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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27347: A nossa guerra em números (43): afinal, a nossa ração diária de vinho era de 0,5 litros... O melhor assistente de IA, em matéria dos nossos comes & bebes, é o nosso vagomestre... Aníbal Silva (ex-fur mil SAM, CCAV 2483 / BCAV 2867, Nova Sintra e Tite, 1969/70)

 



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda 3ª C/Bart 6520/72 (1972/74) >  "Porto fluvial" (!) de Fulacunda (a 3/4  km do aquartelamento): reabastecimento quinzenal: mantimentos, caixas de munições, sacos de arroz para a população, bidões de combustível e de vinho, artigos de cantina, etc.; como não havia pontão, ou cais, a descarga era feita manualmente para as viaturas da tropa (GMC, Berliet, Unimog...). Uma tarefa penosa, feita na maré-cheia, dentro de água...

 Fulacunda era reabastecida, através do rio Grande de Buba  e do seu afluente, na margem direita, o rio Fulacunda (que ficava a sul),  com recurso a LDM (Lancha de Desembarque Média) ou barco civil (popularmente conhecido como "barco-turra").

Na foto acima, com pormenores assinalados a amarelo, veem-se bidões: 2 deles, de 1 cor verde e outro azul, podem ser de combustível, petróleo branco e gasóleo, respetivamente; um outro, com tampo branco,  com círculo amarelo mais pequeno, pode ser de vinho... Mas pergunta-se: como se descarregavam, nestas circunstâncias, bidões de 200 litros ?
  
 Fotos do álbum do Jorge Pinto  (parte dos "slides" que temos aqui publicados são dele ou do Armando Oliveira: generoso e solidário como ele, não faz questão de reclamar os créditos fotográficos: considera o seu álbum como património de todos os fulacundenses).


Fotos (e legenda): © Armando Oliveira (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > "Porto fluvial", no Rio Fulacunda, afluente do Rio Grande de Buba, que ficava a sul > Chegada de uma LDP com reabastecimentos, vinda diretamente de Bissau.. A LDP e LDM eram mais práticas, podendo abicar na praia,o que facilitava a descarga de bidões e barris,

[ Foto do álbum de Jorge Pinto, ex-alf mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), professor de história reformado; natural de Alcobaça, vive na Grande Lisboa e é também membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca da Linha]


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O melhor assistente  de IA  para sabermos coisas sobre os nossos comes & bebes na Guiné ? São os nossos "intendentes" e os nossos "vagomestres", pois claro. 

Infelizmente são poucos, os que integram a Tabanca Grande e estão ainda vivos. Mas felizmente que temos o nosso Aníbal   Silva (ou Aníbal José da Silva, como está registado na Tabanca Grande) que tem sido inexcedível na sua vontade em partilhar informação (oral e escrita) sobre estas matérias, que já estão tão esquecidas da maior parte da malta... Além disso, ele é o autor da notável série "Vivências em Nova Sintra", de que se publicaram 16 postes,  desde 4/3/2025  até 17/6/2025.

Perguntei a alguns de nós se se lembravam do "per diem", a verba para a nossa alimentação diária... Já ninguém se lembrava da quantia em escudos (24$50), que o gen António Spínola, no relatório do comando relativo à situação em 1971, propunha que passasse para 33$00 (um aumento de mais de 1/3), face ao agravamento do custo de #géneros de 1ª necessidade" bem como dos "transportes da Metrópole para a Província". (Não sabemos se até ao final da guerra houve alteração da verba para a alimentação diária no CTIG.)

Era com esses 24$50 que o vagomestre  tinha de nos alimentar diariamente (3 refeições).

Além de informador privilegiado como vagomestre e como gestor da cantina de Nova Sintra, ao tempo em que esteve com a sua companhia, CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), o Aníbal Silva é um excelente e afável contador de histórias e lembra-se de coisas do arco da velha.

O Aníbal (que fez a Escola Comercial e foi técnico de seguros) tem especiais competências em matéria de literacia e numeracia: só podia, pois, ser o homem certo no lugar certo. E ainda hoje guarda (o que é incrível!) documentação daquela época, rekatcionadas com a alimentação e atigos de cantina, e que faz questão de partilhar com o nosso blogue.

Mensagem recente, de 22/10/2025, 09:10 

Bom dia, caríssimo Luís

Depois da nossa conversa telefónica de ontem, que muito me honrou, procurei e encontrei o livro sobre a alimentação, o "missal" dos vagomestres, que tem umas dezenas de páginas e do qual envio em anexo meia dúzia dessas páginas, digitalizadas. 

Numa delas, relativa às ementas, verifico que a quantidade de vinho que cada militar tinha direito por dia era de 0,5 litros  (0,2 ao almoço e 0,3 ao jantar). 

Tenho também uma sebenta que para além das questões da alimentação, aborda outros assuntos, tais como: prestação de contas; fardamentos; vencimentos e até armamento. Na sebenta fui encontrar o protótipo do mapa modelo 1, o tal lençol de que te falei.

Caso pretendas, para os teus estudos e análises, posso enviar-te pelo correio os dois "documentos". Na afirmativa, fico a aguardar que me facultes o teu endereço. (...)


Capa do "missal dos vagomestres":  1º Grupo de Companhias de Administração Militar: Gabinete de Estudos - "Elementos sobre o Serviço de Alimentação no Exército" (Compilados de apontamentos editados pela EPAM em 1962).



