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terça-feira, 26 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23461: Blogues da nossa blogosfera (169): O blogue de Alberto Hélder, antigo árbitro de futebol, e que fez a comissão de serviço militar em São Tomé e Príncipe (1964/66): destaque para as séries já concluídas: A Polícia Militar no Ultramar, Os Comandos nos três teatros de operações da guerra do ultramar; o Estado da Índia - 466 anos de história... E para a série em curso, As Companhias Móveis de Polícia

1. O blogue "Alberto Helder" foi criado em agosto de 2007,  por Alberto Hélder (nascido em Lisboa, em 1942). É um conhecido antigo árbitro de futebol.  Fez o serviço militar no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, como Soldado e depois 1.º Cabo de Transmissões de Infantaria, entre junho de 1964 a junho de 1966. 

"Blogar" é agora das suas paixões, depois de reformado. O seu blogue tem uma  exaustiva investigação sobre os Comandos na guerra do Ultramar (série iniciada em 15 de dezembro de 2019): sua composição orgânica, lista das principais operações, condecorações e louvores, mortos e feridos, incluindo os fuzilados pelo PAIGC a seguir à independência, no caso do Batalhão de Comandos Africano, etc. (*)

Tem outras séries que podem interessar os nossos leitores tais como a Polícia Militar no Ultramar...

É de  referir, no entanto, que a "navegação" neste blogue blogue não é amigável, não havendo links de ligação entre os diferentes postes. É,  em todo o caso, um trabalho de grande mérito, que merece o nosso aplauso e apreço.(**)
 

2. Mensagem de Alberto Hélder, de 25  do corrente, às 18h56, e dirigida ao nosso camarada Virgílio Teixeira, com conhecimento ao nosso blogue:

Exmº Senhor
Virgílio Teixeira

Ilustre! Boa tarde.

Muito, mas muito feliz fiquei com a sua mensagem e as excelentes imagens, nalgumas delas com o tema que estou a trabalhar: a Polícia! (***)

Portanto, aqui fica o meu profundo e sentido agradecimento pela valiosa e importante colaboração no projeto “As Companhias Móveis de Polícia no Ultramar”.

Quanto ao título que adotei para o tributo àqueles que tudo deram em Goa, Damão e Diu, fui buscá-lo aos primórdios da sua designação pelos portugueses àquele território, lá bem longe… Não existe outra razão.

Devo dizer que tal empreendimento é dedicado ao meu irmão (Fernando Plácido Henrique dos Santos: 18.09.1939/04.11.2002), que foi um dos soldados prisioneiros, aquando da invasão de 18 de dezembro de 1961.

Quanto ao resto resta-me destacar o muito material que me enviou, assim as amáveis palavras que me dedica, que muito agradeço.

Entretanto, caso seja de interesse, divulgo a seguir os trabalhos que, até agora, publiquei no meu espaço na net, podendo aceder em:

A POLÍCIA MILITAR NO ULTRAMAR

130 episódios – de 15 de maio de 2107 a 4 de setembro de 2017

http://albertohelder.blogspot.com/2017/05/tributo-policia-militar-apresentacao-do.html

OUTRAS UNIDADES MILITARES QUE SERVIRAM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

32 episódios – de 29 de novembro de 2018 a 29 de janeiro de 2019

 http://albertohelder.blogspot.com/2018/11/unidades-militares-que-serviram-na.html


OS COMANDOS NOS TRÊS TEATROS DA GUERRA DO ULTRAMAR

201 episódios – de 15 de dezembro de 2019 a 28 de maio de 2021

 http://albertohelder.blogspot.com/2019/12/os-comandos-nos-tres-teatros-da-guerra.html


MILITARES FALECIDOS NO COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

1 episódio – em 3 de janeiro de 2021

http://albertohelder.blogspot.com/2021/01/militares-falecidos-na-entao-provincia.html


ESTADO DA ÍNDIA – 466 ANOS DE HISTÓRIA

66 episódios – de 27 de setembro de 2021 a 25 de junho de 2022

http://albertohelder.blogspot.com/2021/09/estado-da-india-466-anos-de-historia.html

Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22271: Blogues da nossa blogosfera (161): Os Comandos nos Três Teatros da Guerra do Ultramar (1961/75) (Alberto Helder)


Vd. também postes de:

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)

24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23456: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): (i) A 7.ª Companhia Móvel de Polícia atuava também fora de Bissau? (ii) Onde se situava, em Bissau, a sede ou o aquartelamento principal da PSP? (Alberto Helder)

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23459: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (95): PSP / 7ª Companhia Móvel de Polícia: selecção de fotos da visita a Bissau, de Américo Tomás (em 2/2/1968) e de Marcelo Caetano (em 14/4/1969) (Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933, Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Guiné > Bissau > 2 de fevereiro de 1968 > Início da visita do presidente da república, alm  Amério Tomás à Guiné > Do lado esquerdo, há uma oficial da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia empunhando um rádio portátil


Guiné > Bissau > 2 de fevereiro de 1968 > Início da visita do presidente da república, alm Américo Tomás à Guiné > Em primeiro plano, dois elementos da sua segurança, de óculos escuros, que tanto podem ser da agentes da PIDE, como da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Aeroporto de Bissalanca > Do lado direito, em segundo plano, dois agentes da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Aeroporto de Bissalanca > Do lado esquerdo, em primeiro plano, um batedor que tanto podia ser da Polícia Militar como  da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia, mais dois agentes da PSP em segundo plano, do lado direito.
 

Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Em primeiro plano, ao centro, um agentte da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Em primeiro plano, um oficial daPSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia com dois elementos que parecem ser representantes da administração da cidade (a farda não parece ser da marinha). 


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > 
Do lado direito, assinalado a amarelo, um agente do recrutamento local, que tanto pode ser da Polícia Administrativa  como da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Do lado esquerdo, assinalado a amarelo, um agente, do recrutamento local, que tanto pode ser da Polícia Administrativa  como da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Do lado esquerdo, em primeiro plano, mais um graduado da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Polícia.


Guiné > Bissau > 14 de abril de 1969 > Visita presidencial do Professor Marcelo Caetano a Bissau > Em primeiro plano, de costas, elementos da PSP / 7.ª Companhia Móvel de Policia.

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Virgílio Teixeira, com data de ontem, 24, às 22h51:

Em continuação do que escrevi (*), fui procurar algumas fotos dos meus álbuns e descobri as que estou a enviar.

São as visitas de Américo Tomaz, em 02-02-68,  e de Caetano, em 14-04-69, à Guiné.

Não tenho a  certeza mas há aqui fardas cinzentas e boné o que não era normal nas Forças Armadas, aí presumo serem de polícias. Peço que façam a vossa observação, e digam se são ou não de Polícia Local.

Abraço, 
Virgílio Teixeira

2.  Seleção de fotos, com elementos da PSP,  do álbum do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. Excertos de diversos postos relativos às visitas à Guiné, de Amério Tomás (iniciada em 2/2/1968) e Marcelo Caetano (14/4/1969);

(...) Américo Tomaz  (**) chegou ao Porto de Bissau a bordo do navio Funchal, tendo sido recebido por uma enorme multidão da população civil, e representantes dos 3 ramos das Forças Armadas, com especial relevância para a Marinha e Fuzileiros, bem como a Polícia Civil , a Polícia Militar, a Força Aérea, os Comandos e o Exército em geral, além das entidades oficiais da época, entre eles o General Arnaldo Schulz, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Feita a recepção, a comitiva percorreu de automóvel em primeiro lugar a Estrada Marginal do Porto de Bissau, depois outras ruas mais importantes, como a Avenida da República que leva até ao Palácio do Governador. Ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada e ruas encontrava-se grande número de pessoas guineenses apoiando com bandeiras, danças e outros roncos o Presidente de Portugal Almirante Américo Tomaz.

A população recebeu bem o nosso Presidente da República, demonstrado por vídeos e pelas fotos de arquivo do Arquivo Histórico Militar, e pelas minhas fotos pessoais de minha autoria.

Não estive em todo o lado porque não era possível, as dificuldades de passar barreiras eram enormes, não entrei no cemitério onde se realizou uma cerimónia, mas ainda assim pude fotografar a 2 metros o Almirante Américo Tomaz, e esposa Gertrudes, Spínola, Ministro do Ultramar e tantas outras individualidades, incluindo os seguranças da PIDE. (...)

Marcelo Caetano (***), chegou a Bissau, em 14 de abril de 1969, no âmbito de um périplo pelo Ultramar português, em guerra (Angola, Moçambique e Guiné). No dia seguinte, 15, ele partiria para Luanda:

(...) Tendo viajado em avião da TAP, desembarcou em Bissalanca, onde era aguardado por uma enorme multidão, e pelas autoridades militares e civis da províncica, incluindo elementos da PSP / 7.ª Companhia de Polícia Móvel. Recorde-se que o com-chefe e o governador geral da província eram então o general António Spínola, já com um ano de Guiné (desde 20 de maio de 1968).

Depois das boas-vindas e recepção protocolar ao ilustre visitante, a comitiva percorreu de automóvel o percurso entre o aeroporto de Bissalanca e a cidade de Bissau, uns 10 quilómetros aproximadamente, sendo visível ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada um grande número de guineenses, apoiando com bandeiras e outros adornos e roncos o "homem grande" de Lisboa.

Pelo que pude observar, a população recebeu bem Marcelo Caetano. Não estive em todo o lado porque não era possível, dadas as dificuldades de passar barreiras que eram enormes, mas ainda assim pude fotografar Marcelo Caetano no carro nas Avenidas de Bissau.(...)

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste 24 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)

(**) Vd. postes de :

26 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18358: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - Parte I

27 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18360: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - II (e última) parte

(***) Vd. postes de:

15 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18320: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVI: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 24 de abril de 1969 (I)

16 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18323: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 24 de abril de 1969 (II)

17 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18326: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XVIII: Visita, a Bissau, do presidente do Conselho de Ministros, prof Marcelo Caetano, em 14 e 15 de abril de 1969 (III)

domingo, 24 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)


Foto nº 1A > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador (Pormenor)


Foto nº 1 > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador.  


Foto nº 2 > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia Comemorativo da PSP em Bissau. Da esquerda para a direita: Chefe Campante,  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.


