certeza não faltaria abundância para uma verdadeira Ceia de Natal.

Pegou nos pães e no peixe, num copo de água e foi sentar-se na sala para comer então a sua paupérrima Ceia de Natal.

Apesar da escassez e de tudo o que estava a passar, a tristeza profunda que lhe causava esta Natal sozinho e sem nada, benzeu-se e agradeceu a Deus pelo pouco que tinha porque, apesar de tudo, haveria outros que nem isso teriam com certeza.

Pegou num pão, partiu-o e, quando se preparava para o começar a comer, bateram à porta.
Pôs o pão de lado, levantou-se e foi abrir a porta.

Era um casal seu vizinho com uma caixa grande nas mãos e que lhe disseram: Ó vizinho, sabemos que está sozinho e com dificuldades. Nós também estamos sozinhos, mas graças a Deus ainda temos que nos chegue e assim lembramo-nos de nos fazermos convidados para passar o Natal em sua casa, pois sabíamos que se o convidássemos o vizinho não iria a nossa casa. Deixa-nos entrar?

Embora envergonhado, abriu a porta e deixou-os entrar dizendo: Mas eu não tenho nada para comer! Tenho apenas uns pãezitos e um peixe!

Eles responderam: Não se preocupe. Trazemos aqui nesta caixa um bom peru assado e recheado, com os seus acompanhamentos, que irá servir de Ceia de Natal a todos nós.
Sem palavras, com a voz embargada, agradeceu e sentaram-se à mesa.

Mas, mais uma vez, bateram à porta e ele lá se levantou para ir abrir.

Desta vez era um casal bem mais jovem, com o seu filho ainda criança, seus vizinhos também, e que lhe disseram: Sabíamos que estava sozinho, que se o convidássemos para nossa casa não iria, por isso viemos fazer-lhe companhia nesta noite de Natal. Espero que não leve a mal e nos deixe entrar.

Bem, pensou ele, se já cá estão uns porque não deixar entrar estes também.

Foram entrando e entregando umas caixas dizendo que eram bolos para adoçar a noite.

E, novamente, lá se sentaram todos à mesa. Ele, já bem mais disposto, perguntou alto se mais alguém bateria à porta.
Ainda não tinha acabado de falar e novamente tocam à porta.

Desta vez era um vizinho, só como ele, mas que vivia bem, e lhe disse: Pensei para mim que estando sozinho e o vizinho também, faria mais sentido vir bater à sua porta, fazer-me convidado e assim fazermos companhia um ao outro. Trago aqui umas garrafas de vinho para acompanhar o que houver para comer.

Espantado, admirado, deixou-o entrar e finalmente sentaram-se à mesa, que agora se apresentava bem guarnecida com o peru e os seus acompanhamentos, diversos bolos e vinho que chegava à vontade para todos.
De repente lembrou-se do que tinha dito alto na cozinha quando estava sozinho, de que o que precisava era de Jesus Cristo para abençoar a comida e assim haver abundância na sua mesa.

Soltou uma gargalhada e contou a todos os outros o que tinha acontecido, o que tinha dito e como via ali a multiplicação dos “pães e dos peixes” e também dos amigos.

Riram-se todos com alegria, rezaram um Pai Nosso em acção de graças e a criança disse toda contente: Hoje é mesmo Natal!!! O Menino Jesus está mesmo aqui connosco!!!

Monte Real, 22 de Dezembro de 2021
Joaquim Mexia Alves
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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE NOVEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22758: Blogues da nossa blogosfera (166): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (73): Palavras e poesia

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22805: O meu sapatinho de Natal (9): Os meus Natais de 1970, em Bambadinca, e 1971, no Saltinho (Mário Migueis da Silva, Ex-Fur Mil Rec Inf)

Ilustrações do cartunista Augusto José de Matos Sobral Cid (Horta, 1941 . Lisboa, 2019). Cromomensagens, Edição dos Estúdios Arte, s/d. É um dos grandes cartunistas portugueses.