Capítulos 1 e 2 (pp. 1-14)


Capítulos 3,4,5,6 e 7 (pp. 15 -28)


Capítulos 8, 9 e 10 (pp. 29 -40)

Índice do livro, de 40 pp. Cada página corresponde a uma ficha





De acordo com as ementas nºs 5 e 6.  a ração diária de vinho, dos militares, nos anos da guerra do ultramar, era de 0,5 l (0,2 l ao almoço, e 0,3 l ao jantar).



A famigerado mapa modelo 1 (que era o quebra-cabeças do vagomestre). Como curiosidade, repare-se no preço (unitário) do vinho: 6$00 (em 1969/70); em 1974 era já   quase o dobro (11$60). O mesmo se  verifica com outros bens essenciais: arroz (6$50, que passa para 14$50); batata (5$00 | 8$20)... O açúcar mantem-se (6$00 | 6$70). 

Fotos (e legendas): © Aníbal Silva (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Aníbal Silva, ex-fur mil SAM,
  CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70)

2. O que transcrevo a seguir é um apanhado das conversas que vou tendo com ele ao telemóvel (ele vive em Arcozelo, se não erro, freguesia de Vila Nova de Gaia, já prometemos encontrarmo-nos quando eu for à Madalena).

2.1.  São João, frente a Bolama, era abastecido diretamente por Bissau. Tite também. E Fulacunda. E Bambadinca. E, claro, Nova Sintra,

 A via fluvial ainda era a mais rápida, económica e relativamente segura (rio Cacheu, na zona Oeste; rio Geba, na zona Leste; canal do Geba e de Bolama, para a região de Quínara; o rio Cumbijã  e o rio Cumbijã e o rio Cacine, para a região de Tombali).

O vinho era transportado de Bissau em barris de 100 litros (mais tarde bidões de 200 l, mas já não é do tempo do Aníbal Silva, nem do meu, somos de 69/71,.

2.2. Em Nova Sintra, era através de um afluente do rio Grande de Buba.

Como não tinham outro sítio para os guardar os barris de 100 litros, utilizava um antigo galinheiro, que estava vago; claro que era um sítio de fácil acesso aos "ladrões de vinho" (não havia "guarda á adega").

Uma vez aberto  um barril, durava dois a très dias... E a opinião que a malta ainda hoje tem é que vinho que se bebia em  Nova Sintra  até era de boa qualidade, tinha bom paladar; e de resto toda a gente bebia vinho. 

E interessante a informação de que um barril de 100 l dava só para 2 ou dias. Ou seja, não havia risco de oxidar.Utilizava-se um tubo de borracha para encher recipientes mais pequenos como garrafões. Também já não é do seu tempo o uso de garrafões de 10 l, empalhados, para o transporte de vinho (deve ter sido prática dos primeiros anos de guerra).

2.3. Claro que também aqui havia pequenos furtos: havia sempre ums "jeitosinhos" que, com uma broca manual,  fazia um furinho na tampa, e com uma borrachinha ia lá encher o cantil.. "Pró petisco".

Tal como havia malta que, no dia de descascar batatas para o rancho levava as calças de camuflado para encher os bolsos..."pró petisco". Os iam de calções, que era o traje habitual...

Tal como havia malta que era capaz de, numa coluna logística ao porto fluvial, no reabastecimento mensal, e antes da chegada ao quartel,. , "desviar uma ou duas caixas de cerveja", gurdá-las no mato em sítio seguro e  ir lá depois buscá-las, passadas 24 ou 48 horas.

2.4. Mas também havia a ração de aguardente. A meio da comissão,  a Intendência mandou perguntar se a companhia tinha barris de aguardente. O Aníbal disse que não. Passados uns tempos, foi abrir um barril (que julgava ser de vinho) e  viu que era aguardente. Havia 300 litros (3 barris) de aguardente, em "stock", intactos!...  Bom, deu para o resto da comissão,  enquanto a malta esteve em Nova Sintra antes de ir para Tite. Uma ração de aguardente passou a ser distribuída pelos abrigos.

2.5.  O Aníbal, vagomestre, tirou a especialidade em Póvoa do Varzim, na antiga Escola Prática de Administração Militar (hoje Escola de Serviços do Exército)  ficou também, em Nova Sintra, com a cantina, ao tempo do segundo capitão da companhia que detectou irregularidades na gestão anterior. 

Havia um "buraco" nas contas que era preciso sanear... E que ele saneou... (Como "prémio", ficou, no fim, na "comissão liquidatária" da companhia e do batalhão, um "pincel" que ninguém queria, podendo atrasar o regresso a casa.)

Não havia máquinas de calcular, naquele tempo, as contas eram feitas à mão, uma, duas, três, quatro vezes, até baterem certas. E havia um lençol, o famigerado mapa modelo 1, que era um a quebra-cabeças para qualquer vagomestre.


2. Falando há dias com um antigo comandante de companhia, hoje cor art ref, o nosso grão-tabanqueiro Morais da Silva, disse ele que "nunca bebeu vinho em Gadamae
l" (onde comandou a CCAÇ 2796, entre jan 1971 e fev 1972). Nem ele nem os seus alferes e furriéis,. Bebiam cerveja. Aliás, deixou de beber vindo desde que  veio de Angola. onde fez o  curso de comandos.

