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terça-feira, 31 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23317: A nossa guerra em números (17): chuva de granadas sobre Guileje (18-21 mai 1973) e Gadamael Porto (31 mai-11 jun 1973)


English: Finnish Army 130 mm Gun M-46 during a direct fire mission in a live fire exercise 
[Peça de artilharia 130 mm, M-46. Exército finlandês, durante uma missão de fogo direto, em exercícios de fogos reais]

Suomi: 130 K 54 suora-ammunnassa

Date 6 March 2010 | 
Source Own work | Author Levvuori

Source: Wikimedia Commons | Public domain  (Com a devida vénia...)


1. Foi há 49 anos que a "fúria" do PAIGC, com o apoio dos seus aliados externos (Senegal, Guiné-Conacri, ex-URSS, Cuba...) se virou para os aquartelamentos de fronteira, a Norte (Guidaje, Bigene) e a Sul (Guileje, Gadamael Porto), com a intenção de os varrer do mapa, e aumentar a pressão político-militar para melhor se posicionar à mesa de eventuais futuras negociações,  e sobretudo a pressão diplomática,  tendo em vista a declaração unilateral da independência do território, o que viria a acontecer em 24 de setembro de 1973.

Citando o nosso vade-mécum (Pedro Marquês de Sousa - "Os números da Guerra de África". Lisboa, Guerra & Paz Editores, 2021, pp. 1974-175) (*):

(i) "Durante o ano de 1973, o mais simbólico na história da Guerra Colonial, o PAIGC realizou 640 ataques a aquartelamentos portugueses ", o que representa 61% do total das suas acções  ofensivas (1042), "especialmente junto às fronteiras Norte e Sul: Bigene, no Norte, foi atacada 21 vezes, Guileje, no Sul,foi atacada 36 vezes, Guidage (Norte), 43 vezes, e  Gadamael Porto (Sul) , 70 vezes" (pág, 194).

(ii) foram implantadas 750 minas (AP e A/C), das quais 416 (55,5%) no 1º semestre;

(iii) globalmente, as baixas provocadas à tropa portuguesa e à população civil foram significativas:  181 militares mortos e 1133 feridos; do lado da população civil, 120 mortos e 554 feridos;

(iv) as baixas (mortos e feridos)  no 1º semestre (1248)  representaram 62,8%  do total do ano de 1973 (1988).

Estes resultados poderiam ter sido mais gravosos se, no 2º semestre de 1973, o PAIGC não estivesse empenhado na preparação e  realização do Congresso e da Assembleia Nacional, em território da Guiné-Conacri,  que estiveram na origem da proclamação unilateral da indepêndência em 24 de setembro de 1972.

Na sequência da Operação Amílcar Cabral, planeada já antes mas desencaeada depois da morte do líder (20 de janeiro de 1973), o PAIGC, nas flagelações e ataques a aquartelamentos portugueses, privilegiou o uso de armas pesadas da guerra clássica, com destaque para:
  • morteiros 82 mm e 120 mm;
  • canhão sem recuo 82 B-10;
  • foguetes 122 mm;
  • peças de artilharia 130 mm M-46, de grande alcance (cerca de 27 km).
A artilharia 130 mm foi usada pela primeira vez contra Guileje em maio de 1973 (**). E com crescente precisão. De origem soviética, com quase  todo o  armamento do PAIGC, operava a partir do território da Guiné-Conacri e tinha sido cedida pelo regime de Sékou Touré.

Entre 18 e 21 de maio de 1973 por exemplo, foram lançadas sobre Guileje cerca de sete centenas de granadas, de vários tipos (incluindo RPG 7).  Média diária (4 dias): 171,25 granadas.

Entre 31 de maio e 11 de junho, Gadamael Porto  foi flagelada com 1468  granadas: média diária (em 12 dias), 122,3 granadas;  máximo 620 granadas (em 1 de junho), mínimo 4 granadas (em 10 de junho) (op cit., pág. 175).
__________


(**) Vd. poste de 18 de abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1672: Guileje: a artilharia do PAIGC (Nuno Rubim)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21945: Fotos à procura de... uma legenda (144): Era uma vez um macaco do Cantanhez... Dão-se... "alvíssaras" a quem acertar no nome...


Foto nº 1


Foto nº 1A

Era uma vez, um macaco do Cantanhez...

Foto: Mikko Pyhälä (c. dez 1970 / jan 1971), "Estudantes da escola Areolino Cruz",



1. Caros/as leitores/as: O desafio é simples: de que espécie é este macaco que aparece na foto de um grupo de miúdos da "Escola Areolino Cruz" ?

A única dica que vos damos é sobre o seu habitat, na Guiné-Bissau: o Cantanhez, na região de Tombali, no chão dos nalus...