Foto nº 3 > Guiné  > Bissau > 1967 >   Traseiras da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim



Foto nº Foto nº 4 > Guiné  > Bissau > 1967 > Elementos da população nas  traseiras  da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim

Fotos do álbum do chefe da PSP Virgílio Campante. Cortesia de Arquivo Digital"Aveiro e Cultura" e do José Gonçalves


1. Mensagem de José Luís da Silva Gonçalves, que pertenceu à 2ª C/BCAV 8230/73  (Olossato e Bissau, jun74/out74) (*):


Data - 24 jul 2022 13:20
Assunto - Onde parava, em Bissau,  a PSP e a 7ª CMP

Meu caro Luis Graça, hoje, ao ler o artigo de Alberto Helder (**), fiquei curioso, porque também não me recordo de ter visto nenhum PSP, quando estive em 1974,  integrado na 2ª Companhia do BCAV 8230/73, em Bissau, aquartelados no quartel da Amura.

Naquele tempo já os edifícios principais eram guardados por patrulhas mistas do PAIGC e das nossas tropas.

Quando li o artigo no Blogue, comecei a fazer pesquisa na internet e fui parar ao Arquivo Digital "Aveiro e Cultura", do Agrupamento de Escolas José Estêvão (AEJE), onde realmente obtive alguma informação, da qual extraí umas fotos, que provam, que realmente existiu a 7ª Companhia Movel da Polícia, e que mando em anexo (vd. fotos acima)

A localização do aquartelamento, segundo pude constatar, era nas traseiras do Bairro Bandim (seria no nosso tempo o Pilão?) (Fotos nº e 4).

As fotos que vou enviar-te são de 1967 e de 1968, da autoria do Chefe Campante. A foto nº 1ª refere-se ao desfile do dia da Polícia, e na 2ª podem-se ver o Chefe Campante (autor das fotos),  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.

Não vou dar por encerrado este assunto, e tentar dar resposta ao Alberto Helder, em algumas questões que ele colocou, tentando através do meu grupo de "Veteranos da Guerra Colonial do Concelho de Almada".

Abraço grande, José Gonçalves

2. Outros esclarecimentos, colocados na caixa de comentários do poste P23456 (**):

(i) Amilcar Mendes:


A 7ª CM da PSP de Bissau estava localizada em Bandim, fronte ao grande depósito de água, que se avistava ao longe.

Fui lá almoçar algumas vezes com um amigo PSP de Lisboa.


(ii) Carlos Pinheiro;

Tenho estado a fazer um apelo à minha memória, que já não é o que era, mas penso que no meu tempo de Bissau (1968/70), terão existido duas esquadras da PSP na cidade, A principal não me consigo recordar onde era, mas a segunda, constituida por agentes locais, com farda da PSP ou muito idêntia, era perto do Pelicano. Se estiver errado, desde já as minhas desculpas. 

Um abraço para todos os camarigos.


(iii) Valdemar Queiroz:

Do que me lembro, nunca vi nenhum agente da PSP, ou farda parecida, a fazer giros em Bissau.

Da vez que estive de serviço em Brá, fui ao Quartel da PSP junto do Depósito da Água, que tinha uma cantina visitada pela tropa.

Julgo que o policiamento civil, melhor dizendo "resolver" problemas civis, nas localidades mais populosas era feito pelos sipaios. Por exemplo,  em Bafatá os sipaios podiam multar quem andasse descalço (!),,, Sim, e a multa era a compra de um chinelos de meter o dedo.

24 de julho de 2022 às 17:29


(iv) Virgílio Teixeira:

(...) Em relação à minha estadia na Guiné Portuguesa (depois, CTIG - Comando Territorial e Independente da Guiné) entre os anos de 1967-1969, dei conta de alguns polícias brancos, fardados como na metrópole, junto a alguns sítios que me lembro, mas nunca falei com algum, talvez porque era bem comportado:

- No mercado local que frequentava:
- No BNU onde ia regularmente;
- No Aeroporto quando embarcava e desembarcava;
- Junto ao Palácio do Governador;
- E inevitavelmente ao redor do 'grande Pilão';
- E  talvez nas ruas e como sinaleiros, mas não tenho certezas.

Talvez haja mais mas não me lembro, como acontece não me lembrar de ver a Policia Militar, é estranho mas é assim.

Sobre as localizações da esquadra ou esquadras da Policia, vou mais para os lados do mercado de Bandim, tenho uma vaga ideia, que pode ser errada, e só me lembrei por alguém a referir aqui.

Nunca fui apresentar nenhuma 'queixa' à Policia!

Nos outros locais, quer em Bafatá onde fui muitas vezes, Nova Lamego, ou São Domingos, como sendo sedes de circunscrições, não havia Policia mas sim os chamados sipaios, que faziam parte da administração local.

Espero ter dado algum contributo.

Fiquem bem, e haja saúde para todos.

Virgilio Teixeira
Ex-Alferes Miliciano d
o SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego, Bissau e S. Domingos, 21set67 /  4ago69).

24 de julho de 2022 às 18:29



Planta da cidade de Bissau já no pós-independência (c. 1975/76). Localização dos bairros populares Bandim, Alto Crim e Pilão. Cortesia de A. Marques Lopes (2005).  