Já não se lembrava do "per diem" nem da ração de vinho diária...Vai perguntar ao vagomestre que é hoje um quadro superior do BCP, reformado.  Gaba-se de ter tido excelentes colaboradores em todos os setores de apoio, da saúde (onde teve um  1º cabo aux enf  excecional, e de quem toda gente perdeu o rasto) às transmissões,  da intendência ao material.

Tem ideia, sim, que a malta se queixava que a Intendência punha uns "pozinhos no vinho". 

O Humberto Reis, ex.fur mil op esp /ranger, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e colaborador permanente do nosso blogue também confirma que os nossos soldados, pro serem resarranchados, recebiam mais 750$00 por mês.

 Quando o Gr Comb dele, o 2ª, ia para o destacamento do rio Undunduma, o pessoal metropolitano recebia o seu rancho, confeccionado em Bambadinca, mas a viatura também trazia os "tachos de arroz" que as mulheres dos nossos soldados cozinhavam para eles na tabanca... Cada um tinha um lenço da sua cor.... Em operações no mato, também levavam a sua "marmita" (arroz cozido embrulhado num lenço)...

___________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 2 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27340: A nossa guerra em números (42): com um "per diem" (verba de alimentação diária) de 24$50 (hoje 4,10 euros) dava para fazer uma... ometela simples mas saborosa!

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27344: O "back office" da guerra (i): Serviço de Intendência: obrigado, camaradas "intendentes", pela "bianda nossa de todos os dias"...

 







Sinais convencionais militares (28Rep/EME/ME-1972)



CTIGuiné > c. 1971 > O BINT (Batalhão de Intendência) tinha sede em Bissau e destacamentos (Pelotões de Intendência, PINT) , além de Bissau, Farim, Bambadinca e Buba e, depois em Cufar, a partir de 1/8/1973 (o Pel Int 9288/72).

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 73 e  542/543 



1. O que seria dos "atiruenses" ( os "amanuenses do gatilho"), o "front office", naquela guerra, naquele cu de Judas, que era a nossa "Guinezinha", sem o "back office", os serviços de apoio, da Intendência ao Material, da Engenharia à Saúde, das Transmissões aos Transportes...

 Façamos, pois, justiça aos nossos "caixeiros", "padeiros", "magarefes", "cantineiros" e  outros "intendentes", sem esquecer os estivadores civis da Companhia de Terminal, nem a tripulação dos "barcos-turra" ao serviço da Intendência... Sem esquecer ninguém  dos que ficavam por de trás da guerra, no "back office", numa guerra que não tinha frente nem  linhas da frente, era ubíqua. Uma guerra traiçoeira, que  não se fazia anunciar, como no dia de 2 de março de 1974, em Cufar... Um dia de tragédia para a Intendência (Pel Int 9288/72) e as NT em Cufar, que era então a sede do CAOP1 (*). (Não encontrámos nenhuma referência no livro da CECA, 2015, a esta ação do IN.)

Não esquecemos os nossos vagomestres, médicos, enfermeiros, cozinheiros, amanuenses, capelães, juristas, engenheiros, pedreiros, carpinteiros,  mecânicos, bate-chapas, criptos, juristas, etc.,   tantos camaradas anónimos que, na retaguarda, com os seus saberes e competências,  nos ajudaram a "encher o peito às balas" e, em última análise, a regressar  a casa, sãos e salvos, dois anos depois de, meninos e moços, termos sido retirados da casa dos nossos pais para ir defender os restos do velho império lusitano de 500 anos, na África longínqua...

Todas as guerras se ganham pelos exércitos que combinam os três melhores componentes da  "warfare": (i) hardware; (ii) software; (iii) humanware.

Os nossos "maiores" diziam-nos que tínhamos os melhores soldados do mundo... Certo. Mas não chega para ganhar as guerras. Os melhores do mundo cansaram-se da guerra, dizem os críticos dos nossos "maiores". Ou foi a guerra que se cansou de nós...Tanto faz. No fim, tem de haver sempre umas palavras de agradecimento. Nas vitórias e nas derrotas. Na vida e na morte. Sob pena da Pátria ser ingrata... A Pátria, nós, a começar pelos antigos combatentes.  

Comecemos pelos "intendentes". Obrigado pela "bianda nossa de todos os dias"...(Mas eles não nos abasteciam só de víveres, também nos forneciam os artigos de cantina, em suma os comes & bebes: forneciam-nos também combustíveis e lubrificantes, fardamento, impressos e material diverso)...

APOIO DE SERVIÇO DE INTENDÊNCIA (CECA, 2015, pp 72/74)

I. Abastecimento

(i) Víveres e artigos de cantina

As Unidades fazem os seus pedidos directamente ao Órgão de Intendência (01), que as apoiam.

Para certos artigos de cantina os pedidos são feitos à Sucursal das OGFE (Oficinas Gerais de Fardamento do Exército), em Bissau.

Os 01 requisitam à Chefia os víveres e artigos de cantina necessários à manutenção dos níveis determinados.

(ii) Combustíveis e lubrificantes

As Unidades requisitam directamente às empresas gasolineiras ou através dos Orgãos de Intendência (01).

Os 01 mantêm os níveis determinados através de requisições feitas à Chefia de Serviço, em Bissau.