Dão-se... "alvíssaras", a quem acertar. Na legenda original, o fotógrafo chamou-lhe "vervet monkey", em inglês, mas a nós fica-nos a dúvida... Pela cor da pelagem, não nos parece que seja  um "macaco verde"... Mas o fotógrafo, finlandês, deve ter anotado a designação dada pela população local...

Estamos mais inclinados para outra espécie, de pelagem laranja avermelhada a laranja esbranquiçada... É pena estar de perfil, não se vendo bem a cara e a cabeça... Era fundamental ver-se a cara do nosso parente afastado, mas tão primata como nós... Vê-se que a cauda é longa, escura, cor vermelho ferruginosa...

Há uma outra foto (nº 2), em que se vê melhor a cara do animal... E pela imagem vê-se que não é macaco-cão nem fatango (que era a nossa primeira hipótese)...

Quem sabe como se chama a espécie ? Nome em português e em crioulo? E o nome científico? 

Pode ser que algum/a primatólogo/a nos ajude... Para saber mais, procurar aqui, está cá a resposta:

Guis dos Mamíferos do Parque Nacional do Cantanhez, da autoria de Nicolas Bout e Andrea Ghiurghi (2018, 189 pp., AD - AIN - IBAP - IUCN, ISBN: 9788890894923).



Foto nº 2

Foto: Mikko Pyhälä (c. dez 1970 / jan 1971), "Estudantes da escola Areolino Cruz"... Trata-se de um macaco verde, diz o fotógrafo



"Escola Areolino Cruz" > c. dez 1970/ jan 1971 > Pormenor da foto nº 1 (acima):
um dos miúdos segura uma brochura ou revista cuja capa ostenta o título "Les Etudiants Arabes Révolutionnaires" [Os estudantes árabes revolucionários]... É seguramente uma oferta da delegação da União dos Estudantes Internacionais, de que faziam parte, além do finlandês Mikko Pyhälä, um representante polaco e um um outro, venezuelano. À consideração do Jorge Araújo, e para uma eventual análise crítica detalhada do seu conteúdo: há um vídeo a cores, feito pelo finlandês, sobre essa visita. Disponível aqui. A cores. Infelizmente,  sem som  (26' 12'').


2. A foto [nº 1], acima, é de Mikko Pyhälä, hoje um conhecido diplomata finlandês, reformado, e grande admirador de Amílcar Cabral, da sua vida e obra.  Nascido em 1945, fez uma visita, a convite do PAIGC, a Conacri e ao Cantanhez, integrando uma missão da União Internacional de Estudantes [UIE], em finais de 1970 e princípios de 1971. 

Teve depois um papel importante na organização da visita de Amílcar Cabral à Finlândia em 1971, evento que contribuiu para um mudança da política externa do seu país em relação a Portugal. Seguindo o exemplo dos seus vizinhos escandinavos, a Suécia e a Noruega, a Finlândia passou também por dar "apoio humanitário", a partir de 1972, aos movimentos de libertação africanos, incluindo o PAIGC.

Em 1972, o  Mikko Pyhälä entrou na carreira diplomática.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21851: Usados & Achados: pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis" (6): A web câmera, em tempo real, de Karesuando, a localidade mais ao Norte da Suécia e na área da minha casa, município de Kiruana: o pior confimamento... é o da noite escura de 24 horas (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)



Fotograma nº 1 

Suécia > Kiruna > Karesuando > A web câmera, em tempo real,  que fica mais a Norte da Suécia, na fronteira com a Finlândia...na área da casa do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia. Fotograma obtido ontem às às 22 horas 19 minutos e 28 segundos. Amanhã amanhece às 7h28 e anoitece às 16h02...



Fotograma nº 2

Suécia > Kiruna > Karesuando > A web câmera, em tempo real,  que fica mais a Norte da Suécia, na fronteira com a Finlândia...na área da casa do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia. Fotograma obtido hoje  às às 11 horas 49 minutos e 31 segundos, locais. Do lado direito, na ponte sobre o rio Muonio, gelado, vê-se uma viatura que me pareceu ter derrapado no gelo... Só passado um bocado o condutor retomou a marcha. 

A manhã amanheceu às 7h28 e vai anoitecer às 16h02, diz o "me(n)teorologista"...



Fotograma nº 3

Suécia > Kiruna > Karesuando >  Fotograma obtido hoje  às 13 horas 39 minutos e 38 segundos, locais.  P...!, que já é noite. Acabou o turno de sentinela... E não vivalma!... E eu pensar que tinha descoberto o passatempo divertido para o resto dos meus dias... de confinamento!



Fotograma nº 4

Suécia > Kiruna > Karesuando >  Fotograma obtido hoje  às 15 horas 14 minutos e 16  segundos, locais.  Bolas,  que já é noite!...  O tom da foto agora é azulado, que estranho!...E continuo a  não ver ninguém a atravessar a ponte...