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)

___________

Notas do editor:

(*) Sobre a 2ª C/BCAV 8320/73:

(i) unidade mobilizadora: RC 3, Estremoz;

(ii) comandantes: Cap Mil Grad José Manuel Santos Jorge | Cap Inf António dos Santos Vieira
(iii) chegou a Bissau, nos TAM,  em 22/6/1974 e regressou a 14/10/74;

(iv) seguiu de imediato para o Olossato, a fim de substituir a CArt 6254/72, assumindo a responsabilidade do subsector de Olossato com um pelotão em Ponte Maqué, em 4/7/74 e ficando integrada no seu batalhão;

(v) Em 7/9/74, após desactivação e entrega dos aquartelamentos de Ponte Maqué e Olossato, foi colocada em Bissau, na dependência do seu batalhão até ao seu embarque de regresso;

(vi) o BCAV 83290//3 ficou integrado no dispositivo de segurança  protecção das instalações, sob dependência do COMBIS, constituindo o sub-comando Amura, a partir de 9/9/74 (em 20/8/74, por extinção do COMBIS, passou à dependência directa do Comando-Chefe.

Guiné 61/74 - P23456: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): (i) A 7.ª Companhia Móvel de Polícia atuava também fora de Bissau? (ii) Onde se situava, em Bissau, a sede ou o aquartelamento principal da PSP? (Alberto Helder)

 
A PSP acaba de comemorar 155 anos de
existência.  A sua origem remonta a 2/7/1867, em que
foi criada a Polícia Cívica de Lisboa e do Porto,
Esteve também presente nos teatros de operações da
guerra do ultramar através das 
Companhias Móveis de Polícia (CMP), entre 1960 
e 1974. No TO da Guiné, havia a 7ª CMP, 
sediada em Bissau

1. Mensagem de Alberto Helder, autor do blogue "Alberto Helder":

Data - domingo, 26/06/2022, 16:31

Assunto - Estado da Índia: 466 anos de história | Solicitação: 
a Companhia Móvel de Polícia da Guiné

Ilustre e Nobre Amigo
Luís Graça.

Boa tarde!
Espero que esteja bem assim 
como os seus familiares e amigos.
 Por cá, felizmente já estamos 
libertos do vírus da moda.

Com os melhores cumprimentos dou conta que acabei de publicar ontem no meu blog, o último episódio da série “Estado da Índia-466 anos de história”, cuja tarefa foi iniciada em 27 de setembro de 2021, e, para efeitos 
de divulgação, coloco-a à sua disposição, se assim o entender.

Entretanto, vou iniciar as correspondentes pesquisas para avançar com o novo projeto, complexo, enorme e histórico, intitulado: “As Companhias Móveis de Polícia no Ultramar”, as quais foram mobilizadas para Angola (9), Moçambique (3) e Guiné-Bissau (1) e que foram envolvidos mais de 7.500 agentes policiais, tendo ocorrido, infelizmente, cerca de 60 óbitos e atribuídas perto de 50 Medalhas de Cruz de Guerra.

É sobre este tema que solicito, por favor, que me esclareça o seguinte: dado que os elementos das unidades policiais que estiveram em Angola e Moçambique fizeram os seus serviços não só nas Capitais de Distrito, nas suas Esquadras, como em postos policiais sediados noutras localidades e em muitos outros lugarejos, onde tiveram baixas em combate, nas operações que faziam em conjunto com o Exército, já os agentes que estiveram na Guiné (7.ª Companhia Móvel de Polícia), e segundo as suas Ordens de Serviço, os locais das suas patrulhas eram nas: 
  • Instalações da Sacor,
  • Central Elétrica,
  • Mãe d’Água, 
  • Palácio do Governo, 
  • Emissor de Radiodifusão, 
  • CTT, 
  • Armazéns de arroz, 
  • Mercado Municipal, 
  • Banco Nacional Ultramarino (BNU), 
  • Tribunal Judicial, 
  • Aeroporto, 
  • Junta Autónoma dos Portos, 
estruturas situadas, penso, na cidade de Bissau. 

E nos arredores? Como em Bafatá, Bór e Ilha das Galinhas, haviam postos policiais? Ou noutras localidades? Os agentes da Guiné-Bissau participavam nas operações militares com o Exército? (*)

Peço, pois, o especial favor de me facultar as suas preciosas informações, assim como indicar onde se situava o aquartelamento principal da Polícia de Segurança Pública (PSP) em Bissau. (**)

Muito e muito obrigado pela sua importante e valiosa informação.

Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
 

2. Comentário do nosso editor LG:

Obrigado, Alberto Helder pelo contacto. Pedimos desculpa pelo atraso na resposta. E damos-lhe os parabéns pelos trabalhos que tem publicado.  

Temos, infelizmente, pouca informação sobre a 7.ª Companhia Móvel de Polícia (temos apenas 3 referências à 7.ª CMP, e outras tantas à PSP), a sua orgânica, a sua área de atuação, o seu historial, etc. 

Pessoalmente não me lembro de ver, fora de Bissau, uma farda da PSP. E em Bissau, via-se o polícia sinaleiro e pouco mais. Não sei onde era a sede da PSP, em todo o caso não seria longe do Pilão (**).

 Fora de Bissau, a nível das circunscrições e postos administrativos, havia a polícia administrativa, constituída por elementos locais (vulgo "cipaios").  Mas julgamos que muitas das suas funções acabaram, com o tempo,  por ser assumidas pelo exército e/ou pelas milícias. E, se calhar em Bissau, pelas próprias Companhias de Polícia Militar.