A Chefia de Serviço acciona as empresas gasolineiras no sentido de fornecerem aos 01 ou às Unidades os combustíveis e lubrificantes requisitados.

(iii) Fardamento

As Unidades requisitam aos Pel Int  (Pelotões de Intendência) ou Depósito Base de Intendência (DBI), conforme forem apoiados por uns ou outros, os artigos necessários.

Os Pel Int requisitam por sua vez à Chefia os artigos indispensáveis à manutenção do nível determinado.

A Chefia acciona o DBI de acordo com o solicitado pelos Pel Int.

(iv) Impressos

As Unidades requisitam os impressos directamente ao DBI. Através dos Pel Int o DBI encaminha-os para as Unidades.

A Chefia do Serviço mantém o controlo deste material junto do DBI por forma a não haver faltas.

(v) Material diverso

Os pedidos são feitos directamente à Chefia que acciona o DBI para o efeito. Este envia o material à Unidade que fez o pedido.

Os artigos críticos são pedidos à 4a Repartição/QG que os acciona em ligação com a Chefia do Serviço.

II. Evacuação

(i) Fardamento

A evacuação dos artigos de fardamento é feita das Unidades para o Pel Int que as apoiam.

(ii) Material diverso

As evacuações são feitas directamente das Unidades para o DBI.

pag 72/73

III. Síntese da actividade operacional do Batalhão de Intendência da Guiné (CECA, 2015, pp. 488/489

(...) "O BInt foi criado com base em QO aprovado por despacho ministerial de 21Nov63 e englobou uma Companhia de Intendência, umaCompanhia de Depósito, então constituidas, e os Destacamentos d Intendência (4), então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 02Jun66, e, mais tarde, outro Pelotão instalado em Farim, a partir de OlJan67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.

Em OlAbr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de O1Set68, o Batalhão passou a ser constituídoelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de AlD,Companhia de Intendência de AlG, e Pelotões de Intendência, tendoainda sido instalado outro Pelotão em Cufar, a partir de OlAg073.

Nesta situação, forneceu o apoio logístico às unidades e subunidadesem serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunhatambém de equipas itinerantes.

Ministrou também instrução de formação de especialistas de Intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e acionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.

Em l40ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC,  Batalhão foi desactivado e extinto." (...)

__________________

Nota do editor LG:

(*) Vd. poste de 12 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5258: A tragédia de Cufar, sábado, dia do Diabo, 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

(...) "Os homens ardiam como tochas, gritavam, vinham direitos a mim. O inferno deve se um lugar bem mais agradável do que aquelas dezenas de metros de picada com pessoas a serem consumidas pelas chamas, o ar, o escuro da noite empestado por um horrível, um nauseabundo cheiro a carne humana queimada. Despi a minha camisa e com ela tentei apagar restos do fogo que cobria aqueles homens. Meti quatro negros no carro, dei a volta com o jipe e subi, acelerando em direcção a Cufar. Uma viatura blindada Fox (do Pel Rec Fox  8870/72) descia a picada com os faróis e as metralhadoras apontadas para nós.

"Eram os primeiros militares que acorriam à explosão dos barcos. Gritei-lhes para pararem. Ficaram espantadíssimos por encontrarem ali o alferes Abreu em tronco nu com homens todos queimados dentro do jipe. Rodeei a Fox com dificuldade – ocupava quase toda a picada, – e em segundos cheguei com os desgraçados à enfermaria de Cufar. Foram deitados em macas e regados com água. Dois grupos de combate da CCAÇ 4740/72, bem armados, desciam entretanto para o porto interior e havia mais pessoas atingidas pela gasolina a arder, a caminho. Não era mais comigo."  (...) 

Vd. também postes de:

 21 de outubro de 2011 >  Guiné 63/74 - P8933: Memória dos lugares (158): Cufar e o porto do rio Manterunga, extensão do inferno na terra : 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

17 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4366: Tabanca Grande (144): João Lourenço, ex-Alf Mil, PINT 9288, Cufar (1973/74)

16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)

sábado, 18 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27330: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (3): a ração diária do "tuga" seria de 1/4 de litro, o que dava 90 litros em média por ano, diz a "Sabe-tudo"

se


Guiné> Zona Oeste > s/l > s/d > O Augusto Silva Santos (ex-fur mil, CCAÇ 3306/BCAÇ 3833,
Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73) enchemos très generosos copos de vinho tinto "Pedras negras"... diretamente do garrafão de 5 litros...Era uma marca da Adega Cooperativa de Palmela, da  Região do Moscatel de Setúbal. Fundada em 1955,  iniciou a sua actividade em 1958.E esta marca de vinho deve ter sido lançada no início da década de 1970. Julgo ainda hoje existe.

Foto (e legenda): © Augusto Silva Santos (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fizemos uma ronda pela "Sabe-Tudo", a IA,  que quando não sabe inventa... Na realidade, a IA está dependente das fontes disponíveis na Net. Há muita documentação e regulamentação do Exército, da época da guerra colonial, que não está disponível em suporte digital. E, em certas matérias, o nosso blogue é a única fonte citada!

As meninas assistentes de IA a que recorremos desta vez são as do ChatGPT, Perplexity, Gemini / Google, Meta, Deep Seek e Mistral... As mais "graneleiras" são o Deep Seek (a IA chinesa) e a Meta (EUA). A única europeia da lista é a Mistral (França), que faz concorrência às "americanas". Mas a Europa, infelizmente, está atrasada em matéria de IA...