Fotograma nº 5

Suécia > Kiruna > Karesuando >  Fotograma obtido hoje  às 15 horas 53 minutos e 40  segundos, locais.  Os finlandeses já acenderam as luzes...  Não vi luz do dia nenhuma... muito menos gentes a atravessar a ponte... E até nem faz muito frio: só menos 6 graus...


Fotograma nº 6

Suécia > Kiruna > Karesuando >  Fotograma obtido hoje  às 16 horas 11 minutos e 41  segundos, locais.   Heureca!, está passar um carro na ponte, de faróis acesos!.. Quem será ?...  E a noite é cada vez mais noite... A partir daqui a web câmera passou a dar só imagens a "preto e branco"... Devem estar na "poupança"..., 



Fotograma nº 7

Suécia > Kiruna > Karesuando >  Fotograma obtido hoje  às 16 horas 44 minutos e 53 segundos, locais, mais uma hora que a nossa. Há mais movimento agora; vi mais um ou dois carros... E um "motoqueiro" veio dar umas voltinhas na "pista de gelo"... Entrou e saíu por debaixo da ponte...


Karesuando   é a localidade mais a norte da Suécia, localizada na margem direita do rio Muonio, que constitui a fronteira com a Finlândia. Pertence ao município de Kiruna, condado de  Norrbotten,  ou Bótnia Setentrional (, território com 14 municípios, tão grande como Portugal, mas apenas com 250 mil habitantes; capital: Luleä). É na cidade de Kiruna que  o Zé Belo vai comprar as "rações de combate"... 

Kiruna (cidade e município) tem cerca de 23 mil habitantes, (menos que o concelho, atlântico, que tem 26 mil). E vivia, desde 1900,  sobretudo das suas famosas minas de ferro. Tem ligação rodoferroviária e aérea com o resto do mundo...Por aqui passa a estrada europeia E10. Isto significa que, mesmo a quase 5 mil quilómetros de distância, podemos lá ir direitinho, um dia destes, beber um copo com o régulo da Tabanca da Lapónia.

Karesuando, por sua vez,  tem apenas  280 habitantes.  Do lado finlandês, Karesuvanto tem cerca de 140 habitantes. As duas localidades gémeas estão ligadas por uma ponte, construída em 1980. A zona circundante foi palco de violentos combates entre alemães e finlandeses em Dezembro de 1944, na Segunda Guerra Mundial. (Fonte: Wikipedia).


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)



1. Mensagem do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:
 
Date: terça, 15/12/2020 à(s) 00:36
Subject: A web câmera mais ao Norte da Suécia e na área da minha casa 

Camarada:

Como julgo teres interesse nestas curiosidades exóticas,  aqui segue instrucäo para acederes à web câmera de Karesuando, no município de Kiruna.

A maneira mais fácil é escrever esta frase [ou carregar no link]

Välkommen till Karesuando,sveriges nordligast kyrkby  


[Em português, leia-se: "Bem-vindo a Karesuando, a aldeia-igreja mais ao norte da Suécia"... e onde, para este fim de semana, o nosso editor LG não conseguiu arranjar um hotelzinho...] 

Depois de carregar no título acima, tens entrada na página local. Na coluna da esquerda,  e sob as bandeiras [informação em inglês e alemão],  encontras 

Webbkamera


Carregando então na web câmara surgem duas alternativas,  mas só a última está a funcionar, ou seja:

Kamera mot Muonioälven och gränsbron mot Finland

 
[Em português: Câmera apontada em direção ao rio Muonio e a ponte fronteiriça,  em direção à Finlândia]
 
Esta câmara está a funcionar dia e noite.

É a ponte-fronteira com a Finlândia, e as luzes ao fundo são finlandesas. [Fotograma nº 1]

Com muita sorte (!!!)  durante as horas do dia talvez vejas passar algum camião ou carro [Fotograma nº 2], mas não se pode esquecer que nos próximos tempos [, o José Belo escreve em 15 de dezembro de 2020] é... sempre noite escura nas 24 horas.

Bem Vindo!

José Belo


A aldeia-igreja de Karesuando, Kiruna, Suécia...Deve distar quase 5 mil quilómetros da terrinha onde estou confinado por causa da maldita Covid-19... (LG)

Cortesia da menina do turismo de  Karesuando.



Suécia > Distância entre Kiruna (sede do município) e Karesuando, na fonteira. Um bom sítio para a gente fazer o próximo Encontro Nacional da Tabanca Grande, o primeiro da era pós-Covid.

Fonte: Cortesia de  Rome2rio

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de janeiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21820: Usados & Achados: pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis"(5): Contra a Covid-19 e a pérfida caixinha de Pandora que vem sempre associada às pandemias, a palavra de ordem é: Confinemo-nos, sim, camaradas!... Mas não nos (con)finemos, ámen! (Luís Graça)