Nos livros da CECA (Comissão de Estudo para as Campanhas de África), e no que diz respeito à Guiné,  há escassas referências à 7.ª CMP (***), onde em novembro de 1973 haveria problemas de recrutamento de elementos europeus e de enquadramento. O COMBIS (Comando de Agrupamento de Bissau) é reforçado com a Companhia de Milícias Urbana (sic), subunidade de que sabemos muito pouco ou nada.

Na Ilha das Galinhas, onde havia uma "colónia penal e agrícola" (transformada em prisão política com a guerra) não sabemos se os guardas prisionais pertenciam à PSP.  O mais provável é que pertencessem à  PIDE.  Era, pelo menos, a polícia política que transportava os presos. O nosso camarada  José António Viegas foi fur mil do Pel Caç Nat 54, Guiné, 1966/68, tendo integrado a guarnição militar da  ilha das Galinhas. É a mais pessoa mais indicada para esclarecer este ponto (****). 

Sobre Bafatá, há que ter em conta que passou a concelho em 1964 e a cidade em 1970. Tirando Bissau e depois Bafatá, não havia cidades  no antigo território da Guiné portuguesa, contrariamente a Angola e Moçambique.  Não me lembro, no meu tempo (1969/71),  de  ver em Bafatá elementos da PSP ou da 7.ª CMP,  Em Bolama, antiga capital, também não devia haver. A Bor nunca fui.

Espero que nossos leitores possam ajudá-lo melhor do que eu. Esperemos pelos seus contributos. Boa saúde, bom trabalho. LG

3. Em comentário a este poste,  o José Manuel Cancela (que vive em Penafiel) acaba de nos informar, às 10h51 de hoje,  o seguinte:
 
Pelo que recordo, a Companhia Móvel de Polícia estava aquartelada à saìda do Alto de Crim.

Fui lá várias vezes almoçar, porque era mais barato que o restaurante quase em frente, o "Arquinho", e melhor que o rancho geral no Depósito de Adidos. Pelo que me foi dito pelos militares da PSP,  faziam rondas em volta de Bissau de G-3 na mão, e pouco mais...
__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 28 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23305: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (93): Projecto “Querido Pai”, que tem como objectivo investigar e dar a conhecer o modo como os militares mobilizados em África mantiveram uma relação com os filhos que ficaram na Metrópole (Joana Ponte e Ana Vargas)

(**) Vd. poste de 26 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9101: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (7): Um acidente... no Pilão

(...) E aí fomos os dois andando em busca de lugares conhecidos com o A.T., caminhando de pernas abertas, e deixando um rasto de merda... E os dois, às gargalhadas. Lá chegámos ao pé do quartel da PSP onde entrei para chamar um táxi para o levar para o hospital militar onde recebeu um banho de antibióticos e mais não sei quantos medicamentos.

O resto deste acidente: o taxista que chegou quando viu o estado em que estava o A. T., disse logo:
- Não senhor, não entra no carro, nunca mais tiro esse cheiro do assento!

Por sua vez, os cabrões da PSP não deixaram o A. T. usar os seus chuveiros. Lá consegui uma mangeira da PSP. O A.T. despiu-se e eu de mangeira na mão a dar-lhe um duche como se estivesse a lavar um cavalo (...)


(...) b. Forças Amigas

A PSP tem tido o encargo da defesa dos pontos sensíveis referidos. Porém, a partir de Novembro de 1973, os guardas europeus da 7ª CMP - Companhia Móvel de Polícia são, na sua quase totalidade, soldados no cumprimento do serviço militar obrigatório, com pouca idade, experiência e prática de serviço.

Este facto, aliado à fraca capacidade de enquadramento, tornam impossível à PSP continuar a garantir satisfatoriamente a segurança e defesa de todos os pontos sensíveis.

c. Reforços e cedências

(1) Reforços

O COMBIS passa a ser reforçado com a Companhia de Milícias Urbana. (...)

(****) Vd. poste de 16 de março de  2015 > Guiné 63/74 - P14374: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (27): Ainda sobre o cantor José Carlos Schwarz (Bissau, 1949 - Havana, 1977) e a letra da canção "Djiu di Galinha" [, Ilha das Galinhas] (Helena Pinto Janeiro, historiadora)

terça-feira, 19 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23441: O consulado do general Bettencourt Rodrigues (3): Directiva "Guarda Matutina", de 17Dez73, com vista ao reforço da defesa das áreas urbanas e suburbanas de Bissau


Guiné > Bissau > Bissalanca > Base Aérea 12 > s/d. 



1. A terceira (e última, no ano de 1973) directiva do novo Com-Chefe, gen Bettencourt Rodrigues (*), é a Directiva "Guarda Matutina", de 17Dez73, sem número. 

É também um sinal dos tempos.  Bissau está ao alcance dos foguetões 122 mm e vulnerável a eventuais acções de sabotagem e terrorismo urbano (como virá acontecer, já em 1974, com o rebentamento de engenhos explosivos num café de Bissau, em 26 de fevereiro,  que provocou 1 morto e a sabotagem no próprio QG/CTIG, em 22 de fevereiro, onde parte do edifício principal foi destruída, numa acão reivindicada pelas (ou atribuída às) Brigadas Revolucionárias. O perímetro da base aérea nº 12, e o aeroporto  de Bissalanca também  também podia estar sujeito à infiltração de um furtivo apontador de Strela...