Pergunta do editor LG:

Qual era a dose diária de vinho de um soldado português em África durante a guerra colonial ? Um copo à refeição, 1 ou 2 decilitros ? E como era fornecido o vinho, pela Manutenção Militar, na Guiné-Bissau ? Em garrafões de 5 litros, 10 litros ou mais ? Ou em barris de 50 litros ? Ou em bidões (metálicos) de 210 ? Havia problemas logísticos...


(1)  O vinho faz parte da missa, da mesa, do lazer, da festa, da paz e da guerra dos portugueses

  • Excelente questão,  e muito pertinente, porque o vinho fazia parte da ração e da cultura alimentar do soldado português em África, mas era também um elemento logístico complicado no contexto tropical da guerra colonial (ChatGPT).
  • Durante a Guerra Colonial (1961‑1974), o vinho fazia parte da ração diária dos soldados portugueses, tanto pelo seu valor calórico como pelo papel moral, sendo considerado um produto essencial, sobretudo em teatros como a Guiné-Bissau, onde as condições de vida eram difíceis. (Perplexity).
  • Esta é uma excelente pergunta que toca num ponto muito específico da logística e do quotidiano da Guerra Colonial. A resposta varia ligeiramente dependendo do teatro de operações (Guiné, Angola, Moçambique) e da fase da guerra, mas existem dados consistentes, especialmente com base em regulamentos militares e relatos de ex-combatentes (Gemini / Google).
  • Excelente pergunta, que toca num aspeto muito específico e revelador da logística e do dia-a-dia do soldado português durante a Guerra Colonial: o  vinho era visto como um complemento alimentar, um humilde conforto que ajudava a "quebrar a monotonia" e a lidar com o stresse, o calor e, nalguns casos, a água de má qualidade (...) (Deep Seek).

(ii) A ração diária de vinho do "tuga", segundo as NEP


(a) Segundo as instruções de alimentação das Forças Armadas (nomeadamente os regulamentos da Manutenção Militar vigentes desde os anos 1950 e adaptados à guerra colonial), a ração diária tipo incluía:


¼ de litro (250 ml) de vinho por dia,  normalmente dividido pelas 2 refeições (almoço e jantar).

Em algumas situações e unidades (por exemplo, tropas em operações prolongadas ou zonas de maior isolamento), a dose podia ser reduzida ou substituída por sumos concentrados, cerveja (quando disponível) ou mesmo nada, devido a dificuldades logísticas.

Em termos práticos, portanto, o soldado recebia cerca de um copo grande de vinho por dia,  o equivalente a 1 a 2 decilitros por refeição (ChatGPT).

(b) A dose oficial era de ¼ de litro de vinho por dia

A dose normal regulamentar era de aproximadamente 1 decilitro por refeição, o que equivalia a 2 decilitros por dia, seguindo instruções da Manutenção Militar e regimentos de campanha aplicáveis desde os anos 1950. 

Em contextos de campanha ou em zonas operacionais isoladas, esta dose podia ser reduzida ou substituída temporariamente (?) por cerveja, aguardente, ou refrescos artificiais, dependendo das condições de transporte e conservação. 

Falso: na falta do vinho, não havia compensações (LG).


Na prática, segundo testemunhos de ex-combatentes, muitos quartéis e destacamentos improvisavam: um copo pequeno ao almoço e outro ao jantar era a norma, frequentemente partilhando o que existia entre vários militares (Perplexity).


(c) A tua estimativa está muito próxima da realidade, mas a dose-padrão era, na verdade, um pouco mais generosa. A "ração oficial", A ração de vinho estipulada para os soldados (praças),  era, mais comummente, de 0,25 litros (um quarto de litro) por refeição principal (almoço e jantar).


Total diário: isto perfazia um total de 0,5 litros (meio litro) de vinho por dia por soldado.

Este vinho, conhecido como "vinho de rancho", era geralmente vinho tinto comum, fornecido como parte integrante da ração de combate (?) ou do rancho no aquartelamento (Gemini / Google).
 
Falso: a  ração de combate não incluía álcool de qualquer espécie.  Alguns militares podiam levar  parao  mato, por sua conta e risco, um frasco de uísque. Por outro lado, meio litro de vinho  "per capita"  elevava o consumo mensal para o dobro, e levantava problemas logísticos adicionais. (LG).


(d) A dose diária de vinho para soldados portugueses durante a Guerra Colonial em África variava, mas historicamente era comum fornecer vinho como parte da ração diária. 


Embora não haja informações específicas sobre a quantidade exata, um copo à refeição ou 1 a 2 decilitros seriam razoáveis, considerando as recomendações atuais de consumo moderado de vinho (Meta).


(e) A tua estimativa está bastante correta. A dose oficial, estabelecida pela Manutenção Militar, era de 2 decilitros (dl) por dia, o que equivale a um "copo de vinho" padrão (cerca de 200 ml). Mas a distribuição real estava sujeita aos caprichos da logística de guerra.


Esta quantidade estava prevista nos regulamentos de subsistência. Era considerada uma ração de campanha, semelhante à de outros géneros como o pão, a carne ou o tabaco.