"Durante a comissão militar prestada no leste de Angola entre 1966 e 1967 produziu uma série de caricaturas publicadas na Revista Militar de Luanda que, mais tarde, foram compiladas no livro Que se Passa na Frente?!! (editado pelo autor em fevereiro de 1974), onde Cid denuncia o nonsense que é a guerra." (Fonte: Infopédia >Augusto Cid)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Migueis da Silva (ex-Fur Mil Rec Inf, BissauBambadinca e Saltinho, 1970/72), com data de 11 de Dezembro de 2021:

Caro Carlos Vinhal:

Para eventual publicação durante a presente quadra natalícia, junto oito postais de Boas-Festas, os quais me foram remetidos por familiares no Natal de 1970, e outras tantas fotografias alusivas ao Natal de 1971. E, já agora, meia dúzia de letras introdutórias, tal como segue:


O meu primeiro Natal na Guiné passei-o em Bambadinca, onde me encontrava a estagiar por conta do Serviço de Informações Militar. Era meu tutor do estágio o Major Barros e Basto, responsável pelo Serviço de Operações e Informações e 2.º comandante, em exercício, do BART2917. 

Ali encontrei o Luís Graça e os restantes elementos da CCAÇ 12, dois dos quais, o Roda e o Pina (furriéis milicianos), eram meus companheiros de quarto. Ali tinha lugar também, para além de outras unidades, o Pelotão de Reconhecimento Daimler (Cavalaria) do Alferes Jaime Machado, depois substituído, salvo erro, pelo Alferes Vacas de Carvalho, e do Sargento Paulino das bigodaças loiras e retorcidas à senhor morgado. 

Muito haveria/haverá para contar destes três meses passados em Bambadinca, mas o facto de, infelizmente, não poder dizer maravilhas de algumas das personagens que lá conheci e com as quais tive uma relação de muita proximidade por força do “ofício” tem-me refreado os ímpetos que, de longe em longe, me levam ao teclado com vontade de “cortar a direito”. 

E, assim sendo, aqui vai, em alternativa, uma simples mensagem de paz e amor para todos os nossos “tabanqueiros” e simpatizantes, com a reprodução de oito postais de Boas-Festas que, nesse Natal de 1970, me foram remetidos por familiares (é interessante verificar que os nossos familiares, para além de se preocuparem com o nosso bem-estar físico, não esqueciam a importância do nosso estado de espírito, procurando, a cada momento, animar-nos, levantar-nos a moral).

O Natal de 1971, esse, passei-o já no Saltinho, para onde fui destacado, em diligência, após o estágio referido e um mês de formação na Sala de Informações do Comando-Chefe (Fortaleza da Amura). 

Tal como no ano anterior em Bambadinca, não houve ceia na noite de Natal, pois os aquartelamentos estavam de prevenção. Mas, no Saltinho, no dia 25, houve almoço melhorado para todas as praças, tendo os comensais da messe da oficiais e sargentos almoçado numas instalações improvisadas na ampla varanda de um abrigo, dado o elevado número de participantes reunido. É para esse almoço que vos remetem as fotografias que estou a anexar, as únicas, aliás, de que disponho alusivas ao Natal de 1971.

Boas Festas para todos,
Esposende, 10 de Dezembro de 2021
Mário Migueis

N.B. – Já que não fiquei mal de todo face à objetiva de não sei quem, anexo igualmente duas fotos minhas tipo passe, uma de farda nº 2 e crachá do Q.G. – o pipi do ar condicionado –, remontada ao tempo em que estive em Bambadinca, e outra, de camuflado, em que já sou um homem-feito, bigodes de respeito e ares de grande guerreiro, por alturas da minha estada no Saltinho.
25/12/71 - Almoço Natal 71 – Saltinho. Da esquerda para a direita: Fur Mil Migueis da Silva (S.I.M. / Informações); Fur Mil Faria (Transmissões); Fur Mil Bernardes (Armas Pesadas); mais atrás, o 1.º Cabo Lourenço (Messe de Oficiais e Sargentos)
25/12/71 - Almoço de Natal. Ao fundo, da esquerda para a direita: Sargento Calado (Logística), seguindo-se-lhe os furriéis milicianos Migueis da Silva, Faria e Bernardes; de perfil, à esquerda: Fur Mil Reis (Mecânica/Auto).
Fila da esquerda, os três primeiros: furriéis milicianos, Josué e Vale (Atiradores) e Pires (Professor), todos da CCAÇ 2701. Fila da direita, os três primeiros: furriéis milicianos, Freire (Enfermeiro da CCAÇ 2701), ……?…….. e Gomes, ambos do Pel Caç Nat 53.
Sem legenda
1970 > Mário Migueis em Bambadinca
1971 > Mário Migueis no Saltinho
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"