Por outro lado, a  CECA (2015, pág. 12) recorda que já em 1971 se registaram dois factos graves e/ou preocupantes:

(i)  em fevereiro, "2 aviões MiG-17 com as cores da República da Guiné, tripulados por argelinos, sobrevoaram Bissau, tendo continuado a verificar-se, posteriormente, acções várias de violação do espaço aéreo por helis e aviões não identificados";

(ii) e em 9 de junho, "o PAIGC levou a efeito o primeiro ataque a Bissau e a diversos aquartelamentos das proximidades, provocando num deles um número significativo de baixas".
 
Ainda segundo a mesma fonte, mas já em 1972, explodiram três engenhos explosivos, durante a noite, em locais diferentes da cidade de Bissau, capital do território,  "o que indiciava propósitos de terrorismo urbano". Nestes engenhos foram utilizados espoletas de efeito retardado MUV-2 (CECA, 2015, pág. 121).

Não em Bissau, mas na segunda maior cidade, Bafatá, o PAIGC em 8 de janeiro de 1972 levara a cabo  "um aparatoso ataque", com foguetões 122 mm (CECA, 2015, pág. 121).  

Destaca-se também, nesse ano, em 9 de março, "a flagelação ao topo norte da Base Aérea de Bissau, no dia 9 de Março, fazendo uso de lança-granadas foguete RPG-7".
 
Num dos últimos discursos que proferiu antes de ser assassinado, em Conacri, em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral "referiu a necessidade de intensificar a guerrilha
em todas as frentes e nos centros urbanos, com base numa organização clandestina, sabotando meios, destruindo instalações e causando o maior número de baixas na retaguarda, e que, no novo ano, seriam utilizados novas armas e meios mais poderosos." (CECA; 2015, pág. 239). 

E como é sabido em março desse ano entram em acção os mísseis terra-ar Strela...
 
2. Directiva "Guarda Matutina", de 17Dez73, sem número. Excertos:

"1. SITUAÇÃO

a. Inimigo

A área de Bissau, com toda a sua infraestrutura civil e militar, constitui o objectivo principal do lN.

Nas áreas urbanas e suburbanas destacam-se, como pontos sensíveis a acções de sabotagem lN:
  •  as instalações da SACOR; 
  • a Central Elevatória da Mãe de Água;
  • o Centro Emissor de Brá; e
  • a Central Eléctrica (Av. Brasil).

b. Forças Amigas

A PSP tem tido o encargo da defesa dos pontos sensíveis referidos. Porém, a partir de Novembro de 1973, os guardas europeus da 7ª CMP - Companhia Móvel de Polícia são, na sua quase totalidade, soldados no cumprimento do serviço militar obrigatório, com pouca idade, experiência e prática de serviço.

Este facto, aliado à fraca capacidade de enquadramento, tornam impossível à PSP continuar a garantir satisfatoriamente a segurança e defesa de todos os pontos sensíveis.

c. Reforços e cedências

(1) Reforços

O COMBIS passa a ser reforçado com a Companhia de Milícias Urbana.

2. MISSÃO

As Forças Armadas colaboram na defesa dos pontos sensíveis das áreas urbana e suburbana de Bissau, ficando a seu cargo a defesa das instalações da Central Eléctrica (Av. Brasil), da Central Elevatória da Mãe de Água e do Centro de Brá.

3. EXECUÇÃO

a. Conceito da Manobra

Tendo em consideração a localização dos referidos pontos sensíveis em relação às áreas de responsabilidade do COMBIS, é minha intenção defender a central Eléctrica (Av. Brasil), a Central Elevatória da Mãe de Água e o Centro Emissor de Brá, com meios do COMBIS reforçados com a Companhia de Milícias Urbana.

b. COMBIS (Comando de Agrupamento de Bissau)
  • Garante a segurança imediata da Central Eléctrica (Av. Brasil);
  • Garante a segurança imediata da central Elevatória da Mãe de Água;
  • Garante a segurança imediata do Centro Emissor de Brá. [... ]"

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 293-294 (Com a devida vénia...)

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos,  para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G.]
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Nota do editor:

Postes anteriores da série:


sexta-feira, 22 de julho de 2005

Guiné 63/74 - P119: Antologia (10): Dossiê Guiné (Vida Mundial, 1971) (conclusão) (A. Marques Lopes)

Prosseguimos a publicação de "Para um dossier Guiné - A guerrilha e o contra-ataque". Vida Mundial. 19 de Fevereiro de 1971. 3ª e última parte. Selecção e notas do nosso amigo e camarada de tertúlia A. Marques Lopes.

OPERAÇÃO FANTA

O exército do P. A.I.G.C. está organizado e estruturado conforme noutro local se revela. O planeamento dos ataques a diferentes objectivos processa-se do mesmo modo do que num exército regular, como se pode demonstrar no caso da operação Fanta, que foi desencadeada, em 1965, na frente Este, e cujas ordens de execução, emanadas do estado-maior do exército, foram assinadas por Amílcar Cabral.

Trata-se de um exemplo extraído dos arquivos do P.A.I.G.C. e consta das ordens endereçadas aos bigrupos 3 e 4 (constituídos cada um por 50-60 homens), as quais eram completadas e esclarecidas em cartas topográficas do estado-maior.