Falso: em 1961/74, não havia ração de tabaco (LG)

Na prática,  distribuição desta dose nem sempre era diária. Dependia criticamente das condições logísticas. 

Em situações de operação prolongada no mato, o vinho (e outros suprimentos) podia não chegar durante dias ou semanas. Quando chegava, por vezes era distribuída a "ração acumulada" de vários dias de uma só vez. (Deep Seek)

Falso: não havia distribuição de vinho em operações. Muito menos acumulação de rações. (LG)

A dose regulamentar era, de facto, de 2 decilitros (0,2 litros). No papel, era isso. No terreno, como bem sabe, a realidade era diferente: "Era pouco", dizes tu. Esta tua observação é crucial. A ração oficial era considerada insuficiente por muitos. A forma como era realmente consumida dependia da unidade, do abastecimento e da dinâmica interna. Era frequente os soldados juntarem as suas rações ou adquirirem garrafas adicionais através de compras ou trocas, quando possível.

A tua menção implícita aos problemas logísticos confirma que a distribuição não era diária nem certa. A ração de vinho acumulava e era distribuída quando o reabastecimiento chegava, o que podia significar consumir quantidades superiores de uma só vez (Deep Seek).


(f) Durante a guerra colonial portuguesa, os soldados em África, especialmente na Guiné-Bissau, frequentemente recebiam vinho como parte da sua ração diária. 

A dose média variava, mas, em geral, era comum a atribuição de um copo por refeição, o que se traduz em cerca de 1 a 2 decilitros (100 a 200 ml) por refeição, dependendo das circunstâncias e da disponibilidade (Mistral).

Documentação da Manutenção Minitar (ChatGPT):

Não encontrei (nas fontes que verifiquei) nenhum excerto de regulamentos oficiais ou documentos da Manutenção Militar que confirmem explicitamente uma dose diária de ¼ litro de vinho ou que detalhem precisamente os modos de acondicionamento (barris ou bidões etc.) do vinho para os soldados em campanha nas colónias.

Regulamento da Manutenção Militar (1929):

Existe esse documento, mas o texto completo do regulamento antigo não revela (pelo que pude ver) no sumário ou índices públicos que haja uma cláusula que fixe dose diária de vinho para tropas em campanha (Imprensa Nacional).

Decreto-Lei 329-G/75, de 30 de Junho:

Unificava rações, alimentação por conta do Estado, etc.; no seu artigo 1.º obriga que a alimentação tenha valor nutritivo adequado e que as rações sejam compostas de “víveres, decompostas” em refeições.  0,40 litros era então, em 1975, a  ração diária de vinho a que tinha direito qualquer ,militar dos 2 ramos das Forças Armadas ( Diários da República - Versão do cidadão).

Fontes antropológicas / estudos sobre consumo de álcool:

 Há um estudo “Consumo de álcool e alcoolismo durante a Guerra Colonial Portuguesa; uma perspetiva antropológica”,  de Vasco Gil Calado, que fala dos usos sociais e consumo real de bebidas alcoólicas pelos militares. O estudo mostra que o consumo era frequente e as autoridades toleravam certa embriaguez, mas não apresenta um regulamento militar oficial que fixe uma dose padrão de vinho por dia (Journals OpenEdition).

Conclusão provisória

Não encontrei até agora prova documental de que a dose oficial fosse ¼ litro de vinho por dia. Essa medida se encaixa na lógica das rações militares ou de certos suplementos alimentares, de forma adaptada ao contexto, mas parece mais uma reconstrução com base em testemunhos do que algo regulamentar explícito, pelo menos segundo as fontes acessíveis (ChatGPT).


2. Em conclusão: mesmo sem termos acesso direto aos regulamentos da Manutenção Militar, e esperando o contributo decisivo dos nossos camaradas SAM (os vagomestres das companhias e os "intendes", a malta do BINT - Batalhão de Intendência), parece-nos razoável avançar com a dose diária dos dois copos de vinho, um por refeição, perfazendo 2,5 dl (já com o gelo adicional, quando o havia, o que era um luxo em muitos sítios). 

Certas categorias de pessoal deveria ter acesso mais facilitado ao vinho (os graduados, a equipa do vagomestre, o pessoal da cozinha...). Como também abstémios, admitimos que havia malta que bebia o dobro ou até o triplo. Um alcunha que vamos encontrar nalgumas subunidades do mato é... o "esgota-pipos".

Total de consumo de vinho, por companhia e por ano: 0,25 l por dia x 30 dias = 7,5 l x 12 meses= 90 litros = 18 garrafões de 5 l x 160 homens (1 companhia) = 2880 garrafões de 5 l = 14 400 l = 144 hectolitros...

Se subirmos a ração diária de vinho para os 0,4 l  (1 copo de 2 dl por refeição), as contas da logística complicam-se ainda mais:  

(i) c.146 litros "per capita", anualmente:

(ii) 23 360 litros (233,6 hectolitros) por companhia anualmente.

Que logística suportava este consumo ? Só por mês, seriam cerca de 400 de garrafões de 5l, ou 40 barris de 50 l, ou 10 bidões metálicos de 210 l...

Temos de concordar que era uma logística complicadíssima (para não dizer inexequível) para muitas das c. de 220 guarnições militares da Guiné (aquartelamentos e destacamentos), muitas delas de difícil acesso, sobretudo na época das chuvas, e que podiam ficar isoladas, ainda por cima em zonas de guerra. 