Operação Fanta

Ordem de participação dos bigrupos números 3 e 4 na frente Este (sector P)

Fase l — Destruição da ponte M.

Barragem de estrada:
1 — Estrada número 10 (perto do ponto B): grupo do camarada Sory Djalo, que deverá minar a estrada.
2 - Estrada numero 11 A (perto do ponto B): grupo do camarada N'Bare Tchuda, que deverá minar a estrada.
3 — Estrada número 11 B; perto de G: grupo do camarada Kemessene Camará, que deverá minar a estrada; perto de T: grupo do camarada Temna Kebeque, que deverá minar a estrada.
Destruição da ponte: camarada Malam Sanhá, com quatro outros camaradas, um de cada grupo.
Controle de estradas:
Após a destruição da ponte:
O bigrupo Numo-Hilário deverá assegurar a vigilância nas estradas 10 e 11 (emboscadas).
O bigrupo Sanhá-Luís deverá retirar-se para o sector T, para repouso e preparação do ataque de P, que será feito no dia seguinte, à tarde.

Fase 2 - Ataque a P

Barragem de estradas
Ataque ao campo entrincheirado de P: grupo dos camaradas Kemessene Camará e Temna Kebeque.
N.B. - Na mesma noite deve ser bombardeado o campo entrincheirado de C (morteiros dirigidos pelo camarada Cirilo).
Para atacar P seguir o plano da operação Fanta tendo em conta as mudanças exigidas pelo reforço em combatentes e em material.

Após o ataque a P:
O bigrupo Numo-Hilário. deverá vigiar as estradas convergentes para P.
Ataque ao campo entrincheirado de B:
Barragem de estradas:
1 - Estrada número 10 (cruzamento D): grupo de Sory Djaló com Malam-Numo.
2 - Estrada número 11 A (cruzamento C): grupo de M'Bare Tchuda com Hilário.
3 - Estrada número 12:5 combatentes do grupo Kemessene Camará (1 ML(x), 2 PM(x) e l bazooca).
Ataque ao campo entrincheirado de B:
Grupos Temna Kebeque e Kemessene Camará, apoiados por 1 morteiro e 1 bazooca.
N.B. - Antes do ataque, as estradas devem ser minadas.
Depois do ataque, o bigrupo Numo-Hilário deve prosseguir a vigilância das estradas, com patrulhas e emboscadas.

Fase 3 - Libertação de OM e de outras tabancas da zona.

Reforço do isolamento de C. Ataque ao campo entrincheirado de OM.
Barragem de estradas
Libertação das outras tabancas - Seguir o plano de vigilância nas estradas de P e de B — bigrupo Numo

Fase 4 — Ordenamento com outras forças para atacar C

Fase 5 - Ordenamento com outras forças para libertar todas as outras tabancas desta zona e isolar BT totalmente.

Fase 6 - Ordenamento com outras forças para atacar BT.

N.B. - A ordenação de forças nas fases 4, 5 e 6 será dirigida pelo camarada Domingos Ramos.

Amílcar Cabral

(x) M.L.-Metralhadora ligeira; P.M.-Pistola-metralhadora.

Esta ordem de operações - segundo uma fonte militar - não é mais do que o relatório escrito de instruções verbais e causa uma certa admiração ter sido assinado pelo chefe máximo dos guerrilheiros.


A ACTIVIDADE DOS GUERRILHEIROS


A acção dos guerrilheiros na Guiné tem-se feito sentir, ao longo dos anos, desde que o P.A.I.G.C. resolveu, em princípios de 1963, desencadear a luta no Sul daquele território, muito embora se saiba que já antes, em 1961, vários elementos dos grupos subversivos atacavam instalações localizadas na Guiné.

Com efeito, na noite de 23-24 de Julho de 1961, segundo uma notícia divulgada na Imprensa portuguesa, um grupo calculado em cerca de 200 indivíduos, vindos do Senegal, entrou na praia de Varela, tendo cortado o fio telefónico e causado estragos em algumas moradias de veraneantes, mas não atacou ninguém. Mais tarde, em 3 de Agosto do mesmo ano, era revelado que um outro grupo de indivíduos, proveniente do Senegal, atacou o porto de Bigene.

Como noutro local assinalamos, o primeiro contingente de tropas saído da Metrópole para o Ultramar, desde o início das operações militares nos territórios africanos, foi, exactamente, para a Guiné. Registe-se, ainda, que em 25 de Agosto de 1962 (Portaria 19 363) se constituiu a esquadrilha de lanchas de fiscalização da Guiné e, um ano mais tarde, em Outubro (Portaria 20 092), era reforçada com uma companhia móvel [1] o corpo de Polícia da Guiné.

A situação naquele território tem dado azo a várias controvérsias e, por isso, o Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, em 20 de Julho de 1963, divulgou o seguinte esclarecimento:

«O Diário Popular, ao entrevistar o ministro da Defesa Nacional, perguntou-lhe qual a província ultramarina em que a situação militar causa maiores preocupações ao ministro e porquê. O ministro, na sua resposta, analisou a situação interna e externa em cada uma das províncias. Ora, verifica-se que os termos em que o ministro examinou a situação interna da Guiné foram, por vezes, mal interpretadas, porquanto parece haver quem ficasse com a noção de que aquela província foi invadida e de que 15 por cento do seu território está na posse dos terroristas. Torna-se, por isso, indispensável restabelecer a verdade, esclarecendo melhor a situação e, portanto, aqueles termos, porquanto nem houve invasão da província nem os terroristas estão na posse da mínima parcela daquele território.

«A situação - continua o comunicado do S.I.P.F.A. - é, rigorosamente, a seguinte: Em 85 por cento da província, a vida é inteiramente normal. Nos restantes 15 por cento processaram-se, nos últimos meses, infiltrações de terroristas vindos da República da Guiné, que actuam na clandestinidade, a partir de refúgios nas matas e procuram iludir a presença das forças militares na execução de acções de vandalismo sobre aldeias nativas e instalações económicas. No entanto, grande parte das populações e os postos administrativos e povoações continuam a sua vida habitual e as vias de comunicação estão desimpedidas.

«Nem estas infiltrações - conclui o referido comunicado - insidiosas se podem classificar de invasão nem a presença de terroristas numa ou noutra mata que, repete-se, procuram subtrair-se à acção das forças que têm por missão a manutenção da ordem, pode permitir afirmar-se que há qualquer parcela do território, por mínima que seja, na sua posse.»

A entrevista do ministro da Defesa fora a primeira informação oficial da existência de uma situação alarmante na Guiné e, no dia 25, a ANI desmentia uma notícia dada pela Rádio Conakry segundo a qual «os terroristas teriam, afundado com explosivos, no Sul da província, quatro barcos a motor encarregados no transporte de mercadorias». O telegrama daquela agência de informações esclarecia: «Sabe-se que apenas um desses barcos desapareceu e que outro, descoberto no fundo mas a pouca profundidade, foi imediatamente recuperado, encontrando-se já de novo a navegar.»

Entretanto, nesse mesmo dia circulou a notícia de um ataque a Pirada e no ano seguinte, em 11 de Maio, a Imprensa divulgava um boletim informativo das Forças Armadas da Guiné no qual se assinalava que o inimigo «flagelou, à distância, Jabadá, Barro (fronteira norte) e Madina do Boé (fronteira leste)» e que tinham sido destruídos acampamentos na região de Ohio (em Camam e Queré), a sudeste de Farim, em Salancaur Fula (no Sul), em Flaque Cibe, onde foram inutilizadas ou capturadas treze canoas de que o inimigo se servia ilegalmente.

As flagelações ao território da Guiné têm continuado, cada vez com maior apoio, acentuando-se num outro comunicado das F.A. que «na fronteira norte, o inimigo, irradiando das bases de Samine [2] e Yaram, localizadas em território senegalês, atacou as povoações de Bigene e Barro, flagelando as povoações com bases de fogos situadas na República do Senegal [3]; nas fronteiras leste e sul, o inimigo, irradiando das bases de Kandiafara, Sansalé e Bidel Pavi (área de Massira Fulamansa), localizadas em território da República da Guiné, flagelou as povoações de Canquelifá e Gadamel Porto, e na flagelação a esta última povoação foi apoiado por fogos de artilharia do Exército da República da Guiné, instalada dentro do seu território».

Muito embora os ataques se tenham mantido, em 27 de Dezembro de 1969 o S.I.P.F.A. informava que «no dia 23 a povoação de Guidage havia sido flagelada pelo fogo de armas pesadas» e acentuava que «era a quarta flagelação depois do dia 8».

Com efeito, em 17 e 19, fora atacada à povoação de São Domingos e no dia 18 a de Ingoré. Em 4 e 6 de Janeiro de 1970 a flagelação atingia Gadamael, e no dia 5 coubera a vez a Guilege. Nestes ataques foram, assinalados, pelo menos, 150 rebentamentos. No mês de Fevereiro (11), a povoação de Guilege é atingida (6 feridos); rio dia seguinte, fogo de morteiros causa 15 mortos em Guidage, e 2 dias mais tarde. São Domingos e Gadamel sofrem os efeitos das armas pesadas do inimigo. Em 27 e 28 de Março, o fogo de armas pesadas atinge, a intervalos regulares, Buruntuma, causando 1 morto e 12 feridos.

Entretanto, no dia 15 de Julho, era distribuído à imprensa o seguinte comunicado:

«O Serviço de Informação Pública das Forças Armadas informa que, segundo notícias recebidas ontem, 14, do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, um grupo inimigo com efectivo superior a 300 combatentes, atacou Pirada na noite de 12 para 13 do corrente, com apoio de foguetões, canhões anticarro, morteiros e outras armas pesadas. A acção foi de apreciável envergadura e o inimigo que realizou o assalto entrou na povoação e saqueou e incendiou 50 moranças.

«Toda a acção foi desencadeada de território senegalês, onde estiveram implantadas as bases de fogos dos canhões anticarro rebocados e dos foguetões e morteiros.

«O inimigo causou na população 15 mortos e 41 feridos tendo desaparecido um militar europeu".

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[1] O capitão Manuel Carlos da Conceição Guimarães, que foi o primeiro comandante da CART 1690, e que morreu na estrada de Geba para Banjara, fez parte desta companhia móvel. (ML)


[2] Samine fica no Senegal a cerca de 6 km de Barro. Também lá os fomos atacar. E eles também iam a Barro, é claro. (ML)

[3] É verdade que, às vezes, nem saíam do Senegal, disparando com os morteiros 82 e canhões sem recuo. (ML)