Veremos isso melhor em próximo poste: transporte, vasilhame e outros problemas logísticos.

(Continua)

(Pesquisa: LG + Assistentes de IA (ChatGPT, Perplexity, Gemini, Meta, Deep Seek, Mistral)

(Condensação, revisáo / fixação de texto, negritos: LG)

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 18 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27323: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (2): qual era a ração diária em campanha ? Um copo à refeição, 2,5 dl por dia ? Se sim, uma companhia no mato (=160 homens) tinha um consumo médio mensal de 240 garrafões de 5 l...

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27111: Felizmente ainda há verão em 2025 (14): e sentados à mesa redonda ou oval somos todos iguais...os do Norte e os do Sul... (Luís Graça)







Fotos nºs 1, 2 e 3 > Lourinhã > 9 de agosto de 2025 > Almoço: Batatada de peixe seco, à moda da "chef" Alice...

Fotos nºs 4 e 5 > Lourinhã > 10 de agosto de 2025 > Restos:  um entradinha (camarões panados, bem regados com limão), a saladinha...que escapou ao fotógrafo, e a "roupa velha" (uma espécie de batatada de peixe seco à Gomes de Sá:  vai ao forno, leva muita salsa, ovo fatiado e  azeitonas)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Garça & Camaradas da Guiné]


1. Dirão alguns: não são  comidinhas de verão, frescas, leves, saborosas... Estamos de acordo... Diz o nosso nutricionista de serviço, que as nossas comidinhas de verão têm que ter estas 3 características, a combinação perfeita: (i) leves (nada de sobrecarregar o organismo); (ii) frescas (para combater o calor); e (iii) saborosas (aproveitando a variedade e a abundância dos produtos da época, das frutas aos legumes, do peixe aos mariscos)...

 De facto, com  a chegada dos dias quentes e compridos, o nosso corpinho e o nosso palato  não aceitam comidas pesadas, proteicas, calóricas, de difícil digestão, como os pratos de inverno...

A preferência deve ir para pratos com estas 3 caraterísticas (leveza, frescura e sabor). Não é apenas uma questão de gosto, mas também uma resposta fisiológica do nosso corpo.

Já recomendámos ao nosso vagomestre, que a ementa da messe  tem de recair agpora em ingredientes e confeções que combinam estas três coisas: (i) promovam a hidratação, (ii) sejam de fácil digestão;  e (iii) sejam ricos em nutrientes essenciais para repor as perdas através da transpiração.

Em resumo, temperaturas mais altas, alimentos com menos calorias, de fácil digestão e que promovam a hidratação...
 
A batatada de peixe seco sempre foi, nas comunidades de lavradores e pescadores, da Lourinhã, uma comida de inverno. Mas agora come-se quando há os ingredientes indispensáveis, e nomeadamente o peixe seco (raia, sapata, cação, safio...), que se cozinha como o bacalhau, depois de demolhado.... Serve-se com muito azeite e alho, triturado no almofariz... E, claro, também vai bem com um dos nossos muitos bons vinhos brancos, fresquinhos...

E a propósito de ingredientes, é bom que se diga que não é um prato barato: a "arraia" seca está ao preço do bacalhau, a sapata (espécie protegida) só se arranja no "mercado negro"...

No dia seguinte, com os restos que sobrou (e foi outro tanto!), faz-se uma espécie de "batatada de peixe seco à Gomes de Sá", com um toque final, soberbo, da "chef" Alice, no que fiz  respeito aos molhos e à temperatura do forno...

Essencial são os amigos, de férias, que gostam de se juntar à mesa...  e que sabem que "na casa desta mulher come-se tudo o que ela fizer e nos der"...Sentados à mesa redonda ou oval, somos todos iguais. Estes/as  "companheiros/as", do último fim de semana, eram, do Norte (Esposende) e  nunca tinham provado estas iguarias...

Em suma, todas as ocasiões são boas para  se comer uma batatada de peixe seco... Na Marquiteita e na Ventosa do Mar sõa mesmo no píncaro do verão. (Nas nossas casas é quando quiser e puder...). O que não há na Marquiteira e na Ventosa do Mar (a batatada é sempre no último dia da festa, por ainal uma segunda feira), é a possibilidade de, no dia seguinte, ir comer os restos (ou a "roupa velha", como se diz no Norte): a tal espécie de batatada de peixe seco à Gomes de Sá, e que  vai ao forno, mas a receita é da "chef" Alice. (Falem com ela.)
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terça-feira, 17 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26930: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (16): Para recordar; Quadro de Honra; Feridos em combate e Outros que serão sempre lembrados

CCAV 2483 / BCAV 2867 - CAVALEIROS DE NOVA SINTRA
GUINÉ, 1969/70


VIVÊNCIAS EM NOVA SINTRA

POR ANÍBAL JOSÉ DA SILVA


49 - PARA RECORDAR

A amizade entre todos era forte e sincera, que ainda hoje perdura. Mas dada a maior convivência destaco:

- Furriel Jardim, um bom amigo, conversador e conselheiro.
- Furriel Lima e Furriel Oliveira Miranda, os irmãos metralha, sempre pegados como o cão e o gato, mas bons amigos.
- Furriel Baeta, autêntico computador à época, grande memória pois sabia de cor algumas dezenas de números mecanográficos. Passados vinte anos num convívio perguntei-lhe se sabia o meu, tendo respondido de pronto 06026567 e é mesmo.
- Furriel Bettencourt, mais do que enfermeiro foi o médico que nunca tivemos.
- Furriel Brito, o nosso fotógrafo e DJ no quarto de Tite.
- Soldado Xabregas, espirituoso e sempre bem disposto e o poeta que escreveu a letra da marcha de Nova Sintra que começava assim:

Defendemos Nova Sintra
com muito orgulho e altivez
pertencemos à companhias
que é a dois quatro oitem e três
Furs Mil Jardim e Aníbal
Furs Mil Aníbal e Brito
Furs Mil Baeta e Miranda
Cap Bernardo; Lima; Ludovico; Aníbal e Lopes
Capitão Bernardo
Furs Mil Aníbal e Bettencourt

Obviamente não posso deixar de referir o capitão Bernardo, o nosso chefe, amigo de toda a gente, grande condutor de homens, cuja perda prematura foi muito sentida. Jamais esquecerei uma das suas palavras de ordem “à falta de meios avança a imaginação


50 - QUADRO DE HONRA

****** Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando ******

24 de Julho de 1969 - Soldado José Pedroso de Almeida
24 de Julho de 1969 - Soldado Adelino Sousa Santos
04 de Agosto de 1969 - Soldado Domingos Conceição Verdades Ventinhas
17 de Novembro 1969 - 1.º Cabo José Maria Lomba
17 de Novembro 1969 - Soldado António Abrantes do Couto


51 - FERIDOS EM COMBATE

Cap Cav - Joaquim Manuel Correia Bernardo, em 11/07/69
Fur Mil - José Joaquim Oliveira Miranda, em 24/07/69
Fur Mil - Aníbal José Soares da Silva, em 04/08/69
Fur Mil - Fernando José Barriga Vieira, em 17/11/69
1.º Cabo - Manuel João
Soldado - Isidoro Soares Machado
Soldado - Gabriel Matias dos Santos, em 17/11/69
Soldado - António Augusto Soares Poupada, em 17/11/69
Soldado - Leonel Jorge Pascoal Germano, em 17/11/69
Soldado - Joaquim Marques Batista, em 17/11/69
Soldado - José Maria Silva Soares



52 - OUTROS QUE SERÃO SEMPRE LEMBRADOS

E que entretanto faleceram, após o regresso a casa:

1.º Sargento Josué Júlio Monteiro Ludovico
2.º Sargento José Fidalgo Canaveira
Fur Mil Alberto Augusto Ramos P. Azevedo
Fur Mil José Santos Moreira
Fur Mil Jorge Manuel Frazão Damaso
1.º Cabo Artur Oliveira Soares
1.º Cabo Gregório João Revés
1.º Cabo José Correia
1.º Cabo José Manuel Chambrinho Braz
1.º Cabo Rogélio Carlos Cipriano
1.º Cabo Sérgio Alves Pereira
Soldado Amândio Alves Amaral
Soldado António Francisco Soares
Soldado António Jesus Garcia
Soldado António Augusto Fernandes Poupada
Soldado Carlos Alberto Neves Lourenço
Soldado Fernando Jacinto da Silva
Soldado Gustavo Liz Castro
Soldado João Henrique Martins Boleto
Soldado Joaquim Marques Batista
Soldado José Augusto Batista Rodrigues
Soldado José Guerreiro Estevans
Soldado José Joaquim Alves Cruz
Soldado Leonel Jorge Pascoal Germano
Soldado Manuel Gouveia de Oliveira (Xabregas)

ARCOZELO – GAIA, 01 de JUNHO DE 2020


(FIM)
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Nota do editor

Vd. posts da série de:


4 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26551: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (1) Formação do BCAV 2867 - Partida para a Guiné e Chegada a Bissau

11 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26573: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (2): Partida para Nova Sintra - Chegada a Nova Sintra - Em Nova Sintra

18 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26595: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (3): A Alimentação

25 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26615: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (4): Cantina - Encontros em Bissau e Entretenimento

1 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26636: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (5): Jogos de futebol e voleibol - Natal e Fim de Ano de 1969 e Hotel Miramar e Pensão Xantra

8 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26664: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (6): Pelotão de Caçadores Nativos 56 - Primeira vez debaixo de fogo e Emboscada virtual

15 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26692: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (7): Coluna de Reabastecimento a S. João - Coluna a S. João em 08/12/69 e Colunas de reabastecimento a Lala

22 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26714: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (8): O gerador; O bezerro; Os cães e a raiva; As botas trocadas; As abelhas e As rolas

29 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26743: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (9): Messe de sargentos; O Correio; A Enfermagem; As Transmissões e A Ferrugem

6 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26770: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (10): Os grandes azares; Insensatez; O ronco; Caso do Furriel Moreira e Chuveiro do abrigo dos Morteiros

13 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26796: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (11): Uma jóia de criança; A Tombó; Abutres e pelicanos e As larvas de asa branca

20 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26820: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (12): O meu acidente

27 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26852: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (13): Comissão liquidatária e Esferográficas Parker

3 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26878: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (14): Tite, Quarto dos Furriéis e Últimos dias em Bissau
e
10 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26904: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (15): A despedida do Quartel de Brá e o Regresso